segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Um título hediondo


UM TÍTULO HEDIONDO


Por Guilherme Jungstedt

UMA MANCHA NA HISTÓRIA DA LIGA DOS CAMPEÕES

ambiente parecia calmo no vestiário da Juventus. O treinador Giovanni Trapattoni havia acabado de cumprimentar e desejar sorte a cada um de seus jogadores antes da grande decisão da Champions League de 1985, contra o forte e equilibrado time do Liverpool. O capitão italiano Gaetano Scirea já envergava a camisa 6 bianconera e, mesmo antes de pôr a braçadeira, começava a liderar o alinhamento do time para os corredores que davam acesso ao campo de jogo. Foi quando um dos delegados da partida apareceu com a notícia: “Houve um problema entre as torcidas e precisamos resolvê-lo antes que vocês entrem em campo.”

Tudo normal, até então. A máxima conseqüência destes acontecimentos seria um atraso no pontapé inicial. Nada que o futebol já não tenha vivido. O que parecia incomum era o fato de o jogo mais importante da temporada europeia de clubes acontecer em um estádio que, na melhor das hipóteses, poderia ser classificado como inapropriado para o evento. Ou então, “um barraco decrépito”, nas palavras de Ian Rush, camisa 9 do Liverpool na ocasião. A estrutura do Heysel Stadium, em Bruxelas, já não era a mesma de anos atrás, quando foi palco de três finais do torneio — em 1958, 66 e 74.

A UEFA acabou escolhendo como sede para aquela final a convalescente arena da capital belga. O motivo pela escolha, ainda não se sabe. Mas tanto Juventus quanto Liverpool protestaram formalmente contra a escolha do local.

Eram necessárias boa estrutura e logística adequada para manter a estabilidade na atmosfera de uma disputa de tamanho apelo, apimentada por um componente extra: a final seria disputada por um time inglês, o que automaticamente atrairia a presença de hooligans, que viviam sua década mais explosiva. Como praxe, as torcidas ocupariam lugares opostos no Heysel Stadium. Mas a UEFA teve outra “brilhante” ideia.

Decidiu-se destinar um setor das arquibancadas a torcedores neutros: pensando nos belgas que apreciam o futebol. Mas ninguém sequer considerou a forte presença de imigrantes italianos em Bruxelas, ou que qualquer um poderia comprar, fossem ingleses ou mesmo torcedores vindos da Itália e, naturalmente, aquele espaço foi ocupado por mais torcedores da Juventus — que já não podiam mais comprar ingressos para o superpovoado setor destinado a seus conterrâneos.

Para coroar a estupidez, esses tifosi foram acomodados ao lado da torcida do Liverpool, separados apenas por frágeis grades de metal. Supostamente provocada pelos juventinos, a torcida dos Reds começou a avançar sobre eles, provocando um desesperado deslocamento dos italianos até o muro oposto à grade que separava as torcidas. Mais e mais torcedores subiam o muro para escapar da investida dos hooligans. A pressão foi tamanha que a contenção de concreto veio abaixo, levando à morte de 39 torcedores da Juventus.





O contingente policial não parecia preparado para controlar a contenda. Todo o efetivo havia sido deslocado para o local e, aqueles que não auxiliavam na contagem dos corpos — que iam sendo cobertos com pequenas bandeiras da própria torcida alvinegra – estavam alinhados em frente ao alambrado, virados para a torcida inglesa, sem sequer contar com a possibilidade de reação do outro lado do estádio. No setor da Juventus, alguns torcedores conseguiram romper a grade que separava o campo da arquibancada e, pouco a pouco, ocupavam parte da pista de atletismo que rodeava o gramado, atirando pedras — obtidas graças à arruinada estrutura das arquibancadas — e provocando tanto ingleses quanto policiais a vários metros de distância. A polícia continuava de costas para o gramado. De olho nos torcedores do Liverpool.

Já chegava a uma hora o atraso no aguardado kick-off, quando os zagueiros Antonio Cabrini e Sergio Brio já afrouxavam as chuteiras, inconformados com a falta de definição sobre o episódio. Foi então que chegou a eles a informação de que a UEFA queria a realização da partida de qualquer jeito. Os jogadores ajustaram novamente os calçados e entraram em campo para tentar apaziguar os ânimos de sua própria torcida – atribuição que poderia ser dada a qualquer envolvido com o jogo, exceto aos jogadores, como se já não fossem suficientes as tensões inerentes à dimensão esportiva daquela final.

Cabrini, Brio e Michel Platini irromperam corajosamente no meio da multidão para pedir calma aos fãs. Logo depois, Luciano Favero e Massimo Bonini chegaram com os “reforços” de outros jogadores. Muitos torcedores abraçavam os ídolos e a fome dos fotógrafos também contribuía para o stress do momento. Eles entraram em campo não para jogar, mas para cumprir a determinação da UEFA de que o espetáculo deveria continuar, sob pena de haver mais violência, caso o evento fosse cancelado.

E assim foi. Com o auxílio de forças paramilitares belgas, as torcidas foram controladas e, por volta da meia-noite, a Juventus erguia a taça de campeã europeia. Segundo Marco Tardelli — lendário camisa 8 do clube italiano — os times se apresentaram para o jogo sem ter conhecimento sobre as mortes. Ainda assim, Michel Platini foi duramente criticado por sua efusiva comemoração depois do gol de pênalti que garantiu o título.

Após a partida e já ciente da extensão da fatalidade, o francês declarou, emocionado e com a voz embargada: “Depois que a UEFA decidiu pela realização do jogo, não pensamos em mais nada. Ficamos felizes por haver conquistado o título para os torcedores italianos. O futebol está no meu coração, mas sofremos um duro golpe no dia de hoje.” Depois disso, silêncio. Constrangido, o repórter agradeceu e retirou-se, tal qual fez Platini.

O que sobrou da tragédia para a Vecchia Signora foi um título hediondo, assombrado por um incidente macabro. Para o futebol inglês, suspensão de todas as competições internacionais de clubes por seis anos. Para as famílias das 39 vítimas fatais, a dolorosa memória das perdas irreparáveis.

Fonte: REVISTA CORNER
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O ano foi de 1985, mas as imagens de pessoas encurraladas em muros e cercas do estádio belga estão vivas até hoje.

Foram cenas que chocaram o mundo.

Quinze anos após a tragédia da final da Champions League, no Brasil, por pouco tragédia similar não acontecia.

O ano era 2000, a competição era o campeonato brasileiro, batizado naquele ano de Copa João Havelange.

A partida final entre Vasco da Gama e São Caetano foi marcada para o estádio da equipe carioca, em São Januário, no bairro imperial de São Cristóvão na cidade do Rio de Janeiro.

