segunda-feira, 15 de junho de 2015

Muco reacionário

Vox Populi:

88% dos brasileiros não detestam o Partido dos Trabalhadores


Por Maria Frô junho 16, 2015 12:28      

Vox Populi: 88% dos brasileiros não detestam o Partido dos Trabalhadores

Tenho repetido de modo insistente em minhas palestras e nas minhas redes que o ódio que parece tomar conta de tudo não é tão grande como parece. As pessoas me olham incrédulas e eu mostro o mapa da redes publicado em 1 de maio pela Interagentes.

Quando o assunto é de fato sério e deve chamar a atenção dos brasileiros, como foi o caso da repressão abominável empreendida pela polícia do governador tucano Beto Richa, sob comando do deputa tucano Fernando Francischini que era então o Secretário de Segurança do estado do Paraná, os brasileiros racionais reagiram. O referido mapa nos mostra claramente que o ódio perdeu e perdeu feio. O ódio institucionalizado e pago das redes do governo de Richa, o ódio estimulado por colunistas da revista da Marginal, o ódio estimulado pela grande mídia, todos derrotados, falaram para si mesmos. Venceu e venceu bonito a solidariedade aos professores do Paraná, venceram as forças progressistas, confira: Curitiba: redes de solidariedade e indignação
Por isso me pareceu tão interessante a pesquisa do Vox Populi, ela confirma o que eu há havia observando há algum tempo.
Os petistas e as pessoas de bom senso que não aguentam mais ver tantas expressões de intolerância contra religiões não evangélicas, contra população LGBT, a favor da diminuição da maioridade penal e outros absurdos que assassinam diariamente nossa constituição devem relaxar?
O resultado da pesquisa Vox Populi deveria deixar o PT – o alvo preferido dos  estimuladores do ódio-, descansado?
De modo algum. O PT e todas as forças progressistas da sociedade brasileira precisam entender a importância de se posicionar e agir em todos os espaços sociais (online e offline) contra esta campanha de ódio. Ela é ruidosa especialmente nas redes digitais porque é bem paga e bem articulada. Ela já mostrou força de mobilização nas ruas em março e, muito embora tenha arrefecido, continua a minar dia a dia o Estado laico, as forças democráticas. Silenciar diante desta campanha não é uma escolha possível para os que defendem o Estado democrático. Ruas e redes continuam em disputa e é recomendável que os verdadeiramente democratas, humanistas (petistas ou não) saibam o tamanho de sua tarefa na pedagogia contra o ódio.
Fonte: MARIA FRÔ
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12% odeiam o PT.  Por isso o PSDB só perde

Coimbra mostra que a estratégia do ódio – leia-se FHC – não leva a nada.




O Conversa Afiada reproduz artigo de Marcos Coimbra, extraído da Carta Capital:


O tamanho do ódio



Pesquisa recente do Vox Populi aponta: o eleitorado que diz detestar o PT representa 12% do total. Não é pouco, mas menos do que muitos imaginam

por Marcos Coimbra

Nestes tempos em que a intolerância, o preconceito e o ódio se tornaram parte de nosso cotidiano político, é fácil se assustar. É mesmo tão grande quanto parece a onda autoritária em formação?

Quem se expõe aos meios de comunicação corre o risco de nada entender, pois só toma contato com o que pensa um lado. Será majoritária a parcela da opinião pública que se regozija ao ouvir os líderes conservadores e assistir aos comentaristas da televisão despejar seu ódio?

Recente pesquisa do Instituto Vox Populi permite responder a algumas dessas perguntas. E seus resultados ensejam otimismo: o ódio na política atinge um segmento menor do que se poderia imaginar. O Diabo talvez não seja tão feio como se pinta.

Em vez de perguntar a respeito de simpatias ou antipatias partidárias, na pesquisa foi pedido aos entrevistados que dissessem se “detestavam o PT”, “não gostavam do PT, mas sem detestá-lo”, “eram indiferentes ao partido”, “gostavam do PT, sem se sentir petistas” ou “sentiam-se petistas”.

Os resultados indicam: permanecem fundamentalmente inalteradas as proporções de “petistas” (em graus diversos), “antipetistas” (mais ou menos hostis ao partido) e “indiferentes” (os que não são uma coisa ou outra), cada qual com cerca de um terço do eleitorado. Vinte e cinco anos depois de o PT firmar-se nacionalmente e apesar de tudo o que aconteceu de lá para cá, pouca coisa mudou nesse aspecto.

Nessa análise, interessam-nos aqueles que “detestam o PT”. São 12% do total dos entrevistados. Esse contingente tem, claro, tamanho significativo. A existência de cerca de 10% do eleitorado que diz “detestar” um partido político não é pouco, mas é um número bem menor do que seria esperado se levarmos em conta a intensidade e a duração da campanha contra a legenda.

A contraparte dos 12% a detestar o PT são os quase 90% que não o detestam. Passada quase uma década de “denúncias” (o “mensalão” como pontapé inicial) e após três anos de bombardeio antipetista ininterrupto (do “julgamento do mensalão” a este momento), a vasta maioria da população não parece haver sido contagiada pelo ódio ao partido.

A pesquisa não perguntou há quanto tempo quem detesta o PT se sente assim. Mas é razoável supor que muitos são antipetistas de carteirinha. A proporção de entrevistados com aversão ao partido é maior entre indivíduos mais velhos, outro sinal de que é modesto o impacto na sociedade da militância antipetista da mídia.

Como seria de esperar, o ódio ao PT não se distribui de maneira homogênea. Em termos regionais, atinge o ápice no Sul (onde alcança 17%) e o mínimo no Nordeste (onde é de 8%). É maior nas capitais (no patamar de 17%) que no interior (4% em áreas rurais). É ligeiramente mais comum entre homens (14%) que mulheres (10%). Detestam a legenda 20% dos entrevistados com renda familiar maior que cinco salários mínimos, quase três vezes mais que entre quem ganha até dois salários. É a diferença mais dilatada apontada pela pesquisa, o que sugere que esse ódio tem um real componente de classe.

Na pesquisa, o recorte mais antipetista é formado pelo eleitorado de renda elevada das capitais do Sudeste. E o que menos odeia o PT é o dos eleitores de renda baixa de municípios menores do Nordeste. No primeiro, 21% dos entrevistados, em média, detestam o PT. No segundo, a proporção cai para 6%.

Não vamos de 0 a 100% em nenhuma parte. A sociologia, portanto, não explica tudo: não há lugares onde todos detestam o PT ou lugares onde todos são petistas, por mais determinantes que possam ser as condições socioeconômicas. Há um significativo componente propriamente político na explicação desses fenômenos.

O principal: mesmo no ambiente mais propício, o ódio ao PT é minoritário e contamina apenas um quinto da população. Daí se extraem duas consequências. Erra a oposição ao fincar sua bandeira na minoria visceralmente antipetista. Querer representá-la pode até ser legítimo, mas é burro, se o projeto for vencer eleições majoritárias.

