quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Crise fabricada

Associação Brasileira de Comércio Exterior se junta ao CADE em ação contra bancos internacionais


notas_real_2
por Carlos Eduardo, editor-assistente do Cafezinho
Engraçado como a grande imprensa brasileira adora dizer que o "Petrolão" é maior caso de corrupção da história do Brasil. Ou seus jornalistas são muito ruins de conta, ou se trata de pura má-fé. Nem vou entrar aqui no mérito dos escândalos das privatizações do Governo FHC, ou relembrar o caso do Banestado, dois exemplos que superam e muito os valores do "Petrolão".
Pois vejam só esta história absurda.
Entre 2007 e 2013, 30 operadores de bancos estrangeiros que atuam no Brasil conspiraram para influenciar as taxas de câmbio do real em relação ao dólar, com o objetivo de destruir a indústria nacional e prejudicar nossas exportações, além é claro de obter lucros fáceis
Estima-se que operação fraudulenta tenha ocasionado um prejuízo US$50 bilhões à economia ao longo de seis anos. Se convertermos os valores para reais teremos um desvio de R$200 milhões, ou dez vezes os valores desviados no "Petrolão".
Os membros do esquema usavam uma plataforma de chat eletrônico da Bloomberg e ainda tiveram a cara de pau de nomear os grupos como "A Máfia" e "O Cartel", certamente convictos da impunidade por seus atos. E o pior de tudo é que a Associação Brasileira de Comércio Exterior acredita que o país tenha deixado de criar dois milhões de empregos por causa dessa manipulação da banca internacional.
Abaixo segue entrevista da agência russa Sputnik com o empresário José Augusto de Castro, presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior.
***

Comércio Exterior brasileiro se junta ao CADE em atuação contra bancos internacionais

Do Sputnik News
No início de julho deste ano, o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica divulgou a instauração de processo investigativo contra 15 grandes bancos com sede no exterior e contra 30 pessoas físicas. A acusação: “suposto cartel de manipulação das taxas de câmbio envolvendo o real e as moedas estrangeiras”. O processo, segundo o CADE, é o mesmo adotado nos Estados Unidos, na Suíça e no Reino Unido.
As instituições financeiras sob investigação do Conselho brasileiro são: Barclays, Citigroup, Credit Suisse, Deutsche Bank, HSBC, JPMorgan, Bank of America, Merrill Lynch, Morgan Stanley e UBS. Também estão sob investigação o Banco Standard de Investimentos, Banco Tokyo-Mitsubishi UFJ, Nomura, Royal Bank of Canada, Royal Bank of Scotland e Standard Chartered, além de 30 pessoas físicas.
Segundo o CADE, não havia, na  época da instauração do processo, indícios de envolvimento de bancos brasileiros nesta manipulação do câmbio.
A tática era valorizar a moeda brasileira com o claro objetivo de baratear as importações e prejudicar a receita com as exportações de produtos nacionais.
Alguns analistas avaliam as perdas econômicas em 50 bilhões de dólares, além de 2 milhões de empregos que deixaram de ser criados.
A AEB está acompanhando a evolução dos fatos. Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o empresário José Augusto de Castro, presidente da Associação, disse que ao final do processo os empresários do comércio exterior e a entidade que os representa pretendem reunir as informações disponíveis e adotar as medidas cabíveis, de ordem judicial, para buscar a reparação pelos danos sofridos.

Sputnik: Há quanto tempo a AEB – Associação Brasileira de Comércio Exterior está se mobilizando contra essas manobras dos grandes bancos internacionais de manipulação da moeda brasileira?
José Augusto de Castro: No final do mês de junho nós tomamos conhecimento de que poderia ter havido uma valorização do real no período entre 2008 e 2012, e começamos a avaliar o que de fato ocorreu, porque não temos como saber o que está ocorrendo. Nós só sentimos os efeitos da valorização do real, que tornou as exportações brasileiras muito caras e as importações muito baratas. Ocorre que o processo que existe hoje no CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica é conduzido em segredo de Justiça. Após as poucas informações que foram divulgadas, nós começamos a acompanhar. Mais tecnicamente falando, houve um período em que o volume de negócios através das operações de hedge – são os derivativos – tiveram um crescimento muito forte, e infelizmente a maioria dessas operações caminhava para tornar o real valorizado, ou seja, tornar o real mais barato. Isso fazia com que a exportação ficasse muito mais cara quando tivesse que ocorrer. Como consequência, nos últimos cinco anos nós falamos muito aqui – nós o Brasil como um todo – do processo de desindustrialização do país, do processo de transferência de linha de produção do Brasil para o exterior. A quantidade de empresas exportadoras dobrou e em contrapartida as empresas exportadoras diminuíram, nós passamos a ter crescente déficit na conta de manufaturados, um conjunto de fatores negativos. E, claro, a origem disso tudo era a taxa de câmbio.

S: A investigação está sendo conduzida pelo CADE, mas o Banco Central e demais órgãos do Governo como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e o Ministério das Relações Exteriores não teriam alertado os empresários brasileiros para o que estava ocorrendo com a moeda nacional?
JAC: Na verdade o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior não tem as informações, porque ele não acompanha as operações. Ele tem a taxa de câmbio, mas, como o câmbio é flutuante, pode subir ou descer. O Banco Central, em princípio, tem obrigação de acompanhar. Alguns dados que são divulgados hoje, nós vemos que são dados que chamariam a atenção: o real passou a ser a segunda moeda mais negociada no mundo, somente atrás dos Estados Unidos; o volume de operações no mercado futuro passou a ser cinco vezes o volume de operações no mercado à vista. O normal é ter um equilíbrio ou o mercado à vista ser até um pouco maior do que o mercado futuro. Agora, depois do fato passado, nós passamos a verificar. Mas nós, do setor empresarial, não temos como saber, em detalhes, o quanto está sendo negociado e, principalmente, o que é de uma operação ou da outra. Os dados foram surgindo a partir da avaliação feita pelo CADE e que vem a público, e nós começamos a tomar conhecimento.

S: A quem beneficiariam essas manipulações da moeda brasileira?
JAC: Basicamente aos bancos que fizeram as operações, porque geraram lucros muito altos para eles, porque além do lucro da aplicação no mercado financeiro havia a diferença de taxa de câmbio: quanto mais valorizado o real, maior seria o lucro desses bancos. São bancos de peso. O que eu acho – é a minha opinião, não é uma afirmação – que começou a chamar a atenção foi porque nos EUA e na Europa, especificamente na Inglaterra, houve também esse processo, e os bancos fizeram um acordo, nos EUA e na Inglaterra, em torno de 5 bilhões de dólares. Cada um dos bancos pagou essa quantia em cada país. E o levantamento que foi feito nos EUA, na investigação, os próprios EUA sugeriram que possivelmente o Brasil poderia ser vítima do processo. Acho que a partir daí o CADE começou a avaliar, e depois que um determinado banco fez acordo de leniência admitindo que o que ocorreu foi de fato uma manipulação cambial. Como o processo corre em segredo de Justiça, nós estamos aguardando que acabe o prazo de apresentação de defesa pelos bancos para, a partir daí, começarmos a ter acesso e acompanhar os processos.
***
Relembre o caso
***

Superintendência do Cade investiga cartel na manipulação de taxas de câmbio

da Assessoria de Comunicação do CADE, em 02 de julho de 2015.
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade abriu, nesta quinta-feira (02/07), processo administrativo para investigar suposto cartel na manipulação de taxas de câmbio envolvendo o real e moedas estrangeiras. Também será apurada a manipulação de índices de referência de mercado de câmbio, tais como o do Banco Central do Brasil (PTAX), do WM/Reuters e do Banco Central Europeu.
As empresas investigadas no processo (PA 08700.004633/2015-04) são Banco Standard de Investimentos, Banco Tokyo-Mitsubishi UFJ, Barclays, Citigroup, Credit Suisse, Deutsche Bank, HSBC, JP Morgan Chase, Merril Lynch, Morgan Stanley, Nomura, Royal Bank of Canada, Royal Bank of Scotland, Standard Chartered e UBS, além de trinta pessoas físicas.
As supostas condutas anticompetitivas envolveram o mercado de câmbio (em inglês "Foreign Exchange market" ou "FX market”) e as instituições financeiras que operam neste mercado.
No mercado de câmbio são realizadas as operações que se referem à compra de uma moeda em troca de outra. Essas operações têm como base a taxa de câmbio, considerada um preço chave da economia, que influencia desde os níveis de consumo interno de um país, como os níveis de investimento, importação e exportação, além de todas as transações financeiras que a tomem por base.  Ainda que o real seja a moeda oficial do país, um número considerável de operações cambiais realizadas por entidades brasileiras também são feitas por meio de moedas estrangeiras, como euro, dólar, libra esterlina, franco suíço, dentre outras.
O mercado de câmbio conta ainda com os índices de referência (ou taxas de câmbio de referência), calculados com base nas taxas de câmbio à vista de mercado e publicados periodicamente por entidades públicas e privadas - tais como o Banco Central do Brasil (PTAX), o WM/Reuters e o Banco Central Europeu - em todo o mundo para pares específicos de moedas. Esses índices de referência são usados como parâmetro por empresas multinacionais, instituições financeiras e investidores que avaliam contratos e ativos mundialmente, entre outros.
Os clientes das instituições financeira que executam operações de câmbio  são, dentre outros, todos aqueles agentes que periodicamente necessitam realizar operações de compra e venda de moeda, como bancos, fundos de investimentos, pessoas físicas (investidores, turistas), empresas privadas e entidades governamentais, por exemplo. Quando os clientes desejam realizar transações no mercado de câmbio, as instituições financeiras que oferecem esse serviço concorrem entre si para executar a operação, oferecendo um preço competitivo (taxa de câmbio para compra ou para venda de determinada moeda). As operações de câmbio também podem ser feitas com base nos índices de referência.

