sexta-feira, 12 de junho de 2015

Superar o pensamento binário

Bioceânica:
quem não quer e por que

O PiG, o Ibama, a Funai, o MP e o TCU se tornam instrumentos do interesse nacional 



Quem não quer a Ferrovia Bioceânica são os Estados Unidos, porque ela será uma alternativa ao Canal americano do Panamá.

Quem não quer a Bioceânica são instituições instaladas no centro do Estado brasileiro e  funcionam, na prática, como agentes do interesse americano.

Para ser mais claro.

O IBAMA e a Funai.

O TCU e o Ministério Público.

São obstáculos a qualquer tipo de progresso, de intervenção no espaço físico, para construir o progresso.

Associam-se nessa inglória tarefa o Tribunal de Contas da União, dominado pelos pefelistas da Arena.

E o Ministério Público, dominado por procuradores fanfarrões.

No Brasil, hoje, com o labirinto institucional – e não é por acaso-, um prefeito não pode deslocar um paralelepípedo de uma calçada para outra, na mesma rua, no mesmo quarteirão, sem que o Ibama, o TCU e o MP concordem.

Depois que estiver tudo resolvido, chegam os índios.

Em nome de um suposto e impreciso “desenvolvimento sustentável”.

“Desenvolvimento sustentável” é lorota de rico contra pobre.

Os EUA, a Alemanha, o Canadá, a Suécia, a Noruega, a Dinamarca, o Japão todos eles já se sustentaram e se desenvolveram.

O John Wayne já matou os índios que quis matar, derrubou as árvores que quis derrubar, construiu  fabricas onde bem entendia –  e os Estados Unidos ficaram prontos.

E para manter tudo como está, não querem que os pobres se desenvolvam.

Para não permitir que outros  se sentem na mesa principal.

( Como fez o Obama, no acordo que o Lula e o Celso Amorim construiram  com o Irã:  o Brasil não podia ousar sentar na mesa principal da diplomacia mundial !)

Aí vem a lorota blablarínica, subvencionada pela Neca do Itaúúú: a sustentabilidade se sustenta com o sustentável !

Os Estados Unido tem código florestal ?

Na hora de explorar o xisto betuminoso chamam o Greenpeace para proteger o pulmão das famílias da vizinhança ?

“Desenvolvimento sustentável” é outra forma de exercício imperial , como a ressurreição da Quarta Esquadra, que os Estados Unidos instalaram em frente ao Brasil e à África, assim que o Brasil descobriu o pré-sal.

O que querem esses agentes do Império americano ?

Imobilizar o Brasil.

Congelar a infraestrutura para o Brasil não crescer e vir a competir com os Estados Unidos.

Simples.

Exemplo.

Roraima tem uma das maiores bacias de riquezas minerais do continente americano, além de  terras raras.

Pode explorar ?

Não.

Roraima se tornou uma gigantesca reserva indígena.

E não deixaram que um linhão levasse luz a Roraima.

Por que ?

Porque um indio pode subir lá em cima do linhão cair no chão e se machucar.

Parece absurdo.

E o Cameron e o Procurador que boicotaram Belo Monte para preservar o avatar de um índio ?

Agora, imaginem o que farão para impedir o licenciamento ambiental da Bioceânica, de outras ferrovias, hidrovias, eclusas e portos !

Será um inferno !

O Ibama, a Funai, o TCU, o MP, as milhares de ONGs americanas que vasculham a Amazônia – e seus agentes instalados nas colonas do PiG.

Não se trata apenas de inviabilizar o escoamento da produção de grãos, frangos e suínos.

Mas, também, da fabulosa fronteira mineral do Brasil.

Quem compete com o Brasil nesse mercado de minerios em grande quantidade é a África.

Mas, com todo o respeito, o Brasil pode oferecer estabilidade política, respeito à Lei e aos contratos.

Para investir na África, é preciso se associar a um Chefe de Executivo, a um líder tribal para garantir uma concessão que pode ir para o espaço no próximo Golpe de Estado.

