quarta-feira, 21 de junho de 2017

Neoliberalismo e Violência

Marcelo Zero: As pernas cortadas de Letelier e as arrancadas da nossa democracia

20 de junho de 2017 às 17h05


As Pernas Cortadas de Letelier

(um conto político sobre violência e neoliberalismo)

por Marcelo Zero, no Brasil Debate

Michael Moffitt ouviu um chiado estranho, como de água caindo em um fio desencapado, e viu um intenso clarão branco.

A violenta explosão, porém, não o feriu com gravidade. Ele conseguiu se arrastar para fora do carro, um Chevrolet branco, pela janela traseira, completamente estilhaçada, a tempo de ver sua mulher, Ronni Moffitt, saindo pela porta parcialmente arrancada do banco do carona. Pensando que a sua esposa, com quem se casara há apenas quatro meses, estava bem, sua atenção dirigiu-se ao motorista.

Quem dirigia era um homem de 44 anos, forte, um tanto calvo e com um vasto bigode. Michael e sua esposa o conheciam bem, pois trabalhavam sob seu comando no Institute for Policy Studies (IPS) e no Transnational Institute (TNI), organizações dedicadas à luta pelos direitos civis. No entanto, ao sacudir o corpo do motorista, Michael notou algo estranho: as pernas de Orlando Letelier já não estavam mais lá.

Com a brutal força da explosão, que o atingira em cheio, as pernas do ex-ministro de Relações Exteriores e da Defesa do Governo Allende tinham sido arrancadas e estavam a cerca de 5 metros do carro, grotescamente estendidas no chão do Sheridan Circle, um entroncamento situado a menos de três quilômetros da Casa Branca.

Já quase em coma, Orlando Letelier apenas movia a cabeça desordenadamente e emitia alguns sons ininteligíveis. Eram exatamente 09h35min da manhã do dia 21 de setembro de 1976.

Levado às pressas para um hospital, Letelier teve a sua morte pronunciada às 09h50min. Quarenta e cinco minutos depois, às 10h35min, a esposa de Michael também foi declarada morta. Um estilhaço da explosão havia perfurado a sua laringe e a sua carótida. Afogada em seu próprio sangue, Ronni Karper Moffitt tornou-se, quase precisamente 25 anos antes do 9/11, a primeira vítima norte-americana de um ato terrorista cometido no território dos EUA.

A ousadia da DINA, a terrível polícia secreta de Pinochet, surpreendeu. Com efeito, o assassinato de Letelier, exilado em Washington desde 1974, com boas conexões com alguns políticos e autoridades dos EUA, e de Ronni Moffitt, uma cidadã norte-americana, mostrou a audácia de quem se julga inimputável.

Mostrou também o quanto Letelier incomodava a ditadura chilena. Fluente em inglês e com trânsito no Congresso, Orlando Letelier influenciava a opinião pública norte-americana e mundial. Já havia afirmado, em audiência no parlamento dos EUA, que a CIA havia participado do golpe chileno. Tinha conseguido também impedir a concessão de um empréstimo de US$ 60 milhões que o governo holandês havia prometido para Pinochet.

Mas talvez o que mais incomodasse fosse as suas análises sobre as contradições da ditadura e das teorias econômicas conservadoras.

Em 28 de agosto de 1976, três semanas antes de ser assassinado, Orlando Letelier publicou um artigo na prestigiada revista The Nation, que teve grande repercussão.

Nesse artigo, intitulado The Chicago Boys in Chile: Economics Freedom’s Awfull Toll, (“Os Chicago Boys no Chile: as Horríveis Consequências da Liberdade Econômica”), Letelier mostrou ao mundo as consequências econômicas, sociais e políticas da “terapia de choque’ que Milton Friedman e seus discípulos tinham imposto ao povo chileno.

