sábado, 19 de novembro de 2016

Globo. Uma rede de mentiras

O poder da Globo – Realidade não é o que se vê, mas o que ela dita (ou edita)

19/11/2016 Bajonas Teixeira

Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho

Na foto, o ex-governador Sérgio Cabral, figura das mais sinistras da política brasileira, que, não é de hoje, vivia envolto em uma espessa nuvem de suspeitas e denúncias, aparece de frente e de perfil, vestindo o uniforme da prisão, uma reles e popular camiseta verde, sendo fotografado para o álbum de recordações da cadeia. Não é uma imagem que, pessoalmente, me desagrade. Ao contrário.

E mais, na atual situação de crise do Rio, é uma imagem capaz de levar um breve alento à milhões de revoltados, de humilhados e ofendidos, que sofrem diariamente com os efeitos da crise. Além disso, dá uma satisfação aos que estão lutando para reverter as políticas do atual governador Pezão, homem de Sérgio Cabral, em sua tentativa de descarregar sobre as costas as vítimas a responsabilidade por uma crise nascida da corrupção.

Calcula-se, por exemplo, em 140 bilhões o tamanho das isenções ofertadas graciosamente por Cabral às grandes empresas no estado. O impacto de medidas como essa para a crise do estado é por demais evidente. Na época em que os recursos entravam à rodo com os royalties do petróleo, o governador deve ter imaginado que tinha nas mãos uma galinha dos ovos de ouro: as isenções pesavam pouco no orçamento, e os agraciados devolveriam a gentileza nas medida de sua gratidão.

Cabral isentava as empresas, a esposa, a advogada Adriana Ancelmo, depois recebia polpudos honorários advocatícios trabalhando para essas mesmas empresas. Tudo legal, comprovado e seguro. No entanto, vistos agora com olhos menos parciais, as isenções se mostram excessivas e criminosas, os valores pagos por serviços de advocacia à esposa do denunciado, parecem incompatíveis com os serviços prestados, que até se suspeita se foram prestados mesmo.

O curioso é que ao colocar a imagem de Sérgio Cabral sendo fotografado na cadeia, a Globo faz a seguinte chamada: Preso, Cabral usa uniforme e tem a cabeça raspada.



No entanto, a imagem não mostra o governador de cabeça raspada, mas apenas de cabelo curto. A Globo evidentemente quis criar sensação dando ao leitor a sentimento de vingança, ou seja, o velho pacote compensatório de fim de novela. E um público viciado, não deixará de ver o ex-governador de cabeça raspada, por mais que seu escalpo tenha sido mantido no lugar.

Esse poder da Globo, numa país em que os ricos e poderosos sempre ditaram o que é visível e o que é invisível, é uma das coisas sobre as quais se tornou urgente pensar. Mais ainda agora em que, desde o início da conspiração do golpe, as aparência são fabricadas diariamente.

Fonte: O CAFEZINHO
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Hipocrisia, teu nome é Globo

POR FERNANDO BRITO · 19/11/2016


Se você não sabe o que é hipocrisia, olhe as capas dos dois veículos impressos das Organizações Globo – O Globo e o Extra – e leia o minieditorial que o primeiro publica, que reproduzo ao centro, no destaque.

Diz que o “escracho a que (Cabral e Garotinho) foram submetidos na prisão e no hospital merece repulsa, compromete a seriedade do procedimento e evoca questões essenciais à vida democrática”.

É verdade, como é verdade que as Organizações Globo, quando lhes interessa promove estes escrachos.

Pode-se argumentar que, uma vez divulgadas a imagens é jornalístico publicá-las.

É, sim.

O problema é como se faz isso.

A Globonews, por exemplo, reprisava o vídeo de Garotinho, seguido de “caras e bocas” da apresentadora de plantão.

O Globo fala de um “inquérito” para “apurar tratamento privilegiado” ao ex-governador no Hospital Souza Aguiar, embora possa ser lido noExtra que, segundo o relato de uma funcionária ele “teria sido acomodado numa maca de necrotério. Garotinho teria enfrentado também a superlotação da sala vermelha da unidade “A Rosinha Garotinho tendo que fazer a ficha lá na frente, pegar fila. Entrou na sala vermelha de olhos fechados. A sala vermelha tem suporte para quatro doentes. Tinha oito. Não tinha maca.” cita o jornal.

É a hipocrisia de quem faz jornalismo “neutro” e aponta o dedo contra os que expõem claramente suas opiniões.

Aliás, em matéria de fazer mal ao Rio de Janeiro e a uma política civilizada, mais do que Cabral e Garotinho somados e elevados ao quadrado , faz a Globo, que se nutriu deste estado mas o despreza profundamente.

Fonte: TIJOLAÇO
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Socialismo ou barbárie

Socialismo ou barbárie


                                I

O padrão na história das ideias é localizar o Iluminismo no século XVIII, na esteira das grandes descobertas científicas anteriores – Copérnico, Galileu, Newton, etc. A razão mostrara então o funcionamento real da natureza, superando o obscurantismo, superstições e crenças religiosas arraigadas há séculos. Não haveria por que não esperar que a razão bem sucedida para desvendar as leis da natureza não operasse na experiência social e política.
Kant dizia que Rousseau era o Newton da moral e que nada lhe causava mais admiração do que “o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim”. Newton permitira ver as leis que determinavam o movimento harmonioso dos corpos celestes e Rousseau as leis morais que, não observadas mas residentes na razão, poderiam emancipar a humanidade e reproduzir nas sociedades a harmonia que se observava na natureza. Respondendo à pergunta “o que é o Iluminismo? ”, Kant dizia que era a libertação da menoridade a que o próprio homem se submetera. O homem seria livre quando submetido apenas à própria razão, escapando de qualquer tutela; razão implicava liberdade.
Não obstante uma vulgarizada interpretação de Kant o coloque como filósofo de um certo individualismo burguês, a moral kantiana significava um sujeito que devia construir juízos morais-racionais libertando-se da autoridade, da convencionalidade social, da religião. Um homem racional não mata porque isto é uma regra dos 10 mandamentos ou porque a lei impõe uma sanção. Ele não mata porque sua vontade livre não vê qualquer racionalidade em uma sociedade de assassinos e o leva a considerar a dignidade de cada ser humano.
O projeto iluminista, consistindo em emancipar a humanidade pela razão, é muito mais do que o movimento intelectual e filosófico localizado no século XVIII, de Voltaire, Rousseau, Diderot, Kant, Hume, etc. Ele avança para o século XIX com Hegel e depois com Marx. Se para Kant ou Rousseau a razão dispensava a História e era um processo estático do indivíduo atomizado, para Hegel aparecia em movimento, ao longo do processo histórico, inevitavelmente, regido pelas leis da dialética que desvendavam o movimento do ser na direção do Espírito Absoluto (a razão plena e final). A consciência humana superava contradições, teses e antíteses postas pela História   e a ideia a movia para forjar a matéria.
Marx é iluminista porque nele a razão igualmente emancipa a humanidade, mas invertendo Hegel. Não era a ideia que respondia pela matéria. Era a matéria que respondia pela ideia. A consciência estava determinada pela necessidade, pelas condições materias da existência, pelas forças produtivas, pelas relações entre produtor direto e proprietários. Em um ou outro caso sempre a razão que ao fim e ao cabo triunfa e instaura o reino da liberdade. Ao emancipar-se destruindo o capitalismo, pondo fim à opressão, à miséria e à exploração do homem pelo homem, o proletariado, como sujeito da História, emanciparia também toda a Humanidade.

II

Em Hegel o triunfo final da razão era inevitável. Mas na inversão feita por Marx as coisas não correram assim. O proletariado foi derrotado em 1848 e a tentativa de “tomar o céu de assalto” (na expressão de Marx) feita pela Comuna de Paris, o primeiro governo proletário, durou pouco.
As grandes cisões doutrinárias do marxismo passaram por essa questão ou giraram em torno dela: a inevitabilidade ou por qual modo o proletariado se emanciparia, como se daria o advento do socialismo. Lênin formulou uma resposta, muito bem-sucedida no primeiro momento porque conduziu à tomada do poder pelos bolcheviques: espontaneamente o proletariado não conseguiria escapar do economicismo e das lutas localizadas e não daria o salto dialético da razão emancipadora, a revolução. Era preciso uma vanguarda, disciplinada e coesa, que o conduzisse e lhe desse direção política, filosófica e intelectual: o partido.
Em 1915 uma desolada e brilhante Rosa Luxemburgo escreveu na cadeia um pequeno texto que tornou célebre a disjuntiva “socialismo ou barbárie”. O sujeito dialético da História, o proletariado, que ao emancipar-se emanciparia a humanidade, aderira, em vez disso, ao nacionalismo burguês apoiando a mais insana das guerras e se trucidava reciprocamente no campo de batalha. O Partido Social-Democrata alemão, o maior partido marxista do mundo, liderança do movimento operário, votara no Parlamento a favor dos créditos de guerra. Menos de um depois de iniciada a I Guerra, o entusiasmo das massas já cedera diante da visão dantesca dos campos de batalha e dizia Rosa Luxemburgo no artigo:
“Pisada, desonrada, patinando no sangue, coberta de imundície: eis como se apresenta a sociedade burguesa, eis o que ela é. Não é quando alimentada e decente, ela se traveste de cultura e filosofia, de moral e ordem, de paz e de direito, mas quando ela se assemelha a uma besta selvagem, quando ela dança o sabá da anarquia, quando ela sopra a peste sobre a civilização e a humanidade que ela se mostra cruamente como é na realidade.
“E no âmago deste sabá de feiticeira produziu-se uma catástrofe de alcance mundial: a capitulação da social-democracia internacional. Seria para o proletariado o cúmulo da loucura alimentar ilusões quanto a isto ou encobrir esta catástrofe: é o pior que pode lhe acontecer.
“Na guerra mundial atual o proletariado caiu mais baixo que nunca. Isto é uma desgraça para toda a humanidade. Mas seria o fim do socialismo apenas se o proletariado internacional se recusasse a avaliar a profundidade de sua queda e a tirar os ensinamentos que ela traz”
O artigo, a rigor, alterna afirmações que ainda trazem o traço da vitória final e necessária do proletariado e de como alcançá-la, com outras que admitem que a barbárie é uma alternativa real ao socialismo. Com a expressão “socialismo ou barbárie” Rosa Luxemburgo remete o seu leitor a um texto de Engels, 40 anos antes, que afirmava que a sociedade burguesa se via diante do dilema do avanço para o socialismo ou “recaída na barbárie”. E pergunta ela: “mas o que significa recaída na barbárie no grau de civilização que conhecemos hoje na Europa? ”:
“Nós estamos colocados hoje diante desta escolha: ou bem o triunfo do imperialismo e a decadência de toda civilização tendo como consequências, como na Roma antiga, o despovoamento, a desolação, a degenerescência, um grande cemitério; ou bem vitória do socialismo, ou seja, da luta consciente do proletariado internacional contra o imperialismo e contra o seu método de ação: a guerra. Eis aí o dilema da história do mundo, sua alternativa de ferro, sua balança no ponto de equilíbrio esperando a decisão do proletariado consciente”.