Conduta - O parecer da Superintendência aponta que existem fortes indícios de práticas anticompetitivas de fixação de preços e condições comerciais entre as instituições financeiras concorrentes. Segundo as evidências, os representados teriam feito um cartel para fixar níveis de preços (spread cambial); coordenar compra e venda de moedas e propostas de preços para clientes; além de dificultar e/ou impedir a atuação de outros operadores no mercado de câmbio envolvendo a moeda brasileira.
As instituições financeiras acusadas também teriam se coordenado para influenciar índices de referência dos mercados cambiais, por meio do alinhamento de suas compras e vendas de moeda. Foram encontrados indícios adicionais de práticas anticompetitivas de compartilhamento de informações comercialmente sensíveis sobre o mercado de câmbio, como informações sobre negociações, contratos e preços futuros; ordens de clientes; estratégias e objetivos de negociação; posições confidenciais em operações e ordens específicas; e o montante de operações realizadas (fluxos de entrada e saída).
Todas as supostas condutas teriam comprometido  a concorrência nesse mercado, prejudicando as condições e os preços pagos pelos clientes em suas operações de câmbio, de forma a aumentar os lucros das empresas representadas, além de distorcer os índices de referência do mercado de câmbio.
As práticas anticompetitivas foram viabilizadas por meio de chats da plataforma Bloomberg – por vezes autodenominados pelos representados como “o cartel” ou “a máfia”. As condutas teriam durado, pelo menos, de 2007 a 2013.
Com a instauração do processo administrativo, os acusados serão notificados para apresentar defesa no prazo de 30 dias. Ao final da instrução processual, a Superintendência-Geral opinará pela condenação ou arquivamento e remeterá o caso para julgamento pelo Tribunal do Cade, responsável pela decisão final.

Leniência - A investigação teve início a partir de um acordo de leniência celebrado com a Superintendência-Geral do Cade e o Ministério Público Federal. Por meio da leniência, instituto previsto na Lei 12.529/11, um participante de cartel denuncia o ilícito do qual fazia parte, aponta os demais envolvidos e se compromete a colaborar com as autoridades na apuração do caso, em troca da extinção ou redução da punibilidade.

Fonte: O CAFEZINHO
________________________________________________________

Crise econômica foi alimentada artificialmente, diz diretor do Le Monde Diplomatique Brasil

O movimento, segundo ele, teria iniciado ainda no final de 2014, logo após o final das eleições presidenciais que garantiram a reeleição de Dilma Rousseff
Crise econômica foi alimentada artificialmente, diz diretor do Le Monde Diplomatique Brasil

Por: Agência PT, em 20 de novembro de 2015 às 10:41:51

O sociólogo Silvio Caccia Bava, diretor e editor chefe do Le Monde Diplomatique Brasil, alertou, na quarta-feira (18), durante palestra, sobre a real natureza da crise econômica que o Brasil atualmente enfrenta. Para ele, houve um processo de construção artificial de uma crise econômica, a partir da mídia e de acadêmicos.
O movimento, segundo ele, teria iniciado ainda no final de 2014, logo após o final das eleições presidenciais que garantiram a reeleição de Dilma Rousseff.
“No final de 2014, começamos a vivenciar um clima de terrorismo econômico para forçar uma mudança de rumos na política econômica”, declarou.
O verdadeiro objetivo desse movimento, acrescentou, era um só: o Brasil precisa promover uma recessão para rebaixar o custo do trabalho. Esse objetivo, destacou ainda, faz parte de uma agenda global de recuperação de perdas do capital financeiro após a crise internacional de 2008.
Quem pagou o pato neste processo é a economia real e todos aqueles que vivem da renda do próprio trabalho. Já o capital financeiro tratou de recuperar o terreno perdido.
“Os grandes fundos de investimento praticamente dobraram de tamanho depois da crise de 2008. No caso o Brasil, o país virou uma plataforma de exploração rentista internacional, com taxas de juros que não têm paralelo no mercado”, observou o sociólogo.
No plano político, esse movimento do sistema financeiro é acompanhado por um Congresso Nacional onde cerca de 70% dos parlamentares eleitos foram financiados por apenas dez grandes grupos econômicos.
“Os partidos, de modo geral, deixaram de representar esses interesses porque seus parlamentares passaram a responder a interesses privados, de seus financiadores de campanha”, ressaltou
O antídoto para esse quadro, defendeu, é mais democracia e o aprofundamento do debate na sociedade sobre o que está acontecendo no país, quais os agentes que estão atuando e construindo as narrativas da crise.
“Estamos vivendo o fim de um ciclo, mas há um fato positivo acontecendo, que é a formação de novas frentes de luta como a Frente Brasil Popular”, avaliou.

Fonte: PT
____________________________________________________________

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Educação para o PSDB é porrada em adolescente

quarta-feira, novembro 18, 2015


Da série: vale a pena ler de novo

No momento em que o governo do Estado de São Paulo (do PSDB, é bom frisar) fecha 94 escolas e bota sua Polícia Militar pra cima dos alunos que protestam pacificamente contra essa medida arbitrária (inclusive prendendo professores), vale recordar essa notícia aqui, dos tempos da campanha presidencial de 2006 (os grifos são meus):
CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio de Janeiro (07/09/2006)

A 24 dias das eleições, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, lançou nesta quinta-feira sua proposta de governo para a educação, com a promessa de aumentar o número de horas-aula. Em visita à favela de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, Alckmin disse que seu plano também prevê o reequipamento de escolas e a melhoria do acesso as creches.

O candidato afirmou que sua meta é de [sic] estabelecer um padrão de 5 horas aula para o ensino fundamental em todo o país e disse que, em alguns lugares, as crianças ainda permanecem somente 3 horas na escola. O tucano ainda afirmou que vai trabalhar para melhorar a qualidade da educação básica e universalizar o ensino médio. "Hoje, o grande gargalo é o ensino médio: não deixar o aluno terminar a oitava série e parar de estudar", disse ele.

No programa de governo, o comitê de campanha afirma que a oferta de vagas no ensino médio ainda é insuficiente aos 10 milhões de jovens nessa
Fonte: FUTEPOCA
___________________________________________________________

Izabel Noronha: Senhor Secretário, pare de tratar as questões educacionais como caso de polícia!; já são 42 escolas ocupadas, veja quais

publicado em 17 de novembro de 2015 às 21:41
secretário da educação e bebel
O secretário de Educação do Estado de São Paulo, Herman Jacobus Cornelis Voorwald
Senhor Secretário: educação não é caso de polícia!
da assessoria de imprensa da Apeoesp, via e-mail
O Secretário Estadual da Educação declarou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, 17/11, que pretende retomar a posse de todas as unidades escolares ocupadas por estudantes e comunidades. No momento em que escrevo este texto já são 44 escolas ocupadas. A primeira a ser ocupada foi a EE Diadema, em 9/11.
A declaração do Secretário causa perplexidade, pelo que revela de autoritarismo, insensibilidade e descompromisso com os direitos e necessidades de estudantes, professores, funcionários e todos os que utilizam as escolas públicas estaduais.
O secretário deveria saber que as reintegrações de posse não irão resolver a situação criada pelo Governo Estadual ao pretender fechar 94 escolas e “reorganizar” outras 752, fragmentando o ensino fundamental e segmentando em prédios diferentes as etapas e níveis de ensino que compõem a educação básica.
Não há justificativa pedagógica para esta segmentação (como o Secretário denomina o processo), pois a convivência entre crianças de diferentes idades é natural e salutar para o processo ensino-aprendizagem e para a construção do conhecimento.
A ocupação das escolas é um sintoma do profundo descontentamento de estudantes, seus pais, professores e funcionários com um processo decidido a portas fechadas e imposto autoritariamente.
Como o Secretário pretende realizar a reintegração de tantas unidades escolares ocupadas por crianças e adolescentes? Utilizará a força bruta? Não posso crer que um educador acredite que este é o método correto para lidar com um problema de política pública, como se todos fôssemos obrigados a aceitar seus ditames.
Se levar adiante sua intenção de desocupar as escolas, sem qualquer tipo de encaminhamento ou solução para as reivindicações formuladas pelos diversos movimentos que hoje se realizam contra a “reorganização” da rede estadual de ensino, o Secretário certamente conseguirá produzir um repúdio ainda maior por parte dos estudantes, suas famílias e toda a população, alimentando um processo de enfrentamento potencialmente incontrolável.
É preciso que o Secretário da Educação pare de tratar as questões educacionais como caso de polícia. É preciso que utilize o método correto para equacioná-las.  Diante de evidências tão cristalinas de que seu projeto de reorganização não é aceito pela sociedade, deveria suspender sua execução, abrindo um amplo processo de debate durante o ano de 2016, para que se produzam soluções verdadeiras para os problemas reais da rede estadual de ensino de São Paulo.
Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP
escolas 1-001escolas 2
Fonte: VIOMUNDO
_______________________________________________________________