Entre outras coisas, Orlando Letelier assinalou, nesse texto, que “se, em 1972, apenas após um ano do governo da Unidade Popular, a renda da classe média e dos trabalhadores no Chile representavam 62,9% do total, em 1974 essa parcela da renda nacional chilena caiu para 38,2%. No entanto, se, em 1972, a renda dos grupos empresariais foi de 37,1% do total, dois anos mais tarde ela ascendeu a 61,8%. Em pouco mais de dois anos, a ditadura anos saqueou as classes pobres e médias do país”.

Entretanto, o foco do artigo de Orlando Letelier não eram as dramáticas consequências da nova política econômica de Pinochet, mas sim a contradição entre o liberalismo econômico dos Chicago Boys e a brutal ditadura que fizera do Chile o primeiro experimento neoliberal, avant la lettre, do mundo.

Friedman, seus discípulos e a grande imprensa, inclusive a dos EUA, tentavam dissociar o experimento neoliberal, a “terapia de choque”, das draconianas condições políticas sob as quais essa experiência se desenvolvia.

Friedman dizia que não compartilhava do ideário político da ditadura, mas que condená-lo por ajudar a implementar um remédio econômico eficaz era a mesma coisa que condenar um médico por aplicar um vacina salvadora na população chilena, “ameaçada por uma grave epidemia”.

A sua solução para os problemas econômicos do Chile era, portanto, uma “solução técnica”, racional, que não tinha nenhuma relação política com a grotesca ditadura chilena. Era também, segundo ele, a única solução possível para os problemas econômicos do Chile e do mundo.

Pois bem, Orlando Letelier argumentava, no seu artigo seminal, exatamente o contrário. Para ele, era evidente que “as políticas econômicas são introduzidas precisamente com a finalidade de alterar as estruturas sociais e impor um modelo político”. Assim, não se pode separar a política econômica dos seus requisitos e efeitos sociais e políticos.

Letelier acusava duramente: “aqueles que impõem a ‘liberdade econômica’ sem limite algum também deveriam ser considerados responsáveis se os requisitos e resultados de tal política são a repressão massiva, a fome, o desemprego e a permanência de um brutal estado policial”.

O homem que viria a ser assassinado em três semanas concluía brilhantemente o seu artigo dizendo que o experimento liberal, ao contrário de ser asséptico e técnico, era extremamente violento e, não por acaso, concentrador:

La concentración de la riqueza no es un accidente, sino un imperativo; no es resultado marginal de una situación difícil, sino la base de un proyecto social; no es un fracaso económico, sino un requisito político.

Trinta e um anos mais tarde, Naomi Klein, jornalista e economista canadense, publicou um livro que também teve boa repercussão. Trata-se da obra “A Doutrina do Choque: A Ascensão do Capitalismo do Desastre”, que chegou entrar nas listas de best sellers em alguns países.

Nessa obra, Naomi Klein argumenta que as políticas neoliberais e o modelo econômico a elas associado, que varreram o planeta de 1980 até a recente crise, se proliferaram devido ao uso deliberado da violência econômica, social, política e até física.

Como ela bem assinalou numa entrevista logo após a publicação de seu livro:

Quando da morte de Milton Friedman no ano passado, percebemos como essas ideias radicais de livre mercado chegaram a dominar o mundo, de como varreram a antiga União Soviética, a América Latina, a África, de como essas ideias triunfaram durante os últimos trinta e cinco anos. E isso me impressionou muito, porque já estava escrevendo esse livro. Nessas ideias – que tanto se falou quando da morte de Friedman -nunca ouvimos falar de violência, nunca ouvimos falar de crises e nunca ouvimos falar de choques. Ou seja, a história oficial é de que estas ideias triunfaram porque desejávamos que assim o fosse, que o Muro de Berlim caiu porque as pessoas exigiram ter seus Big Macs junto com a sua democracia. E a história oficial do auge dessa ideologia passa por Margaret Thatcher dizendo: “Não há alternativa”, à Francis Fukuyama afirmando que “a história terminou, o capitalismo e a liberdade caminham juntos”.
Portanto, o que procuro fazer nesse livro é contar a mesma história, a conjuntura crucial na qual essa ideologia entrou com força, mas reintroduzo a violência, reintroduzo os choques e, digo que existe uma relação entre os massacres, entre as crises, entre os grandes choques e os duros golpes contra vários países e a capacidade de imposição de políticas que são rejeitadas pela grande maioria das pessoas desse planeta.