III

O artigo de Rosa Luxemburgo completou 100 anos. Decorrido esse tempo, a questão sobre ser possível a barbárie, sobre ser possível a derrota do projeto iluminista da razão, sobre ser possível a derrocada do processo civilizatório conduzindo a um mundo semelhante ao que se seguiu à queda da Roma antiga, persiste. Então, uma ensandecida guerra entre bandos imperialistas. Hoje, a hegemonia de uma lumpemburguesia ensandecida, degenerada, selvagem.
Marx usou a expressão lúmpen (que significa mais ou menos “trapo desprezível” em alemão) para designar a categoria de desenraizados que foi a massa social de apoio de Luís Bonaparte (o sobrinho de Napoleão que fez a história se repetir como farsa): libertinos decadentes, filhos arruinados da burguesia, gatunos, trapaceiros, desqualificados, etc. Mas também utilizou a expressão posteriormente para designar a aristocracia financeira parasita. O lúmpen tanto podia ser burguês quanto a escória da parte inferior da pirâmide social.
O economista marxista argentino Jorge Bernstein identifica a classe dominante global hoje como lumpemburguesia porque se funda no parasitismo financista. A financeirização do capitalismo é a base da degeneração que vivemos e é uma ameaça de retrocesso civilizatório. Derivados financeiros representam cerca de 20 vezes o Produto Bruto Global. Isto é, prossegue, parte de um processo mais amplo de parasitismo do sistema capitalista mundial, que também inclui “a hipertrofia militar, a narco-economia, o consumo conspícuo das elites globais”.
Assim, conclui, o núcleo central dominante transformou-se em casta parasita e “nesse sentido é possível estabelecer paralelos com outros declínios civilizatórios, como por exemplo o do Império Romano, a fase superior e final da chamada civilização greco-romana”.[i]
Na Argentina a lumpemburguesia representada por Macri preda e destrói. Cada grupo dominante saqueia despreocupado com o futuro. No Brasil o lumpesinato burguês de Temer em poucos e ensandecidos meses forja uma brutal transferência de renda para o parasitismo financeiro, deslocando recursos que são essenciais para uma população em grande parte miserável, com precário acesso a bens sociais como saúde e educação.
Mas tal degeneração, local e global, não pode prescindir de uma base social construída a partir de uma tremenda ofensiva ideológica. Ela faz a consciência das massas olhar para o lado errado, tal qual um prestidigitador que opera o truque com uma mão induzindo a plateia a olhar para a outra mão.
O inimigo não é quem preda a riqueza mundial e causa a sua insegurança social e econômica, mas, no ressentimento explorado por essa ofensiva ideológica, o imigrante, o que está mais abaixo na escala social, os negros beneficiados por políticas afirmativas. Xenofobia, individualismo, racismo, crença irracional na meritocracia, ausência de qualquer traço de solidariedade social elegeram Trump. Parece uma piada pronta da história que Trump se pronuncie como tramp, vagabundo. A alternativa, Hillary Clinton, admitia em correspondências privadas não ter qualquer escrúpulo em cometer crimes contra a humanidade matando milhares de sírios ou palestinos
A encruzilhada de que falava Rosa Luxemburgo está, pois, ainda tragicamente posta. Ou bem mergulhamos na barbárie ou bem a luta social consegue resgatar o projeto iluminista que desde o século XVIII, passando por Marx, que viu no socialismo a razão emancipadora da humanidade, tem sido o motor da resistência à opressão, à miséria, à exploração do homem pelo homem, à concentração e acumulação de bens por 1% da população, largando à própria sorte 99%, grande parte mergulhada em indizível miséria e odiando-se entre si.
Há um enorme potencial de resistência e ela é como o caminho que, dizia o poeta, se faz ao caminhar. Mas a barbárie avança e ela tarda. Resistir em cada escola, em cada universidade, em cada fábrica, em cada bairro, construir laços de solidariedade social, resistir denunciando as farsas ideológicas que conduzem explorados a odiar explorados.
É resistência ou barbárie.
Márcio Sotelo Felippe é pós-graduado em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo. Procurador do Estado, exerceu o cargo de Procurador-Geral do Estado de 1995 a 2000. Membro da Comissão da Verdade da OAB Federal.
Fonte: Tweets CARTA MAIOR

A regressão da velha mídia


Fofocas, distração, mentiras...
Confira atos que podem prejudicar a vida profissional

Fonte: BOL
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'El País': Mentiras e redes sociais 


Plataformas tecnológicas devem zelar pela veracidade das notícias que hospedam

Matéria publicada nesta sexta-feira (18) pelo jornal espanhol El País analisa que a proliferação de notícias falsas na Internet durante a campanha eleitoral norte-americana colocou o foco na responsabilidade dos gigantes da rede.

A reportagem conta que em empresas como Facebook ou Google apareceram links para sites cheios de calúnias, rumores e mentiras. E pelas redes sociais circulou todo tipo de mentira — desde que o papa Francisco apoiava Trump até que os Clinton tinham comprado uma mansão 200 milhões nas ilhas Maldivas — que tiveram centenas de milhares de acessos.

O diário espanhol acrescenta que no mundo digital, os meios de comunicação tradicionais encontraram nas redes sociais um aliado indispensável

El País considera preocupante que, em um país como os Estados Unidos, onde quase metade da população usa o Facebook como principal fonte de informação, esse tipo de conteúdo tenha influenciado na vitória de Donald Trump.

Cientes do alcance da enxurrada de notícias falsas ou mal-intencionadas, Google e Facebook se comprometeram a cancelar as contas e bloquear o acesso publicitário aos sites com mentiras flagrantes, relata El País.

É enorme o desafio que enfrentam, diz o texto de El País. Aplicar controles para separar a verdade da mentira é uma tarefa complicada, mas inevitável. Se quiserem ser um instrumento de comunicação útil e manter a confiança dos usuários, não têm escolha senão tomar medidas para desativar todo tipo de campanhas enganosas, especialmente se estiverem relacionadas com os candidatos à presidência da primeira potência mundial.

O diário espanhol acrescenta que no mundo digital, os meios de comunicação tradicionais encontraram nas redes sociais um aliado indispensável. Como empresas envolvidas na distribuição global de informações, Google e Facebook têm novas obrigações. Já não são apenas meras plataformas tecnológicas.

Da mesma forma que vetam determinados conteúdos, sejam mensagens de ódio ou imagens de nudez, devem zelar para que as notícias que hospedam sejam verdadeiras. Estabelecer bloqueios a sites mentirosos não significa abrir a porta à censura, finaliza El País.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Nos últimos vinte anos, com o surgimento da internete e das redes sociais, houve uma mudança radical nas formas de produção e apresentação de conteúdos, informativos ou apenas opinativos.

O que antes era quase de exclusividade da imprensa - rádio, jornais e televisão - passou a ser de esfera de todo cidadão, na medida que a internete confere palanque e visibilidade à qualquer pessoa que queira se manifestar. Vinte anos atrás, sem a internete, somente pouquíssimas pessoas conseguiam visibilidade na produção de conteúdos através de mídias que não fossem as tradicionais. Cabe lembrar, que a praça pública sempre existiu, desde tempos imemoriais. O mesmo para circuitos alternativos de diferentes expressões artísticas. Conseguir visibilidade, público e mesmo sucesso, era tarefa para poucos. No entanto, de uma maneira geral, o conteúdo vitorioso se mantêm ao longo dos anos, conquista a perenidade graças a qualidade contida nas produções.

Nos dias atuais, a produção artística, devido a precariedade de conteúdos e também a quantidade de obras, é esquecida apenas em poucos meses após o surgimento.

Na era da economia do descarte, a arte também é descartável, o que é lamentável e deprimente.

Por outro lado, não são poucos os artistas que através da internet, com produções artesanais, se firmaram no cenário nacional e mesmo internacional. A internete assim permite, como permite de tudo.

No campo do jornalismo, a mudança tem sido dramática, quase que paradigmática.

Atualmente existe uma grande quantidade de sites e blogs produzindo conteúdos jornalísticos e também opinativos, naturalmente em todos os níveis de qualidade.

Com isso, os grandes jornais, generalistas, são coisa do passado. Na era da internete, ao adquirir um jornal impresso em um dia pela manhã, o leitor, certamente, estará lendo informações ultrapassadas.

Estranho, ainda atualmente, é ouvir em um programa de rádio de fim de tarde e início de noite, o radialista dizer que as informações que o ouvinte está recebendo naquele momento são privilegiadas e estarão no dia seguinte nos jornais impressos para o leitor se aprofundar.

Atualmente, a maior parte das informações apresentadas em emissoras de rádio e de televisão, tem origem em sites e blogues da internete.

O caso mais emblemático é do jornalismo esportivo. Vinte anos atrás, para que um repórter esportivo tivesse acesso ao conteúdo de uma súmula de uma partida de futebol, não era uma tarefa tão simples. Exigia deslocamentos e gastava-se muito sapato. Atualmente, nos programa esportivos, quando a "notícia ou informação" apresentada é sobre uma súmula de uma partida, o jornalista obtêm a informação diretamente no site da entidade a qual o jogo está relacionado. Isso qualquer criança hoje em dia faz.

O mesmo se aplica aos vídeos com gols e melhores momentos apresentados pelos programas esportivos de televisão. Quase todas as federações , confederações e entidades que organizam e realizam competições, tem geração própria de imagem de jogos. Assim sendo, muitos programas esportivos de televisão, obtêm as imagens dos jogos nos sites da internete. Isso qualquer criança hoje em dia faz. Diante dos fatos, naturalmente se pergunta onde está o jornalismo, já que os assuntos debatidos em tais programas em nada diferem das conversas etílicas de rodas de botequim. O jornalismo, pode-se afirmar sem medo de acertar, se diluiu na internete e nas redes sociais, foi para a segunda divisão, está por lá já por um bom tempo, e luta para subir para a primeira divisão.

Com o jornalismo de uma maneira geral, o fenômeno é o mesmo, ainda que grandes empresas de jornalismo pratiquem algum tipo de jornalismo de fato.

Com isso, novos atores entraram em cena tornando-se referência na produção jornalística ou mesmo através de opiniões sobre temas e assuntos de interesse do conjunto da sociedade. Muitos não tem formação jornalística, mas cumprem muito bem o papel, assim como o uber em relação ao velho táxi. Assim é o avanço da tecnologia com seus desdobramentos na sociedade, incomoda um lado e agrada o outro. Interessante que são recorrentes as críticas de empresas de mídia e de jornalismo quanto a atuação dos novos atores da comunicação, no entanto, a maioria dessas empresas aprova o uber.

