quarta-feira, 9 de agosto de 2017

UERJ. O Retorno do Esqueleto

UERJ fecha as portas por tempo indeterminado

Professores e servidores estão sem salários, alunos sem bolsa e população sem acesso aos serviços prestados

Mariana Pitasse
Brasil de Fato | Rio de Janeiro,09 de Agosto de 2017 às 09:28
Ao todo, já são 2,6 mil professores, 5,8 mil funcionários administrativos e cerca de 8 mil alunos cotistas sem pagamento / Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) está de portas fechadas por tempo indeterminado. Além de a reitoria não ter qualquer previsão de quando o primeiro semestre letivo deste ano será iniciado, professores e servidores iniciaram greve na última semana.

O reitor, Ruy Garcia Marques, informou em nota que não há condições de retomar as aulas por causa do atraso nos salários de funcionários e nos pagamentos das bolsas para estudantes. Ao todo, já são 2,6 mil professores, 5,8 mil funcionários administrativos e cerca de 8 mil alunos cotistas sem pagamento. A maioria não tem como bancar a locomoção até a universidade.

A professora Stela Guedes Caputo está incluída nesse grupo. Sem receber seu salário há três meses, assim como todos os funcionários da UERJ, ela está com com conta bancária zerada. Como protesto, publicou o extrato de sua conta no Facebook. A publicação já teve mais de 1,5 mil compartilhamentos.

“Publiquei para que as pessoas vejam que, quando o governador do Rio sequestra nossos salários, essa atitude criminosa tem consequências na vida de todos nós servidores. A última vez que recebemos em dia foi em fevereiro de 2016. De lá para cá só atrasos, parcelamentos e, finalmente, o sequestro de nossos salários”, explica.
Projetos de extensão também estão paralisados

Ao contrário do que muitos pensam, a paralisação das atividades da UERJ atinge não só estudantes, servidores e professores, mas também a população carioca como um todo. Segundo o último Data UERJ, a universidade tem cerca de 145 projetos de extensão em funcionamento, que atendem mais de 255 mil pessoas. Os projetos vão desde atividades destinadas à terceira idade, curso de idiomas, assistência psicológica e oficinas de saberes do corpo e da saúde. Todos estão paralisados por tempo indeterminado.

“A UERJ não é feita de concreto, é feita de gente. Se essa universidade morrer, morre um grande espaço da formação e da luta dos trabalhadores e trabalhadoras. A UERJ é de todo o povo carioca. Por isso, temos que defender esse espaço juntos”, complementa a professora Stela.
Hospital Pedro Ernesto funciona com 160 dos 350 leitos disponíveis

Além dos projetos de extensão, os principais serviços prestados pela universidade acontecem através do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE). O hospital está funcionando muito abaixo de sua capacidade desde o ano passado.

Segundo estimativas da direção do HUPE, das 10 mil cirurgias que poderiam ser feitas, apenas 3 mil serão realizadas neste ano. Além disso, apenas 160 dos 350 leitos estão sendo utilizados.

Para a estudante de medicina Bruna Trajano o sentimento de frustração é muito grande.

“Sinto por estar deixando de ter uma formação qualificada e, principalmente, por não poder prestar assistência que deveríamos à população. Não há outro hospital no Rio que possa atender, tanto em quantidade quanto em complexidade, os pacientes que temos aqui. É muito triste”, conclui.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

Fonte: BRASIL DE FATO
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Uma ironia do destino.

O local onde hoje existe o Campus da UERJ, no passado, foi uma grande favela. Antes da favela, no terreno, seriam construídos prédios do antigo INPS - Instituo Nacional de Previdência Social -

A obra teve início, mas como sempre acontece no país foi interrompida, ficando apenas a estrutura, esqueleto, de um prédio.

O local ficou abandonado e foi invadido por pessoas sem teto, que ali começaram a construir barracos e mesmo ocupar parte do esqueleto. A comunidade cresceu e ficou conhecida como Favela do Esqueleto para mais tarde, nos anos da década de 1960, ser removida para um bairro da cidade que se conhece como Vila Kenedy. No local da favela começou a construção do Campus da UERJ, aproveitando, inclusive, o esqueleto do prédio. Hoje, com o sucateamento da edução pública, a UERJ interrompe suas atividades por tempo indeterminado. Aquele grande Campus, sem estudantes, professores e funcionários, vazio e assustador, sem vida, assemelha-se a um esqueleto, sem os órgãos que dão vida a universidade.

