sexta-feira, 1 de março de 2013

Aniversariantes - 1 e 448

Hoje, primeiro dia do mês de março, é aniversário da cidade do Rio de Janeiro.

O caos maravilha completa 448 anos.

Também é aniversário deste blogue.

A informação que não aparece na grande mídia, e ainda é censurada,  completa 1 ano.

Em um tempo da história  do caos maravilha, muitos veículos de mídia ficaram no escuro.

Hoje, muitos veículos da grande mídia censuram veículos menores.

Nada melhor que no aniversário do caos a cidade conviva com uma greve de ônibus.

Nada melhor que no aniversário da maravilha, sejam inaugurados na cidade novos espaços de cultura e entretenimento.

Estácio de Sá jamais poderia imaginar o que criou.

O carioca é um amante do calendário, vive fazendo planos para os dias de folga.

Em constante agitação , por conta da proximidade da chegada do horário de verão em outubro próximo, o carioca faz seus planos para os feriados de Zumbi e de Natal, além dos festejos no trem por conta do dia do samba.

A ansiedade é grande por conta dos desfiles das escolas de samba, já que todas discutem seus enredos.

A cidade que idolatra o verão vive a expectativa da chegada de dezembro.

O Rio é um paradoxo em constante tensão.

Uma classe média alta, de discurso moderninho, porém extremamente careta , conservadora, elitista e racista.

Uma classe média baixa, de discurso conservador, porém extremamente tolerante.

Um cristo de braços abertos.

Um santo sangrando.

Uma beleza natural exuberante.

Uma poluição e um mau cheiro insuportáveis.

O samba de primeira tem pouco espaço.

A mediocridade de segunda ocupa todos os espaços.

O Rio é a melhor expressão do ser humano, contraditório por natureza.

Em sua constante ressonância entre os  opostos, o  Rio só encontra a unidade nas tragédias, e mesmo assim por pouco tempo.

Caótico, belo, escandaloso, anarquico, culto e debochado, o Rio ainda é um jovem adolescente com seus 448 anos.

No aniversário deste blogue o autor parabeniza a cidade.
Na Avenida Brasil, passageiros aguardam ônibus no ponto
A foto acima é de hoje 01.03.13, em um ponto de ônibus ( em greve) na Av. Brasil















Foto de hoje em protesto pelo aumento das passagens dos ônibus.









quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Massificação de meios de comunicação

Lula: por que a gente não
organiza a nossa mídia ?

“Nós sabemos o time que temos, o time dos adversários e o que eles querem fazer conosco”.


A  TVT - Tv dos Trabalhadores - é uma realidade.

O que falta para se tornar uma realidade nacional ? 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Pensar e Construir

A Itália à beira da ingovernabilidade

Em porcentagens absolutas, o vencedor é a centro-esquerda do Partido Democrático, mas os números desenham um futuro nebuloso. A Itália é, no momento, um país ingovernável. A Câmara de Deputados é da coalizão de centro-esquerda, mas o Senado pertence a Berlusconi. Isso trava praticamente todas as decisões que um futuro governo possa tomar. Todos os caminhos que restam são instáveis: formar um governo estável parece um milagre. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Roma.




Roma - A Itália colocou um pé na fronteira da ingovernabilidade. Ao final das eleições legislativas realizadas domingo e segunda-feira, o Partido Democrático, movimento de centro-esquerda liderado por Luigi Bersani, ganhou as eleições, mas não o poder. A direita ressuscitada de Silvio Berlusconi e a poderosa emergência de uma força política contestadora que cresceu fora dos esquemas tradicionais da prática política deixaram a tímida esquerda italiana com uma escassa maioria para governar. Ninguém sabe hoje quem estará no poder amanhã. A centro-esquerda de Pier Luigi Bersani obteve 29,75% dos votos na Câmara de Deputados. Com isso, consegue o abono de 55% das cadeiras em jogo que o sistema outorga ao ganhador. No entanto, o caminho para o governo tropeça no Senado, onde o Povo da Liberdade, do patético Silvio Berlusconi, em coalizão com a racista Liga do Norte, faz sombra ao PD com 28,96% dos votos. Logo em seguida vem o Movimento Cinco Estrelas, do comediante genovês Beppe Grillo, que obteve 25,5% na Câmara de Deputados e 23,7% no Senado. O atual presidente do Conselho italiano, Mario Monti, ficou distante com cerca de 11% dos votos e perde assim muitas possibilidades de respaldar a centroesquerda em um futuro governo de coalizão.

