sexta-feira, 1 de abril de 2016

A lição de Democracia que vem das ruas

Um repto ao 31 de março de 64:, em todo o país,a classe média democrática deixou o sofá e voltou à rua, p/ dizer: 'não, não vai ter golpe'






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April 01, 2016 at 04:04PM #NAOVAITERGOLPE #DILMAFICA #FORACUNHA 09/04 - A PRESSÃO VAI CONTINUAR - POVO NA RUA

Fonte: CARTA MAIOR
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Mesmo ausente, Globo se torna a principal protagonista da manifestação na praça da Sé
publicado em 31 de março de 2016 às 19:42

Da Redação
Os repórteres da Globo não circulavam entre a multidão.


Ou, se o fizeram, foi de forma disfarçada.

Havia cartazes variados: contra Aécio, Alckmin e o juiz Sérgio Moro.

Um único lembrava a morte de Vladimir Herzog pela ditadura militar, cuja missa foi celebrada na Catedral da Sé.

O tema mais presente na manifestação desta tarde/noite na praça da Sé, em São Paulo, foi a emissora da família Marinho.

O famoso refrão contra a Globo só foi menos ouvido que o “não vai ter golpe — e vai ter luta”.

Havia cartazes feitos à mão e impressos. Dezenas deles. Um orador se referiu à emissora como a “central do golpe”.

E, não é para menos.

A manipulação noticiosa continua acelerada.

Como o jornalista Leandro Fortes denunciou, hoje, em seu Facebook:

O Globo Esporte mostrou a imagem de três idiotas com nariz de palhaço que invadiram o treino do Palmeiras com uma faixa louvando Sérgio Moro para xingar a presidenta Dilma. Mas não mostrou a faixa levantada ontem, no Mané Garrincha, pelas torcidas do Flamengo e do Vasco contra o golpe e pela democracia no Brasil. Essa gente não pode vencer.

As faixas a que ele se refere são estas



Fonte: VIOMUNDO
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O Brasil democrático dá show e bota água no chope dos golpistas

31 de March de 2016

O povo foi às ruas mais uma vez. De novo de vermelho, mas também de verde e amarelo. De novo em todas as capitais do Brasil. E de novo deu show.

Haja mortadela pra tanta gente nas ruas em todas as capitais no Brasil.
Haja mortadela pra garantir que toda a esplanada dos ministérios tenha ficado lotada como nunca esteve nas manifestações pelo impeachment.

Haja mortadela pra transformar o ato da Praça da Sé, em São Paulo, em algo tão parecido com o primeiro comício das Diretas em janeiro de 1984.

O Brasil mostra mais uma vez que não estamos em 1964.

O país mudou. Há movimentos fortes que lutam por direitos.

E muita gente que acredita que a democracia é o nosso melhor caminho.

Há Chico Buarque de Holanda no Largo da Carioca.

Há intelectuais, artistas, professores, jornalistas que não babam pela Globo, advogados que têm vergonha da OAB, gente que não quer o país volte a ser uma republiqueta de bananas.

Esse povo não vai permitir que a nossa democracia seja atropelada.

Não vai aceitar que o golpe que está sendo desenhado pela turma de Temer e Eduardo Cunha, com a sociedade de Aécio e Serra, seja executado.

O Brasil é muito maior do que a união da turma das offshores com a daqueles que querem entregar o Pré-Sal.

No dia 31 de março, aniversário de 52 anos de um golpe que levou o Brasil à breca, o novo golpe ficou menor.

As ruas deram de novo uma lição de democracia.

E a partir de amanhã as contas do Congresso serão outras.

Podem anotar, não vai ter golpe.

O chope deles aguou.