Erra o petismo ao se amedrontar e supor ter de enfrentar a imaginária maioria do antipetismo radical. Só um desinformado ignora os problemas atuais da legenda. Mas superestimá-los é um equívoco igualmente grave.


Fonte: CONVERSA AFIADA
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Foi a quarta vitória seguida do PT.

A oposição não segurou a onda e vazou geral, por todos os poros.

A quase , quase, por pouco, mais quase mesmo, vitória das oposições ficou no quase, o que gerou uma montanha de lamentações, onde o 'se' reinou, por dias, meses, noites em claro, dias no escuro e muita, muita frustração que desembocou em uma onda de  ódio como forma de dizer, em alto e bom som, que reconhece a competência da lado vencedor.

Para aceitar a vitória do PT, a oposição e seu braço alucinado, a velha mídia, incitaram todo tipo de ódio na sociedade.

O resultado todos viram, e ainda veem, nas redes sociais e nas relações interpessoais.

No entanto, mesmo com toda onda, a população não alterou suas convicções como demonstra a pesquisa do VOX.

Algumas pessoas dirão, com base também em pesquisas, que a popularidade da presidenta desabou, que a popularidade de Lula não é mais a mesma, que o PT não tem mais o mesmo peso, e etc.

Pesquisas no calor de um surto psicótico não podem servir de parâmetro, já que a maioria das pessoas fica descompensada em suas funções psíquicas.
  
Hoje, com a turma de 12 % com focinheira ou assistindo Estrelas ou Zorra Total,  o que é a mesma coisa , a nebulosidade diminuiu, um pouco, fazendo com que a pesquisa do VOX apresentasse um quadro realista do cenário nacional.

Por outro lado, a turma do 12 % liberou geral, se assumiu anti democrática, pediu a volta do Golbery, intervenção militar, criticou o legado de Paulo Freire, defendeu um regime de exceção, teve orgasmos múltiplos com os discursos de Bolsonaro e Malafaia e , ainda, sem esgotar o micaço, se vestiu com a camisa da seleção brasileira e saiu às ruas em gigantescas matilhas mordendo e  atacando todos aqueles que não se apresentavam como iguais.

Comenta-se , nas redes sociais, que alguns manifestantes, hoje, preferem ficar escondidos em casa, fruto, talvez, da retomada da razão, mesmo que precária tendo em vista as posições políticas do grupo, no entanto, suficiente para entender as motivações que levaram o grupo às descargas de ódio.

O combustível para toda onda de ódio e intolerância que se viu nos últimos meses e que permanece em setores marginais da sociedade, certamente foi fornecido pela velha mídia, que , mais uma vez, se vê atônita com sua total incompetência em alterar o quadro político, uma vez, conforme apresentado pela pesquisa do VOX, os percentuais se mantêm  nos níveis históricos.

Conclui-se, ou nos é permitido pensar, que a onda que tomou conta de um pequeno grupo, teria sido apenas fruto de um estímulo externo, já que todas  as aberrações estariam presentes nessas pessoas, aguardando , apenas, o momento adequado para extravasá-las.

Quanto a popularidade da presidenta, é normal que tenha caído, tendo em vista que o surto sócio midiático ocorreu logo após a vitória do PT e , no calor  do barulho e da gritaria midiática, uma parcela da população se move em suas opiniões sem  , no entanto, mudar suas convicções, ainda mais em se tratando de um momento pós eleição sem possibilidades de alteração nos resultados.

O que fica, dessa onda de ódio que assolou o país, é que uma parcela marginal da população não tem mais vergonha de dizer que é contrária a democracia e ao estado de direito e, esse grupo tem como principais referências, pessoas que em suas expressões profissionais comportam-se de forma semelhante, como os juizes Sergio Moro e  Joaquim Barbosa, parlamentares como Bolsonaro , Feliciano e Cunha e profissionais da imprensa que através  de seus veículos despejam  toda sorte de lixo verbal, alimentando os radicais com um muco reacionário e ultrapassado. 

sábado, 13 de junho de 2015

Rosa Moro & Sergio Weber. Tudo a ver

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E agora, Moro? Delação não é prova, diz novo ministro do STF


O juiz Sérgio Moro, que recebeu propina da Globo, e toda a operação Lava Jato, que se transformou numa investigação política, acabam de sofrer um duro revés.
O novo ministro do STF, Luiz Edson Fachin, deixou bem claro: delação premiada não é prova. E completou afirmando que é preciso respeitar o direito à presunção da inocência.
Moro manteve e mantém um monte de gente presa, sem nenhuma prova, apenas com base em delações premiadas.
Tudo seletivo, claro, porque o principal delator (Youssef) afirmou que o senador Aécio Neves recebia 120 mil dólares por mês de propina, num esquema de Furnas, mas esse ninguém toca, por ser tucano e blindado pela mídia.
Moro também não respeita, em absoluto, o direito à presunção da inocência. A mídia idem

Força-tarefa da Lava Jato. Foto: Ricardo Brandt/Estadão

Lava Jato joga a toalha: “difícil prova”


O Ministério Público brasileiro é engraçado.
A investigação contra o “cartel” dos trens de São Paulo, o famigerado trensalão, foi esquecida por anos numa gaveta. Só foi desengavetada após reclamação pública de autoridades suíças. E agora foi engavetada de novo. E removeram todos os políticos da investigação.
Detalhe importante: o trensalão nunca foi baseado em delação premiada e sim em depoimentos voluntários de ex-executivos das empresas.
E provas, muitas provas.
Já o “cartel” das indústrias que fornecem à Petrobrás foi investigado com velocidade recorde. Delações premiadas foram usadas como prova principal. A presunção da inocência foi esquecida. Executivos ficaram engaiolados por mais de seis meses sem prova, apenas como forma de tortura para forçá-los a delatar. E ainda há um monte de gente encarcerada sem prova, como o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e sua esposa; presos apenas por motivos políticos e para dar audiência à TV Globo.
A Lava Jato se transformou num circo. Para enfiar um monte de políticos na investigação, e lhe dar densidade midiática, forçou-se a barra com acusações que não tinham nada a ver com o escopo da operação.
E agora, em sua fase final, os procuradores, enlouquecidos, pedem 30 anos de prisão para executivos de empreiteiras, apesar de admitirem que os crimes são de “difícil prova”.
Outra inovação. Na Ação Penal 470, a procuradoria inventou o “domínio do fato”, no qual a falta de provas foi transformada em reforço de que havia crimes. Tipo assim: os supostos bandidos são tão bandidos, mas tão bandidos, que não deixaram nenhum rastro de seus crimes.
E assim Rosa Weber, com voto escrito por Sergio Moro, fez aquela declaração: “não tenho provas contra Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura assim me permite”.
Os procuradores da Lava Jato acabam de fazer a mesma coisa: diante da ausência de provas, dizem que os acusados usaram estratégias de “contra-inteligência” para… não deixar rastros.
A falta de provas, portanto, torna o réu duplamente culpado: além de corrupto, é um gênio do mal que usou “estratégias de contra-inteligência”, que fizeram com que o crime seja de “difícil prova”…
A filosofia penal do MP é essa: “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.
Mas tudo isso não tem grande importância, porque a condenação principal não se dá na sentença, e sim na mídia, que massacra a reputação de todos sem dó, desde que se possa ligar o escândalo, de alguma forma, ao PT.
E Sergio Moro mantém os cidadãos presos por tempo indeterminado, antes da sentença; depois os condena mesmo sem prova, sem medo de ser feliz, confiante nos aplausos da mídia e sua malta de lobotomizados.