Uma triste ironia.






terça-feira, 8 de agosto de 2017

1 - Nossa imprensa esportiva....

Nossa alegre, empolgada e animada imprensa esportiva vive dias de glória durante encontros olímpicos. Sejam os jogos Pan americanos ou as olimpíadas. Procurando sempre o melhor da informação para ávidos telespectadores, nossa imprensa, em caso de encontros olímpicos, disponibiliza ex-atletas para comentários sobre as diferentes modalidades esportivas. O expediente é excelente, uma vez que quem comenta já foi atleta, viveu em olimpíadas e conhece do assunto. Isso minimiza as fantásticas tiradas de nossos alegres, empolgados e animados jornalistas do esporte, porém não elimina alguns comentários , no mínimo engraçados, até mesmo por conta do conhecimento. Um comentarista ex-atleta, durante os últimos jogos pan americanos de Guadalajara em 2011 analisou da seguinte maneira as possibilidades de medalha de uma nadadora brasileira:


" as chances dela são reduzidas em quase todas as modalidades. Ela só e boa de peito"

ele se referiu ao nado de peito
2 - Nossa imprensa esportiva....


Estávamos na metade da década de 1970. Um jogador do Flamengo, jovem, com um futuro promissor, apontado como uma nova estrela do futebol , veio a falecer. Internado em uma clinica no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, para uma corriqueira cirurgia de extração de amígdalas, faleceu por conta de uma reação alérgica ao anestésico. A notícia correu rápido e a nossa imprensa, sempre pronta para trazer as informações precisas, dirigiu-se ao local. A rua Farme de Amoedo, local da clínica, ficou congestionada e logo o local foi interditado ao tráfego. Acostumados com o jargão médico no âmbito esportivo, nossa imprensa , sempre insinuante assim se manifestou em uma emissora de rádio carioca;
-âncora : o que você tem aí ?


-repórter: realmente um fato lamentável. O atleta faleceu logo após receber o anestésico

-âncora : o que houve ?

-repórter: não se sabe ao certo. Segundo a coletiva dos médicos, o atleta recebeu uma injeção com o anestésico e começou a se sentir mal. Entrou em coma e logo faleceu. Segundo os médicos pode ter sido por causa de contaminação do anestésico, ou do frasco que acondiciona o medicamento ou até mesmo da seringa usada. Entretanto acreditam que foi uma reação alérgica , raro, porém possível.

-âncora: que coisa !! Teria sido algo como um choque alérgico, é isso ?

-repórter: exatamente. Um choque que no jargão médico é chamado de choque profilático. Uma fatalidade. Lamentável.

âncora: É verdade.

choque profilático ????
3 - Nossa imprensa esportiva...

Estávamos no ano de 1969. O jogo, amistoso, acontecia entre a seleção Brasileira e seleção inglesa, atual campeã do mundo, em pleno Maraca lotado. Na época , nossa alegre , animada e sempre empolgada imprensa esportiva, discutia diariamente os rumos do futebol. Com a derrota do Brasil na copa do mundo de 1966, surgia a tese do futebol força, com velocidade, muitos músculos, ou como dizia Nelson Rodrigues, o touro búlgaro, referindo-se ao futebol europeu da época. Muitos diziam que nosso estilo de jogar futebol estava ultrapassado e que deveríamos partir, também ,para a força. No jogo os ingleses fazem 1x0 , Nossa seleção empatou , virou e venceu por 2x1. Um dos gols brasileiro foi marcado pelo genial Tostão. E foi um gol atípico. O jogador estava caído, sentado, na área inglesa e mesmo assim girou as pernas para chutar e colocar a bola dentro das redes. Fez tudo isso sentado. Esse gol motivou um comentário, empolgado, sobre o nosso estilo de jogar, como sendo o mesmo o mais criativo. Vamos lá:

-comentarista : Sensacional !!!!!! Esse é o futebol brasileiro. Estamos todos, durante anos, discutindo os destinos de nosso esporte favorito. Alimentando ideais estranhos a nossa origem a nossa arte maior. Escuto, e não aguento mais ouvir, especialistas dizerem que temos que mudar. Mudar para o quê ? Para a burrice, para a força burra. Somos brasileiros, temos jogo de cintura, ginga, malandragem, jogo de corpo. Temos a arte do drible, da boa molecagem, da improvisação, da flexibilidade , da volatilidade, da maleabilidade. Eles que devem aprender conosco. Esse gol é a prova de nosso talento único.

narrador : Muito bem !!!!


volatilidade ?????
4 - Nossa imprensa esportiva...