Fonte: Blog do Rovai
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Novamente o golpe

É claramente Golpe o que estão querendo dar, para revolta daqueles que, como eu, lutaram durante vinte anos pelo restabelecimento da democracia no Brasil

Saturnino Braga


O Brasil, por duas vezes, recentemente, manifestou sua clara preferência pelo regime presidencialista, que é da tradição americana. E neste regime, não há hipótese constitucional para o Congresso depor um presidente porque em sua maioria não gosta dele ou acha que ele está governando mal. Isto é típico do parlamentarismo, que é um governo do Congresso, nomeado e demitido pelo Congresso, não escolhido pelo voto direto do povo.

No presidencialismo pode, sim, haver um impeachment do Presidente decretado pelo Congresso. Mas é preciso que fique bem demonstrado que o Presidente cometeu um grave crime de responsabilidade. E este caso não se aplica, absolutamente, à Presidenta Dilma Rousseff, que não cometeu nenhum crime, e que é reconhecida como pessoa de honestidade comprovada em toda a sua vida. Querer classificar como crime grave a chamada pedalada fiscal, que é mero artifício de contabilidade, cometido por muitos e muitos presidentes, governadores e prefeitos, é um evidente forjamento que, este sim, chega a ser criminoso, de tão absurdo, maldoso e até desavergonhado.

Então é claramente Golpe o que estão querendo dar. Para indignada revolta daqueles que, como eu, lutaram durante vinte anos pelo restabelecimento da democracia no Brasil; da democracia limpa, sem forjamentos jurídicos e políticos de golpes.

E, mais, no presidencialismo a oposição pode discordar de políticas e medidas praticadas pelo governo, pode votar contra elas mas não pode provocar a paralisia do Executivo através de uma duradoura crise de ingovernabilidade. O Congresso é um dos poderes da República, tão responsável pelo bem público quanto o Executivo e o Judiciário. Não pode forjar crises permanentes com o propósito de denunciar o Executivo como incompetente, sem capacidade governamental, e assim justificar um impeachment perante a nação.

Há 52 anos, precisamente neste dia 31 de março, desencadeava-se o golpe militar, que implantou uma ditadura de 20 anos, contra a qual muitos dedicaram suas vidas. Neste longo período, a política foi posta de lado e desvalorizada, desinteressando a juventude e causando, por isso mesmo, um vácuo na formação de novas lideranças, que tão gravemente repercute hoje.

Sem líderes políticos, sem participação da juventude, o poder econômico tomou conta das campanhas eleitorais e de toda a vida política através da corrupção. O golpe obviamente não vai corrigir isso mas com certeza agravar o quadro de desmoralização dos políticos.

É 31 de março de 2016, dia de denunciar e reverter o golpe; que é contra a Nação Brasileira, é desastroso para a Nação Brasileira, e tem de ser fortemente repudiado por todos os brasileiros!

Registro, com orgulho e satisfação, a posição assumida pelo meu Clube de Engenharia que, ao contrário da OAB, não adere ao golpe mas o repudia.

Fonte: CARTA MAIOR
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A justificativa do impeachment começou com a conversa barulhenta de que o governo é corrupto.

É claro que deve existir corrupção no governo. 
Se até no Vaticano existe corrupção entre santos, ou aspirantes a santos, não é nenhuma surpresa que entre reles mortais a corrupção exista.

Como a conversa de governo corrupto não colou já que vem sendo comprovado pelas investigações que a corrupção existe independente de partidos políticos que estejam no governo, a conversa barulhenta mudou mais uma vez.

Como as investigações da Polícia Federal não encontraram provas que pudessem acusar a presidenta da república de corrupção, o que seria um crime grave, a turma pró impeachment embarcou em pedaladas contorcionistas para justificar o pedido de impeachment.

Confundindo a opinião pública ao misturar as investigações da lava jato com o pedido de impeachment, a velha mídia, além de desinformar, contribuiu para formatar a consciência de uma legião de pessoas insatisfeitas com o governo da presidenta.

Assim sendo, a manipulação midiática tem contribuido para aprofundar a crise política no país, fazendo com que grande parcela da sociedade defenda o impeachment pelo simples fato de não gostar do governo, ou que a presidenta é corrupta, ou que o comunismo está chegando, e outros absurdos mais.