O fato, ao que se revela diante das letras do teclado que aguardam ansiosamente o toque, é que o jornalismo precisa se reinventar, rejuvenescer, recomeçar. Hoje, o cidadão comum subiu um degrau na escada da produção de conteúdos informativos e opinativos, e , de uma maneira geral, ali, no novo patamar, ainda se encontram a maioria dos jornalistas.

Uma vez juntos, e ao mesmo tempo separados, não é de se estranhar que o jornalismo das grandes empresas de mídia reproduza conteúdos das redes sociais sem nenhum tipo de filtro ou de confirmação da veracidade das informações, fazendo do 'ouvi dizer' ou do " alguém me disse" , conteúdos informativos, que por sua vez, serão reproduzidos por outras empresas da velha mídia.

O resultado é o que se vê; a precarização do jornalismo da velha mídia e a ascensão de novos atores empenhados em produzir conteúdos fidedignos e de qualidade.

Outro aspecto da evolução tecnológica, no tocante as redes sociais, diz respeito as supostas e limitadas diferenciações entre o real e o virtual.

Com a internete, um novo campo de atuação passou a fazer parte da vida social e assim foi imediatamente rotulado de virtual.

Ocorre que o chamado virtual se faz presente em várias esferas da vida das pessoas, até mesmo em cirurgias médicas, fazendo do real e do virtual expressões idênticas

Se assim é de fato, outras atividades comuns no "real" ainda estão longe de se manifestar no "virtual". Um exemplo pode ser a atuação das polícias. Na vida "real", a vigilância policial, ainda que não a desejada pela população, se faz presente no dia-a a dia das cidades, agindo de forma preventiva e corretiva. Comum e corriqueiro a detenção de infratores que cometam delitos nas ruas das cidades.

No campo "virtual", apesar de existirem delegacias próprias para os crimes de internete, a ação preventiva da polícia, tal qual ocorre no "real ", ainda é insignificante, ou quase nula, o que favorece a ação livre de criminosos.

Esse descompasso entre o real e o virtual revela um grande atraso entre os administradores municipais, estaduais e federal. Atualmente, no Brasil, somente ações de inteligência contra atividades associadas as diferentes manifestações do crime organizado tem algum tipo de rastreamento no campo virtual, o que já é alguma coisa, mas bem pouco para o conjunto de práticas criminosas perpetradas nas redes sociais, práticas essas se manifestadas no campo real teriam uma ação imediata dos órgãos de segurança pública. Outro agravante para esses crimes, que muitos, inclusive, são praticados por empresas de mídia, jornalismo, e até mesmo por autoridades dos Poderes da república que deveriam estar empenhadas em coibí-los.

Em suma, a internete e as redes sociais permitiram que o cidadão, através de novas formas de expressão, ocupasse palanques e bancadas privilegiadas, e , ao mesmo tempo, as empresas de comunicação e jornalismo que sempre desfrutaram de tais palanques e bancadas não evoluíram, ao contrário, regrediram, se misturando ao senso comum e ainda incentivando práticas criminosas entre a população.

Este blogue, O PAPIRO, é um blogue opinativo no campo do ecossocialismo anárquico.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A guerra está apenas começando

É tão agressivo o que está sendo feito com Garotinho quanto o que se fez com Caco Barcellos. 
E nos dois casos o ponto de referência é a Globo.

Fonte: CARTA MAIOR
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Vamos virar o país do “escracho”? Ou já viramos?

POR FERNANDO BRITO · 18/11/2016


A Justiça brasileira está dando um tiro no pé e fazendo nosso país regredir em matéria de respeito às instituições, ao se comportar – e não importa se são alguns juízes, se o Judiciário não lhes põe freios – de maneira sensacionalista que está fazendo.

A esta altura, os observadores que acompanham a situação brasileira – e há muitos, até em razão da repercussão internacional da “temporada de caça” que aqui se abriu – devem estar horrorizados com o clima de linchamento que, pouco importa se voluntariamente ou não, está sendo criado em nosso país.

A exibição das cenas deploráveis da resistência de Anthony Garotinho em ser retirado de um hospital para um presídio e a divulgação das fotos de Sérgio Cabral tomadas para sua ficha de identificação prisional são algo que não se dá em qualquer país civilizado.

Seja qual for o julgamento pessoal que se tenha sobre eles, a lição do respeitadíssimo penalista pernambucano Aníbal Bruno, há 40 anos, segue atual:

Por mais baixo que tenha caído o indivíduo, haverá sempre, em algum recanto do seu mundo moral, um resto de dignidade […] que o Direito não deve deixar ao desamparo. Ninguém ficará ligado a uma espécie de pelourinho, onde seja exposto sem defesa ao vilipêndio de qualquer um.

Não é uma questão política, é judicial. Tanto que você não viu nada semelhante com pessoas notórias detidas em parte alguma do mundo, onde o Judiciário não se vê como promotor de espetáculos.

Aqui, a prisão preventiva virou “arroz de festa”: decreta-se com razão ou sem razões.

E o que não se vê acontecer no mundo dito civilizado, o dito mundo civilizado vê que acontece aqui.

Duvido que até gente tíbia, na alta cúpula do Judiciário, que deveria estar exercendo – e já deveria ter exercido, faz tempo – suas responsabilidades não esteja constrangida com o clima que se instalou e nos tornou o país do “escracho”.

Mas não pode reagir mais, porque agora será linchada pela mídia também, se o fizer.

Ou alguém acha que o conceito absurdo de que o STF é “um puxadinho do PT” é só da horda que invadiu a Câmara, esta semana.

A imagem do Brasil ganhou mais um fator de erosão, já não bastassem a crise econômica e o processo que levou à ascensão de Michel Temer ao poder.

Será que alguém, em sã consciência, agora pode achar que foi um erro a queixa de Lula à ONU?

Escrevam o que digo. Haverá um movimento igual e contrário , um repuxo desta onda insana que se vive.

Quem (sobre)viver verá

Fonte: TIJOLAÇO
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É a república midiática - judiciário - empresarial em ação.
A população já vem tomando consciência e resolveu agir.
Naturalmente, o povo ataca o alvo mais próximo, mais fácil, e esse alvo é a imprensa.
Infelizmente jornalistas sérios tem sido alvo, mas talvez seja esse o preço que a mídia, inicialmente, tenha a pagar.
Atacar o Judiciário é mais complexo e os empresários estão escondidos.
A imprensa está nas ruas e é alvo fácil.
A guerra está apenas começando.

O repuxo, ou refluxo, a que se refere Brito em seu artigo, já se faz notar.

Manipulação

Entendam como eles manipulam as delações premiadas, são desmascarados e obrigados a voltar atrás.

Andrade Gutierrez e e Temer 2
Fonte: CARTA MAIOR
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O ex-presidente da Andrade Gutierrez mostrou o quanto a Justiça pode ser ridicularizada.
Postado em 18 Nov 2016
por : Carlos Fernandes


O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo

E quando você imagina que não existe mais forma possível da justiça brasileira ser ridicularizada, eis que o ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, presta um segundo depoimento ao TSE para “esclarecer” a sua já desmentida delação.

Após ter sido miseravelmente desmascarado pela defesa da ex-presidenta Dilma quanto à sua afirmação de que teria pago R$ 1 milhão de propina em forma de doação ao diretório do PT, Azevedo agora muda completamente a sua versão.

Depois que a cópia do cheque nominal ao golpista Michel Temer circulou pelos quatro cantos do universo conhecido, subitamente, não mais do que subitamente, uma clarividência divina iluminou a memória do nosso querido corruptor ao encontro da “verdade”.

Sem qualquer constrangimento, o iluminado “retificou” as suas declarações e o que antes foi posto como fruto de propina paga “certamente” ao PT, como que num passe de mágica, fazia parte do “cofre em separado” em que as “doações lícitas” eram realizadas aos sempre honestos convivas do PMDB, PSDB, DEM e demais incólumes partidos políticos.

A mais nova – e cabível – versão dos fatos, surgiu nesta quinta (17) em novo depoimento tomado pelo ministro do TSE, Herman Benjamin. O magistrado ouviu do depoente que houve uma “confusão” de sua parte e que à luz dos acontecimentos, não houve nenhum valor de propina da Andrade Gutierrez paga à companha Dilma-Temer de 2014.

Fico aqui me perguntando: quantas “confusões” essa verdadeira procissão de delatores teria “cometido” à medida que os investigadores deixavam claro que a única razão de ser de tudo isso é incriminar o PT, a esquerda e todos os movimentos sociais e democráticos deste país?

Independente das conclusões que inevitavelmente podemos chegar, o caso é que temos aqui mais uma prova incontestável da parcialidade descarada com que a grande mídia, a Polícia Federal, promotores e juízes vem conduzindo os trabalhos de apuração dos indícios dos crimes investigados.

Outorgar qualquer benefício previsto na lei de delações para um sujeito que claramente obstruiu a justiça prestando falso testemunho no intuito evidente de prejudicar um dos acusados, não só é uma afronta à sociedade civil quanto um atentado ao ordenamento jurídico provocado pelos próprios membros do judiciário.

Isso, é claro, num país onde as instituições realmente funcionam e que goza de uma justiça verdadeira imparcial, o que, cristalino está, não é o caso do Brasil. Devemos lembrar que a favor das “confusões” de Azevedo, existe sempre o inestimável incentivo dado pelo juiz Sérgio Moro. Condenado a 122 anos de prisão, o seu velho conhecido do Banestado, Alberto Youssef, após inúmeras “confusões” e irrisórios 2 anos e oito meses de cadeia, poderá agora usufruir de uma bela vista na zona sul de São Paulo.

Assim funciona o sistema para aqueles que contribuem para os grandes interesses envolvidos. E, sabemos todos, não cabem em termos publicáveis.

Tudo exposto, no pastelão mexicano que se transformou todo o processo penal ligado à operação Lava Jato e à cassação da chapa Dilma-Temer, apenas duas certezas são admitidas: 1) a de que jamais criminosos se sentiram tão a vontade para mentirem e 2) a de que os juízes envolvidos nunca se sentiram tão lisonjeados por terem criminosos apoiando a sua forma de fazer política.


Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Imprensa é descoberta

O Globo e a descoberta da pólvora
POR FERNANDO BRITO · 18/11/2016



A troco de um trocadilho, a capa de O Globo, hoje, é uma confissão.

Cabral foi só foi descoberto da “cobertura” que sempre lhe deu a mídia.

Aliás, O Globo, especialmente.

E não por falta de capacidade de seus repórteres, como o brilhante Chico Otávio, autor da detalhada reportagem que veio à tona ontem, depois da prisão de Sérgio Cabral, não antes.

O Globo não viu, por acaso, a manchete da página 25 do falecido Jornal do Brasil, em dezembro de 1998, reportagem de Mauricio Dias e Renato Cordeiro, onde ninguém menos que seu correligionário Marcelo Alencar – os dois eram do PSDB – denunciando que a mansão de Cabral, então em construção, era produto de dinheiro escuso?

