sábado, 31 de janeiro de 2015

Bons ventos

Contágio: uma semana após da vitória do Syriza, sua versão espanhola, o Podemos, inunda as ruas de Madrid neste sábado; Marcha pela Mudança figura como uma das maiores manifestações de massa da história do país. Governantes do arrocho na Espanha e Portugal exigem que a troika destrua a Grécia. E Logo

Fonte: CARTA MAIOR 

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Pablo Iglesias: 'podemos sonhar, podemos vencer'

Neste sábado (31), o Podemos levou milhares de pessoas para a Porto do Sol de Madri em um símbolo de uma 'mudança política imparável' na Espanha.

Les Espagnols manifestent en masse contre l'austérité

Samedi, 31 Janvier, 2015
Humanite.fr
Photo : Sergio Perez/Reuters
Le leader de Podemos, Pablo Iglesias (à gauche), dans la foule lors de la manifestation à Madrid, ce samedi 31 janvier.
Photo : Sergio Perez/Reuters
Véritable démonstration de force de Podemos ce samedi à Madrid. Des dizaines de milliers d'Espagnols ont "marché pour le changement" de la place de Cibeles, à Madrid pour relier la Puerta del Sol à l'appel du parti de Pablo Iglesias, qui espère suivre l'exemple de Syriza en Grèce lors des prochaines élections législatives.
La grande "marche pour le changement" à Madrid intervient moins d'une semaine après la victoire de Syriza, dont les dirigeants ont régulièrement fait campagne aux côtés de ceux de Podemos. Issus de deux des pays européens ayant vécu le plus durement la crise, avec encore plus d'un cinquième de leur population active au chômage, Podemos et Syriza partagent le même rejet de la troïka (Banque centrale et commission européennes, Fonds monétaire international). Selon eux il faut mettre fin à l'empire de la finance internationale qui oublie l'humain et poser la question d'une restructuration de la dette.

Suivez la manifestation en direct :
Aux cris de "Oui, nous le pouvons!" et "tic tac tic tac", les manifestants ont rappelé au président du gouvernement conservateur Mariano Rajoy que les sondages donnent le parti de gauche Podemos ("Nous pouvons") en tête des intentions de vote en vue des élections régionales en mai et législatives à la fin de l'année. Le rassemblement de samedi est le plus grand jamais organisé par le parti issu du mouvement des "Indignés". "Le vent du changement a commencé à souffler sur l'Europe", a déclaré Pablo Iglesias, le leader du parti, devant une foule compacte réunie place de la Puerta del Sol dans le centre de Madrid, brandissant drapeaux grecs et républicains de la gauche espagnole. La foule a écouté avec ferveur Pablo Iglesias, 36 ans, et sa jeune équipe, en scandant régulièrement, poing droit levé "Si se puede, si se puede! (Oui c'est possible!)".
"Les gens en ont marre de la classe politique", a déclaré Antonia Fernandez, une retraitée de 69 ans, expliquant qu'elle votait jusqu'alors pour le Parti socialiste mais que celui-ci s'est discrédité à cause de sa gestion de la crise économique et de son soutien aux mesures d'austérité. "Si nous voulons avoir un avenir, il nous faut des emplois", a-t-elle conclu.
Après sept années de crise profonde, l'Espagne est un des pays de la zone euro qui bénéficie de la croissance économique la plus soutenue mais ces bonnes statistiques ne se traduisent pas encore de manière significative sur le niveau de vie de la population, alors qu'environ un Espagnol sur quatre est au chômage. Dans ce contexte, la promesse du nouveau Premier ministre grec Alexis Tsipras de mettre fin à "l'humiliation et la souffrance" trouve un fort écho en Espagne.
La formation de Pablo Iglesias a bouleversé le paysage politique espagnol. Podemos qui se dit "ni de gauche ni de droite" a été fondé il y a tout juste un an à la suite du mouvement des indignés. Podemos a créé la surprise dès mai 2014 en obtenant 1,2 million de voix, cinq députés, aux Européennes. Depuis, son ascension dans les sondages a été fulgurante, dépassant régulièrement le Parti socialiste et parfois même le Parti populaire (droite) au pouvoir, devenant théoriquement la première ou deuxième force politique.
Plaza de la Puerta del Sol ahora. La imagen lo dice todo.

Fonte:  L' HUMANITÉ
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Primeiro a Grécia e ao que tudo indica a próxima será a Espanha.

Gente jovem,  idéias jovens que valorizam a vida e os direitos das pessoas .

Os ventos que sopram no sul da Europa bem que poderiam  contagiar setores de esquerda do Brasil.

Brasil , que resolve fazer o caminho inverso dos novos ventos e mergulha no atraso da austeridade, do arrocho.

Acorda, PT.
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Sou Syriza, e não é de hoje

O que pode vir por aí está na nossa cara. É só olhar para a Grécia, Espanha, Portugal, Itália. Não é casual que nestes países crescem as alternativas.


