segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Uma grande inteligência

Ratos e urubus, larguem nossas fantasias

5 de janeiro de 2015 | 12:08 Autor: Fernando Brito
reveillon
Não há nada mais importante para destruir um povo do que lhe  tirar aquilo que o define: sua identidade , a capacidade de sonhar coletivamente e fazer juntos.
E esta identidade, desde os primórdios da civilização, encontra – próprias ou “importadas e adaptadas” –  as festas como expressão deste sentir coletivo.
Tão intenso que Leonardo Boff, ao defini-las, disse que são “o tempo forte da vida, onde os homens dizem sim a todas as coisas”.
Os mecanismos de dominação, com todo o seu poder, se apropriam das representações simbólicas desta identidade, esvaziam seu significado, empresariam-nas, comercializam-nas e as tentam moldar aquilo que é da própria natureza da dominação: a exploração econômica.
E, no entanto, aquele sentido permanece.
Talvez seja a coisa mais importante a se aprender em política, em economia, na vida.
Que os ratos e urubus, como delirou genialmente o Joãosinho Trinta, querem sempre rasgar as nossas fantasias coletivas.
Os nossos sonhos e desejos.
Vivemos – ou viveram vocês, porque minha vocação de eremita vem de longe – nestes últimos dias, um destes momentos, o Ano Novo.
Aliás, até o “Réveillon” é outra destas magníficas provas de que o povão recebe, digere e sintetiza, porque não é palavra de uso corrente nem no francês, onde designava uma ceia tardia, própria do Natal. No meu tempo de guri, só os metidos a besta usavam a palavra e eu, na tolice própria dos pretensiosos, custei a ver este macunaímico processo de fagia de sentido.
Sobre isso, recebo e partilho duas reflexões.
A de meu velho mestre Nílson Lage e a do meu ex-calouro (que hoje tem mais cabelos brancos e mais talento do que eu) Fernando Mollica, colunista de O Dia.
É minha maneira, furtada, de desejar a todos que possamos, apesar dos que nos acenam com o inferno e a danação do desastre nacional, um feliz 2015.
 Nílson Lage
O importante, no carnaval e no reveillon de Copacabana, é que são invenções e realizações magníficas do nosso povo que, a princípio, tentaram excluir e sabotar e, agora, fingem promover.
Lembro-me bem das medidas “profiláticas” tomadas para impedir que as praias fossem “emporcalhadas” pelos despachos a Iemanjá e os moradores das vizinhanças “perturbados” pela gritaria dos festeiros; das ameaças de repressão policial e das pressões da Arquidiocese sobre a redação do Jornal do Brasil.
Ainda no final da década de 1970, a Rede Globo, empenhada em eliminar da programação resíduos do que os militares consideravam inoportuno ou grotesco, reduziu ao máximo a cobertura dos desfiles de escolas de samba, com o slogan “A programação normal e o melhor do carnaval”.
Foi quando Fernando Pamplona, superintendente da Fundação TV Educativa do Rio de Janeiro, com meu modesto apoio (era gerente de jornalismo), mobilizou os recursos modestíssimos da emissora e pôs no ar a transmissão completa dos desfiles.
Eu estava no controle mestre e recebia, sem parar, telefonemas de todos os estados e do exterior pedindo que abrisse o sinal para inclusão na rede.
Foi aí que a Globo decidiu negociar com os bicheiros das escolas de samba, pagou uma nota, segurou a exclusividade e até hoje reduz a cobertura o quanto pode, com chamadinhas ridículas das músicas, a indefectível novela cobrindo o início do desfile, a narração desinformada e palpiteira, tudo enfeitado com as curvas da Globeleza, invenção romântica do Hans Donner.
Mas a festa resiste. Aos palanques, aos bicheiros, aos carolas, aos Marinho, às vedetes. Foi nela que primeiro se ouviu falar de Chica da Silva, que Delmiro Gouveia foi, enfim, lembrado, que o Cristo Trabalhador coberto em um manto negro mostrou que a fé do povo vai muito além dos ditames seculares da hierarquia da Igreja.
É o DNA, a origem, o que diferencia o carnaval e o reveillon do Rio de quantos o copiaram.
A nossa bela insanidade
Fernando Mollica
O Réveillon de Copacabana é, de longe, campeão em matéria de insanidade carioca que dá certo. A festa tinha tudo para dar errado numa cidade imensa, marcada pela beleza mas também pela violência e exclusão. É inacreditável que o evento se repita há décadas sem que jamais tenha sido registrado um tumulto de grandes proporções — até os de pequena monta são raros. Nem na época em que o Rio era associado a frequentes tiroteios, a passagem de ano na Avenida Atlântica deixou de ser pacífica.
E olha que somos bons em desafiar a lógica. A apresentação das escolas de samba é outro exemplo da nossa capacidade de driblar o impossível. Comecei a frequentar a Sapucaí dois anos antes da construção do Sambódromo, e até hoje não entendo como pode funcionar um espetáculo com 50 mil artistas, quase todos amadores e que se apresentam sem ter participado de um ensaio geral digno desse nome. Conduzir os imensos carros alegóricos pelas ruas e obrigá-los a fazer uma curva de noventa graus para entrar na pista de desfile são atividades que desafiam as leis da física.
Mas nada se compara ao nosso Réveillon, festa que acabou copiada por muitas cidades brasileiras. Aposto que nem no pra lá de organizado e seguro Japão as autoridades teriam coragem de estimular uma confraternização que reunisse tanta gente, a maioria com elevadas doses de álcool no organismo. Estima-se em dois milhões o número de pessoas presentes na praia — um terço da população carioca. A maior parte do público mora longe de Copacabana, passa sufoco para entrar e, principalmente, sair do bairro, enfrenta filas para ir ao banheiro, gasta uma grana para comer e beber por lá. Tudo isso para acompanhar um espetáculo que dura 16 minutos — as atrações musicais são apenas coadjuvantes e não justificariam o deslocamento de tanta gente.
Nem mesmo a beleza dos fogos explica tamanho sucesso de público, o mesmo espetáculo seria incapaz de reunir tantas pessoas se realizado em outra época do ano. A esperança é que justifica a aglomeração e seu caráter pacífico, ninguém ali parece preocupado em atrapalhar os sonhos e os desejos dos outros. Na passagem do dia 31 para o dia 1º saudamos a vida, comemoramos tudo que correu bem e nos damos outra chance de resolver o que ainda está complicado. Tudo isso merece os fogos e a barulheira. O Réveillon de Copa e o desfile das escolas renovam também a nossa fé no país. Não pode dar errado uma sociedade que reúne pessoas capazes de promover as melhores e loucas festas do mundo.

