sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Anotaram a Placa ?

Gilmar Mendes: ignorância e preconceito

A incrível entrevista em que ministro do STF exibiu, além de grosseria, desconhecimento sobre países vizinhos. E o que ele precisa aprender sobre a Bolívia

Por Antonio Barbosa Filho, no Outras Palavras

Certamente abalado pela aula magna de Direito pronunciada pelo ministro Celso de Mello na sessão do dia 18 de setembro, onde todos os seus patéticos argumentos vociferados na semana anterior foram reduzidos a pó, o ministro Gilmar Mendes cometeu mais um erro crasso em fala à imprensa. Ao deixar o plenário, o emérito jurista de Mato Grosso afirmou aos jornalistas, segundo se lê no Portal UOL: “Daqui a pouco nós conspurcamos o tribunal, corrompemos o tribunal, transformamos ele (sic) num tribunal de Caracas, de La Paz, num tribunal bolivariano”.
Tentando ser irônico e cometendo um ato de hostilidade a seus colegas magistrados de dois países com os quais o Brasil mantém excelentes relações em todos os setores, Gilmar revelou também profunda ignorância em Geografia e sobre o Judiciário dessas nações vizinhas.
Não há tribunais em La Paz! Os quatro tribunais superiores do Estado Plurinacional de Bolívia (nome oficial do país) localizam-se e funcionam na histórica cidade de Sucre. E Sucre, para surpresa do eminente, mas desatento, aluno de Celso de Mello é a Capital da Bolívia, como determina o artigo 6, item I. da Constituição Política do Estado, elaborada por uma Assembleia Constituinte livremente eleita em 2006, e depois submetida a Referendo popular, em 25 de janeiro de 2009. O povo boliviano aprovou a Constituição por 61,43% e o dispositivo mencionado afirma: “Sucre es capital de Bolívia” – dispenso-me de traduzir.
Se não sabe nem qual é a capital do país a que se refere, muito menos saberá o ilustre derrotado que o sistema judicial boliviano foi estruturado com a assessoria da União Europeia, que destinou 450 mil euros para um programa de colaboração com duração de 18 meses, nos quais magistrados espanhóis trabalharam com juristas bolivianos.
A especialista Ana Esther Sanchez, da Audiência Internacional da Espanha explicou que o trabalho visava o estabelecimento de um sistema judicial “com parâmetros totalmente diferente dos anteriores”, mas em conformidade com as normas e padrões internacionais de direitos humanos, transparência das instituições, acesso das pessoas à Justiça e independência judicial, previstos na Constituição de 2009.
Para ilustração do concessor de habeas corpus a banqueiros condenados, acrescento que são quatro os órgãos integrantes da cúpula do “órgão judicial” – na Bolívia de Evo Morales aboliu-se a expressão “Poder”, havendo os “órgãos” judicial, executivo e legislativo. Isso porque a nova Constituição radicalizou ao definir que o poder “reside do Povo”, quando as anteriores diziam que o poder “emana do Povo”. O “orgão judicial”, portanto, é formado pelo Tribunal Supremo de Justiça, o Tribunal Constitucional Plurinacional, o Conselho da Magistratura, e o Tribunal Agro-Ambiental. Todos instalados e funcionando na capital do país, que é Sucre.




O ministro Gilmar Mendes cometeu mais um erro crasso em fala à imprensa (Foto Nelson Jr./SCO/STF)
O Tribunal Supremo de Justiça, equivalente ao colegiado que tolera Gilmar Mendes, tem nove membros efetivos e nove suplentes, eleitos pelo povo, em cada um dos nove Departamentos (no Brasil seriam os Estados) que conformam a nação. As Assembleias Legislativas Departamentais selecionam seis nomes em duas listas, uma só de homens, outra só de mulheres. Os candidatos precisam ter mais de 30 anos de idade, e no mínimo oito como juízes, advogados ou professores de Direito. Há espaço para indígenas, desde que tenham exercido funções judiciárias em suas comunidades originárias. O órgão eleitoral faz a campanha, divulgando igualmente os méritos de todos os candidatos; esses, se fizerem campanha pessoal, tornam-se imediatamente inabilitados à disputa. Feita a votação popular, na qual cada cidadão vota duas vezes, uma em um homem, outra em nome da lista feminina, torna-se membro do Tribunal o mais votado de ambas. Se for homem, a mulher mais votada na outra lista torna-se a suplente, e vice-versa. Assim, o Tribunal terá sempre 50% de homens e 50% de mulheres, entre os 18 titulares e suplentes.
Os membros desta Corte Superior têm seis anos de mandato e não podem ser reeleitos – uma ideia que muitos no Brasil talvez gostassem de incluir numa eventual Reforma do Judiciário, tão propalada quanto postergada. Também poderia cogitar-se de que na Bolívia o presidente da Corte Suprema não participa da linha sucessória do presidente da República (lá, presidente do Estado), diferentemente do Brasil. Talvez isso permitisse que o chefe do Judiciário esteja menos envolvido nas questões políticas…
Outra diferença fundamental com as instituições brasileiras é a existência da “jurisdição indígena originária camponesa”, que consiste no respeito às práticas judiciárias de cada um dos povos originários da Bolívia – um país que congrega 34 nações diferentes. Tudo com base no artigo primeiro da Constituição, segundo o qual “a Bolívia se funda na pluralidade e no pluralismo político, econômico, jurídico, cultural e linguístico, dentro do processo de integração do país”. Assim, há uma Justiça indígena-comunitária, nos moldes históricos, já que tais comunidades são preexistentes ao próprio Estado. E tanto esta Justiça, como a ordinária gozam de igual hierarquia. Para dirimir os naturais conflitos de competência, em casos concretos, existe o Tribunal Constitucional Plurinacional, que harmoniza também as decisões das comunidades que conflitem com as jurisdições agrária e agro-ambiental.
Parece complicado, e é. Mas a Bolívia é um país que passa por um processo de “refundação”, tentando descolonizar-se interna e externamente. Suas instituições têm a complexidade de um país com vários idiomas e uma História de privação de direitos e ausência total de cidadania para as grandes maiorias. Todos reconhecem, inclusive o governo de Evo Morales, que há um longo caminho a percorrer até que todas as novas instituições funcionem sem atritos e prestando os serviços que a população apenas começa a receber.

