terça-feira, 31 de março de 2015

Democracia é assim

Porque nunca entrei no PT e porque não chuto o PT na hora das dificuldades

30 de março de 2015 | 21:56 Autor: Fernando Brito e da clase média 
gelula
Na véspera da eleição de 1989, quando a juventude ainda me permitia entrar num bar após um dia inteiro de trabalho, encontrei uma mesa de amigos jornalistas, petistas, e tivemos todas as provocações que se possa imaginar sobre quem passaria ao segundo turno para enfrentar Collor.A certa altura, peguei a mão de um dos mais fortemente petistas, meu amigo Fernando Paulino, e lhe disse: “sabe qual é a diferença entre nós? É que metade do PT não irá com Brizola, se ele passar ao segundo turno e a metade que virá, virá rebolando, de salto alto.” E apertei-lhe a mão, prossegui: agora se o Lula passar, nós vamos segurar na mão dele nem que seja para irmos juntos para o inferno”.

Os fatos mostraram que foi assim e Brizola nunca faltou a Lula no momentos dos embates eleitorais decisivos. E, 2002, inclusive, isto foi causa de uma incompreensão amarga com Ciro Gomes, ao final do primeiro turno.

O PT, quase todo, não compreendeu o trabalhismo para além do discurso de turma do pré-vestibular, com aquela história de “Carta del Lavoro”.

A História, a porretadas práticas, abriu a cabeça de alguns, melhor assim. Aprenderam que a política se faz tanto com intenções quanto com concessões. Com muitos erros no varejo e um grande acerto no atacado do processo histórico.

E tudo o que criticavam no velho Getúlio se desfez na imensa vontade que têm agora, de cantar para Lula a marchinha do Francisco Alves: “Bota o retrato do velho outra vez/ Bota no mesmo lugar/ O sorriso do velhinho faz a gente se animar” (Aliás, a patrulha era tanta que só transcreviam uma das estrofes, que dizia “trabalhar”, em lugar de “se animar”.)

Podemos e devemos discutir erros do PT, a sua natureza essencialmente udenista – que como todo udenismo se acaba como Greta Garbo no Irajá – mas não podemos deixar de ver que foi com Lula que, pela primeira vez em décadas – talvez com um pequeno momento de intervalo, na campanha das Diretas-já, que convenientemente se abortou por uma solução pessedista, com Tancredo – o povo brasileiro se viu como coletividade e ao país como uma esperança.

Igualmente, também não fecho os olhos à natureza do PT – não a de Lula – de expressão da classe média à qual o movimento social, mais pela figura de seu líder operário, aderiu. Isso não é, em si, nem mau nem desinteressante, porque a esquerda no Brasil sempre teve – ainda bem! – uma adesão da classe média e dos intelectuais à imensa massa popular, expressa em seus escritores, seus músicos, seus poetas, que maravilha!

Virou moda, agora, descer a lenha no PT, inclusive por parte de gente que, com ele, viveu sua experiência de ser governo.

O PT merece, claro, boas pauladas ideológicas, a começar por sua “vocação civilizatória” neobandeirante, que crê (ou cria) que iria “civilizar” o Brasil com sua “modernidade inclusiva”.

Mas não vou fazer coro com a direita, no momento de dificuldades do partido, que não sabe para onde se volta e nem sabe o que vai fazer.

Se eu tivesse de dizer algo ao PT, diria: “beba história”.

É amargo, dói na garganta, nos deixa, paradoxalmente, sóbrios para agir com lucidez e loucos para sonhar .

E, como há 26 anos, há gente que vai segurar firme a mão de quem fizer isso e ficar firme.

Para desespero dos petistas “neoliberais”, dizer que é preciso recolocar uma referência aos olhos do povo brasileiro.

O que está em jogo é ele mesmo: o retrato do velho, outra vez.

É o que querem destruir.

É o que temos de defender.

Fonte: TIJOLAÇO
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Uma briguinha nas esquerdas. Esquerdas ?

O caro Brito não está de todo errado nem de todo correto, ainda bem.

Fico a vontade, pois conheço a história, pelos livros e pela vivencia.

Jamais fiz parte de um partido político, no entanto estive ao lado do MDB, do PDT, do PT (Convergência Socialista ), do PCB, do PCdo B e do PV.

Nunca estive ao lado da direita e a esquerda continua sendo o melhor caminho, o mais justo.

Em 1982, já ligado ao PT, apoiei e participei da campanha do PDT, por Brizola.

Em 1989, Brizola não engoliu a derrota para Lula no primeiro turno, tanto que em um momento de união das esquerdas para enfrentar Collor no segundo turno, saiu com aquela de sapo barbudo, em referência ao Lula. No entanto, Brizola, e não o seu PDT, conseguiu transferir todos os seus votos, majoritariamente no Rio de Janeiro e no Rio grande do Sul, para Lula no segundo turno.

Não transferiu os votos de esquerda, ou os votos do PDT, transferiu os votos dele, Brizola, para Lula no segundo turno, pois o PDT, enquanto Brizola viveu, girava em torno de seu presidente que decidia tudo, que o digam César Maia e Garotinho. Garotinho, aliás, saiu do PDT pois desejava se candidatar ao governo do estado do Rio de Janeiro e Brizola alegava que era ainda muito cedo, pois Garotinho era muito jovem, esquecendo-se, ou omitindo, que ele mesmo, Brizola, foi Governador bem jovem do Rio Grande do Sul. No PDT os holofotes tinham dono , um único dono.

No PDT a democracia era o próprio Brizola que tudo decidia, um pouco diferente do PT, que como dizem as pessoas em tom de crítica ouve todo mundo, as bases , os diretórios, todas as opiniões, etc..

Democracia é assim mesmo, difícil, lenta, muitas opiniões, debates e para os poucos acostumados a garganta pode doer um pouco.

No entanto, concordo que uma parcela de eleitores do PT, iria aderir a Brizola - caso Brizola passasse para o segundo turno em 1989 - de salto alto e até mesmo com certo desdém, porém, não concordo que outra parte não iria votar na esquerda, em Brizola. Todos votariam em Brizola, porém, afirmo com conhecimento que o PT não iria fazer parte de um suposto governo de Brizola , caso Brizola vencesse aquelas eleições.

O exílio de 15 anos que Brizola viveu, e o surgimento do PT ao final das manifestações do movimento sindical no final da década de 1970, propiciaram o surgimento de uma geração , na esquerda, que contribuiu para minimizar a influência política de Brizola. Isso é fato.

O retorno de Brizola, reciclado, forçou uma compreensão de um socialismo democrático como bandeira ideológica ao PDT , isso por conta do surgimento do PT e da adesão de uma parcela da intelectualidade e da classe média brasileira ao partido dos trabalhadores grupo esse que ainda no início dos anos da década de 1980 tinha forte orientação marxista de esquerda, e que, curiosamente, não era a orientação de Lula e do movimento sindical.