O estádio apresentava superlotação, estava abarrotado de torcedores, quando uma cerca de proteção da arquibancada se rompeu e torcedores caíram no campo de jogo. Estirados pelo chão, feridos pela irresponsabilidade dos dirigentes tal qual cenas de devastação produzidas por tornados e eventos climáticos similares.










Eurico Miranda, atual presidente do C.R. Vasco da Gama e na época membro da diretoria do clube, entrou em campo, tentando de todas as formas minimizar o acidente e fazer com que o jogo acontecesse. O jogo, apesar das tentativas de Eurico, não pôde ser realizado naquele dia e, segundo o regulamento da competição, o Vasco perderia o mando de campo e o jogo seria jogado na casa do adversário, o São Caetano.

Não foi o que aconteceu. A Diretoria do C.R. Vasco da Gama conseguiu manter o mando de campo e a final foi jogada no Maracanã. O Vasco foi campeão, e também teve seu título hediondo.




sábado, 15 de outubro de 2016

O Golpe quer matar Lula

Não, o que eles querem não é apenas prender Lula. O que eles querem é coisa bem pior.

15/10/2016 Bajonas Teixeira


Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho,

A esquerda deveria se mobilizar, mas prefere ficar zanzando pelo Facebook, clicando em emoticons de carinhas chorosas, com grossas lágrimas penduradas nos olhos, e fofocar sobre a possível data da prisão de Lula.

Como escreveu um grande historiador político sobre as guerras camponesas na Alemanha, triste do líder que tem como base massas de nível intelectual muito limitado.

Vamos aos fatos.

Anda circulando por aí previsões sobre quando será feita a prisão de Lula. Um blogueiro-vidente, que segundo os crentes costuma acertar, anunciou até a data, atribuindo-a a fontes fidedignas. A partir daí, espalhou-se um certo burburinho, naquele estilo bem brasileiro, em que até a tragédia passa a interessar mais pela fofoca que pelo fato.

Não se foca no fato, mas se foca na fofoca inspirada pelo fato. Por mais risível que seja, temos que admitir, isso é o Brasil. Ao invés de tagarelarem sobre a data dessa possível prisão, deveriam pensar sobre o que ela representaria.

Em primeiro lugar, o que significaria prender Lula? Na idade dele, e sendo mais que certo que nem seu caso não se cogita em delação premiada, pois nem ele faria nem a justiça proporia – esse prêmio está reservado aos grandes empresários e aos políticos efetivamente corruptos –, ser preso é sinônimo de apodrecer na prisão. Ou seja, a prisão significa pena de morte.

Seus perseguidores sabem muito bem disso. Mas eles visam com a prisão algo ainda mais grave.

Um homem político raro, capaz de abalar estruturas sociais arcaicas petrificadas como as brasileiras, além de sua condição natural, como ser vivo, e da sua condição social, de cidadão, possui outra mais elevada, a de símbolo, cujo prestígio e respeito atestam o seu legado histórico. Lula é o símbolo da democracia e das lutas sociais no Brasil, da possível mudança de uma estrutura social congelada.

Nesse sentido, Lula tem que ser morto para que a democracia e a mudança sejam mortas juntas com ele. Se trata, primeiro, de assassinar sua imagem e seu prestígio, para aniquilar sua função simbólica. A mídia tem se esmerado nesse trabalho dia e noite, incansavelmente, há no mínimo dois anos.

Esse trabalho da mídia foi, pelas mãos do Judiciário e do MPF, convertido em uma semiprisão domiciliar, e numa cassação de direitos políticos: Lula não pôde ser ministro da Casa Civil, bastando para isso o crime de Moro de divulgar áudios ilegalmente gravados; a Lula não é concedido defender-se no STF, porque este insiste que o direito de julgá-lo é de Sérgio Moro, em Curitiba; quando se cogitou seu nome para presidência do PT, bastou agir a Folha de São Paulo, em conluiou com Tarso Genro, para detonar o projeto.

Se até isso está vedado a ele, poderia pretender, mesmo em sonho, disputar a presidência em 2018? É evidente que não. Muito antes disso, tem que ser tirado de circulação.

Um detalhe dá a dimensão do isolamento em que Lula foi lançado: apesar da duríssima perseguição de que é vítima, de estar todo o dia nas páginas e nas telas de incontáveis jornais e sites, ninguém chama Lula para uma simples e miserável entrevista. Não há o mínimo espaço.

Portanto, Lula já está condenado, em todos os sentidos. E não é sua prisão o que importa, mas o trabalho do carrasco que prepara sua execução. Diante disso, a questão que se põe é se ele acredita na justiça dessa justiça no momento de proferir contra ele a pena capital.

Quando por todos os meios a Justiça já proferiu uma sentença condenatória, quando boa parte dos seus direitos de cidadania já foi retirada – o que é o assassinato da sua cidadania –, quando não tem lugar na mídia embora seja em vida uma personalidade histórica, o fantástico seria crer que a prisão marque um divisor de águas.

A prisão será apenas o passo final de execução dos vereditos que já foram proferidos pela justiça e pela mídia.

O que espanta não é isso. O que espanta é ver que centenas de milhares de pessoas que poderiam sair às ruas ficarem em casa, de olhos fixos nas telas, curtindo com carinhas lacrimosas e compartilhando posts, memes, e outras baboseiras de pouco ou nenhum valor.

Fonte: O CAFEZINHO
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É verdade. O que eles querem é que Lula morra.

Se não morreu com o câncer, vão colocá-lo na prisão, para que possa morrer atrás das grades.

Isso não é novidade para mim, e acredito que também não é novidade para o Lula.

Quanto ao povo brasileiro, não espero grande apoio a Lula por ocasião de sua prisão. O apoio popular virá, mas somente por parte de movimentos sociais e parcela da sociedade organizada.

A maioria da população não irá se envolver, assim como não se envolveu para tirar Temer da presidência.

O discurso de grande parte da esquerda, inclusive de blogues e sites, está um tanto desfocado da realidade das pessoas.

De nada adianta falar de política com o povo, se esse povo não quer ouvir, debater o assunto.

É bem melhor compreender o que o povo prioriza no momento e procurar se comunicar com ele em suas prioridades, mesmo que tais prioridades sejam imbecis e idiotas.

Para conduzir, primeiro se faz necessário acompanhar.

De nada adianta insistir no convite para assistir um filme, se ela prefere ficar em casa conversando com você. Fique em casa, converse bastante, e no momento adequado introduza o convite para o filme.

Se você fala, fala, todos os dias, e ninguém dá atenção ao que você diz, a culpa é sua. Se você quer que as pessoas ouçam o que você tem a dizer, então mude sua estratégia de comunicação.