Juízes eleitos: A Argentina, que tem muito mais tradição institucional, também está trabalhando numa reforma judicial, que prevê a eleição direta de juízes, e de membros do Conselho da Magistratura, inclusive indicados pelos partidos políticos. Recentemente, a brasileira Gabriela Knaul, relatora especial das Nações Unidas e sediada em Genebra, criticou este ponto que os argentinos estão discutindo: “A eleição partidária dos membros do Conselho da Magistratura é contrária ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e relativos à independência judicial”.
A observadora deveria observar, digamos, os Estados Unidos, onde apenas cinco dos 50 estados conferem ao governador ou ao órgão legislativo a competência para indicarem membros de suas cortes; em todos os demais estados há alguma forma de eleição. Em sete deles, os candidatos precisam ter vinculação partidária; em 14, não podem ter tal vínculo; em 16, os juízes são nomeados, mas depois obrigados a se submeterem ao voto popular se quiserem cumprir mais de um mandato, embora sem adversários: o eleitor diz apenas “sim” ou “não” à continuidade no cargo. Enfim, cada Estado dos EUA pode estabelecer suas próprias normas e isso difere até de acordo com o momento histórico em que cada unidade aderiu ao Estado central.
Sobre a Bolívia, já vimos que Gilmar Mendes (erroneamente chamado de Gilmar Dantas pelo notório cronista político Ricardo Noblat, por razões que prefiro ignorar), não sabe nada, nem o nome da sua capital. Já sobre a Venezuela, teríamos que ocupar outro espaço. Basta assinalar que quem critica o sistema judicial bolivariano daquele país-irmão é o ex-juiz Eladio Aponte. Ele diz que o governo Chávez e, agora, o do presidente Nicolás Maduro, controlam o Judiciário. Eladio Aponte foi destituído de seu cargo e saiu da Venezuela porque descobriu-se que havia dado um documento de identidade governamental, usado apenas por autoridades, a um tal Walid Makled, narcotraficante que foi preso na Colômbia em 2010 e depois extraditado para a Venezuela. Makled é, inclusive procurado pela polícia dos Estados Unidos. Como se vê, o crítico da justiça bolivariana não tem as melhores credenciais. E parece que na Venezuela a Justiça funciona até contra banqueiros.
Fonte: REVISTA FÓRUM

Esse ministro envergonha o país.
Inadmissível que a suprema corte abrigue juízes como Gilmar Mendes.
Um juiz que proporcionou um habeas corpus para o médico condenado por estuprar  dezenas de mulheres. 
E o fez para que o médico tarado pudesse fugir do país, como aconteceu.
Tambem existiram os dois HC's, em menos de 48 horas, para livrar um banqueiro com uma lista de crimes considerável.
Quando abre a boca, é um furacão de ignorância e preconceito, onde percebe-se toda sua orientação política. 
Orientação essa que acaba por moldar suas decisões no STF.
Taí mais uma pauta para as manifestações de rua no país: 
democratização do judiciário com participação popular na escolha de juízes.
O fantasma do comunismo  dos tempos da guerra fria hoje tem o nome de bolivarianismo.
Já as múmias conservadoras continuam as mesmas. 

Roqueiras Dark


 

O novela é Amor à Vida. 
Imagine se fosse Amor à Morte.
As cinco atrizes, em tempo de festival de  rock consumista no Rio de Janeiro, se parecem com uma daquelas bandas de rock dark dos anos da década de 1980.
O nome da banda poderia ser 'Crepúsculo Global', com direito a crucifixos no peito e  expressões bem deprê, prá baixo, bem ao estilo Edgar Allan Poe.
Roqueiros já bem rodados pela vida, com uma postura ainda de adolescentes rebeldes.
Realmente a turma da globo perdeu a noção do ridículo.
Como escrevi em um artigo tão logo se consumou a necessidade do voto de minerva, a velha imprensa iria usar todos os seus recursos para pressionar o voto de desempate. 
E assim aconteceu.
Porém globo foi mais além e, no pós -voto, onde toda a velha imprensa se encontra deprimida, saiu com essa com as atrizes da novela.
Com expressões que revelam medo, indignação e perplexidade, as cinco meninas produzem uma performance política totalmente deslocada da realidade.
A liberdade de expressão é garantida à todos, mas o ridículo tem limites.
O que foi decidido no STF não contraria nem violenta nenhuma norma jurídica ou constitucional, ao contrário prevaleceu o respeito as leis vigentes e a garantia ao direito de defesa, com a utilização pela defesa de todos os recursos previstos em lei.
O mesmo faz atualmente globo, recorrendo em várias instâncias contra a Receita Federal na tentativa de não pagar impostos na casa de 1 bilhão de reais.
No lugar de se prestar a um papelão dark como esse, globo deveria esclarecer a população sobre os caminhos reais da ação penal 470, algo que jamais aconteceu, pois globo, como toda a velha imprensa,  desde o início do julgamento da ação  penal 470, desenvolveu uma narrativa onde não havia espaço para questionamentos e ainda conduziu, ou tentou fazê-lo, a opinião pública para a condenação sumária dos réus.
As roqueiras de Edgar Allan Poe representam uma parcela da população que desconhece a realidade do julgamento da ação penal 470, pois, certamente, se utilizam , apenas, da narrativa produzida pela velha mídia  para compreensão dos fatos.
Como não poderia deixar de ser, performances tresloucadas como essa ganham enorme repercussão nas redes sociais e, claro, montagens bem humoradas são produzidas, conforme pode-se ver abaixo:


 
 




quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Occupy Everything

 Como mudar o mundo
Por Alberto Dines em 18/09/2013 na edição 764
Editorial do Observatório da Imprensa na TV nº 701, exibido em 17/9/2013
Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
A questão é essa: quem expulsou o povo das ruas? Por que razão evaporou-se aquela vontade de manifestar-se que levou tanta gente às ruas do país em junho e julho para dizer o que sentia? Foi a repressão policial ou a violência dos Black Blocs a responsável pela repentina virada de página?
Como sempre, nossa mídia tem pressa em colocar o ponto final nos debates, não gosta de esticar as controvérsias, aparentemente com receio de dar voz àqueles dos quais discorda.
A legitimidade da violência política vem sendo discutida há 300 anos e não apenas nas assembleias, academias e também na literatura. Os possessos, de Fiódor Dostoiévski, vale para os dias de hoje. O anarquismo e o niilismo precisam ser atualizados, caso contrário transformam-se em equívocos.
Se a imprensa não discute os fenômenos gerados pela realidade mutante, quem o fará? E por que ninguém lembra das façanhas dos heróis da não-violência? O Mahatma Gandhi, o pastor Martin Luther King e o seringueiro Chico Mendes nunca pregaram quebra-quebras. É verdade: foram covardemente assassinados, mas mudaram o mundo.
Os Black Blocs conseguirão algo semelhante?
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA

Caro Dines,
A realidade é complexa, nova e global.
Para entendê-la é necessário ir além dos símbolos e conceitos do passado.
Os Black Blocs são apenas uma pequena expressão de toda essa complexidade.
Eles não irão mudar o mundo, eles fazem parte, apenas,  de um conjunto de mudanças em curso.
Assim como o caro Maringoni, em seu artigo de CARTA MAIOR intitulado ' Cobrir o Rosto é o de Menos ', o nobre observador reduz a complexidade em apenas uma de suas formas de expressão.
Sugiro a leitura do texto a seguir , assim como o manifesto da Adbusters.


Dê uma olhada pela janela hoje. Não foi sempre assim. Não será assim pra sempre”


No aniversário de dois anos do Occupy Wall Street, a Adbusters publica manifesto celebrando as novas formas globais de articulação e afirma que o capitalismo está em “estado terminal”
Da Redação

Ontem (17), no aniversário de dois anos do Occupy Wall Street, movimento no qual centenas de manifestantes protestaram acampados no coração do sistema financeiro mundial, a organização Adbusters publicou um manifesto que chama a atenção para as novas formas de articulação de movimentos e para o declínio do sistema capitalista.
A Adbusters descreve-se como “uma rede global de artistas, ativistas, escritores, estudantes, educadores e empresários que querem desenvolver um novo movimento ativista social da era da informação”. Criada em 1989 por Kalle Lasn e Bill Schmalz, em Vancouver (Canáda), a organização mantém a revista homônima, focada em causas políticas e sociais, na seu maioria com viés anticonsumista e anticapitalista. A publicação é integralmente mantida pelos leitores e possui tiragem bimestral de 120 mil exemplares.
No manifesto, a Adbusters destaca uma nova “arquitetura de protestos”, onde demandas pontuais geram um “amplo desejo de reiniciar a máquina por completo”. Para exemplificar este novo paradigma das ruas, o manifesto cita as manifestações de junho no Brasil. Por fim, a organização afirma que o capitalismo está em um “estágio de declínio terminal”.

Leia a íntegra do manifesto publicado pela Adbusters (a tradução é do Movimento Pró-Corrupção):
Fonte: REVISTA FÓRUM

occupy

“Ei, todos vocês respirando mundo afora.

No segundo aniversário do Occupy Wall Street, aqui vai um manifesto para encher seus pulmões:
Olhe pra fora da sua janela hoje e admire quão permanentes são todas as coisas.
Os carros seguem fiéis, aparecem e desaparecem sem fim. Os arranha-céus financeiros enquadram as ruas, investindo seus dólares e depositando seus cheques de pagamento com facilidade. As pessoas são derramadas pra fora de seus apartamentos tomando seu caminho ao escritório, visitando amigos, procurando emprego. A ordem social, todas as interações básicas do dia-a-dia, são previsíveis, normais, na maioria das vezes igual que ontem. A rigidez do sistema político não está em questão.
Agora imagine que tudo isso se rompa. Que tudo que você conhece seja virado de cabeça pra baixo. A cafeteria é fechada. A porta do banco é fechada. As pessoas param de seguir até os comandos mais básicos.
Olhando pra fora da janela hoje, temos aquele mesmo sentimento que tivemos no dia 16 de Setembro de 2011, o dia antes daqueles primeiros corajosos ocupantes armarem suas barracas e começarem suas ações em Wall Street. Apenas desta vez, quando contemplamos através do vidro, existe uma esperança de algo que possa mudar de fato a nossa passividade com a qual observamos o Mundo. Nós agora somos confiantes nesta geração que não éramos antes. Ainda existem chacoalhões que podem chocar a ordem financeira e psicológica. Existe uma crescente convicção que as coisas que podem acontecer, de fato acontecerão. O mundo ainda está pronto pra consegui-las.

A REVOLUÇÃO É UM RIZOMA

O que experimentamos em 2011 ainda está reverberando por todo o Mundo. Recentemente, na Turquia e no Brasil, aquele sentimento visceral, que o futuro não computa, é mais vibrante do que nunca. E devido a esta ansiedade corrosiva nas profundezas de uma crescente massa de pessoas, o novo modo de ativismo, o que o jornalista espanhol Bernardo Gutiérrez chama de “nova arquitetura de protesto”, está se espalhando como um frenesí: O que começa com simples demandas – Não corte as árvores, não aumente as tarifas de ônibus, não eleja este juíz corrupto – irrompe em um amplo desejo de reiniciar a máquina completa.
No horizonte político que está por vir, você pode esperar que a qualquer momento haverá uma quebra, um escândalo, uma greve de professores ou uma decepção em cadeia, você sempre encontrará um enxame de abelhas por baixo das coisas. Quando você tem uma geração conectada, todas as suas demandas únicas e individuais também são conectadas. Os protestos se tornam uma cornucopia, e não um caminho em linha reta. E o desejo não é destruir o sistema, mas hackeá-lo, recodificá-lo, requisitá-lo…. a ver que a revolução não é uma pirâmide, mas sim um rizoma… a ver que o sistema não é um texto imutável, mas uma linguagem de computação em mudança permanente, um algoritmo.
Mais do que nunca, estamos vendo a atualidade do altruísmo moderno, “somos todos um”. Agora, como temos a tecnologia para nos organizarmos, – e quem se importa que a NSA esteja lendo tudo isso? Damos as boas-vindas para que ouçam e inspirem-se – esta primeira geração global das história poderá se articular de forma mais clara, mais visceral, mais intensamente e numa frequência como nunca se teve antes.
Dê uma olhada pela janela hoje. Não foi sempre assim. Não será assim pra sempre.