O movimento sindical com Lula a frente e em seguida a criação do PT, não tinham necessariamente uma inclinação marxista, isso dito pelo próprio Lula, no entanto, os intelectuais de esquerda do pais adeririam ao PT, a classe de trabalhadores - inicialmente os trabalhadores formais -

Brizola também não engoliu essa , e além de perder a sigla do velho PTB para Ivete Vargas, atribuiu o surgimento do PT e sua derrota na sigla a manobras do ministro milico Golbery do Couto e Silva, o que em parte é verdadeiro.

O PT, desde a sua fundação e contra todas as expectativas cresceu muito e naturalmente com muitos grupos internos, alguns ainda existentes e outros que se desligaram para formar outros partidos como o PSTU e o PSol, por exemplo.

Chegou ao Poder e governa por doze anos , vencendo quatro eleições seguidas. Não é pouca coisa.

Apesar dos inúmeros problemas que agora enfrenta, sendo o cerco conservador de direita que deseja acabar com o partido o maior desfio, o PT saberá se reestruturar onde for necessário e continuará em seu projeto de transformação positiva do país, algo que para ser plenamente realizado serão necessários mais de duas décadas de governo , algo em torno de 25 anos, ou seja, depois desse governo Dilma, mais dois governos de Lula.

Conhecedor do partido, e sempre militando a esquerda, fico a vontade em criticar o PT sempre que julgar necessário.

Democracia é assim mesmo, muitas opiniões, criticas, debates, discussões, elogios. Não existe holofote em uma só pessoa e os candidatos, principalmente para cargos majoritários, são escolhidos em função da competência e  da conjuntura política, ou seja, não existe fila, tempo de casa ou hierarquia.


Não é , Marta ?

O Sol gira em torno da Terra

OAB e CNBB exigem: #DevolveGilmar

Por Altamiro Borges


Há um ano o ministro Gilmar Mendes está "sentado" no projeto que proíbe as doações das empresas para as campanhas eleitorais - uma das principais fontes de corrupção do sistema político brasileiro. Em abril do ano passado, ele fez pedido de vista no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), quando o placar já era de seis votos favoráveis ao fim das doações privadas para candidatos e partidos - o que garantia a aprovação do recurso na corte formada por onze ministros. De lá para cá, o sinistro Gilmar Mendes - indicado pelo ex-presidente FHC e autor de nebulosas sentenças - simplesmente inviabilizou a aplicação desta medida que arejaria a democracia nativa. Agora, porém, ele é alvo de intenção pressão da sociedade, que exige - nas redes e nas ruas - o fim do financiamento privado.

Na semana passada, a mobilização pelo #DevolveGilmar ganhou o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil (CNBB). Segundo relato de André Richter, da Agência Brasil, representantes destas instituições se reuniram com o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski para pedir "a retomada do julgamento sobre a proibição de doações de empresas privadas para as campanhas políticas... Após a reunião, Lewandowski enviou o pedido das entidades para Gilmar Mendes", Encostado na parede, ele agora deverá se pronunciar sobre a sua atitude truculenta, que desrespeita a vontade da maioria dos ministros.

Para o presidente da OAB, Marcos Vinícius Furtado Coêlho, é urgente que o STF se pronuncie sobre o tema. "Entendemos que é importante para o Brasil uma definição da matéria para que possamos todos ter, após essa definição, a adoção dos caminhos necessários para melhorar o sistema político". Já o secretário-geral da CNBB, Leonardo Steiner, alertou: "Estamos vendo a realidade nua e crua da influência do financiamento das empresas. Estamos todo dia no noticiário e gostaríamos de ver resolvida essa questão. Creio que Supremo poderá nos dar luz e ajudar a sociedade".

A pressão pelo #DevolveGilmar tornou-se uma das principais bandeiras dos movimentos sociais que lutam por uma reforma política que amplie e revigore a democracia no Brasil. Além da exigência, o movimento também decidiu ingressar na própria Justiça contra a atitude do sinistro Gilmar Mendes. Na semana retrasada, os deputados federais Jorge Solla (PT-BA) e Henrique Fontana (PT-RS) entraram com uma representação contra o ministro no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "Os parlamentares alegam que Gilmar Mendes deve responder a processo administrativo pela demora na conclusão do voto", relata a Agência Brasil.


Fonte: Blog do Miro
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Janio dá lições morais a Gilmar Mendes. 

Mas, Janio, você acha que ele aprende?

31 de março de 2015 | 09:10 Autor: Fernando Brito
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Com a habitual maestria de texto e de ideias, Janio de Freitas publica, hoje, na Folha, artigo sobre o “aniversário de sovaco” que Gilmar Mendes vai comemorar com seu “pedido de vistas”  que suspendeu o julgamento – em tese, já definido pelo placar parcial de 6 a 1 – da proibição de financiamento empresarial de campanhas eleitorais.

Com todo o respeito a Janio, trata-se de malhar em ferro frio.

Gilmar Mendes não se convencerá por razões jurídicas, menos ainda pelas éticas, a dar o seguimento normal a uma ação judicial deste tipo.

Tratando-se de alguém com a história, as opiniões e, sobretudo os métodos truculentos – recordam-se dos “capangas” da boca de Joaquim Barbosa, que depois aderiu à escola gilmariana ? – é como pedir jacas à bananeira.

A vergonha, neste caso, tem mais sócios. O Judiciário e a mídia.

Nesta última, Janio de Freitas é uma exceção, daquelas cada vez mais raras.

Mas a balança da mídia é viciada: a velocidade atropelante de Moro e a lentidão deliberada de Gilmar quase que só ganham aplausos.

O bolo

Janio de Freitas, na Folha

Santa embora, a próxima quinta-feira marca uma profanação constitucional: um ano exato do pedido de vista que Gilmar Mendes fez de uma ação direta de inconstitucionalidade e não mais a devolveu ao julgamento no Supremo Tribunal, impedindo-a de vigorar. Já vitoriosa por seis votos a um, os três votos faltantes não poderiam derrotá-la.

A ação foi movida pela OAB em 2011, recebendo adesão subsequente de entidades como a CNBB, com o argumento de que as doações de empresas que financiam as eleições são inconstitucionais e devem ser substituídas por doações dos cidadãos, com um teto para o montante doado.

Gilmar Mendes é favorável à permanência do financiamento dos candidatos e partidos por empresas. Sabe-se de sua opinião não só por ser previsível, mas também porque a expôs em público. Ainda há dez dias, dizia a repórteres: a proposta da OAB (Gilmar Mendes é costumeiro adversário da Ordem) “significa que o sujeito que ganha Bolsa Família e o empresário devem contribuir com o mesmo valor. Isso tem nome. Isso é encomendar já a lavagem de dinheiro. Significa que nós temos o dinheiro escondido e vamos distribuir para quem tem Bolsa Família. Não sei como essa gente teve a coragem de propor isso. Um pouco de inteligência faria bem a quem formulou a proposta”.

A explicação é ininteligível. “Essa gente”, que é a OAB, é a CNBB, são outras entidades e inúmeros juristas, não propôs nada parecido com doações iguais de empresários e de recebedores do Bolsa Família. E lavagem de dinheiro e caixa dois são características comprovadas do financiamento das eleições por grandes empresas, com destaque para as empreiteiras e alguns bancos. O eleitor comum é que iria lavar dinheiro nas eleições?

