quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Preciso e Exato

 Carta Maior Retweeted

O capitalismo quer acabar com a vida

Mel, que dura para sempre, arriscado pelas morte das abelhas

 9 DE AGOSTO DE 2017


Desenho antigo mostra um homem pendurado em um cipó e alcançando uma colmeia para coletar mel de abelhas selvagens.

Densidade, acidez e enzimas tornam imperecível o alimento — que a humanidade conhece há milênios e que ajudou a construir civilizações em todos os continentes

Na BBC

A imagem acima é de uma pintura rupestre, talvez a mais famosa, que ficava nas paredes de cavernas de Araña em Valência, na Espanha. Ela mostra uma pessoa pendurado em uma espécie de cipó, se esticando para alcançar uma colmeia e coletar mel de abelhas silvestres.

Estima-se que foi pintada há cerca de 8 mil anos, prova de que, ao menos desde então, nós nos arriscamos para conseguir essa delícia que as abelhas produzem com a ajuda das flores.

O sabor do mel, a segunda coisa mais doce que se encontra na natureza depois das tâmaras, encanta o ser humano desde que ele passou a ficar na posição ereta.

E o mais assustador é que, se o autor dessa pintura oito milênios atrás tivesse deixado um pote de mel no mesmo lugar, é muito provável que ele ainda estivesse bom para comer – no caso, o professor Jaime Garí Poch, que descobriu as cavernas onde estava a pintura no início do século 20, teria sido o agraciado com o pote.

Mas o que tem no mel para que se mantenha fresco por tanto tempo?

Em toda parte

Ao longo da história, a humanidade já se alimentou, se banhou e até se tratou com mel.

Em uma tábua de argila de Nippur, o centro religioso dos sumérios no Vale do rio Eufrates, que data aproximadamente do ano 2000 a.C., há uma receita escrita para cuidar de machucados desta forma: “Moer até que a areia do rio vire pó (faltam algumas palavras) e amassar com água e mel, azeite puro e óleo de cedro e colocar quente sobre a ferida”.

No Antigo Testamento, a terra de Israel é chamada “terra que corre leite e mel”. Depois, no Novo Testamento, conta-se que João Batista comia gafanhotos com mel silvestre.

O grande guerreiro cartaginês Aníbal deu ao seu exército mel e vinagre quando cruzaram os Alpes em elefantes para lutar contra Roma.


Ao longo da história, a humanidade já se alimentou, se banhou e até se tratou com mel

Para a medicina chinesa, o mel tem uma característica equilibrada (não é yin nem yang) e atua de acordo com os princípios do elemento Terra, entrando no pulmão, no baço e nos canais intestinais, segundo textos antigos.

Durante a dinastia Zhou Oriental (770-256 a.C.), um dos manjares reservados para a realeza era uma mistura de mel com larvas de abelha. Nas Poesias de Chu, uma antologia antiga (século 11 a.C-223 a.C.), se fala de vinho e mel.

E, no antigo Egito, os faraós partiam para outro mundo carregados de mel. Arqueólogos modernos encontraram uma vez ou outra nas antigas tumbas egípcias vasilhas de mel de milhares de anos que estavam perfeitamente conservadas.

São poucos os alimentos que sobrevivem com o passar do tempo. As batatas dessecadas dos incas são um exemplo, mas, diferentemente do mel, elas foram processadas. Se você encontra sal ou arroz seco em uma tumba antiga, no meio do nada, é provavel que você consiga utilizá-los para preparar um prato sem problemas.

Mas a diferença está aí: você precisará preparar algo. O mel guardado de maneira apropriada dura por um tempo indefinido, e, se você encontra um pote em uma tumba no meio do nada, supostamente pode se lambuzar com ele.

Como é possível?

A “magia” acontece por uma série de fatores que operam na mais perfeita harmonia.

O mel é um açúcar, e os açúcares são higroscópicos. Isso significa que eles têm pouca água, mas podem absorver a umidade se expostos a ela.


Para obter o néctar na célula da colméia, as abelhas desencadeiam o processo que fará com que o seja mel é anti-séptico

São raros os microorganismos que podem sobreviver em um ambiente assim. Para que algo estrague, é preciso haver algo que gere esse processo – mas o mel é um “hospedeiro” ruim para eles, então, costumam se manter longe dele. Ao mesmo tempo, o mel é extremamente ácido. Seu pH fica entre 3 e 4,5 (7 seria neutro), e essa acidez mata microorganismos.