A aula dos 'secundas'

Uma boa forma para acelerar o processo de mudanças seria o retorno dos políticos e governantes à escola, para terem uma aula de cidadania com os estudantes


A
Jorge Luiz Souto Maior
reprodução














O Brasil vive um momento bastante complexo, que nos dificulta a compreensão dos fatos, também porque muito do que se sabe pela grande mídia não são os fatos propriamente ditos, mas versões, tantas vezes deturpadas, sentimental ou propositalmente construídas.

O resultado é o imobilismo, porque fica bem difícil saber para onde ir, o que e a quem defender.

Em meio a tudo isso, eis que os estudantes secundaristas, pessoas de 13 a 16 de idade – alguns com 17 ou 18 –, resolvem mostrar que é possível ter boas e certeiras causas pelas quais lutar e saem às ruas em defesa das escolas públicas nas quais estudam.

E não o fazem por mera farra. Agem com convicção, com consciência em torno da importância do ensino público. Defendem as escolas não apenas para si, mas por princípio. Sabem bem do descaso em que, estruturalmente, foi deixada a coisa pública. Sofrem, em inúmeras situações, com a precariedade das acomodações e com a redução de material. Mas não acolhem, de forma radical, ou seja, sem titubear, a ideia do governo do Estado de fechar escolas, de aumentar o número de alunos por sala, de separar o ensino fundamental do ensino médio e, consequentemente, de transferir de forma arbitrária estudantes de uma escola para outra, dificultando o acesso à educação.

Os estudantes, ao saírem em defesa de “suas escolas”, demonstram, para todo o país, que o Brasil não é só corrupção, não é só desmandos administrativos, não é só favoritismo, não é só egoísmo, individualismo e busca de sucesso pessoal por meio de ganhos financeiros e de “status”, como a grande mídia insiste em divulgar. Aliás, para essa gente destruidora da moral da população brasileira todas as pessoas são iguais a ela e, segundo tenta difundir, os jovens são alienados, drogados, descomprometidos, preguiçosos e, consequentemente, ignorantes.

Mas o que se tem em concreto na mobilização dos “secundas”, como se intitulam, são jovens levantando a bandeira da defesa da educação pública de qualidade. São jovens, portanto, que querem estudar, mas que também se preocupam em defender a instituição responsável por isso, mesmo reconhecendo as deficiências estruturais das escolas, sendo que isso, ao mesmo tempo, representa o reconhecimento da qualidade de ensino que os professores e professoras, com todas as dificuldades, ainda conseguem lhes transmitir.

Então, era para que todas as pessoas sérias e que se consideram minimamente preocupadas com a melhora do país estivessem na frente das escolas aplaudindo os estudantes, porque, afinal, estão dando uma aula, que, inclusive, serve à redenção de todos nós. Os estudantes estão dando uma aula de cidadania, de compreensão, de comprometimento, de consciência, de organização e de luta. Uma aula que deixa uma grande e essencial mensagem: o Brasil tem jeito!

No entanto, bem ao contrário, o que se vê é um esforço midiático muito grande para desconsiderar a importância “revolucionária” do movimento, que está refletido em ocupações em 20 (vinte) escolas, mas que, obviamente, não se reduz a isso. De fato, a defesa coletiva e consciente das escolas públicas reflete a situação de que os estudantes compreendem bem a sociedade em que vivem e que não pretendem ficar ali parados, seguindo um destino que lhes foi traçado de serem, no futuro, força de mão-de-obra desqualificada para alimentar um sistema que reforça as desigualdades.

Aliás, é bem isso, ou seja, o risco da perda da mão-de-obra desqualificada, para a realização de serviços que, embora dignos, foram socialmente reduzidos a uma condição subalterna e impregnados de submissão, que incomoda tanto à classe economicamente dominante, que vai às ruas defender um Brasil melhor, mas que olha com desdém a mobilização dos secundaristas.

É também por isso, aliás, que o governo do Estado não apenas tenta implementar uma política para a escola pública que visa punir os professores e as professoras pela sua atuação politicamente consciente, como também trata os estudantes, não como adolescentes, que de fato são, mas como rebeldes que não querem seguir os seus desígnios, chegando a enxergá-los como “operários” que se recusam a trabalhar, sendo por essa razão, ademais, que se interligam as pautas dos estudantes, dos professores e dos trabalhadores.

E a cena extremamente deprimente que se vê é a da escola pública transformada em uma prisão, cercada de policiais, fortemente armados e cegamente preparados, fazendo parecer que os estudantes que ocupam a escola, em ato político, já estão presos e sob a ameaça de males ainda maiores, chegando a situações de gravidade e dramaticidade como se verifica na EE José Lins do Rego, na zona sul e na EE Salvador Allende, na zona leste de São Paulo, e na EE CEFAM, em Diadema.

E alguém pode se perguntar: que Estado é esse que enfrenta com força bruta estudantes adolescentes de escolas públicas que defendem a sua escola e o seu direito constitucional de estudar? A resposta é simples: é um Estado que protege interesses do poder econômico e que não quer permitir a ocorrência das transformações sociais possibilitadas pela melhora do ensino que, provoca, inclusive, a diminuição das diferenças de oportunidades. Um Estado que é capaz de transformar o ato político de adolescentes que querem estudar em caso de polícia, sob o falso argumento da defesa do patrimônio público, afinal, estamos falando de um patrimônio que o Estado nunca cuidou e que, portanto, se fosse para punir juridicamente a depredação do patrimônio público das escolas os governantes já deveriam estar presos há muito tempo. Estado que, ao mesmo tempo, é totalmente incapaz de tratar com o mínimo rigor, no que se refere ao menos ao cumprimento das leis, grandes empresas, que, a cada dia, poluem, exploram, quando não matam, como se viu, agora, na região de Mariana/MG, e como está impregnado em tantos monumentos, da transamazônica aos estádios da Copa, passando por usinas, hidroelétricas e pontes.

É um Estado, portanto, que quer manter a ocupação de doméstica para a filha da doméstica.

Mas a brutalidade não vence a consciência e, portanto, o que os governantes de plantão pretendem é, de fato, uma grande ilusão, pois as mudanças sociais no Brasil, sobretudo a partir de junho de 2013, já estão em curso irreversível, até porque a mudança em termos de compreensão de mundo não é um fenômeno exclusivo do ensino público. Também no ensino privado, nas consideradas melhores escolas do país, por obra de competentes gestores e valorosos professores e professoras, o economicismo cede espaço ao humanismo, à solidariedade, à naturalização quanto à equiparação das oportunidades e a repartição da riqueza, à tolerância, à condenação aos preconceitos, sobretudo, de raça e de etnia, ao respeito às diversidades, às opções de sexualidade e à igualdade de gênero, fazendo com que a distância de mentalidade entre os jovens de classes sociais diversas seja cada vez menor, o que favorece à superação de um conflito tão estimulado em gerações passadas.

Essa mudança é tão sentida que adeptos do “status quo”, impregnados pelo escravismo, pelo racismo, pelo machismo, pela discriminação e pela intolerância, financiam campanhas contra o que chamam de “doutrinação marxista” nas escolas. Gente que nunca leu as obras de Marx e que nem de longe sabe o que é marxismo. Gente que despreza, inclusive, os Direitos Humanos e que, no fundo, tem medo do conhecimento, porque conhecer a realidade das coisas pode ser doloroso e incômodo.

