quarta-feira, 9 de abril de 2014

Dinheiro grande e futebol pequeno

Via página oficial, Fred faz desabafo contra protestos das organizadas

Em Facebook oficial, atacante reclamou da abordagem sofrida no último sábado após treino nas Laranjeiras

Vasco x Fluminense - Fred (Foto: Bruno de Lima/LANCE!Press)
O manifesto da torcida do Fluminense, no treinamento do último sábado, nas Laranjeiras, repercutiu apenas nesta terça-feira. Por meio de sua página oficial no Facebook, o atacante Fred fez um desabafo, onde diz que pensou até mesmo em deixar o clube. O goleador escreveu que uma tragédia pode estar por vir se o Tricolor não conseguir êxito e eliminar o Horizonte, na quinta-feira, pela Copa do Brasil.
E o desabafo do atacante não foi bem digerido pela maioria dos torcedores. No comentários feitos na postagem, muitos tricolores xingaram o camisa 9 e reclamaram da falta de vontade dele em campo. Porém, nem todos seguiram essa linha, pois houve quem manifestasse todo o apoio ao jogador.


Confira abaixo, na íntegra, a nota postada pelo ídolo da torcida.

"Após o 'recado' dado no último fim de semana - quando um bando de marginais, travestidos de torcedores, foi para a porta das Laranjeiras ameaçar os jogadores do time -, o futebol brasileiro está prestes a viver mais uma tragédia anunciada nesta quinta-feira, caso o Fluminense não elimine o Horizonte pela Copa do Brasil.

Sábado passado, ao sair do meu trabalho, me deparei com cerca de 20 desocupados rodeando meu carro em cima do passeio, praticamente dentro do clube. Os cinco seguranças do time até tentaram conter a fúria desses bandidos… Mas foi em vão! Minha reação, e única defesa, foi acelerar o carro, mesmo correndo o risco de machucar quem estivesse na frente, tendo em vista que começaram a bater no vidro e na lataria do meu veículo. Pra completar, quase provoquei um acidente, pois vinha um caminhão e não vi. Graças a Deus, nada de mais grave aconteceu.

Fui embora indignado, revoltado, pensando se realmente vale a pena tanto esforço e dedicação diários para esse clube que aprendi a respeitar e a gostar. Só no domingo me dei conta de que apenas 20 pessoas (geralmente, as mesmas) estavam matando a minha vontade de dar alegria a milhões de torcedores de verdade, aqueles que vibram com as conquistas e sofrem com as derrotas, mas sem partir pra agressão, pois entendem que nem sempre é possível vencer. Em 2011, vivi uma situação parecida aqui mesmo no Fluminense e, desde então, optei por não aceitar esse tipo de intimidação.

Esse bando de à toa deveria se reunir para protestar contra a falta de segurança pública, educação, saneamento básico, saúde… Ameaçar não trabalhadores e pessoas de bem como eu, mas, sim, os políticos COMPROVADAMENTE corruptos. Eles prestariam um serviço muito maior à sociedade. Mas, em vez disso, surgem do nada às 15h30 de uma quinta-feira - como ocorreu na semana passada - para xingar atletas. Isso quando não conseguem o número do telefone dos jogadores e ficam mandando mensagens com ameaças de morte.

Quantos 'Kevins' ainda terão de pagar com suas próprias vidas? Quantos centros de treinamentos terão de ser invadidos? Mais quantos inocentes terão de ser espancados até a morte? Ou será que somente quando um jogador for espancado alguma providência mais enérgica e eficaz será tomada contra esses bárbaros? Ficam as perguntas. O esvaziamento dos estádios de futebol não pode ser uma mera coincidência. As bandeiras que antes tremulavam nas arquibancadas hoje se transformaram em armas brancas nas mãos desses bandidos.

Quando a imprensa publica tais atos de agressão e vandalismo cometidos pelas organizadas, essas matérias são exibidas entre elas como troféus e, quem os pratica, são tratados como “heróis” internamente. O enfoque deveria ser outro. É preciso questionar os prós e os contras dessas facções, que exploram de maneira ampla a imagem dos times sem pagar royalties; são as principais responsáveis pelas mortes nos dias de jogos e perdas de mandos de campo por seus times; possuem marginais infiltrados; afastam os verdadeiros torcedores dos estádios; e que, por fim, ganham ingressos e até transporte gratuito das diretorias da maioria dos clubes, que insistem em manter uma relação obscura com esse tipo de organização.