Juventude de atitude

Juventude de atitude. Os incomodados que se levantem

Levante Popular da Juventude reúne milhares de jovens de todo o Brasil que sonham em melhorar o lugar onde vivem e construir um projeto popular para o país. E agem
por Juliana Afonso, para Revista do Brasil publicado 15/10/2016 11:54
SHEYDEN SOUZA FOTOGRAFIAS/LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE
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O Levante é um movimento que passou a agrupar jovens em todo o Brasil, os futuros protagonistas das lutas pelos direitos sociais
Após o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Juliana Lino, 21 anos, que garantiu a nota exigida para o curso de Direito na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, se mudou de Salvador para Dourados, a 235 quilômetros da capital, Campo Grande. A cidade é palco de um dos maiores conflitos agrários do país, que opõem cerca de 15 mil indígenas Guarani Kaiowá e fazendeiros. ­Dourados também sofre com o alto índice de violência contra a mulher, problema comum no estado, que apresenta a maior taxa de registros na Central de Atendimento à Mulher. Esse é o contexto que Juliana apresentou nas atividades do 3º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude, realizado entre 5 e 9 de setembro, em Belo Horizonte.
O Acampa, como é chamado pelos participantes, é um encontro de formação política que discute a conjuntura nacional e busca a construção do que chamam de projeto popular. Segundo os organizadores, o evento contou com a presença de 7.000 jovens de todos os estados. Na programação, palestras, mesas-redondas, oficinas e apresentações culturais, além de uma diversidade de convidados como o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile, o ativista estadunidense Eddie Conway, do Panteras Negras, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A presença volumosa é vista como resultado de uma expansão do movimento social jovem em um momento singular da história política brasileira. "A juventude de hoje não viu nenhum momento político como esse. Vivemos um golpe, um período de retirada de direitos", afirma a estudante de Serviço Social Mara Farias, 24 anos, de Natal. Coordenadora nacional e integrante da Frente Territorial, ela acredita que esse é o melhor momento para organizar o povo. "Eu quero que o jovem tenha o sentimento de mudança radical da sociedade, que esteja nas ruas lutando pelo Fora Temer e por qualquer direito que seja retirado do povo brasileiro."
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Intercâmbio de experiências para pensar os próximos passos do movimento foi a tônica do encontro. "Tem muita gente que está em processo de formação e ainda precisa identificar o caminho, se identificar como agente", diz Juliana. Coordenadora nacional e integrante da Frente Estudantil, ela trabalha para expandir a discussão da questão feminista em Dourados. Como estudante, quer popularizar o tema, e quem sabe trabalhar na Defensoria Pública. A baiana respira o movimento até nas horas de lazer. "A gente vai sempre onde acha massa, conforme o que a gente acredita politicamente", diz. Entre os locais que gosta de frequentar estão teatros e saraus. "Eu adoro, inclusive escrevo e recito poesia."

Construir para fora

O Levante Popular da Juventude é um movimento que passou a agrupar jovens em todo o Brasil a partir da constatação de que a juventude seria a futura protagonista das lutas por direitos no país. De diversas organizações, como Consulta Popular, MST, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), surgiu o embrião do Levante, no Rio Grande do Sul.
A nacionalização do debate era uma demanda cada vez mais forte, até que em 2012 aconteceu o 1º Acampa, em Santa Cruz do Sul (RS), com a presença de 1.500 jovens de 17 estados. O evento consolidou o movimento nacionalmente e lançou as bases para a formação das células nas universidades, escolas, comunidades e no campo. Ainda naquele ano, o Levante ganhou a atenção da mídia com a realização de "escrachos" em diversas cidades do país para denunciar torturadores da ditadura e exigir maior poder de ação da Comissão Nacional da Verdade.
Dois anos mais tarde ocorreu o 2º Acampa, em Cotia (SP), com 3 mil participantes. A passeata realizada durante o acampamento lançou campanha por uma Constituinte exclusiva para reformar o sistema político. "Só através de uma Constituinte popular vamos poder mudar as estruturas eleitorais", afirma Mara. Os acampados voltaram para suas cidades com a tarefa de organizar as bases para a realização de um plebiscito. Este ano, o tema mais abordado foi o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Os gritos de "Fora Temer" e "governo golpista" ecoavam o tempo todo pelo ginásio do Mineirinho. O ato no último dia do evento, 9 de setembro, teve escracho na porta da Rede Globo Minas e terminou com uma passeata.
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Principal evento do Levante, o Acampa é marcado pela troca de ideias e pela explosão de eventos culturais. É em seus estados, porém, que os militantes buscam pôr os planos em prática. O elo entre pensamento político e ação é o que mais atrai os jovens. "A diferença do Levante para outros movimentos de juventude é o sentido de construir com o povo, colocar para fora, fazer trabalho de base, e não só fazer ações de fortalecimento interno", opina Mara Faria. Ela conheceu o movimento a partir do conselho comunitário do bairro Felipe Camarão, onde mora, na capital potiguar, e quis construir o Levante no local, com o qual tem forte relação.
"Sou de ficar em casa. Gosto de ler, assistir filmes ou sair no meu bairro para encontrar os amigos. O lazer em Natal é muito privatizado e eu não tenho tanta grana para sair em uma cidade onde tudo tem que ser pago", diz. Ao juntar rotina e militância, ela e outros jovens que atuam no Felipe Camarão promoveram a atividade Juventude Organizada contra as Doenças Sexualmente­ Transmissíveis (DST), surgida do diagnóstico de um posto de saúde de que 90% das pessoas com incidência de sífilis na capital eram adolescentes do bairro.
Uma escola logo cedeu o espaço para que fossem realizadas exposições e rodas de conversa ao longo de quatro semanas, com assuntos desde o amor até a questão do sexo e das DST. "No último dia os próprios jovens organizaram uma feira de promoção da saúde, com vacinação, distribuição de camisinha, roda de conversa, apresentação de teatro e dança", diz Mara. Alguns passaram a atuar no Levante, com o desejo de multiplicar a ação em outros espaços. O movimento já promoveu feiras, atendimentos de saúde e revitalização de parquinhos. Quase sempre buscando associar ações com parte de uma luta política.­
"Por exemplo, se a atividade for em uma praça que não tem luz, pode ser construída uma ação de luta pela iluminação da praça", exemplifica Mara.