O governador Marcello Alencar enviará ao Ministério Público dossiê com provas que, segundo anunciou ontem, “caracterizam práticas delituosas” e sinalizam “provável enriquecimento sem causa” do presidente da Assembléia Legislativa do Rio, Sérgio Cabral Filho (PSDB). O governador tem tomadas aéreas da casa que Sérgio Cabral Filho possui no Condomínio Portobelo, um dos mais luxuosos de Mangaratiba.

A propriedade, com uma casa importada dos Estados Unidos de 800 metros quadrados, num terreno de 5.000 metros quadrados, tem valor aproximado de R$ 1 milhão. “Esses documentos podem desfazer uma imagem duplamente incorreta: a que Sérgio Cabral Filho faz de si próprio e também a imagem que ele tenta criar para os outros contra os quais atua”, atacou Marcello Alencar

Cabral ficou “coberto” durante muito tempo e a história a ser descoberta é porque, de repente, o descobriram.

Com o cuidado de, na véspera, “encanar” Anthony Garotinho e evitar que este “faturasse” a prisão de Cabral, agora que a vitória de Marcello Crivella no Rio o fortaleceu.

Ou alguém acha que os dois, lambuzados há quase 20 anos, foram alvos de prisão, com horas de intervalo, apenas por acaso?

Contem outra ou a outro, aqui não “cola”

Fonte:  TIJOLAÇO
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A mídia esquece antigas alianças e entra na caça aos políticos, mas não os do PSDB

18/11/2016 Luis Edmundo

Espiando o poder: análise diária da grande imprensa
Foto: Guito Moreto/Agência O Globo
Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho

A foto aí de cima estampa as capas do Globo e da Folha de São Paulo de hoje. O Estado de São Paulo vem com outra imagem do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral Filho, entrando no complexo penitenciário de Bangu, ao lado de outro ex-governador, Anthony Garotinho, esperneando na imagem de Alexandre Cassiano, do Globo, que vai aqui embaixo. A mídia familiar esquece alianças duradouras e lembra de outras esporádicas para continuar a confundir a população. O Globo, por exemplo, que apoiou Cabral incondicionalmente durante seus dois mandatos, diz numa das onze páginas sobre o assunto que "aliados, agora, negam antiga proximidade". Não há menção na matéria, logicamente, ao apoio irrestrito que o próprio jornal deu ao ex-governador, fazendo vista grossa às estripulias que ontem causaram sua profissão, conhecidas há tempos. Cabral é do mesmo PMDB de Michel Temer, Eduardo Cunha, Moreira Franco et caterva. O filho dele, Marco Antonio, deixou seu cargo no governo estadual para votar pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, mas é ela, Dilma, que aparece no texto como aliada do ex-governador. E a manchete de ontem do Estadão, sobre suspeitas em obras da gestão de José Serra em São Paulo, já sumiu do noticiário, e na Folha a chamada de capa, ao lado da foto de Cabral preso, avisa que "TJ também absolve os acusados no caso da cratera do metrô".
Fonte: O CAFEZINHO
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As armações de Cabral são de conhecimento da população do Rio desde longas eras.
Globo, por outro lado, sempre protegeu, deu cobertura, agasalhou Cabral Junior.
Ainda em 1996, bem antes de Cabral chegar ao governo do estado, Globo apoiou o jovem político promissor, na época no PSDB, na campanha para a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, em uma disputa com Conde.
Conde venceu.
Quanto a Garotinho, eleito governador do estado em 1998, sempre foi duramente perseguido por Globo, o mesmo acontecendo com Rosinha Garotinho, eleita governadora do estado em 2002.
Na eleição de Rosinha, um colunista de O Globo talvez inconformado com a vitória de Rosinha, disse , na época, que a governadora tinha muito cabelo, em crítica a sua aparência.
Com esse circo de prisões em série, o que vem a tona de forma translúcida e inquestionável , é um processo que tem por objetivo acabar com o PT e , principalmente, conseguir chegar em Lula.
Não for
A cada dia a população vai descobrindo a verdade sobre o "combate a corrupção" em curso no país, assim como o papel da imprensa no processo. Tão logo noticiada a prisão de Garotinho, pequenos grupos ostentavam cartazes acusando a polícia de prender aquele que dá comida aos pobres. Isso não significa dizer que Garotinho não tenha feito travessuras que justificassem sua prisão, no entanto, o povo percebe, ainda que somente por flashes, o processo em curso.
Para colar as mentiras, se necessário for, a imprensa se utiliza de piscinas roubadas, pedalinhos, simples apartamentos que se transformam em mansões, roubo da faixa presidencial e até mesmo de inocentes úteis alcoólatras.
Cabe ainda lembrar que o Grupo Globo, através da Fundação Roberto Marinho, se beneficiou de vários projetos na área cultural durante a gestão, ainda em curso, da prefeitura do Rio, também do PMDB.
Resta saber sobre que projetos Globo teria se beneficiado durante os oito anos da gestão Cabral.
O mesmo Cabral, do mesmo PMDB, que Globo "desconhecia".

Vanguarda do Conhecimento



Em um momento em que:


- zumbis fascistas invadem a Câmara dos Deputados pedindo intervenção militar no país por conta de um suposto avanço comunista;

- grupos separatistas crescem no país;

- socialites batem panelas em suas gigantescas e luxuosas varandas;

- Lula é acusado pela imprensa quixotesca de ter levado a piscina do palácio do planalto para sua casa;

- a mídia brasileira mergulha o país e a população em profunda idiotice e ignorância;

- juízes dizem em alto e em bom som que não necessitam de provas para condenar uma pessoa;

- promotor vem a público afirmar que a convicção é mais forte que a prova;

- o neoliberalismo entra em estado terminal no mundo e o Brasil do governo do golpe tenta implantar no país um neoliberalismo pleno;

- o mundo entra em processo de desglobalização;

- a ONU afirma que 2016 será o ano mais quente da história e que dos 17 anos mais quentes desde o início da revolução industrial( + ou - há 200 anos ), 16 aconteceram neste século;

- a temperatura média do planeta, que no início da revolução industrial era de 15°C, hoje é de 16,2°C,

nada como se deleitar com o conhecimento para se manter em perfeita sintonia com a realidade.

O artigo abaixo, de autoria de uma pesquisadora do Centro de Medicina Nuclear da Universidade de São Paulo - USP -, sabidamente a mais conceituada universidade da América latina, foi escrito no ano de 1990. Naturalmente, muitos avanços já ocorreram na ciência nos últimos 26 anos e vários dos temas tratados pela pesquisadora e professora já evoluíram em muito em comparação com a abordagem apresentada, no entanto, para o universo midiático brasileiro, o conteúdo abaixo ainda soa como milagre , ficção científica, e , até mesmo , coisa de maluco.

Como por aqui no PAPIRO o universo da grande mídia não tem vez, sugiro ao caro leitor uma leitura atenta e tranquila do artigo, e, claro, reflexões e insights profundos.



O  IMPACTO  DA CIÊNCIA  SOBRE  A VISÃO DO MUNDO


Verônica Rapp de Eston -Professora associada aposentada da Faculdade de Medicina e co-fundadora do Centro de Medicina Nuclear da Universidade de São Paulo

Artigo publicado na Revista THOT, edição n° 53, de 1990


Em vários momentos da história da humanidade, o desenvolvimento científico teve um impacto decisivo sobre a visão de mundo. Na Mesopotâmia, por volta de 4500 a.C., a partir da observação do movimento dos astros, surgiram a astrologia, a física e a matemática e, em decorrência disso, uma classe de sacerdotes cuja influência foi predominante durante muitos  séculos. As descobertas científicas do século XVI levaram ao que, posteriormente, foi chamado de "revolução copernicana". Graças as observações celestes propiciadas pelo desenvolvimento do telescópio ( Nicolau Copérnico, 1473-1543), Galileu Galilei concluiu que o universo não era geocêntrico, isto é, não girava em torno da Terra; esta, sim, girava em torno do Sol. Ao afirmá-lo ele contradizia frontalmente os ensinamentos da Igreja, tendo sido, por isso, obrigado a abjurar, para não ser queimado por ordem da Inquisição.

Em consequência de tais observações realizadas pelo homem, houve um tremenda aceleração nas ciências físicas e um declínio da força política da Igreja. Grande parte das questões relativas à posição do planeta Terra no universo e à natureza e significação dos corpos celestes deixou de ser da alçada da teologia e da filosofia e passou para o campo da pesquisa empírica; problemas que antes  eram submetidos à  apreciação das autoridades eclesiásticas ou de eruditos passaram a ser o objeto de observações sistemáticas e experiências.
Essa transferência de autoridade propiciou um novo conhecimento do homem e de seu universo, permitindo  a "explosão da ciência", que desde então tem exercido uma poderosa influência sobre a imagem e a concepção  de humanidade. Entretanto, a ciência está novamente no limiar de uma série de transformações, cujas consequências podem ter um alcance ainda maior do que aquelas que emergiram das revoluções de Copérnico, Newton, Darwin e Freud.
Questões relativas à consciência e à percepção, experiências subjetivas  e transpessoais, as raízes dos postulados de valores fundamentais e assuntos correlatos constituem hoje um grupo de preocupações que, tal e qual aquelas relativas ao universo físico, começam a se deslocar da esfera das investigações teológicas e filosóficas para o domínio da pesquisa empírica.
O espírito da ciência clássica é de indagação aberta e sem preconceitos a respeito de tudo aquilo que interesse ao pesquisador. Segundo Conant ( 1951), a ciência clássica assenta sobre os seguintes axiomas:
- a razão é o instrumento supremo da humanidade;
- o universo é basicamente físico e ordenado;
- essa ordem pode ser descoberta pela ciência e definida o objetivamente;
- a observação e a experimentação são os únicos meios válidos para  descoberta da verdade científica, que é sempre independente do observador;
- os conhecimentos adquiridos pelo uso da razão libertarão a humanidade da ignorância e conduzi-la-ão a um futuro melhor.

Tais axiomas, no entanto, frente aos recentes progressos em diversas fronteiras da indagação científica, tornaram-se menos seguros.