As eleições não resolveram o dilema italiano e muitos prognosticaram segunda-feira à noite um retorno às urnas para dirimir a incerteza. As duas maiores surpresas desse pleito foram protagonizadas pelo movimento Cinco Estrelas e por Silvio Berlusconi. O primeiro porque conseguiu atrair centenas de milhares de eleitores enojados com o sistema político. O segundo é, indiscutivelmente, a potência eleitoral que Berlusconi ainda detém. Após vinte anos de escândalos de toda índole e há apenas alguns meses de ter deixado o país à beira do abismo moral e financeiro, Berlusconi, segue sendo o árbitro da política nacional. Pior ainda, não é improvável que seja ele quem consiga governar. Acossado pela justiça, com denúncias de conteúdo sexual e acusações de corrupção, Berlusconi sai das urnas com um êxito angustiante. As pessoas seguem acreditando em que as enganou e as manipulou como ninguém. Entre a oferta da centro-direta apresentada por Mario Monti e a direita escandalosa do “Cavaleiro”, a Itália preferiu o último.

Em porcentagens absolutas, o vencedor é a centro-esquerda do Partido Democrático, mas os números desenham um futuro nebuloso. A Itália é, no momento, um país ingovernável. A Câmara de Deputados é da coalizão de centro-esquerda, mas o Senado pertence a Berlusconi. Isso trava praticamente todas as decisões que um futuro governo possa tomar. Todos os caminhos que restam são instáveis: formar um governo estável parece um milagre. Pode-se também pensar em um acordo entre Bersani e o movimento Cinco Estrelas, mas não para governar e sim para mudar a lei dos partidos e, com uma legislação menos diabólica como método, voltar a votar.

O grande herói da noite eleitoral é indiscutivelmente Beppe Grillo. Nela recai um poder que abre um rombo na sólida frente dos partidos de governo italianos. O comediante zombou daqueles que governam e desprezam a sociedade. A Itália ingressou na noite de segunda-feira no seleto grupo de países europeus que, ao cabo de processos eleitorais celebrados em plena crise, terminam com partidos anti-sistema que obtém resultados parlamentares consequentes. O caminho foi aberto pela Grécia no ano passado, quando o movimento da esquerda radical Syriza, dirigido por Alexis Tsipras, esteve a ponto de formar o governo e depois, nas novas eleições realizadas em maio, obteve cerca de 20% dos votos. Syriza ficou como a segunda força política da Grécia, na frente do histórico e corrompido partido socialista grego, Pasok.

Quase simultaneamente, na França, a Frente de Esquerda, de Jean-Luc Mélenchon protagonizou uma penetração eleitoral espetacular par uma formação praticamente nova e em cujo interior há desde socialistas dissidentes, anarquistas libertários, ecologistas e comunistas. De uma maneira distinta, mas com um resultado mais espetacular, a Itália entrou na dissidência política. O movimento Cinco Estrelas, liderado pelo humorista Beppe Grillo, se içou a níveis desafiadores frente a uma casta política que funciona como esses sistemas de irrigação automática: só vive para si mesma, para preservar suas prerrogativas e benefícios. Cinco Estrelas rompeu o esquema. Beppe Grillo estragou a festa dos partidos de governo: o Partido Democrático, de Luigi Bersani, e o Povo da Liberdade, do sobrevivente de todas as batalhas e golpes baixos nos últimos 20 anos, o ex-presidente do Conselho Silvio Berlusconi. Esse movimento é uma mistura ousada, uma espécie de “bíblia junto al calefón”, como diz a letra do célebre tango. Se perguntarem a qualquer italiano que decidiu votar neste partido que se define como uma “comunidade”, sua resposta é inequívoca: porque quero que as coisas mudem.