Sem acordo

A parcela da juventude que o movimento busca organizar é aquela que sofre mais diretamente com as injustiças sociais: jovens que estudam em escolas privadas e públicas e não se sentem contemplados pela educação que recebem, que vivem no campo e carecem de acesso a políticas públicas, que moram em bairros, favelas e comunidades e não têm direitos respeitados. São também negras e negros, gays, lésbicas, transexuais e setores que lutam para afirmar sua identidade.
O sentimento que os une é indignação. "O Levante representa uma juventude que não se sente contemplada pela política atual, e que também não se sente contemplada pela juventude dos partidos atuais", afirma o estudante de Direito David Liboreo, 23 anos, de Aracaju, que acompanhou a repercussão dos escrachos aos torturadores da ditadura e procurou o movimento na capital sergipana, em 2012. Quando era secundarista, David participou de grêmios estudantis, mas diz que nunca chegaram a pensar em ações para além da escola.
Seu interesse no Levante, como coordenador nacional da Frente Estudantil, é a construção de uma pauta que concilie os anseios da juventude do Brasil com a possibilidade de atuar em função deles. "Eu fico 24 horas ligado. Meus finais de semana são quase todos preenchidos com agenda do movimento", conta. David busca estar com a família e os amigos, mas admite que, muitas vezes, o espaço de relaxamento é o espaço do próprio movimento. "Ir a um acampamento do MST, por exemplo, inspira, dá fôlego. Muita gente que é militante tende a recarregar suas energias nos espaços místicos do movimento", explica.
Para trabalhar as pautas da juventude, o Levante se organiza em três frentes. A Frente Territorial atua nos bairros e favelas, a Frente Camponesa trabalha com pessoas que moram no campo, quilombolas e indígenas, e a Frente Estudantil organiza estudantes das escolas secundaristas e das universidades públicas e privadas. "A base de organização do movimento é a célula, que atua por territórios. Pode ser dentro de uma universidade, de um bairro, de um assentamento", explica a estudante de Letras Luiza Troccoli, 25 anos, de São Paulo. Depois das células há as coordenações municipal, estadual e a nacional.
Luiza explica que dentro da organização há ainda os grupos sobre gênero, raça e diversidade sexual, além de coletivos de finanças e comunicação, formação e agitação e propaganda, todos em níveis municipal, estadual e nacional. A lógica hoje é muito mais complexa que a de quando Luiza era secundarista e militava no grêmio da escola e no Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente. Dentro da universidade, sua participação se voltou para a pauta feminista. "Comecei a participar de um núcleo da Marcha Mundial das Mulheres que tinha na USP, antes de me envolver com o Levante", diz. Hoje, Luiza é da coordenação da Frente Estudantil. "Quando seu trabalho é construir um projeto de sociedade, você enxerga isso em tudo. As contradições estão presentes inclusive nos momentos livres e de divertimento, mas a gente tem de separar as coisas para não pirar." Ela considera indispensável ir ao cinema, ao teatro entre uma atividade e outra e "uma cervejinha" com amigos depois das reuniões.
Outro sentimento que une os integrantes do movimento é o de mudança. "As pessoas ligadas ao Levante veem um horizonte de transformação no país. A gente sabe que é uma organização com potencial para isso", afirma o estudante de Ciências Sociais Walisson Rodrigues, 25 anos, de Porto Velho. Walisson participava do MAB em Rondônia e foi indicado para construir o movimento na sua cidade, em 2014. Ele afirma que existe uma dinâmica diferente na vida dos jovens que são e que não são militantes. Alguns de seus amigos resistem a estar no movimento, mas outros começaram a se aproximar e se inserir nos processos. "Tem os dois lados. Quando as pessoas começam a ter contato com a organização se apaixonam e se aproximam."
Coordenador nacional da Frente Camponesa, ele afirma hoje compreender melhor a diversidade do país, especialmente da juventude. Para Walisson, quem está no Levante quer uma coisa: a revolução. "A gente só vai conquistar direitos de fato se tiver um processo de transformação da nossa sociedade. Se a gente entrar em acordo com essa burguesia, que é ligada diretamente ao capital internacional, só temos a perder."
LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE

No final do 3º Acampa, milhares saíram às ruas de Belo Horizonte

Construção coletiva

As ações visam a organizar a juventude em torno do Projeto Popular para o Brasil. "É um projeto que não surgiu com o Levante. A gente bebe o acúmulo de outros movimentos, principalmente os da via campesina", acrescenta Luiza. O projeto parte da ideia de que a classe trabalhadora deve atuar na construção dessa nova sociedade. De caráter nacionalista, ele se contrapõe ao neoliberalismo. "Acreditamos que o povo deve estar no poder, pois é o povo que produz, com seu suor, toda a riqueza de nossa nação e deve decidir com soberania sobre os rumos do país. Isso só será possível quando destruirmos o sistema capitalista e a sua face mais dura, o imperialismo." O trecho está na carta compromisso do 3º Acampa.
Apesar do entendimento comum sobre o Projeto Popular para o Brasil, não há nenhum documento fechado com pontos que o compõem ou expondo objetivamente suas diretrizes. A justificativa é a de que se trata de um projeto em construção. "Não adianta apresentar para o povo e chamar para compor", argumenta Luiza. Entre as propostas pensadas está a ampliação das cotas raciais e sociais nas universidades, a garantia de acesso a creches e a gratuidade do serviço de transporte para a juventude.
Além de pontos ainda em construção, o Levante propõe pautas abrangentes, capazes de retratar a diversidade da juventude no Brasil. "Militância é se propor a mudar algo. Quando você se torna militante, você compreende que não consegue fazer isso sozinho, precisa de mais gente com você, então o sacrifício se torna maior. Quanto mais gente do seu lado, mais difícil ficam as relações e mais você vai ter de mudar, compreender as realidades existentes e fazer uma luta conjunta", diz Walisson.
Os jovens buscam agir no seu dia a dia da forma como gostariam que a sociedade fosse organizada. Alguns exemplos dessa visão estiveram presentes no 3º Acampa, como a Ciranda Infantil, espaço criado para cuidar das crianças e garantir que as mães possam participar dos espaços políticos, e a divisão das demais tarefas para manter a casa em ordem. "Aqui é a gente que faz tudo. A gente cuida da limpeza, da nossa segurança, da nossa alimentação, das nossas crianças. É nós por nós. Isso aqui é sobre a nossa emancipação", afirma Juliana.

MÍDIA NINJA 2014


A parcela da juventude que o movimento busca organizar é aquela que sofre mais diretamente com as injustiças sociais

Fonte: REDE BRASIL ATUAL

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Bicho homem

Pombas na cadeia

13/10/2016 09:51:15

Aves são presas na Índia sob acusação de espionagem. Uma delas carregava mensagem secreta

Bamial (Índia) - Duas pombas foram parar atrás das grades na Índia. É isso mesmo! De acordo com o site da BBC, as aves estão presas sob acusação de espionagem.