Fonte: TIJOLAÇO
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Existem pessoas com quem por vezes cruzamos caminhos que podem causar alguma estranheza para nós.

Conheci uma assim, que de imediato pensei que fosse de uma burrice sem par, no entanto, com o passar dos dias de convívio , fui percebendo que não  era bem assim.


Aliás, era o oposto.


Sua inteligência era brilhante, porém sua lógica era única, desafiava todos os conceitos sobre o tema.


Certa ocasião,  enquanto comprava pães na padaria de um supermercado, o atendente, um senhor de idade já avançada, depois de lhe entregar o pedido, perguntou-lhe o que mais a moça  iria levar.


Ela, rapidamente, olhou para seu carro de compras e começou a falar sobre todos os produtos que já tinha colocado no carrinho.


O atendente, um tanto surpreso, interrompeu  a moça e disse que se referia sobre a padaria.


É uma questão de lógica.


Assim somos nós, cariocas, brasileiros em geral, em relação a nossa capacidade de organização de grandes eventos.


Nossa lógica é única.


Nos dias que antecederam a copa do mundo, o que mais se ouvia na velha mídia era que passaríamos o maior vexame por conta da bagunça que  era nossa organização para o evento.


Não faltaram famosos que disseram que sairiam do Brasil durante a copa para não ver o vexame da organização.


Os analistas da velha mídia, sempre falantes e cheios de certezas absolutas, afirmavam diariamente que seria um fracasso e que a repercussão iria inviabilizar a realização das olimpíadas em 2016.


Nunca se falou tanta besteira por tanto tempo sobre um determinado assunto.


A copa, como todos sabem foi um sucesso.


A FIFA deu nota 9,25 para a organização do evento, a maior nota  em toda a história das copas.


Na velha mídia, a reação foi de espanto, como sempre, já que esse setor sempre se surpreende com os fatos e acontecimentos, o que revela uma certa falta de compreensão com a  realidade.


Os analistas brasileiros atribuíam o suposto fracasso na organização da copa porque usavam como referência a lógica organizacional dominante na maioria dos países que já tinham organizado eventos similares.


O fato de usar uma referência não tem nada de errado, o errado é não saber usar as referências apropriadas, e mais, desconhecer as especificidades culturais do país, ou , como afirmou Brito no seu artigo acima, negar a nossa  cultura em uma tentativa de diminuí-la, esvaziá-la e submetê-la a outras formas culturais.


A festa de passagem do ano, o desfile das escolas de samba, dois mega eventos que acontecem todos os anos no Rio de Janeiro e sempre com sucesso de público e organização, deveriam servir de subsídios para não se duvidar da nossa capacidade de organização e de participação de grandes eventos.


Mesmo assim , os falantes e cheios de certeza analistas da grande mídia insistiam no fracasso, afinal, em Londres, quando das olimpíadas de 2012, a organização foi impecável e seguiu um rígido cronograma.


Acontece que aqui não é a terra da rainha.


Por aqui, durante os dias de carnaval muitos sonham em ser reis, rainhas , príncipes e princesas , mas tudo acaba na quarta-feira, como diz a letra do antológico samba de Martinho da Vila.


Nossa realeza se manifesta na nossa capacidade, na nossa cultura, na nossa lógica única.


A nossa capacidade  de organização e realização de grandes eventos, desafia os conceitos de administração e de engenharia de produção, deixando boquiabertos engenheiros de produção e os seguidores de Frederick Taylor.


O desfile das escolas de samba, demonstra uma organização em que conceitos de tempos e métodos, atribuições de responsabilidades e logística, apenas para citar alguns,  são aplicados com uma eficácia espantosa, e isso por pessoas que adquiriram intuitivamente tais conceitos e práticas.


De outra forma os cronogramas para realização de grandes eventos, recebem uma flexibilização quanto aos rigores dos conceitos  que normalmente são aplicados, sem que isso prejudique o prazo final.


Tudo isso revela uma compreensão única e própria sobre a maneira de conduzir tais processos, o que revela uma grande inteligência, já que os resultados finais sempre são satisfatórios.


Procurar entender essa inteligência tem sido um desafio para mim.


Minha tese é que o brasileiro, no tocante aos aspectos mencionados, tem uma compreensão global, total, do empreendimento, fazendo com que a distribuição dos prazos e tempos não siga um linearidade e os rigores do conhecimento tradicional.


Nada disso, no entanto, é considerado pelos falantes analistas da velha mídia, que sempre procuram diminuir essa capacidade , essa grande inteligência.


Infelizmente, o desfile das escolas de samba foi sequestrado pelo grupo globo, o que empobrece a transmissão desse grandioso espetáculo.


Por ser uma expressão de nossa cultura, única, a linguagem de câmeras e de transmissão do desfile teve que ser desenvolvida por aqui.


Diferentemente de uma transmissão de uma partida de futebol, onde a linguagem das câmeras é basicamente a mesma em qualquer lugar do mundo.


E ai que questiono se a transmissão de globo é a mais adequada para retratar as especificidades do desfile, sem se perder em detalhes inúteis e ao mesmo tempo sem abandonar a visão do todo.


Outras tentativas deveriam existir e , para isso, a transmissão dos desfiles deveria ser democratizada, acabando com a exclusividade.


Outro aspecto, é que todos sabem que globo detesta a cultura nacional e sempre tenta diminuir ou esvaziar nossas manifestações culturais.


Acrescente a tudo isso, as sofríveis intervenções dos repórteres da emissora durante os desfiles, com perguntas idiotas e por vezes debochando de sambistas.


Já se tornou insuportável ver repórteres de globo entrevistando sambistas na passarela, na entrada da escola, pedindo para que os sambistas demonstrem se sabem mesmo sambar.


Ora, o samba está no DNA do sambista, e a pergunta é de uma arrogância sem par.


Torço pelo dia em que um sambista lhes diga isso, e pergunte se o repórter tem conhecimento da profundidade cultural daquilo que ele - repórter - está cobrindo.