Fonte: O CAFEZINHO
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Como é que  é ?

O sujeito é condenado, sem provas, e ainda  é acusado pelos procuradores de usar técnicas de contra -inteligência para ocultar as provas que não foram encontradas.

Como se pode afirmar que alguém escondeu as provas que ninguém viu, que ninguém evidenciou ?

Acontece que nesse julgamento,  em primeiro lugar,  não está a Justiça , mas sim o desejo de propiciar um espetáculo político midiático que venha condenar, de qualquer maneira com ou sem provas, o governo federal e o partido dos trabalhadores.

O desejo político comanda o julgamento.

Essa é a maneira como os derrotados nas urnas entendem a democracia, o estado de direito.

Se a quarta derrota seguida para o PT foi insuportável, às favas a democracia e o estado de direito, assim pensam os defensores da liberdade de expressão.
 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Curta PAPIRO - 13.06.2015

 
 Curtas 



1 - Eurico é Discreto

Eurico Miranda: 
eu não tenho e nem nunca tive nada contra gay.
Eu tenho contra 'veado'.

Fonte: O DIA


 2 - Múmia Corrupta

FHC recebeu R$ 1,7 mi da Camargo Corrêa













Fonte: Blog do Miro


3 - Ela Morre de Medo do Lula













Viúva Porcina, da novela "Roque Santeiro"

Fonte: BOL



4 - Velha Mídia Não Tolera Mulheres Vitoriosas                                                               


                                                                                                       Najla Passos
Reprodução/torcedores.com
Noite de terça-feira (9), Montreal, Canadá. Abertura da Copa do Mundo de Futebol Feminino.  A seleção brasileira estreia com vitória de 2 x 0 sobre a Coreia do Sul. Mais do que isso, registra dois feitos históricos. No início do 2º tempo, Marta, cinco vezes eleita a melhor jogadora do mundo, balança a rede em cobrança de pênalti, atinge a marca 15 gols em mundiais e se torna a maior artilheira da história campeonato. Antes disso, ainda no 1º tempo, Formiga, 37 anos, 20 de seleção brasileira, abre o placar e se transforma na jogadora mais velha a marcar gol em mundiais
    
Fonte: CARTA MAIOR


5 -  Globooooooooooooooooo

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Lula mostrou o DARF. Quem falta mostrar?


Dia 13 de junho de 2015. Do início do ano até o momento, a sonegação no Brasil chegou a 232 bilhões de reais.
Ou seja, com o valor de 5 meses e meio de sonegação, daríamos para cruzar o país com trens de alta velocidade, e construir ou expandir os sistemas de metrô de todas as capitais brasileiras.

Fonte: O CAFEZINHO


6 - Faustão e Nefertitão
Faustão e a mulher. Foto: AgNews
Faustão e a mulher
 
Fonte: IG

Superar o pensamento binário

Bioceânica:
quem não quer e por que

O PiG, o Ibama, a Funai, o MP e o TCU se tornam instrumentos do interesse nacional 



Quem não quer a Ferrovia Bioceânica são os Estados Unidos, porque ela será uma alternativa ao Canal americano do Panamá.

Quem não quer a Bioceânica são instituições instaladas no centro do Estado brasileiro e  funcionam, na prática, como agentes do interesse americano.

Para ser mais claro.

O IBAMA e a Funai.

O TCU e o Ministério Público.

São obstáculos a qualquer tipo de progresso, de intervenção no espaço físico, para construir o progresso.

Associam-se nessa inglória tarefa o Tribunal de Contas da União, dominado pelos pefelistas da Arena.

E o Ministério Público, dominado por procuradores fanfarrões.

No Brasil, hoje, com o labirinto institucional – e não é por acaso-, um prefeito não pode deslocar um paralelepípedo de uma calçada para outra, na mesma rua, no mesmo quarteirão, sem que o Ibama, o TCU e o MP concordem.

Depois que estiver tudo resolvido, chegam os índios.

Em nome de um suposto e impreciso “desenvolvimento sustentável”.

“Desenvolvimento sustentável” é lorota de rico contra pobre.

Os EUA, a Alemanha, o Canadá, a Suécia, a Noruega, a Dinamarca, o Japão todos eles já se sustentaram e se desenvolveram.

O John Wayne já matou os índios que quis matar, derrubou as árvores que quis derrubar, construiu  fabricas onde bem entendia –  e os Estados Unidos ficaram prontos.

E para manter tudo como está, não querem que os pobres se desenvolvam.

Para não permitir que outros  se sentem na mesa principal.

( Como fez o Obama, no acordo que o Lula e o Celso Amorim construiram  com o Irã:  o Brasil não podia ousar sentar na mesa principal da diplomacia mundial !)

Aí vem a lorota blablarínica, subvencionada pela Neca do Itaúúú: a sustentabilidade se sustenta com o sustentável !

Os Estados Unido tem código florestal ?

Na hora de explorar o xisto betuminoso chamam o Greenpeace para proteger o pulmão das famílias da vizinhança ?

“Desenvolvimento sustentável” é outra forma de exercício imperial , como a ressurreição da Quarta Esquadra, que os Estados Unidos instalaram em frente ao Brasil e à África, assim que o Brasil descobriu o pré-sal.

O que querem esses agentes do Império americano ?

Imobilizar o Brasil.

Congelar a infraestrutura para o Brasil não crescer e vir a competir com os Estados Unidos.

Simples.

Exemplo.

Roraima tem uma das maiores bacias de riquezas minerais do continente americano, além de  terras raras.

Pode explorar ?

Não.

Roraima se tornou uma gigantesca reserva indígena.

E não deixaram que um linhão levasse luz a Roraima.

Por que ?

Porque um indio pode subir lá em cima do linhão cair no chão e se machucar.

Parece absurdo.

E o Cameron e o Procurador que boicotaram Belo Monte para preservar o avatar de um índio ?

Agora, imaginem o que farão para impedir o licenciamento ambiental da Bioceânica, de outras ferrovias, hidrovias, eclusas e portos !

Será um inferno !

O Ibama, a Funai, o TCU, o MP, as milhares de ONGs americanas que vasculham a Amazônia – e seus agentes instalados nas colonas do PiG.

Não se trata apenas de inviabilizar o escoamento da produção de grãos, frangos e suínos.

Mas, também, da fabulosa fronteira mineral do Brasil.

Quem compete com o Brasil nesse mercado de minerios em grande quantidade é a África.