Um das pombas foi capturadas pela Guarda Costeira da Índia em Bamial, região de fronteira com o Paquistão, no domingo, segundo o jornal Times of India . A ave carregava uma mensagem secreta escrita em urdu, a língua oficial do Paquistão, destinada ao primeiro-ministro indiano, Narenda Modi. A mensagem dizia: “Modi, nós somos os de 1971. Agora, cada um de nossos filhos está pronto para lutar contra a Índia”.



Pomba levava mensagem escrita no idioma do Paquistão

Agora, as autoridades indianas tentam descobrir quem é o autor da mensagem. Embora a polícia tenha informado que não encontrou nada de incomum na pomba, decidiu mantê-la “sob custódia”, de acordo com um chefe da corporação. No registro de ocorrência, o animal foi descrito como “suspeito de espionagem”. “Nós capturamos alguns espiões aqui. Esta área é muito delicada por causa de sua proximidade com Jammu, onde é comum tentarem se infiltrar”, afirmou o superintendente da polícia local, Rakesh Kaushal, para o Times of India .

Antes desse caso, outra pomba já havia sido encontrada recentemente por um adolescente de 14 anos na aldeia de Manwal, que fica entre Jammu e Caxemira, território reivindicado por Índia e Paquistão e cenário de deslocamentos militares frequentes provocados pela tensão entre os dois países. O menino levou o animal até uma delegacia. A ave foi submetida a exames de raio-X.

Fonte: MEIA HORA
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Não é a primeira vez que animais se envolvem e política e são presos.

Na década de 1960, durante a guerra fria, EUA e a extinta URSS trocaram acusações sobre o possível envolvimento de golfinhos em atividades de espionagem. Nenhum golfinho foi preso mas o assunto rendeu.

Os animais tem habilidades interessantes, como os cães, por exemplo, que percebem com antecedência de algumas minutos a chegada em casa de seus donos. Generosos minutos antes, os animais tem o comportamento alterado, demonstrando uma grande alegria. São habilidades telepáticas.

Antes de colocá-los na cadeia, o homem deveria aprender com os animais.



Surrealismo na Av. Paulista

Humor: surrealismo coxinha vai às ruas em apoio a Donald Trump

14/10/2016
★★★ Ato de apoio a DONALD TRUMP! ★★★

no Movimento Juntos Pelo Brasil

O Juntos pelo Brasil, com o apoio do Direita São Paulo e do Crítica Nacional , convida todos a participar do ATO DE APOIO A DONALD TRUMP, que realizar-se-á Sábado dia 29/10, às 14h, na Av. Paulista 1.111 (próximo ao metrô Trianon-MASP)!

PARTICIPE! Vamos mostrar que o Brasil apóia os irmãos conservadores americanos, e que nós não queremos ver a Dilma Americana na Presidência!

Algumas dicas para quem vai:

★ De preferência, venha de azul, branco e vermelho, e traga bandeiras e camisetas dos Estados Unidos.

★ Se quiser cartazes com o logotipo oficial da campanha de Trump, entre em contato pelo inbox do Juntos pelo Brasil .

★ A Polícia Militar foi notificada sobre o ato, e dará o apoio necessário. Em caso de provocações, chame o policial mais próximo.

ATENÇÃO! Respeite os organizadores e participantes do evento, e por favor não use o espaço deste evento ou da página para atacar o Donald Trump ou seus fãs.

Quem desrespeitar essas regras estará sujeito a banimento. Vamos manter a ordem e a civilidade

Fonte: O CAFEZINHO
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Brito: a direita brasileira é uma tragicomédia
14/10/2016 Redação


Nossa bandeira jamais será vermelha. Quer dizer, pode ser, com azul, branco e estrelinhas

por Fernando Brito, no Tijolaço

A direita brasileira é uma tragicomédia.

Monica Bergamo, na Folha, dá conta de uma “manifestação” coxinha marcada para o dia 29 na Avenida Paulista, para apoiar… Donald Trump para a presidência dos EUA.

Hillary Clinton, dizem eles, é “a Dilma americana”.

Tem mais um detalhe que apurei, vendo o point marcado pelos 718 que confirmaram presença: é o número 1.111 da Paulista, onde fica a sede do Citibank!

Um dos “grupos” que a organiza define sua ação como “luta no combate a corrupção, e doutrinas vermelhas antidemocráticas, inimigas da família e dos princípios de Ordem e Progresso que estão escritos em nossa amada bandeira”.

Embora, curiosamente, recomende que estes amantes do pavilhão verde-amarelo, “de preferência, venha(m) de azul, branco e vermelho, e traga(m) bandeiras e camisetas dos Estados Unidos”.

Será que o José Serra vai?

Fonte: TIJOLAÇO
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Não há nada de errado em grupos que desejam manifestar apoio à este ou aquele candidato, mesmo em se tratando de eleições nos EUA.

Errado, e mesmo cômico e preocupante, é não compreender a realidade ao se manifestar pelo apoio de um ou outro candidato.

No caso dos coxinhas da cidade de São Paulo - só mesmo em São Paulo - o ato de apoio a Trump está inserido em uma lógica de valorização do Conservadorismo, comparando Trump com o governo do golpe e Hillary Clinton com o PT e Dilma.

Trump é um conservador com propostas absurdas, porém, não é um político profissional, o que leva muitos analistas a acreditar que o discurso do magnata é jogo de cena para atrair uma grande parcela do eleitorado desiludida com o sistema político. Guardadas as devidas proporções, o clã Bolsonaro faz o mesmo por aqui no Brasil. Muita fanfarronice retórica.

O outro candidato, no caso a candidata Clinton, é ligada aos Democratas que historicamente teriam posições políticas mais arejadas. No entanto, no cenário internacional da geopolítica, o que de fato mais interessa, a possibilidade de uma guerra nuclear em grande escala estaria muito mais associada a Clinton do que a Trump.

Naturalmente que qualquer candidato a presidência pelos dois únicos partidos que alternam o Poder nos EUA é motivo de preocupação em todo o mundo, porém, no regime mundial atual de produzir danos, um sempre pode produzir mais danos que o outro, e no caso atual, Hillary Clinton está bem a frente de Trump.

Voltando aos coxinhas da Av. Paulista que fazem o ato em apoio a Trump em contraponto a Dilma e ao PT, cabe lembrar que algumas grandes potências veem em Trump danos menores , comparados com Hillary. Grandes potências estas, que nossos delirantes coxinhas sentem arrepios ao ouvirem seus nomes.