Paradigmas em transformação

Existe uma relação recíproca entre a pesquisa científica e a sociedade em que ela emerge. Os conhecimentos científicos geram aplicações tecnológicas que, por sua vez, modificam o ambiente cultural.
A lenda grega de Prometeu ilustra magistralmente esse aspecto da ciência. O audacioso Prometeu roubou o fogo dos deuses e, dessa maneira, deu ao homem o controle sobre seu próprio destino. Epimeteu, seu irmão, deleitava-se em brincar com aquelas descobertas, inconsciente das suas consequências. Irados com o roubo, os deuses vingaram-se; enviaram a Epimeteu uma esposa, Pandora; ela possuía uma caixa que, uma vez aberta, derramava sobre a humanidade doenças e aflições; somente a Esperança permanecia na caixa, a fim de preservar o equilíbrio mental do homem diante de seu novo infortúnio.
A respeito disso , De Ropp ( 1972) assim se expressa: " Nossa  época, a idade dos novos Prometeus, ilustra, como nenhuma outra, a profundidade do mito de Prometeu. Jamais os Prometeus  foram tão ousados ou os Epimeteus, tão imprudentes, e nunca a caixa de Pandora esteve tão abarrotada de ameaças".
Os mitos e as imagens de uma determinada cultura, por seu lado, influenciam de maneira marcante aquilo que parece ser possível e tudo o que é aceito cientificamente ou de outra maneira.  As observações não são independentes do observador, como ressalta o físico nuclear Martin Deutsch (1959):" No meu próprio trabalho fiquei perplexo pela maneira como uma ideia preconcebida do pesquisador pode influir sobre os resultados das suas observações. Thomas Kuhn (1970) usou a expressão "paradigma científico" para descrever o modelo geral segundo o qual o homem percebe, conceitua, e valoriza os dados da realidade de acordo com uma determinada imagem dela que prevalece na ciência, ou em certos ramos da ciência, em dada época. Considera-se  "ciência normal " o conjunto desses paradigmas aceitos num contexto definido. Quando há um acúmulo de dados discrepantes ou anômalos em relação aos paradigmas "normais" acontecem os períodos de crise na ciência, para que então se retomem certos temas rejeitados e tidos como tabus durante anos. É como dizia Bernard Shaw: " Todas as grandes verdade começam como blasfêmias ". Eis apenas alguns exemplos bastante conhecidos: as críticas feitas por Galileu e outros ao geocentrismo, que por pouco não os levaram à fogueira; as descobertas de Mendel, em 1865, relativas aos genes, que permaneceram ignoradas por 35 anos; o estudo da anatomia, durante anos considerado uma violação do "templo do corpo"; as teorias de Darwin sobre a evolução das espécies, ridicularizadas e rejeitadas durante praticamente toda a sua vida, e que ainda hoje se chocam com conceitos religiosos mais estreitos sobre a " criação do homem".
No século XVIII houve uma grande controvérsia quanto aos meteoritos , pois não se aceitava que aquelas rochas pudessem ter caído do céu; assim , os museus os jogavam fora por não serem "reais". Hoje, os cientistas  se consideram mais esclarecidos e abertos a novas descobertas; no entanto, subsiste uma série de preconceitos: não há explicação para os OVNIs, mas eles podem ser observados; nota-se uma resistência às pesquisas ligadas ao cérebro e à mente; os fenômenos de percepção extra-sensorial são analisados com descrença pela ciência oficial.
Verificamos , assim que uma determinada visão de mundo - seja da população em geral, seja dos meios científicos - pode vir a se constituir um obstáculo para o desenvolvimento de conhecimentos importantes e, muitas vezes, fundamentais para o homem.

As limitações do processo científico em si

 A atividade humana em que  ciência se baseia  é a observação e o seu registro, o que representa limites impostos pelo próprio processo de descrição. A esse respeito, Margenau (1963) assim se expressa: " A ciência não mais contém verdades absolutas. Começamos a duvidar de proposições fundamentais, tais como o princípio de conservação da energia, o princípio de causalidade e muitas outras que pareciam firmes e inabaláveis no passado".
Outra limitação importante é a orientação, mais ou menos exclusiva, pra uma maneira analítico-racional de resolver os problemas, embora muitas das descobertas fundamentais da ciência- desde Arquimedes, passando por Newton e Einstein - tenham decorrido de um lampejo de revelação conhecido como "intuição" e só, a posteriori, sido comprovadas experimentalmente. A ciência ocidental tem encontrado dificuldades em definir a intuição. Segundo pesquisas recentes, constatou-se que a capacidade  de expressão lingüística e o raciocínio analítico estão associados ao lado esquerdo do cérebro, enquanto o lado direito lida com a percepção sintética, global. Ao se levar em conta somente as funções da porção esquerda do cérebro, deixa-se de admitir a intuição.
A terceira limitação do processo científico é a especialização ou fragmentação da pesquisa científica, um subproduto da complexidade crescente da ciência. Apesar dos avanços que proporcionou, a especialização tem levado à perda da visão de conjunto a à dificuldade na interpretação global dos fenômenos.
Em decorrência disso  surgiu o método reducionista, assim descrito por Ashby (1973): " Na presença de um sistema, o cientista responde, automaticamente, desmanchando-o em pedaços. Os animais foram reduzidos  a órgãos e, estes, estudados microscopicamente como células; as células foram estudadas como coleção de moléculas e, estas, decompostas em átomos. Os reducionistas afirmavam como dogma  que toda ciência deveria necessariamente avançar dessa maneira." Conheça as propriedades de cada parte e, ao juntar todas as partes, conhecerá o conjunto'. Esse método, levado ao absurdo,  conduz à afirmação de que 'a vida nada mais é que física e química'. Szent-Gyorgi(1961) chega a declarar que 'a biologia depende do critério do físico'." No século passado houve grande progresso ao se utilizar tal método, pois eram estudados sistemas em que havia pouca ou nenhuma  interação entre as partes ( nesse caso, o todo seria a soma das partes). Contudo, nos sistemas que envolvem múltiplas interações entre as partes componentes - como os biológicos ou os ecológicos - a teoria reducionista não consegue explicar o funcionamento do todo.
Por fim, está sendo questionada  também uma ideia clássica da ciência, a de que o mundo objetivo explorado pelos vários métodos científicos é independente da experiência subjetiva do pesquisador. Na física das partículas, a perturbação do sistema objetivo pelo ato da observação passou a ser conhecida  como "princípio da incerteza de Heisenberg". Mas é na área das pesquisas psíquicas que ela pode ser detectada com maior nitidez, pois os fenômenos psíquicos só terão uma realidade em si se mente do observador for parte integrante do experimento.
Assim , a atual visão de mundo foi grandemente influenciada pelo conhecimento do mundo físico, o que contribui para a ênfase materialista da cultura como um todo. O desenvolvimento da ciência contemporânea desafia os velhos paradigmas científicos, influindo decisivamente sobre a formação da imagem do homem. Um não é a causa do outro, mas ambos devem se mover conjuntamente.

Fronteiras cruciais na pesquisa científica

Contestações aos paradigmas  passados tem surgido em fronteiras avançadas das pesquisas. Isso se dá em campos os mais diversos - a física, a biologia, a psicologia, a parapsicologia, etc. - como mostraremos a seguir.

Física moderna e cosmologia

Idéias novas e revolucionárias começam a se desenvolver a partir de 1870, quando Clifford sugere que uma partícula de matéria não passa de uma espécie de montículo no espaço geométrico. Pesquisas posteriores, de Maxwell, Planck e Einstein, culminaram na afirmação de Bohr: a luz tanto poderia ser onda como partícula. Einstein reuniu as noções de tempo e espaço na sua Teoria da Relatividade Geral e, sugeriu não somente que matéria  e energia dividem a mesma equação, mas que a gravidade também pode ser incluída numa teoria de campo unificado. Repentinamente, o universo  se transformava em pura geometria. Nas palavras de Margenau ( 1963): " O átomo sólido e duro transformou-se , quase que completamente, em espaço vazio. Os elétrons podem ser pontos, singularidades matemáticas, perseguindo o espaço".
Na realidade tudo parece estar recuando.  Como a   relatividade Geral predisse, o universo está em contínua expansão. Ultrapassamos a limitada visão copernicana do astro solar com seus planetas e descortinamos uma imensa galáxia em forma de disco com 100 mil anos luz de diâmetro, povoada de 100 bilhões de estrelas, expandindo-se a uma velocidade de 35 quilômetros por segundo. E essa é apenas uma das muitas galáxias existentes num universo cujo limite conhecido está a bilhões de anos luz de distância e repleto de milagres estranhos, como quasares, pulsares e buracos -negros. Em meio  a isso, levantam-se postulados mais estranhos ainda, como antimatéria, o tempo retrocedendo, massa negativa e partículas que viajam a velocidades maiores que a luz.
Além disso, como dizia Jeans (1973), " o universo começa a se assemelhar mais a um grande pensamento do que a uma grande máquina ". A física moderna e a cosmologia colocaram a humanidade em um universo imensamente mais rico e extraordinário do que a visão copernicana poderia imaginar. Segundo LeShan (1969), a imagem do homem cósmico, na física moderna, é muito semelhante à do "homem no universo " das filosofias orientais: nestas, a realidade é aparente,dinâmica e habitada tanto pela harmonia quanto pela singularidade (estranheza). Antes, a interpretação histórica do tempo  era subordinada à busca de poder, simbolizada pela mecânica newtoniana, que tratava os corpos que se movem no espaço como recipientes inertes, desprovidos de energia. A idéia do espaço-tempo de Riemann, mostra já um forte toque chinês: " Campos de força compõem e extensão do universo, que apresenta uma infinidade curvilínea".

Outras ciências físicas e biológicas

Em duas áreas das ciências físicas houve um impacto fortíssimo sobre a imagem do homem. Uma delas diz respeito a entropia², cujo conceito emergiu do estudo da termodinâmica³. De acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica, os sistemas isolados tendem naturalmente para um estado de desordem máxima e o universo será fatalmente invadido pelo caos. Sendo essa uma lei da natureza, nada pode ser feito para evitá-lo; o ser humano e a vida passam a ser vistos como insignificantes, não existe um processo possível de evolução, pois o universo está em decadência. Todavia, Huxley(1963) e outros contrapuseram o argumento de que os sistemas vivos esto sujeitos a condições diferentes. Assim , a entropia deve ficar restrita ao tratamento de sistemas fechados, em estado de equilíbrio e sem intercâmbio com o meio ambiente. Os sistemas vivos, ao contrário, são abertos e estão em constante troca com o seu meio ambiente; portanto, o resultado final será diferente. A situação atual da física, onde não é mais possível a certeza absoluta, nos adverte de que  os paradigmas científicos são falíveis.
De maneira semelhante, a visão mecanicista da cibernética de que " o cérebro é simplesmente uma máquina de carne" se transformou no conceito de que o computador é uma extensão do sistema nervosos humano. Porém, segundo McLuhan, os computadores  poderão somente aumentar o intelecto humano, jamais terão consciência de si mesmos, como o homem. A consciência humana parece ter propriedades que nunca poderão ser criadas artificialmente.