Outra violência é a invasão de cinegrafistas da emissora em meio aos componentes  da escola durante o desfile.


Imagine invadir um campo de futebol  com uma câmera durante uma partida para achar o melhor ângulo.


E ainda, os comentários dos especialistas sobre o desfile tem por objetivo ancorar os telespectadores com a presença de "comentaristas" famosos - atores de novela, cantores etc.- , do que propriamente prover um conteúdo  significativo sobre o desfile.


Diante da realidade, realidade que sempre surpreende a velha mídia, o que não dá certo no Brasil , o que está pelas  tabelas, o que é um fracasso, o que demonstra uma inteligência lmitada,  é o estágio atual da velha mídia.

A cagada do dia

Ônibus movido a fezes e esgoto é atração no Reino Unido

Apelidado de "número dois", veículo com gás biometano emite 30% menos dióxido de carbono do que o modelo tradicional

O DIA
Rio - Combustível de novos ônibus sustentáveis, o gás biometano pode ter origem curiosa. No Reino Unido, por exemplo, o coletivo ganhou apelido de "número 2" por rodar com a substância, que é obtida de restos de comida, tratamento de esgoto e até fezes. É o chamado Bio Bus, que possui 40 lugares e pode percorrer até 300 quilômetros com um tanque cheio. Embora tenha fonte de energia "exótica", o fabricante garante ausência de mau cheiro.


Bio Bus estreia no Reino Unido com apelido inusitado por causa do biometano, produzido a partir de fezes
Foto:  Divulgação

Dados da empresa indicam que o Bio Bus emite 30% menos dióxido de carbono do que um veículo movido a gasóleo. O ônibus, que circula desde o início de dezembro, vai operar entre o aeoroporto de Bristol e cidade de Barth, com distância de 30 quilômetros.

Fonte: O DIA
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Não há nada de inusitado, anormal ou exótico  no combustível que move o ônibus inglês.

O veículo não é movido a fezes, esgoto ou restos de comidas, e sim pelo gás metano que é obtido pelo processo com bio digestores, equipamento para onde vão os resíduos orgâncios e se produz o gás.
Daí o nome biogás.

Esse processo também não é novidade.

Em muitas fazendas no Brasil, desde tempos imemoriais e até hoje, é comum a produção de gás metano através de fezes , esterco e  restos de comidas.

Popularmente o equipamento é conhecido no meio rural como bostódromo.

Quanto ao cheiro, o gás metano é gás metano , independente se a origem é natural, ou por processos com bio digestores.

As propriedades organolépticas do gás não se alteram devido a fonte e forma como é obtido, assim como o ácido ascórbico - vitamina C - é sempre ácido ascórbico, independente se é ingerido através de uma fruta rica na substância ou se através de pastilhas em forma de suplemento vitamínico.

A velha mídia tem enorme dificuldade em abordar temas científicos.

Lembro que certa vez, logo depois da primeira crise do petróleo na década de 1970 onde a busca por combustíveis alternativos virou prioridade, um jornal do Rio de Janeiro  estampou uma manchete sobre um fusca que conseguia andar movido apenas a água.

O jornal deitou falação, e que falação, sobre o "fenômeno" que poderia salvar o país da crise do petróleo.

O propietário do fusca teve direito a entrevistas ,apareceu na mídia, e a água seria o combustível inovador e fantástico.

O blá ,blá,blá  teve fim, quando um engenheiro , talvez já incomodado com o monte de bobagens sobre a água, foi a publico e esclareceu que o fusca rodava  porque a água quando pressionada no motor do carro produzia o gás hidrogênio, esse sim um combustível para o motor.

Também advertiu para que a população que já iniciava a usar água nos tanques de combustíveis dos valentes fuscas, não o fizessem pois poderia  acarretar uma série de problemas para os componentes do motor.

É interessante lembrar desse caso, pois com a notícia acima do jornal  carioca O DIA, algumas pessoas podem querer colocar  as próprias fezes, ou mesmo de parentes próximos  ou quem sabe de todos os moradores  do condomínio, nos tanques de combustíveis dos  seus automóveis.

Também é interessante olhar para a própria realidade cultural do país antes de apresentar algo como inovação apenas pelo fato de ter origem em países do primeiro mundo.

A produção de biogás no Brasil existe há mais de séculos no meio rural, assim como os jangadeiros  do nordeste  brasileiro já praticavam  o "fenômeno"" esportivo do stand up paddle, trazido  para o Brasil pelo fenômeno do Ronaldo com o apoio de outro "fenômeno" da mídia, o patético Luciano Huck.

O biogás pode e deve ser produzido através do lixo e de resíduos orgânicos, entrando na cadeia produtiva de coleta, seleção, processamento e aproveitamento do lixo gerado nas cidades.

Como gás , pode ser utilizado como combustível de automóveis, em aquecedores domésticos, fogões , iluminação, sistema de aquecimento de residências e outros.

Questiona-se o seu uso em fogões devido ao seu baixo poder calorífico, no entanto adaptações dos equipamentos comprovam que o biogás pode ser útil para as aplicações citadas, contribuindo para uma melhor coleta e aproveitamento do lixo.

Uma boa cagada à todos.

Usina de Mentiras

Para que esclarecer?