Mas, com todo o respeito, o Brasil pode oferecer estabilidade política, respeito à Lei e aos contratos.

Para investir na África, é preciso se associar a um Chefe de Executivo, a um líder tribal para garantir uma concessão que pode ir para o espaço no próximo Golpe de Estado.

O Brasil não tem esse custo institucional.

É melhor, então, para os Estados Unidos, manter o minério brasileiro embaixo da terra, inexplorado.

Para evitar que o Brasil tome conta de mercados de commodities minerais.

Isso não é novidade.

Basta ler “Renato Archer – energia atômica, soberania e desenvolvimento”, de Alvaro Rocha Filho e Joao Carlos Vitor Garcia, da editora Contraponto, Rio, 2004.

Ali se testemunha a batalha de herois como o Almirante Alvaro Alberto, Archer e o Almirante Othon Silva para construir a autonomia brasileira em energia nuclear.

Os Estados Unidos tentaram infatigavelmente impedir que a autonomia se concretizasse – o que só aconteceu com Lula e Dilma, que reanimaram o programa nuclear que FHC tentou sepultar.

(FHC cometeu um crime de lesa-pátria, ao assinar  o maldito Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Outro instrumento do congelamento do poder, que só interessa aos americanos…)

Os americanos, ao longo da batalha, contavam com instrumentos valiosos: os generais Juarez Tavora e Castello Branco; Augusto Frederico Schmidt, o “poeta-mercador” (como o chamava Paulo Francis, antes de aderir ao piguismo alucinado); Israel Klabin; Valentim Bouças; Roberto Marinho; Carlos Lacerda; Jarbas Passarinho; e os embaixadores (americanos) Roberto Campos, Edmundo Barbosa da Silva e Vasco Leitão Cunha.

Eles queriam que o Brasil não explorasse seu urânio e muito menos que o enriquecesse.

E, ao mesmo tempo, que o Brasil enviasse aos Estados Unidos reservas de minerais úteis à produção de energia nuclear.

Em troca de trigo.

(Os americanos tiveram que importar da Bélgica o urânio das bombas de Hirsoshima e Nagasaki.)

Como os portugueses faziam com os índios: um espelhinho de moldura dourada em troca de uma floresta de pau brasil.

Essa é a batalha da Bioceânica.

A do interesse nacional contra o interesse nacional americano.

É por isso que o Cerra, o Caiado e a Urubologa – tudo a mesma sopa ! – chamam a Bioceânica de uma miragem, uma quimera !

Porque eles se contemplam no espelhinho de moldura dourada.

E se acham lindos !

Paulo Henrique Amorim


Fonte: CONVERSA AFIADA
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De fato, toda essa legião de pessoas e instituições que tentam inviabilizar a ideia de construção da ferrovia bi oceânica, o fazem por não querer que o Brasil  cresça.

Cresça ou se desenvolva ?

Isso é um outro assunto.

Por enquanto a ferrovia bi oceânica é apenas uma ideia que , ao que parece, foi aprovada pelo governo brasileiro.

Aliás, uma ótima ideia.

Após a aprovação da ideia, que em engenharia é chamada de draft, parte-se para o projeto.

Quando o governo elabora o projeto sabe exatamente por onde a ferrovia irá passar e, obviamente, todos os impactos  que ocorrerão no ambiente e nos povos.

Impactos são inevitáveis, em qualquer empreendimento, e dizer que existirão impactos ambientais e sociais com o objetivo de inviabilizar o empreendimento, é uma conversa que não cola mais.

A questão que se impõe é como minimizar e compensar - no caso de povos - os impactos causados.

Já se foi o tempo que um espelho servia como moeda para em troca se levar o ouro.

Atualmente as negociações são complexas e devem envolver somente as partes afetadas.

Nada de ONG's oportunistas.

É sabido , também, que órgãos do governo, oposições  e a velha mídia trabalham contra qualquer projeto de crescimento ( crescimento ou desenvolvimento ? ) que venha a ser implementado pelo governo popular e democrático do PT.

Por outro lado, uma vez tomada decisão  de explorar/construir, ou de deixar os recursos no solo, compensações devem acontecer.

Se o governo brasileiro entende que não deve explorar as riquezas minerais que existem no solo do estado de Roraima, devido aos impactos ambientais e também com os povos indígenas, não há nada de errado nessa decisão.

Considerando a decisão de manter os recursos no solo, o meio ambiente agradece, com benefícios não apenas para o Brasil, mas também para a saúde do planeta.

Se tal decisão irá beneficiar o planeta, o país deve ser compensado com recursos proporcionais  a riqueza que ficará no solo.

Compensado pelo planeta, através de seus organismos internacionais.

Afinal, ecologia  e sustentabilidade dissociadas da realidade política e econômica, valem apenas para a academia. 

Em alguns países da América do Sul essa prática de compensação já existe, em menor parte por governos e em sua maioria pela inciativa dos povos, que recebem como contra partida políticas e projetos para um desenvolvimento que gere renda para todos as comunidades e garanta o bem viver.

No Brasil, independente se o  governo é do PT ou da oposição, nada disso existe, prevalecendo o pensamento binário de fazer , no porrete, ou não fazer, sem nenhum tipo de compensação.

Ao agir dessa forma, os governos do PT e  os defensores do porrete, ao se olharem no espelho encontram a imagem de seus opositores.

O conceito que mais ganha força na América do Sul é o do desenvolvimento, não necessariamente com crescimento.

Os projetos de grande impacto ambiental não podem ser resolvidos no porrete.

Um outro exemplo é a rodovia que liga Porto Velho, em Rondônia, com Manaus , no Amazonas.

Uma rodovia , que já existe em estado precário, com extensão em torno de 800 Km , cortando ao meio o coração da floresta amazônica, em áreas ainda totalmente virgens e desabitadas.

O impacto de uma rodovia dessas é gigantesco, já que cumprirá o papel de espinha dorsal, de onde , pelas laterais, surgirão outras espinhas menores pela floresta adentro, tal qual uma espinha de peixe.

Tais espinhas laterais, obviamente, passarão a existir sem nenhum planejamento, inicialmente como vilas, e mais tarde como campos de monocultura e pasto.

O efeito será  devastador para essa região da floresta.

Por outro lado, a rodovia é necessária para a ligação entre Porto Velho e Manaus, no tocante  aos aspectos econômicos e escoamento de produção.

O que fazer então ?

Para minimizar os impactos e mesmo retardar de forma significativa o efeito espinha de peixe, o governo deveria optar por uma ferrovia, com composições de uso misto, para carga, veículos automotores e passageiros.

O trecho Porto Velho - Rio Branco, que já existe em rodovia em estado razoável pode ser mantido e, a ferrovia ligaria Rio Branco até Manaus, com menor impacto para a região , inclusive para a fauna.