O Brasil não tem esse custo institucional.

É melhor, então, para os Estados Unidos, manter o minério brasileiro embaixo da terra, inexplorado.

Para evitar que o Brasil tome conta de mercados de commodities minerais.

Isso não é novidade.

Basta ler “Renato Archer – energia atômica, soberania e desenvolvimento”, de Alvaro Rocha Filho e Joao Carlos Vitor Garcia, da editora Contraponto, Rio, 2004.

Ali se testemunha a batalha de herois como o Almirante Alvaro Alberto, Archer e o Almirante Othon Silva para construir a autonomia brasileira em energia nuclear.

Os Estados Unidos tentaram infatigavelmente impedir que a autonomia se concretizasse – o que só aconteceu com Lula e Dilma, que reanimaram o programa nuclear que FHC tentou sepultar.

(FHC cometeu um crime de lesa-pátria, ao assinar  o maldito Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Outro instrumento do congelamento do poder, que só interessa aos americanos…)

Os americanos, ao longo da batalha, contavam com instrumentos valiosos: os generais Juarez Tavora e Castello Branco; Augusto Frederico Schmidt, o “poeta-mercador” (como o chamava Paulo Francis, antes de aderir ao piguismo alucinado); Israel Klabin; Valentim Bouças; Roberto Marinho; Carlos Lacerda; Jarbas Passarinho; e os embaixadores (americanos) Roberto Campos, Edmundo Barbosa da Silva e Vasco Leitão Cunha.

Eles queriam que o Brasil não explorasse seu urânio e muito menos que o enriquecesse.

E, ao mesmo tempo, que o Brasil enviasse aos Estados Unidos reservas de minerais úteis à produção de energia nuclear.

Em troca de trigo.

(Os americanos tiveram que importar da Bélgica o urânio das bombas de Hirsoshima e Nagasaki.)

Como os portugueses faziam com os índios: um espelhinho de moldura dourada em troca de uma floresta de pau brasil.

Essa é a batalha da Bioceânica.

A do interesse nacional contra o interesse nacional americano.

É por isso que o Cerra, o Caiado e a Urubologa – tudo a mesma sopa ! – chamam a Bioceânica de uma miragem, uma quimera !

Porque eles se contemplam no espelhinho de moldura dourada.

E se acham lindos !

Paulo Henrique Amorim


Fonte: CONVERSA AFIADA
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De fato, toda essa legião de pessoas e instituições que tentam inviabilizar a ideia de construção da ferrovia bi oceânica, o fazem por não querer que o Brasil  cresça.

Cresça ou se desenvolva ?

Isso é um outro assunto.

Por enquanto a ferrovia bi oceânica é apenas uma ideia que , ao que parece, foi aprovada pelo governo brasileiro.

Aliás, uma ótima ideia.

Após a aprovação da ideia, que em engenharia é chamada de draft, parte-se para o projeto.

Quando o governo elabora o projeto sabe exatamente por onde a ferrovia irá passar e, obviamente, todos os impactos  que ocorrerão no ambiente e nos povos.

Impactos são inevitáveis, em qualquer empreendimento, e dizer que existirão impactos ambientais e sociais com o objetivo de inviabilizar o empreendimento, é uma conversa que não cola mais.

A questão que se impõe é como minimizar e compensar - no caso de povos - os impactos causados.

Já se foi o tempo que um espelho servia como moeda para em troca se levar o ouro.

Atualmente as negociações são complexas e devem envolver somente as partes afetadas.

Nada de ONG's oportunistas.

É sabido , também, que órgãos do governo, oposições  e a velha mídia trabalham contra qualquer projeto de crescimento ( crescimento ou desenvolvimento ? ) que venha a ser implementado pelo governo popular e democrático do PT.

Por outro lado, uma vez tomada decisão  de explorar/construir, ou de deixar os recursos no solo, compensações devem acontecer.