Por Luciano Martins Costa em 05/01/2015 na edição 831
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 5/1/2015
A imprensa ainda explora o desencontro entre o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e a presidente da República, ocorrido no sábado (3/1), quando o ministro foi obrigado a desmentir declaração que havia feito na véspera sobre possíveis mudanças nas regras de reajuste do salário mínimo. A sequência do noticiário, na segunda-feira (5), coloca em contexto mais claro o suposto desentendimento, mas alguns colunistas aproveitam para levantar dúvidas sobre a autonomia dos ministros da área econômica.
Notas e frases esparsas garimpadas nos principais jornais de circulação nacional ajudam a esclarecer o episódio, que é interpretado por analistas como uma demonstração de autoritarismo da presidente e um teste para a autoridade dos novos ministros. Passado o fim de semana, o leitor que acompanhou o assunto ficou sabendo que o ministro Barbosa, assediado por jornalistas ávidos por notícias no deserto em que se transforma Brasília nos feriados, comentou na sexta-feira (2/1) que seria preciso uma nova fórmula para o reajuste do salário mínimo.
A declaração, reproduzida em meio a interpretações variadas da imprensa, tinha potencial para gerar uma crise com dirigentes sindicais, e a presidente recomendou ao ministro que esclarecesse a questão. Barbosa, então, se viu obrigado a declarar formalmente que os reajustes do salário mínimo continuarão sendo baseados na correção pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior e o crescimento do Produto Interno Bruto nos dois anos anteriores.
Esclarecimentos adicionais colhidos em outras notícias sobre a situação do país permitem observar que a preocupação manifestada pelo ministro do Planejamento tem origem em um aspecto específico da economia nacional: há uma necessidade crescente de seguir reforçando o poder de compra do salário e ao mesmo tempo melhorar as condições operacionais das pequenas empresas, responsáveis pela expansão da oferta de empregos.
Assim, pode-se depreender que a resposta apressada do ministro do Planejamento a uma pergunta afoita dos repórteres foi retirada do contexto e amplificada pelos jornais, como uma declaração fora de sintonia. E a necessidade de esclarecer a questão é interpretada como uma ação autoritária da presidente, seguida de uma atitude submissa do ministro.
Entrevistas apressadas
Para o governo, a lição a ser tirada do episódio é que ministro nenhum deve dar entrevistas de improviso, apenas para atender a carência de pautas da imprensa. Para que a relação entre autoridades e jornalistas seja preservada naquilo que interessa à sociedade, questões com potencial para gerar ambiguidade devem ser tratadas formalmente, em encontros organizados nas condições adequadas, para que sejam reduzidos os potenciais de mal-entendidos.
Embora estes dias de festas tenham amenizado as relações entre a mídia tradicional e o governo federal, não se pode ignorar o fato de que há um permanente clima de mal-estar entre a imprensa e o grupo político que foi reconduzido ao poder central. Portanto, tudo que qualquer representante do governo disser, com potencial para produzir comentários negativos, será explorado negativamente.
Além disso, a imagem pública da presidente da República, em seu primeiro mandato, ficou marcada pela pecha de autoritarismo, o que determina como centro dos debates o grau de autonomia que ela estará disposta a conceder ao triunvirato que irá conduzir a política econômica. O ponto crucial dessa questão é a margem de operações dos ministros em um cenário no qual o poder de compra dos salários precisa ser preservado, como um dos principais recursos para o propósito de reduzir desigualdades e manter a economia aquecida.
O noticiário especializado não costuma explicar como convivem nas mesmas tabelas os gráficos que mostram a deterioração das condições macroeconômicas e, ao mesmo tempo, a elevada oferta de empregos e a valorização crescente da renda do trabalho.
Uma reportagem da Folha de S. Paulo (ver aqui), publicada na edição de segunda-feira (5), ajuda a entender a economia subterrânea das pequenas empresas e seu alto crescimento. Entre essa reportagem isolada e as manchetes de todos os dias forma-se a zona cinzenta que é explorada diariamente pelos jornais, sempre em detrimento dos interesses do trabalho, em oposição aos interesses do capital.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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O ano novo promete.

A velha mídia demonstra, claramente, que mente constantemente.

Não há mais aquela dissimulação que escondia a enganação diária nos meios de comunicação.

A mentira é direta, o confronto com o governo é direto.

Para a velha mídia a autoridade de um presidente da república em um regime presidencialista é sinônimo de autoritarismo.

Para a turma de globo, que vem saindo do surto pós eleição, o trio de ministros que conduz a economia deve ter um status de primeiro ministro, sem qualquer interferência da presidenta.

O confronto aberto, como o que se consolida, terá , obviamente, outros desdobramentos com uma participação expressiva dos movimentos sociais, que certamente sairão às ruas em defesa da democracia , da governabilidade  e do cumprimento da agenda vitoriosa nas urnas.

De início, neste início de ano, deve-se retomar a campanha para cassação do deputado Jair Bolsonaro.

Em conjunto, uma forte campanha para impedir a eleição do deputado Eduardo Cunha na presidência da Câmara dos deputados.

Apoiar todas as iniciativas do Ministro Ricardo Berzoini para implementar o processo que levará a regulação dos meios de comunicação.

Fazer sangrar diariamente, e com mais intensidade, os meios  de comunicação.
Expondo as estratégias, táticas e mentiras utilizadas por jornais, revistas, emissoras de rádio e de TV que tenham o intuito de tumultuar e de desestabilizar as ações do governo federal, ou mesmo em relação a outros temas de interesse da sociedade.

A título de exemplo, a revista veja desta semana classificou a Matemática como algo perigoso , em uma referência a novas teorias no campo da ciência.

Qualquer semelhança com o Santo Ofício de Roma na idade média é mera coincidência.

Na rádio Manchete FM, do Rio de Janeiro, um programa com o nome de Sucesso, que caminha pelas trilhas oportunistas do movimento New Age, constantemente apresenta entrevistas  com "especialistas de orelhas de livros"  que asseguram que as alterações climáticas e o aquecimento global não existem. 
Tudo isso abertamente , negando o conhecimento científico.

Além disso existem os delírios  diários de Merval , Leitão e outras figuras da fauna midiática, que omitem informações relevantes à população e atacam de forma mentirosa o governo federal.

A mentira e a manipulação reinam abertamente na velha mídia, e com propósitos bem definidos.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Um aloprado retrógrado presidindo a Câmara dos Deputados

