terça-feira, 8 de agosto de 2017

4 - Nossa imprensa esportiva...


O fato aconteceu no final da década de 1960 ou início da década de 1970. Acredito que foi no final de 1960. Necessário confirmação.

O jogo era entre Bangu e vasco, mas também necessita confirmação.

O personagem o goleiro do Vasco, que também necessita confirmação. Acredito que seu nome era Valdir. Já os fatos são exatamente a realidade. O jogo corria morno e desinteressante quando o goleiro do Vasco, resolveu repor uma bola em jogo. Como de costume , os goleiros seguram a bola com uma das mãos e arremessam para um companheiro de equipe. Foi o que fez o goleiro Valdir. Acontece que quando ele já estava no procedimento de arremessar a bola , ele, Valdir, identifica um adversário próximo ao atleta que receberia a bola. Valdir resolve abortar o arremesso. Entretantanto, como já estava adiantado, ele gira o braço , com a mão que segurava a bola, em direção ao seu próprio corpo fazendo com que a bola saia de sua mão e caia dentro de seu próprio gol. Uma tragédia. Uma cena patética. Nossa imprensa esportiva, de uma emissora de rádio, assim comentou:

narrador : O que é isso ? Ele jogou a bola pra dentro de seu próprio gol? Eu, hein ! Tem coisa aí.

repórter : Impressionante ! Nunca vi nada igual. Ele foi repor a bola em jogo, mas parece que não viu o adversário. Quando
percebeu o adversário ele resolveu voltar. Se desequilibrou
e acabou jogando a bola para trás, dentro de seu gol.

comentarista : Exatamente. Foi um desequilíbrio. Ele recebeu um
comando cerebral para executar uma tarefa . Organizou as
ações e colocou em prática .Durante a execução das ações
ele recebeu um outro comando cerebral para interromper ,
porém, como já estava adiantado no primeiro comando, se desequilibrou. Uma fatalidade.

narrador :Perfeito! Mas dava prá você fazer um resumo para os nossos ouvintes ?

comentarista : Imagina um carro. Você entra, liga a chave, dá a partida. Engata uma primeira e acelera com vontade. Aí você percebe que é obrigado a frear. Mete o pé com força no freio. O carro derrapa para o lado. Foi o que aconteceu.

narrador : Agora sim ! Como o ouvinte entendeu, o goleiro do Vasco perdeu o freio.


entendeu ????  perdeu o freio ?????
5 - Nossa imprensa esportiva...


Nossa alegre, empolgada e animada imprensa esportiva vive dias de grande ansiedade. A proximidade dos jogos olímpicos e o acontecimento da Eurocopa, mobilizam nossos intrépidos jornalistas para que o público tenha todas as informações possíveis , e até mesmo impossíveis, sobre tudo que acontece nas competições. Com uma agenda lotada de eventos não faltam análises e comentários em profundidade. Na cobertura da Eurocopa, o narrador e o comentarista, apresentaram para os telespectadores os países vencedores da competição desde a primeira edição em 1960, vencida pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS. Com a Rússia participando da edição atual, tanto o comentarista como o narrador afirmaram que a Russia foi a campeã de 1960. Entretanto não atribuíram a Ucrania - uma das repúblicas da extinta URSS- também participante desta edição, o título de 1960.
6 - Nossa imprensa esportiva....

Nossos alegres, empolgados e animados jornalistas esportivos entram em delírio na época de jogos olímpicos. Um encontro que reúne atletas de todo mundo, em uma cidade do mundo, é motivo de grande atenção. Assim sendo, nossa empolgada imprensa não economiza na cobertura, principalmente por ocasião da abertura dos jogos, onde a ansiedade acumulada explode em análises e comentários. E assim aconteceu com um empolgado e animado jornalista de uma emissora de tv por ocasião da abertura dos jogos olímpicos de Sydnei, na Austrália em 2000. Demostrando seus conhecimentos geográficos e culturais assim se manifestou endiabrado:

- estamos vivendo um momento histórico. Os jogos de Sidney tem início na virada de mais um milênio. Sidney, essa cidade belíssima, desse país, Austrália, com uma extensão continental, e com a localização mais astral do planeta. Austrália, que em um passado distante, foi uma prisão do Império Britânico para onde viam marginais e criminosos e que aqui construíram um país. Todos aqui são descendentes de bandidos, que se regeneraram e construíram esta grande nação.