O festival de asneiras que assola o país, assim como a epidemia de cognição que dilacera uma grande parcela da sociedade, são motivos de preocupação e que merecem uma atenção especial, até mesmo uma força tarefa, por parte das autoridades de saúde pública.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Rio 40°C

  

Hoje um quiosque desabou, colapsou, foi ao chão no calçadão da praia de Copacabana. Um saldo de quatro feridos, sendo que duas pessoas eram clientes que consumiam no local.

Ainda nessa semana, o espelho d'água da lagoa Rodrigo de Freitas ficou coberto por uma densa espuma branca, fruto da poluição crônica de um ecossistema frágil e agonizante.

Na semana passada aconteceu um impensável assalto dentro de um vagão de uma composição da linha 2 do metrô. Vagão destinado as mulheres que foi assaltado por dois homens, que não se sabe como conseguiram fugir pelos trilhos, sem que os seguranças do Metrô, que com frequência agridem passageiros, pudessem detê-los.

Com o início deste mês, a violência explodiu em comunidades pacificadas na cidade, da zona sul a zona oeste, da zona norte ao centro, perseguições policiais e tiroteios reproduziram , em altos decibéis, uma trilha sonora de uma nota só em um estilo minimalista-bélico-destrutivo de triste lembrança para o carioca.

Mortos, prisões, e muita munição na disputa por territórios.

O secretário de segurança do estado, que pediu demissão nesta semana, ao sair afirmou que a situação vai piorar ainda mais, com aumento da criminalidade na cidade.

Diante de evidências catastróficas, o carioca se pergunta como as Olimpíadas e as Paralimpíadas aconteceram dias atrás com sucesso e sem nenhum incidente ou acidente grave. Teria sido o trabalho desenvolvido pela Fundação Cacique Cobra Coral, que tem contrato com a prefeitura para disseminar positivos fluidos sobre a cidade durante a realização de grandes eventos ?

Seja lá o que for, o quiosque na praia de Copacabana, próximo da Arena onde aconteceram as competições de volei de praia, esperou a diminuição do movimento para desabar. O mesmo fez a espuma de poluição, que aguardou o término dos eventos para voltar ao seu lugar e continuar sua vidinha. O metrô, que melhorou a nota da cidade no quesito mobilidade e ainda teve uma linha inaugurada pelo golpe com direito a fanfarra e pavonice político-midiática, isso antes dos eventos, esperou o final dos megaeventos para também entrar no circuito de barbárie da cidade.

E por fim, sem a menor intenção em esgotar o assunto sobre o teatro de absurdos que assola a cidade e também o país, as enaltecidas e civilizatórias Unidades de Polícia Pacificadoras, as UPP's, que desde o início de sua instalação foram saudadas pelas autoridades e pela mídia complacente com um marco civilizatório para a cidade, revelam-se, depois da realização dos megaeventos, como incapazes de promover a segurança nas áreas para as quais foram destinadas. Cabe lembrar que a população da cidade que não espera milagre vindo do mar ou das antenas de TV, já no início de instalação das UPP's tinha dúvidas quanto a eficácia e perenidade de ações que viessem a introduzir dignidade e civilidade nas comunidades pobres.

" isso daí é só pra copa e olimpíada, depois acaba tudo", disse o Mais Velho, referendado pela sabedoria popular, que aliás, nunca se engana.



De fato é que a barra na cidade está pesada, e tende a piorar com a chegada da estação do inferno.

Nobel de Literatura para Mr. Tambourine man

Prêmio Nobel de Literatura é concedido ao cantor Bob Dylan


O prêmio Nobel de Literatura 2016 foi atribuído a Bob Dylan, por ter criado novas formas de expressão poéticas no quadro da grande tradição da música americana, anunciou nesta quinta-feira (13) a Academia Sueca.

Bob Dylan é o nome artístico de Robert Allen Zimmerman, nascido em 24 de maio de 1941 - compositor, cantor, pintor, ator e escritor norte-americano.

Nascido no estado de Minnesota, neto de imigrantes judeus russos, aos 10 anos Dylan escreveu seus primeiros poemas e, ainda adolescente, aprendeu piano e guitarra sozinho. Começou cantando em grupos de rock, imitando Little Richard e Buddy Holly, mas quando foi para a Universidade de Minnesota em 1959, voltou-se para a folk music, impressionado com a obra musical do lendário cantor folk Woody Guthrie, a quem foi visitar em Nova York em 1961.



Aos 10 anos, Dylan escreveu os primeiros poemas e, adolescente, aprendeu piano e guitarra sozinho

Em 2004, foi eleito pela revista Rolling Stone o sétimo maior cantor de todos os tempos e, pela mesma revista, o segundo melhor artista da música de todos os tempos, ficando atrás somente dos Beatles. Uma de suas principais canções, Like a Rolling Stones, foi escolhida como uma das melhores de todos os tempos.

Em 2012, Dylan foi condecorado com a Medalha da Liberdade pelo presidente dos Estados Unidos Barack Obama.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Dylan: 'Vocês que se escondem atrás de muros. Vocês que se escondem atrás de mesas.  Só quero que saibam que posso ver através de suas máscaras'



Blowin' In The Wind

How many roads must a man walk down
Before you can call him a man?

How many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand?

Yes, and how many times must cannonballs fly
Before they're forever banned?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

Yes, and how many years can a mountain exist
Before it's washed to the seas (sea)

Yes, and how many years can some people exist
Before they're allowed to be free?

Yes, and how many times can a man turn his head
And pretend that he just doesn't see?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

Yes, and how many times must a man look up
Before he can see the sky?

Yes, and how many ears must one man have
Before he can hear people cry?

Yes, and how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?

The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind


Soprando no vento

Quantas estradas um homem deve percorrer
Pra poder ser chamado de homem?

Quantos oceanos uma pomba branca deve navegar
Pra poder dormir na areia?

Sim e quantas vezes as balas de canhão devem voar
Antes de serem banidas pra sempre?

A resposta, meu amigo, está soprando no vento
A resposta está soprando no vento

Sim e por quantos anos uma montanha pode existir
Antes de ser lavada pelos oceanos?

Sim e por quantos anos algumas pessoas devem existir
Antes de poderem ser livres?

Sim e quantas vezes um homem pode virar a cabeça
Fingir que ele não vê

A resposta, meu amigo, está soprando no vento
A resposta está soprando no vento

Sim e quantas vezes um homem deve olhar pra cima
Antes de conseguir ver o céu?

Sim e quantos ouvidos um homem deve ter
Pra poder conseguir ouvir as pessoas chorarem?

Sim e quantas mortes serão necessárias até ele saber
Que pessoas demais morreram?