Cunha tenta blindar mídia, mas apenas revela insegurança e desespero

3 de janeiro de 2015 | 12:53 Autor: Miguel do Rosário
cunha_capa
Obrigado, excelentíssimo deputado federal Eduardo Cunha.
Vossa excelência prestou uma grande contribuição à causa da liberdade democrática.
Só que às avessas.
A causa da liberdade democrática caminha junto com o debate sobre a regulação democrática da mídia.
A sua manifestação hoje no Twitter, que já está sendo recebida com fogos de artifício pela mídia corporativa, foi um tiro no pé.
No seu pé e no pé da mídia.
No mesmo dia em que o novo ministro da Comunicação, Ricardo Berzoini, diz que o governo irá promover o debate sobre a regulação da mídia, uma promessa de campanha da então candidata e da agora novamente empossada presidente Dilma Rousseff, o deputado Cunha se posiciona duramente contra.
Até aí tudo bem. Se vimos até gente pedindo intervenção militar, não nos espantamos que haja quem seja contra que o Brasil possua um sistema de informação mais democrático e mais plural.
Só que Cunha foi mais longe. Ele disse que eles, do PMDB, não aceitam “nem discutir o assunto”.
A reação de Cunha, e da mídia, é de insegurança.
A insegurança dos autoritários.
A essência da democracia, e em especial do parlamento, é a liberdade para discutir qualquer assunto.
O Partido dos Trabalhadores é a legenda com o maior número de representantes na Câmara. E a democratização da mídia hoje faz parte de suas diretrizes políticas mais importantes.
O próprio PMDB tem vários parlamentares favoráveis ao debate sobre a democratização da mídia. A começar pelo senador Roberto Requião, candidato do PMDB ao governo do Paraná. Ainda no PMDB, temos o deputado federal Jorão Arruda, também do Paraná.
Diversos outros partidos tem quadros comprometidos com a causa da regulação democrática da mídia, como o PSB, que conta com Luiza Erundina.
Como assim alguém que pretende ser presidente da Câmara não aceita sequer discutir o assunto?
Cunha vai impor censura? Ele pensa que é candidato a ditador do Brasil?
Ao agir assim, Cunha fez o contrário do que pretendia.
Ele iniciou o debate em alto estilo, por isso o agradecimento a sua pessoa no início do post.
Cunha é contra qualquer tipo de pauta progressista.
Sua última campanha no Rio de Janeiro foi feita com espaços publicitários nas páginas mais importantes do Jornal O Globo.
Por isso mesmo, para a mídia, é um tiro no pé ter um lobista da qualidade ética e com o perfil político de Cunha tentando censurar e bloquear o mero debate sobre uma regulação necessária e democrática da mídia brasileira.
Tentar impedir o mero debate é uma medida extrema, truculenta, medrosa, desesperada.
Com apoio de seus lacaios, a mídia tenta pintar o debate sobre regulação econômica da mídia como tentativa do governo de “censurar” a imprensa.
Pintar um “debate” como tentativa de censura é um contrassenso ridículo.
Uma mentira que apenas reforça a necessidade de regular democraticamente a instância mais importante na formação da consciência política de um país.
Ninguém quer censurar nada!
Quem sempre foi a favor da censura são os barões da mídia, que formam um cartel ideológico formado e consolidado na ditadura militar, e que até hoje tentam impor uma agenda política ao país.
Os bilhões nas contas bancárias dos barões da mídia é que foram constituídos com censura.
Até hoje censuram!
Vide o caso da sonegação da Globo, sinistramente censurado em todos os meios de comunicação. Autocensurado. E agora tentam repetir a fórmula com o debate sobre a regulação econômica da mídia.
A mídia herdou o que havia pior na ditadura: censura, truculência e autoritarismo.
As armas desses senhores feudais da mídia perderam poder de fogo, mas ainda possuem poder excessivo, sobre o debate político, econômico e cultural, sobretudo quando olhamos para as concessões públicas na TV aberta.
Suas campanhas de mentiras e agora a contratação de um lobista da qualidade de Eduardo Cunha, apenas ilustram a decadência moral e política de uma imprensa profundamente anti-democrática.
Fonte: TIJOLAÇO
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Eduardo Cunha é proprietário de uma emissora de rádio FM aqui no Rio de Janeiro.

Sua ideologia é a da vantagem pessoal máxima, logo prefere continuar explorando uma concessão pública para obter vantagens pessoais.

Em um novo marco para as comunicações no Brasil, é sabido que a sociedade não tolerará que políticos sejam proprietários de veículos de mídia, como emissoras de rádio, TV, jornais e outros.

A regulação dos meios de comunicação não é uma pauta do PT, e sim da sociedade brasileira que deve seguir o chamado do governo federal e produzir um debate nacional sobre uma regulação.

Por outro lado, tal debate deve passar pelas mídias atuais, o que certamente terá contaminações, desvios e manipulações, como já vem ocorrendo.

Ontem na rádio CBN, aqui do Rio de Janeiro, a âncora disse que o "polêmico" projeto de regulação da mídia pode levar a censura a imprensa.

Um absurdo que os veículos de mídia adoram repetir , justamente para confundir a opinião pública.

Sugiro que o ministro das comunicações crie mecanismos para envolver a sociedade brasileira no debate de maneira que, caso seja necessário, o povo pressione o congresso. 

A pauta congressual da governabilidade , citada por Cunha, deve ser a mesma pauta consensual dos partidos que compõem  a base aliada para governabilidade, e sendo assim, a regulação dos meios de comunicação é um dos projetos da base aliada , citado por diversas vezes durante a campanha eleitoral pela então, à época, candidata Dilma.

Cunha não é a pauta consensual da base aliada, e sua ideologia retrógrada e seus interesses pessoais não podem prevalecer sobre a agenda vitoriosa nas urnas.

O assunto será amplamente discutido , na sociedade e no congresso,  mesmo que  para isso o povo troque o presidente da Câmara dos Deputados, se assim se fizer necessário.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Favelas

 Resultado de imagem para fotos do morro dois irmãos tirada do arpoador

A foto acima é da cidade do Rio de Janeiro.
 

Deve ter sido tirada da Ponta do Arpoador, revelando as praias de Ipanema e do Leblon.
 

O metro quadrado mais caro da cidade, principalmente para as residências na orla, com vista para o mar.
 

Ao fundo, e bem no centro da foto, o Morro Dois Irmãos, que já foi cantado em canção por Chico Buarque.
 

Dois irmãos, pois são duas montanhas próximas e parecidas.
 

Ao lado esquerdo do Dois Irmãos, um conglomerado de casas, subindo pelo morro, comendo a vegetação.
 

É a favela do Vidigal, considerada uma favela rica.
 

Ao lado direito do Dois Irmãos, a vegetação resiste.
 

Bem mais ao fundo na foto, a esquerda, a Pedra da Gávea, local onde dizem existir inscrições supostamente feitas pelos fenícios, em tempos distantes.
 

A direita, ao lado da vegetação do Dois Irmãos que resiste, uma grande concentração de edifícios, a maioria na orla da praia, onde vivem os mais ricos.
 

Milionários e favelados, vivendo próximos uns dos outros, ambos com uma bela vista para o mar.
 