A mudança é, nas sociedades ocidentais, como a irrenunciável aspiração human ao amor. Algo desejado com uma permanência física e metafísica e sempre postergado por essa tendência à incrustação e ao imobilismo que caracteriza os partidos uma vez que se instalam no poder. Contestadora, aberta e declaradamente anti-sistema, Cinco Estrelas é exatamente igual ao slogan com o qual lançou sua campanha: “o Tsunami tour”. Um tsunami cuja verdadeira capacidade de ação e de construção ainda está por se ver. Disparatado para alguns, populista para outros, Cinco Estrelas, seja como for, é a demonstração de um cansaço infinito que se volta contra a política neste século XXI, uma empresa insaciável de mentiras, manipulações, enganos, uma indústria ao serviço de uma corporação de engravatados e não ao povo que foi tentado com propostas que jamais se cumpriram. A socialdemocracia moderada do presidente francês François Hollande é uma prova amável disso: palavras, palavras, palavras.

Beppe Grillo ingresso por essa brecha de desencanto, de orfandade representativa de uma sociedade onde 8 milhões de pessoas vivem com menos de mil euros por mês – é um índice baixo na Europa – e onde um em cada três jovens não tem trabalho. Força destruidora do sistema que se propõe reparar os esquecimentos interessados da governabilidade acomodada e corrigir o sacrifício a que o neoliberalismo europeu submete a milhões e milhões de indivíduos para não perder as suas já grandiosas margens de lucro. Melhor um milhão de desempregados a mais do que 3% de lucros a menos. Com um blog, uma conta no twitter e sem jamais ter pisado num canal de televisão em um país onde os políticos dão a vida para aparecer na frente das câmeras, Beppe Grillo conquistou as massas. Há alguns anos, este humorista genovês organizou o “Vaffanculo Day”, um dia de protesto global contra os políticos. Agora o Vaffanculo passou dos protestos ás urnas e a Itália entrou em uma incerta dissidência contra o sistema.




Mais um Passo

Mais um partido que se  apresenta contrário aos partidos políticos, a política econômica e a forma de democracia existente.

Cinco estrelas, é o nome dele.

Deve se juntar ao Partido Pirata europeu, ao movimento 15 M da Espanha, ao Occupy WS dos EUA, aos movimentos gregos de rejeição aos partidos políticos.

O que todos esses partidos e movimentos tem em comum ?

Todos, sem exceção, são contrários a democracia atual  e  exigem uma democracia participativa.

Também rejeitam os partidos e políticos que se apresentam como de esquerda e direita.

O caro leitor já deve ter percebido que se trata de um movimento mundial.

Há uma grande rejeição ao sistema mundo que ainda não foi corretamente canalizada pelos novos atores políticos e , esses novos partidos e movimentos são um passo, um grande passo, porém ainda não são a solução.

No momento  eles representam a negação do sistema atual.

Para explicar ao caro leitor, a situação atual pode ser comparada a de uma pessoa quando assume, admite, que é necessário efetuar uma mudança em sua vida.

O primeiro passo é  reconhecer que é necessária uma mudança.

O segundo passo é definir o caminho a seguir.

O terceiro é implementar e consolidar as mudanças.

A partir da década de 1990 muitos partidos de esquerda foram cooptados pelo neoliberalismo .

A medida que os povos de diversos países pelo mundo começaram a ficar desencantados com os governos neoliberias de direita ou de centro direita, os partidos de esquerda, já reciclados, chegavam ao poder. 

Essa regra não foi geral, mas durante esses vinte anos sempre se viu a alternância entre centro direita e centro esquerda no poder.

Depois  do estouro da crise de 2008 , os povos começam a dizer um Não ao sistema atual, seja por protestos nas ruas, seja através das urnas.

É o primeiro passo, reconhecer que é necessário uma mudança.

Os partidos e movimentos que conseguiram canalizar esse desejo, não apresentaram alternativas programáticas anti-sistema.

Todos , de uma forma ou de outra, estão dentro do sistema e, assim sendo, são úteis ao sistema enquanto vozes sob controle.

Em suas propostas quanto ao segundo passo,todos rejeitam ideologias, o que empobrece a discussão e a criação de alternativas sólidas de mudanças estruturais.

Não há vida dentro do sistema mundo atual e o segundo passo, necessariamente, deve passar por um rompimento com o neoliberalismo.

A construção de um modelo onde a cooperação com a natureza, a economia solidária, o rendimento real e a democracia participativa sejam os principais pilares não pode ser descartado.

Como já atingimos uma massa crítica suficiente para o primeiro passo ( a maioria rejeita o sistema mundo) o momento agora é de pensar e discutir as alternativas, definir o caminho a seguir.