Resumindo, na minha opinião, os integrantes de torcidas organizadas não têm direito sequer de reclamar quando o time perde - tendo em vista que nem ingresso eles pagam -, quanto mais de agredir ou intimidar jogadores. Ser membro de torcida organizada no Brasil já virou profissão, meio de vida. Há casos de presidentes de facções que se elegem ou conseguem cargos políticos.

Lutarei com a arma que tenho. Por isso, a partir de hoje, as comemorações dos meus gols não serão mais para as torcidas organizadas. Meus gols serão dedicados exclusivamente aos verdadeiros torcedores do Fluzão, a não ser que a lei seja mais rigorosa ou os responsáveis por essas facções revejam o papel que elas deveriam exercer, que é apoiar o time do coração incondicionalmente, principalmente nos momentos de dificuldade, pois é quando mais precisamos de incentivo.

Fonte : LANCE
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Via nota oficial, torcidas organizadas do Flu 

 

repudiam manifesto de Fred

 

 

Em nota assinada por Torcidas Organizadas do Fluminense FC, torcedores discordam da postura do camisa 9 tricolor


Um dia após o atacante Fred se manifestar contra os recentes atos das torcidas organizadas do Fluminense, que foram até o clube protestar contra os jogadores, as organizadas resolveram responder ao camisa 9 tricolor. Em nota intitulada de 'Somente o que sentimos, justifica o que fazemos', as Torcidas Organizadas do Fluminense repudiam a atitude do centroavante ao questionar o sentimento destes torcedores pelo clube.

Em defesa dos torcedores organizados, a nota diz que o último protesto ocorrido no clube foi feito por associados do clube e não por membros de organizadas.

Confira abaixo, na íntegra, a nota postada pela torcida organizada:

"SOMENTE O QUE SENTIMOS, JUSTIFICA O QUE FAZEMOS”