A maioria dos acidentes com animais em rodovias que cortam florestas ou reservas florestais, não se dá pelo fato de animais atravessarem a pista, e sim pelo fato que em tais áreas as temperaturas durante o dia são muito quentes e as noites as vezes bem frias, fazendo com que os animais, a noite, procurem aquecimento no calor do asfalto que foi aquecido ao longo de todo o dia.

Com ferrovia nada disso acontece, pois nem mesmo uma anta vai deitar nos trilhos.

Os atropelamentos existirão, talvez em números e proporções bem menores que os números  alarmantes de acidentes e atropelamentos com os animais humanos nos grandes centros urbanos.

Com a ferrovia as ocupações em espinha de peixe tornam-se bem mais difíceis, já que uma composição tem lugar fixo  para paradas, que devem ser mínimas no trajeto.

A floresta agradece, os povos da floresta também. e o gado e a soja não avançam .

Assim, criando-se políticas para o desenvolvimento dos povos das regiões, aplicando o conceito de sustentabilidade real, alguns países da América do Sul, principalmente através de seus movimentos sociais vem superando  o pensamento binário - fazer no porrete/ não fazer - e trilhando um caminho de desenvolvimento que contempla o bem viver que , por outro lado,  abre as portas para o ecossocialismo.




 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Além do Cidadão Kane

O reizinho mandão e os fariseus

Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:

O Globo traz como manchete na edição de quinta-feira (11/6), sobre fotografia da ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha, a frase da relatora que definiu a votação da questão sobre biografias não autorizadas no Supremo Tribunal Federal: “Cala a boca já morreu”.

O tema também abre as edições do Estado de S. Paulo e da Folha de S. Paulo.

Estado anuncia: “Por unanimidade, Supremo acaba com censura às biografias”. A Folhaproclama: “Por 9 a 0, STF libera biografias”. A sentença completa da ministra, decantada por toda a imprensa, se resumia no seguinte: “Cala a boca já morreu, é a Constituição do Brasil que garante”.

Certamente, a magistrada foi apanhar na infância a expressão com a qual pretendeu marcar seu protagonismo na história do STF, e que a escritora Ruth Rocha repassou às novas gerações no livro infantil intitulado O reizinho mandão. A frase original, que passa de boca em boca desde provavelmente os primeiros portugueses que aqui aportaram, diz de forma mais cabal: “Cala-boca já morreu; quem manda na minha boca sou seu”.

Esse enredo, produzido pela insistência do cantor Roberto Carlos, chamado de “rei” no folclore da canção popular, em proibir certas referências a sua mãe em uma biografia não autorizada, inspira sentimentos muito nobres sobre o direito à liberdade de expressão. Mas, como tudo que permeia a comunicação de massa, o noticiário sobre a votação da Suprema Corte esconde o entulho de farisaísmo que obscurece os debates sobre direitos humanos no Brasil.

Na mesma edição em que registram com solenidade a decisão judicial segundo a qual o direito à privacidade não pode restringir a liberdade de expressão, os jornais noticiam que a polícia legislativa, a serviço da “bancada da bala”, reprimiu o protesto de jovens que se manifestavam na Câmara dos Deputados contra o projeto que reduz a maioridade penal para 16 anos.

Paralelamente, em outro episódio no mesmo parlamento, deputados ligados a igrejas ditas evangélicas interromperam o rito processual para promover uma reza contra os direitos dos homossexuais.

Não há como não lembrar que fariseus e hipócritas são a mesma coisa.

Pornografia na Câmara

O que há de comum entre esses episódios é a dura constatação de que a imprensa, e talvez até mesmo a linguagem jornalística herdada da mídia impressa, não seja mais capaz de abranger a complexidade das questões apresentadas pela sociedade contemporânea.

Como defender a liberdade de expressão do autor de biografias sem fazer o mesmo com o deputado que acha razoável impor sua crença a todo o Poder Legislativo, ou, quem sabe, a todo o país?

Como não relacionar a truculência de agentes públicos contra estudantes que – muito saudavelmente – se deslocam até a Praça dos Três Poderes para manifestar sua discordância com relação a um projeto de lei que os afeta, ao clima de intolerância que grassa no país?

Não teria essa truculência a mesma natureza da violência latente nos modos como a polícia enxerga a juventude, principalmente aquela fração que vive nas comunidades mais pobres? Tudo isso não estaria relacionado ao fato de que sociedades conservadoras temem o “cala-boca já morreu” que desmoraliza o autoritarismo?

Vista de fora do arcabouço religioso, a cena do grupo de parlamentares, ladeando o presidente da Câmara, levantando cartazes contra manifestações de homossexuais, é mais do que patética: é um sinal de alerta para as instituições democráticas – principalmente o Supremo Tribunal Federal, com respeito ao princípio do Estado laico.

É curioso observar que as cenas protagonizadas por manifestantes durante a Parada Gay, chocantes para o senso comum, foram transformadas em pornografia por quem as reproduziu em cartazes e as exibiu diante das câmeras no plenário do Congresso.

Para concluir, e lembrando que esse contexto merece um debate mais amplo, convém citar outra notícia, segundo a qual estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo pretendem queimar um boneco representando Michel Foucault, em protesto contra decisão do conselho da instituição, que vetou a criação de uma cátedra dedicada à obra do filósofo francês. O ato lembra a fogueira da Inquisição.

O relicário de dogmas com que os parlamentares da chamada bancada evangélica tentam condicionar a contemporaneidade lembra o Malleus Maleficarum, manual oficial da Inquisição que a partir de 1495 fundamentou a violência da igreja católica contra mais de 100 mil mulheres, acusadas de copular com o demônio.

Uma curiosidade: vinte anos antes de morrer, Foucault havia cortejado uma tese perigosa – ele suspeitava que o processo civilizatório seria capaz de despertar certas loucuras adormecidas pela modernidade.

Fonte: Blog do Miro
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Beyond Citizen Kane

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Beyond Citizen Kane (Além do Cidadão Kane, no Brasil) é um documentário televisivo britânico de Simon Hartog exibido em 1993 pelo Channel 4,2 emissora pública do Reino Unido. O documentário mostra as relações entre a mídia e o poder do Brasil, focando na análise da figura de Roberto Marinho.3 4 Embora o documentário tenha sido censurado pela Justiça, a Rede Record comprou os direitos de transmissão exclusiva por 20 mil dólares do produtor John Ellis.3
A obra detalha a posição dominante da Rede Globo na sociedade brasileira, debatendo a influência do grupo, seu poder e suas relações políticas, que os autores do documentário vêem como manipuladoras e formadora de opinião.4 O ex-presidente e fundador da Globo Roberto Marinho foi o principal alvo das críticas do documentário, sendo comparado a Charles Foster Kane, personagem criado em 1941 por Orson Welles para o filme Cidadão Kane, um drama de ficção baseado na trajetória de William Randolph Hearst, magnata da comunicação nos Estados Unidos. Segundo o documentário, a Globo empregaria a mesma manipulação grosseira de notícias para influenciar a opinião pública como fazia Kane no filme.4
De acordo com matéria veiculada na Folha Online em 28 de agosto de 2009, a produtora que montou a filmagem é independente e a televisão pública britânica não teve qualquer relação com seu desenvolvimento. Já a Record sustenta que a BBC, outra emissora pública do Reino Unido, estaria relacionada com sua produção.3
(...)
Fonte: WIKIPÉDIA
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De fato, biografias autorizadas não tem graça.