A medida que a população foi tomando consciência do quadro político, naturalmente os atos contra o impeachment cresceram pelo país e mesmo pelo mundo. 
E em todos os atos ficou claro que a população percebe no processo de impeachment uma tentativa de um golpe de estado para retirar do poder a presidenta do país, uma vez que não existe acusação de crime ou ato que venha a justificar o impedimento da presidenta.

Com a percepção do golpe crescendo em todas as camadas da população brasileira, a turma pró impeachment, o pessoal da conversa barulhenta, mudou mais uma vez o discurso, ao afirmar, como fez ontem o ex-presidente Fernando Henrique, que não é necessário  que o presidente cometa um crime de corrupção para sofrer  impeachment, já que não se trata de um processo jurídico, mas sim um processo político.

Então, o caro leitor que acompanha todo o processo político do país conclui que:
- não existe nenhuma acusação contra a presidenta;
- a presidenta não cometeu nenhum crime;
- o pedido de impeachment que tramita no congresso nacional não tem nada a ver com as operações da Polícia Federal, em especial a operação lava jato;
- o processo de impeachment é político

Ao que parece, os dois lados, a favor do impeachment e contra o golpe, convergem para uma compreensão de que o golpe, ou impeachment, tem motivações políticas.

No regime presidencialista brasileiro não se justifica trocar um presidente pelo fato do governo não ser bem avaliado pela população. Aliás, se justifica, sim, no momento das eleições, porém, qualquer abreviação do mandato sem comprovação de crime de responsabilidade cometido pela presidenta, configura-se, claramente, como um golpe de estado, uma ruptura democrática.

Assim sendo a tentativa de um golpe de estado - já podemos falar claramente em tentativa de golpe - acontece desde outubro de 2014, quando a presidenta Dilma foi encaminhada pela maioria da população brasileira para mais um mandato de quatro anos.

Esse processo de golpe, que se arrasta por 18 meses, tem sido patrocinado e conduzido pelas oposições políticas ao governo; partidos de oposição, a imensa maioria dos meios de comunicação privados e por alguns setores do empresariado, que não medem esforços para criar todas as condições para a ingovernabilidade.

Tanto é verdade que com o crescimento da resistência contra o golpe que acontece no país e pelo mundo, alguns setores da oposição já admitem que dificilmente o impeachment será aprovado no congresso nacional, a ponto de um dos maiores defensores do caos e da ingovernabilidade, o deputado Eduardo Cunha - legalmente acusado de corrupção e lavagem de dinheiro - ter afirmado, hoje, que caso impeachment seja derrotado no congresso as oposições farão de tudo para manter a ingovernabilidade.

Em defesa da Democracia, do estado de direito, das conquistas sociais, da governabilidade e da estabilidade política e social, que  políticos devem ter seus mandatos subtraídos, caro leitor? 




















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quinta-feira, 31 de março de 2016

É a chuva. #nãovaiterapagão#


Situação dos Principais Reservatórios do Brasil - 30/03/2016

REGIÃO SUDESTE / CENTRO-OESTE (situação atual 58,17%)

Rio Parnaíba


38,71% da regiãoSerra do Facão(3,23% da região)35,59%
Emborcação(10,65% da região)48,57%
Nova Ponte(11,21% da região)39,26%
Itumbiara(7,76% da região)60,2%
São Simão(2,50% da região)91,1%


Rio Grande

25,38% da regiãoFurnas(17,18% da região)74,75%
Mascarenhas de Moraes(2,15% da região)91,39%
Marimbondo(2,68% da região)90,06%
Água Vermelha(2,19% da região)99,38%

Rio Paraná

3,03% da regiãoIlha/3 Irmãos(3,03% da região)93,96%

Rio Paranapanema

5,77% da regiãoJurumirim(1,99% da região)93,54%
Chavantes(1,62% da região)96,72%
Capivara(1,94% da região)97,8%
Outras
(31,87% da região)

REGIÃO SUL (situação atual 97,95%)