Se o governo brasileiro entende que não deve explorar as riquezas minerais que existem no solo do estado de Roraima, devido aos impactos ambientais e também com os povos indígenas, não há nada de errado nessa decisão.

Considerando a decisão de manter os recursos no solo, o meio ambiente agradece, com benefícios não apenas para o Brasil, mas também para a saúde do planeta.

Se tal decisão irá beneficiar o planeta, o país deve ser compensado com recursos proporcionais  a riqueza que ficará no solo.

Compensado pelo planeta, através de seus organismos internacionais.

Afinal, ecologia  e sustentabilidade dissociadas da realidade política e econômica, valem apenas para a academia. 

Em alguns países da América do Sul essa prática de compensação já existe, em menor parte por governos e em sua maioria pela inciativa dos povos, que recebem como contra partida políticas e projetos para um desenvolvimento que gere renda para todos as comunidades e garanta o bem viver.

No Brasil, independente se o  governo é do PT ou da oposição, nada disso existe, prevalecendo o pensamento binário de fazer , no porrete, ou não fazer, sem nenhum tipo de compensação.

Ao agir dessa forma, os governos do PT e  os defensores do porrete, ao se olharem no espelho encontram a imagem de seus opositores.

O conceito que mais ganha força na América do Sul é o do desenvolvimento, não necessariamente com crescimento.

Os projetos de grande impacto ambiental não podem ser resolvidos no porrete.

Um outro exemplo é a rodovia que liga Porto Velho, em Rondônia, com Manaus , no Amazonas.

Uma rodovia , que já existe em estado precário, com extensão em torno de 800 Km , cortando ao meio o coração da floresta amazônica, em áreas ainda totalmente virgens e desabitadas.

O impacto de uma rodovia dessas é gigantesco, já que cumprirá o papel de espinha dorsal, de onde , pelas laterais, surgirão outras espinhas menores pela floresta adentro, tal qual uma espinha de peixe.

Tais espinhas laterais, obviamente, passarão a existir sem nenhum planejamento, inicialmente como vilas, e mais tarde como campos de monocultura e pasto.

O efeito será  devastador para essa região da floresta.

Por outro lado, a rodovia é necessária para a ligação entre Porto Velho e Manaus, no tocante  aos aspectos econômicos e escoamento de produção.

O que fazer então ?

Para minimizar os impactos e mesmo retardar de forma significativa o efeito espinha de peixe, o governo deveria optar por uma ferrovia, com composições de uso misto, para carga, veículos automotores e passageiros.

O trecho Porto Velho - Rio Branco, que já existe em rodovia em estado razoável pode ser mantido e, a ferrovia ligaria Rio Branco até Manaus, com menor impacto para a região , inclusive para a fauna.

A maioria dos acidentes com animais em rodovias que cortam florestas ou reservas florestais, não se dá pelo fato de animais atravessarem a pista, e sim pelo fato que em tais áreas as temperaturas durante o dia são muito quentes e as noites as vezes bem frias, fazendo com que os animais, a noite, procurem aquecimento no calor do asfalto que foi aquecido ao longo de todo o dia.

Com ferrovia nada disso acontece, pois nem mesmo uma anta vai deitar nos trilhos.

Os atropelamentos existirão, talvez em números e proporções bem menores que os números  alarmantes de acidentes e atropelamentos com os animais humanos nos grandes centros urbanos.

Com a ferrovia as ocupações em espinha de peixe tornam-se bem mais difíceis, já que uma composição tem lugar fixo  para paradas, que devem ser mínimas no trajeto.

A floresta agradece, os povos da floresta também. e o gado e a soja não avançam .

Assim, criando-se políticas para o desenvolvimento dos povos das regiões, aplicando o conceito de sustentabilidade real, alguns países da América do Sul, principalmente através de seus movimentos sociais vem superando  o pensamento binário - fazer no porrete/ não fazer - e trilhando um caminho de desenvolvimento que contempla o bem viver que , por outro lado,  abre as portas para o ecossocialismo.




 

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