Em artigo divulgado no último dia 28, encontrável no saite “Viomundo”, a juíza Kenarik Boujikian, do Tribunal de Justiça-SP, pergunta: “Quem de fato está exercendo este poder” de eleger os “representantes do povo” no Legislativo e no Executivo? “O povo brasileiro ou as empresas?”. E segue:

“A resposta está dada: nas eleições presidenciais de 2010, 61% das doações da campanha eleitoral tiveram origem em 0,5% das empresas brasileiras. Em 2012, 95% do custo das campanhas se originou de empresas” [2014 não está concluído]. “Forçoso concluir que o sistema eleitoral está alicerçado no poder econômico, o que não pode persistir.”

O PT pretende a solução do financiamento eleitoral com verba pública. E lá iríamos nós financiar o pouco que se salva e o muito que não presta na política. O PMDB quer o dinheiro das empresas, mas cada doadora financiando um único partido. O PSDB é contra as duas propostas, o que leva à preservação do atual sistema. No Congresso há projetos para todos os gostos. Daí a importância da ação no Supremo.

Desde a reforma do Judiciário, há 11 anos, a Constituição aboliu o bloqueio de processos, como Gilmar Mendes faz a pretexto de vista de uma questão sobre a qual emite publicamente posição definida. Como diz a juíza Kenarik Boujikian, “não é tolerável que, com um pedido de vista, um ministro possa atar as mãos da instância máxima do próprio Poder Judiciário, o que soa ainda mais desarrazoado se considerarmos o resultado provisório [6 a 1] do processo e a manifestação do ministro. Com isto quero dizer que a soberania popular, que cada magistrado exerce em cada caso e sempre em nome do povo, não pode ficar na mão de uma pessoa, em um órgão colegiado”.

Gilmar Mendes desrespeita o determinado pelo art. 93 da Constituição porque não quer que se imponha a decisão do STF, como está claro em sua afirmação de que “isso é assunto para o Congresso”. Mas, além do problema de sua atitude, a decisão do Supremo tem importância fundamental. Eduardo Cunha avisa que levará a reforma política à votação já em maio. O dinheiro das campanhas é um dos temas previstos. E a decisão do Supremo, se emitida em tempo, ficará como um balizamento que não poderá ser ignorado pela reforma política, uma vez que antecipará o que é ou não compatível com a Constituição. E, portanto, passível ou não de ser repelido pelo Supremo Tribunal Federal.


Fonte: TIJOLAÇO
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No Poder Judiciário um ministro do Supremo Tribunal Federal - e são apenas 11 ministros no STF - adia propositalmente uma decisão de interesse de toda a sociedade, por conta dos interesses que defende.

Como o placar está em 6 x 1 em favor do fim do financiamento privado em campanhas eleitorais, o voto do ministro Gilmar Mendes não irá alterar decisão final.

No entanto, para que seja promulgado o resultado da votação do STF se faz necessário o voto de todos os ministros. Ou não ?

O adiamento de Gilmar Mendes, como bem alertou Brito no texto acima, caminha na mesma trilha de interesses  da proposta de reforma política que será apresentada e votada no Congresso Nacional sob o comando de Eduardo Cunha, provavelmente em maio próximo, sabidamente favorável a manutenção de financiamento privado para campanhas eleitorais.

Que uma ampla reforma política é necessária  para acabar com o financiamento privado de campanhas eleitorais, isso é fato, no entanto , uma reforma no Poder Judiciário, o menos democrático dos Poderes , também se faz necessária com urgência, tamanhas são as evidências de arbitrariedades e de práticas anti-democráticas.

Enquanto tudo isso acontece nos Poderes, a velha mídia faz de conta que nada está acontecendo, e alguns jornalistas e colunistas  em defesa da manutenção do financiamento privado de campanhas,  dizem que somente em um país do mundo o financiamento privado não existe.

Segundo a velha mídia, nesse assunto temos que seguir o exemplo da maioria, já na regulação econômica e democrática dos meios de comunicação devemos continuar sendo uma exceção.

Esquizofrênica essa velha mídia.

E como resultado do Poder econômico que escolhe e elege seus representantes nos Legislativos - municipais, estaduais e federal -  estamos assistindo parlamentares eleitos com promessas em defesa dos interesses do cidadão, fazendo exatamente o oposto, ou seja, defendendo interesses do Poder Econômico contrários a vontade popular.

Se tal aberração não bastasse para evidenciar a necessidade de reformas profundas, o Judiciário embarca na defesa do Poder Econômico e a velha mídia - que também apoia o Poder econômico e ignora a vontade popular - finge que nada acontece e faz campanha através do noticiário contra a corrupção no ... governo do PT.

Governo este que mais investiga e combate a corrupção e apoia o fim do financiamento privado de campanha e que também  é aliado do PMDB, de Eduardo Cunha.

Diante dessa realidade, o cidadão menos atento vai descobrir que o Sol gira em torno da Terra.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Equilibrados e Normais

Não vale a pena ver de novo

30 de março de 2015 | 10:42 Autor: Fernando Brito
deja
Karl Marx (que é  personagem central da filosofia dos séculos XIX e XX, mas agora entrou na relação do “podemos tirar, se achar melhor”, porque o jeito meio energúmeno de ser que tomou conta do pensamento de boa parte da soi-disant “inteligência brasileira” o coloca mais ou menos na mesma posição que o demônio) escreve nas primeiras linhas de “O 18 brumário de Luís Bonaparte“:
Hegel  (Georg Friedrich, filósofo alemão) observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.
O meu caro amigo Fernando Molica, hoje, no jornal O Dia, produz uma maravilha de seleção de frases que, para não estragar, deixo que ele explique.
E que mesmo a quem não viu, mostra o estranho déjà-vu da política neste país.

Fonte: TIJOLAÇO
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Fernando Molica: Corrupção, crise, vaias e quartéis

A oposição tem o direito e o dever de gritar, mas é fundamental manter o juízo

O DIA

.“Ninguém ganha eleição com palmas, comícios e declarações de amor. É preciso organização, trabalho e dinheiro.”


. “Política é negócio — toma lá, dá cá — e até hoje não levei nada nesse negócio.”


“Apesar da vitória tão incontestável, (…) ameaçaram entrar na Justiça Eleitoral com um pedido de embargo da posse (…).”


. “(…) surpreendeu o país ao anunciar um ministério de perfil (…) conservador.”


. “(…) prometendo dar combate sem trégua à corrente inflacionária (…) ao lado do combate sistemático à corrupção.”


. “À maré de contratempos se somava o pífio desempenho da economia brasileira.”


. “Ante à soma de escândalos, a oposição se dizia estarrecida.”


. “(…) o governo caminhava para o isolamento político. Mostrava-se incapaz de estabelecer um controle efetivo sobre o voto dos aliados, ao mesmo tempo que testemunhava o acirramento progressivo da oposição. Como agravante, via os adversários se aproximarem a passos largos dos quartéis.”


. “Caso ficasse comprovado (…) crime de responsabilidade, (…) daria início a um processo automático de impeachment.”


. “ Ser apupado por uma plateia de senhores encasacados e madames com roupa de festa poderia significar até um elogio, pelo menos para um chefe de governo que fazia da classe trabalhadora o seu principal esteio político. (…). Contudo, (…) já devia saber que o episódio seria um deleite para os adversários.”