UMA GERAÇÃO SOB PRESSÃO

Essa geração está sob pressão. Lideranças e especialistas como David Brooks e Andrew Sorkin riem de nós como garotos ingratos e radicais sem-causa, pessoas que apenas não querem trabalhar tanto quanto as gerações anteriores. Mas estes caras não entenderam nada. A luz da engenharia humana foi acesa. Mas nenhum mecânico ou velho paradigma pode arrumá-la. Estamos experimentando uma falência no sistema global como nunca se viu. Mas nenhum programador da velha linguagem pode reescrevê-lo. A Terra está ficando doente. A cultura está em uma decadência terminal. As doenças mentais são a causa número um para a perda de postos de trabalho nos EUA. Que outro indicador precisamos? A rejeição não é algo ingrato, mas é uma bela e sincera vontade de um amanhã são e sustentável. Mas como os parafusos estão cada vez mais apertados… bem… você pode ver o resultado em todos os lugares.
No último mês de Julho, quando centenas de milhares de manifestantes estavam marchando nas cidades por toda a Turquia e Brasil, o diretor criativo da Adbusters (Pedro Inoue) faltou no trabalho pra se juntar à magia das ruas. Ele nos enviou um testemunho do centro de São Paulo, um retrato que tornou-se a espinha dorsal de uma de nossas mais espirituosas e esperançosas publicações até hoje. Nós o acusamos por algum tempo de ser negativo demais… ainda que nossos leitores tenham visto aqui uma forte luz:
“É algo que você sente quando o amante está rindo nos seus braços e você se sente como se o seu coração fosse partir porque não existe mais espaço pra coisas boas lá dentro. A ‘brisa’ começa a fazer você flutuar. Nós estávamos andando em direção ao Palácio do Governador, tendo tempo pra conversar e olhar pras pessoas no caminho agitando bandeiras de seus apartamentos nas janelas, ouvindo os cânticos indo e vindo como ondas no mar de pessoas. Olhei para os olhos das crianças. Ele continuou falando, mas me lembro apenas destas 9 palavras:
‘Cara, que belo mundo é esse em que vivemos’, ele disse.
Eu estava hipnotizado pelo brilho em seu olhar. Faíscas. Flashes. Pulsos. Raios de luz. Quando a revolução global finalmente chega… Irá iluminar a todos os lugares como aconteceu.”
As condições que impulsionaram os anarquistas Gregos, a Primavera Árabe, os Indignados da Espanha, #OccupyWallStreet, a revolta estudantil do Chile, a banda Pussy Riot, a revolta em Quebec, #idlenomore, Yo Soy 132 no México, e as insurreições em Istambul, Lima, Bulgária e São Paulo têm apenas piorado. A desigualdade está alcançando proporções obscenas na América e em todos os continentes. Existe uma permanente concentração de riqueza, um permanente crescimento dos bancos, um aumento permanente das Operações de Alta Frequência (HFTs), confusões derivativas e outros algoritmos financeiros sorrateiros que fazem com que os mercados cada vez mais fujam de qualquer controle humano. US$1.3 trilhões em transações financeiras especulativas continuam passeando pelo planeta todos os dias. O palco agora está armado pra uma catástrofe financeira muito pior do que a de 2008. E dentro de cada um de nós, o desejo pelo Real está crescendo: Economia real. Democracia real. Possibilidades reais. Humanidade real. Liderança real. Horizontes reais. Interações reais. Coisas reais. Vidas reais.

TRÊS METAMEMES PARA O FUTURO

Aqui no Adbusters, nós vemos 3 grandes ideias táticas de revolução, três metamemes, que têm o poder de desviar esse nosso trem global desgovernado de seu encontro com o desastre. Não tenha dúvidas, o crash é um mundo brutal – uma realidade bárbara. Acontece que nenhum de nós deveríamos buscá-lo de forma feliz e contente. Ainda, não podemos apenas seguir o fluxo, acompanhar a velocidade e acreditar na inércia de nossa máquina econômica do juízo final.

A primeira coisa que podemos fazer é chamarmos a uma reflexão radical de nossos sistema econômico global. O capitalismo neoconservador desenfreado está fazendo com que a humanidade regrida sem nenhuma oposição a ele por quase duas gerações até agora. Ele ainda não deu respostas e não tem respostas para as maiores ameaças do futuro, chamadas às vezes de mudanças climáticas. Estudantes de economia e economistas heterodoxos precisam levantar-se nas universidades de todos os lugares e demandar uma mudança nas fundações teóricas das ciências econômicas. Nós precisamos abandonar quase tudo o que pensamos que sabemos a respeito dos deuses do progresso, felicidade e conhecimento. Nós precisamos reinventar a indústria, a nutrição, a comunicação, os transportes, a moradia e o dinheiro em novos tipos pioneiros de economias, bionomias, psiconomias e economias ecológicas, que estejam prontas para o trabalho de gerenciar nosso abrigo na Terra.

A segunda coisa que podemos fazer é inaugurar uma nova era de transparência radical…. adicionar o direito de viver em um mundo permanente como um novo direito na constituição das nações e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os recentes acontecimentos na Síria são um exemplo perfeito de quanto o sigilo dos maiores poderes do mundo levam à confusão e à catastrófica possibilidade da falência. Assad deve sair com um tipo de apetite assassino como nunca se viu desde a II Guerra Mundial, por nenhuma outra razão senão o fato de que não se pode mais confiar nos EUA. A transparência radical é o único caminho a uma democracia viável no futuro.

A terceira coisa que podemos fazer é inspirar-nos e aprender lições de uma nova revolucionária tática no ativismo global – o algoritmo da revolução. A internet inverteu uma dinâmica de poder vinda de vários séculos. As ruas agora têm um poder sem precedentes. Através do hackeamento, da organização rizomática, dos memes virais, se pode paralisar cidades, trazer países inteiros a areias movediças… os protestos e revoltas podem assustar mercados impactando em 10% suas ações em um único dia, como aconteceu recentemente na Turquia, e, se as pessoas estiverem com revoltadas o suficiente, podemos forçar até o mais arrogante dos presidentes ou primeiros-ministros à discussão democrática.

