segunda-feira, 26 de junho de 2017

Compaixão

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Sobre a compaixão



Minha formação é cristã, mas eu, ao longo do caminho fui desbravando outros caminhos da fé. Ainda assim, algumas coisas ficam impregnadas na alma. Minha mãe tinha por prática ir, todos os sábados, à missa das sete na igreja matriz de São Borja. Ele entrava, e nós ficávamos com o pai, passeando na praça, ou dando uma volta pelo Passo. Mãe nunca obrigou a seguirmos sua fé, daí essa opção pagã enquanto ela rezava. Mas, havia também a missa na capelinha do hospital, próximo à nossa casa, no sábado à tarde. A gente ia e curtia, porque era uma missa diferente. O padre instigava as pessoas a falar e fazia interpretações bem diferentes dos textos dos evangelistas. Era criativo e prazeroso.

Uma das interpretações que mais me marcou ao longo da vida era a do bom samaritano. O cara que levanta o homem caído na estrada para Jericó, e o leva a uma estalagem para que seja cuidado. Varias pessoas haviam passado, mas só aquele homem da Samaria teve compaixão. A estrada, uma das mais perigosas da região, era cheia de ladrões e as pessoas temiam umas às outras. Mas o samaritano não temeu. Enquanto as pessoas pensavam “O que poderá me acontecer?”, aquele homem pensou: “o que poderá lhe acontecer?” Então, generoso, o transportou até um lugar seguro.

Essa é a postura que persigo desde então. O sentimento sobre o outro, caído. O que poderá lhe acontecer? E nessa aflição, estender a mão, cuidar, acolher, independentemente dos riscos.

Não vi os vídeos sobre o tal ator que teve uma recaída e foi filmado na queda. Mas acabei lendo alguns comentários na rede. De doer. Há os que comparam os caídos da cracolândia com o atorzinho branco e rico, tripudiando do segundo. Há os que condenam. Há os que fazem chacota. Há de tudo. Desde a maldade mais pura até a hipocrisia mais fecunda. O ser humano na sua face mais vil. De fato, ali estava um ser humano em escombros, tenha ele a cor que for. Assim como estão em escombros os negros pobres da cracolândia. Unificados na dor e na condição de ser um ser perdido nesse doloroso mundo capitalista.

“O ser humano é a pior pessoa que existe”, dizia, brincando um amigo meu. E outro amigo, o Danilo, é o primeiro a bramir o dedo, negando isso. Não. Não é que o humano é ruim. São as condições históricas que o fazem assim. É o modo capitalista de produção que torna o humano egoísta, insensível, competitivo, invejoso, desprovido de compaixão. Afinal, nesse sistema, para que um viva, outro precisa morrer. Então, o pensamento da maioria é simplista: se um tem que morrer, que seja o outro. E aí, vale tudo.

E essa máxima é bombardeada o tempo todo pela indústria cultural. No cinema, na televisão, nos livros, em tudo. Basta pensar que um programa como o Big Brother está no ar há quase 20 anos. E que sua lição fundamental é basicamente a possibilidade de eliminar o outro. Ah, não gostei da risada dela: elimina. Não gostei do cabelo: elimina. Não gostei que ele disse: elimina. E as pessoas, milhões e milhões – já houve pico de 35 milhões – gastam dinheiro para eliminar o outro. É chocante. Mas, ainda que chocante, é a realidade cotidiana. Assim o sistema capitalista nos ensina fazer. Sempre eliminando o outro, o diferente, o desigual, o que nos ameaça, o que nos obscurece.

Eu prefiro seguir como o homem da Samaria ou mesmo como El Che, que dizia que enquanto houver uma pessoa injustiçada no mundo, temos de ser companheiros. Pois é. Pode ser branco, pode ser preto, azul, vermelho, amarelo. Pode ser rico ou pobre. Mas se tiver caído, fragilizado, oprimido, o melhor a fazer é levantá-lo, levar à estalagem e deixar protegido. Mesmo que seja um inimigo.