As frases estão na imperdível biografia de Getúlio Vargas escrita por Lira Neto. A trilogia chega a ser engraçada — comentários atuais sobre uma suposta “bolivarização” do Brasil são muito parecidos com editorais que acusavam Vargas de preparar um “golpe peronista”, numa referência ao presidente argentino Juan Domingo Perón. A crise terminou numa tragédia que serviria de preliminar para o Golpe de 1964.

A história nunca se repete, mas deve servir de alerta. A oposição tem o direito e o dever de gritar, mas é fundamental manter o juízo e repudiar quaisquer tentações golpistas. Que fiquem no passado bobagens como a pronunciada por Carlos Lacerda: “O sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar.”

Em tempo. A primeira citação deste texto é de autoria de Alzira Vargas, filha de Getúlio; a segunda, de Ademar de Barros, aquele do “rouba mas faz”.


Fonte: O DIA
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Nunca se falou e se escreveu tanto sobre juízo como nos últimos dias.

O caro leitor já percebeu que todo mundo diz quem tem juízo e bom senso ?

Confesso, e que ninguém nos ouça, que estou ansioso e curioso para conhecer pessoas que , de formas conscientes, digam que jamais tiveram juízo algum e nem o mínimo de bom senso.

Devem ser pessoas bem interessantes, concorda, leitor ?

Até porque para se chegar de forma consciente e racional a conclusão de que não se tem juízo, se faz necessário um repertório de argumentos profundos e um auto conhecimento invejáveis, algo que somente as pessoas detentoras de grande inteligência e juízo possuem.

No entanto, o que tenho visto, e confesso com certa apreensão, são pessoas , aos montes, se dizendo equilibradas e racionais.

Isso é perigoso e até assustador.

Confesso que não vejo quaisquer resquícios de juízo em pessoas que brigam, discutem e até se matam por simpatias clubísticas, religiosas e mesmo políticas.

Sendo manifestações de escolhas pessoais com motivações de foro íntimo, argumentar superioridade , eficácia e correção para uma das partes, é o mesmo que não aceitar opiniões divergentes.

Esse comportamento talvez seja uma das maiores demonstrações de irracionalidade e total ausência do tão falado juízo, uma vez que todos levam ao mesmo lugar e se manifestam, prioritariamente, de tempos em tempos, e assim sendo deve-se respeitar os vencedores:

uma vitória na competição, uma forma de organização social e um caminho para o Altíssimo.

Imagine o caro leitor saindo de sua casa para ir ao supermercado do bairro e uma pessoa , cheia de juízo, exigir que o caro leitor faça o caminho que ela, a pessoa cheia de juízo, faz todos os dias para ir ao supermercado.

Pois é assim o mundo atual.

Todo mundo, todas as pessoas são repletas de razão e de juízo, e ai de você se discordar.

Não acho normal nem uma manifestação de juízo, que as pessoas passem a maior parte de seus dias, todos os dias, olhando e se emocionando com uma tela colorida, com mensagens, imagens e textos, salvo aqueles que tem a tela em suas profissões.

Isso me faz lembrar de uma família que residia aqui no Rio de Janeiro em um lugar do bairro de Botafogo com uma vista perfeita do Morro do Corcovado e da estátua do Cristo redentor. Certo dia aconteceu a inauguração da nova iluminação da estátua do Cristo, evento que foi mostrado ao vivo pelo Jornal Nacional, de globo. A família em êxtase, reunida no grande sofá da sala - de oito lugares - vibrava com as imagens da TV que mostrava a nova iluminação do Cristo. Em um lapso de consciência e de recuperação do juízo, o marido avisou a todos no sofá da sala , que seria melhor olhar pela janela, sem enquadramentos e pelo tempo que quisessem apreciar a nova iluminação.

Se o leitor sente falta de uma janela, isso já e um bom sinal para um recomeço e recuperação do juízo.

Todo mundo diz que tem juízo, o seu próprio juízo e qualquer diferença deve ser rejeitada.

Prefiro os estrambelhados conscientes que se dizem sem juízo.

Todo mundo condena a corrupção e diz que jamais cometeu qualquer ato , mas certamente já tentou , ou mesmo já levou vantagem sobre os demais.

Todo mundo diz que não ingere bebida alcoólica quando vai conduzir um automóvel, mas se for parado na blitz da Lei Seca se recusa a fazer o teste de teor etílico no sangue.

Todo mundo se diz preocupado com as alterações climáticas, porém não vê tais alterações como um problema seu.

Quanta contradição, não é caro leitor ?

Mas é aí que as coisas se resolvem, pois as contradições fazem parte da natureza humana, e devem ser encaradas como algo normal, normalidade que os códigos sociais não permitem.

Caso cometa ou deixe que seja percebida uma contradição, o caro leitor será acusado de contraditório, algo menor, irracional e confuso, e até mesmo será rotulado como uma pessoa não confiável.

Como não é socialmente permitido, todo mundo se esforça para ser "normal e ter juízo" e , como resultado temos isso que a gente vê todos os dias, um espetáculo assustador e horroroso de irracionalidades.

A natureza humana é assim mesmo, de opostos, que se tensionam constantemente e o equilíbrio é apenas uma ilusão, no entanto, persegui-lo é um ótimo caminho.

Para isso ,exercitar a tolerância é algo fundamental.

Confesso que quando consegui , certo dia, ouvir um falatório proferido pelo jornalista Pedro Bial sobre democracia, liberdade de expressão e direitos humanos, cheguei a conclusão que já estava em um estágio avançado de tolerância, tamanhas foram as asneiras e mentiras que ouvi com naturalidade, sem ficar irritado.

No momento atual do Brasil, as irracionalidades e a intolerância praticadas por todos nós normais equilibrados chega em um estágio de conflitos declarados, onde qualquer coisa que possa significar juízo passa batido.

No entanto, todo mundo está cheio de razões.

O jornalista , Fernando Molica, do jornal O DIA, com frequência vem alertando corretamente para esse mergulho na irracionalidade por parte de uma significativa parcela da população brasileira.

Cita, em seu ótimo texto, frases históricas da história do país que refletem, de alguma forma, o momento atual.

A história se repete, caro Molica, não necessariamente no mesmo contexto e circunstância, mas quase sempre com os mesmo elementos que a compõe.

Assim, tentativas de golpe estado, perseguições políticas, desaparecimento por morte de presidentes, se repetem, em circunstâncias e contextos diferentes.

Os místicos e esotéricos, sempre acusados pelos normais como pessoas que difundem crendices e bobagens - e as vezes isso também é verdadeiro - costumam dizer que grandes momentos da história se repetem em períodos de mais ou menos trinta anos.

Gosto dos místicos pois dizem que eles não tem juízo.

Seguindo o conteúdo de seu artigo que tem Vargas como foco, cabe lembrar que Vargas suicidou-se em 1954, Tancredo Neves morreu em 1985 e Eduardo Campos veio a falecer em 2014, todos , de alguma forma, ligados a presidência da República.