Assim, para Naomi Klein, o neoliberalismo, ao contrário de ser uma “solução” adotada serenamente, tecnicamente, racionalmente, é, na realidade, algo imposto normalmente pela força dos desastres políticos ou naturais. Há, portanto, segundo ela, uma estreita relação entre neoliberalismo e violência. As políticas neoliberais são, ao mesmo tempo, consequências e causas de violências de toda sorte.

Portanto, estão certos aqueles que afirmam que o neoliberalismo é, na verdade, incompatível com a democracia. Sua tendência inexorável à concentração e à exclusão, conforme demonstra Picketty, entre outros, é violência que agride frontalmente os fundamentos sociais das democracias.

Obviamente, o grande antecessor dessas pertinentes reflexões de Naomi Klein foi justamente Orlando Letelier.

A economista canadense, que até se surpreende com a falta de conhecimento relativa ao artigo de Orlando Letelier e à experiência dos Chicago Boys no Chile, reconhece, comovida, que:

Orlando Letelier foi o primeiro a articular a estreita conexão entre neoliberalismo e violência.

Assim, as pernas decepadas de Letelier talvez se constituam na mais apropriada metáfora dessa relação intrínseca entre neoliberalismo e violência, que arranca empregos, esperanças e sonhos de vastas populações do planeta.

No Brasil, frise-se, a presente implantação de um ultraneoliberalismo selvagem, que ameaça fazer retroceder o país aos tempos da República Velha, com a destruição dos legados dos governos progressistas recentes, da Constituição Cidadã de 1988 e da legislação trabalhista de Getúlio Vargas, jamais teria acontecido sem o recurso a um golpe de Estado.

No nosso caso, foi preciso arrancar as pernas da nossa democracia, o voto popular, para que o neoliberalismo se impusesse.

Marcelo Zero é sociólogo, especialista em Relações Internacionais e membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI).

Fonte: VIOMUNDO
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segunda-feira, 19 de junho de 2017

Camaradas, cuidado com o Planalto

Site oficial do Planalto divulga que Temer visitará “República Socialista Federativa Soviética da Rússia

Escrito por Miguel do Rosário, Postado em Redação

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O Planalto divulgou, em sua página oficial, que o presidente Temer viajaria para a República Socialista Federativa Soviética da Rússia. Em seguida, o Planalto apagou, como tem sido praxe.

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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A Rússia também é conhecida como Federação Russa, o nome oficial. Uma prova que o pessoal que ocupa o Planalto vive no passado, ultrapassado, velhaco. Soviético, como na foto acima, era a URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - da qual a Rússia fazia parte. A URSS, deixou de existir no início da década de 1990. Na camisa da seleção da URSS, da foto, vê-se as letras CCCP, o nome da URSS no idioma russo. Na primeira vez que a seleção da URSS enfrentou o Brasil em uma copa do mundo de futebol, em 1958, CCCP passou a significar Camaradas Cuidado Com Pelé, apesar que foi Garrincha que naquele jogo enlouqueceu os russos, a ponto de seu marcador após o jogo que o Brasil venceu, dizer que a partir de então tinha entendido o que era de fato o futebol. Camaradas, cuidado com o Planalto.

Mudanças, já

19/06/2017 11:10

Dicas do Dowbor

A Europa está se cobrindo de muros e cercas de arame. Discute-se erguer um gigantesco muro de mais de mil quilómetros entre o México e os Estados Unidos.
Ladislau Dowbor


Caros,

Nos últimos tempos têm aparecido trabalhos de fundo repensando o sistema. Queria aqui fazer um tipo de comentário de leitura sobre textos que têm em comum a convicção de que não se trata mais apenas do problema de Trump nos EUA, de Temer no Brasil, de Macri na Argentina, de Erdogan na Turquia, do Brexit na Inglaterra, do fato dos dois grandes partidos (socialista e republicano) que repartiram o poder na França não terem chegado, nem um nem outro, sequer ao segundo turno.