Privilégio para poucos.
 

Favelados, em sua maioria, que trabalham como prestadores de serviços para os ricos ao lado.
 

Marceneiros, funileiros, instaladores hidráulicos, gasistas, pintores, empregados domésticos, mecânicos de automóveis, pedreiros e ,vez por outra algum entregador de drogas.
 

Os ricos gostam dessas facilidades, mas não gostam dos pobres , pretos e favelados.
 

Os pobres da favela do Vidigal, vivem amontoados, em vielas.
 

Os ricos da orla, também vivem amontoados, em prédios de luxo.
 

Na favela, vez por outra, alguém vai preso por cometer um crime, quase sempre um assassinato.
 

Na orla luxuosa, comentem-se muitos crimes, lavagem de dinheiro,  sonegação de impostos ,por exemplo, mas ninguém vai preso.
 

Na favela vez por outra acontecem brigas que vão as vias de fato, com muitos socos e pontapés.
 

Nos condomínios de luxo também, vez por outra os ricos saem no tapa.
 

Os amontoados da favela, somente recentemente viram chegar os serviços do estado, como coleta de lixo,água e policiamento.
 

Os amontoados de luxo já recebem esses serviços por muitos anos.
 

Em toda orla Ipanema - Leblon, existe uma pequena parte para que os amontados pobres possam frequentar , o restante da praia é frequentada pelos amontoados de luxo.
 

Interessante, que ao fundo o morro Dois Irmãos.
 

Na favela os moradores tem eletrodomésticos e computadores e mesmo carros, usados, claro.
 

Os amontoados de luxo tem todos os eletrodomésticos, carros do ano, computadores e todo tipo  de tecnologia moderna.
 

De uma maneira geral, amontoados de luxo ou favelados, desfrutam da tecnologia.
 

No entanto, quando se cruzam pelas ruas, os ricos não gostam de olhar para os pobres.
 

De longe, pelo registro de uma máquina fotográfica, ou um olhar aéreo de uma aeronave,  pode-se afirmar que tudo é favela, todos vivem amontoados, de uma forma ou de outra  vivenciam as mesmas situações, de formas discretas - os ricos - ou escancaradas - os pobres.
 

Interessante que ao fundo o morro Dois Irmãos.
 

Favela High tech é um excelente livro, creio de um urbanista brasileiro, que assim define  a cidade de Tóquio, capital do Japão. 

Amontoados, ricos ou pobres.

Interessante que ao fundo o Morro Dois Irmãos.

Globo e os universos paralelos

Paulo Nogueira: A posse segundo Míriam Leitão, Cora Ronay, Fernando Rodrigues, Josias de Souza e Cristiana Lobo

publicado em 2 de janeiro de 2015 às 11:16
Dilma e Lula po
Dilma e Lula - pose abraço
A posse segundo Míriam Leitão, Cora Ronay, Fernando Rodrigues, Josias de Souza e Cristiana Lobo
por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo, sugerido Júlio César Macedo Amorim

O médium Merval Pereira intuiu, há poucos dias, que Dilma chorou. Freud baixou em Merval e comunicou que se tratava de depressão.
Dilma, de fato, tinha todos os motivos para chorar. O maior deles é que ela acabou de se reeleger presidente da República, com 54 milhões de votos.
À depressão de Dilma opõe-se o entusiasmo frenético que tomou conta de Aécio Neves depois de perder o Brasil e Minas.
Não bastassem tais derrotas, a alegria de Aécio ganhou um novo patamar depois que a revista Veja o sagrou o pior senador da República, com nota zero. “Você só não pode mascarar, Aécio”, aconselhou-o o tutor FHC.
Nosso médium MP haverá de trazer novidades sobre as lágrimas de Dilma depois que duas consagradas estilistas internacionais, Míriam Leitão e Cora Ronay, criticaram a roupa e o andar de Dilma [estão ao final deste artigo].
Uma palavra de Míriam ou de Cora, como sabe o universo da moda, eleva ou arrasa qualquer mulher.
E ambas reprovaram a elegância, ou falta de elegância, de Dilma.
Correm rumores de que Dilma soube da reprovação em plena cerimônia de posse. Fontes próximas do DCM afirmam que no abraço que Dilma deu em Lula ela chegou a pedir que ele a substituísse até 2018.
Era o tempo, ponderou ela, mínimo para ela se recuperar mentalmente dos comentários das grandes damas da moda.
Lula, segundo essa mesma fonte, pediu alguns dias para refletir. Quer antes ouvir a opinião jurídica do mestre Gilmar Mendes.
Foi nesse quadro de tensão extrema que a especialista em fitness da Globonews, Cristiana Lobo, detectou um claro cansaço em Dilma, mesmo depois de férias dignas de Aécio numa praia baiana.
Não surpreende, diante de tal quadro, que dois críticos de cinema do UOL, Fernando Rodrigues e Josias de Souza, tenham achado “sem graça” o espetáculo da posse.
Caso fosse trocado o ator principal, como eles bem notaram, o filme seria outro e bem melhor. Aécio, como protagonista, salvaria o filme, a pátria, a Folha, o UOL – e o emprego de ambos.
É sabido o rigor dos dois críticos. Eles simplesmente destruíram, no passado, a peça Rancor, de Otávio Frias II, imperador da Barão de Limeira.
Fontes íntimas do Planalto dizem que a amargura de Dilma com as observações das deusas da moda se multiplicou quando ela soube que ambas louvaram o ar hipster de Aécio 2015, agora com barba por fazer.
A nação entre no Ano Novo incerta sobre quem a presidirá, uma vez que Lula pediu dias para refletir sobre o pedido de substituição feito por Dilma, mas com a certeza do imenso privilégio que é ter árbitros de moda como Míriam Leitão e Cora Ronay, para não falar em críticos de arte como Fernando Rodrigues e Josias de Souza, sem esquecer a especialista em fitness Cristiana Lobo e nem, claro, o médium Merval Pereira.

Fonte: VIOMUNDO
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E ainda tem a capa de o globo de hoje, sexta-feira.

Em primeira página , Dilma aparece próximo do Planalto e a multidão que acompanhou a posse ao fundo.
 
O globo, na legenda da foto, cita a existência de uma bandeira azul do PT, bem ao fundo, sem boa definição na foto.