A economia logo após o suicídio de Vargas passou por uma crise, o mesmo com o plano Cruzado em 1986, que teve o ministro da fazenda responsável pelo plano, morto logo em poucos anos.

Abra o olho Levy, você que sempre quando fala gosta de humilhar a presidenta.

Como todo mundo tem certeza que tem juízo e bom senso, não vou pedir juízo as pessoas, claro.


Vou então apelar aos loucos, porras loucas e estrambelhados, que com suas ideias, discursos e textos, iluminem as frágeis e confusas consciências das pessoas de bom senso e de juízo desse país.

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sábado, 28 de março de 2015

Quem vai querer marmelada ?

Operação Zelotes se aproxima da Globo

28 de março de 2015 | 12:11 Autor: Miguel do Rosário
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O imenso poder da Globo ancora-se na brecha que o monopólio encontrou para se expandir país a fora, através de suas “afiliadas”, controladas pelas oligarquias que assumiram o poder nos estados após o fim do regime militar: o coronelismo midiático.
Invariavelmente são famílias enriquecidas na ditadura, aliadas ao poder político conservador local, seja diretamente, através de familiares, seja indiretamente, através de famílias parceiras.

A afiliada mais poderosa da Globo está no sul do país. É a RBS, controlada pela família Sirotsky.

A operação Zelotes, que investiga um esquema de corrupção e evasão fiscal que pode ter lesado o Estado em quase R$ 20 bilhões, identificou a RBS como uma das suspeitas.

Os investigadores suspeitam que a RBS pagou R$ 15 milhões para fazer um débito fiscal de R$ 150 milhões “desaparecer”

Fonte: TIJOLAÇO
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INSEGURANÇA PÚBLICA

Crônica de mais uma morte anunciada

Por Luciano Martins Costa em 30/03/2015 na edição 843
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 30/3/201
A Folha de S. Paulo relembra, dez anos depois, a chacina de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, quando cinco policiais militares assassinaram a tiros 29 pessoas, depois de haverem consumido 63 latas de cerveja. O texto, publicado na edição de segunda-feira (30/3), chama atenção por dois aspectos: a imprensa brasileira não costuma dar muita atenção a crimes que têm como vítimas pessoas sem expressão social ou que não envolvam personagens capazes de mover emoções coletivas; além disso, os jornais não tratam com a devida atenção o problema da violência policial.
O massacre de Nova Iguaçu foi um exemplo da deformação que atinge as polícias militares em muitos estados brasileiros, pela persistência de uma mentalidade que privilegia a ação antes da reflexão e pelos resquícios de uma visão preconceituosa contra os estratos mais desfavorecidos da sociedade. As estatísticas da violência institucional contra negros e mulatos constituem uma nódoa difícil de apagar no trajeto do Brasil em direção à modernidade.
A maior chacina ocorrida no Rio, de que se tem notícia, aconteceu no dia 31 de março de 2005, e teve como antecedente uma reunião de policiais que haviam sofrido sanções disciplinares. Alguns deles eram suspeitos de promover uma escalada de violência na região, com execuções de suspeitos e desafetos: dias antes, dois homens haviam sido degolados e a cabeça de um deles atirada no pátio do quartel da PM em Nova Iguaçu, como resposta à ação do comandante, coronel Paulo César Lopes, que havia punido mais de 60 policiais por desvio de conduta.
Naquela noite, um grupo de PMs que haviam sido punidos reuniu-se num bar e combinou de promover um banho de sangue. Circulando por bairros pobres de Nova Iguaçu, eles atiraram aleatoriamente contra pessoas que encontravam pelo caminho. Depois de fazer dezessete vítimas na Baixada Fluminense, dirigiram-se para o bairro de Cruzeiro, onde executaram mais doze inocentes. Foram disparadas centenas de tiros, que atingiram indiscriminadamente até mulheres, adolescentes e crianças.
Quatro dos cinco principais suspeitos foram julgados, recebendo penas de centenas de anos de prisão. O processo contém detalhes, provas e depoimentos mostrando a conexão entre a violência dos policiais e seu envolvimento com exploradores de jogos clandestinos.
Uma paz precária
Corte para a cena paulista, março de 2015: a imprensa noticia que, pela primeira vez, em uma década, a polícia apreendeu heroína, droga mortal pouco consumida no Brasil. O fato aconteceu na região conhecida como Cracolândia, e dois africanos da Tanzânia teriam sido presos vendendo a droga.
As reportagens publicadas na quinta-feira (26/3) informam que foi iniciada uma ação conjunta com a Polícia Federal e o Ministério Público para evitar que a droga se espalhe. OGlobo registrou a declaração oficial da Secretaria de Segurança Pública, segundo a qual “a Cracolândia é uma das regiões mais bem policiadas do Estado” e que “a Polícia Militar dá suporte a agentes sociais e de saúde que atendem os consumidores de drogas”.
Esse é exatamente o limite da ação da imprensa: taxistas, comerciantes, agentes sociais, policiais e outros profissionais que atuam na região contam uma história diferente, que inclui um pacto silencioso entre autoridades, traficantes e até mesmo voluntários ligados a entidades religiosas.
A polícia realmente prende traficantes na Cracolândia, mas muitos têm as algemas destravadas logo depois do viaduto sobre a linha férrea. Há um entendimento generalizado segundo o qual não se pode impedir totalmente o fornecimento de crack aos dependentes, porque com a abstinência eles se tornam agressivos e mais difíceis de controlar.
O problema é que o critério para a decisão do policial produziu uma espécie de pacto entre agentes públicos, voluntários e representantes do crime organizado. Uma espécie de “comitê” da quadrilha conhecida como PCC circula entre os acampados na Alameda Cleveland, organizando o tráfico e evitando que a polícia seja chamada para administrar conflitos.
Há poucos dias, um dos moradores foi “profissionalmente” espancado porque costuma agredir a mulher e fazer escândalo por conta de supostos e reincidentes atos de infidelidade. Está marcado para morrer.
A crônica dessa e de outras mortes anunciadas não parece sensibilizar as redações. Repórteres circulam pela região e de vez em quando recolhem histórias de personagens inusitados, como uma ex-modelo, um empresário caído em desgraça, um jovem de classe média – que, supostamente, na mente do jornalista, não deveriam estar ali.
A Cracolândia é o Brasil.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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Corrupção, segurança pública e drogas.

E assim continua-se enxugando gelo.

Pode parecer que em um primeiro instante os três assuntos não tenham nada em comum, no entanto, tem tudo a ver.

Atualmente a corrupção só é notícia na velha mídia se o governo federal ou políticos do PT forem citados.

Sonegação de TV globo, contas estranhas no HSBC, corrupção envolvendo políticos do PSDB, corrupção envolvendo os governos do PSDB nos estados de São Paulo e Minas Gerais não merecem o  mesmo destaque, ou, sequer são notícia.

Conclui-se que existe a corrupção chique e a corrupção do povo, sendo que a última deve ser punida.

Assim como existe o consumo de drogas pelos ricos e pela classe média que recebem a droga em suas residências, e o consumo de drogas pelos pobres e inaptos, que se drogam pelas ruas, como na cracolândia de São Paulo.