Quando as abelhas fazem o mel, elas coletam com o néctar das flores e, depois, o regurgitam no favo. Ao fazer isso, há uma mistura com uma enzima que elas têm no estômago, a glicose oxidase.

O néctar se decompõe em ácido glucônico e peróxido de hidrogênio, a famosa água oxigenada, muitas vezes usada para limpar feridas por matar bactérias e que protege o mel de coisas que queiram “crescer” nele.

Assim, esse “tesouro dourado” é eterno por ser extremamente doce e ácido, o que impede que qualquer bicho sobreviva – além disso, tem um antiséptico natural.


O espantoso sumiço das abelhas

– 2 DE MARÇO DE 2013
Que inseticidas estão provocando, nos EUA e Europa, redução de até 50% no número de colmeias. Quais as consequências do fenômeno, que começa a atingir Brasil
Por Najar Tubino, em  Carta Maior
O nome científico é Desordem do Colapso das Colônias, traduzido do inglês. Um fenômeno que ganhou relevância nos Estados Unidos, particularmente na Califórnia, em 2006, quando milhões de colmeias desapareceram. O cálculo do sumiço em 27 estados era de 1,4 milhão de colmeias para um total de 2,5 milhões. As abelhas não morrem, elas somem. Não deixam rastro. É como no navio fantasma Maria Celeste, cuja tripulação sumiu em 1872, daí chegaram a apelidar o evento de “Maria Celeste”.
O problema aumentou quando o sumiço atingiu vários países da Europa, incluindo, Alemanha, França, Espanha, Portugal, Suíça, entre outros. Começaram a levantar as causas do problema. Das antenas de celulares, ao estresse de percorrer milhares de quilômetros transportando abelhas dentro de caminhões acompanhando as safras de várias culturas. Das 250 mil espécies de plantas com flores, 90% são polinizadas por animais, na maioria insetos, e na sua maioria abelhas – cálculo de 40 mil espécies no mundo, três mil no Brasil.
A polinização das plantas é obrigatória para a reprodução, enfim, garante a continuidade da espécie, a variedade genética e, principalmente, a produtividade. É o caso da maioria das culturas comerciais, como soja, milho, a maioria das frutas. Enfim, calculando em dinheiro o valor atinge US$200 bilhões no mundo inteiro, US$40 bilhões nos Estados Unidos. Em janeiro desse ano, as autoridades sanitárias da Europa (EFSA, que controla a segurança dos alimentos), determinaram que fossem submetidos a exames detalhados três inseticidas, da classe dos neonicotinoides (origem da nicotina), fabricados pela Bayer – clotidianidina e imidacloprida – e tiametoxan, da Syngenta.
Inseticidas suspeitos
A EFSA argumenta que os inseticidas por meio de resíduos na terra, no néctar e pólen são alto e grave risco para as abelhas na forma pelo qual são aplicados em cereais, algodão, canola, milho e girassol, entre outras plantas. O órgão regulador determinou a avaliação de risco muito mais abrangente para o caso das abelhas e introduziu um nível mais alto de atenção na interpretação dos estudos de campo, ressaltando que não tem dados para concluir que os inseticidas contribuem para o colapso das colônias. Mesmo assim países como Itália, França, Alemanha e Eslovênia proibiram ou suspenderam o uso dos venenos.
A Syngenta divulgou uma declaração de que “esse relatório não é digno da EFSA e seus cientistas”. Já a Bayer, que fatura 800 milhões de euros com os neonicotinoidas, informou que os produtos químicos não causam danos as abelhas se usados da maneira pela qual foram aprovados na Europa. Existem 18 casos relatados na literatura mundial de mortandade de abelhas, segundo os pesquisadores Maria Cecília de Lima e Sá de Alencar Rocha, em um amplo estudo publicado no ano passado pelo IBAMA, chamado “Efeitos dos Agrotóxicos sobre abelhas silvestres no Brasil”.
“O que diferencia essa ocorrência é que as chamadas escoteiras ou exploradoras não estão retornando às colmeias, mas deixando para trás a ninhada (abelhas jovens), a rainha e talvez um pequeno grupo de adultos, provocando o enfraquecimento da colônia. Além disso, não são encontradas abelhas mortas dentro do ninho, nem ao redor das colmeias”, registra o trabalho dos pesquisadores.
Mais interessante é que as colmeias não são saqueadas por outros insetos, como formigas ou besouros. Também é importante ressaltar que as abelhas, que existem há 60 milhões de anos, formam um sistema mutualista com os vegetais. Seguramente, é um dos sistemas mais importantes de suporte da vida no planeta. O físico Albert Einstein deu uma declaração há muitos anos, dizia o seguinte:
“No dia em que as abelhas desaparecerem do globo, o homem não terá mais do que quatro anos de vida”.
Um estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard realizado em Wocester Country, Massachussets, com 20 colmeias, usando aplicação dos inseticidas citados, determinou que a partir da 23ª semana, 15 de 16 colmeias tinham desparecido. Usaram uma dosagem do inseticida menor do que a encontrada no ambiente. O Programa de Meio Ambiente da ONU (PNUMA) apresentou um relatório sobre o caso e 2011, também faz referência ao uso indiscriminado de agrotóxicos no mundo.