O ser humano como espécie

Os estudos da dinâmica de crescimento da população humana demonstram que a humanidade apresenta características de crescimento semelhantes às de outras espécies vivas. No início, deve ser garantida a sobrevivência do indivíduo através da competição e da permanência do mais apto. Mais tarde, o que importa é o comportamento global da espécie, isto é, a cooperação e a permanência do mais sábio. Essas pesquisas revelam que o homem precisa evoluir apoiado numa imagem de seu ser que leve em conta a sobrevivência de toda a espécie.
Intimamente relacionados a estes conceitos estão os estudos da ecologia, que modificaram totalmente a imagem do homem. Ele deixou de ser o conquistador da natureza e passou a cooperar com ela, pois se deu conta de que há  uma interdependência entre a existência humana, a de outras espécies e o meio ambiente como um todo.
Por outro lado, a teoria da evolução se ampliou, passando do nível das espécies para o nível molecular-atômico. Darwin (1859) foi o primeiro a considerar a inter-relação de todas as espécies, como um todo em evolução. A revelação da existência dos genes, por Mendel, evidenciou o mecanismo da hereditariedade, e a descoberta levada a cabo por Watson, em 1953,  de que o DNA(4) é o veículo da informação genética, levou os conhecimentos ao domínio molecular.
Essas descobertas desencadearam um acirrado debate sobre a importância do acaso ou do determinismo no processo de evolução. Monod (1971) afirma  que "somente o acaso é a fonte de todas as inovações, de toda a criação na biosfera". Dessa maneira, a espécie humana seria puramente um resultado do acaso. Entretanto, outros pesquisadores, como Waddington e Weiss (1969), declaram que o gene sofre influência do meio molecular e orgânico. Os sistemas que se desenvolvem pela evolução seriam, assim, os cadinhos de um processo criativo ( Dobzhansky, 1971), e a evolução tenderia a sistemas cada vez mais complexos e sofisticados. Em nossa espécie, a cultura é um fator de influência devido ao cérebro, órgão cuja evolução é favorecida por sua capacidade de permuta de experiências e pensamentos ( Foerster, 1971). Teilhard de Chardin já havia observado, em 1961,  que " a evolução é uma ascensão em direção à consciência". Em função disso , o homem estaria na vanguarda desse processo cósmico de evolução ( Huxley, 1963).

Biologia molecular e genética

Os atuais desdobramentos das ciências biológicas  revelam que a unidade básica da vida é a célula e que suas informações são armazenadas nas moléculas de DNA dos genes. Essa descrição totalmente física dos sistemas vivos ameaçou as filosofias "vitalistas", que defendiam o ponto de vista da existência de um componente especial, não físico, nas entidades vivas. Segundo Hayes (1971), essa visão do homem como um produto final complexo e mesmo previsível de uma evolução macromolecular terá, certamente, um efeito profundo sobre as nossas atitudes sociais , éticas e políticas.
Atualmente predomina o conceito de que o homem é o resultado final de sua constituição genética, que lhe fornece o potencial sobre o qual atuam as experiências adquiridas, principalmente, na primeira infância; os genes dariam ao homem o potencial a ser modelado pelo meio ambiente. Entretanto, o conceito de carma das doutrinas do Oriente sugere que, no futuro, outras influências poderão ser incluídas.
As noções mais recentes de engenharia genética e de clone(5) aventam a possibilidade de manipulações genéticas por parte do próprio homem, quando a natureza humana estaria sujeita à sua escolha, o que poderia reavivar processos de eugenia(6).

Exobiologia e origem da vida

As pesquisas de Miller (1963) e Fox (1971) demonstraram que os aminoácidos podem se formar espontaneamente a partir de seus componentes químicos elementares e dar origem a formas mais complexas de proteínas, principal componente dos organismos vivos.  Por outro lado, descobriu-se que,  desde a formação do nosso planeta até o aparecimento das formas de vida mais simples, meteoros trouxeram do espaço milhões de toneladas desses mesmos aminoácidos para a Terra.  Oistraker (1973) assim se expressa: " Os átomos do seu corpo já passaram por vários astros , eles já foram ejetados, muitas vezes, como gases de estrelas em explosão ". Tais noções fomentam a procura de outras formas de vida nos planetas de nossa galáxia e conduzem à "biologia cosmológica ", conforme definida por Bernal ( 1965): " Uma biologia verdadeira, em seu pleno sentido, seria o estudo da natureza  e atividade de todos os objetos organizados onde quer que sejam encontrados nesse planeta, em outros do sistema solar, ou em outras galáxias, em todos os tempos, no passado ou no futuro".
Sem dúvida alguma, o aumento dos conhecimentos nessa área é de primordial importância para as mais profundas e antigas questões biológicas e filosóficas e terão um impacto decisivo sobre os nossos sistemas religiosos, filosóficos e políticos (Handler, 1970).

Pesquisas do cérebro

Na medicina, uma das fronteiras que mais avançam é a da pesquisa das funções cerebrais. Os primeiros estudos do cérebro já demonstravam, no final do século XVIII, que ele pode ser exitado eletricamente. Do fim do século passado a meados deste, as pesquisas permitiram o mapeamento minucioso das áreas do cérebro por meio de eletrodos finíssimos introduzidos em inúmeros pontos, com estimulação elétrica posterior. Segundo Delgado (1969), " o estímulo elétrico de estruturas cerebrais específicas pode provocar, manter, modificar ou inibir funções autônomas e somáticas, o comportamento individual e social e as reações emocionais e mentais tanto no homem como em animais. O controle físico de inúmeras funções cerebrais é um fato demonstrado, porém as possibilidades e limites desse controle ainda são desconhecidos".
De igual importância são os resultados de pesquisas mais recentes sobre a química das funções cerebrais, de acordo com os quais a desnutrição pode produzir sérios danos para o cérebro em desenvolvimento. Outras teorias sugerem o envolvimento de processos químicos no cérebro relacionados com a aprendizagem e a memória; por meio de experiências realizadas em camundongos de linhagem altamente purificada, detectaram-se diferenças genéticas naqueles processos. Foram descobertas também muitas substâncias químicas cujos efeitos vão desde a alucinação até a tranquilização e o transe.
Baseando-se nessas pesquisas, Delgado propôs uma sociedade psicocivilizada, que seria manipulada por processos elétricos, semelhante às sociedades controladas descritas por Huxley ( Admirável mundo novo) e Orwell ( 1984).
Outros estudos focalizam a divisão do cérebro em duas metades, sendo a esquerda a que fala, raciocina, lê esta página, por exemplo, e a direita a responsável  pela orientação no espaço, a imagem corporal, o reconhecimento de faces, etc. Esta parte processa a informação de maneira mais difusa e integra informações com maior rapidez; a esquerda é analítica e reducionista, a direita holística(7) e interativa. Sperry (1967) observa que essa assimetria funcional do cérebro parece ser exclusiva dos mamíferos superiores e está mais desenvolvida no homem. Nos indivíduos normais, ambas as partes estão conectadas e há um intercâmbio de informações. O estudo das complexas inter-relações de ambas apenas se inicia e ainda esbarra em dificuldades quando se trata das funções mentais mais elevadas e de especificar quais os centros que governam as diferentes atividades.
As técnicas de feedback (8) mais recentes trouxeram uma grande contribuição nessa área. No Ocidente, fazia-se uma distinção entre o sistema nervosos voluntário ( autônomo) e o involuntário ( vegetativo ). No Oriente, por outro lado, há milênios se afirma que qualquer função do corpo pode ser modificada conscientemente, o que tem sido confirmado pelas últimas pesquisas - pode-se  controlar as funções orgânicas mediante um treinamento adequado. Afastamo-nos, assim, da imagem "robotomórfica" criada pelas pesquisas dos controles elétricos e químicos do cérebro.
De acordo com Anokhin (1971), é verdadeiramente astronômico o número possível de estados do cérebro, e, para alguns,  ele se assemelha cada vez mais a um enorme holograma (9) ( Pribram, 1971). Eis o comentário de Weisskopf (1972): " Quanto mais penetramos na complexidade dos organismos vivos, na estrutura da matéria ou nas vastas expansões do universo, mais nos aproximamos dos problemas fundamentais da filosofia natural. De que maneira um organismo em crescimento desenvolve suas estruturas complexas ? Qual é significado das partículas e subpartículas que compõem a matéria ? Quais são a estrutura e a história do universo ?"

Ritmos biológicos e campos bioelétricos 

A  biologia moderna pesquisou sobretudo os aspectos químicos dos seres vivos. Em décadas recentes, porém, outros fatores foram verificados, como o efeito das radiações eletromagnéticas e das flutuações geomagnéticas sobre os parâmetros da funcionalidade humana ( tempo de reação, humor, e a velocidade dos processos biológicos ). Relacionou-se, por exemplo,  a maior procura hospitais psiquiátricos com a ocorrência de flutuações geomagnéticas. Só recentemente a "poluição eletromagnética" vem sendo investigada ( Healer, 1970).
Muitos dos fenômenos ambientais são de natureza rítmica, podendo-se dizer o  mesmo em relação ao homem. Ressurgiu, então, o interesse pelos ritmos biológicos, a sua significação para o ser humano, da forma de pesquisas que lembram as dos antigos astrólogos pela ênfase dada à relação entre ambiente cósmico e acontecimentos humanos.
Em escala mais ampla, os padrões rítmicos de muitos fenômenos sociais, tais como guerras e conflitos, evocam a imagem  aristotélica do universo como um organismo - o conceito cosmobiológico da natureza. Consideradas globalmente, as pesquisas científicas vêm corroborar a concepção oriental de indivíduo, concebido como parte essencial de um processo evolucionário cósmico.

Pesquisas sobre consciência

A ciência ocidental tem estado preocupada exclusivamente com o conhecimento objetivo, com a relação das coisas entre si, sem levar em consideração  a consciência do observador. Entre este e a realidade levantou-se uma barreira de instrumentosNos anos mais recentes, porém, os estados de consciência em si têm despertado grande interesse. Estudam-se os fenômenos do sono, dos sonhos, a meditação, o controle das ondas cerebrais, ioga, hipnose, etc.  O eletroencefalógrafo e a monitoração dos movimentos dos olhos durante o sono estão trazendo contribuições valiosas para as pesquisas. Verifica-se que muitos estados alterados de consciência podem ser estudados através de métodos científicos, deixando de ser fenômenos puramente religiosos ou místicos. Na realidade, a consciência "normal" é apenas uma parte das potencialidades humanas totais, da mesma forma que a luz visível não passa de uma fração mínima de todo o espectro eletromagnético.

Hipnose

Ela pode ser definida como um estado mental geralmente induzido por outra pessoa, em que, por sugestão, há um controle sobre estados habitualmente fora do domínio do hipnotizado. Nesse estado, pode-se controlar a dor e os processos físicos  (o fluxo sanguíneo), tratar de diversas moléstias e aumentar as habilidades mentais, a memória e a criatividade. Esses fenômenos são produzidos também por auto-hipnose e auto-sugestão. Tem sido amplamente empregados na medicina através do "treinamento autógeno", introduzido por Schultz (1950) e Luthe (1963), visando relaxamento, tranqüilização e aumento do fluxo sanguíneo para mãos e pés. A lista de usos potenciais  da hipnose é extensa, e a maior parte das pessoas está apta a aprender técnicas da auto-hipnose. Entretanto, a preferência por processos físicos-químicos e cirúrgicos é tão grande na medicina ocidental, que mesmo processos psicológicos são tratados com drogas e psicocirurgia ao invés dos métodos psicológicos.