A polícia, alô polícia !, tem acordos com todos, ricos, pobres e traficantes e , assim sendo, a venda e consumo de drogas continua normalmente e, vez por outra, operações de combate ao tráfico de drogas e apreensões de drogas  de traficantes que não fazem o jogo, aparecem com grande destaque na velha mídia.

Para que tudo isso funcione como de fato funciona atualmente, a corrupção é o destaque e envolve órgãos  de segurança pública, organizações criminosas, políticos,  e até mesmo a imprensa.

E assim , a velha imprensa atualmente faz o maior barulho no combate a corrupção... somente de políticos do PT.

E tem até magistrado midiático, para compor o espetáculo mágico.
Respeitável público, agora o magistrado ganhou uma canção como homenagem pelo seu trabalho ( trabalho ?) em prol da ética e dos bons costumes.

Agora vai, dizem alguns.

No entanto, as drogas continuam por aí, consumidas por ricos e pobres, vendidas em locais de conhecimento de todos , principalmente pela polícia.

Se deseja de fato combater a corrupção e o tráfico de drogas ?

Ao que salta aos olhos, a corrupção e o tráfico de drogas são de fato combatidas por governos,no entanto esse combate funciona  apenas como uma satisfação circense para a sociedade, sendo que o circo é montado pela velha mídia.

Quando a velha mídia faz oposição ao governo, como tem sido nesses anos de governo do PT, o circo ganha outros personagens e o governo  aparece sempre como culpado.

Quem vai querer marmelada ???? 

O mesmo se aplica ao combate a violência urbana, já que a polícia é uma das causas dessa violência, como tem sido afirmado  de bom grado por especialistas em segurança pública.

No momento atual do país, em que o bater de panelas chiques ecoa pelas ruas , o governo é o culpado de tudo, a oposição é ética e responsável, o consumo de drogas é coisa de pobres e infelizes que caíram na desgraça, e a polícia tem feito o seu papel com vigor e responsabilidade.

Um grande circo mentiroso acontece diante dos olhos de todos, com muita gente da oposição e da velha mídia em um grandioso espetáculo cuspindo fogo pela boca.

O circo, no entanto, emite sinais de desgaste, já que a velha mídia agoniza em audiência e credibilidade.

Defensores do fim do circo comemoram a queda das principais atrações, como o higiênico sujo Jornal Nacional, novelas menores com muita indecência, e a revista dominical que por décadas deprime o povo brasileiro nas noites de domingo.

No entanto, apontam como evidências objetivas pela queda o protagonismo das novas tecnologias de informação e comunicação, porém, comemoram a ascensão de cópias oriundas do circo evangélico.

E tudo continua o mesmo, seja no combate a corrupção, no combate as drogas, na segurança  pública e no conteúdo circense.

De fato o governo do PT tem sido o governo que mais combate e combateu a corrupção.

O combate as drogas , não só no Brasil como em todo o mundo é um grande circo, com exceções em alguns países  em que o combate de fato existe e passa pela descriminalização do consumo de drogas.

A segurança pública é de tal forma que atualmente até ex-chefes de polícia estão presos em penitenciarias, e a polícia se confunde com criminosos, corruptos, jornalistas, celebridades , etc..., acentuando cada vez mais a insegurança nas cidades.

A velha mídia privada é um grande circo mentiroso, com espetáculos de baixa qualidade, independente da orientação religiosa ou política, e necessita de um novo marco regulatório. 

Amigo é pra essas coisas

TRAGÉDIA DA GERMANWINGS

Reflexos alpinos

Por Alberto Dines em 28/03/2015 na edição 843
Reproduzido da Gazeta do Povo (Curitiba, PR) e Correio Popular (Campinas, SP), 28/3/2015; intertítulo do OI
              
A nova tragédia aérea, desta vez nos Alpes franceses, espalhou pelo mundo uma sensação de assombro e desconforto, perplexidade imprecisa, terrivelmente incômoda.

As insondáveis razões que levaram o copiloto alemão – 28 anos, desde os 14 no ar, maratonista, boa pinta, sem problemas financeiros – a deixar o comandante fora da cabine enquanto jogava a aeronave contra a montanha, colocam uma humanidade já desnorteada por tantos pavores diante de nova e surpreendente impotência.

O que fazer? Que providências tomar se Andreas Lubitz era deprimido, saturnino ou atrabiliário? Demitir imediatamente todos os tristes? Ou apenas os misantropos? Sem eles, porém, o mundo não teria avançado nem produzido tanta beleza. O “fígado negro” (schwarzer Leber, em alemão) é indispensável à introspecção. Ensimesmados sempre foram considerados os mais conscientes, sensíveis, por que são considerados como perigo?

Desta vez não houve um culpado em quem descarregar a revolta. Não apareceu até agora um vilão para ser demonizado e aliviar a imperiosa necessidade de punir este extermínio. Nenhum ismo está sendo empurrado para o banco dos réus, facção alguma está sendo incriminada como responsável.

Sem estúpidos para punir, a estupidez que resta avaliar é a própria condição humana. Complicado. Qual a mensagem que Andreas Lubitzer pretendia nos enviar ao estraçalhar tantos inocentes? Nossa fabulosa racionalidade e a inesgotável capacidade de interpretar estão sem elementos para armar teorias, explicar, justificar. Nem mesmo relativizar.



Dez minutos


Hobbes mais uma vez comparece à cena para sugerir que o homem é o lobo do homem. Antes sugerira o Estado como salvador – forte ou fraco, aberto ou fechado, ativo ou passivo, laico ou religioso, progressista ou conservador – o Estado seria o único ente capaz de oferecer saídas.

O Estado, porém, é integrado por seres humanos. E seres humanos encarregados de zelar pelo bem-estar dos concidadãos não podem alhear-se da tragédia alpina. Desafiar o mundo, dominá-lo e impor suas loucuras era coisa dos Neros, Hitlers, coisa de tiranos caducos. A nova onipotência parece consistir em trancar-se numa cabine inacessível, acionar as teclas e despedaçar a aeronave contra a muralha de pedras.

Com os dados de que dispomos até o momento, Andreas Lubitz nada inovou, teve inúmeros antecessores e neste exato momento há milhares de candidatos à imolação que se encarceram em cápsulas indevassáveis e diante do painel de comando estão prestes a clicar o fim do espetáculo.

Andreas Lubitz agiu sozinho. Este é o perigo. Prioritário salvar os que se sentem sozinhos, resgatá-los da solidão, derrubar portas trancadas, forçar a passagem de sons, luz, ar, palavras – nada pior do que o isolamento para toldar ainda mais o espírito daqueles que se imaginam enredados em impasses. Num mundo enganosamente franqueado, vigoram dispositivos aptos apenas a fabricar estados de sítio. Aos sitiados e sitiadores – igualmente estressados – devemos oferecer saídas, soluções, algum alívio. Talvez uma réstia de confiança de que não estão sozinhos.

A agonia de Andreas Lubitz e dos seus 149 parceiros demorou quase dez minutos. Neste imenso lapso de tempo é possível desfazer rancores, insinuar pactos, instilar alguma esperança e com o mindinho levantar o nariz do avião. Se todos parecem inimigos, dez minutos serão suficientes para estabelecer diferenças.