Circula com a seiva
Claro, o desmatamento também é outra causa. Nos últimos anos, mais de 100 milhões de hectares de floresta foram perdidos no mundo, se contar outros usos das terras, a agricultura avançou em quase 500 milhões de hectares. Dos 13,066 bilhões de hectares ela ocupa 38,3%. Mas também está mais do que evidente que o consumo de agrotóxicos aumentou muito mais do que a área expandida da agricultura.
Os neonicotinoides são considerados uma classe de inseticidas que agride menos o meio ambiente, comparado com os organofosforados, piretroides e carbamatos. Mas a função dele é matar insetos. Todos eles. Além disso, tem ação sistêmica, ou seja, ele se espalha pela planta e atinge a seiva e passa a percorrer todo o organismo. Outro ponto: os agricultores fazem tratamento das sementes com os inseticidas. Isso significa que, ao germinar, a planta já traz o veneno na seiva, contaminando o pólen e o néctar, alimento das abelhas e das suas crias.
No Brasil não existe avaliação sobre colapso ou contaminação de colmeias. Existem muitos casos registrados em vários estados, como o Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas e São Paulo. Todos ligados a produção de colmeias localizadas nas cercanias de áreas agrícolas, como soja, cana ou milho. O presidente da Federação Internacional de Apicultura, Gilles Ratia, diz que no Brasil em função do uso indiscriminado de agrotóxicos a perda das colônias atinge 5 a 6%, das cerca de dois milhões de colmeias consideradas, um número em torno de 350 mil apicultores. Esta é uma atividade da agricultura familiar no Brasil, e o grande crescimento ocorre no nordeste, onde a atividade cresceu 290% nos últimos anos. O Piauí é o segundo produtor nacional de mel, com quase cinco mil toneladas, atrás do RS, que produz quase oito mil toneladas. Os dados são do SEBRAE, de 2009.
Perde o rumo

Entretanto, nos países desenvolvidos a taxa de mortandade por contaminação de agrotóxicos alcança 40%, segundo Gilles Ratia.
A abelha “apis mellifera” é a espécie mais usada na polinização, principalmente das culturas comerciais. É um inseto social, que trabalha coletivamente e de forma organizada. É capaz de voar quase três quilômetros em volta da colônia. Ela avisa suas companheiras sobre o local onde está a fonte de alimentação, através de uma dança circular, e também por contato olfativo. Qualquer interferência nesse processo, ela perde a referência, não informa suas companheiras e, como está acontecendo agora, não memoriza o local da colmeia. Perde o rumo.
É conhecido internacionalmente o poder de fogo dos venenos usados nas plantações comerciais. O objetivo deles é atingir o sistema nervoso dos insetos. Por um motivo simples: eles foram fabricados para matar humanos, e o ponto central, era atingir o sistema nervoso. O sujeito contaminado entra em convulsão e morre rápido. O veneno penetra no espaço entre as células e acelera o processo, devido à transmissão contínua e descontrolada dos impulsos nervosos. O sistema nervoso central entra em colapso.
O Brasil que é o campeão no uso de agrotóxicos com mais de um milhão de toneladas de consumo, sem contar o que entra contrabandeado. Até a aprovação da lei que regulamenta o uso desses venenos em 1989, as indústrias registravam os produtos com uma facilidade enorme, inclusive muitos já proibidos nos países de origem das mesmas empresas, como Estados Unidos e Alemanha. Aliás, ainda durante a ditadura, quando ocorreu a ocupação do Centro-Oeste e parte da Amazônia existia um Plano Nacional de Defensivos Agrícolas. O agricultor que procurava crédito rural destinava 20% na compra de insumos técnicos, como fertilizantes, venenos e sementes industriais.
Flores em Nova Friburgo