Rio Iguaçu

50,93% da regiãoS. Santiago(16,30% da região)99,65%
G. B. Munhoz(30,39% da região)99,93%
Segredo(2,29% da região)98,35%

Rio Jucuí

16,08% da regiãoPasso Real(15,02% da região)90,15%

Rio Uruguai

29,77% da regiãoPasso Fundo(8,72% da região)99,25%
Barra Grande(15,21% da região)98,5%
Outras
(3,22% da região)

REGIÃO NORDESTE (situação atual 34,55%)

Rio São Francisco

96,86% da regiãoSobradinho(58,20% da região)33,35%
Três Marias(31,02% da região)35,97%
Itaparica(6,62% da região)35,39%
Outras
(3,14% da região)

REGIÃO NORTE (situação atual 57,92%)

Rio Tocantins

96,17% da regiãoSerra da Mesa(43,68% da região)24,19%
Tucuruí(51,53% da região)79,82%
Outras
(3,83% da região)
Fonte: OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA

O Pato golpista

O Brasil no epicentro da Guerra Híbrida

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Que são, nos manuais norte-americanos, as ações não-convencionais contra “forças hostis” a Washington. A centralidade do Pré-Sal no impeachment. Como os super-ricos cooptam a velha classe média
Por Pepe Escobar | Tradução: Vinícius Gomes Melo e Inês Castilho
A matriz ideológica e o modus operandi das revoluções coloridas já são, a essa altura, de domínio público. Nem tanto o conceito de Guerra Não-Convencional (UW, na sigla em inglês).
Esse conceito surgiu em 2010, derivado do Manual para Guerras Não-Convencionais das Forças Especiais. Eis a citação-chave: “O objetivo dos esforços dos EUA nesse tipo de guerra é explorar as vulnerabilidades políticas, militares, econômicas e psicológicas de potências hostis, desenvolvendo e apoiando forças de resistência para atingir os objetivos estratégicos dos Estados Unidos […] Num futuro próximo, as forças dos EUA se engajarão predominantemente em operações de guerras irregulares (IW, na sigla em inglês)”.
“Potências hostis” são entendidas aqui não apenas no sentido militar; qualquer país que ouse desafiar qualquer fundamento da “ordem” mundial centrada em Washington pode ser rotulado como “hostil” – do Sudão à Argentina.
As ligações perigosas entre as revoluções coloridas e a UW já se transformaram hoje, completamente, em Guerra Híbrida; uma variável deturpada de Flores do Mal. Rrevolução colorida nada mais é que o primeiro estágio daquilo que se tornará a Guerra Híbrida. E Guerra Híbrida pode ser interpretada essencialmente como a Teoria do Caos armada – um conceito absoluto queridinho dos militares norte-americanos (“a política é a continuidade da guerra por meios linguísticos”). Meu livro Império do Caos, de 2014, trata essencialmente de rastrear uma miríade de suas ramificações.
Essa bem fundamentada tese tripartite esclarece o objetivo central por trás de uma Guerra Híbrida em larga escala: “destruir projetos conectados transnacionais multipolares por meio de conflitos provocados externamente (étnicos, religiosos, políticos etc.) dentro de um país alvo”.
Os países do BRICS (Brasil Rússia, Índia, China e África do Sul) – uma sigla/conceito amaldiçoada no eixo Casa Branca-Wall Street – só tinham de ser os primeiros alvos da Guerra Híbrida. Por uma miríade de razões, entre ela: o plano de realizar comércio e negócios em suas próprias moedas, evitando o dólar norte-americano; a criação do banco de desenvolvimento dos BRICS; a declarada intenção de aumentar a integração na Eurásia, simbolizada pela hoje convergente “Rota da Seda”, liderada pela China – Um Cinturão, Uma Estrada (OBOR, na sigla em inglês), na terminologia oficial – e pela União Econômica da Eurásia, liderada pela Rússia (EEU, na sigla em inglês).
Isso implica em que, mais cedo do que tarde, a Guerra Híbrida atingirá a Ásia Central; o Quirguistão, primeiro laboratório para as experiências tipo revolução colorida dos Excepcionalistas, é o candidato ideal.
Tal como é definida, a Guerra Híbrida está muito ativa nas fronteiras ocidentais da Rússia (Ucrânia), mas ainda embrionária em Xinjiang, oeste longínquo da China, que Pequim microgerencia como um gavião. A Guerra Híbrida já está sendo aplicada para evitar o estratagema da construção de um oleoduto crucial, a construção da Fluxo da Turquia. E será também totalmente aplicada para interromper a Rota da Seda nos Bálcãs – vital para a integração comercial da China com a Europa Oriental.