A Europa está se cobrindo de muros e cercas de arame farpado. Discute-se seriamente erguer um gigantesco muro de mais de mil quilómetros entre o México e os Estados Unidos. Os países mais poderosos estão se dotando de instrumentos sofisticados de invasão de privacidade e de controle das populações que assustam tanto pela amplitude da invasão como pela indiferença das populações.

E naturalmente o caos que se avoluma não diz respeito apenas à política e aos governos: os gigantes financeiros planetários geram um nível de desigualdade e de desmandos ambientais que tornam o mundo cada vez mais inseguro e o universo corporativo cada vez mais irresponsável.

A realidade é que o mundo está mudando de forma muito acelerada. Os mecanismos de mercado já não servem como instrumento de restabelecimento de equilíbrios nesta era de oligopólios, e os governos já não são capazes de responder efetivamente aos anseios das populações, presos que estão nas pressões das dívidas públicas e dos desequilíbrios financeiros. As mudanças são sistêmicas.

Neste contexto aparece como muito importante acompanhar estudos sobre as alternativas, que surgem em diversas partes do mundo. Ponto importante: já não se trata de tecnicalidades econômicas, e sim de propostas que cruzam economia, política, cultura, o futuro dos sindicatos e da participação social e assim por diante. Porque os desafios são justamente sistêmicos, aqui como em outros países.

Sugiro que vejam:

1. Gar Alperovitz – The Next System, como quem diz, vamos pensar no próximo sistema, porque este que aí está já era. Os diversos capítulos envolvem a governança em termos gerais, e também o dinheiro, os investimentos, a desigualdade, o meio ambiente, o necessário pluralismo e assim por diante. E Gar Alperovitz é um pensador de primeira linha. Confira a íntegra em: http://www.thenextsystem.org/principles/?mc_cid=f152d4ca54&mc_eid=bfa40f009

2. Joseph Stiglitz – Rewriting the Rules of the American Economy: an agenda for shared prosperity (Reescrever as regras da economia americana: uma agenda para uma prosperidade compartilhada). Joseph Stiglitz organizou um documento muito forte que representa uma agenda para os Estados Unidos, hoje presos numa armadilha de elites que insistem em combater políticas sociais, promover mais desigualdade e atacar políticas ambientais. Invertendo radicalmente as velhas visões, o amplo grupo de economistas que participam deste relatório rejeita "os velhos modelos econômicos". Confira a íntegra em: http://dowbor.org/2016/09/stiglitz-rewriting-the-rules-of-the-american-economy-an-agenda-for-shared-prosperity-new-york-london-w-w-norton-company-2015-237-p-isbn-978-0-393-25405-1.html/

3. Joseph E. Stiglitz e Mark Pieth – Superando a Economia Paralela – Friedrich Ebert Stiftung – Fev. de 2017 – 36 p. Um artigo demolidor e muito bem documentado sobre os paraísos fiscais, por parte de dois especialistas, tanto Mark Pieth por seus estudos, como Joseph E. Stiglitz que começou a luta com os fluxos ilegais quando era economista-chefe no Banco Mundial. A desorganização é compreensível: “A globalização resultou em uma economia global, mas não em um governo global. ” O estudo mostra que não se trata de dinheiro que escapa do sistema e se esconde, e sim de um mecanismo que deforma o conjunto do sistema que passa a trabalhar na opacidade. Lembremos que o Brasil tem em paraísos fiscais mais de 500 bilhões de dólares. Acesse o artigo em: http://dowbor.org/blog/wp-content/uploads/2017/04/17-Stiglitz-Pieth-Paraisos-fiscais-33p.pdf