Outro dia li em uma mensagem de Facebook: “São esses Direitos Humanos que impede (SIC) o desenvolvimento do país”. Mas como já dizia o personagem de Mário Tupinambá, na Escolinha do Professor Raimundo, “a ignorança é que astravanca o progréssio!”

Fato é que a escola, pública e privada, não pode deixar de cumprir o seu papel essencial de transmitir o conhecimento, não se reduzindo, pois, a formar mão-de-obra para o mercado, sendo inevitável, por conseguinte, que assumamos o “risco” de sermos seres humanos dotados de consciência e conhecimento.

E que ninguém se iluda, esse não é um caminho fácil e a reação policial aos jovens estudantes demonstra bem isso, assim como as diversas formas de opressão, criadas nos regimes ditatoriais brasileiros, que ainda estão vigentes, sobressaindo a reprimenda moral e jurídica às greves dos trabalhadores, sendo que se alia a tudo isso, para conter os avanços, a forte campanha que se tem difundido “a favor” da crise econômica, cuja função é a de instaurar o medo e, com isso, inibir as lutas políticas pela consagração e efetivação de direitos sociais.

Ainda assim as mudanças em torno da diminuição das desigualdades sociais, políticas e econômicas estão ocorrendo e continuarão em curso e se os políticos e governantes não sabem disso seria de todo conveniente que aproveitassem o momento em que os estudantes os chamam para o diálogo e se dignassem de ir às escolas não só para conversar com os secundaristas, mas para aprender com eles, como, aliás, de forma exemplar, fez o membro do Ministério Público, João Paulo Faustinoni e Silva, que, após comparecer à ocupação da EE Fernão Dias e compreender o que estava de fato acontecendo no local, pediu a revogação da liminar de reintegração de posse e conseguiu, com o reforço argumentativo da APEOESP, que o juiz da causa, Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 5ª Vara de Fazenda Pública, adotasse a grandiosa postura de rever seu posicionamento e proferisse belíssima e importantíssima decisão sobre o caso (Processo n. 1045195-07.2015.8.26.0053).

Eu também fui ao local, onde passei toda a tarde e o início da noite de sexta-feira, dia 13, e posso garantir que se aprende muito com os estudantes, notadamente quanto à sua capacidade de organização e à sua compreensão de mundo.

Ou seja, uma boa forma para acelerar o processo de mudanças, tornando-o menos traumático, seria a de uma espécie de retorno dos políticos e governantes à escola, para terem uma aula de cidadania com os estudantes.

Enfim, quero deixar consignado aqui um manifesto de apoio à defesa das escolas públicas, contra, portanto, o projeto de reestruturação apresentado pelo governo do Estado de São Paulo, transmitindo toda a força aos “secundas” e aos professores e professoras pela sua luta, não porque, de fato, precisem de mim, mas porque todos nós, cidadãs e cidadãos brasileiros, precisamos muito de uma aula como essa!

Fonte: CARTA MAIOR
____________________________________________________

Neve no Cachambi

NorteShopping encantará o Rio de Janeiro com Natal de Frozen – Uma Aventura Congelante

Foto divulgação
FROZEN – UMA AVENTURA CONGELANTE, da Disney, será a inspiração do Natal 2015 no NorteShopping. Inédita no Brasil, a decoração estará no shopping a partir de novembro. O castelo da animação será instalado na Praça de Eventos, prometendo trazer momentos emocionantes, surpresas e muita neve para o público.
 Centenas de crianças irão se encantar visitando a decoração e poderão interagir com os personagens Anna, Elsa e Olaf em 3D. Uma atração especial estará montada dentro do castelo: um karaokê com o sucesso “Let it Go” permitirá que a criançada solte a voz. A brincadeira continua com o escorrega de Olaf que pretende trazer mais diversão para o espaço, além de ser uma área para as famílias tirarem muitas fotos.
 Anna, Elsa e Olaf foram a grande inspiração para um cenário rico em detalhes e decorado com uma árvore de Natal gigante com festões, bolas coloridas e outros itens tradicionais da época, mas sempre trazendo detalhes do mundo de FROZEN – UMA AVENTURA CONGELANTE. O Natal do NorteShopping será inesquecível e transformará as compras natalinas em uma experiência única para todas as crianças do Rio de Janeiro.
 Momentos de ainda mais emoção completam o clima festivo do Natal, quando as personagens de FROZEN – UMA AVENTURA CONGELANTE – Anna e Elsa – estiverem no shopping para se encontrar pessoalmente com a criançada. A temporada de encontros está marcada para acontecer até 2 de dezembro, de segunda a sexta, das 16h às 19h30, e finais de semana e feriados, das 13h às 16h30. Toda a família poderá tirar fotos com os personagens de forma gratuita, com suas próprias câmeras fotográficas.

Fonte: MANCHETE ON LINE
_______________________________________________________
Rio 2016 investe em produtos para o Alto Verão

Inspirados nas paisagens icônicas da cidade, itens refletem o lifestyle carioca


Jornal do Brasil
O Comitê Rio 2016 já está no clima da estação mais quente do ano!Além dos tradicionais souvenirs, uma seleção de itens indispensáveis para o verão surpreende pela originalidade e versatilidade. Tendo a Cidade Maravilhosa e suas icônicas paisagens como uma das principais inspirações, a linha de produtos Rio 2016 permite levar um pouco do famoso lifestyle carioca para os quatro cantos do mundo.
O Comitê Rio 2016 já está no clima da estação mais quente do ano!
O Comitê Rio 2016 já está no clima da estação mais quente do ano!
Assinada pela designer Fabíola Molina, a linha de beachwear Rio 2016 se destaca pelos bodies, maiôs e biquínis super coloridos e com ótimo caimento. Detalhe ainda para a escolha do tecido: biodegradável e com proteção UV+50.As Havaianas são um charme a parte. Item essencial no closet de todo autêntico carioca, as sandálias de dedo ganharam versões femininas e masculinas com a marca Rio 2016; as com estampas do Corcovado e Pão de Açúcar já são objeto de desejo dos mais antenados.
A ida à praia ou piscina também ganha estilo com as bolsas, cangas e bonés Rio 2016. Com ares despojados, os acessórios funcionam ainda com produções para um pós praia, assim como as joias Rio 2016.Mais cariocas impossíveis, as pulseiras com plaquinhas que reproduzem os calçadões mais famosos do mundo são práticas e versáteis, complementando desde looks mais descontraídos, até produções mais casuais.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
___________________________________________________________
Papa: 'Luzes, festas e presépio.
Tudo falso: o mundo todo está em guerra.
Ruínas, mortos inocentes e muito dinheiro aos fabricantes de armas'.


Fonte: CARTA MAIOR
___________________________________________________________


Que o apelo religioso que envolve o Natal tem ficado de lado já por muitos anos, isso é fato.

O Natal se transformou em uma grande festa, de comércio, consumo e muita comilança.

Um momento de festa, que deveria ser, também e principalmente, de reflexão.

Acho que estou pedindo demais, quando falo em reflexão em uma sociedade majoritariamente pavloviana.

No entanto a festa natalina é uma realidade , com troca de presentes entre amigos ocultos que se odeiam, parentes que se matam , principalmente nas empresas, decoradas com guirlandas e outros objetos natalinos.

Conheci algumas pessoas em empresas que tiravam uns dias de férias no período natalino, apenas para não participar das festas com seus "amigos" e , também, para fugir da neve.

Isso mesmo, caro leitor, neve , em grande quantidade, artificial, claro.

Aí o complexo de vira-lata extrapola.

Todo  mundo sabe que a cidade do Rio de Janeiro tem apenas duas estações no ano, verão e inferno.

O período do inferno, de novembro a março, o carioca sofre com o calor e a maioria das pessoas procura se vestir com roupas leves, claras e também com uma alimentação mais leve.

E eis que nas festas de fim de ano, para chamar mais clientes, até neve cai no bairro do Cachambi, zona norte da cidade, ali perto do Meier e Engenho de Dentro,  local quente pra cacete o ano inteiro, local do Norte Shopping, quinto maior centro comercial do país.

A neve na cidade maravilha 45 graus, em pleno inferno, é algo como um soco no estômago do carioca, que tem como marca da estação, ou mesmo do ano inteiro, um estilo despojado, alegre, solar e suave.

Estilo que deveria nortear o período natalino da cidade, assim como as festas.

Recentemente, o eterno candidato José Serra, quando prefeito da cidade de São Paulo, fez nevar no parque do Ibirapuera no período natalino, em algo brega e de gosto duvidoso.
 
Uma chuva de críticas à neve paulistana, caiu sobre o prefeito.

E agora, o Rio de janeiro, na zona norte, faz nevar em dezembro.

Com a verdade vindo à tona, jornalistas de globo choram... de raiva !