São, em sua maioria, muito açucaradas, previsíveis e tendenciosas.

No entanto, o jornalismo praticado hoje no Brasil e no mundo não é o mesmo de décadas passadas, já que é sabido que o jornalismo assumiu um protagonismo político exacerbado em defesa do livre mercado e de teses associadas ao conservadorismo.

Biógrafos, também, não são os mesmos de década passadas, principalmente no tocante a independência e ao compromisso com um trabalho isento e de qualidade.

Jornalistas , no Brasil, não necessitam de formação superior para que possam exercer sua profissão, sendo que em algumas empresas de mídia , já se disse que um jornalista pode ser formado em cinco ou seis meses.

Em tempos de cultura de massa rasteira, os assuntos de celebridades ganham mais destaque, ocultando os temas e pessoas de interesse , que certamente quando biografados trariam uma maior contribuição para a compreensão dos diversos aspectos da realidade.

As biografias, atualmente, seguem a lógica dominante no jornalismo dos grandes grupos de mídia.

Assim sendo, de fato, é estranho ler a manchete de O Globo, de hoje, que em letras garrafais declara que o Cala Boca Já Morreu.

A mesma Justiça que aprovou a publicação de biografias não autorizadas, proibiu a exibição no Brasil do documentário Além do Cidadão Kane, que retrata a vida do empresário Roberto Marinho, das Empresas Globo.

Cabe ainda lembrar que um grande números de blogues e portais da internete tem sido perseguidos e até mesmo processados por empresas da velha mídia - com destaque para o Grupo Globo - que não toleram a liberdade expressão para além de seus estreitos limites de compreensão da realidade.

O Cala a Boca é uma prática corriqueira, anti- democrática, exercitada diariamente pelos veículos da velha mídia contra , principalmente,  blogues e sites de jornalismo e de opinião que proliferam na internete.

Talvez, esse texto, seja o embrião de uma sinopse para uma biografia sobre esse ser extra-corpóreo da contemporaneidade, que atua como pretenso mediador de idéias , de opiniões  e da liberdade de expressão em um  mundo hiper midiatizado  em que a imprensa tradicional, perde, a cada dia, o poder de formatar e conduzir as consciências. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Com os dias contados