Diante da medonha façanha de Andreas Lubitz o mundo deveria parar e pensar.

Talvez esta tenha sido sua verdadeira intenção.



Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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A depressão é a culpada pela tragédia do vôo da Germanwings?

Andreas
Andreas Lubitz, o copiloto
Publicado na BBC Brasil.

Nas manchetes de jornais em todo o mundo aparece a afirmação de que o copiloto do avião da Germanwings, Andreas Lubitz, sofria de depressão.
O tablóide britânico Daily Mail, no entanto, foi mais além: “Piloto suicida tinha longo histórico de depressão – por que o deixaram voar?”
Ainda não se sabe exatamente o que aconteceu nos momentos finais do voo 4U 9525. O que sabemos é que na terça-feira, o avião foi deliberadamente pilotado para uma colisão nos alpes franceses, matando 150 pessoas.
Na sexta-feira, os investigadores revelaram que atestados médicos rasgados foram encontrados na casa de Lubitz, inclusive um para o dia do acidente, que a Germanwings diz não ter recebido.
Um hospital alemão confirmou que ele havia recebido tratamento médico em março e no mês passado, mas negou que o problema em questão fosse depressão.
A teoria de que uma doença mental teria afetado o copiloto ganhou espaço na mídia alemã, que cita documentos da autoridade nacional de aviação. Os documentos teriam dito que Lubitz sofreu um sério episódio depressivo durante seu treinamento para ser piloto em 2009.
No entanto, jornais britânicos que ligaram os problemas mentais de Lubitz a suas ações estão sendo acusados por especialistas e leitores de serem “simplistas demais”.

‘Tenho depressão e não quero matar pessoas’

Três dos principais grupos ativistas de saúde mental da Inglaterra – Mind, Time to Change e Rethink Mental Illness – divulgaram um comunicado em conjunto condenando a “especulação difundida” a respeito da condição do copiloto, dizendo que as manchetes contribuem “para o estigma que já existe ao redor dos problemas de saúde mental”.
“Todo mundo está tentando entender o que aconteceu neste acidente terrível com o avião, mas há um perigo real de que a correlação que está sendo feita entre depressão e este ato seja muito simplista e não tenha provas suficientes”, disse Paul Farmer, diretor executivo do Mind, à BBC.
“A impressão que se dá é a de que as pessoas com depressão podem ser perigosas, e não há nenhuma prova disso. Há milhares de pessoas que trabalham em cargos estressantes e importantes que lutam contra a depressão e fazem seus trabalhos muito bem.”
A hashtag #Timetochange (Tempo de mudar, em português), que critica a cobertura da imprensa, está entre os assuntos mais comentados do Twitter britânico. Personalidades pedem que o acidente não confunda pessoas deprimidas com “assassinos”.
O escritor Matt Haig disse no Twitter que “A depressão pode fazer com que a pessoa machuque a si mesma. Mas nunca fez – em 15 anos intensos – com que eu ou qualquer pessoa que eu conheço quisesse machucar outras pessoas”.
No Brasil, já começam a repercutir nas redes sociais as manchetes de portais de notícias afirmando que o copiloto “tinha depressão”

Especulação

Promotores alemães afirmam que Lubitz escondeu detalhes de uma doença da empresa onde trabalhava, mas o tablóide alemão Bild diz que sua pesquisa sobre o passado de Andreas Lubitz sugere um histórico de depressão.
A Lufthansa, segundo o tablóide, teria afirmado que Lubitz interrompeu seu treinamento para ser piloto para receber tratamento médico. Fontes não nomeadas na empresa, citadas pelo tabloide, teriam afirmado que a interrupção foi causada por um problema psicológico.
No total, Lubitz teria feito tratamento psicológico durante um ano e meio durante o treinamento e diagnosticado, em 2009, com um “episódio depressivo severo”.
A revista semanal Der Spiegel diz que investigadores teriam encontrado, no apartamento de Lubitz em Dusseldorf, provas de que ele sofria de um distúrbio psicológico. A revista, no entanto, afirma que não sabe exatamente que provas seriam estas.

Depressão poderia ter causado acidente?

A depressão é uma doença séria, que afeta cada pessoa de maneira diferente. Indivíduos que sofrem de depressão podem atingir um estado tal de alienação que são capazes de tentar tirar as próprias vidas – mas a maioria das pessoas deprimidas não tentaria causar dano a ninguém além de si mesmas.
A psicóloga britânica Jennifer Wild, da Universidade de Oxford, disse ao jornal The Times que o “pensamento irracional” por trás das ações de Lubitz na cabine podem ter sido motivados por depressão causada por algum episódio traumático recente. “Talvez nesse estado ele não tenha considerado as consequências de suas ações, ou talvez não se importasse por estar consumido pela ideia de pôr fim a sua vida”, afirma.
Wild diz ainda que o uso de drogas ou um acesso extremo de raiva também poderia explicar tais ações.
No entanto, o registro da caixa preta do avião mostra o que seria a respiração calma de Lubitz enquanto supostamente apertava botões que levariam o avião à queda. Isso levou à especulação de que o copiloto poderia ser um psicopata. No entanto, Wild explica que psicopatas geralmente evitam infligir dano a si mesmos.
“Devemos ter cuidado para não fazer julgamentos apressados”, disse o professor Simon Wessely, presidente do Royal College of Psychiatrists, na Grã-Bretanha. “Se realmente for comprovado que o piloto tinha um histórico de depressão, precisamos nos lembrar que milhões de pessoas também têm, incluindo pilotos que conduzem voos com total segurança até muitos anos depois de serem tratados.”
“A depressão geralmente é tratável. A maior barreira para que as pessoas consigam ajuda é o estigma e o medo de serem descobertas. Neste país, percebemos uma diminuição recente desse estigma e uma abertura maior para buscar ajuda. Recomendamos evitar decisões apressadas que podem tornar mais difícil que pessoas com depressão recebam o tratamento apropriado”, alerta.

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Passados alguns dias do acidente nos Alpes franceses, começam a surgir, felizmente, análises equilibradas no universo midiático.
E obviamente, tais análises são exceção em uma mídia mundial sempre disposta a jogar tudo de encontro as rochas.
Assim como Alberto Dines, em seu excelente texto acima, fiquei perplexo com esse episódio e , no momento em que escrevo esse texto , em que faço com que as pontas de meus dedos se choquem com as teclas de um teclado frio e distante, mesmo estando tão próximo,  não encontrei nenhuma explicação para a tragédia, assim como tenho rejeitado todas as narrativas oriundas de  uma imprensa apressada em tudo justificar.
Como sempre tem acontecido desde o 11 de setembro, o terrorismo é sempre a primeira hipótese para acidentes com mortes e, uma vez descartada a hipótese matter, distúrbios mentais dos autores sempre surgem em segundo lugar.
Como se atos de terrorismo não fossem um distúrbio dos autores, uma irracionalidade em nome da razão.