No século XXI, a democracia pode parecer como isso: um feedback dinâmico, visceral e sem fim entre as estruturas de poder entrincheiradas e as ruas. Neste novo modelo, o poder corporativo será sempre atenuado pelas claras demandas articuladas em novas regras de novos modelos econômicos, ambientais ou políticos, por debates viscerais e referendos sobre questões críticas, pela revogação dos alvarás de corporações que quebrarem a confiança pública e por novas leis e emendas constitucionais sobre fundamentos democráticos como o sigilo, a pessoalidade corporativa e as regras pelas quais as nações travam guerras. Todo departamento de governo, todo ministro e todo estabelecimento político, ou mesmo qualquer grupo de reflexão, comunicadores midiáticos e CEOS, estarão sob uma pressão mortal, em uma base quase diária, para que se dobrem a qualquer pulso de mudança emanado pelas pessoas.
Com o passar desse segundo aniversário do Occupy Wall Street, talvez com chamas fumegantes, talvez com apenas algumas faíscas, nós podemos nos consolar com uma coisa: Nosso sistema global atual – o capitalismo – está em um estágio de declínio terminal… e enquanto seu cadáver ainda está se remexendo, nosso trabalho – seu, meu, de todos nós – é manter-nos atentos e em estado de vigilância, seguindo trabalhando em nossas próprias vidas… Nós coibimos as grandes corporações, nós recusamos comprar produtos massivamente divulgados, nós exploramos meticulosamente informação livre de toxinas, nós comemos, viajamos, socializamos e vivemos o mais positivamente possível… nós lutamos por nossa felicidade… nós construímos confiança uns nos outros e jogamos o #killcap pelo menos uma vez ao dia… e o mais importante, nós focamos nossos olhos no horizonte e esperamos até que chegue o nosso próximo momento.”

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Pelo Telefone

Dilma não vai
a Washington. Boa !

Dilma não tira os sapatos.



Planalto confirma cancelamento da viagem de Dilma aos EUA





Ontem à noite, Dilma se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, para discutir o retorno dado pelo governo norte-americano aos questionamentos do Brasil sobre as denúncias de espionagem.


... o xerife decadente avisa pelo celular que lá pelo planalto tem um telefone para grampear...
Que papelão, hein Hussein Obama ?
As informações tão desejadas pelo xerife Hussein Obama, seriam para a "guerra contra o terror" , ou seriam apenas as surradas práticas de espionagem e bisbilhotagem industrial e comercial, de acordo com aquilo que ele, o xerife Hussein, tanto defende como livre concorrência.
Livre para quem ?
A decisão da Presidenta Dilma, de cancelar, ou adiar, a viagem aos EUA foi uma boa decisão, mas poderia ser melhor.
Dilma deveria fazer a viagem a Washington e, em um daqueles momentos  em  que os chefes de estado fazem declarações, nossa Presidenta poderia dar um esculacho gigantesco em Hussein, na casa dele,  de proporções galácticas, com repercussão até em Acrux.  
Entretanto nossa Presidenta optou por cancelar, ou adiar, a viagem mas ainda tem a chance na assembléia da ONU, em Nova York, onde discursará, de dar um sacode em Hussein.
É o que todos brasileiros desejam. 
Desculpe, caro leitor, nem todos , pois os mervais de globo e da velha imprensa querem que Dilma peça desculpas a Hussein pelo episódio dos grampos.




Máscaras & Máscaras

Cobrir o rosto é o de menos

Os Black Blocs não são radicais e a esquerda não pode ser condescendente com isso. Eles fazem ações epidérmicas, levianas e superficiais. Radical quer dizer ir à raiz das questões. Qual a radicalidade de se juntar meia dúzia de garotos hidrófobos e depredar a fachada de um banco? Em que isso penaliza o sistema financeiro?


A esquerda não pode, em hipótese alguma, ser condescendente com as ações dos Black Blocs.

Assim como é imperativa a condenação da violência policial, deve-se igualmente negar qualquer aprovação a táticas individualistas, desagregadoras e isolacionistas de grupelhos que se valem de manifestações para desatar sua bílis colérica sobre orelhões, lixeiras e vitrines de lojas.

Qual o programa dito radical dos Black Blocs?

Nenhum, pois os Black Blocs não são radicais. Fazem ações epidérmicas, levianas e superficiais.

Radical quer dizer ir à raiz das questões. Qual a radicalidade de se juntar meia dúzia de garotos hidrófobos e depredar a fachada de um banco? Em que isso penaliza o sistema financeiro?

Baixar em um ponto as taxas de juros é algo muito mais eficiente e danoso à especulação do que as travessuras de meninos e meninas pretensamente rebeldes que cobrem os rostos para parecerem malvados ou misteriosos.

Aliás, qual a finalidade de máscaras e rostos ocultos, além do desejo infantil de um dia ser Batman, Zorro ou National Kid e sair por aí saltando sobre prédios e vivendo aventuras espetaculares? De se ter uma identidade secreta, na qual de dia enfrenta-se uma vidinha besta e à noite, na calada, devolve-se anonimamente à sociedade o mal que se esconde nos corações humanos, como dizia o Sombra em voz gutural?

O pior é que as peripécias dos blocos de blaques isolam os protestos da população que a eles poderia aderir e reduz o ímpeto das mobilizações à idéia de baderna pura e simples. Que acaba sendo complementar à violência policial. Ambas se justificam e se explicam.

Trotsky tem um texto admirável chamado “Por que os marxistas se opõem ao terrorismo individual”, escrito em 1911. Ali, o revolucionário russo opõe a consequente manifestação coletiva a ações estrepitosas de poucos indivíduos tomados de fúria aleatória.

O seguinte trecho tem a precisão de um compasso:

“Para nós o terror individual é inadmissível precisamente porque apequena o papel das massas em sua própria consciência, as faz aceitar sua impotência e volta seus olhos e esperanças para o grande vingador e libertador que algum dia virá cumprir sua missão”.

E mais adiante, completa:

“Nos opomos aos atentados terroristas porque a vingança individual não nos satisfaz”.

Os Black Blocs têm uma ação deletéria. Acabam justificando a violência policial para um grande número de potenciais participantes de mobilizações de protesto. Exacerbam o reacionarismo existente na sociedade e transformam movimentos sociais em sinônimo de vandalismo. Animam pit bulls existentes nos aparelhos de segurança, como o boçal que atende pelo nome de capitão Bruno, da tropa de choque de Brasília.

Os Black Blocs não organizam nada, não querem nada.

