terça-feira, 8 de agosto de 2017

8 - Nossa imprensa esportiva...



Estávamos no ano de 1993. A seleção brasileira, que na tv que detêm a exclusividade das transmissões é conhecida como Brasiiiiil entrava em mais uma eliminatória para a copa do mundo de futebol. Vinte e três anos do último título mundial de 1970, deixavam nossa alegre, empolgada e animada imprensa preocupada com tamanho jejum. O Brasiiiiil caiu nas eliminatórias em um grupo com Uruguai, Bolívia , Equador e Venezuela com duas vagas para a copa. Barbada!, diziam nossos animados especialistas . No jogo contra a seleção do Equador, que até então nunca disputara uma copa, em Quito, nosso Brasiiiil, comandado por Carlos Alberto Parreira, adotou uma postura defensiva e de respeito ao adversário, esperando o momento para o bote. Na tv, o narrador da partida, com sua equipe de respeitados comentaristas, demonstrava profunda irritação pelo comportamento da equipe brasileira. Dizia ele:


- narrador: O Brasiiiiiil não pode jogar assim. Somos tricampeões do mundo. Temos que agredir o adversário. Aí, o Brasiiiiil está com medo. Esse time do Equador tirando onda com a gente. Esse jogadorzinho do Equador..... Bate nele.
- comentarista de arbitragem: ele está provocando nossos a atletas.

narrador: ele é folgado. issso é porque o time deles está empatando como o Brasiiiiiil . Se esse time do Brasiiiiiiil jogar assim está arriscado de não se classificar para a copa do mundo e, caso classifique não vai ganhar nada.

A seleção brasileira de futebol, ao final das eliminatórias se classificou em primeiro lugar no seu grupo, tendo a seleção boliviana ficado com a segunda vaga. Na copa do mundo, em 1994, a seleção brasileira ganhou a competição sagrando-se tetra campeão mundial de futebol. Nosso narrador da tv com exclusividade nas transmissões de futebol, ficou empolgadísssimo com a conquista do Brasiiiiiil. Ao seu lado, na narração estava Pelé como comentarista. Ao se confirmar a dramática conquista do titulo, comemorada com um penalty que o adversário bateu para fora, nosso narrador agarrou Pelé pelo pescoço, deu-lhe uma gravata, e com gritos intensos dizia;

- é tetra !!! é tetra "!!!!   é téééééééééééééééééééétra! ´

é tééééééééééééééétra!

Uma imagem registrou a cena e mostrou os demais profissionais de imprensa assustados com a comemoração de nossa alegre, empolgada e animada imprensa. O mesmo narrador que disse que o Brasiiiiiil não iria ganhar nada, naquele momento vibrava com a conquista. Conquista que certamente assegurou melhores índices de audiência na emissora que detêm a exclusividade das transmissões de futebol, melhores audiências de programas esportivos, maior interesse das pessoas por futebol, mais jornais sendo vendidos, e consequentemente mais verbas de patrocínio para os jornais, tv e rádios. Verbas que também garantiram o emprego de muitos profisssionais de nossa animada, empolgada e alegre imprensa esportiva, para que eles pudessem seguir falando e escrevendo as asneiras de sempre.

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