4. Oxfam – Uma economia para os 99%. Estamos na era da acumulação improdutiva de patrimônio, descapitalização da sociedade. É uma desorganização sistêmica. A reforma do sistema financeiro global (e nacional no Brasil) constitui o desafio central. Enriquecimento sem a contrapartida produtiva, “unearned income” na terminologia inglesa, gera rentistas ricos e economias travadas. Este estudo da Oxfam, com as propostas correspondentes, é um excelente instrumento de trabalho, um choque de realismo. http://dowbor.org/2017/01/oxfam-uma-economia-para-os-99-2016-relatorio-10p.html/

5. Labour Party Manifesto 2017 – For the many, not the few (Para os muitos, não os poucos) faz um desenho que certa maneira inverte o conjunto das orientações e desconstrução do setor público promovido pela Margareth Thatcher, revaloriza a regulação pelo Estado, resgata o papel gratuito e universal das políticas sociais e assim por diante. Centrado no conceito de que a economia tem de funcionar para todos, a análise lembra muito os argumentos do Bernie Sanders nos Estados Unidos, e constitui um documento compacto e claro. Veja a íntegra em: http://www.labour.org.uk/page/-/Images/manifesto-2017/Labour%20Manifesto%202017.pdf

Nesta linha de repensar o sistema, vamos encontrar também Ellen Brown com os seus estudos sobre os sistemas financeiros, Lester Brown sobre as alternativas em termos de sustentabilidade (o seu estudo Plano B implica que o plano “A” atual já não responde), e temos evidentemente os estudos da New Economics Foundation (NEF) na Inglaterra, do Alternatives Economiques na França e assim por diante.

A verdade é que estão se multiplicando pelo planeta afora núcleos de pesquisa que buscam novos paradigmas de desenvolvimento. Muitos desses estudos já estão resenhados no nosso blog, em Dicas de Leitura. Constituem um complemento importante aos numerosos estudos que estão sendo desenvolvidos no Brasil: a crise está nos obrigando de certa maneira a ultrapassar as simplificações e repensar os nossos paradigmas.

Abraços,

Ladislau Dowbor

Lembrem-se que todas as dicas enviadas nos meses anteriores podem ser conferidas no Mural do nosso site, clicando em: http://dowbor.org/mural/ . Meus livros e artigos estão disponíveis na íntegra no site dowbor.org

Fonte: CARTA MAIOR
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Esse caos mundial e as mudanças em curso só não são percebidas pela grande mídia do Brasil, não é Globo ?

A turma do sono

Ô povo pra gostar de dormir!

19 DE JUNHO DE 2017

Fonte: Blog da Luciana Oliveira
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As imagens abaixo revelam como tem um pessoal no país que dorme, dorme e dorme. Foi a turma que saiu às ruas , bateu panelas nas varandas, defendeu Moro, Aécio, Cunha, gritava contra o PT como culpado pela corrupção no país, pedia o impeachment de Dilma, queria Temer na presidência, pediu intervenção militar, vestiu a camisa da seleção brasileira de futebol. E agora, José, pergunta Drumond.

Tudo bem, vocês podem não gostar do PT, das esquerdas, isso é normal e democrático. O que não podem é se deixar levar , serem manipulados, pedir algo que irá prejudicar vocês mesmos. A manipulação de que foram objeto para tenebrosas transações, veio à tona, tal qual o monstro da lagoa. Tudo bem, vocês dançaram, mas pelo menos , agora, já sabem onde os empregados das casas de vocês guardam as panelas que vocês usaram para fazer barulho em suas varandas.

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A Química da Vida

AMOR NOS TEMPOS DE CÓLERA

Servir bem

19 de junho de 2017 às 09h47



por Marco Aurélio Mello

Às vezes me pergunto: o que faço eu em espaço tão nobre como este aqui?

No Viomundo os temas são sempre muito importantes, densos, profundos…

Em textos com muita qualidade, complexos, conceituais, não raro incompreensíveis ao grande público.