Biofeedback (10)

Essa técnica dá à pessoa uma indicação precisa e imediata sobre determinado processo  físico no momento em que ele ocorre. As pesquisas mais conhecidas sobre o controle das ondas cerebrais foram feitas por Kamiya (1969), que recorreu ao eletroencefalograma¹¹. Quando surgem as ondas alfa, soa uma campanhia e o sujeito deve registrar de que maneira está pensando naquele momento, tentando manter esse estado de consciência. Com esse método, consegue-se aumentar a proporção de ondas alfas após um treinamento de algumas horas e se aprender a controlar estados internos, como pressão sanguínea, frequência cardíaca, temperatura do corpo e da pele e até a atividade elétrica de células da medula espinhal. Esse método demonstrou, com técnicas ocidentais, aquilo que métodos orientais como a ioga e a meditação já haviam alcançado há milênios - a possibilidade de um controle psicossomático sobre muitas  das funções neurovegetativas. Além do mais, a pessoa treinada nessa técnica se torna mais sensível às modificações do meio ambiente, como mudanças magnéticas ou eletromagnéticas.

Os sonhos

São os estados alterados de consciência mais comumente vivenciados pelas pessoas. Desde tempos imemoriais tenta-se interpretar os sonhos, do que se valeram também os psicoterapeutas, como Freud (1950), Jung (1953) e outros. Na década de 50, Aserinsky e Kleitman (1955) descobriram um método muito simples de se estudar os sonhos: o indivíduo adormecido passa por vários ciclos de sono e de sonhos, que são acompanhados de movimentos rápidos dos olhos ( REM¹²); estes vão sendo registrados e, em dado momento, a pessoa é acordada, quando deve se recordar do que estava sonhando. Esse método demonstrou que as pessoas tem uma vivência extensa e importante durante os sonhos, que contribui para sua saúde psicológica, emocional e física. Eis as principais conclusões a que se chegou até o momento: o ato de sonhar é essencial para a saúde mental, e sua privação tem efeitos psicológicos nocivos; os sonhos podem indicar soluções para problemas pessoais de ordem prática; eles também favorecem as criações literárias e artísticas; eles podem apontar conflitos e necessidades emocionais, como também mensagens de percepção  extra-sensorial , ou PES ( telepatia, precognição e outras).

Meditação

Embora seja prática comum no Oriente há milênios, só recentemente a ciência ocidental tem procurado esclarecer esse fenômeno através de  técnicas científicas. Existem dois tipos básicos de meditação: no primeiro, o indivíduo se concentra em um objeto, pensamento, som ou qualquer outra sensação interna ou externa, com o qual tenta se fundir; no outro, ele procura esvaziar a mente de pensamentos , idéias e sensações. As pesquisas demonstram que durante a meditação há uma diminuição das taxas de metabolismo basal, respiração, fluxo sanguíneo e consumo de oxigênio, além de um aumento das ondas alfa no cérebro e maior relaxamento (Wallace, 1970). Os efeitos psicológicos relatados são múltiplos: recordação de experiências, capacidade de abstração, modificação na cor e forma dos objetos e, sobretudo, uma sensação de relaxamento e paz ( Deikman, 1963, e Tart, 1969 ). Segundo estudos realizados por meio de encefalograma, na técnica zen de meditação a percepção do mundo exterior é mantida ( Kasamatsu e Hirai, 1966), enquanto na ioga os estímulos externos são ignorados ( Anand, Chhina e Singh, 1961). Para que a meditação surta efeito, às vezes são necessários muitos anos de aprendizagem e prática. Os que conseguem atingir a meditação profunda relatam uma experiência psicológica que Bucke (1901) chamou de "consciência cósmica". Em 1960, ele assim a descreveu: "A característica fundamental da consciência cósmica é, como seu nome indica, a consciência do cosmo, isto é, da vida e da ordem do universo. Ela vem acompanhada de esclarecimento intelectual ou iluminação que, por si só colocaria o indivíduo  num novo plano de existência - torná-lo-ia quase o membro de uma nova espécie. A isso acrescentam-se um estado de exaltação moral, uma sensação indescritível de elevação, exultação e felicidade, e uma excitação do sentimento moral, que é inteiramente admirável e mais importante para o indivíduo e para a humanidade do que o tão enaltecido poder intelectual. Ao lado disso, surge o que se poderia chamar de 'senso de imortalidade', uma consciência de vida eterna - não a convicção de que ele deverá tê-la, mas a consciência de que ele já a possui".
Essa forma de transfiguração já foi relatada inúmeras vezes por místicos de diferentes épocas e religiões (Deikman, 1963) e indica que a meditação permite insights¹³ de partes mais profundas da consciência (14).

Drogas psicodélicas

Nos últimos decênios, tem-se pesquisado uma variedade de substâncias químicas que alteram a qualidade e as características da consciência, como o ácido lisérgico, a mescalina, a psilocibina e outras, genericamente conhecidas como drogas alucinógenas, psicodélicas ou psicoativas. Segundo Masters e Houston (1966), essas drogas aparentemente são capazes de estimular as percepções e sensações, pois dão acesso a lembranças e experiências passadas, facilitam a atividade mental e produzem alterações no nível de consciência, incluindo-se aí as experiências transcendentais de natureza religiosa, mística e cósmica. Se usadas indevidamente, porém, tais drogas podem causar uma série de perturbações mentais e atitudes anti-sociais, o que levou à  restrição de seu uso, mesmo em condições experimentais perfeitamente controladas.

Processos inconscientes e estímulos subliminais 

A teoria segundo a qual parte dos nossos pensamentos e processos mentais está fora de nossa percepção ou consciência normal está sendo plenamente aceita hoje em dia. Essa parte foi inicialmente chamada de "eu subliminal" por Myers (1903), e tornou-se mais conhecida como "inconsciente" após os estudos de Freud (1950). A princípio, a sugestão de processos inconscientes entrou em conflito com a imagem do homem racional, totalmente consciente dos seus pensamentos e do seu comportamento. Hoje, porém, já se admite que nossa consciência não chega a englobar todos os processos mentais do homem, muito embora eles influam sobre nossas ações, pensamentos e sentimentos. A noção de que os sentidos podem receber informações situadas abaixo dos níveis normais de percepção - a chamada estimulação subliminal - é também motivo de controvérsias. Ao reexaminar recentemente tal fenômeno através de métodos de pesquisa, Dixon (1972) concluiu que ele realmente existe. Em nossos dias, os estudos voltam-se para o super-consciente, para as qualidades mais positivas da mente, e,  enfatizam-se os seus aspectos criativos,  intuitivos e inspiradores (Assagioli, 1965; Aurobindo, 1972;  Teilhard de Chardin, 1961). Essas atividades superconscientes são expressas em sonhos, pressentimentos, sensações  e "conhecimento intuitivo". O novo conceito, que está sendo estudado por filósofos, psicólogos e outros pesquisadores, poderá causar um impacto sobre as noções  de psicologia semelhante ao da teoria freudiana.

Com vistas a uma ciência da consciência 

Vários autores têm buscado explicações para a consciência e suas alterações, como Lily, Muses, Tart (1972) e outros, o que indica que tal pesquisa é cientificamente possível. Até o momento, identificou-se um grande número de diferentes estados de consciência. De acordo com Tart ( 1972, 1973),  esses estudos poderão ter consequências profundas, não somente para a ciência - presa, ainda, à ideia de que o estado normal ou racional da consciência é o melhor para a sobrevivência neste  planeta e para a compreensão do universo -, como também para a visão do mundo e da humanidade. A ideia que emerge dessas pesquisas, quando tomadas em seu conjunto, é basicamente a mesma da teoria evolucionária, na qual a evolução tende para uma complexidade crescente no plano físico e maior percepção na área da consciência.

Parapsicologia e pesquisas psíquicas 

Os fenômenos paranormais ainda não tem explicação dentro das leis conhecidas do universo. Por esse motivo foram, até há pouco, rejeitados pela ciência ocidental. São eles a telepatia, a clarividência, a precognição, e a psicocinese ou telecinese. Os três primeiros são conhecidos genericamente como fenômenos  psi (15) ou percepções extra- sensoriais ( PES ou ESP ). A psicocinese é rotulada, às vezes, de fenômeno psicoenergético. Na telepatia dá-se a percepção das atividades mentais  de outra pessoa sem o emprego dos sentidos usuais e comunicação. A clarividência consiste na habilidade de se obter informações ou perceber eventos que ocorrem em locais distantes de maneira direta, não utilizando os meios normais de comunicação. Pela precognição pode-se prever acontecimentos que vão ocorrer no futuro, sem a intervenção dos dados usuais da dedução. Na psicocinese, o indivíduo consegue movimentar objetos por meios não físicos ou por influência mental direta.
Até anos recentes, as únicas provas da ocorrência  de tais fenômenos eram as  estatísticas sobre indivíduos que apresentavam essas faculdades (Rhine, 1961). Entretanto, vários psicólogos e outros pesquisadores vêm demonstrando, através de métodos ocidentais, que, em condições especiais, esses fenômenos podem realmente ocorrer. As pesquisas modernas concentram-se na busca dessas condições necessárias para que se intensifiquem os fenômenos da psique, num procedimento análogo ao da química, em que se obtém um produto a partir de certas condições de temperatura, pressão e concentração de reagentes.
A telepatia e outras informações psi são em geral recebidas subliminarmente e tornam-se acessíveis à mente consciente de pressentimentos, sonhos, intuições  e sensações (Rhine, 1961). É possível treinar habilidades psíquicas por meio de técnicas de feedeback imediato para incrementar o processo de aprendizagem.
Estados alterados de consciência, como o relaxamento profundo, facilitam a recepção de informações PES;  isso foi verificado nos sonhos (Ullman e Krippner, 1970), no relaxamento profundo (Brand e Brand, 1973), nos estados que induzem às ondas cerebrais alfa (Honorton, 1969) e nas sugestões hipnóticas ( Krippner, 1967). 
Certos aspectos da física que pareciam  afastar, pela lógica, maioria dos fenômenos psi não são mais mantidos de maneira tão rígida. É o que está ocorrendo, por exemplo, na física quântica em relação às descrições clássicas de causalidade e conservação de energia ( Margenau, 1966). Surgem teorias baseadas na mecânica quântica e na física para explicar esses fenômenos ( Walker, 1973; Muses, 1972; Kozyrev, 1968; Koestler, 1972 ).
A mecânica quântica está fornecendo contribuições importantes para a compreensão do funcionamento do cérebro, e é  uma das áreas científicas de crescimento vital.
Dixon (1972) demonstrou que os estímulos subliminais podem afetar os sonhos, a memória, a percepção consciente, as respostas emocionais, etc. Nesse sentido, a experiência de Puthoff e Targ (1974) tornou-se clássica.  Eles verificaram que quando uma luz estroboscópica (16)  com cerca de quinze lampejos por segundo atinge os olhos de um indivíduo, uma onda alfa característica aparece em seu eletroencefalograma (EEG). Outro indivíduo, colocado à distância e perfeitamente isolado, serve de receptor da informação, devendo advinhar quando  a luz está sendo lançada nos olhos do primeiro sujeito. Em geral, o segundo advinha, na base do acaso, quando a luz está acesa ou não. No seu EEG, no entanto, aparece a onda alfa reveladora. Pode-se tirar daí uma importante conclusão: inconscientemente, de maneira extra-sensorial, o segundo sujeito sabe quando a luz está acesa, mesmo negando esse fato à sua mente consciente. Assim, a capacidade telepática seria comum a todos, estando reprimida na maioria das pessoas. Se isso for verdade, o mesmo pode ocorrer  com todos os outros fenômenos psi.  Fica evidente, então,  que as potencialidades humanas e os processos inconscientes são muito mais amplos do que se supunha segundo os antigos paradigmas.
O impacto de todas essas teorias sobre a cultura moderna pode ser profundo. O paradigma científico ocidental, presentemente aceito, da "realidade" tende a ser físico, causal, mecanicista e objetivo. Os dados das pesquisas psíquicas, por outro lado sugerem que a realidade inclui efeitos parafísicos, que os estados mentais não materiais existem e interagem com os sistemas físicos e que a consciência transcende a natureza física do homem.