Lembro Fidel Castro que criticou as secretárias que vibravam com o atentado contra Ronald Reagan. Ele as chamou e disse: “Não façam isso. Aos inimigos, temos de enfrentar de frente. Não podemos nos regozijar porque ele está caído. Essa não é uma conduta ética”.

Então, Fidel faria o mesmo que o samaritano na estrada para Jericó. E eu também prefiro fazer. Compaixão, empatia, o coração leve.

Postado por elaine tavares às 09:14

Fonte: PALAVRAS INSURGENTES
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Lendo seu belo texto lembrei de uma passagem da canção Vincent, de Don McLean, que fala sobre a vida de Vincent Van Gogh:

This world was never meant for one as beautiful as you - esse mundo nunca foi desenvolvido para pessoas tão bonitas quanto você -

Dia de greve

#OBrasilVaiParar

26 DE JUNHO DE 2017 POR LUCIANA OLIVEIRA



O que desejo para essa semana é união. 
Que dia 30, sexta-feira, os brasileiros se juntem pra despejar Michel Temer e os golpistas corruptos do poder.
#oBrasilVaiParar pra que volte aos trilhos.
A ‘Ponte Pro Futuro’ erguida sem democracia, nos levou ao inferno.
Atenda ao chamado à mobilização na sua cidade.
São dezenas de sindicatos unidos em defesa dos direitos dos brasileiros. As reformas dos golpistas não passarão!
Todos nas ruas, pelos direitos de todos

Fonte: Blog da Luciana Oliveira
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Trinta anos atrás, junho de 1987.
Um governo detestado pelo povo resolveu aumentar as passagens de ônibus.
Av. Rio Branco, centro do Rio de janeiro, dezenas de ônibus incendiados.
Estava lá, com a antiga CS, coquetel molotov nas mãos vivendo toda a adrenalina daquele dia.
Depois daquele dia fantástico, o governo recuou e os trabalhadores venceram aquela batalha.


Ônibus foram incendiados durante protesto contra aumento da passagem em junho de 1987 no Rio | Arquivo O Globo
Junho de 2017, a história se repete, trinta anos depois, e coloca em cena os mesmos personagens, um governo detestado pelo povo e os trabalhadores em luta.
Participe, lute.


Reis e rainhas

Lula e Mariza sendo recebidos pela Rainha e pelo Rei da Noruega. E não da Suécia, viu Temer? Quanta diferença!



Fonte: CARTA MAIOR
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Somente pouquíssimos brasileiros tem esse privilégio, viu Globo ?


O analfabeto político

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“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que  o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.

Bertold Bretch


Fonte: CARTA MAIOR

Dia internacionall de apoio às vítimas de tortura

Dia Internacional em Apoio às Vítimas de Tortura foi instituído pela ONU em 1997

Data visa criar condições de amparo solidário, material e psicológico às vítimas de torturas e maus-tratos
Carmen Lúcia

Manifestação em 2012, em São Paulo, para expor publicamente ex-militar reformado acusado de ter comandado sessões de tortura / Marcelo Camargo/Agência Brasil

Hoje é o Dia Internacional em Apoio às Vítimas de Tortura. O dia 26 de junho foi escolhido pelas Nações Unidas em 1997. Neste dia em 1987 entrou em vigor a Convenção contra a Tortura e outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes da qual o Brasil é signatário.

A comunidade internacional já tinha condenado a tortura na Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, mas a prática continuava.

A prisão, a tortura, o assassinato e o desaparecimento forçado continuam sendo registrados na história da Humanidade. O acesso à educação, à tecnologia e o avanço da ciência não foram suficientes para acabar com essa violência que busca aniquilar a personalidade da vítima e nega a dignidade do ser humano.

Na América do Sul, ela foi adotada por todos os regimes comandados por militares durante o Século XX.

No Brasil a proibição à tortura foi incluída na Constituição Federal de 1988 e deve ser observada por todos os cidadãos e autoridades de direito público ou privado.

A Comissão Nacional da Verdade apurou que durante o período do regime militar a tortura foi utilizada das mais diversas formas, com agressões físicas e psicológicas, prisões irregulares e desaparecimentos de ativistas políticos.

A violência foi traço constante na construção deste momento histórico. Prisões, sumiços, além de outros meios de manutenção do poder envolveram agressões físicas e psicológicas.