A América Latina tem sido o lugar onde os países, uns mais outros menos, tem se afastado do neliberalismo e , com isso, mas não apenas devido a isso, vem obtendo bons resultados. 

O MAS ( Movimento ao Socialismo) da Bolívia é uma ótima referência  e pode servir de insumo.

Nessa estranha civilização decadente em que vivemos, onde todos devem ser iguais vivendo em guetos, o poder das grandes corporações de mídia atua de forma ordenada, mundialmente, construindo realidades delirantes, certezas impossíveis e saberes superficiais. 

Romper com a grande imprensa , seu aparato midiático de entretenimento e sua indústria cultural é indispensável para todo aquele que deseja construir um pensamento crítico.

Com um bom garimpo se pode encontrar entretenimento e informação de qualidade, fora do sistema mundo.
 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Escravo, Cadeirante, Obeso e Mijado

McDonald's pode ser multado em R$ 30 milhões por burlar lei trabalhista

Na última reunião com o MPT, a rede de fast food terá que apresentar uma proposta de fixação da jornada de trabalho dos funcionários e salário mínimo
25/02/2013

Sarah Fernandes,

A empresa Arcos Dourados, que administra 640 restaurantes da rede de fast food McDonald’s no país (75% do total), terá nesta segunda-feira (25) a última chance de apresentar ao Ministério Público do Trabalho uma proposta que regularize direitos trabalhistas dos funcionários, entre eles horários fixos e pagamento do salário mínimo. Caso as negociações não avancem, órgão pedirá multa de R$ 30 milhões por dano moral coletivo.
Já ocorreram outras duas reuniões, em outubro e novembro do ano passado, sem avanços na proposta. As denúncias contra a rede, que começaram em Pernambuco, concentram-se principalmente em irregularidades na jornada de trabalho. Além dos funcionários terem a chamada jornada variável móvel, na qual eles começam a trabalhar cada dia em um horário – o que os impede de realizar outras atividades –, para muitos o início da jornada começa a contar a partir o retorno do horário de almoço.
De acordo com investigações do MPT, o funcionário assina contrato de trabalho, mas não sabe qual é sua jornada nem o tempo diário de permanência na loja. Além disso, a rede é acusada de não pagar o salário mínimo e de proibir os funcionários de sair da loja durante o intervalo, o que faz com que eles sejam obrigados a fazer a refeição no local de trabalho.
A expectativa do Ministério Público, de acordo com a assessoria de imprensa, é que a empresa apresente uma proposta de regularização. Caso isso não ocorra, o órgão manterá ação civil pública em que pede R$ 30 milhões de multa por dano moral coletivo e ingressará com outras ações judiciais contra a rede.
A Arcos Dourados informou, via assessoria de imprensa, que fará as adaptações necessárias para cumprir as leis trabalhistas, caso se comprove necessário. Em nota, a empresa informou que é “há 14 anos consecutivos escolhida pelo Instituto Great Place to Work como uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil" e "é reconhecida por suas boas práticas trabalhistas e por cumprir todas as normas e legislações do país".
Foto: Michelle Amaral


Eu amo tudo isso



Mais uma do Mc Donald's.

Recentemente tivemos denúncias de funcionários sobre as péssimas condições de trabalho.

Uma funcionária que se acidentou durante o trabalho (tropeçou e caiu) teve sérios problemas em uma das pernas ficando inativa durante meses sem qualquer cobertura por parte do McDonald's.

A funcionária , mesmo em recuperação, deve ficar com sequelas por conta do acidente.

O caso está na justiça.
Era o seu primeiro emprego.

Um outro funcionário denunciou o McDonald's por ser o responsável  pela obesidade que ele adquiriu no tempo em que trabalhou na rede de lanchonetes.

Como os funcionários são obrigados a almoçar no local de trabalho, o rapaz, que ficou muitos anos por lá, engordou acima do normal e, devido a isso, passou a ter problemas de saúde como hipertensão  e distúrbios do sono.

Uma outra funcionária relatou que chegou a ser agredida, fisicamente, por um gerente.

Essas denúncias , relatadas acima, circularam na internete em sites como BRASIL DE FATO, REVISTA FORUM, VERMELHO, VI O MUNDO, CARTA MAIOR e TERRA, nos últimos meses.

