quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A imbecilização e Idiotização do Brasil


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Em que tipo de arte você acredita? Ou: a imbecilização da arte
Por Cynara Menezes, no Socialista Morena
O provocativo artigo de Mino Carta na CartaCapital da semana, A Imbecilização do Brasil, me instigou a escrever um contraponto às palavras dele. Discordo de Mino e sei que, ao escrever o texto, sua principal intenção era justamente levantar o debate. Não, não acho que o Brasil tenha se imbecilizado. A questão, para mim, diz respeito ao que se considera arte. Só Portinari é arte? Existe arte “menor” e arte “maior”? Em que tipo de arte você acredita?
Não vejo “deserto cultural” algum no País. Nos últimos anos, uma nova cultura está surgindo, mas é preciso ter olhos para vê-la. É forte a cultura que vem da periferia e cada vez mais será. Não temos mais Portinaris? Temos grafite. O Brasil é hoje referência mundial em arte de rua. Temos grandes artistas como Os Gêmeos, Nina Pandolfo, Nunca. Estava matutando sobre estas coisas e acabei descobrindo outro fera, o baiano Toz, que acaba de pintar, ao lado de oito grafiteiros, um painel gigante na lateral de um prédio da zona portuária do Rio.
Ao olhar o incrível trabalho de Toz, me dei conta de que a “arte” de que muitos sentem saudade é na verdade uma arte que fica trancada nos museus, que tem de ir à Europa para conhecer. A arte dos grafiteiros está na rua, ao alcance dos olhos de quem passa, não precisa pagar ingresso para ver. Portinari, Di Cavalcanti, Volpi –é indiscutível sua qualidade artística. Mas ver de perto um quadro deles não é para todo mundo. O grafite é –e para mim tampouco é discutível seu valor. Detalhe: o grafite no muro, ao contrário do quadro pendurado no museu, faz qualquer um sentir que pode ser artista. Isso é inclusão.

detalhe do painel de Toz. Foto: Sergio Moraes/Reuters)
Guimarães Rosa, Gilberto Freyre… Entendo a provocação de Mino Carta, mas vários dos nomes que ele cita em seu artigo vieram da elite brasileira. E não é culpa do Brasil se a elite não cria mais. Se, em vez de ir para a Europa se ilustrar e voltar escrevendo ou pintando obras fantásticas, os filhos da elite agora preferem ir a Miami comprar bugigangas, não é culpa do povo. Quem se imbecilizou não foi o Brasil, foi a elite. Já escrevi aqui, em tom de galhofa, sobre os submergentes: a elite brasileira submergiu, emburreceu, se vulgarizou. Por que a imprensa, como diz Mino, está ruim? Porque a imprensa é o retrato dessa elite decadente e inculta.
Mas, prestem atenção: o que tem surgido de manifestação cultural vinda do povo é muito mais do que interessante. Representa o futuro, não o passado que ficou para trás. O mundo mudou, a arte também. “Ah, mas o povo gosta de axé, de sertanejo”. E acaso o axé e o sertanejo vieram do povo? Ou vieram do mainstream, da elite que controla a música, para pegar o dinheirinho do povo? Ivete Sangalo, que cobra 650 mil reais para tocar sua música ruim até em inauguração de hospital, não veio do povo. Luan Santana não veio do povo. Eles se impuseram ao povo por meio de mega-esquemas de divulgação. É completamente diferente.
O rap que vem da periferia de São Paulo vem do povo. “Ah, mas o rap não é brasileiro”. E o que é brasileiro? A bossa nova? Mas ela não veio do jazz norte-americano e ganhou elementos nossos? A mistura está em nosso sangue e em nossa tradição cultural: bossa com jazz, rap com samba, funk com maracatu. Isso é Brasil. Vejo, sim, grandes talentos do rap surgindo, fazendo ótima música e falando a linguagem do entorno onde vivem. Os rappers são os cronistas dos rincões mais longínquos e esquecidos do Brasil urbano. Assim como, gostando-se ou não dele, o funk carioca nasce no subúrbio, em estúdios de fundo de quintal. É original e vibrante. Não é “arte”? Voltamos ao começo: o que é arte, afinal?
Numa coisa Mino tem razão, a TV brasileira oferece muita coisa ruim. É verdade. Mas eu não sou tão pessimista. A Globo, principal emissora do país, de vez em quando brinda seus telespectadores com coisas bacanas, até mesmo em novelas, seu mais popular produto –Brasil é um exemplo recente. Ironia: as outras emissoras comerciais, que pretendem tirar a “supremacia” da Globo, não têm nenhuma exceção, só oferecem lixo. Mas vejam só, temos TV a cabo, com várias opções (eu gosto muito do Canal Brasil), e ainda tem a TV pública. Ninguém é obrigado a assistir porcaria, é só usar o controle remoto.
Hoje mesmo li o Zeca Pagodinho se queixando de que não toca samba no rádio. Pois eu ouço samba direto no rádio, sabem por quê? Porque só ouço rádio pública, todas com programação de alto nível e variada. Zeca, como tanta gente que reclama do que toca no rádio, devia simplesmente boicotar as emissoras comerciais.
Não vejo imbecilização alguma do Brasil. Temos uma significativa parcela de pessoas recém-incluídas que já estão produzindo cultura e, incentivadas, produzirão cada vez mais. É uma notícia excelente: não são mais só os 5% de brasileiros que tinham acesso à cultura que podem fazer música, pintura, literatura, cinema. Ainda não deu tempo de uma nova geração de intelectuais, oriunda das classes mais baixas da população, como é possível hoje, se formar. No futuro, tenho certeza, virão daí os novos Gilbertos Freyres, os novos Sergios Buarques de Holanda, escrevendo sobre o País, suas mazelas e seus desafios.
Com a diferença de que, para eles, não será só uma paixão intelectual. Sentiram na pele o que estão falando. Escreverão com as vísceras. E é essa, para mim, a melhor definição de arte, sempre: aquela que vem das vísceras