E podem fazer com que manifestações maciças virem nada.
Fonte: CARTA MAIOR
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Anonymous lança vídeo contra Marco Civil




Vídeo vai na contramão da luta da sociedade civil pela aprovação da lei, que garante neutralidade da rede e privacidade do internauta
Por Adriana Delorenzo
Enquanto movimentos da sociedade civil lutam pela aprovação do Marco Civil da Internet, um vídeo divulgado no Youtube pelo canal Anonymous convoca a sociedade contra a aprovação da lei e ainda chama a população para ir às ruas no dia 27 de setembro. “Marco Civil é um atentado à liberdade de expressão. Censura está sendo imposta pelo governo, o chamado Marco Civil da Internet. Acorde e lute contra isso. Mais uma lei que vai tentar censurar os internautas de mostrar as mentiras do sistema”, diz o marcarado no vídeo.
O projeto de lei do Marco Civil ( PL 2126/11) está para ser votado na Câmara dos Deputados e busca garantir que a internet continue funcionando como é hoje, mantendo a neutralidade da rede, que obriga os pacotes de dados a serem tratados de forma isonômica, sem distinção por conteúdo, origem, destino ou serviço. O texto final do projeto foi construído com participação da sociedade com consulta e audiências públicas. Para o ciberativista e consultor em mídias digitais João Carlos Caribé, a não aprovação do Marco Civil só interessa aos “grupos de telecomunicação e aos grandes escritórios de advocacia que lucram com os direitos autorais”.
“Está na cara que o Anonymous no Brasil é a direita mascarada, quem conhece o Anonymous internacional sabe que eles têm uma postura mais progressista”, diz Caribé. Para ele, os representantes brasileiros estão desacreditados e ele acha difícil campanhas como essa colarem na rede.
Fonte: REVISTA FÓRUM
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O assunto é complexo.
O debate é fundamental.
Generalizações e reducionismos não agregam valor.
Rostos cobertos, ou pintados, estão inseridos em tradições de lutas.
O EZLN -exército zapatista de libertação nacional- que pode-se afirmar de orientação pela esquerda, tem nas máscaras seu símbolo e nem por isso ninguém por lá deseja ser national kid ou batmann.
Por aqui existem máscaras e máscaras.
Muitos que saíram às ruas nos protestos de junho, com rostos cobertos por camisas ou lenços, não tinham nenhuma ligação com black blocs e, pelo que vimos, estavam lá , apenas, para atos de vandalismo, e terror, apoiados por setores de ultra direita.
Pouco se falou deles.
Já os black blocs, que assumiram uma suposta orientação de esquerda, passaram a ser demonizados pela velha imprensa e também por setores da esquerda.
Isso não é uma defesa dos black blocs, nem uma rejeição, apenas uma constatação.
A esquerda e a direita, embarcam no mesmo discurso, que em tese pode ser atribuído a uma defesa da real politik, atribuindo ingenuidade, terror e vandalismo a um grupo, que ao que parece, deseja mais que a velha política , desgastada, do toma lá da cá, dos acordos de 'governabilidade', da política enquanto um projeto eleitoral.
Talvez, e aí concordo com o autor que a maneira de expressar essa negação por algo que foi útil nos últimos anos não seja a forma mais adequada, mas é assim que os movimentos e idéias amadurecem.
Antes dos protestos de junho era raro se ouvir ou ler algo sobre ataques a símbolos do capitalismo.
Nem a esquerda e muito menos a direita abordavam tal assunto.
Hoje, pelo menos no texto de CARTA MAIOR, se discute se a tática de ataques aos símbolos capitalistas é eficaz ou não. Ou seja, abre-se um canal para reflexões sobre novas formas de luta contra o inimigo. Reconhece-se a necessidade de luta. O inimigo é identificado.
Tudo isso, e talvez mais, não estava na pauta de discussões da sociedade antes dos protestos de junho, tanto na esquerda como na direita.
Se a tática dos blac blocks é ineficaz e produzida por vândalos, como cita o autor, ela pelo menos serviu para abrir janelas nas pessoas sobre o inimigo e formas de desestabilizá-lo. Isso é fato.
Por outro lado, os também mascarados do grupo Anonymus, caminham na contramão de avanços democráticos, e nada aparece sobre eles na velha mídia.
Como disse existem máscaras e máscaras.

Os governos de esquerda da América do Sul, das últimas décadas, avançaram em políticas e programas sociais, mas não romperam com o modelo hegemônico.
O que se observa, atualmente , é que se deseja avançar mais, e no contrexto da real politik, parece que as margens de manobra para atender as demandas da esquerda, estão se esgotando.
Uma esquerda com partidos políticos que tenham apenas projetos eleitorais está se esgotando.
Se faz necessário um salto, com um projeto ousado e popular.
A luta é necessária, mesmo que com equívocos, erros e recuos.
Os discursos tanto da esquerda como da direita, que negam a luta, se situam em uma defesa do status quo, com poucos oscilações dentro de um contexto que não proporciona grandes avanços.
O risco faz parte , tanto para direita como para a esquerda.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Cuidado com Ela

A embaixadora dos EUA e o golpe no Brasil

Por Thiago Cassis, no site da UJS:

Os Estados Unidos anunciaram na última semana a troca da embaixadora no Brasil. Sai Liliana Ayalde, que esteve por trás dos golpes em Honduras e no Paraguai (e agora no Brasil) e entra Peter McKinley, que é filho de venezuelanos.

Segundo o jornal Folha de S.P.: “McKinley é considerado no Departamento de Estado um diplomata experiente e talentoso – e, segundo várias fontes, uma escolha de peso. O fato de ter sido embaixador no Afeganistão, um país em guerra, é citado como prova de competência… Seu primeiro posto no exterior foi na Bolívia, onde trabalhou no setor consular. De volta a Washington, continuou trabalhando com temas latino-americanos, como pesquisador e analista de inteligência com foco em El Salvador e Cuba. Em seguida foi chefe do departamento que cuida de Angola e Namíbia e depois assistente especial para a África”.

O intrigante é que Liliana Ayalde foi escolhida para o posto logo após as convulsões que o país atravessou em Junho de 2013 e agora se afasta após o golpe em curso ter avançando até um ponto “aparentemente” irreversível. Aparentemente porque as ruas tem dado respostas firmes contra o governo golpista o que torna incerto o destino da manobra ilegítima da direita brasileira.

A chegada da diplomata, em Junho de 2013, era motivada por um clima absolutamente negativo para Dilma Rousseff e o projeto em curso no país naquele momento. A presidenta, que até a metade daquele ano detinha grandes margens de aprovação popular, viu sua aceitação despencar após a bem aproveitada mídia, que transformou manifestações legítimas contra o aumento nos transportes de São Paulo em grandes atos antipartidos, agregando o que temos de mais conservador na classe média local. Não sem contribuição de uma grande número de indivíduos ingênuos dentro do próprio campo progressista. A grande mídia conseguiu pautar as manifestações e logo depois o início da operação Lava Jato transformam completamente o cenário político no país.