Apesar de todo esforço da comunidade internacional para combater essa prática, ela ainda ocorre em diversos países sendo aplicada sistematicamente como política repressiva e de investigação.

Fonte: BRASIL DE FATO
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A tortura é com certeza a pior de todas as covardias que se pode praticar contra outra pessoa. O torturado, sempre, é uma pessoa
em condições de não poder se defender, e, em assim sendo, é dominado pelo torturador que se delicia com atrocidades que comete. Durante o período da ditadura militar mulheres que foram presas e torturadas tiveram seus seios arrancados com mordidas dadas pelos torturadores. A barbárie da tortura infelizmente ainda se faz presente nos dias atuais, com o agravante de receber apoio de uma considerável parcela da população brasileira, que vê em tais práticas uma maneira válida de se extrair informações. Por outro lado, o torturador enquanto uma pessoa perversa, na maioria das vezes assim se revela devido a negação de si próprio, algo quase sempre relacionado com uma orientação sexual não aceita. A violência extrema contra o outro submisso, indefeso, é o momento de rejeitar a si próprio, torturar-se, negar-se pelo auto flagelo e dor que acompanham sua vida. O torturador é um psicopata, uma pessoa doente com gravíssimos transtornos psicológicos, que como tal deveria viver à margem do convívio social em centros especializados de tratamento. Quanto as pessoas vítimas da tortura, o amparo, a solidariedade e em alguns casos até mesmo o apoio psicológico se fazem necessários, pois em não existindo sequelas físicas o trauma psicológico pode acompanhar a pessoa, paralisando-a, impedindo-a de agir e viver, ainda que livre de tais práticas, uma vez que sonhos, planos, projetos de vida desparecem da vida de pessoas torturadas que lutam apenas para que se mantenham vivas

sábado, 24 de junho de 2017

Super homem

Super homem
Gil

Um dia
Vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter

Que nada
Minha porção mulher, que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É que me faz viver

Quem dera
Pudesse todo homem compreender, oh, mãe, quem dera
Ser o verão o apogeu da primavera
E só por ela ser

Quem sabe
O Superhomem venha nos restituir a glória
Mudando como um deus o curso da história
Por causa da mulher



essa música não fala de sexualidade e sim de consciência e valorização da vida ...o homem se completa aprendendo a enxergar como o feminino age ... amor aos filhos , sensibilidade de se por no lugar do outro etc :) .... a mulher possui um vínculo maior com o amor à humanidade ...

Fonte: comentário sobre a música

Aqui e agora

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Não existe tristeza, não existe solidão, não existe angústia, não existe ansiedade.
Existe o aqui e agora. 
By the way, neste exato instante, você , caro leitor que lê este texto, tem plena consciência de seu fluxo respiratório ?
Gil, em sua canção, passeia pelo zen budismo, brinca com koans, paradoxos, contraditórios, incongruências.
Perecível ao tempo, vive o melhor da vida, aqui e agora, dentro de um figo maduro, ou uma capela, a espera do próximo segundo, um outro aqui e agora, depois de tudo que disse, muito antes , muito embora.


Aqui e Agora
Gilberto Gil
  
O melhor lugar do mundo é aqui,
E agora bis
Aqui onde indefinido
Agora que é quase quando
Quando ser leve ou pesado
Deixa de fazer sentido
Aqui de onde o olho mira
Agora que ouvido escuta
O tempo que a voz não fala
Mas que o coração tributa
O melhor lugar do mundo é aqui,
E agora bis
Aqui onde a cor é clara
Agora que é tudo escuro
Viver em Guadalajara
Dentro de um figo maduro
Aqui longe em nova deli
Agora sete, oito ou nove
Sentir é questão de pele
Amor é tudo que move
O melhor lugar do mundo é aqui,
E agora bis
Aqui perto passa um rio
Agora eu vi um lagarto
Morrer deve ser tão frio
Quanto na hora do parto
Aqui fora de perigo
Agora dentro de instantes
Depois de tudo que eu digo
Muito embora muito antes
O melhor lugar do mundo é aqui,