A  Dor da Ignorância



Que vivemos em um processo de imbecilização e idiotização da população da brasileira, isso me parece muito claro.

Vou mais além e afirmo que o processo não é exclusivo dos meios de produções artística e infornativa de nosso país, e que tem abrangência em muitos países do ocidente.
 
Isso significa dizer que a população brasileira é imbecil e não existe arte de qualidade sendo produzida ?

Não.

Existe muita coisa boa sendo produzida pelo país, entretanto a produção apenas não anda sozinha.

São necessários meios para divulgação daquilo que é produzido.

Uma praça pública é um meio de divulgação artística.

A internete também é um meio de divulgação.

No meu entender a questão está toda na filtragem e controle daquilo que deve ser divulgado e vendido  como arte.

Partindo dessa premissa é impossível não concordar com Mino Carta.

As forças que detem o poder de definir, escolher e divulgar o que é arte  despejam idotices de péssima qualidade para a população, principalmente pelas emissoras de tv ( abertas ou fechadas) e de rádio.

Os movimentos de periferia que produzem hip-hop, funk, grafite, poesia, samba e outras expressões artísticas são de extremo valor e produzem excelentes conteúdos, entretanto quando são divulgados pelas tv's comerciais normalmente aparecem em horários não muito nobres e ainda são formatados para que em futuro próximo sejam domesticados embalados e vendidos de acordo com as necessidades das forças de divulgação e comercialização artística.

Isso é fato.

Regina Casé, na tv globo, faz esse papel.

Para essa indústria vale o conceito de animação, no sentido de festa, alegria. A arte que alegra, anima, sai do chão.

E mais, que seja de assimilação imediata, descartável e que não provoque nenhuma análise crítica.

Isso é imbecilização, idiotização.

Afirmar que mesmo a tv aberta produz coisa boa, citando como exemplo a novela da tv globo Avenida Brasil, não me parece relevante e nem exclui a imbecilização em curso.

De fato a novela citada foi muito bem aceita pela crítica e pela população.

Cabe lembrar que a tv globo produz uma grande quantidade de novelas e de vez em quando, uma acerta. 

Não é mérito.

Dizer ainda que a arte boa é aquela que vem das víceras não serve como regra.

A dor não é essencial para a arte.

O preço que o artista paga é muito alto, quase sempre com a vida. VanGogh, Cássia Eller, Janis Joplin, Raul Seixas, Ellis Regina. Paul Gaugain são alguns exemplos.

O melhor é aquela arte que apresenta um equilíbrio entre as vísceras e as sinapses.

Catarse emocional nem sempre é arte, pode ser terapia. 

Nise da Silveira sabia disso.


Pode até ser aceito como um modismo artistico em determinados períodos da vida de uma sociedade., mas dái a chamar de arte há um abismo.

A dor não é essencial para a produção artística. Um engajamento é essencial.

Dizer ainda que caso um telespectador não gostar do que assiste que use então o controle remoto, é admitir uma diversidade e independência  de produções artísticas e informativas que não existe no universo midático brasileiro, controlado por poucas famílias e uniformizado na produção e divulgação de conteúdos.

É também repetir o argumento dos proprietários dos meios de comunicação quando questionados sobre a democratização dos meios de comunicação.

Também penso que a arte não pode ser elitista, somente para iniciados. como também não pode ser popularóide, para imbecis

Popular sem ser popularóide. Culta sem ser elitista.






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