O fato aconteceu no final da década de 1960 ou início da década de 1970. Acredito que foi no final de 1960. Necessário confirmação.

O jogo era entre Bangu e vasco, mas também necessita confirmação.

O personagem o goleiro do Vasco, que também necessita confirmação. Acredito que seu nome era Valdir. Já os fatos são exatamente a realidade. O jogo corria morno e desinteressante quando o goleiro do Vasco, resolveu repor uma bola em jogo. Como de costume , os goleiros seguram a bola com uma das mãos e arremessam para um companheiro de equipe. Foi o que fez o goleiro Valdir. Acontece que quando ele já estava no procedimento de arremessar a bola , ele, Valdir, identifica um adversário próximo ao atleta que receberia a bola. Valdir resolve abortar o arremesso. Entretantanto, como já estava adiantado, ele gira o braço , com a mão que segurava a bola, em direção ao seu próprio corpo fazendo com que a bola saia de sua mão e caia dentro de seu próprio gol. Uma tragédia. Uma cena patética. Nossa imprensa esportiva, de uma emissora de rádio, assim comentou:

narrador : O que é isso ? Ele jogou a bola pra dentro de seu próprio gol? Eu, hein ! Tem coisa aí.

repórter : Impressionante ! Nunca vi nada igual. Ele foi repor a bola em jogo, mas parece que não viu o adversário. Quando
percebeu o adversário ele resolveu voltar. Se desequilibrou
e acabou jogando a bola para trás, dentro de seu gol.

comentarista : Exatamente. Foi um desequilíbrio. Ele recebeu um
comando cerebral para executar uma tarefa . Organizou as
ações e colocou em prática .Durante a execução das ações
ele recebeu um outro comando cerebral para interromper ,
porém, como já estava adiantado no primeiro comando, se desequilibrou. Uma fatalidade.

narrador :Perfeito! Mas dava prá você fazer um resumo para os nossos ouvintes ?

comentarista : Imagina um carro. Você entra, liga a chave, dá a partida. Engata uma primeira e acelera com vontade. Aí você percebe que é obrigado a frear. Mete o pé com força no freio. O carro derrapa para o lado. Foi o que aconteceu.

narrador : Agora sim ! Como o ouvinte entendeu, o goleiro do Vasco perdeu o freio.


entendeu ????  perdeu o freio ?????
5 - Nossa imprensa esportiva...


Nossa alegre, empolgada e animada imprensa esportiva vive dias de grande ansiedade. A proximidade dos jogos olímpicos e o acontecimento da Eurocopa, mobilizam nossos intrépidos jornalistas para que o público tenha todas as informações possíveis , e até mesmo impossíveis, sobre tudo que acontece nas competições. Com uma agenda lotada de eventos não faltam análises e comentários em profundidade. Na cobertura da Eurocopa, o narrador e o comentarista, apresentaram para os telespectadores os países vencedores da competição desde a primeira edição em 1960, vencida pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS. Com a Rússia participando da edição atual, tanto o comentarista como o narrador afirmaram que a Russia foi a campeã de 1960. Entretanto não atribuíram a Ucrania - uma das repúblicas da extinta URSS- também participante desta edição, o título de 1960.
6 - Nossa imprensa esportiva....

Nossos alegres, empolgados e animados jornalistas esportivos entram em delírio na época de jogos olímpicos. Um encontro que reúne atletas de todo mundo, em uma cidade do mundo, é motivo de grande atenção. Assim sendo, nossa empolgada imprensa não economiza na cobertura, principalmente por ocasião da abertura dos jogos, onde a ansiedade acumulada explode em análises e comentários. E assim aconteceu com um empolgado e animado jornalista de uma emissora de tv por ocasião da abertura dos jogos olímpicos de Sydnei, na Austrália em 2000. Demostrando seus conhecimentos geográficos e culturais assim se manifestou endiabrado:

- estamos vivendo um momento histórico. Os jogos de Sidney tem início na virada de mais um milênio. Sidney, essa cidade belíssima, desse país, Austrália, com uma extensão continental, e com a localização mais astral do planeta. Austrália, que em um passado distante, foi uma prisão do Império Britânico para onde viam marginais e criminosos e que aqui construíram um país. Todos aqui são descendentes de bandidos, que se regeneraram e construíram esta grande nação.


Ainda bem que ele parou por aí. 
Austral - e não astral - bandido, regenera ...