Como de costume, os grandes veículos de imprensa, TV, rádio e jornais, ignoraram as denúncias e sequer relataram esses fatos, assim como pouquíssimas vezes são relatados problemas de abuso e trabalho escravo  nas emissoras de tv e em grandes jornais.

Para globo, veja, folha, estadão e outros seguidores menores, trabalho escravo e descumprimento da legislação trabalhista não são notícias.

Entende-se  o motivo da emissão.

Agora, em mais uma denúncia, temos o McDonald's sendo acusado de não pagar salário mínimo para seus funcionários e ainda não informar o horário de trabalho, usando da mão de obra de acordo com suas necessidades e também não computando o tempo em que o funcionário almoça como hora trabalhada.

Escravidão explícita.

Esse assunto tem pouca repercussão na sociedade de classe média alienada, que prefere se ocupar com o entretenimento das emissoras de tv e das "novidades" de Caras e Quem.

O boicote dos grandes meios de comunicação sobre o assunto se deve ao fato que empresas como McDonald's e outros sempre presentes em denúncias de escravidão de funcionários , são grandes anunciantes de emissoras de tv, rádios e jornais.

Cabe ainda lembrar que no mês de dezembro de 2012, o McDonald's foi acusado de amaciar suas carnes com a substância hidróxido de amônio, substância essa que confere um odor similar ao da urina humana

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O menino boliviano assassinado que pode morrer novamente

MORTE NA BOLÍVIA: UMA SUCESSÃO DE ERROS


qui, 21/02/13

por jecbjferraz |
Definitivamente, a morte do jovem torcedor do San Jose, na partida de ontem, pela Libertadores, entre a equipe boliviana e o Corinthians, não pode ser tratada, como insistem alguns, como mera fatalidade.
Trata-se, na verdade, de uma sucessão infindável de erros:
O Primeiro, de um “torcedor”( se é que tal rótulo se aplica ao caso), seja de que torcida for, que resolve levar ao estádio, ao invés de faixas e bandeiras, um sinalizador marítimo com tamanha capacidade explosiva;
O Segundo, da polícia local, que demonstrou não ser capaz de ofertar um nível mínimo de segurança, ao não identificar e apreender tal artefato durante a revista de ingresso no estádio. Como se atestou posteriormente, a fragilidade fiscalizatória foi de tal monta que, a despeito de se tratar de um material proibido, não foi este o único sinalizador que gozou de livre acesso ao interior do estádio;
O Terceiro erro deve ser imposto à Confederação Sulamericana que, historicamente, sempre se mostrou tolerante com atos de violência, tanto dentro, quanto fora de campo. Basta analisarmos o rigor que permeia os julgamentos dos atos de violência, perante a Justiça Desportiva brasileira, para que fique inequívoca a inércia do Tribunal Disciplinar da Conmebol, no que se refere ao combate à violência.
È óbvio, que o sentimento geral de impunidade muito contribui para elevação e repetição dos eventos de violência.
Por fim, o quarto erro é cometido por parte daqueles que, ocorrido o fato, defendem que o evento não passou de uma “triste fatalidade”.
Ora, fatalidade??
A morte de um torcedor, em conduta pacífica, dentro de um estádio de futebol, por ter sido alvejado por um sinalizador marítimo jamais pode ser rotulada como fatalidade, impondo-se a identificação e exemplar punição do responsável pelo evento.
Particularmente, a despeito do Art. 18 do Código Disciplinar da Conmebol até prever a possibilidade de exclusão da competição, do clube ao qual pertença o agressor , não sou favorável à aplicação de tal penalidade neste caso, se ficar efetivamente comprovado que o lançamento partiu da torcida corinthiana, isto porque:
- por ser a equipe brasileira visitante, não possuiu esta qualquer ingerência nas condições de segurança do estádio, não podendo ser responsabilizada pela evidente fragilidade na revista pessoal dos torcedores.
- tratou-se de um ato promovido de forma isolada por um ou alguns torcedores, não se mostrando portanto adequada, na minha opinião, a punição ao clube e, por conseguinte, a milhões de outros torcedores que, com absoluta certeza, repudiam integralmente o ato violento em questão.
Que o responsável seja identificado e severamente punido!

 Sinalizador a vista

O artigo acima vem do portal globo.com, da editoria de esportes.

A tv globo já entrou em campo, com todo o seu time ( o autor do texto é advogado) para defender seus interesses.

