segunda-feira, 19 de junho de 2017

A Química da Vida

AMOR NOS TEMPOS DE CÓLERA

Servir bem

19 de junho de 2017 às 09h47



por Marco Aurélio Mello

Às vezes me pergunto: o que faço eu em espaço tão nobre como este aqui?

No Viomundo os temas são sempre muito importantes, densos, profundos…

Em textos com muita qualidade, complexos, conceituais, não raro incompreensíveis ao grande público.

Nessas horas fico até envergonhado.

Será que não estou abusando da boa vontade dos parceiros?

Mas na semana passada senti certo conforto ao encontrar uma resposta acolhedora para esta minha inquietação.

Foi num filme argentino: Cidadão Ilustre.

Aliás, que fase próspera e duradora esta do cinema vizinho, heim!

A película é sobre um Prêmio Nobel de Literatura que depois de 40 anos decide voltar à cidadezinha onde nasceu.

Numa cena ele elogia um jovem escritor local dizendo que seus textos são simples.

O rapaz fica contrariado porque entende que simplicidade é justamente o que um bom escritor não pode ter.

É quando o autor consagrado lhe diz: “escrever com simplicidade é um gesto de generosidade artística.”

Desde então tenho pensado muito nisso.

Admiro ensaístas, autores eruditos, intelectuais, desses que citam de cabeça grandes clássicos da literatura universal.

Mas infelizmente não sou um desses.

Não tenho tanta bagagem, muito menos memória.

Só sei escrever de maneira pobre, sucinta e tento ser simples, na ilusão de que meu alcance aumente.

No fundo, o que sinto às vezes é natural e tem nome: insegurança.

E por que mesmo assim a gente segue escrevendo?

A resposta estava lá, em outra cena do filme.

Para o autor consagrado, personagem principal, todo escritor é vaidoso, egocêntrico e narcisista.

Explico: vaidoso porque tem que acreditar em si antes de todos os outros;

Egocêntrico porque tem que ter disponibilidade para se desligar do mundo ao redor e se dedicar a criar, olhar apenas para dentro de si, com egoísmo.

E narcisista porque depois tem de olhar a obra com reverência, mesmo quando o mundo não lhe dá nenhuma importância.

Deveria conhecer meus leitores, as estatísticas do blog, saber quantos são, do que gostam, do que não, se voltam, ou não, se torcem o nariz…

Por enquanto prefiro não saber.

Porque uma coisa é vaidade, outra bem diferente é a empáfia e a soberba.

A consagração às vezes é um túmulo escuro e frio como também nos faz pensar o tal filme.

Fonte: VIOMUNDO
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Ontem, 18 de junho, um domingo, foi o dia do Químico.

O dia amanheceu radiante. Um céu azul de outono, limpo , sem nuvens, que apenas a cidade do Rio de Janeiro produz. 

Levantei cedo e me envolvi com o aroma do café que preparava.

Fui caminhar e cheguei à Quinta da Boa Vista. Um parque, um belo parque repleto de árvores e pássaros que demonstravam a alegria de cantar, afinal era um belo dia, dia do Químico.

Sentei na grama, tirei as sandálias, de frente para um sol generoso e suave, contemplei paisagens, sons e o silêncio. 

O dia era do Químico, e lá estava, o Químico, em meio a natureza, em meio a química da vida. 

Assim como os pássaros cantarolei algumas canções, brinquei com terra , água, galhos de árvores secos, e com a grama ainda molhada do orvalho da madrugada. 

Brincava com a Química, compreendia a natureza, percebia a vida. 

Uma química perfeita, natural, simples, como tudo que é belo na vida. 

O aroma do café, o céu azul de outono, o parque, os pássaros, a terra, a água do lago, os galhos de árvores, as folhas secas no chão, a química da vida em toda sua complexidade ,beleza e simplicidade. 

No dia do Químico, enquanto esfregava meus pés molhados na grama, pensei em escrever sobre Química, profissão que escolhi ainda adolescente sonhando um dia em ser um cientista das Ciências Matemáticas e da Natureza. 

Escrever apenas para mim, um átomo leve das letras, ou quem sabe para dez milhões de pessoas, um átomo pesado da literatura. Um escritor é um Químico das palavras.

Como Químico, resolvi retratar aquele momento através deste texto, simples, sobre coisas simples da química da vida, afinal, tudo na vida é Química.

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