Agora, há quase três anos a ANVISA tenta reavaliar 14 princípios ativos desses agrotóxicos. Conseguiu banir um (tricloform), e outro já proibido em vários países – metamidofós -, está para ser banido. Mas o SINDAG, que representa as maiores indústrias recorreu na justiça, e nove ainda estão impedidos de ser reavaliados. Incluindo o glifosato, que foi aprovado como um agrotóxico classe IV, de baixa toxicidade.
Para completar o caso do sumiço das abelhas, vou citar alguns dados do trabalho de mestrado em saúde pública da pesquisadora da Fiocruz, do Rio de Janeiro, Marina Favrin Gasparini, sobre trabalho rural e riscos socioambientais, na região de Nova Friburgo, onde aconteceu a tragédia conhecida, com o desmoronamento de parte da serra. Ela morou na região e fez a pesquisa, entrevistando muitos produtores, todos pequenos, propriedades em média de 1 a 12 hectares, após o acidente. A região serrana do Rio de Janeiro é o segundo maior polo produtor de flores do país, atrás de Holambra, em São Paulo. Também é um dos maiores na produção de hortigranjeiros, como tomate e couve-flor.
Tem um dos maiores índices de aplicação de agrotóxicos por área e por trabalhador, é cinco vezes maior que a média do Sudeste e 18 vezes a média do estado- 56,5kg por trabalhador rural/ano. Segundo levantamento da empresa de pesquisa agropecuária do Rio – PESAGRO -, dos 32 agrotóxicos mais usados, 17 sofrem restrições em outros países, oito já foram proibidos. “Elevados índices de contaminação ambiental e humana foram encontrados nessa região, como decorrência do uso intensivo destes agentes químicos”, registra a pesquisadora.
Rosa fluminense envenenada
Começando pelo deslizamento, dos 657 pontos vistoriados na região serrana pelo Ministério do Meio Ambiente, 92% já tinham sofrido algum tipo de alteração, somente 8% mantinham mata nativa original. A produção de flores iniciou em Nova Friburgo na década de 1950, por descendentes de suíços e alemães que ocuparam a região desde 1819. Mas ganhou forma depois dos anos 1970, quando a Holanda, maior produtor mundial de flores – 85% da Europa -, começou a implantar polos nos países latinos. Casualmente, logo depois que o livro de Rachel Carson sobre os efeitos dos venenos no ambiente e para a saúde humana foi publicado. A Holanda, se considerarmos o uso de agrotóxicos per capita e por área, é a campeã no uso.
As flores mais produzidas são de clima temperado – rosa, crisântemo e palma. Mas outras 30 variedades são produzidas. Também mudas de rosa. Com toda a beleza, a cultura da rosa é a que mais aplicações recebe. No mínimo, uma por semana, no verão, quando os insetos e fungos atacam mais, de duas a três aplicações por semana. Trata-se de uma produção familiar onde todos os membros da família estão expostos. Os produtores, em função do envolvimento intensivo na produção e comercialização, compram os produtos dos representantes da indústria ou das casas comerciais da cidade. Ganham em troca análise de solo baratinho, ou de graça.
Não reconhecem o risco de usar os agrotóxicos. Vários dos entrevistados sentiram problemas de contaminação, mas não chegam a registrar o caso. Procuram atendimento médico em último caso. É assim em todo lugar. A indústria além de fabricar o veneno, ainda joga no usuário o problema da contaminação. É sempre ele o culpado. Nova Friburgo é cortada por três rios e está integrada em duas zonas de conservação permanente- Macaé de Cima e o Parque Estadual Três Picos.
Pegando esse gancho, vou sugerir aos sambistas da Vila Isabel, que receberam R$3,5 milhões da BASF, para produzir o samba enredo campeão do carnaval carioca de 2013, que se inspirem em outro tema para 2014. Quem sabe: “a rosa fluminense envenenada”. A BASF comemorou como ninguém o campeonato do carnaval. O patrocínio “faz parte de uma estratégia maior da companhia em ações de valorização do produtor rural, conseguimos levar nossa mensagem a uma audiência enorme”, como declarou ao site da empresa, o vice-presidente da Unidade de Proteção de Cultivos, Maurício Russomano, como eles chamam a unidade que vende inseticidas, fungicidas e herbicidas, e faturou em 2011, 4,1 bilhões de euros. Ela é líder mundial na venda de “defensivos agrícolas”, como eles chamam os venenos.