Teria Liliana cumprido sua missão e agora baterá continência em outro país (sul-americano?) em vias de uma “troca” de poder? (Venezuela?)

A influência dos Estados Unidos no golpe em curso no país tem sido alertada por especialistas no assunto. Liliana trabalhou na Usaid durante 24 anos, agência que é apontada como um dos principais braços da CIA. O presidente boliviano Evo Morales inclusive expulsou agentes da Usaid da Bolívia no ano passado.

Os interesses imperialistas seriam, dentro desse cenário proposto, mudar a regra do Pré-Sal para colocar as mãos na riqueza brasileira e desviar o caminho da atual política externa do país, que trabalhou pela integração do continente sul-americano e na construção dos Brics.

Se não podemos apontar com clareza qual o papel jogado pelos EUA no golpe de 2016, além das evidências apresentadas pelo Wikileaks, não seria também teoria da conspiração supor as garras do governo norte-americano e mais esse golpe em nosso continente.

As próximas jogadas diplomáticas dos norte americanos deixarão mais transparentes essas suposições e a história certamente, como em 64, nos desvendará com o tempo quem realmente está por trás do golpe em curso no Brasil.


Fonte: Blog do Miro
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domingo, 15 de setembro de 2013

A Cultura dos Marinhos

Os números não mentem: maioria quer democracia na mídia

Pesquisa revela que não é a qualidade que define a audiência das TVs, mas a falta de opção. E que, apesar da propaganda contrária da imprensa, a maioria quer a democratização da mídia. A pesquisa revela como é enganosa a afirmação de que a TV mostra o que as pessoas querem ver.


(*) Publicado originalmente na edição de setembro da Revista do Brasil

O debate em torno da democratização da comunicação acaba de ganhar um reforço importante. Uma pesquisa sobre o tema promovida pela Fundação Perseu Abramo permite agora discutir o papel da mídia em cima de dados concretos. Sabia-se, por exemplo, que a TV aberta – apesar do avanço da internet – continuava sendo o meio mais utilizado pelos brasileiros para informação e entretenimento. Agora temos números: 94% fazem isso, 82% deles todos os dias.

À frente da internet e dos jornais, empatados em 43%, está o rádio, com 79% (69,2% ouvem diariamente). Presente nas regiões mais remotas do país e nas grandes cidades, sua voz é ouvida por ribeirinhos na Amazônia e pelos motoristas presos nos congestionamentos urbanos, com uma força político-eleitoral que ainda está para ser medida.

A pesquisa teve caráter nacional e ouviu 2.400 pessoas, com margem de erro que varia de dois a cinco pontos percentuais. Soube-se por ela que 57% dos brasileiros leem jornais, mas quase a metade (46,2%) só lê o do bairro ou da cidade em que mora. Muito atrás aparece o segundo jornal mais lido: o Extra, com 5,9%. Os jornalões – Folha de S.Paulo (4,5%), O Globo (3,1%) e O Estado de S. Paulo (3%), com leitores concentrados no Sudeste – revelam não ter a projeção nacional por eles apregoada. Entre as revistas o dado é preocupante: 76% leem esse tipo de publicação, dos quais 50,2%, a Veja.

Conhecendo a linha editorial da revista fica clara a necessidade de uma alternativa capaz de contrabalançar os efeitos negativos que ela causa à sociedade.

Na internet, o Facebook (38,4%) e o Twitter (25,5%) são os preferidos dos brasileiros. Os portais de notícias – Globo (16,7%), UOL (12,6%), Terra (7,3%) – vêm depois: seis em cada dez entrevistados dizem buscar informações e notícias nesses sites, reforçando a convicção de que a internet é responsável pelo declínio dos jornais impressos.

Quanto ao conteúdo, não há uma percepção de que os meios de comunicação, quando tratam de política e economia, defendam os interesses da população. Só 7,8% acreditam nisso. Os demais dizem que eles defendem os interesses dos próprios donos (34,9%), dos que têm mais dinheiro (31,5%) e dos políticos (20,6%).

Em relação à TV, a pesquisa concretiza o que os estudiosos já inferiam. A maioria dos brasileiros (71,2%) não sabe que as emissoras de rádio e TV são concessões públicas. E quando passam a ser perguntados sobre o que veem na tela mostram uma clareza maior: 43% dizem não se ver representados na TV e 25% se consideram retratados negativamente. Grande parte avalia às vezes ou quase sempre como desrespeitoso o tratamento dado à mulher (64%), aos nordestinos (63%) e aos negros (66%) nos programas das emissoras.

O remédio está na regulação dos meios. Os entrevistados concordaram com essa necessidade, mostrando que a campanha sistemática da mídia, comparando regulação à censura, surte pouco efeito. Deveria haver mais regras para o funcionamento das TVs para 71%. E na opinião de 77,2% deveriam ser estabelecidas e aplicadas por um órgão ou conselho representativo da sociedade, como ocorre em vários países democráticos.

A maioria (entre 50,9% e 65,8%) se manifestou contra a veiculação de palavrões, a exposição gratuita do corpo da mulher, de imagens de cadáveres, de crueldade com animais, de nudez e sexo, violência e morte e de uso de drogas. Também se mostrou contrária a cenas de violência e de humilhação de gays e lésbicas, assim como ao humor que ridiculariza as pessoas. E mais: 88,1% não querem propaganda de bebida alcoólica na TV.

São dados que não aparecem no Ibope e não têm nada a ver com audiência. A pesquisa revela como é enganosa a afirmação de que a TV mostra o que as pessoas querem ver. Veem, na verdade, por falta de opção ou para não deixar a casa silenciosa.
Fonte: CARTA MAIOR
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A alma pequena dos leitores da ‘grande’ mídia


Que tipo de leitores a mídia está atraindo? Um bom exercício para responder a esta questão, como repararam amigos do Diário, é a mera leitura dos comentários deixados nos seus sites.

Tinha feito isso algumas semanas atrás com os blogs da Veja. Notei, ali, que Reinaldo Azevedo atraía leitores tão repulsivos quanto aquilo que ele escreve. O mesmo quadro vale para os outros dois colegas de Azevedo, Augusto Nunes e Ricardo Setti.

Em outros grandes títulos da mídia, não é diferente. As manifestações sobre a morte de Gushiken em sites como o da Folha e o G1 têm sido simplesmente pavorosas.