Luciana Genro Arquivo

A vitória da Syriza (Coalizão da Esquerda Radical) tem uma importância enorme, não só para os Gregos e europeus, mas para nós, brasileiros. A Grécia foi o laboratório mais recente de uma velha receita: diante da crise, austeridade. A ideia de um governo austero pode agradar os mais desavisados. Mas a Grécia nos ensina que a austeridade pregada pela Troika, pelos mercados, pela grande mídia, significa ataques aos direitos do povo.

Na Grécia estes ataques foram radicais: cortes nominais nos salários e aposentadorias, demissões em massa de servidores públicos, privatizações, cortes nos gastos sociais. A Grécia seguiu fielmente a receita exigida pelos mercados. Aliás, entregou aos mercados o comando da Nação. O resultado foi que 1 em cada 4 gregos está desempregado, 50% da população vive na pobreza, 60% da juventude está desempregada.

As primeiras medidas tomadas pelo governo Tsipras vieram no sentido oposto às pregações por austeridade: fim das privatizações, aumento do salário mínimo, energia gratuita pra 300 mil lares, readmissão de funcionários demitidos. Além disso, vai lutar pelo cancelamento de 50% da dívida grega e pela suspensão do pagamento da outra parte até que o país volte a crescer. Quanta diferença em relação ao PT!

Aqui no Brasil não vivemos uma situação tão dramática como a da Grécia. No entanto, é sabido que a crise vai se agravar nos próximos meses. A resposta que o governo Dilma dá a esta situação é a mesma, guardadas as proporções do tamanho da crise, que o governo do PASOK (socialdemocracia) e depois o da Nova Democracia (centro direita) deram ao problema grego, isto é, a dita austeridade e a submissão às vontades do mercado financeiro.  Com uma cara de pau impressionante à presidenta  Dilma afirma que não vai mexer nos direitos trabalhistas, ao mesmo tempo que anuncia restrições no acesso ao seguro-desemprego, justamente em um ano que, todos sabem, vai aumentar o desemprego. Ela também adotou o lema “Brasil Pátria Educadora” e ao mesmo tempo o Ministério da Educação foi o maior atingido pelos cortes anunciados: R$ 7 bilhões de um total de R$ 22,7 bi cortados do orçamento.  Vivemos um momento de desmoralização da eleição de Dilma. Parece que foi tudo uma encenação de mau gosto para enganar o povo. O recado de junho de 2013 realmente não foi ouvido pelas elites políticas!

Os jornais anunciam que o Brasil teve déficit nas suas contas pela primeira vez desde 1997 reforçando a idéia de que temos que cortar gastos. Insistem também em divulgar que a dívida pública federal fechou o ano em R$2,29 trilhões, com uma alta de 8,15% no ano. Mas não explicam as verdadeiras razões desta situação. Para onde foi este dinheiro? Por acaso o povo brasileiro está usufruindo de ótimas instalações de saúde? A educação está uma maravilha? O transporte público melhorou? Os servidores públicos estão ganhando muito bem? Não, nada disso. Tudo está ruim e, com a dita austeridade, vai piorar. O clamor por austeridade ignora a situação do povo, com desemprego crônico, baixos salários e serviços públicos degradados.

O que pode vir por aí está na nossa cara. É só olhar para a Grécia, Espanha, Portugal, Itália. Não é casual que nestes países crescem as alternativas aos partidos do sistema. O Podemos na Espanha pode ser o próximo a derrotar a velha política. 

Para defender a austeridade sempre dizem que “não há almoço grátis”. É verdade, para o povo não há. O que é distribuído em tempos de bonança econômica é rapidamente retirado nos momentos de crise. Mas tem gente almoçando, jantando e se empanturrando de graça sim. É para eles que está indo o grosso do dinheiro que aumenta a dívida e o déficit. Para exemplificar, o Bradesco lucrou R$ 15 bilhões em 2014, um salto de 25,6% em relação a 2013! E o Banco Central prevê novas altas de juros, que já está em 12,25% ao ano.

O mercado de "private banking" brasileiro caminha para alcançar R$ 1 trilhão em 2016, pois a previsão é de que quase 500 mil novos milionários entrem no mercado até lá, elevando o total de 319 mil para 815 mil em quatro anos. Nas estimativas do banco Credit Suisse, o Brasil terá uma das maiores taxas de crescimento de milionários do mundo no período, com 155% de aumento.

A austeridade não atinge os bancos e os milionários. Nem passa pela cabeça do austero Joaquim Levy diminuir a taxa de juros para estacar a sangria de recursos para pagamento da dívida, muito menos realizar a auditoria demandada na Constituição de 1988. Causou arrepios a todos os defensores da austeridade a proposta que defendi na campanha eleitoral de regulamentar o Imposto sobre Grande Fortunas ou acabar com os privilégios tributários dos bancos e especuladores. A casta parasitária, que nada produz e só vive dos ganhos financeiros, não perde a oportunidade de defender o arrocho mas não quer nem discutir a hipótese de taxar os milionários e atingir a cleptocracia dos banqueiros e seus aliados: os políticos do sistema e os grandes meios de comunicação que reproduzem, sem contraponto, o discurso dos mercados.

Me chamam de radical. Pois sou mesmo. Quero ir à raiz dos problemas, às suas causas. Sou Syriza, e não é de hoje.  
Fonte: CARTA MAIOR

 

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