As Torcidas Organizadas do Fluminense F. C., por meio desta, vêm publicamente manifestar repúdio à nota oficial divulgada pelo funcionário jogador Frederico referente ao protesto realizado no dia 05/04/14. É sabido por todos que as torcidas do FFC apoiam o clube há mais de 40 anos, se fazendo presentes em todos os momentos, sejam eles de alegria, sejam de tristeza.
Por derradeiro, ao longo deste período nenhum jogador proferiu palavras como as que o funcionário jogador Frederico utilizou nesta segunda-feira, 07 de abril de 2014. Adjetivos que desqualificam não apenas o torcedor, mas a torcida como um todo, do tipo: “bando”, “marginais”, “desocupados”, “bandidos”, “a toa”, “bárbaros”, “arma branca” dentre outros, denigrem a imagem de um movimento com milhares de associados e simpatizantes por todo o Brasil, torcedores esses que tem uma parcela significativa de sócios do Clube e que, obviamente, pagam o salário do mesmo. Ao torcedor do Fluminense o jogador tem, sim, a obrigação de vencer o Horizonte e classificar o Fluminense para a próxima fase da competição. O altíssimo investimento feito pelo Clube e sua parceira não condiz com o receio de um jogador que pensa em ser campeão do mundo, tenha de vencer a equipe de Fortaleza.
O discurso de “tragédia anunciada” numa eventual eliminação precoce surge como assombro aos torcedores, que esperam postura de capitão àquele em quem se deposita esperanças de classificação, que chame a responsabilidade e jamais fuja dela.
A atitude nefasta, covarde, vil e desleal tomada pelo funcionário jogador Frederico soa como tentativa de semear a discórdia entre as Torcidas Organizadas e o Clube, ou pior, entre essas e o torcedor de modo geral.
As vaias e cobranças existem no futebol desde que o esporte surgiu e, no Rio, desde a fundação do FFC, em 21-07-1902, ou seja, não é e nunca será privilégio de jogador inepto naquele momento. A melhor resposta às críticas que um jogador pode dar é empenho, dedicação, entrega, dentro e fora de campo, honrando a camisa, a história e, por que não, o salário que, neste caso, é extremamente alto.
Que fique claro que nem o funcionário jogador Frederico nem qualquer outro que vista a camisa do FFC tem o direito de chamar o torcedor do Fluminense de desocupado. Os 20 torcedores que PROTESTAVAM na ocasião são SÓCIOS do Club, que se privaram de seus afazeres normais de um sábado, de seu dia de folga, para protestar pacífica e democraticamente.
Vale frisar que o I. Presidente Peter Siemens saiu da mesma arquibancada que funcionário jogador Frederico agrediu e denigriu em sua nota. Ademais, não custa lembrar que FFC tem extensa lista de exemplo de jogadores que honraram e sempre respeitaram as torcidas, como Preguinho, Telê, Castilho, Romerito, Assis, Washington, Paulo Vítor, Ézio, Marcão, Thiago silva, Cavalieri, Conca, dentre tantos outros. 
A nota divulgada pelo funcionário jogador Frederico acusa os torcedores de terem avariado seu carro, o que se afirma, é mentira! Ademais, se verdade fosse, por que o mesmo não registrou o dano na delegacia? Onde está a avaria no automóvel? As câmeras do Clube e da Rua? A mesma coisa se pode afirmar sobre as “ameaças” que diz ter recebido.
O funcionário jogador Frederico afirma ter a absoluta certeza que em todos os protestos são sempre os mesmos 20 torcedores presentes, subestimando a inteligência e tamanho da nossa torcida. Os mesmos apaixonados torcedores viajam no meio da semana, largando emprego e família, eles não são tratados assim. Agora, quando vão questionar um desempenho pífio e falta de comprometimento, são vistos como “marginais” e “bandidos”. Ora, se quando do abraço ao time e apoio incondicional na ocasião do difícil fim do ano de 2009 e em tantas outras oportunidades que o time precisou da torcida, indaga-se: Por que o jogador Frederico não escreveu nenhum manifesto de agradecimento?
Esta claro que a ele no momento interessa o desiquilíbrio na harmonia da relação clube jogador, jogador torcida, abrindo as portas à outro Clube. Mas para sair não precisa rebaixar o Clube, tampouco criar factoides com fim escuso de lograr algum intento. Basta pedir pra sair, e sair.
No que se comentou em relação ao esvaziamento dos estádios, entende-se que o funcionário jogador Frederico é leigo aos assuntos relacionados ao seu ofício, cabendo-nos esclarecer para que não haja dúvida:
- horários dos jogos;
- segurança publica;
- preços exorbitantes do ingresso e no interior do estádio (ir a um jogo hoje não sai por menos de R$60,00 o que para a maioria dos brasileiros representa boa parte de seu sustento);
- transporte e etc;
- estacionamento;
- falta de uma política de incentivo dos clubes;
- aumento da venda de PPV com conivência dos clubes;
- ausência de verdadeiros ídolos e jogadores comprometidos com a manutenção da grandeza do Clube;
A torcida do fluminense é notadamente uma das mais tranquilas, e qualquer torcedor tem o seu direito de reclamar, Frederico. Iremos comemorar o gol que sair a favor, independente do jogador que for o autor, pois ninguém é maior do que o FLUMINENSE FC. Comemoraremos e vibraremos como fazemos há anos. Em relação ao apoio incondicional, deixamos claro que faremos isso sempre ao FLUMINENSE FC. Entretanto, jogador que nao correr, nao se esforcar e nao estiver focado 100% no nosso clube, infelizmente nao poderemos agraciar com o mesmo apoio.
Queremos o Frederico de outrora, o mesmo que foi um dos pilares do titulo de 2012"

Fonte: Lance
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Itu é grande demais

 

Por Luciano Martins Costa em 14/04/2014 na edição 793
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa, 14/4/2014