Como se o reducionismo simplista , limitado e apressado também não fosse um distúrbio.
No mundo dos distúrbios, estados nacionais em nome da segurança agem da mesma maneira que os terroristas, de forma racional, em nome da segurança e em defesa da civilização próspera , civilizada, saudável.
O jovem alemão , bem sucedido profissionalmente, não foi o primeiro  a assombrar o mundo e certamente não será o último.
Centenas ou milhares de casos de atiradores  que resolvem sair por aí atirando e matando qualquer pessoa que encontram pela frente, tem sido lugar comum no noticiário, que , como de costume, tentar encerrar o assunto atribuindo problemas mentais aos criminosos.
Que uma pessoa que resolve  matar outros , conhecidos ou não, sem nenhum motivo aparente, certamente tem algum distúrbio, ou , quem sabe um mix de fast distúrbios, isso me parece óbvio.

No entanto, a velha mídia apressada, mesmo diante de tantas evidências que se repetem e não mais podem ser apenas justificadas como problemas pontuais, sempre volta aos distúrbios psicológicos do agressor como sendo a causa última .
Seria tal forma de relatar a realidade também um distúrbio ?
Um mundo de desequilibrados, onde a suposta alegria das pessoas  nada mais seria do que uma representação para atender códigos sociais.
Sorria, afinal, você está sendo filmado e deve ficar feliz também por esse fato.
Abra e beba a felicidade, diz o comercial do símbolo maior de todos os distúrbios.
Trabalhe muito, seja competitivo, desconfie de tudo e de todos, vigie seu vizinho, afinal, viver é uma guerra e somente os mais fortes irão sobreviver.
Caso se sinta triste, vá a um shopping center, compre uma roupa nova, o tênis da moda, ou quem sabe, até mesmo troque de carro,  a sensação de felicidade será instantânea, e você poderá mostrar para seus "amigos" como você é feliz e bem sucedido, afinal viver é ganhar e acumular, sempre o máximo.
As praças de alimentação de um shopping center são o divã da pós modernidade , que pode resolver todo tipo de angústia e de sofrimento, essa é a mensagem explícita e implícita de um mundo de distúrbios, ancorado em coisas, onde qualquer coisa passa a ter um valor , um preço.
Ao sucesso, mesmo que seja lembrado somente após a morte, como tem sido uma constante nos filmes de Hollywood:
"certamente se assim agirmos iremos morrer, no entanto eles também morrerão e nossos nomes serão nomes de escolas públicas, para eternidade"

A passagem acima é comum nos filmes atuais.

Sucesso, competição e coisas.

Tudo e todos são coisas, que se pode atribuir um valor, construindo, dessa forma, um fundamentalismo materialista, não muito diferente de outras expressões de fundamentalismos.

No mundo dos fundamentalismos, o distúrbio reina, naturalmente, socialmente aceito, no entanto sempre que atos extremos acontecem a causa apresentada pela mídia sempre diz respeito a um distúrbio, individual, pontual, algo fora da curva e que não merece grande destaque.

O estresse é a doença da pós modernidade, sendo que na mesma França que agora sente-se perplexa com o acidente, recentemente um estudo revelou o crescente número de suicídios de empregados em determinadas empresas.

Na Alemanha, os índices de absenteísmo e de alcoolismo no trabalho não devem ser desprezados.

No mundo das coisas , do quantitativo, a felicidade pode ser encontrada ao se abrir uma garrafa de refrigerante, pelo menos é o que diz a mensagem publicitaria.

Os momentos de  tristeza, como manifestações normais da natureza humana, são vistos como sérios problemas psicológicos e socialmente não são aceitos , já que no mundo civilizado e próspero seria inconcebível não ser  feliz, alegre, risonho.

Momentos de tristeza , assim como momentos de felicidade, são normais e fazem parte da natureza humana.

O excesso e a persistência de um ou outro em prevalecer, merece atenção.

Rir de tudo pode indicar sinais de desespero.

Uma tristeza crônica , também merece cuidados.

No entanto, qualquer tristeza no mundo civilizado atual, é imediatamente rotulado como um problema grave, que requer cuidados médicos e remédios pesados.

No mundo dos distúrbios, a doença é um grande negócio, talvez mais um distúrbio da natureza nada humana dos negócios da medicina humana.

Suicídios tem crescido em todo o mundo, talvez como uma forma de libertação por parte de seus praticantes e as razões , certamente são os tais distúrbios, e eles são muitos em um mundo de distúrbios, de desequilibrados - inclusive, você, caro leitor - de midiotas.

A partir de agora, pilotos não ficarão mais sozinhos no bunker que se tornou a cabine de comando de um avião pós 11 de setembro.

Serão vigiados em suas vidas particulares, assim como seus familiares, e devem sorrir o dia inteiro.

Essa , certamente, será a resposta para evitar que distúrbios não acabem com todos nas rochas.

Afinal foram 150 vidas, algo insiginificante para as centenas de vidas que desaparecem diariamente vítimas da fome, um distúrbio socialmente aceitável, já que os famintos são seres incapazes , fracos, inaptos, para um mundo alegre, civilizado , próspero e evoluído.

Talvez o jovem alemão tenha sofrido uma desilusão amorosa, algo normal na vida de qualquer pessoa.

Há mais ou menos 40 anos , Aldir Blanc escreveu a canção abaixo, que em uma passagem , o personagem triste e deprimido vê a morte como uma solução, no entanto teve um amigo para conversar.

No mundo atual, onde todos estão sitiados e paradoxalmente conectados, tem crescido o número de pessoas que encontram no suicídio a saída.

Afinal, para todo suicida, o suicídio é uma decisão racional e libertadora.

Mundo esquisito e doentio esse em que vivemos.

                                  Amigo é Para Essas Coisas
Autores: Aldir Blanc e Silvo da Silva

           
- Salve!
- Como é que vai?
- Amigo, há quanto tempo!
- Um ano ou mais
- Posso sentar um pouco?
- Faça o favor
- A vida é um dilema
- Nem sempre vale a pena
- Pô...
- O que é que há?
- Rosa acabou comigo
- Meu Deus, por quê?
- Nem Deus sabe o motivo
- Deus é bom
- Mas não foi bom pra mim
- Todo amor um dia chega ao fim
- Triste
- É sempre assim
- Eu desejava um trago
- Garçom, mais dois
- Não sei quando eu lhe pago
- Se vê depois
- Estou desempregado
- Você está mais velho
- É
- Vida ruim
- Você está bem disposto
- Também sofri
- Mas não se vê no rosto
- Pode ser
- Você foi mais feliz
- Dei mais sorte com a Beatriz
- Pois é
- Vivo bem
- Pra frente é que se anda
- Você se lembra dela?
- Não
- Lhe apresentei
- Minha memória é fogo!
- E o l´argent?
- Defendo algum no jogo
- E amanhã?
- Que bom se eu morresse!
- Pra quê, rapaz?
- Talvez Rosa sofresse
- Vá atrás!
- Na morte a gente esquece
- Mas no amor a gente fica em paz
- Adeus
- Toma mais um
- Já amolei bastante
- De jeito algum!
- Muito obrigado, amigo
- Não tem de quê
- Por você ter me ouvido
- Amigo é pra essas coisas
- Tá
- Tome um Cabral
- Sua amizade basta
- Pode faltar
- O apreço não tem preço, eu vivo ao Deus dará