Ainda bem que ele parou por aí. 
Austral - e não astral - bandido, regenera ...
7 - Nossa imprensa esportiva...




O ano de 1982. O Brasiiiiil jogava na copa do mundo, disputada na Espanha, uma partida contra a seleção italiana. O Brasiiiiiiiiil encantava com o futebol apresentado. A nossa alegre, empolgada e animada imprensa esportiva dava aquele titulo como certo. O adversário era a Itália, na fase de quartas de final. Uma Itália que chegou aos tropeços empatando os jogos, ou ganhando sem brilho. Já o Brasiiiiiiil, era a seleção dos sonhos. Bastava apenas um empate, no jogo contra a Itália, para que o Brasiiiiiiil avançasse na competição. O clima era de confiança e euforia total. Na tv que detinha os direitos de exclusividade para a transmissão dos jogos, um repórter, Ricardo Pereira, entrevistava o jogador Zico, na véspera do jogo, na piscina do hotel onde o Brasiiiiiiil estava concentrado. Repórter e jogador, ambos de sunga, dentro da piscina, com microfone e tudo, em total clima de oba-oba, já ganhou. Veio o jogo e o Brasiiiiil perdeu por 3x2. O dia cinco de julho de 1982 entrava para história como uma das maiores tragédias do país. Um dia de inverno, que no Rio de janeiro a temperatura chegava próximo dos quarenta graus, em um céu azul, limpo, e uma brisa confortante. Inconformados com o resultado, nossa alegre, empolgada e animada imprensa esportiva inventou uma tese que o jogo poderia ser anulado por conta de uma suposta irregularidade de um jogador da seleção italiana. Durante três dias, mais precisamente até a seleção italiana entrar em campo para a próxima partida, nossos briosos jornalistas discutiram, em mesas esportivas, debates e inúmeros programas esportivos as "reais" possibilidades de anulação da partida. Advogados especialistas no esporte, pessoas de notório saber deitaram falação ao extremo sobre o tema fictício, até que a realidade falou mais alto, e a aceitação da derrota foi inevitável, mesmo para os mais apaixonados. Durante três dias nossa alegre, empolgada e animada imprensa esportiva surtou. Discutiu, com apoio dos patrocinadores, um tema que não tinha o menor fundamento, que não existia e que fora motivado pela imensa frustração da derrota. Aquele 05/071982, aqui no Rio , pós-jogo permitiu que cariocas mais atentos, pudessem vivenciar uma cidade sem vestígios do ruído urbano ( veículos sumiram das ruas , os aparelhos elétricos pareciam desligados, vozes altas não se ouviam, ruídos de obras despareceram e outros ruídos que compõem um barulho constante na cidade ). Nem mesmo um 25 de dezembro, domingo, com chuva, seria tão silencioso. Era possível ouvir os pássaros cantando. Paradoxalmente, um dia fantástico.
8 - Nossa imprensa esportiva...



Estávamos no ano de 1993. A seleção brasileira, que na tv que detêm a exclusividade das transmissões é conhecida como Brasiiiiil entrava em mais uma eliminatória para a copa do mundo de futebol. Vinte e três anos do último título mundial de 1970, deixavam nossa alegre, empolgada e animada imprensa preocupada com tamanho jejum. O Brasiiiiil caiu nas eliminatórias em um grupo com Uruguai, Bolívia , Equador e Venezuela com duas vagas para a copa. Barbada!, diziam nossos animados especialistas . No jogo contra a seleção do Equador, que até então nunca disputara uma copa, em Quito, nosso Brasiiiil, comandado por Carlos Alberto Parreira, adotou uma postura defensiva e de respeito ao adversário, esperando o momento para o bote. Na tv, o narrador da partida, com sua equipe de respeitados comentaristas, demonstrava profunda irritação pelo comportamento da equipe brasileira. Dizia ele:


- narrador: O Brasiiiiiil não pode jogar assim. Somos tricampeões do mundo. Temos que agredir o adversário. Aí, o Brasiiiiil está com medo. Esse time do Equador tirando onda com a gente. Esse jogadorzinho do Equador..... Bate nele.
- comentarista de arbitragem: ele está provocando nossos a atletas.

narrador: ele é folgado. issso é porque o time deles está empatando como o Brasiiiiiil . Se esse time do Brasiiiiiiil jogar assim está arriscado de não se classificar para a copa do mundo e, caso classifique não vai ganhar nada.