Sem a comoção do mundo ocidental, nos últimos dois anos EI matou mais de 100 mil muçulmanos

Por Conceição Oliveira novembro 17, 2015 14:56
Sem a comoção do mundo ocidental, nos últimos dois anos EI matou mais de 100 mil muçulmanos
Não é só Paris, países de maioria muçulmana sofrem gravíssimos atentados inclusive no interior de suas mesquitas. Parem de tratar islamismo como sinônimo de terrorismo. Segue uma breve lista de alguns atentados do Estado Islâmico ocorridos em 2015 que nos ajudam a compreender a crônica e a indignação de Lelê Teles.
11/01/2015 – Paris, França: ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo deixou 12 pessoas mortas
20/02/2015 – Derna, Líbano: Três carros-bomba mataram ao menos 40 pessoas em Derna.
20/03/2015 – Sana, Iêmen: 137 mortos num atentado dentro de uma mesquita
19/04/2015- Líbia: Dezenas de cristãos foram mortos, alguns decapitados.

22/05/2015- Arábia Saudita: Mais de 20 pessoas foram mortas e 120 ficaram feridas em um ataque suicida ligado ao “EI”
17/06/2015 – Sana, Iêmen: uma série de ataques com carros-bomba na capital mataram ao menos 30 pessoas.
26/06/2015- Tunísia: um atirador disfarçado de turista em um resort no Mediterrâneo matou ao menos 38 pessoas – a maioria de turistas britânicos.
1/07/2015 – Península do Sinai, Egito: terroristas do EI mataram dezenas em ataques simultâneos na Península do Sinai.
20/07/2015 – Suruc, Turquia: ataque a um centro cultural, deixando ao menos 32 mortos
24/09/2015- Arábia Saudita: ataque suicida que deixou 15 mortos, sendo que 12 deles eram membros da força de segurança saudita.
06/10/2015 – Iêmen: uma série de ataques de homens-bomba em duas das maiores cidades do país matou 25 pessoas. Menos de duas semanas antes, um outro atentado no país também deixou mais de 20 mortos após a explosão de bombas em uma mesquita.
31/10/2015 – Balneário de Sharm el-Sheik, Egito: grupo afiliado ao “EI” reivindicou um ataque que derrubou um avião de uma companhia aérea russa. O Airbus 321 decolou da região turística egípcia com destino a São Petersburgo, na Rússia. As 224 pessoas que estava a bordo morreram.
12/11/2015 – Beirute, Líbano: duplo ataque suicida destruiu uma área comercial da cidade, bem na hora do rush, deixando 43 mortos e mais de 200 feridos. Foi o pior ataque à cidade em anos.
13/11/2015 -França: 6 ataques quase simultâneos na região central de Paris deixou ao menos 120 mortos e centenas de feridos.



SERÁ QUE VAI TER CHARGE DO CHARLIE HEBDO?
Por Lelê Teles
acordei hoje cercado por beatos nas redes sociais. todos rezando por Paris.
curioso e incréu, fui checar as razões dessa repentina e genuflexa beatificação da humanidade.
e qual não foi minha surpresa.
um odioso ataque à Cidade Luz, metralhadoras fuzilando metaleiros numa boate, sons de bombas estragando uma partida de futebol, mais de cem pessoas mortas, centenas de feridos.
isso é rotina na maior parte do mundo, como se sabe.
mas o barulho de ontem foi imediatamente descrito como o maior ataque terrorista desde o 11 de setembro?
sério, cara?
e aquele atentado no qual morreram 140 pessoas numa escola no Paquistão, por que não entrou no ranking?
e os milhares de civis, crianças, mulheres, velhos e enfermos em hospitais assassinados pelos mísseis israelenses, tão no ranking?
as vítimas inocentes dos drones assassinos tão nesse ranking?
é possível, é humano, orar pela morte de uns e nem sequer chorar pela morte de outros?
quando caiu um avião russo, com mais de 200 pessoas, na Península do Sinai, os chargistas franceses fizeram graça.
graça também fizeram dos refugiados sírios que corriam pra lá com medo dos barbudos malvados.
qual é a graça agora? teremos charges ou só orações?
Quanto ao avião russo, tem dois artigos de Valentin Vacilescu aqui e aqui, pra quem lê em francês, que mostram razões para todos começarmos a rezar.
Obama diz que agora todos vão investir contra o Estado Islâmico. antes, claro, era tudo de mentirinha.
aqueles drones jogando bomba na cabeça de crianças era pura mise-en-scène.
não faltam os que falam que foi um crime perpetrado por muçulmanos, sem se dar conta de que esses barbudos malvados já mataram mais de 100 mil muçulmanos só nos últimos dois anos.
é como dizer que são cristãos os que soltam bombas a partir de drones na cabeça de crianças afegãs.
essa própria conversa mole de reza já é um agendamento com viés político-religioso, o tal choque de civilização; isso é ideologia na veia.
como diz Vacilescu isso é intoxicação.
e por falar em intoxicação, lembrem-se, o Rio Doce tá morrendo, bem aqui diante de seus olhos, suas lágrimas podem ajudar a limpar aquela sujeira.
e oh, aos que estão rezando por Paris, parem.
é por causa de rezas que essas porras estão acontecendo.

Fonte: MARIA FRÔ
__________________________________________________________

Wagner Iglecias: Não são atentados os que ocorrem no Afeganistão, Paquistão, Iraque, Síria, Líbia?

homenagem_mortos_Paris_Foto: JB Gurliat/Maire de Paris

CIVILIZAÇÃO FÓSSIL
por Wagner Iglecias, especial para o Viomundo
publicado em 17 de novembro de 2015 às 10:54

Neste domingo, durante discurso feito na reunião dos BRICS no G-20, na Turquia, a presidente Dilma Rousseff citou o Estado Islâmico em referência aos atentados em Paris e disse que é urgente “uma ação conjunta de toda a comunidade internacional no combate sem tréguas ao terrorismo”.
Vindo de alguém na posição dela não se podia esperar algo muito diferente disso. Mas trata-se de uma declaração protocolar, oca, formal, dado que combater o terrorismo é combater a consequência, e não as causas do problema. Visões como essa só darão mais combustível ao belicismo crescente, à xenofobia contra o Islã e tornarão cada vez mais difícil a construção da paz.
Muçulmanos não são seres irracionais e sua fé religiosa não está além ou aquém das outras crenças ocidentais, como o Cristianismo e o Judaísmo. Grande parte do avanço científico e tecnológico europeu ao longo de séculos é fruto do convívio com os povos islâmicos, é bom que se diga. E tampouco estamos vivendo um “Choque de Civilizações” entre o Islã e Ocidente, como sugeriu um dia o pensador conservador estado-unidense Samuel Huntington. Por outro lado é óbvio que os atentados terroristas na França, provavelmente perpetrados pelo Estado Islâmico, nos soam horripilantes. E são mesmo.
Mas fica a pergunta: não são atentados como os da capital francesa, ceifando a vida de tantos inocentes, que ocorrem quase que semanalmente há mais de uma década se considerarmos o conjunto de países (ou ex-países) como Afeganistão, Paquistão, Iraque, Síria, Iemen, Libia, Somália, Quênia, Nigéria e outros, dos quais muitos de nós aqui, no Extremo Ocidente, na longínqua periferia do Império, nem ficamos sabendo?
Talvez o que mais nos apavore, além das terríveis imagens vindas da tragédia de Paris, uma das capitais culturais de nosso tempo, é imaginar a hipótese de que esta rotina macabra não seja mais uma exclusividade de países pobres e distantes, e que possa a partir de agora ser parte do cotidiano das sociedades mais ricas do mundo, exatamente aquelas nas quais tantos de nós se espelham.
Logicamente seria muita pretensão deste que vos escreve, ou de qualquer outra pessoa, tentar responder à questão sobre quais são as causas do terrorismo contemporâneo. Afinal trata-se de um tema  demasiadamente complexo, que carece ser analisado a partir de múltiplos aspectos. Mas tenho a impressão de que a instabilidade política instigada pelo Império e seus prepostos europeus no Oriente Médio e no Magreb na última década e meia é a principal razão para este novo ciclo de instabilidade global que se forma a partir daquela região do mundo.
Sim, a Líbia de Muamar Gaddafi, o Iraque de Sadam Hussein ou a Siria de Hafez al-Assad (pai de Bashar al-Assad) eram ditaduras. Houve neste países presos políticos e perseguições a opositores. Mas é certo que havia também alguma estabilidade institucional e não ocorria o banho de sangue, na escala atual, como este promovido na região desde a primeira Guerra do Golfo e as posteriores incursões ocidentais naquela parte do mundo.
Organizações internacionais estimam que no Iraque teriam sido assassinadas apenas entre 2003 e 2006 entre 600 mil e 1 milhão de pessoas. Durante os seis primeiros meses de guerra civil para por fim ao governo de Gaddafi na Líbia, em 2011, estima-se que entre 30 mil e 50 mil pessoas tenham sido mortas. Na atual guerra para derrubar o governo de Bashar al-Assad na Síria estima-se que 250 mil pessoas já tenham perdido a vida, 7 milhões tenham se deslocado forçadamente dentro do território sírio e outros 4 milhões tenham saído ou tentado sair do país por conta da violência.
As incursões feitas pelo Ocidente contra governos da região são, ao menos ao nível do discurso, para levar àqueles povos a liberdade e a democracia. Trata-se, curiosamente, de países não alinhados aos governos dos EUA e da Europa e situados sob ricas reservas de petróleo, gás natural e outros recursos fósseis fundamentais ao modelo de desenvolvimento ocidental. Modelo de desenvolvimento que faz com que os estado-unidenses, que constituem apenas 5% da população do planeta, sejam responsáveis por 14% da emissão global de gases de efeito estufa e consumam 25% da energia mundial. Modelo de desenvolvimento baseado em trabalho excessivo, consumo exacerbado e desperdício. Modelo de desenvolvimento que formou uma sociedade disciplinada e individualista, na qual parcela significativa da população vive movida a ansiolíticos, antidepressivos e outras drogas. Modelo de desenvolvimento que irá buscar aonde for necessário, em qualquer lugar do mundo, os recursos para a sua alimentação e a sua continuidade. Modelo de desenvolvimento que se orgulha de suas garantias e liberdades individuais, de seu protagonismo, de sua liderança e de sua democracia. Mas modelo de desenvolvimento que, em verdade, resulta numa civilização fóssil, calcada numa sociedade que para dar sentido à sua forma de viver depende da exploração insana e permanente de recursos energéticos esgotáveis e poluidores, aonde quer que eles estejam e ao custo que custarem.
Buscar as razões para as ações terroristas é muito difícil. Mas os atentados não são causa, e sim consequência. Fato é que enquanto bombas e tiros ocorrem em algum lugar, ceifando vidas inocentes, seguimos na marcha batida de um tipo de civilização predatória, belicista, individualista e alienada, no qual a vida humana parece ser menos importante que o lucro, a solidariedade menos importante que a ganância e a natureza menos importante que a riqueza material de uma pequena parcela da Humanidade.
Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP

