quarta-feira, 14 de junho de 2017

Aquecimento global

Iceberg gigante está prestes a se desprender da Antártica

Estudo de cientistas do País de Gales revela que uma fenda de 130 km em plataforma de gelo cresceu mais 17 km nos últimos dias; se a rachadura avançar mais 13 km, um bloco de 5 mil quilômetros quadrados se soltará do continente e poderá se desintegrar

Fábio de Castro, O Estado de S.Paulo

02 Junho 2017 | 18h35

Um iceberg gigante, quase do tamanho do Distrito Federal, poderá se formar em breve, a partir do desprendimento de uma plataforma de gelo na Antártica, de acordo com um novo estudo realizado por cientistas do País de Gales, no Reino Unido.

De acordo com o estudo, uma rachadura na plataforma de gelo Larsen C cresceu 17 quilômetros nos últimos dias, formando uma fenda de mais de 130 quilômetros de extensão, com cerca de 100 metros de largura e 500 metros de profundidade.



Vista aérea da fenda de 130 km na plataforma de gelo Larsen C, na Península Antártica; novo estudo revela que a rachadura avançou mais 17 km nos últimos dias e está a apenas 13 km de chegar ao limite da plataforma, o que soltará no mar um iceberg de 5 mil km quadrados. Foto: John Sonntag/NASA

Se a fenda aumentar mais 13 quilômetros - o que deverá acontecer em breve, segundo os cientistas -, a plataforma se descolará totalmente do continente, formando um dos maiores icebergs já registrados no mundo, com 5 mil quilômetros quadrados de área.

A descoberta, divulgada nesta sexta-feira, 2, foi feita a partir da análise dos últimos dados de satélites sobre a plataforma Larsen C, que tem sido continuamente monitorada por pesquisadores do Projeto Midas, da Universidade de Swansea (País de Gales).

"No maior salto desde janeiro, a fenda na plataforma de gelo Larsen C cresceu mais 17 quilômetros entre 25 de maio e 31 de maio deste ano. Isso moveu a ponta da fenda para apenas 13 quilômetros até o limite da plataforma, que provocará seu desprendimento, formando um dos maiores icebergs já regsitrados", disse o diretor do Projeto Midas, Adrian Luckman.


A imagem maior mostra as datas em que foram registrados "saltos" consideráveis no avanço da fenda na plataforma de gelo Larsen C; no alto à esquerda, o detalhe sobre o último avanço, entre os dias 12 de fevereiro e 31 de maio de 2017 - faltam apenas 13 km para o desprendimento; em baixo à esquerda, a localização da plataforma na Península Antártica. Foto: MIDAS project, A. Luckman, Swansea University

Além de avançar rapidamente, a fenda também fez uma curva em direação ao limite da plataforma, indicando que a ruptura está provavelmente muito próxima. "A fenda agora entrou completamente na zona de gelo macio que se origina na Península Cole e parece haver muito pouco a fazer para evitar que o iceberg se separe completamente", disse Luckman.

De acordo com os pesquisadores, a perda de uma área tão grande de gelo deixará toda a plataforma mais vulneráveis a futuras rupturas. A Larsen C tem aproximadamente 350 metros de espessura e flutua no mar nos limites da Antártica Ocidental, contendo o fluxo das geleiras que a alimentam.

"Quando se desprender, a plataforma de gelo Larsen C perderá mais de 10% de sua área, deixando seus limites na posição mais retraída já registrada. Esse evento mudará completamente a paisagem na Península Antártica", afirmou Luckman.


A foto aérea mostra um detalhe da rechadura que ameaça lançar ao mar 10% da área da plataforma Larsen C, na Península Antártica; a fenda, que cresceu 17 km nos últimos dias, já tem 130 quilômetros de extensão, com cerca de 100 metros de largura e 500 metros de profundidade. Foto: NASA, John Sonntag

De acordo com o cientista, o grupo já mostrou que a nova configuração será menos estável que a existente antes da abertura da fenda. Com isso, a Larsen C poderá ter o mesmo destino de outra plataforma de gelo vizinha, a Larsen B, que se desintegrou em 2002 após um evento semelhante induzido por uma fenda.

Os cientistas afirmam que não há evidências suficientes para ligar o crescimento da fenda - e o eventual desprendimento do iceberg - às mudanças climáticas globais. No entanto, é amplamente aceito pela ciência que o aquecimento dos oceanos e da atmosfera tem sido um fator importante na desintegração de outras plataformas de gelo na Península Antártica. A plataforma Larsen A se desfez em 1995 e a Larsen B, em 2002.

Fonte: ESTADO DE SP
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