Como assim seus interesses, deve estar se perguntando o caro leitor.

Corinthians e Flamengo são garantias de audiência para a tv globo, sendo que o Corinthians com a conquista do mundial é garantia de grande audiência nesta edição da Copa Libertadores da América.

E garantia de grande audiência é faturamento bom; do bom diria chico tresoitão, grande filósofo da periferia.

No rastro do sinalizador a tv já começa a mexer suas peças e ontem no fantástico ( que em breve terá um formato de reality show. Será que o reality diretor gordinho está a frente do fantástico ? )  o suposto culpado por disparar o sinalizador se apresentou em público, declarando-se culpado.

Huuuuuumm.

E mais,o culpado é um menor de idade  e sendo assim não poderá ser extraditado para Bolívia.

Por aqui, caso ele confirme seu crime, cumprirá pena reeducativa sob proteção da mãe e  em pouco tempo estará novamente nos estádios de futebol, na sua torcida organizada e quem sabe, disparando sinalizadores.

A estratégia do Corinthians, que a tv globo e parte da imprensa abraçaram, e de apresentar uma série de irregularidades na CONMEBOL ( quem organiza o evento) tentando assim minimizar ou mesmo eliminar a punição da justiça Desportiva para o clube envolvido, no caso o Corinthians.

O caro leitor já percebeu que existe o caso policial ( assassinato de um menor no estádio) e o caso esportivo ( torcida do clube que promoveu a desordem culminando com o assassinato).

No caso policial, a história do menor de idade que se declarou culpado, alivia a vida dos doze torcedores presos na Bolívia, não prende ninguém em lugar nenhum e tudo volta como antes.

No caso esportivo se a estratégia do Corinthians e da tv globo colarem, ninguém é punido e tudo volta como antes.

E aí o caro leitor deve estar se perguntando se tudo isso é brincadeira.

De fato, parece , mas não é.

Antes fosse brincadeira, quem sabe que em sendo brincadeira o assassino fosse punido e o Corinthians sofresse uma punição exemplar.
.
Os patrocinadores da globo e da fox não se preocupam com mortes e  com regras do desporto, e é provável que disparem mais um sinalizador no menino morto.

O mel que Atravessou o Samba


O sumiço das abelhas

Conhecido cientificamente como Desordem do Colapso das Colônias, esse fenômeno já virou um problema nos EUA e na Europa, inclusive para a polinização de culturas comerciais como a soja e o milho. Autoridades sanitárias suspeitam que o problema é gerado pelos inseticidas, apesar da negativas das grandes companhias de agroquímicos. O artigo é de Najar Tubino

O nome científico é Desordem do Colapso das Colônias, traduzido do inglês. Um fenômeno que ganhou relevância nos Estados Unidos, particularmente, na Califórnia em 2006, quando milhões de colmeias desapareceram. O cálculo do sumiço em 27 estados era de 1,4 milhão de colmeias para um total de 2,5 milhões. As abelhas não morrem, elas somem. Não deixam rastro. É como no navio fantasma Maria Celeste, cuja tripulação sumiu em 1872, daí chegaram a apelidar o evento de “Maria Celeste”.

O problema aumentou quando o sumiço atingiu vários países da Europa, incluindo, Alemanha, França, Espanha, Portugal, Suíça, entre outros. Começaram a levantar as causas do problema. Das antenas de celulares, ao estresse de percorrer milhares de quilômetros transportando abelhas dentro de caminhões acompanhando as safras de várias culturas. Das 250 mil espécies de plantas com flores, 90% são polinizadas por animais, na maioria insetos, e na sua maioria abelhas – cálculo de 40 mil espécies no mundo, três mil no Brasil.

A polinização das plantas é obrigatória para a reprodução, enfim, garante a continuidade da espécie, a variedade genética e, principalmente, a produtividade. É o caso da maioria das culturas comerciais, como soja, milho, a maioria das frutas. Enfim, calculando em dinheiro o valor atinge US$200 bilhões no mundo inteiro, US$40 bilhões nos Estados Unidos. Em janeiro desse ano, as autoridades sanitárias da Europa (EFSA), controla a segurança dos alimentos, determinou que fossem submetidos a exames detalhados três inseticidas, da classe dos neonicotinoides (origem da nicotina), fabricados pela Bayer – clotidianidina e imidacloprida – e tiametoxan, da Syngenta.