O furo do capitalismo

Por Diego Viana, da Página 22 –
Ao suplantar premissas como a competição e a posse de bens, a economia colaborativa se desdobra em um universo novo, vasto e muitas vezes contraditório. Outra forma de sociedade emerge, baseada na informação e no conhecimento
À primeira vista, aplicativos para pedir táxi, alugar casas em viagem ou financiar projetos culturais valem sobretudo pela praticidade que oferecem, ao levar desconhecidos a uma relação direta, sem o intermédio do mercado. Mas esta é a superfície visível de um universo novo, vasto e muitas vezes contraditório, que envolve desde utopias ultracapitalistas até projetos de um mundo pós-capitalista. E mesmo essa nova praticidade suscita questões muito profundas: o que vai significar o trabalho nessa “nova economia”? Quem será responsável pela regulação, e como? Qual é o impacto sobre o meio ambiente?
“A economia compartilhada é um fenômeno muito recente, que tem distintas formas. Não se trata de um segmento da economia; é antes uma forma de conectar atores que permeia, em princípio, qualquer setor de atividade”, resume Dora Kaufman, pesquisadora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). “Um dos seus atributos mais inovadores é permitir que indivíduos se agrupem e produzam algo compartilhado.”
O papel da tecnologia digital é enorme na construção da chamada economia colaborativa, em todas as variantes que assume. Embora tenha se consolidado a convicção de que o motor das economias modernas é a competição, sempre houve espaço para colaboração: no interior das firmas, nas famílias, nas cooperativas. Desta vez, muitos acreditam que a competição pode ficar em segundo plano (mais sobre cooperação em “Monopoly e frescobol“).
“As tecnologias digitais estão engendrando um novo tipo de sociedade, esta baseada na informação e no conhecimento”, prevê Kaufman. “Alguns autores creem que o trabalho e a posse dos bens não são mais o centro da estrutura social, e que o contexto geral do intercâmbio social e econômico, que foi competitivo na era industrial, será colaborativo.”
Uma transformação econômica de escopo tão amplo não poderia deixar de ter uma enorme variedade de vertentes. Para a socióloga Juliet Schor, da Universidade Harvard, a economia colaborativa é difícil de definir, mas existem quatro categorias principais: fazer bens (usados) circularem; aumentar a intensidade de uso de ativos duráveis; trocar serviços diretamente; e compartilhar ativos produtivos. Tudo isso remete ao ano de 1995, quando surgiram o eBay, site de venda de produtos usados, e a Craigslists, página de classificados on-line).
Fala-se em colaboração quando a relação entre os indivíduos da rede é direta, ou seja, peer-to-peer(consulte Glossário no final do texto), mas isso não significa que, em muitos casos, a plataforma não seja oferecida por enormes empresas. Hoje, por exemplo, o valor de mercado da plataforma Airbnb, de aluguel de apartamentos, é calculado em US$ 13 bilhões. Segundo a consultoria PwC, os principais ramos da economia colaborativa com fins lucrativos vão movimentar US$ 335 bilhões em 2035 [1] – Saiba mais .
Consumo como fato social
Uma das formas mais simples da economia colaborativa é o chamado consumo colaborativo, em que pessoas alugam, emprestam ou até mesmo dão coisas entre si (mais em “Colaboração na economia de mercado“). Um efeito importante do consumo colaborativo é a redução da ociosidade: se um carro passa a maior parte do tempo na garagem ou estacionado na rua, por que não compartilhá-lo? Outro resultado é a redução do desperdício: há aplicativos que permitem repassar a outros a comida que foi comprada, mas não será consumida.
Nessa rubrica podem entrar coisas tão diferentes quanto o Airbnb, o RentEver, que ajuda os usuários a alugar qualquer coisa uns para os outros, ou as comunidades Freecycle, presente em inúmeras cidades do mundo, em que as pessoas oferecem a desconhecidos aquilo que, de outro modo, pararia no lixo. Até a agricultura é atingida pelas novas formas de consumo: empresas como FarmDrop e Open Food Network conectam consumidores urbanos diretamente a produtores rurais: os primeiros recebem dos segundos produtos agrícolas fresquinhos, em casa, sem passar pelas gôndolas dos supermercados.
Para Dora Kaufman, da ECA, não temos o hábito de pensar no consumo como um fato social. Mas isso é um erro. Por meio dele “nos relacionamos, nos expressamos, nos incluímos ou não em grupos”. A pesquisadora afirma que “o ato de consumir transcende a simples compra de um produto por necessidade básica. Já consumimos de forma distinta do que consumíamos na economia industrial”.
Em outros casos, a economia do compartilhamento aproveita as possibilidades das tecnologias da informação para oferecer seus produtos não como bens a vender, mas como serviços a contratar. A ideia é a de que o consumidor gaste menos por algo que, de qualquer modo, só usaria por um tempo curto. E não precisa se preocupar com um trambolho quando não está usando. É o caso dos serviços de aluguel de carro, como ZipCar e Car2Go: o usuário não precisa se preocupar em achar vaga, pagar IPTU ou fazer a revisão.
A redução dos desperdícios e o incentivo ao reúso levaram pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais (Iddri), de Paris, a se perguntar se a economia colaborativa tem uma tendência inata à sustentabilidade. Afinal, uma das justificativas para as cidades adotarem, por exemplo, sistemas de compartilhamento de bicicletas – a primeira foi a francesa Lyon – é o controle da emissão de poluentes. Os pesquisadores Damien Demailly e Anne-Sophie Novel concluíramque o potencial é grande: com uma boa administração de bens compartilháveis, a produção doméstica de lixo poderia cair 20% e o orçamento das famílias ser reduzido em 7% . Mas o potencial sustentável da colaboração só será atingido, eles afirmam, se houver um marco regulatório eficaz.
Em todos esses campos, um ponto comum é fundamentar-se na confiança e na reputação. Usuários do Airbnb, do Uber ou do Prosper são avaliados uns pelos outros; os que recebem boas avaliações conseguem fazer mais conexões e, assim, prosperam. A filosofia por trás das avaliações é recuperar o sentido da confiança, fundamental para o funcionamento de qualquer economia, mas que andava abalada pelo menos desde a crise de 2008. Assim, a reputação tomaria o lugar da regulação – sobretudo estatal – como garantia de que os participantes das transações agem honestamente e com responsabilidade.
Reputação e regulação
Mas há sinais de que a mera reputação não basta. Casos envolvendo o Uber – assédio sexual; um seguro que não cobre atividades comerciais – e o Airbnb – sublocação irregular; abuso por parte dos locatários – mostram que pode ser necessário criar um ambiente regulatório para a economia colaborativa. Trebor Scholz, professor de mídia e cultura na nova-iorquina New School for Social Research, chama atenção para o fato de que a nova economia implica novas formas de trabalho, que, sem regulação, podem se tornar predatórias [2] Saiba mais..
“Tudo que se torna digital pode ser explorado. Coisas como carros autoguiados, companhias de táxi baseadas em aplicativos e sistemas de crowdsourcing podem ser benéficos, mas também implicam vulnerabilidades para trabalhadores”, argumenta Scholz. “O digital permite novos modelos de negócios, novas cadeias de extração de valor e formas de divisão do trabalho, muitas das quais estão obstruindo seu potencial humanizador e emancipatório, ao mesmo tempo que comprometem a seguridade social.”
Scholz lembra também que grande parte desses negócios apoia-se em infraestrutura já existente, gerando renda através da otimização do uso e nada mais. Ao menos por enquanto, a economia colaborativa baseia-se, em grande medida, na boa e velha economia tradicional. E Kaufman argumenta que a lógica que regeu até hoje a economia industrial começa a ser superada. A pesquisadora cita a convergência entre o ato de produzir e o de consumir, além das perspectivas oferecidas por impressoras 3D e os nascentes projetos de geração e distribuição individualizada de energia, favorecida pelos chamados smart grids [3], para afirmar que as transformações da economia colaborativa desafiam “o modus operandi da economia industrial”.
[3] O smart grid é uma tecnologia que permite às residências gerar e trocar energia elétrica de acordo com a necessidade
De fato, a realidade peer-to-peer há muito deixou de ser assunto de transferências de arquivos de mídia. Já é possível, por exemplo, encontrar bens de uso corrente sendo fabricados colaborativamente, usando impressoras 3D ou em laboratórios de fabricação comunitários (os FabLabs). Essas impressoras são um dos caminhos pelos quais os novos modelos econômicos transbordam o digital para ocupar o mundo físico.
Em 2012, o jornalista e empresário Chris Anderson lançou o livro Makers, em que a produção de bens físicos através de tecnologias digitais é tratada como uma nova revolução industrial, porque as novidades tecnológicas liberam o “excedente cognitivo” de uma multidão de indivíduos que, até então, apareciam como meros consumidores. Por exemplo, o engenheiro Joshua Pearce, da Universidade de Tecnologia de Michigan, acredita que o chamado open-source design [4] está se tornando um caminho viável para tornar a agricultura sustentável ao redor do mundo, facilitando a implantação de lavouras orgânicas. Pearce lembra que um terço do cultivo orgânico ocorre em países em desenvolvimento e, para os agricultores dessas regiões, a aquisição de maquinário por open-source design pode representar uma significativa redução de custos.
[4] É a distribuição livre e on-line do desenho industrial, com a qual alguém pode criar um novo projeto de máquina, móvel ou o que for e permitir sua reprodução
Por trás da interação direta entre pessoas, ativistas como o italiano Franco Berardi e filósofos como o francês Bernard Stiegler enxergam uma automatização das relações interpessoais. Embora nem sempre seja fácil notar, muitos dos encontros colaborativos são mediados por algoritmos controlados por empresas, cujo modo de funcionamento nem sempre é explícito. Por isso iniciativas como a Open Source Initiative incentivam o uso de software de código aberto.
A combinação de tecnologias da comunicação, novas fontes de energia e revoluções do comportamento levou o sociólogo americano Jeremy Rifkin a afirmar que estamos entrando na “economia do custo marginal zero”. É o caso de bens digitais: cada cópia nova de um arquivo sai praticamente de graça, de modo que ele pode ser livremente distribuído pelo mundo, em que pesem as questões de propriedade intelectual.
Para Rifkin, o grande motor da nova revolução econômica é a internet das coisas, que conecta bilhões de objetos físicos à rede (hoje, algo em torno de 11 bilhões no mundo; Rifkin estima que serão 100 bilhões em 2030), permitindo que sejam administrados com custo baixíssimo. “Centenas de milhões de pessoas estão transferindo pedacinhos de suas vidas dos mercados capitalistas para o mundo comum e colaborativo global”, escreve Rifkin.
Com efeito, a economia da colaboração também recuperou um antigo conceito econômico: os “comuns”. Na cultura digital, é cada vez mais frequente o uso das licenças Creative Commons, que permitem modular o nível de reserva da propriedade intelectual. Mas os comuns referem-se a tudo que não é propriedade individual nem é consumido individualmente: é o que pertence a todos, ao menos em tese, como o ar, em certas sociedades a terra e, no caso do Creative Commons, também o conhecimento [5].
[5] Mais em creativecommons. A Página22 é adepta da licença
Na tradição do pensamento econômico, a propriedade comum costuma ser considerada ineficiente, a ponto de conduzir à chamada tragédia dos comuns. O argumento é que os agentes econômicos têm incentivos para esgotar os bens comuns, principalmente a terra, porque competem entre si mas não se sentem responsáveis pelo coletivo. Mas a economista Elinor Ostrom, Prêmio Nobel de Economia em 2009, demonstrou que a tragédia dos comuns não é tão trágica quanto parece. Ao contrário, os usuários de um bem comum sempre encontram meios de cooperar para administrá-lo satisfatoriamente para todos, contanto que se sintam em contato próximo com ele.
Seguidores de Elinor Ostrom procuram estender a lógica dos comuns à economia global. O jurista Brett Frischmann, autor de Infrastructure: The social value of shared resources, acredita que o exemplo da administração de recursos naturais a partir da noção de commons pode ser um ponto de partida para formular as políticas públicas e as legislações que organizarão o uso das ferramentas da nova economia, além das relações de produção e trabalho. E, quando os conceitos de comuns, colaboração e cooperação estiverem servindo de base para a formulação de marcos legais, estará claro que a economia da colaboração veio para ficar.
GLOSSÁRIO
Alguns verbetes do universo colaborativo usados ao longo desta edição:
Comuns – Originalmente, os commons, ou comuns, designam recursos compartilhados pela sociedade, como o ar, a terra e o conhecimento. Na internet, o termo ganhou um cunho cultural e político, fundando novas formas de propriedade intelectual, como as propostas pela organização não governamental Creative Commons.
Consumo colaborativo – Em vez de comprar um bem que será pouco usado, é possível alugá-lo, tomá-lo emprestado ou trocá-lo com desconhecidos. Do compartilhamento de carros à livre doação, o acesso aos serviços é mais importante que a posse dos bens.
Crowdsourcing, crowdfunding – Multidões digitais e anônimas viraram fonte de conteúdo e financiamento. Sites como a Wikipédia são crowdsourced: recebem conteúdo da multidão. Sites como o Catarse são plataformas de crowdfunding, o financiamento coletivo.
DIY, FabLabs, Makers – Do-it-yourself, fabrication laboratory e movimento maker são vertentes de novos modos de produção usando tecnologias digitais. Os FabLabs são pequenas oficinas que se dizem capazes de fazer “quase qualquer coisa”.
Hackerspaces – Assim como os Fablabs, são espaços de encontro onde as pessoas trocam experiências e podem trabalhar juntas em projetos digitais. Também são espaços de aprendizado, com workshops e cursos.
Impressoras 3D – Com esses dispositivos, capazes de imprimir objetos cada vez mais complexos a partir de arquivos transmitidos pela internet, é possível, por exemplo, transmitir instruções para criar bens de consumo ou ferramentas.
Internet das coisas – Aos poucos, os objetos do dia a dia vão sendo conectados à rede, enviando dados sobre seu uso para os algoritmos que regem sua gestão. A administração de fluxos e estoques, por exemplo, fica mais eficiente.
Moedas complementares – Dos clubes de troca aos algoritmos conhecidos como criptomoedas (por exemplo, Bitcoin), buscam escapar à instabilidade das moedas oficiais, além de promover trocas comunitárias e evitar as taxas dos bancos.
P2P – Corruptela de peer-to-peer, ou a relação direta entre membros de uma rede, sem passar por uma instância central. Usada para referir-se a tecnologias digitais, como torrents (extensão que permite a transferência de arquivos entre usuários), também designa redes de solidariedade no mundo real.
Wiki – Criada por Ward Cunningham, a tecnologia da Wikipédia é simples: consiste numa aplicação de texto com código fácil, que permite adição, supressão e modificação por qualquer pessoa. Na língua havaiana, wiki significa “ligeiro”.
Uber, Airbnb, Prosper – Essas empresas estão entre as mais bem-sucedidas da economia colaborativa visando o lucro. Por meio de uma plataforma, permitem que os usuários interajam e negociem de forma direta serviços de transporte, de hospedagem e financeiros, respectivamente. (Página 22/ #Envolverde)
* Publicado originalmente na edição 96 da Página 22.
Fonte: ENVOLVERDE
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Crítica da Economia:
A hora do grande crash se aproxima?