Uma vez que os BRICS são a única e verdadeira força em contraposição ao Excepcionalista, foi necessário desenvolver uma estratégia para cada um de seus principais personagens. O jogo foi pesado contra a Rússia – de sanções à completa demonização, passando por um ataque frontal a sua moeda numa guerra de preços do petróleo e incluindo até mesmo uma (patética) tentativa de iniciar uma revolução colorida nas ruas de Moscou. Para um membro mais fraco dos BRICS, foi preciso utilizar uma estratégia mais sutil, o que nos traz para a complexidade da Guerra Híbrida aplicada para a atual, maciça desestabilização política e econômica do Brasil.
No manual da Guerra Híbrida, a percepção da influência de uma vasta “classe média descomprometida” é essencial para chegar ao sucesso, de forma que esses descomprometidos tornem-se, mais cedo ou mais tarde, contrários a seus líderes políticos. O processo inclui tudo, de “apoio à insurgência” (como na Síria) a “ampliação do descontentamento por meio de propaganda e esforços políticos e psicológicos para desacreditar o governo” (como no Brasil). E conforme cresce a insurreição, cresce também a “intensificação da propaganda; e a preparação psicológica da população para a rebelião.” Esse, em resumo, tem sido o caso brasileiro.
Precisamos do nosso próprio Saddam
Um dos maiores objetivos estratégicos dos Excepcionalistas é em geral ter uma mistura de revolução colorida e Guerra Híbrida. Mas a sociedade civil e vibrante democracia do Brasil era muito sofisticada para métodos pesados tais como sanções ou a “responsabilidade de proteger” (R2P, na sigla em inglês).
Não é à toa que São Paulo tenha se tornado o epicentro da Guerra Híbrida contra o Brasil. Capital do estado mais rico do Brasil e também capital econômico-financeira da América Latina, São Paulo é o nódulo central de uma estrutura de poder interconectada nacional e internacionalmente.
O sistema financeiro global centrado em Wall Street – que domina virtualmente o Ocidente inteiro – não podia simplesmente aceitar a soberania nacional, em sua completa expressão, num ator regional da importância do Brasil.
A “Primavera Brasileira” foi virtualmente invisível, no início, um fenômeno exclusivo das mídias sociais – tal qual a Síria, no começo de 2011.
Foi quando, em junho de 2013, Edward Snowden revelou as famosas práticas de espionagem da NSA. No Brasil, a questão era espionar a Petrobras. E então, num passe de mágica, um juiz regional de primeira instância, Sérgio Moro, com base numa única fonte – um doleiro, operador de câmbio no mercado negro – teve acesso a um grande volume de documentos sobre a Petrobras. Até o momento, a investigação de dois anos da Lava Jato não revelou como eles conseguiram saber tanto sobre o que chamaram de “célula criminosa” que agia dentro da Petrobras.
O importante é que o modus operandi da revolução colorida – a luta contra a corrupção e “em defesa da democracia” – já estava sendo colocada em prática. Aquele era o primeiro passo da Guerra Híbrida.
Como cunhado pelos Excepcionalistas, há “bons” e “maus” terroristas causando estragos em toda a “Siraq”; no Brasil há uma explosão das figuras do corrupto “bom” e do corrupto “ruim”.
O Wikileaks revelou também como os Excepcionalistas duvidaram da capacidade do Brasil de projetar um submarino nuclear – uma questão de segurança nacional. Como a construtora Odebrecht tornava-se global. Como a Petrobras desenvolveu, por conta própria, a tecnologia para explorar depósitos do pré sal – a maior descoberta de petróleo deste jovem século 21, da qual as Grandes Petrolíferas dos EUA foram excluidas por ninguém menos que Lula.
Então, como resultado das revelações de Snowden, a administração Roussef exigiu que todas as agências do governo usassem empresas estatais em seus serviços de tecnologia. Isso poderia significar que as companhias norte-americanas perderiam até US$ 35 bilhões de receita em dois anos, ao ser excluídos de negociar na 7ª maior economia do mundo – como descobriu o grupo de pesquisa Fundação para a Informação, Tecnologia & Inovação (Information Technology & Innovation Foundation).