Fonte: VIOMUNDO

_________________________________________________________

Chomsky: Invasão do Iraque pelos EUA é a raiz do terrorismo e o pior crime do milênio

Por Conceição Oliveira novembro 18, 2015 10:01
Chomsky: Invasão do Iraque pelos EUA é a raiz do terrorismo e o pior crime do milênio
Como sempre, Chomsky desvela o que todo discurso midiático esconde. Neste vídeo ele discute os significados de terrorismo no direito internacional e para os que são atacados diuturnamente pelos senhores da guerra. Para Chomsky o Estado mais extremo, radical e fundamentalista do mundo, a Arábia Saudita, é o principal aliado dos Estados Unidos.
De acordo com Chomsky, a própria CIA reconhece que o Estado Islâmico é resultado da invasão estadunidense no Iraque: ‘o pior crime do milênio’ praticado pelos EUA. Centenas de milhares de pessoas foram mortas, torturadas, o país destruído, 4 milhões de pessoas deslocadas e 2 milhões de refugiados, sob os olhos de todo o mundo sem qualquer reação para proteger as vítimas do Iraque.

Fonte: MARIA FRÔ
______________________________________________________________

Donos da mídia e a paternidade do terror

Por Rita Coitinho, no site Vermelho:

Parece cruel supor que o os verdadeiros responsáveis pela tragédia que se abateu sobre Paris na última sexta-feira sejam os próprios poderosos franceses e seus aliados da Otan. Assim como parecia insensível a atitude de quem atribuía aos próprios (poderosos) estadunidenses a responsabilidade pelos atentados de 11 de setembro de 2001.

Parece. Mas nem tudo o que parece é. A realidade é sempre mais complexa do que apontam os fatos tomados isoladamente. E é por isso que a crítica marxista ao positivismo foi arrasadora. Olhado isoladamente o fato social nada nos diz, são suas múltiplas conexões que podem nos fornecer um olhar mais aproximado do todo social e alguma explicação da realidade em toda a sua complexidade.

Não há como compreender os acontecimentos de Paris por uma lógica dualista que opõe a “nós” (ocidentais, cristãos etc.) e a “eles” (orientais, não cristãos etc.). Primeiro porque não há “nós”, numa comunhão perfeita, onde os “ocidentais” seriam uma comunidade coesa e livre de conflitos. E porque não há “eles” como um amálgama social formado por valores estranhos ao tal do “ocidente”, um conjunto coeso, que compartilha valores e aspirações “anti-ocidentais” e violentas.

Enquanto a mídia ocidental chora as vítimas francesas e aplaude o discurso de guerra de Hollande (tal como fez com Bush em 2001) como um ato de honra, o Líbano chora seus mortos e feridos num atentado ocorrido pouco antes do de Paris, a Síria lamenta cinco anos de atentados quase diários e de proporções maiores, a Palestina chora a diáspora de décadas e o Quênia lamenta a centena e meia de estudantes mortos em uma universidade. A dor francesa é de todos nós, é claro, mas por que para a mídia ocidental ela é mais dolorida do que a dor libanesa, síria ou queniana? Talvez porque “eles” sejam diferentes de “nós” e, portanto, mais “acostumados” às asperezas dos conflitos, afinal “eles” são a origem do mal.

Essa é a versão da mídia ocidental, que nos é empurrada diariamente em noticiários e comentários de “especialistas”. Se olharmos mais de perto, porém, e fizermos algum esforço de conexão entre os fatos, não será difícil encontrar a mão do governo francês na origem do Daesh (ou Isis), assim como não era difícil mostrar as conexões entre os EUA e a Al Qaeda e, agora também, o Daesh. Talvez alguém aponte aqui alguma falta de sensibilidade, mas é impossível deixar de atentar para que transcorridas poucas horas após a odiosa tragédia de Paris - nem bem identificados e chorados os mortos - o governo francês já sobrevoava a Síria e bombardeava “áreas controladas pelo DAESH”. A mesma França que se opunha, há poucos dias, à ofensiva russa, iniciada em 30 de setembro com a autorização do governo constitucional de Assad, contra as instalações dos terroristas na Síria. A mesma França que financia os bandos armados que desestabilizam a Síria e que tem múltiplos interesses geoestratégicos a defender naquela região.

Já não assistimos algo semelhante em 2001? Os atentados de 11 de setembro não foram seguidos de um discurso inflamado de Bush Jr. onde se invocava a proteção de “deus” e o posicionamento do mundo, a favor ou contra os EUA? Logo Bush Jr., cujas conexões com as empresas petroleiras atuantes no Oriente Médio eram amplamente conhecidas? Logo os EUA, que apoiaram, treinaram e financiaram Osama Bin Laden para fortalecer a Al Qaeda como instrumento de guerra contra a presença soviética no Afeganistão?

A propaganda midiática esquece-se de propósito dessas conexões. E ignora, também de propósito, o sofrimento dos povos daquela região do mundo. Trata-os como “outros” para tornar honrosa a guerra da agressão promovida pelas potências do ocidente e de Israel. Perpetua a velha forma da propaganda antecipada, que prepara o caminho palatável da guerra de agressão. O que a grande mídia faz a respeito dos episódios recentes não é muito diferente do que os grandes jornais já faziam no final do século XIX, como mostra essa passagem do livro “História da Nação Latino-americana”, de Jorge Abelardo Ramos a respeito das agressões dos EUA a Cuba (que visavam sua anexação):

“O magnata do jornalismo marrom, William Randolph Hearst, proprietário doJournal, enviou para Havana [em 1898] o seu melhor desenhista, Frederic Remington, e o seu famoso jornalista, Richard Harding Davis, os quais contratou por três mil dólares ao mês para preparar a opinião pública norte-americana em relação à guerra que o seu jornal preconizava. Entretanto, ambos os jornalistas passavam suas entediadas tardes no bar do Hotel Inglaterra bebendo. Até que um dia, por acaso sóbrio, Remington telegrafou para Hearst: “Tudo está tranquilo (...) Não haverá guerra (...) Desejo voltar”. Hearst respondeu com outro telegrama que se fez célebre: “Por favor, fique. O senhor providencie os desenhos e eu providenciarei a guerra”.

Mais de cem anos depois os magnatas da informação continuam fazendo o mesmo que o proprietário do Journal: providenciando a guerra. Ou, como expressou recentemente o vice-ministro russo da Defesa, Anatoly Antonov, travando, permanentemente, uma “verdadeira guerra de informação”.