Fonte: OUTRAS PALAVRAS

Um partido interessante

Frente Favela Brasil vai no fim do mês ao TSE para fazer o registro do novo partido


POR ANCELMO GOIS
09/08/2017 07:30


Fonte:  O GLOBO
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UERJ. O Retorno do Esqueleto

UERJ fecha as portas por tempo indeterminado

Professores e servidores estão sem salários, alunos sem bolsa e população sem acesso aos serviços prestados

Mariana Pitasse
Brasil de Fato | Rio de Janeiro,09 de Agosto de 2017 às 09:28
Ao todo, já são 2,6 mil professores, 5,8 mil funcionários administrativos e cerca de 8 mil alunos cotistas sem pagamento / Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) está de portas fechadas por tempo indeterminado. Além de a reitoria não ter qualquer previsão de quando o primeiro semestre letivo deste ano será iniciado, professores e servidores iniciaram greve na última semana.

O reitor, Ruy Garcia Marques, informou em nota que não há condições de retomar as aulas por causa do atraso nos salários de funcionários e nos pagamentos das bolsas para estudantes. Ao todo, já são 2,6 mil professores, 5,8 mil funcionários administrativos e cerca de 8 mil alunos cotistas sem pagamento. A maioria não tem como bancar a locomoção até a universidade.

A professora Stela Guedes Caputo está incluída nesse grupo. Sem receber seu salário há três meses, assim como todos os funcionários da UERJ, ela está com com conta bancária zerada. Como protesto, publicou o extrato de sua conta no Facebook. A publicação já teve mais de 1,5 mil compartilhamentos.

“Publiquei para que as pessoas vejam que, quando o governador do Rio sequestra nossos salários, essa atitude criminosa tem consequências na vida de todos nós servidores. A última vez que recebemos em dia foi em fevereiro de 2016. De lá para cá só atrasos, parcelamentos e, finalmente, o sequestro de nossos salários”, explica.
Projetos de extensão também estão paralisados

Ao contrário do que muitos pensam, a paralisação das atividades da UERJ atinge não só estudantes, servidores e professores, mas também a população carioca como um todo. Segundo o último Data UERJ, a universidade tem cerca de 145 projetos de extensão em funcionamento, que atendem mais de 255 mil pessoas. Os projetos vão desde atividades destinadas à terceira idade, curso de idiomas, assistência psicológica e oficinas de saberes do corpo e da saúde. Todos estão paralisados por tempo indeterminado.

“A UERJ não é feita de concreto, é feita de gente. Se essa universidade morrer, morre um grande espaço da formação e da luta dos trabalhadores e trabalhadoras. A UERJ é de todo o povo carioca. Por isso, temos que defender esse espaço juntos”, complementa a professora Stela.
Hospital Pedro Ernesto funciona com 160 dos 350 leitos disponíveis

Além dos projetos de extensão, os principais serviços prestados pela universidade acontecem através do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE). O hospital está funcionando muito abaixo de sua capacidade desde o ano passado.

Segundo estimativas da direção do HUPE, das 10 mil cirurgias que poderiam ser feitas, apenas 3 mil serão realizadas neste ano. Além disso, apenas 160 dos 350 leitos estão sendo utilizados.

Para a estudante de medicina Bruna Trajano o sentimento de frustração é muito grande.

“Sinto por estar deixando de ter uma formação qualificada e, principalmente, por não poder prestar assistência que deveríamos à população. Não há outro hospital no Rio que possa atender, tanto em quantidade quanto em complexidade, os pacientes que temos aqui. É muito triste”, conclui.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

Fonte: BRASIL DE FATO
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Uma ironia do destino.

O local onde hoje existe o Campus da UERJ, no passado, foi uma grande favela. Antes da favela, no terreno, seriam construídos prédios do antigo INPS - Instituo Nacional de Previdência Social -

A obra teve início, mas como sempre acontece no país foi interrompida, ficando apenas a estrutura, esqueleto, de um prédio.

O local ficou abandonado e foi invadido por pessoas sem teto, que ali começaram a construir barracos e mesmo ocupar parte do esqueleto. A comunidade cresceu e ficou conhecida como Favela do Esqueleto para mais tarde, nos anos da década de 1960, ser removida para um bairro da cidade que se conhece como Vila Kenedy. No local da favela começou a construção do Campus da UERJ, aproveitando, inclusive, o esqueleto do prédio. Hoje, com o sucateamento da edução pública, a UERJ interrompe suas atividades por tempo indeterminado. Aquele grande Campus, sem estudantes, professores e funcionários, vazio e assustador, sem vida, assemelha-se a um esqueleto, sem os órgãos que dão vida a universidade.

