sexta-feira, 16 de junho de 2017

O amor está nos detalhes

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 Encontros Cariocas - 7    O amor está nos detalhes


Sérgio e Sandra formavam um casal bem interessante. Apaixonados um pelo outro, ele, dedicado e prestativo assim como ela que no entanto sentia um ciúme doentio pelo marido. Certo dia Sandra saiu de casa bem cedo e deixou uma lista de tarefas para o marido cumprir. Um dia de sábado. Ao acordar percebeu que a esposa tinha saído, e viu, ao seu lado na cama, em uma folha de papel com desenhos ao fundo de corações, uma lista de tarefas que o marido deveria cumprir. Leu, e imediatamente levantou-se para atender o pedido da esposa. Fez tudo que a esposa pediu e sabendo do ciúme da mulher ao chegar em casa e ao encontrá - la, especificou em minuciosos detalhes tudo o que fez.

- saí de casa andei, andei, andei e andei. Cheguei no supermercado, que estava lotado já pela manhã cedo, e tinha sido decorado com bandeirinhas de festas juninas. Logo notei que tinham filas grandes nos caixas. Peguei uma cesta para colocar as compras que você pediu, uma cesta azul com o fundo um pouco rasgado, de plástico. Tive até dificuldade de andar no meio de tanta gente nos corredores. Avistei nosso vizinho do terceiro andar com um carrinho cheio de mercadorias. Fui na padaria, estava saindo pão fresquinho. Paguei um saco plástico, e coloquei os quatro pãezinhos que você pediu, todos clarinhos e quentinhos, como você gosta. Dei um nó no saco e o coloquei na cesta. Ao sair, trombei com um menino que chorava pedindo batatas fritas pra mãe comprar. Com muita dificuldade caminhei até chegar no setor de frutas. Escolhi essas bananas exatamente como você gosta, um pouco pintadas de preto na casca. Coloquei na cesta e fui para o setor de frios. Tinha fila, e uma mulher na minha frente na fila reclamava que o mercado estava cheio. Concordei, mas não conversei com ela. Pedi o queijo e exigi que o funcionário cortasse em fatias bem finas, pois sei que você assim prefere. Fiz o que tinha que fazer no mercado e fui para o caixa, ao som ambiente de música de festa junina. Deu vontade de dançar com você. Fiquei um bom tempo na fila e consegui chegar ao caixa, uma senhora distinta, casada e bem educada. Saí do mercado e andei, andei, andei e andei, até chegar na farmácia de Seu Marcelo. Tinha gente, mas não estava cheia. Peguei o desodorante e o shampoo que você pediu e fui pagar. O caixa era homem. Sai da farmácia e andei, andei, andei e andei até chegar na banca de jornais do italiano. A banca, você sabe, tem ar condicionado e fazia frio lá dentro. Peguei a revista que você pediu , paguei e saí. Andei, andei, andei e andei, até chegar na lojinha de balinhas e docinhos. Estava repleta de crianças que faziam a maior algazarra o que deixou Seu Antônio tonto. Pedi seus docinhos de abóbora e suas balinhas de café. Saí da lojinha e andei, andei, andei e andei, até chegar aqui na nossa casa e feliz por encontrar você já em casa. Aqui estão suas compras, exatamente como você pediu.


Sandra, apesar do sorriso que revelava um profundo amor, olhou para o marido, pegou as compras, e disparou :

Escuta aqui, você me contou com riqueza de detalhes tudo o que você fez dentro dos lugares onde comprou tudo o que pedi. No entanto, nada me disse enquanto andava, andava, andava e andava pelas ruas. Que negócio é esse, perguntou desconfiada.

Sérgio, olhando com ternura para a mulher disse:

não existe amor nessa cidade. não existe amor nas ruas, no trânsito, nas pessoas.

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