O futuro acontece agora
A marcha em direção à Guerra Híbrida no Brasil teve pouco a ver com as tendências políticas de direita ou esquerda. Foi basicamente sobre a mobilização de algumas famílias ultra ricas que governam de fato o país; da compra de grandes parcelas do Congresso; do controle dos meios de comunicação; do comportamento de donos de escravos do século 19 (a escravidão ainda permeia todas as relações sociais no Brasil); e de legitimar tudo isso por meio de uma robusta, embora espúria tradição intelectual.
Eles dariam o sinal para a mobilização da classe média. O sociólogo Jesse de Souza identificou uma freudiana “gratificação substitutiva”, fenômeno pelo qual a classe média brasileira – grande parte da qual clama agora pela mudança do regime – imita os poucos ultra ricos, embora seja impiedosamente explorada por eles, através de um monte de impostos e altíssimas taxas de juros.
Os 0,0001% ultra ricos e as classes médias precisavam de um Outro para demonizar – no estilo Excepcionalista. E nada poderia ser mais perfeito para o velho complexo da elite judicial-policial-midiática do que a figura de um Saddam Hussein tropical: o ex-presidente Lula.
“Movimentos” de ultra direita financiados pelos nefastos Irmãos Kock pipocaram repentinamente nas redes sociais e nos protestos de rua. O procurador geral de justiça do Brasil visitou o Império do Caos chefiando uma equipe da Lava Jato para distribuir informações sobre a Petrobras que poderiam sustentar acusações do Ministério da Justiça. A Lava Jato e o – imensamente corrupto – Congresso brasileiro, que irá agora deliberar sobre o possível impeachment da presidente Roussef, revelaram-se uma coisa só.
Àquela altura, os roteiristas estavar seguros de que a infra-estrutura social para a mudança de regime já havia produzido uma massa crítica anti-governo, permitindo assim o pleno florescimento da revolução colorida. O caminho para um golpe soft estava pavimentado – sem ter sequer de recorrer ao mortal terrorismo urbano (como na Ucrânia). O problema era que, se o golpe soft falhasse – como parece ser pelo menos possível, agora – seria muito difícil desencadear um golpe duro, estilo Pinochet, através da UW, contra a administração sitiada de Roussef; ou seja, executando finalmente a Guerra Híbrida Total.
No nível socioeconômico, a Lava Jato seria um “sucesso” total somente se fosse espelhada por um abrandamento das leis brasileiras que regulam a exploração do petróleo, abrindo-a para as Grandes Petrolíferas dos EUA. Paralelamente, todos os investimentos em programas sociais teriam de ser esmagados.
Ao contrário, o que está acontecendo agora é a mobilização progressiva da sociedade civil brasileira contra o cenário de golpe branco/golpe soft/mudança de regime. Atores cruciais da sociedade brasileira estão se posicionando firmemente contra o impeachment da presidente Rousseff, da igreja católica aos evangélicos; professores universitários do primeiro escalão; ao menos 15 governadores estaduais; massas de trabalhadores sindicalizados e trabalhadores da “economia informal”; artistas; intelectuais de destaque; juristas; a grande maioria dos advogados; e por último, mas não menos importante, o “Brasil profundo” que elegeu Rousseff legalmente, com 54,5 milhões de votos.
A disputa não chegará ao fim até que se ouça o canto de algum homem gordo do Supremo Tribunal Federal. Certo é que os acadêmicos brasileiros independentes já estão lançando as bases para pesquisar a Lava Jato não como uma operação anti-corrupção simples e maciça; mas como estudo de caso final da estratégia geopolítica dos Exceptionalistas, aplicada a um ambiente globalizado sofisticado, dominado por tecnologia da informação e redes sociais. Todo o mundo em desenvolvimento deveria ficar inteiramente alerta – e aprender as relevantes lições, já que o Brasil está fadado a ser visto como último caso da Soft Guerra Híbrida
Fonte: OUTRAS PALAVRAS
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Estados Unidos é cúmplice de plano golpista contra Dilma