Uma triste ironia.






terça-feira, 8 de agosto de 2017

1 - Nossa imprensa esportiva....

Nossa alegre, empolgada e animada imprensa esportiva vive dias de glória durante encontros olímpicos. Sejam os jogos Pan americanos ou as olimpíadas. Procurando sempre o melhor da informação para ávidos telespectadores, nossa imprensa, em caso de encontros olímpicos, disponibiliza ex-atletas para comentários sobre as diferentes modalidades esportivas. O expediente é excelente, uma vez que quem comenta já foi atleta, viveu em olimpíadas e conhece do assunto. Isso minimiza as fantásticas tiradas de nossos alegres, empolgados e animados jornalistas do esporte, porém não elimina alguns comentários , no mínimo engraçados, até mesmo por conta do conhecimento. Um comentarista ex-atleta, durante os últimos jogos pan americanos de Guadalajara em 2011 analisou da seguinte maneira as possibilidades de medalha de uma nadadora brasileira:


" as chances dela são reduzidas em quase todas as modalidades. Ela só e boa de peito"

ele se referiu ao nado de peito
2 - Nossa imprensa esportiva....


Estávamos na metade da década de 1970. Um jogador do Flamengo, jovem, com um futuro promissor, apontado como uma nova estrela do futebol , veio a falecer. Internado em uma clinica no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, para uma corriqueira cirurgia de extração de amígdalas, faleceu por conta de uma reação alérgica ao anestésico. A notícia correu rápido e a nossa imprensa, sempre pronta para trazer as informações precisas, dirigiu-se ao local. A rua Farme de Amoedo, local da clínica, ficou congestionada e logo o local foi interditado ao tráfego. Acostumados com o jargão médico no âmbito esportivo, nossa imprensa , sempre insinuante assim se manifestou em uma emissora de rádio carioca;
-âncora : o que você tem aí ?


-repórter: realmente um fato lamentável. O atleta faleceu logo após receber o anestésico

-âncora : o que houve ?

-repórter: não se sabe ao certo. Segundo a coletiva dos médicos, o atleta recebeu uma injeção com o anestésico e começou a se sentir mal. Entrou em coma e logo faleceu. Segundo os médicos pode ter sido por causa de contaminação do anestésico, ou do frasco que acondiciona o medicamento ou até mesmo da seringa usada. Entretanto acreditam que foi uma reação alérgica , raro, porém possível.

-âncora: que coisa !! Teria sido algo como um choque alérgico, é isso ?

-repórter: exatamente. Um choque que no jargão médico é chamado de choque profilático. Uma fatalidade. Lamentável.

âncora: É verdade.

choque profilático ????
3 - Nossa imprensa esportiva...

Estávamos no ano de 1969. O jogo, amistoso, acontecia entre a seleção Brasileira e seleção inglesa, atual campeã do mundo, em pleno Maraca lotado. Na época , nossa alegre , animada e sempre empolgada imprensa esportiva, discutia diariamente os rumos do futebol. Com a derrota do Brasil na copa do mundo de 1966, surgia a tese do futebol força, com velocidade, muitos músculos, ou como dizia Nelson Rodrigues, o touro búlgaro, referindo-se ao futebol europeu da época. Muitos diziam que nosso estilo de jogar futebol estava ultrapassado e que deveríamos partir, também ,para a força. No jogo os ingleses fazem 1x0 , Nossa seleção empatou , virou e venceu por 2x1. Um dos gols brasileiro foi marcado pelo genial Tostão. E foi um gol atípico. O jogador estava caído, sentado, na área inglesa e mesmo assim girou as pernas para chutar e colocar a bola dentro das redes. Fez tudo isso sentado. Esse gol motivou um comentário, empolgado, sobre o nosso estilo de jogar, como sendo o mesmo o mais criativo. Vamos lá:

-comentarista : Sensacional !!!!!! Esse é o futebol brasileiro. Estamos todos, durante anos, discutindo os destinos de nosso esporte favorito. Alimentando ideais estranhos a nossa origem a nossa arte maior. Escuto, e não aguento mais ouvir, especialistas dizerem que temos que mudar. Mudar para o quê ? Para a burrice, para a força burra. Somos brasileiros, temos jogo de cintura, ginga, malandragem, jogo de corpo. Temos a arte do drible, da boa molecagem, da improvisação, da flexibilidade , da volatilidade, da maleabilidade. Eles que devem aprender conosco. Esse gol é a prova de nosso talento único.

narrador : Muito bem !!!!


volatilidade ?????