Inseticidas suspeitosA EFSA argumenta que os inseticidas por meio de resíduos na terra, no néctar e pólen são alto e grave risco para as abelhas na forma pelo qual são aplicados em cereais, algodão, canola, milho e girassol, entre outras plantas. O órgão regulador determinou a avaliação de risco muito mais abrangente para o caso das abelhas e introduziu um nível mais alto de atenção na interpretação dos estudos de campo, ressaltando que não tem dados para concluir que os inseticidas contribuem para o colapso das colônias. Mesmo assim países como Itália, França, Alemanha e Eslovênia proibiram o suspenderam o uso dos venenos.

A Syngenta divulgou uma declaração de que “esse relatório não é digno da EFSA e seus cientistas”. Já a Bayer, que fatura 800 milhões de euros com os neonicotinoides, informou que os produtos químicos não causam danos as abelhas se usados da maneira pela qual foram aprovados na Europa. Existem 18 casos relatados na literatura mundial de mortandade de abelhas, segundo os pesquisadores Maria Cecília de Lima e Sá de Alencar Rocha, em um amplo estudo publicado no ano passado pelo IBAMA, chamado “Efeitos dos Agrotóxicos sobre abelhas silvestres no Brasil”.

“O que diferencia essa ocorrência é que as chamadas escoteiras ou exploradoras não estão retornando às colmeias, mas deixando para trás a ninhada (abelhas jovens), a rainha e talvez um pequeno grupo de adultos, provocando o enfraquecimento da colônia. Além disso, não são encontradas abelhas mortas dentro do ninho, nem ao redor das colmeias”, registra o trabalho dos pesquisadores.

Mais interessante é que as colmeias não são saqueadas por outros insetos, como formigas ou besouros. Também é importante ressaltar que as abelhas, que existem há 60 milhões de anos, formam um sistema mutualista com os vegetais , seguramente, é um dos sistemas mais importantes de suporte da vida no planeta. O físico Albert Einstein deu uma declaração há muitos anos, dizia o seguinte:

“No dia em que as abelhas desaparecerem do globo, o homem não terá mais do que quatro anos de vida”.

Um estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard realizado em Wocester Country, Massachussets, com 20 colmeias, usando aplicação dos inseticidas citados, determinou que a partir da 23ª semana, 15 de 16 colmeias tinham desparecido. Usaram uma dosagem do inseticida menor do que a encontrada no ambiente. O Programa de Meio Ambiente da ONU (PNUMA) apresentou um relatório sobre o caso e 2011, também faz referência ao uso indiscriminado de agrotóxicos no mundo.

Circula com a seiva

Claro, o desmatamento também é outra causa. Nos últimos anos, mais de 100 milhões de hectares de floresta foram perdidos no mundo, se contar outros usos das terras, a agricultura avançou em quase 500 milhões de hectares. Dos 13,066 bilhões de hectares ela ocupa 38,3%. Mas também está mais do que evidente que o consumo de agrotóxicos aumentou muito mais do que a área expandida da agricultura.

Os neonicotinoides são considerados uma classe de inseticidas que agride menos o meio ambiente, comparado com os organofosforados, piretroides e carbamatos. Mas a função dele é matar insetos. Todos eles. Além disso, tem ação sistêmica, ou seja, ele se espalha pela planta e atinge a seiva e passa a percorrer todo o organismo. Outro ponto: os agricultores fazem tratamento das sementes com os inseticidas. Isso significa que, ao germinar, a planta já traz o veneno na seiva, contaminando o pólen e o néctar, alimento das abelhas e das suas crias.

No Brasil não existe avaliação sobre colapso ou contaminação de colmeias. Existem muitos casos registrados em vários estados, como o Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas e São Paulo. Todos ligados a produção de colmeias localizadas nas cercanias de áreas agrícolas, como soja, cana ou milho. O presidente da Federação Internacional de Apicultura, Gilles Ratia, diz que no Brasil em função do uso indiscriminado de agrotóxicos a perda das colônias atinge 5 a 6%, das cerca de dois milhões de colmeias consideradas, um número em torno de 350 mil apicultores. Esta é uma atividade da agricultura familiar no Brasil, e o grande crescimento ocorre no nordeste, onde a atividade cresceu 290% nos últimos anos. O Piauí é o segundo produtor nacional de mel, com quase cinco mil toneladas, atrás do RS, que produz quase oito mil toneladas. Os dados são do SEBRAE, de 2009.