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Para o alto representante do Mercosul, a política exterior atual, e toda a política exterior aplicada pelos governos do PT desde 2003, estão em risco
por Darío Pignotti, na Carta Maior
Para o alto representante do Mercosul e ex-deputado federal Doutor Rosinha já é hora de convocar o bloco como forma de frear o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, um processo que ele compara com o que derrubou Fernando Lugo no Paraguai há quatro anos. “A atual conjuntura brasileira deveria ser analisada pelos membros do Mercosul, para se verificar a aplicação das cláusulas democráticas previstas nos protocolos Ushuaia I e Ushuaia II, que garantem a manutenção da ordem democrática nos países”.
No Paraguai, o chefe da conspiração foi o vice-presidente Federico Franco, que após a queda de Lugo assumiu o governo, mas nunca foi membro do Mercosul, que suspendeu o país do bloco, em observância da cláusula democrática. Se a saga paraguaia se repetir no Brasil, quem vier a ocupar o cargo de Rousseff poderia, eventualmente, sofrer as mesmas sanções que foram aplicadas contra o golpista paraguaio Federico Franco, que nunca participou das cúpulas presidenciais do grupo.
Por enquanto, a deposição de Dilma é apenas uma possibilidade, ainda não concretizada. O fato é a crise política que o maior país latino-americano atravessa, e a hipótese de que o Mercosul estabeleça uma rede de sustentação democrática para abortar tentações golpistas. “Há uma data marcada para essa reunião do Mercosul?”, perguntou Carta Maior a Doutor Rosinha: “Isso está sendo conversado neste momento, e eu espero que avance rapidamente, não posso afirmar nada agora, só posso dizer que estamos trabalhando no tema”.
Nesta entrevista com Carta Maior, o ex-parlamentar do PT situa a crise brasileira dentro do quadro de regressão política que domina a região uma década depois do encontro histórico da Cúpula das Américas de Mar del Plata, que significou impedir a implementação da ALCA. O alto representante do Mercosul é cauteloso e diplomático na maioria de suas respostas, exceto quando se refere à “participação dos Estados Unidos nos eventos de desestabilização política contra o governo de Dilma”.