“Em tempo de guerra, a primeira vítima é a verdade” (Boake Carter).
Fonte: Blog do Miro
__________________________________________________________

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Sociedade pavloviana

Apresentador fala sobre a carreira e o programa que apresenta desde 2002, em entrevista à GloboNews

Pedro Bial falou de sua transição do jornalismo para reality show em entrevista ao programa "Ofício em Cena", que vai ao ar às 23h30 desta terça-feira (17), na GloboNews.

Pedro Bial fala sobre a carreira
Estevam Avellar/TV Globo
Pedro Bial fala sobre a carreira
O apresentador, que cobriu momentos históricos na carreira como a reunificação da Alemanha com a queda do Muro de Berlim, a Guerra do Golfo e o fim da União Soviética, comanda o "Big Brother Brasil" desde sua estreia, em 2002.
"Quando apresentava o 'Fantástico', eu recebi um telefonema dizendo que teríamos um reality show – eu não tinha a menor ideia do que era 'Big Brother' - e que precisavam de alguém que soubesse apresentar e conversar com pessoas", disse. "Fiz como tudo o que eu fiz na vida, com um senso de missão. Me entreguei profundamente, como me entrego até hoje, e acho tão nobre quanto tudo o que já fiz."
Ele não considera que encarne um personagem para comandar o programa. "Acho que eu já era um personagem antes. Quando você tem uma imagem e trabalha na televisão, as pessoas se relacionam com a imagem que você projeta ou que se projeta de você".

Fonte: IG
___________________________________________________________

A Globo sofre com a crise... de credibilidade!

Roberto
Fonte: CONVERSA AFIADA
___________________________________________________________

globo___.jpg

Somos todos idiotas?'

Referência de sucesso da privatização tucana, a Vale distribuiu em 2011 US$ 4 bilhões a seus acionistas, mas não instalou buzinas que salvariam pessoas da lama.

por: Saul Leblon

Antonio Cruz / Agência Brasil














A ilusão de que a barbárie é um processo incremental que se desenvolve em algum ponto remoto do planeta, ou do calendário, ofusca uma rotina de convívio com a sua plena vigência nos dias que correm.

A matança em Paris na última sexta-feira, o avanço de um mar de lama assassina no interior brasileiro, são ilustrações de uma transição de ciclo histórico, cuja raiz é sonegada ao discernimento social pela semi-informação emitida do aparelho midiático conservador.

A cada soluço do inaceitável ergue-se, assim, a boa vontade dos que farejam algo estranho arranhando a porta do lado de fora.

Em janeiro, dizíamos ‘Somos todos Charlie’.

Em setembro dissemos ‘Somos todos Aylan Kurdi’ ( o menino curdo de três anos, morto em uma praia na Turquia).

Em novembro estamos dizendo ‘Somos todos franceses’, pranteando a centena e meia de jovens assassinados em uma única noite em Paris.

Por que estamos sendo jogados periodicamente a nos identificarmos com vítimas de uma tragédia que se abate sem que se possa detê-la, nem explicar de onde se origina e por que se repete em formas diversas com a mesma gravidade?

A lista é interminável.

Se a mídia desse a ênfase adequada a outros  dramas equivalentes, por certo teríamos dito também  ‘somos todos gregos’, ‘somos todos sírios’,  ‘somos todos africanos’, ’somos todos desempregados europeus’, somos todos despejados espanhóis, somos todos líbios, iraquianos, iranianos, pretos americanos pobres...

Se desse hoje o alarme suficiente à lamacenta catástrofe promovida pela Vale, em Minas Gerais, estaríamos dizendo ‘Somos todos rio Doce’....

A solidariedade exclamativa é importante ao evidenciar a nossa inquietação.

Mas é insuficiente.

Quando o que está em jogo é a incompatibilidade entre a ganância estrutural dos mercados e a dos impérios, de um lado; e a sobrevivência do interesse público, de outro, a boa intenção exclamativa, a exemplo da caridade cristã, não é capaz de afrontar os perigos que acossam as bases da sociedade e o seu futuro.

A desordem mundial, movida a incertezas, brutalidades psicopatas, insegurança social permanente e colapsos recorrentes movidos a forças intangiveis, não retrocederá se não for afrontada com anteparos do interesse público dotado de ferramentas à altura do desafio: Estados nacionais democraticamente fortalecidos.

A ausência de coordenação global entre economias, a subordinação da democracia a interesses financeiros que se dedicam a esvaziá-la, a incompatibilidade entre a acumulação irracional e a sobrevivência dos recursos que formam as bases da vida na terra, não serão superados com boas intenções de organismos não governamentais.

A crise de 2008 foi o sintoma desse corredor estreito da história para onde estão sendo tangidas referências e conquistas acumuladas pelas lutas democráticas e populares desde os primórdios do século 20 e antes dele.

Ao contrário do que recitam colunistas agendados pelos departamentos de economia dos bancos, ela não acabou.

O cerco em marcha se estreita, como evidenciam os acontecimentos de Paris, ou seus equivalentes na Síria.

A emergência do ciclo neoliberal nos anos 70 deu carta branca à ganância rentista, confiante na expertise do dinheiro para alocar recursos com maior eficiência ao menor custo, tendo o globo como tabuleiro cativo.

Os alicerces da democracia social  (o pleno emprego, direitos universais, Estado, partidos e sindicatos forte) foram corroídos.

Sob explosões de bolhas, bombas, desemprego, náufragos,  governos e nações acuadas por defenderem a destinação social do desenvolvimento, o século 21 assiste agora aos efeitos colaterais dessa troca.

Um poder de chantagem ímpar, dotado de mobilidade sem igual na história do capitalismo ungiu o bunker financeiro em carrasco das nações.

O preço da mutação é o novo normal sistêmico.

A desigualdade cresce, o emprego definha, o endividamento asfixia famílias e Estados, a política se desmoraliza, fundos e acionistas enriquecem em uma sociedade que vegeta, e sobretudo, quando ela empobrece.

A barragem acumula rejeitos de todas as raças, cores e religiões.

Não há lugar para todos serem a mesma coisa em parte alguma nessa engrenagem seccionada por diques que separam vidas sólidas de massas líquidas  lamacentas.

Se o Estado é capturado integralmente pelos mercados, as pontes para a construção de laços de valores compartilhados entre as nações e dentro das nações ficam intransitáveis.

Os terroristas que mataram 127 jovens em uma só noite em Paris diziam exatamente isso enquanto disparavam:

‘Vamos fazer com vocês o que vocês fazem na Síria’, em alusão ao intervencionismo aberto do governo Hollande que se estende da Síria ao Iraque, do Iraque a nações africanas.

Estamos falando de um governo socialista, ou melhor, de mais um sintoma da doença maligna que faz da política o novo idioma do caos.

A chave religiosa apenas reforça esse hospício ordenado pela razão financeira, que instala uma guerra social aberta de abrangência global, em nosso tempo.

Frentes conflagradas espalham-se pelos mapas das nações e dentro de cada uma delas, nas periferias urbanas onde os rejeitos humanos dos embates se acumulam.

Volta e meia ali também as barragens se rompem.

A UE tem hoje 8 milhões de imigrantes sem papéis; 120 milhões de pobres e 27 milhões de desempregados.

Após seis anos de arrocho neoliberal para curar a trombose de 2008, o desemprego, a desigualdade, o futuro obscuro, o esfarelamento do padrão de vida dos trabalhadores e da classe média –condensado em uma geração de jovens que dificilmente repetirá a faixa de renda dos pais--  turbinou a rejeição ao estrangeiro, criou o medo da  'islamização, alimentou a extrema direita e liberou a demência terrorista dos alijados.

Não necessariamente nessa ordem, mas com essa octanagem.

A consciência dessa longa travessia é um dado fundamental para renovar a ação política num tempo de supremacia das finanças desreguladas, ungidas à condição de um templo sagrado, dotado de leis próprias, revestido de esférica coerência endógena, avesso ao ruído das ruas, das urnas e das aspirações por cidadania plena.

Corta. Feche o foco agora no Brasil dos dias que correm.

É nesse cenário de guerra aberta que o conservadorismo e seu jornalismo de propagação ‘acusam’ o governo de não ter jogado o país ao mar em 2008, como tantos ‘estadistas’ do ajuste fizeram.

O custo de não tê-lo afogado na hora certa –vertem boquirrotos economistas de bancos-- acarretou os custos insustentáveis que ora explodem em desequilíbrios fiscais e orçamentários

O ‘voluntarismo lulopopulista’ terá que ser pago a ferro e fogo, lambuza nossos ouvidos a voz pastosa do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, com seu conhecido domínio da macroeconomia.

Recomenda-se vivamente beber a cota do dilúvio desdenhada em 2008 de uma talagada só, como Joaquim Levy gostaria, encorajado pelo poleiro de tucanos da Casa das Garças.