Você lê aquilo e pensa: o brasileiro tem uma alma tão grotesca? Ou é a mídia que atrai hoje um tipo de gente sem qualquer grandeza moral?

Se você avalia os brasileiros pelos leitores da mídia, é obrigado a classificá-los como mesquinhos, desapiedados, raivosos, preconceituosos e fanatizados. Para usar uma personagem de nossos dias, são o oposto de, por exemplo, o Papa Francisco.

Somos isso mesmo?

Um comentário posto no G1 simboliza a alma de seus leitores: “Bandido bom é bandido morto”. Havia centenas de outros na mesma linha.

No site da Folha, uma amostra: “Em enterro de verme só vermes participam.” Curiosamente, um comentário na Folha foi removido sob a alegação de que feria as “regras da casa”.

É difícil imaginar o que esteja fora das regras quando você lê uma coisa assim: “Desculpem a impaciência, mas … quando vão chamar o Lula? O que esse hospital deve estar gastando com produto de limpeza …”

Tenho para mim que esta é uma fração dos brasileiros, e cada vez menor. Se não fosse assim, Serra – a grande esperança branca desse tipo de gente — seria presidente da República ou, ao menos, prefeito de São Paulo. E Joaquim Barbosa seria seu sucessor, numa chapa com Gilmar Mendes. (O STF na versão inicial sob JB, aliás, representava juridicamente aquele lamentável tipo de brasileiro.)

A mídia tradicional tem sérios problemas, como o Diário vem apontando com frequência.

A atração que exerce – não à toa – sobre brasileiros de caráter ruim é um deles.
Fonte: CONVERSA AFIADA
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Taí um perfil bem interessante daquilo que chamamos de velha imprensa ou PIG - partido da imprensa golpista. 
É a mesma coisa, pois é velha, decadente e golpista.
Agora já se tem dados objetivos, fruto de uma pesquisa de opinião, sobre o que a população pensa sobre a velha imprensa, isso no tocante a criação de um novo marco regulatório para os meios de comunicação.
Apesar do bloqueio , e até mesmo censura, que a velha imprensa impõe a discussão sobre a democratização da mídia, a população deseja uma revisão completa nos meios de comunicação.
Mais uma vez fica claro e transparente que a opinião publicada pela velha imprensa não reflete a opinião da população.
Isso é muito bom.
Sinal de amadurecimento da população quanto ao papel da imprensa e de seu aparato midático na vida das pessoas.
Por outro lado, mas ao lado da democratização da mídia que a população deseja,  ficou mais fácil, com o advento das redes sociais, identificar rapidamente o tipo de leitor e telespectador da velha imprensa e de seu aparato midático.
A velha imprensa talhou, em seus leitores e telespectadores, um tipo de caráter bem definido, que se revela no pensamento e ações dessas pessoas.
As críticas agressivas e violentas a morte de Luiz Gushiken, que proliferam em portais do PIG e mesmo nas redes sociais, não são uma novidade do comportamento desses leitores talhados pelo conservadorismo reacionário, nem  também exclusividade de setores da direita, porém se manifestam em maior intensidade no campo conservador e retrógrado.
O perfil, o caráter e mesmo os valores dos leitores e telespectadores da velha imprensa e de seu aparato midático podem ser exemplificados, através de amostras objetivas, por pessoas desses veículos de comunicação.
Quem não ouviu Boris Casoy se referir à um gari da limpeza urbana como sendo o resto da escala social, justo no momento que o gari desejava a todos um feliz natal ?
Ou ainda, quando Willian Waack mandou a Presidenta Dilma calar a boca, quando viu sua imagem em um discurso?
Ou então Pedro Bial dizer, em alto e bom som, que o ballet é coisa de viado ?
Ou Catanhede  se referir ao povo como massa cheirosa e a chegada dos médicos cubanos como um navio negreiro ?
Ou ainda mais, a atriz global Luana Piovani mandar o Lula se tratar no SUS, quando o ex -presidente identificou sua doença ?
Esses exemplos, ainda existem muitos outros, revelam o tipo de caráter do universo da velha imprensa e de seu aparato midiático, suas crenças, mitos e valores, tanto de seus propritários com de seus funcionários.
E é exatamente esse tipo de caráter que é assimilado por uma parcela da população.
É fácil identificar as pessoas talhadas pelo PIG.
Via de regra são extremamente agressivas, seja nas relações interpessoais,  seja no trânsito e em outras situações.
Com a chegada das redes sociais, eles são bem fáceis de serem identificados, quase sempre por conta de seus comentários.
São racistas, xenófabos, preconceituosos, e com limites bem estreitos no tocante a compreensão da realidade e também na aceitação da diversidade e da complexidade social.
Acreditam, pois assim foram talhados pela velha imprensa, que somente a sua visão da realidade é a correta e qualquer tema que contrarie suas crenças deve ser rejeitado com violência, seja na política, na religião ou mesmo entre eles no momento de comprar, em seus templos do consumo, seu bichinho de pelúcia favorito.
Na sociedade são os maiores corruptos, pois entendem que por serem  melhores que os demais  não devem se sujeitar as regras  democráticas, e para isso utilizam sempre artifícios para corromper as pessoas em benefício próprio , seja pagando para conseguir um lugar em uma prosaica fila de atendimento, seja pagando para conseguir um concessão de rádio ou de tv.
São em essência anti-democráticos e sempre que surgir uma oportunidade , procuram mudar a regra do jogo e se necessário for, pelo grito ou pela força.
Acreditam que a força e a violência são os motores da história, e ignoram qualquer  debate  que seja conduzido pela razão.
Ao mesmo tempo que são violentos  e agressivos, são medrosos e hipocondríacos,  se sujeitando , caso tenham recursos financeiros para tal ,a todo tipo de tratamentos com medicamentos pesados para a cura de seus imaginários, irreais e até mesmo infantis problemas de saúde.
Costumam ter medos de insetos, chegando mesmo a desmaios com a presença dos segmentados.
No campo das artes, preferem os filmes de ação e violência, de preferência com poucos debates e muitas cenas de coisas explodindo e indo pelos ares.
Seu gosto musical se situa em músicas de fácil assimilação , onde possam aprendê-las na primeira audição.
Não leem livros e suas fontes de informação são , principalmente, os telejornais onde apreciam muito a 'seriedade' e a 'elegância' dos apresentadores, principalmente as mulheres  com seus cabelos impecávelmente alinhados.