Que grupos de interesse norte-americanos estão envolvidos na desestabilização?
Um deles é o das petroleiras, eles nunca aceitaram que a Petrobras seja o eixo da exploração dos imensos poços da zona do Pré-sal, o que foi estabelecido no novo regime de partilha, sancionado em 2010. Não tenho dúvidas de que esses interesses estão atuando fortemente para tirar a Dilma do governo. Por isso concordo com a análise do professor Luiz Alberto Moniz Bandeira sobre a interferência estadunidense, que existe um plano desestabilizador onde estão envolvidas as grandes petroleiras e também o poder de Wall Street. Não me peça provas porque não as tenho, mas há muitos interesses norte-americanos que foram afetados pelos governos de Lula e de Dilma.

Washington pressiona para enterrar a atual política exterior?
A política exterior atual, e em geral toda a política exterior aplicada pelos governos do PT desde 2003, estão em risco. Por exemplo, os grupos conservadores que estão impulsando os ataques institucionais contra Dilma já avisaram que o Mercosul não está entre suas prioridades, e que retomarão o projeto de indiscriminada abertura neoliberal, nos moldes de velhos acordos, como a Alca (Área de Livre Comércio para as Américas), ainda que não seja mais possível recriar totalmente a Alca, que foi derrotada pelos presidentes Lula, Kirchner e Chávez, junto com outros aliados, em 2005.
Se a direita voltar ao poder, acabará com a politica solidária com Cuba, que sempre foi vista com maus olhos pelos Estados Unidos. Como disse o ex-presidente (uruguaio) José Mujica, em recente visita ao Brasil, os norte-americanos nunca perdoarão os governos do PT e sua aproximação com Cuba. Os Estados Unidos nunca aceitarão de bom grado a construção do Porto de Mariel, com apoio brasileiro. Washington pressiona para uma grande mudança de rumo, frear nossa inserção soberana no mundo. Se a direita chegar ao governo, será obediente nesse sentido, por isso espero que não chegue.


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O ex-deputado federal Doutor Rosinha (PT-PR), no Congresso Nacional

Washington também pressiona por mudanças geopolíticas?
Uma coisa tem a ver com a outra. Se houvesse um novo governo conservador, haveria uma nova diplomacia e uma nova configuração geopolítica. Lembremos que em 2007, quando se anunciou que tínhamos reservas enormes em nosso mar territorial, os norte-americanos reativaram a IV Frota. Em 2013, a presidenta suspendeu uma visita oficial aos Estados Unidos, em repúdio ao fato de que a NSA (Agência Nacional de Segurança estadunidense) roubou documentos da Petrobras.
Para os Estados Unidos, e para os poderosíssimos grupos econômicos estadunidenses, é muito conveniente que a crise política siga crescendo. Para eles, o escândalo do “Petrolão”, é muito favorável, porque isso debilita mais a Petrobras. Eles não se importam com a corrupção ou se os corruptos serão condenados ou não, o que querem é manchar a imagem da Petrobras, prejudicando seu valor de mercado, obrigando-a a diminuir seu plano de investimentos. Não temos nada contra o combate à corrupção. Também se está atacando as empreiteiras brasileiras, que são muito fortes dentro de fora do país, porque há interesses de preparar o mercado brasileiro para em que desembarque das companhias construtoras de fora, permitindo que elas possam realizar obras de infraestrutura em nosso país.

O golpe é irreversível?
Não parece ser algo inevitável. Os movimentos populares, o PT, muitos grupos estão se mobilizando, porque não vão aceitar o rompimento da norma institucional, que se interrompa o governo de uma presidenta legitimamente eleita.

O que significa a presença de Lula no governo, como ministro ou como assessor?
A chegada de Lula ao gabinete é uma grande conquista. Quando falamos de Lula, estamos falando de um líder popular extraordinário, que se comunica melhor que ninguém com as bases, e ao mesmo tempo é alguém com capacidade de diálogo com os dirigentes de todos os partidos. Com Lula, renasce a esperança de que podemos construir novos consensos para superar a crise política. Seu retorno ao governo nos permite ter um gabinete hierarquizado, com uma figura de inquestionável projeção internacional, e isso é importante no atual momento.
E essa figura é Lula, alguém com poder de interlocução com as personalidades internacionais, que tem um grande reconhecimento na América do Sul, o que nos ajudará a trabalhar melhor em nossa região, para convocar as forças democráticas. Porque não tenho nenhuma dúvida de que, se no final deste processo, o golpe vencer, isso prejudicará toda a América Latina, porque o Brasil tem um tamanho e uma importância econômica que contagia os países irmãos. Corremos o risco de que o Brasil termine sendo governado por um salvador da pátria, um oportunista vestido de herói, aclamado por essa parte da sociedade que odeia a política, e que tem sede de vingança contra os governos de esquerda, populares e democráticos do PT.
* Tradução de Victor Farinelli.

Fonte: O CAFEZINHO
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