publicado em 07 de junho de 2015 às 12:23

Alerta Shangai: a hora do grande crash se aproxima

Por HENRIQUE LORENZ e DÓRIS CASTRO, em 05.06.2015, sugerido por Barakat Abrahão, no Crítica da Economia

A principal bolsa de valores da China anoiteceu nesta sexta-feira encoberta por fantástica bolha. O índice das ações na Bolsa de Shangai ultrapassou a marca dos 5000 pontos pela primeira vez em oito anos. Completa mais de uma semana de selvagem disparada do mercado, tornando a China um dos mais exuberantes mercados globais em 2015.

Mas essa disparada ocorre em ritmo infernal de subidas e descidas, sem mais qualquer referência com as coisas do mundo terreno. Veja detalhadamente como esse mercado evoluiu nos últimos anos, até este pesado panorama que antecede as tempestades, grandes tempestades.

Enquanto a produção real cai os papéis alcançam absurdas marcas de valorização. A China torna-se um dos mais exuberantes mercados globais em 2015. Compare-se abaixo a evolução das ações na China e nos EUA, nos últimos cinco anos e mais recentemente, nos últimos doze meses.



O gráfico ilustra a evolução dos índices Dow Jones da bolsa de Nova York (linha vermelha do gráfico) e do índice Shangai Composite, de Shangai (linha azul). Em todo o recente período de expansão global (iniciado em Junho de 2009), o Dow Jones apresentou uma constante elevação. O Shangai Composite, ao contrário, era um dos índices mais deprimidos do mercado mundial.

Depois de desabar de 5552 pontos em 28/09/2007, ponto máximo do ciclo anterior, para 1850 pontos em 31/12/2008, fundo do poço da última crise, o Shangai Composite manteve-se em sono profundo.

Pelo menos até Junho do ano passado, quando ainda marcava 2048 pontos. Entretanto, nos últimos doze meses, como se observa no gráfico, ele resolveu acordar. E voou alto. Muito alto. Nesta sexta-feira, 05 de Junho 2015, bateu com a cabeça nos 5023 pontos.

Assim, nos últimos doze meses, enquanto o índice Dow Jones continuava a valorizar e apresentava a excelente (e muito normal) evolução de 7,2% em um ano, o Shangai Composite valorizou estonteantes 145,3% no mesmo período. É um exagero que certamente receberá uma punição proporcional.

Antes eram as taxas de crescimento da indústria e do PIB chinês que assombravam o mundo. Isso já pertence aos passado.

Agora são as desgovernadas cotações dos preços das ações em Shangai que deixam os capitalistas de todo o mundo com um frio na espinha vertebral.

A explosão da bolsa de Shangai antecipará o grande crash, a grande explosão das demais bolsas do mundo. E o que a destrambelhada evolução do Shangai Composite nos últimos doze meses está a dizer é que este bem vindo crash global pode ocorrer ainda neste bendito ano de 2015.
Fonte: VIOMUNDO
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