A resposta, meu amigo, está soprando no vento
A resposta está soprando no vento


Hurricane

Pistol shots ring out in the ballroom night
Enter Patty Valentine from the upper hall
She sees the bartender in a pool of blood
Cries out, "My God, they've killed them all!"
Here comes the story of the Hurricane
The man the authorities came to blame
For somethin' that he never done
Put in a prison cell, but one time he could-a been
The champion of the world

Three bodies lyin' there does Patty see
And another man named Bello, movin' around mysteriously
"I didn't do it," he says, and he throws up his hands
"I was only robbin' the register, I hope you understand.
I saw them leavin'," he says, and he stops
"One of us had better call up the cops"
And so Patty calls the cops
And they arrive on the scene with their red lights flashin'
In the hot New Jersey night

Meanwhile, far away in another part of town
Rubin Carter and a couple of friends are drivin' around
Number one contender for the middleweight crown
Had no idea what kinda shit was about to go down
When a cop pulled him over to the side of the road
Just like the time before and the time before that
In Paterson that's just the way things go
If you're black you might as well not show up on the street
'Less you wanna draw the heat


Alfred Bello had a partner and he had a rap for the cops
Him and Arthur Dexter Bradley were just out prowlin' around
He said, "I saw two men runnin' out, they looked likemiddleweights
They jumped into a white car with out-of-state plates"
And Miss Patty Valentine just nodded her head
Cop said: "Wait a minute, boys, this one's not dead"
So they took him to the infirmary
And though this man could hardly see
They told him that he could identify the guilty men

Four in the mornin' and they haul Rubin in
Take him to the hospital and they bring him upstairs
The wounded man looks up through his one dyin' eye
Says, "Wha'd you bring him in here for? He ain't the guy!"
Yes, here's the story of the Hurricane
The man the authorities came to blame
For somethin' that he never done
Put in a prison cell, but one time he could-a been
The champion of the world


Four months later, the ghettos are in flame
Rubin's in South America, fightin' for his name
While Arthur Dexter Bradley's still in the robbery game
And the cops are puttin' the screws to him, lookin' for somebody to blame.
"Remember that murder that happened in a bar?"
"Remember you said you saw the getaway car?"
"You think you'd like to play ball with the law?"
"Think it might-a been that fighter that you saw runnin' that night?"
"Don't forget that you are white"


Arthur Dexter Bradley said:"I'm really not sure"
Cops said:"A poor boy like you could use a break
We got you for the motel job and we're talkin' to your friend Bello
Now you don't wanta have to go back to jail, be a nice fellow.
You'll be doin' society a favor
That sonofabitch is brave and gettin' braver.
We want to put his ass in stir
We want to pin this triple murder on him
He ain't no gentleman jim"


Rubin could take a man out with just one punch
But he never did like to talk about it all that much
It's my work, he'd say, and I do it for pay
And when it's over I'd just as soon go on my way
Up to some paradise
Where the trout streams flow and the air is nice
And ride a horse along a trail
But then they took him to the jail house
Where they try to turn a man into a mouse


All of Rubin's cards were marked in advance
The trial was a pig-circus, he never had a chance
The judge made Rubin's witnesses drunkards from the slums
To the white folks who watched he was a revolutionary bum
And to the black folks he was just a crazy nigger
No one doubted that he pulled the trigger
And though they could not produce the gun
The D.A. said he was the one who did the deed
And the all-white jury agreed


Rubin Carter was falsely tried
The crime was murder "one," guess who testified?
Bello and Bradley and they both baldly lied
And the newspapers, they all went along for the ride.
How can the life of such a man
Be in the palm of some fool's hand?
To see him obviously framed
Couldn't help but make me feel ashamed to live in a land
Where justice is a game


Now all the criminals in their coats and their ties
Are free to drink martinis and watch the sun rise
While Rubin sits like Buddha in a ten-foot cell
An innocent man in a living hell
That's the story of the Hurricane
But it won't be over till they clear his name
And give him back the time he's done.
Put in a prison cell, but one time he could-a been
The champion of the world


Furacão

Tiros de revólver ressoam na noite dentro do bar
Entra patty valentine vinda do salão superior
Ela vê o garçon numa poça de sangue
Solta um grito "meu Deus, mataram todos eles!"
Aí vem a história do furacão
O homem que as autoridades acabaram culpando
Por algo que ele nunca fez
Colocando numa cela de prisão, mas houve um tempo
Em que podia ter sido o campeão mundial

Três corpos deitados ali é o que patty vê
E outro homem chamado bello rodeando misteriosamente
"Eu não fiz isso"ele diz e joga os braços pra cima
"Estava só roubando a registradora, espero que você entenda.
"Eu os vi partindo" ele diz e pára
"É melhor um de nós ligar pros tiras"
E assim patty chama os tiras
E eles chegam na cena com suas luzes vermelhas piscando
Na noite quente de new jersey

Enquanto isso, bem longe, em outra parte da cidade
Rubin carter e uns dois amigos estão dando algumas voltas de carro
O pretendente número um à coroa dos pesos-médios
Não tinha idéia do tipo de merda que estava para baixar
Quando um tira o fez parar no acostamento
Igualzinho à vez anterior e à outra vez antes dessa
Em paterson é assim mesmo que as coisas rolam
Se você é negro, melhor nem aparecer na rua
A não ser que queira atrair uma batida policial

Alfred bello tinha um parceiro e ele soltou um papo atrás dos tiras
Ele e arthur dexter bradley estavam só fazendo uma ronda
Ele disse "vi dois homens sairem correndo, pareciam pesos-médios
Pularam dentro de um carro branco com a placa de outro estado"
E a senhorita patty valentine apenas assentiu com a cabeça
Um tira disse: "esperem um minuto, rapazaes, este aqui não está morto"
Então o levaram à enfermaria
E embora esse homem mal pudesse enxergar
Disseram a ele que podia identificar os culpados

As 4 da manhã eles arrastam ruby consigo
O levam para o hospital e o trazem escada cima
O homem ferido olha pra cima através de seu único olho moribundo
Diz, " por que vocês o trouxeram aqui dentro? Não é esse o cara!"
Sim, eis aqui a história do furacão
O homem que as autoridades acabaram culpando
Por algo que ele nunca fez
Colocando numa cela de prisão, mas houve um tempo
Em que podia ter sido o campeão mundial

Quatro meses depois, os guetos estão em chamas,
Rubin está na américa do sul, lutando por seu nome
Enquanto arthur dexter bradley continua no ramo do assalto
E os tiras estão apertando-o, procurando alguém pra culpar.
"Lembra daquele assassinato que aconteceu num bar?"
"Lembra que você disse ter visto o carro fugitivo?"
"Você acha que está a fim de brincar com a lei?"
"Não acha que talvez tenha sido aquele lutador que você viu correndo pela noite?"
"Não se esqueça de que você é branco"