A teoria geral dos sistemas e a cibernética 

Na década de 20 ou 30, pesquisadores eminentes do ramo de biologia, como Cannon, Bernard e outros, já começavam a questionar a visão reducionista nos sistemas biológicos, à procura de uma descrição mais global. Mas essas ideias só foram mais largamente reconhecidas após a  Segunda Guerra Mundial; nesse período foi possível agregar conclusões de vários cientistas surgidos independentemente em diferentes centros, tanto da Europa como dos Estados Unidos. O conjunto dessas idéias é conhecido como cibernética, teoria da comunicação, teoria da informação ou teoria dos sistemas.
A teoria geral dos sistemas é, em essência, uma tentativa de integrar, em termos racionais,  os diferentes conhecimentos obtidos nos vários ramos de pesquisa. Ela procura ser, ao mesmo tempo holística e empírica. Sua proposição básica é que as leis e os princípios que governam os sistemas relacionados com uma área do conhecimento provavelmente são também importantes para outra área do conhecimento.
Weiner (1954) observou, por exemplo, que o funcionamento dos sistemas modernos de computação é muito semelhante àquele dos organismos vivos; em ambos existem processos semelhantes para coletar informações do mundo exterior, transformá-las em esquemas mais convenientes, basear a ação na informação transformada e comunicar as consequências de volta ao aparelho interno de regulação. Dessa forma, o desequilíbrio causado  no sistema por um agente externo é contrabalançado pelo uso de feedback para se voltar ao equilíbrio  anterior(17).
A expressão "teoria geral dos sistemas" foi criada simultaneamente em 1954, por Von Bertalanffy(1967), biólogo teórico, Boulding (1961), economista, Gerard (1954), neurofisiologista e Rapoport (1954), matemático. Eles rejeitam especificamente a tese de que uma pessoa é apenas  um conglomerado das partes que a constituem, ideia por muito divulgada pelos reducionistas ( Buckley, 1968). Segundo Weiss (1969), o número de afirmações necessárias para se descrever o todo é mais do que o necessário para se descrever as partes. O termo "mais" não significa o acréscimo de alguma quantidade mensurável do sistema, mas a necessidade de se descrever o comportamento conjunto das partes quando elas se apresentam num grupo organizado.
Essa visão holística tem uma importância imediata para o estudo de muitos aspectos do ambiente humano. Nas palavras de Bateson (1972), "a sabedoria está em reconhecer uma orientação pelo conhecimento do sistema total da criatura. A falta dessa sabedoria sistêmica é sempre punida. Os sistemas biológicos, o indivíduo, a cultura e a ecologia (...) são castigados quando  não levam em consideração a sua ecologia. Se se quiser, poder-se-á dar a essas forças sistêmicas o nome de "Deus".

Interação entre ciência e sociedade 

A ciência, atualmente, influencia cada vez mais a sociedade, tanto pelo impacto tecnológico, como pelo número de pessoas ligadas às suas atividades.
Durantes os últimos cem anos, a ciência desempenhou, entre os povos mais evoluídos,  o mesmo papel antes atribuído à religião. Todos os fenômenos naturais tinham de ser explicados em termos científicos para que fossem aceitos. Dessa maneira, muitas experiências subjetivas ou fatos ainda sem explicação "científica" foram rejeitados, por serem considerados apenas ilusões. É o caso dos fenômenos psíquicos, OVNIs, experiências religiosas e mesmo alguns dos tabus anteriormente aqui descritos. Em anos mais recentes, esses fatos relatados há milênios estão sendo analisados por inúmeras instituições, que os submetem a métodos aceitos pela ciência ocidental.
Concomitantemente a essa mudança na visão científica, ocorre o desencanto da sociedade com a ciência, pelos efeitos muitas vezes desastrosos da aplicação de tecnologias  desenvolvidas, como a crise  ecológica e o abuso da ciência para fins de tecnologia militar (foguetes, bombas atômicas, etc.)
Assim como analisamos de que maneira a ciência e, sobretudo, suas aplicações tecnológicas transformaram  a sociedade, temos agora que nos deter no oposto, isto é, indagar como os valores da sociedade afetaram as atividades científicas. Os gregos haviam descoberto e testado a maioria dos elementos essenciais  do método científico; entretanto, não os transformaram em aplicações tecnológicas, pois a sociedade grega não o exigia por se basear no trabalho escravo (Edelstein, 1957; Farrington, 1953). Além disso, segundo a concepção dos gregos, " o mundo existe para nele se viver e não para ser transformado". É que, na busca do conhecimento, sua abordagem era puramente estética, filosófica.
Opondo-se a essa visão dos gregos, a ideologia judaico-cristã vê o homem separado da natureza, como seu dono - ela teria sido feita para servi-lo. Durante a  Idade Média, as restrições da Igreja retardaram o desenvolvimento de uma paradigma científico adequado, mas, no Renascimento, com a redescoberta dos conhecimentos gregos, houve um desenvolvimento acelerado dos métodos  científicos e da ideia de que a natureza é governada por leis e princípios que podem ser detectados. Campbell (1959) denomina-a "epistemologia do outro"
Atualmente, os cientistas estão percebendo as limitações do método objetivo e reducionista de pesquisa, que visava o mundo exterior, e estão  se voltando para um estudo crítico do mundo interior, isto é, para a "epistemologia do eu". Nas culturas orientais, sempre predominou essa cultura do eu; só agora a pesquisa ocidental se volta para a análise dos fenômenos descritos, por milênios, pelos mestres orientais. O estágio seguinte no avanço evolucionário do homem está numa síntese de ambas as visões, isto é, da epistemologia do outro com a epistemologia do eu.  Ao lado de uma ciência objetiva e de tecnologias físicas, será necessário desenvolver uma ciência e uma economia éticas, voltadas para o bem-estar ecológico, que dê ênfase à pesquisa e à aplicação de tecnologias sociais e psicológicas.
O novo paradigma científico deverá ser holístico, tanto do ponto de vista metodológico, como do ponto de vista dos fenômenos a serem estudados. Deverá se basear numa visão global e não fragmentada do que atualmente é definido como ciências exatas e ciências sociais, procurando o princípio de complementaridade ou reconciliação de opostos, tais como livre-arbítrio e determinismo, materialismo e transcendentalismo, ciência e religião. 


NOTAS

1 - Segunda parte do artigo " A visão do mundo através dos tempos" resumo do livro  de Markley, O, W, e Harmam, W, W, (eds, 1982) Changing images of man ( Pergamon  Press, Nova York), Primeira parte publicada na revista THOT n° 52, 1988, pp.9-17),
2 - Funçao termodinâmica de estado  dos corpos, peculiar a cada substância, que tende para o máximo em um sistema fechado como o universo,
3 - Parte da física que investiga os processos de transformação de energia e o comportamento dos sistemas nesses processos, 
4 - O DNA ou ADN ( ácido desoxirribonucleico) é o transportador das informações genéticas em todos os organismos vivos. É uma molécula com estrutura helicoidal dupla e extremamente longa, um polímero compostos de subunidades semelhantes ou idênticas - os monômeros ou nucleotídeos. Estes são formados por uma parte de fosfato, uma de açúcar (desoxirribose)  e uma base orgânica nitrogenada. Estas bases pertencem tão somente a quatro tipos que nos animais são: a a denina (A), a guanina (G), a timina (T) e a citosina (C). O arranjo e a sequência desses nucleotídeos fornecem as características do DNA.
5 - Conjunto de indivíduos originários de outro por multiplicação assexuada. Todos os membros de um clone tem o mesmo patrimônio genético,
6 - Ciência que estuda as condições propícias à reprodução e ao melhoramento da raça humana,
7 - Do grego holos, inteiro, completo, que abrange o todo, 
8 - Termo inicialmente empregado na eletrônica, hoje usado em outras disciplinas. Significa realimentação, retroalimentação, regeneração,
9 -  Do grego holos, inteiro, completo, e grama ou gramato, letra, escrito, peso; fotografia que se obtém mediante a utilização  de raios laser,
10 - Ver nota 8, 
11-  Registro gráfico das ondas elétricas emitidas pelas células nervosas do cérebro. Existem quatro ritmos cerebrais, convencionalmente indicados como ritmo alfa ( 10 ciclos/seg.), ritmo beta (18 ciclos/seg.), ritmo teta (5 ciclos/seg.) e ritmo delta (3 ciclos/seg.) O ritmo alfa é encontrado nos indivíduos que estão com os olhos fechados, em estado de relaxamento e meditação; o ritmo beta, na vigília e atenção,  os ritmos teta e  delta são encontrados em casos de patologias cerebrais,
12 - Abreviatura do inglês rapide eye movement, 
13 - Compreensão repentina, em geral intuitiva,  que a pessoa tem de suas próprias atitudes e comportamentos, de um problema, de uma situação,
14 - O mesmo fenômeno é descrito por Pierre Weil em A consciência cósmica - Introdução a psicologia transpessoal, Ed. Vozes, Petrópolis, 1979, 2ª edição, 
15 - Letra grega usada para designar, tanto na física teórica como na parapsicologia, fenômenos desconhecidos, 
16 - A luz intermitente e rápida de um objeto em movimento, 
17 - Em biologia, esse fenômeno é conhecido por "homeostase", termo criado por Cannon (1939) na década de 20.