Só há um jeito de escapar da loucura disfarçada de racionalidade: tirar a economia do altar sagrado da ortodoxia e expô-la ao debate democrático do qual participem todas as forças sociais, unidas em uma frente de propósitos específicos.

Novo corte para um close na gosma em movimento no Brasil.

Pode-se identifica-la literalmente na massa de lama derramada de uma barragem da mineradora Vale, que já atingiu nove municípios de Minas e do Espírito Santo e avança para matar 880 kms de rios, riachos, ribeirões e fontes.

Referência de sucesso da privatização tucana, recordista em distribuir dividendos a seus acionistas, a Vale durante anos só deixou 1% do lucro obtido na mineração de Mariana/MG ao município.

Em compensação, despejou agora 60 bilhões de litros de lama tóxica no seu entorno, uma lava que  viaja  pelo Rio Doce para compartilhar com o Espírito Santo a maior catástrofe ambiental da história brasileira.

A devastação está apenas no começo.

A convalescença pode demorar séculos.

Esse é o tempo –advertem geólogos-- para que a lama cuspida pela incúria gananciosa se transforme em solo fértil outra vez.

A Vale não vai cuidar do interesse público nessa longa mutação.

O governo Dilma já deveria ter montado um gabinete de crise para enfrenta-la e coagi-la a assumir custos, no limite com intervenção na empresa para saber a extensão das ameaças que esconde.

No vácuo, o prefeito Neto Barros (PCdoB-ES), de B.Guandu (ES), fez o que cabe diante das dimensões de um roteiro que começa com o colapso do abastecimento de água, avança para doenças, inclusive câncer, encerra a destruição de cadeias alimentares, representa a falência de agricultores e de cidades, e desemboca em desemprego, revolta e migrações para periferias conflagradas.

Neto Barros fechou a ferrovia da Vale com a patrulha de máquinas da prefeitura até que a presidência da empresa aceite negociar.

Pergunta: isso é terrorismo? É atentado?

Não.

Mutatis mutante isso é a reação desesperada à supremacia dos interesses de mercado sobre a segurança da sociedade, o bem-estar das populações, a preservação das fontes da vida e o direito ao futuro sonegados por um bombardeio de lama.

Numa entrevista famosa em 2009, ao portal da revista Veja, FHC justificou a venda da Vale do Rio Doce – que tinha em Serra o defensor mais entusiasmado, entregou o ex-presidente-- entre outras razões, ao fato de a 2ª maior empresa de minério do mundo ter se reduzido - na sua douta avaliação - a um cabide empregos estatal, 'que não pagava imposto, nem investia'.

Filho dileto do ciclo tucano das grandes alienações públicas, Roger Agnelli -presidente da Vale do Rio Doce de 2001 a 2011 -- foi durante anos reportado ao país como a personificação da eficiência privada reconhecida nessa transação.

Com ele, graças a ele, e em decorrência da privatização-símbolo que ele encarnou, a Vale tornou-se uma campeã na distribuição de lucros a acionistas.

Vedete das Bolsas, com faturamento turbinado pela demanda chinesa por minério bruto, que o Brasil depois reimportava, na forma de trilhos, por exemplo, --a única laminação para esse fim foi desativada pelo governo FHC-- a Vale tornou-se o paradigma de desempenho corporativo aos olhos dos mercados.

Um banho de loja assegurado pelo colunismo econômico, ocultava a face de um negócio rudimentar, um raspa-tacho do patrimônio mineral alçado à condição de referência exemplar da narrativa privatista.

Agora se vê o mar de lama acumulado por debaixo do veludo.

A 'eficiência à la Agnelli' lambuzou o noticiário pró-mercadista durante uma década de fastígio.

Da cobertura econômica à eleitoral, era o argumento vivo a exorcizar ameaças à hegemonia dos 'livres mercados' pelo lulopopulismo.

Projetos soberanos de desenvolvimento, como o da área de petróleo, eram fuzilados com a munição generosa da menina dos olhos do neoliberalismo: a Vale de balancetes nas nuvens.

A política agressiva de distribuição de lucros aos acionistas --na verdade um rentismo ostensivo, apoiado na lixiviação de recursos existentes, sem agregar capacidade produtiva ao sistema econômico-- punha na Petrobrás o cabresto do mau exemplo.

Era a resiliência estatista nacionalisteira, evidenciada em planos de investimento encharcados de preocupação industrializante e 'onerosas' regras de conteúdo local.

A teia de acionistas da Vale, formada por carteiras gordas de endinheirados, bancos e fundos, com notável capilaridade midiática, nunca sonegou gratidão .

Enquanto o mundo mastigava avidamente o minério de teor de ferro mais elevado do planeta, a Vale era incensada a cada balanço, seguido de robustas rodadas de distribuição de lucros e champanhe.

No primeiro soluço da crise mundial, em 2008, a empresa administrada pela lógica pró-cíclica dos rentistas reagiu como tal e inverteu o bote: foi a primeira grande empresa a cortar 1.300 trabalhadores em dezembro daquele ano, exatamente quando o governo Lula tomava medidas contracíclicas na frente do crédito, do consumo e do investimento.

A Petrobrás não demitiu; reafirmou seus investimentos no pré-sal, da ordem de US$ 200 bilhões até 2014.

Se a dirigisse um herói dos acionistas, teria rifado o pré-sal na mesma roleta da Vale: predação imediatista, fastígio dos acionistas e prejuízos para o país.

Em seu último ano na empresa, Agnelli  --apoiador confesso da candidatura derrotada de Serra contra Dilma, em 2010--  distribuiu US$ 4 bi aos acionistas.

Saiu carregado nos ombros da república dos dividendos.

Indiferente aos apelos de Lula, manteve-se até o fim fiel à lógica que o ungiu: recusou-se a investir US$ 1,5 bi numa laminadora de trilhos que agregasse valor a um naco das quase 300 milhões de toneladas de minério bruto exportadas anualmente pela empresa.

Com a derrota de Serra, o conselho da Vale destituiu o camafeu ostensivo da coalizão tucanorentista, em abril de 2011.

Agora se sabe que o centurião de alardeada proficiência administrativa, além de recolher apenas 2% de royalties ao país, nunca conseguiu reunir recursos para instalar uma simples buzina, que poderia ter salvo vidas levadas pelo mar de lama que legou ao país, enquanto brindava os acionistas com bilhões.

Estamos diante de um exemplo em ponto pequeno da desordem global, que à falta de melhor conceito, pode ser batizada de barbárie de mercado.

É rudimentar conceito. Porém é mais encorajador do que dizer apenas e tristemente ‘somos todos idiotas’.

Fonte: CARTA MAIOR
__________________________________________________________


Uma sociedade de idiotas , que se relaciona e forma suas ideias e conceitos com base na imagem projetada pelos meios de comunicação, como afirmou, ainda com sérias dúvidas quanto a sua identidade, o reality jornalista Pedro Bial.

Até aí, nenhuma novidade, uma vez que a imprensa e a mídia exercem o papel de mediadores quanto aos conteúdos apresentados para a população.

A novidade, então, e nem tão nova assim, seria o alinhamento de toda a mídia e de toda imprensa ocidental na produção de conteúdos e consequentemente  na formatação das consciências.

Essa "novidade" existia nos países comunistas antes de 1990, onde se permitia somente a imprensa oficial, do governo, apenas  um olhar sobre a realidade, apenas um corte fragmentado da realidade, apenas  a propaganda do governo e do regime.

Impensável seria atacar ou questionar os valores da economia de mercado,ou melhor, desculpe o ato falho, impensável seria atacar ou questionar os valores do comunismo.

Tanto é assim, que a imagem projetada, ou a imagem que se projeta,  pelos higiênicos jornalistas do capital, atualmente, autoriza lágrimas, lutos e tristezas, somente  para os mortos do mundo ocidental, "civilizado e próspero", vítimas da intolerância, do fanatismo e da aversão a democracia e  a liberdade de  expressão.

Seria a imagem projetada pela imprensa ou a imagem que se projeta da imprensa ?

No segundo caso,  seria o resultado de vozes dissonantes e solitárias, também chamadas de sujas, que supostamente estariam atuando com financiamentos milionários de órgãos ligados a governos do PT, em total entrega diária e com profundo senso de missão contra os valores universais do mundo civilizado e democrático.

Assim sendo, como tudo passa pela projeção e pelo reflexo condicionado das pessoas, se Abelardo Barbosa, o Chacrinha, estivesse vivo e atuante, certamente teríamos buzinas na região de Mariana e muitas vidas seriam poupadas.

No entanto, o mundo não para, e apesar das projeções que levam bilhões de pessoas ,em pleno século XXI, à um comportamento pavloviano, outras tantas pessoas insistem em pensar ,existir e agir.