quinta-feira, 1 de junho de 2017

Pra cima dos fascistas

Professores com medo de alunos delatores. Aula de fascismo

POR FERNANDO BRITO · 01/06/2017




Paula Ferreira e Renato Grandelle, hoje, em O Globo, mostram o legado juvenil da era do grampo e delação conduzidos à condição de “heroísmo” pelo Ministério Público, pela Justiça e pela mídia.

Contam a história de professores amedrontados, temendo estarem sendo gravados por alunos, em busca de “dedurá-los” como esquerdistas ou gays.

Até a cor da camiseta serve como pretexto:

Quando escolhe a roupa que usará durante um dia de aula, Miguel (nome fictício), professor de Português e Literatura de duas escolas privadas, deixa as camisas vermelhas de lado. Nas duas vezes em que as vestiu no trabalho, foi chamado pelos alunos de petista. Era brincadeira, mas ele não baixa a guarda. Os estudantes já se queixaram dos debates conduzidos por Miguel em sala sobre temas como racismo e homofobia. Outros docentes já passaram por situações mais dramáticas — tiveram trechos de aulas gravados e divulgados nas redes sociais, onde foram acusados de promover doutrinação ideológica.

A reportagem (que não achei na versão online) é uma sequência de monstruosidades. Entre elas as contidas no site do movimento “Escola Sem Partido”: “uma aba chamada “Flagrando o doutrinador” estabelece comportamentos dos professores que os alunos podem identificar como doutrinação” e outra, “Planeje sua denúncia”, ensina os alunos a registrarem falas dos professores que sejam “representativas da militância política e ideológica”.

Auxiliar de coordenação de um colégio da Zona Sul do Rio, uma educadora que também não quis se identificar recebe e-mails com denúncias sobre o conteúdo transmitido nas aulas. É, segundo ela, um fenômeno recente, mas que forçou mudanças na linha pedagógica da instituição.

— A escola está com menos liberdade de atuação. Até dois anos atrás, podíamos fazer uma videoconferência sobre qualquer tema que estivesse acontecendo no mundo. Hoje, temos que mostrar à direção, submeter à aprovação dos pais, analisar com que série vamos trabalhar — revela. — As famílias tinham mais confiança em nós.

São os filhos do Moro, os imbecis da “cognição sumária”, tão entupidos de convicções que não precisam aprender, debater, discutir ideias ou fatos.

Basta-lhes, como à Rainha de Copas de Lewis Carroll, apontar o dedo duro e gritar: cortem-lhe a cabeça.

Fonte: TIJOLAÇO
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São os filhos de Moro, Globo - uma organização criminosa - e de toda essa corja fascista que domina a cena política e midiática do país. No entanto, no mundo dos valores neoliberais de triunfo do indivíduo, do valor do empreendedorismo, a educação vem perdendo relevância. Um burro, estúpido e inculto, mas que ganhe muito dinheiro passa a ter muito mais importância que um cientista, um professor universitário. Dentre as mega tendências apontadas no início da década de 1990, a precarização do ensino e a desvalorização do professor se confirmam com o passar dos anos. Cabe lembrar que durante os governos de FHC na década de 1990, foi aprovada proposta que retirava as disciplinas de Filosofia e Ciências Sociais na grade das escolas públicas. São disciplinas que levam o aluno à reflexão, ao pensamento crítico, algo que o suposto triunfo do capitalismo não permite, formando jovens imbecis, filhos de pais não menos imbecis, famílias de cognição simplória. São os simplórios que se fazem presentes atualmente na maioria dos programas de TV, aberta ou fechada, apresentados como referências de sucesso individual. Os professores vem sofrendo muita pressão nas salas de aula, praticamente encurralados pelos alunos, de maneira que lhes cabe apenas formar jovens de acordo com a aprovação dos pais, independente do ensino que promova conhecimento. É a geração do embotados, de  uma maneira geral pessoas violentas, autoritárias, que não suportam e nem toleram o outro diferente. No entanto, se os professores estão encurralados nas salas de aula, por aqui , a expressão é livre, o ensino é livre e plural, o debate é regra e a reflexão é diária. Pra cima dos fascistas.

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