E aí eu me pergunto da importância da citação, já que inúmeros outros aspectos de relevância poderiam ser colhidos e citados.

É do conhecimento de todos que no Rio Grande do Sul, principalmente na capital, os torcedores do Grêmio que são eleitores do PT usam a bandeira do PT na cor azul, pois para os gremistas portar uma bandeira vermelho é algo impensável.

O globo ignorou a realidade, as disputas regionais e levantou uma dúvida que não existe, talvez incomodado com o vermelho predominante na população, com a festa do povo e principalmente com o discurso de Dilma.

Aliás , quanto ao discurso, no mesmo globo de hoje, o médium Merval e a dragão  estilista Leitão dizem que Dilma produziu fantasias e que parecia estar em campanha.

A dor de cotovelo falou mais alto e , talvez, não esperassem um discurso contundente em muitos aspectos.

Começa o ano e a realidade  que aparece na velha mídia deve ser relativa a algum outro universo

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A Década das Radicalidades

2014, O ANO DAS RADICALIDADES

Sobre retrospectivas e sutilezas

Por Luciano Martins Costa em 29/12/2014 na edição 830
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 29/12/14

 A retrospectiva publicada pela Folha de S. Paulo na edição de segunda-feira (29/12) apresenta 2014 como “o ano bipolar”. Trata-se de uma definição interessante, mas é também uma simplificação para o recente período de turbulências na agenda pública, em grande parte provocadas ou turbinadas pela própria imprensa.
Como se sabe, há uma divisão concreta entre a realidade e a versão que a mídia nos apresenta, mas a magia da vida contemporânea está exatamente na mistura que se faz entre os fatos e seus signos, entre o acontecimento e a notícia.
Assim, na visão da Folha, o brasileiro foi da negação ao entusiasmo com a Copa do Mundo, e as manifestações de pessoas nas grandes cidades, que se haviam organizado em torno de protestos generalizados, transformaram-se em celebrações pelos bons resultados iniciais da seleção brasileira nas novas arenas do futebol. A humilhante e inesperada derrota para a Alemanha, por 7 a 1, interrompeu a festa, mas não levou os brasileiros de volta ao clima de depressão: foi um banho de realismo e uma lição de humildade.
O balanço do jornal paulista segue nessa mesma batida ao analisar os fatos da política e da economia, as relações internacionais, a cultura e o mundo do entretenimento.
A oscilação da geopolítica entre a crise na Ucrânia, que ameaça requentar a Guerra Fria, e a surpreendente abertura de relações entre Estados Unidos e Cuba, é apresentada como outro aspecto desse contexto de radicalidades em que o mundo midiatizado parece estar navegando. No entanto, é preciso cautela ao analisar as tentativas da imprensa de fazer resumos e simplificações sobre determinados períodos da vida comum.
A ascensão da mídia sobre a vida social, ao mesmo tempo em que limita um campo específico para a representação da realidade, precisa mostrar essa realidade como algo interessante, denso e instigante – e isso se faz pela manipulação dos signos. Como a expressão da realidade se produz com o propósito de torná-la mais espantosa, para efeito de consumo, deve-se desconfiar de que nem tudo é o que parece.
A realidade é sutil
Assim, toda retrospectiva de notícias é apenas uma tentativa de reafirmar o que foi dito no dia a dia da mídia ao longo do ano, e serve principalmente para consolidar o sentido que a imprensa tentou dar aos acontecimentos.
Assim, não estamos lendo um relatório preciso, mas uma peça de ficção. Por isso, não poderia soar mais honesto o sumário do processo econômico apresentado pela Folha em estilo novelesco (ver aqui) em seu balanço de 2014. O texto, pobre como os diálogos de uma novela da televisão, resume melhor o jornalismo econômico do que a realidade econômica.
Sabe-se que interpretar os fatos da economia é tarefa complicada, porque o tema envolve a precisão dos números e a dinâmica das análises de comportamento, uma vez que indicadores produzem emoções e emoções afetam indicadores.
Assim, ao optar por uma fabulação novelesca para compor a página dedicada a uma súmula do que teria sido a economia brasileira no ano que se encerra, o jornal paulista assume que tudo é relativo: a crise de hoje pode estar construindo as bases de uma força econômica mais adiante.
Com o texto sobre o escândalo da Petrobras, que tenta resumir a escalada de uma investigação inicialmente limitada, e da análise sobre o cenário internacional, duas peças que se propõem como modestas legendas que nada esclarecem, o caderno especial da Folha não pode ser lido como uma retrospectiva de 2014, mas como uma oportunidade que alguém encontrou para abrigar a ideia de que este tem sido um “ano bipolar”.
A rigor, a rotina do jornalismo é que produz essa oscilação constante entre os extremos dos acontecimentos. Em termos de linguagem, é justamente aqui que se distingue o bom do mau jornalismo: na capacidade de identificar e descrever as sutilezas presentes em toda notícia.
A linguagem jornalística se configura cada vez mais como um campo da semiótica, um ponto além da linguística, que contém a linguagem verbal. Mas a imprensa quer convencer o leitor de que a palavra – ou a imagem – tem um valor absoluto, porque é dessa fantasia que retira seu poder.
A realidade é sutil, a imprensa é bipolar.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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Retrospectivas na velha mídia, de uma maneira geral, não fornecem um sentido para o período que se analisa.

São apresentados eventos, acontecimentos, fatos isolados e o obituário do ano.

Luciano, no artigo acima, chama 2014 de o ano das radicalidades, talvez em parte pelo cenário mundial com a ascensão do grupo terrorista do Estado Islâmico.

Talvez faça sentido até mesmo para o Brasil, já que este  ano que termina colocou em cena expressões de um radicalismo que se pensava não mais existir por aqui.

Por outro lado, e na busca de um sentido mundial, 2014 viu o crescimento de epidemias como o ébola,  o aumento das concentrações de gases do efeito estufa com consequências para o clima mundial, a radicalização de conflitos com matriz religiosa como o Boko Haran na Nigéria e o Estado Islâmico em regiões do Iraque e da Síria, o agravamento do conflito na Ucrânia envolvendo Rússia , EUA e União Européia.

De fato, a radicalização, seja na queda da qualidade de vida com epidemias e em uma atmosfera cada vez mais poluída não significa avanços, ao contrário, é sinal de retrocesso.