Nessas horas fico até envergonhado.

Será que não estou abusando da boa vontade dos parceiros?

Mas na semana passada senti certo conforto ao encontrar uma resposta acolhedora para esta minha inquietação.

Foi num filme argentino: Cidadão Ilustre.

Aliás, que fase próspera e duradora esta do cinema vizinho, heim!

A película é sobre um Prêmio Nobel de Literatura que depois de 40 anos decide voltar à cidadezinha onde nasceu.

Numa cena ele elogia um jovem escritor local dizendo que seus textos são simples.

O rapaz fica contrariado porque entende que simplicidade é justamente o que um bom escritor não pode ter.

É quando o autor consagrado lhe diz: “escrever com simplicidade é um gesto de generosidade artística.”

Desde então tenho pensado muito nisso.

Admiro ensaístas, autores eruditos, intelectuais, desses que citam de cabeça grandes clássicos da literatura universal.

Mas infelizmente não sou um desses.

Não tenho tanta bagagem, muito menos memória.

Só sei escrever de maneira pobre, sucinta e tento ser simples, na ilusão de que meu alcance aumente.

No fundo, o que sinto às vezes é natural e tem nome: insegurança.

E por que mesmo assim a gente segue escrevendo?

A resposta estava lá, em outra cena do filme.

Para o autor consagrado, personagem principal, todo escritor é vaidoso, egocêntrico e narcisista.

Explico: vaidoso porque tem que acreditar em si antes de todos os outros;

Egocêntrico porque tem que ter disponibilidade para se desligar do mundo ao redor e se dedicar a criar, olhar apenas para dentro de si, com egoísmo.

E narcisista porque depois tem de olhar a obra com reverência, mesmo quando o mundo não lhe dá nenhuma importância.

Deveria conhecer meus leitores, as estatísticas do blog, saber quantos são, do que gostam, do que não, se voltam, ou não, se torcem o nariz…

Por enquanto prefiro não saber.

Porque uma coisa é vaidade, outra bem diferente é a empáfia e a soberba.

A consagração às vezes é um túmulo escuro e frio como também nos faz pensar o tal filme.

Fonte: VIOMUNDO
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Ontem, 18 de junho, um domingo, foi o dia do Químico.

O dia amanheceu radiante. Um céu azul de outono, limpo , sem nuvens, que apenas a cidade do Rio de Janeiro produz. 

Levantei cedo e me envolvi com o aroma do café que preparava.

Fui caminhar e cheguei à Quinta da Boa Vista. Um parque, um belo parque repleto de árvores e pássaros que demonstravam a alegria de cantar, afinal era um belo dia, dia do Químico.

Sentei na grama, tirei as sandálias, de frente para um sol generoso e suave, contemplei paisagens, sons e o silêncio. 

O dia era do Químico, e lá estava, o Químico, em meio a natureza, em meio a química da vida. 

Assim como os pássaros cantarolei algumas canções, brinquei com terra , água, galhos de árvores secos, e com a grama ainda molhada do orvalho da madrugada. 

Brincava com a Química, compreendia a natureza, percebia a vida. 

Uma química perfeita, natural, simples, como tudo que é belo na vida. 

O aroma do café, o céu azul de outono, o parque, os pássaros, a terra, a água do lago, os galhos de árvores, as folhas secas no chão, a química da vida em toda sua complexidade ,beleza e simplicidade. 

No dia do Químico, enquanto esfregava meus pés molhados na grama, pensei em escrever sobre Química, profissão que escolhi ainda adolescente sonhando um dia em ser um cientista das Ciências Matemáticas e da Natureza. 

Escrever apenas para mim, um átomo leve das letras, ou quem sabe para dez milhões de pessoas, um átomo pesado da literatura. Um escritor é um Químico das palavras.

Como Químico, resolvi retratar aquele momento através deste texto, simples, sobre coisas simples da química da vida, afinal, tudo na vida é Química.