Arthur dexter bradley disse: "não tenho muita certeza."
Os tiras disseram: "um rapaz como você precisa de uma folga da polícia
Te pegamos por aquele serviço no motel e agora estamos conversando com seu amigo bello
Agora,você não querter de voltar pra cadeia, seja um sujeito legal.
Você estará fazendo um favor a sociedade.
Aquele filho-da-puta é valente e está ficando cada vez mais.
Nós queremos botar o rabo dele pra fritar
Queremos pregar esse triplo assassinato nele
O cara não é nenhum cavalheiro"

Rubin podia apenas nocautear um cara com apenas um soco
Mas nunca gostou muito de falar sobre isso
"É meu trabalho", diria, "e eu o faço para ser pago
E quando isso termina, prefiro cair fora o mais rápido possível
Na direção de algum paraíso
Onde riachos de trutas correm e o ar é ótimo
E andar a cavalo ao longo de uma trilha"
Mas aí o levaram para a cadeia
Onde tentaram transformar um homem num rato

Todas as cartas de rubin já estavam marcadas
O julgamento foi um circo de porcos, ele não teve a menor chance
O juiz fez das testemunhas de rubin bêbados das favelas
E para os brancos que assistiam, ele era um vagabundo revolucionário
E para os negros, apenas mais um crioulo maluco
Ninguém duvidava que ele tinha apertado o gatilho
E embora não conseguissem produzir a arma
O promotor público disse que era ele o responsável
E o juri, todos de brancos, concordou

Rubin carter foi falsamente julgado
O crime foi de assassinato "em primeiro grau" adivinha quem testemunhou?
Bello e bradley,e ambos mentiram descaradamente
E os jornais, todos pegaram uma carona nessa onda
Como pode a vida de um homem desses
Ficar na palma da mão de algum tolo?
Vê-lo obviamente condenado numa armação
Não teve outro jeito a não ser me fazer sentir vergonha
De morar numa terra onde a justiça é um jogo

Agora todos os criminosos em seus paletós e gravatas
Estão livres para beber martinis e assitir o sol nascer
Enquanto rubin fica sentado como buda em uma cela de 3 metros
Um inocente num inferno vivo
Essa é a história do furacão
Mas não terá terminado enquanto não limparem seu nome
E devolverem a ele o tempo que serviu
Colocado numa cela de prisão, mas houve um tempo
Em que podia ter sido o campeão mundial


Mr. Tambourine Man

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you.

Though I know that evenin's empire has returned into sand,
Vanished from my hand,
Left me blindly here to stand but still not sleeping.
My weariness amazes me, I'm branded on my feet,
I have no one to meet
And the ancient empty street's too dead for dreaming.

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you.

Take me on a trip upon your magic swirlin' ship,
My senses have been stripped, my hands can't feel to grip,
My toes too numb to step, wait only for my boot heels
To be wanderin'.
I'm ready to go anywhere, I'm ready for to fade
Into my own parade, cast your dancing spell my way,
I promise to go under it.

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you.

Though you might hear laughin', spinnin',
swingin' madly across the sun,
It's not aimed at anyone, it's just escapin' on the run
And but for the sky there are no fences facin'.
And if you hear vague traces of skippin' reels of rhyme
To your tambourine in time, it's just a ragged clown behind,
I wouldn't pay it any mind, it's just a shadow you're
Seein' that he's chasing.

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you.

Then take me disappearin' through the smoke rings of my mind,
Down the foggy ruins of time, far past the frozen leaves,
The haunted, frightened trees, out to the windy beach,
Far from the twisted reach of crazy sorrow.
Yes, to dance beneath the diamond sky
with one hand waving free,
Silhouetted by the sea, circled by the circus sands,
With all memory and fate driven deep beneath the waves,
Let me forget about today until tomorrow.

Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you.




Hei! Senhor Tocador de pandeiro, toque uma canção para
mim,
Não estou dormindo, e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de pandeiro, toque uma canção para
mim,
No treme-treme da manhã eu procurarei você.

Embora eu saiba que todo império retornou ao pó,
Varrido de minha mão,
Deixando-me cegamente aqui parado, mas ainda não
dormindo.
Meu cansaço me espanta, estou plantado por meus pés,
Não tenho quem encontrar,
E a velha rua vazia está muito morta para sonhar.

Hei! Senhor Tocador de Pandeiro, toque uma canção para
mim,
Não estou dormindo, e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Pandeiro, toque uma canção para
mim,
No treme-treme da manhã eu procurarei você.

Leve-me a uma viagem em sua mágica nave ressoante,
Meus sentidos foram arrancados, minhas mãos não podem
segurar,
Meus pés estão muito dormentes para pisar, esperando
apenas minhas botas
Para perambular.
Estou pronto para ir a qualquer lugar, estou pronto
para desaparecer
Em minha própria parada, moldando sua dança a meu
caminho,
Eu prometo segui-la.

Hei! Senhor Tocador de Pandeiro, toque uma canção para
mim,
Não estou dormindo, e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Pandeiro, toque uma canção para
mim,
No treme-treme da manha eu procurarei você.

Embora você possa ouvir-me rindo, girando, dançando
loucamente através do sol.
Não está vendo ninguém, está só fugindo correndo,
Pois no céu não há cercas revestidas.
E se você ouvir traços vagos de rimas enroladas
Para o seu tamborim no momento, é apenas um rude
palhaço atrás,
Eu não lhe pagaria mente alguma, é apenas a sua
sombra,
Visto que está lhe perseguindo.

Hei! Senhor Tocador de pandeiro, toque uma canção para
mim,
Não estou dormindo, e não há lugar onde eu possa ir.

Hei! Senhor Tocador de pandeiro, toque uma canção para
mim,
Na aguda manhã desafinada eu o seguirei.

Então me faça desaparecer através dos anéis de fogo de
minha mente,
Abaixo das ruínas nebulosas do tempo, passando ao
longe das folhas congeladas,
O assombro, árvores assustadoras, para fora da praia
ventosa,
Longe do alcance distorcido da tristeza insana.
Sim, para dançar sob o céu de diamantes com uma mão
acenando livremente,
Em silhueta para o mar, circulado por areias
circulares,
Com toda a memória e destino navegando profundamente
abaixo das ondas,
Deixe-me esquecer do hoje até amanhã.

Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para
mim,
Não estou dormindo, e não há lugar onde eu possa ir.
Hei! Senhor Tocador de Tamborim, toque uma canção para
mim,
No treme-treme da manha eu procurarei você.