A seleção brasileira de futebol, ao final das eliminatórias se classificou em primeiro lugar no seu grupo, tendo a seleção boliviana ficado com a segunda vaga. Na copa do mundo, em 1994, a seleção brasileira ganhou a competição sagrando-se tetra campeão mundial de futebol. Nosso narrador da tv com exclusividade nas transmissões de futebol, ficou empolgadísssimo com a conquista do Brasiiiiiil. Ao seu lado, na narração estava Pelé como comentarista. Ao se confirmar a dramática conquista do titulo, comemorada com um penalty que o adversário bateu para fora, nosso narrador agarrou Pelé pelo pescoço, deu-lhe uma gravata, e com gritos intensos dizia;

- é tetra !!! é tetra "!!!!   é téééééééééééééééééééétra! ´

é tééééééééééééééétra!

Uma imagem registrou a cena e mostrou os demais profissionais de imprensa assustados com a comemoração de nossa alegre, empolgada e animada imprensa. O mesmo narrador que disse que o Brasiiiiiil não iria ganhar nada, naquele momento vibrava com a conquista. Conquista que certamente assegurou melhores índices de audiência na emissora que detêm a exclusividade das transmissões de futebol, melhores audiências de programas esportivos, maior interesse das pessoas por futebol, mais jornais sendo vendidos, e consequentemente mais verbas de patrocínio para os jornais, tv e rádios. Verbas que também garantiram o emprego de muitos profisssionais de nossa animada, empolgada e alegre imprensa esportiva, para que eles pudessem seguir falando e escrevendo as asneiras de sempre.
9 - Nossa imprensa esportiva...

Uma partida de futebol, sem muita importância, como é a maioria, rolava no Maraca. Um Fluminense x Bangu de dar sono, a não ser pela participação do narrador e do comentarista da tv. O time do Fluminense estava em decadência e o Bangu, sequer estava em alguma coisa. Terminado o primeiro tempo e o placar apontava vitória de 2x0 para o tricolor. Poucos minutos antes do início do segundo tempo, um diálogo sério e compenetrado , sim o diálogo foi sério e compenetrado, entre o narrador e comentarista. 

Vamos lá:

narrador : E aí , como está o jogo?

comentarista: Tá uma moleza só, tá certo ? Alí no meio passa tudo, tá entendendo ? O meio do Fluminense tá metendo todas nas costas do Bangu. Só tem baranga naquela defesa, tá certo ? É só encostar, tranquilo, toca a bola, tá certo ?, que mete mais . Agora, tem que tocar. Tocando é mais fácil.

narrador: Quer dizer que tá de bom tamanho ou cabe mais ? 


comentarista; Cabe, cabe. Cabe mais sim. Olha aqui, o que não pode é forçar. Tem que tocar, tá entendendo? Agora, por enquanto tá de bom tamanho, mas se se chegar junto, ali no meio, mete todas. Tem que trabalhar ali no meio e encostar, tá certo ?


narrador : Taí o que você queria. Bola rolando para o segundo tempo.
l0 - Nossa Imprensa Esportiva...

Uma partida de futebol acontecia normalmente. Como de costume, nossa briosa e animada imprensa radiofônica, disponibiliza profissionais no campo de jogo para informações mais precisas e repleta dos mais variados detalhes. Um repórter, daqueles que fica posicionado atrás dos gols, foi chamado pelo narrador para detalhar um lance. Ele começou bem a narrativa, seguiu com elegância mas o final foi uma tragédia. Tudo aconteceu quando um jogador de um dos times cobrou uma falta, bem perto da área do time adversário. O jogador que cobrou a falta tinha um chute violentíssimo que acabou acertando um jogador que estava na barreira· 

Aí vai o diálogo:

narrador - E aí fulano, o que vocẽ viu ?

repórter - Um falta cobrada com extrema violência atingiu as partes baixas de uma atleta que caiu , imediatamente, e grita de dores. Felizmente todo o departamento médico do clube já se posicionou para o atendimento ao atleta. Ao que parece ele sofreu falta de ar mas já se recupera lentamente. O serviço médico está aplicando um spray para amenizar a dor e flexionando as pernas do atleta. Esse é o único momento que quando um jogador sofre uma pancada não são permitidas massagens. É , meu amigo, bola com bola não é mole não. Informou Capemisa, as pessoas seguras são mais felizes.