A radicalização de grupos religiosos e o conflito na Ucrânia que pode inaugurar uma nova fase da guerra fria, também significam radicalidades com claros sinais de retrocesso.

Aqui no Brasil, o ano começou com a velha imprensa, ainda nos primeiros dias de janeiro, deitando falação sobre a possibilidade real e concreta - na visão ou desejo  da imprensa - de que grandes manifestações de rua impediriam  a realização da copa do mundo de futebol. 
Nada disso aconteceu e a copa foi um sucesso.

Passada a possibilidade de grandes conflitos urbanos na copa,a velha imprensa atacou no noticiário coma possibilidade concreta e viável - na visão ou desejo da imprensa - de que  vários estádios para copa não ficariam prontos a tempo para a competição e aqueles que já estavam prontos e fazendo jogos para testes  eram apresentados como uma bagunça total.
Nada disso aconteceu e a copa foi um sucesso reconhecido internacionalmente.

Em seguida vieram as críticas para as obras de mobilidade urbana que ainda não estariam prontas para copa. 
As obras essenciais ficaram prontas e outras continuam em andamento.

Com a eliminação da seleção do Brasil na copa, grande parte da imprensa brasileira debochou do torcedor brasileiro pela eliminação no torneio, com destaque para as empresas do grupo globo, que logo após o jogo do fatídico 7 x 1 colocou no ar nas emissoras de rádio do grupo a música que alguns jogadores da seleção brasileira escolheram com referência para embalar o time, reforçando as passagens da música em que se dizia para  levantar a cabeça e botar fé, acreditar que seu dia vai chegar, etc.

Ao término da copa, a velha imprensa, em uníssono passava a idéia através de seus noticiários e  mesmo em ,outros programas, da suposta incapacidade do povo brasileiro, em uma tentativa de associar futebol com política, como acontecia nos tempos da ditadura militar. 
Nada disso aconteceu e a população ignorou a velha mídia, seguindo a vida.

Chegou o período da campanha eleitoral, talvez um dos momentos de maior radicalidade e delírio no meio midiático antigo.

A morte do candidato Eduardo Campos que fazia uma campanha inerte, foi o catalizador para expressões de amor e admiração incontidos, por parte da velha mídia, para com a candidata Marina Silva que passava a assumir a condição de candidata no lugar de Campos.

A velha mídia levitava com a ascensão meteórica de Marina, e já se falava nas colunas dos "grandes jornais" na possibilidade de uma vitória de Marina ainda em primeiro turno, tamanho era o encantamento que inundava o país através de sua repentina candidatura.

Projeções para um segundo turno com a candidata Dilma - que sempre se manteve durante toda a campanha com índices sem grandes oscilações - indicavam a possibilidade de Marina ser a vencedora.

Colunistas do globo, como o imortal Merval, em um de seus momentos de grande euforia encantada, afirmou categoricamente que Dilma estaria frita em um segundo turno.

O clima de encantamento fez com que a velha mídia esquecesse de seu candidato, Aécio, jogado às terras montanhosas das Minas a espera de um momento para ressurgir.

O encantamento com Marina perdia força  e as colunas dos "grandes jornais" tornavam-se cada vez mais esquizofrênicas, já que os apoiadores de Marina ainda apoiavam a candidata, porém apoiavam discretamente Aécio e rejeitavam discretamente Marina, apoiando os dois ou nenhum ao mesmo tempo.

Foram momentos de grande radicalidade esquizofrênica no meio midiático antigo.

A campanha seguia o curso com Dilma oscilando no lugar que sempre esteve, enquanto Aécio, Marina e a mídia antiga, subiam e desciam de um lugar para outro em uma busca frenética por um lugar seguro.

Nunca em uma eleição pós redemocratização do país se viu tamanha oscilação e agitação por parte de  grupos que brigavam pelo lugar de segundo colocado.

Com o encantamento de Marina diluído, Aécio e seus colunistas amestrados redirecionaram o discurso em prol  do " novo e competente" que ressurgia  das terras altas das Minas para conduzir o Brasil no rumo certo do progresso.

Marina caía na mesma proporção da subida repentina que tivera , enquanto Aécio despontava como o provável candidato para disputar o segundo turno com Dilma, que como sempre oscilava no mesmo lugar onde sempre estivera por quase um ano.

Incrédulos e atônitos, uma parcela do eleitorado acompanhava as mudanças repentinas, movendo-se ora para as florestas  úmidas da amazônia, ora para as montanhas de Minas.

A radicalização da mídia antiga, foi um fato marcante durante todo o ano, em especial durante a campanha eleitoral, que com as oscilações bruscas das mudanças, deixava claro seu lado e sua opção política. 

O colunista Merval - o globo - através de seus artigos pouco racionais talvez tenha sido o símbolo das mudanças que ocorriam no campo das oposições, ou campo das radicalidades.

A eleição foi acirrada e Dima venceu, no entanto as radicalidades não cessaram e todo tipo de sonhos e desejos frustrados foram despejados  em falações e textos da mídia antiga, com desdobramentos de propostas das mais absurdas para invalidar o resultado do pleito, onde se destacaram os movimentos de rua com a presença de correligionários do candidato derrotado, que gritavam pelo fim do "bolivarianisno" e do " comunismo" que assolam o país.

Os mais radicais portavam cartazes pedindo uma intervenção das forças armadas do país, por conta do perigo do comunismo.

O ano das radicalidades, ao final do ano, extrapolou as radicalidades, revelando dissonâncias no cognitivo de uma parcela significativa da população, parcela conhecida como midiota.

No cenário mundial a radicalização parece ser uma tendência, seja por caminhos normais de chegada ao poder- como é o caso do Podemos na Espanha e agora o Syriza na Grécia - ou outros caminhos de conflitos,  fruto de uma radicalização maior que é o estágio atual da globalização neoliberal.

A globalização neoliberal ,no estágio atual, já uma radicalidade extrema, que tem levado desespero e sofrimento a milhões de pessoas pelo mundo, logo não se deve esperar dias tranquilos para o próximo ano.

Em tempos de radicalidades e decadência da qualidade de vida, palavras progressistas e de esperança surgiram justo do Vaticano - local de radicalidades por séculos de atraso - através do Papa Francisco.

Se 2014 foi o ano das radicalidades, a década de 10 certamente será a década da radicalidade.