Os jornais de segunda-feira (14/4) destacam a relativa surpresa do futebol no final de semana: o Ituano Futebol Clube venceu o Campeonato Paulista, derrotando o Santos Futebol Clube na disputa de pênaltis. Até o carioca O Globo, cujo interesse futebolístico não costuma passar de Volta Redonda, registrou o feito na primeira página e em reportagem destacada no caderno de Esportes.
A imprensa resistiu à comparação banal com a batalha entre Davi e Golias, com apenas uma referência a esse clichê, no Globo, mas tanto o Globo como a Folha de S.Paulo se referiram a certa mania dos moradores da cidade interiorana, onde tudo é acima das proporções normais: “Itu é grande”, dizem os títulos dos dois jornais.
Nos comentários de especialistas, o ponto central é a vitória do orçamento modesto contra as folhas de salários multimilionárias dos grandes clubes. Mas a vitória do Ituano marca também uma mudança na linguagem do jornalismo esportivo, que nos últimos anos se rendeu aos critérios de grandes investimentos provocados pelas repatriações de atletas que fizeram fortunas no exterior. Esse modelo ainda determina a lógica do futebol brasileiro, mas o resultado da estratégia realista do clube de Itu mostra que há alternativas para conter a elitização do esporte popular.
Um dos exemplos mais escandalosos da inviabilidade do modelo baseado em salários de centenas de milhares de reais é o do atacante Márcio Passos de Albuquerque, conhecido como Emerson Sheik, que está trocando o Corinthians pelo Botafogo. O jogador ficou, com se diz no jargão futebolístico, “sem ambiente” no clube paulista, após o jogo contra o Flamengo, no fim do Campeonato Brasileiro de 2013, quando tomou atitudes de quem jogava pelo adversário.
Também pesou contra ele a acusação de haver contribuído para prejudicar o clima interno da equipe e afastar do elenco o atacante Alexandre Rodrigues da Silva, conhecido como Alexandre Pato, trazido do Milan da Itália por mais de R$ 40 milhões. Pato foi emprestado ao São Paulo Futebol Clube e Emerson está se transferindo provisoriamente para o Botafogo do Rio de Janeiro; e, em ambos os casos, o Corinthians se compromete a pagar metade dos salários, o que implica um custo superior a R$ 6 milhões por ano.

Jornalismo de resultados
Ituano e Corinthians são os extremos dessa desigualdade que pode afastar os torcedores dos estádios, porque o crescimento descontrolado dos custos nos grandes clubes inflaciona os preços de ingressos, mantém a estrutura do futebol dependente de grandes contratos com a emissora de televisão hegemônica, limita a receita publicitária a meia dúzia de grandes anunciantes e contribui para concentrar a renda do futebol.
Até mesmo a violência provocada por delinquentes abrigados nas chamadas torcidas organizadas decorre em parte desse modelo, porque esses grupos organizados são parte do esquema de apoio comprado por dirigentes dos grandes clubes com a oferta de ingressos, transporte e outros incentivos.
A imprensa costuma citar isoladamente alguns aspectos desse modelo, condenando pontualmente a violência e alertando para o problema da desigualdade nos salários, mas de modo geral se deixa contaminar pelo clima de show business que se criou em torno do futebol no Brasil.
A movimentação de jogadores entre o mercado brasileiro e o exterior, principalmente nos negócios com clubes europeus, também rende boas oportunidades profissionais para jornalistas, de modo que se produz um círculo no qual alguns levam vantagem, enquanto a estrutura baseada na paixão futebolística vai cedendo lugar aos interesses financeiros. Não são poucas as suspeitas de enriquecimento de dirigentes de clubes, alguns dos quais são veladamente acusados de ficar com parte dos grandes salários que oferecem às estrelas de suas equipes.
A vitória do Ituano Futebol Clube cria a possibilidade de uma discussão na imprensa sobre os rumos do esporte, no ano em que o Brasil se apresenta como anfitrião da Copa do Mundo. Mas certamente a conversa termina aqui mesmo. Denúncias de superfaturamento em obras dos estádios construídos ou reformados para a Copa ficam apenas na superfície do noticiário.
No futebol, como em outros temas, o jornalismo vive de resultados.

Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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Globo censura mensagem do Bom Senso FC
A TV Globo ignorou a faixa do Bom Senso FC carregada pelos jogadores do Santos antes do jogo começar. Durante a transmissão, a emissora cortou a câmera apenas para o semblante dos atletas e a torcida presente no estádio. A mensagem do movimento dizia: “Final de campeonato: 1 campeão. 500 clubes sem atividades e 12 mil desempregados”.
Fonte: IG
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