Perde o rumo
Entretanto, nos países desenvolvidos a taxa de mortandade por contaminação de agrotóxicos alcança 40%, segundo Gilles Ratia.

A abelha “apis mellifera” é a espécie mais usada na polinização, principalmente das culturas comerciais. É um inseto social, que trabalha coletivamente e de forma organizada. É capaz de voar quase três quilômetros em volta da colônia. Ela avisa suas companheiras sobre o local onde está a fonte de alimentação, através de uma dança circular, e também por contato olfativo. Qualquer interferência nesse processo, ela perde a referência, não informa suas companheiras e, como está acontecendo agora, não memoriza o local da colmeia. Perde o rumo.

É conhecido internacionalmente o poder de fogo dos venenos usados nas plantações comerciais. O objetivo deles é atingir o sistema nervoso dos insetos. Por um motivo simples: eles foram fabricados para matar humanos, e o ponto central, era atingir o sistema nervoso. O sujeito contaminado entra em convulsão e morre rápido. O veneno penetra no espaço entre as células e acelera o processo, devido à transmissão contínua e descontrolada dos impulsos nervosos. O sistema nervoso central entra em colapso.

O Brasil que é o campeão no uso de agrotóxicos com mais de um milhão de toneladas de consumo, sem contar o que entra contrabandeado. Até a aprovação da lei que regulamenta o uso desses venenos em 1989, as indústrias registravam os produtos com uma facilidade enorme, inclusive muitos já proibidos nos países de origem das mesmas empresas, como Estados Unidos e Alemanha. Aliás, ainda durante a ditadura, quando ocorreu a ocupação do Centro-Oeste e parte da Amazônia existia um Plano Nacional de Defensivos Agrícolas. O agricultor que procurava crédito rural destinava 20% na compra de insumos técnicos, como fertilizantes, venenos e sementes industriais.

Flores em Nova Friburgo
Agora, há quase três anos a ANVISA tenta reavaliar 14 princípios ativos desses agrotóxicos. Conseguiu banir um (tricloform), e outro já proibido em vários países – metamidofós -, está para ser banido. Mas o SINDAG, que representa as maiores indústrias recorreu na justiça, e nove ainda estão impedidos de ser reavaliados. Incluindo o glifosato, que foi aprovado como um agrotóxico classe IV, de baixa toxicidade.

Para completar o caso do sumiço das abelhas, vou citar alguns dados do trabalho de mestrado em saúde pública da pesquisadora da Fiocruz, do Rio de Janeiro, Marina Favrin Gasparini, sobre trabalho rural e riscos socioambientais, na região de Nova Friburgo, onde aconteceu a tragédia conhecida, com o desmoronamento de parte da serra. Ela morou na região e fez a pesquisa, entrevistando muitos produtores, todos pequenos, propriedades em média de 1 a 12 hectares, após o acidente. A região serrana do Rio de Janeiro é o segundo maior polo produtor de flores do país, atrás de Holambra, em São Paulo. Também é um dos maiores na produção de hortigranjeiros, como tomate e couve-flor.

Tem um dos maiores índices de aplicação de agrotóxicos por área e por trabalhador, é cinco vezes maior que a média do Sudeste e 18 vezes a média do estado- 56,5kg por trabalhador rural/ano. Segundo levantamento da empresa de pesquisa agropecuária do Rio – PESAGRO -, dos 32 agrotóxicos mais usados, 17 sofrem restrições em outros países, oito já foram proibidos. “Elevados índices de contaminação ambiental e humana foram encontrados nessa região, como decorrência do uso intensivo destes agentes químicos”, registra a pesquisadora.

Rosa fluminense envenenada
Começando pelo deslizamento, dos 657 pontos vistoriados na região serrana pelo Ministério do Meio Ambiente, 92% já tinham sofrido algum tipo de alteração, somente 8% mantinham mata nativa original. A produção de flores iniciou em Nova Friburgo na década de 1950, por descendentes de suíços e alemães que ocuparam a região desde 1819. Mas ganhou forma depois dos anos 1970, quando a Holanda, maior produtor mundial de flores – 85% da Europa -, começou a implantar polos nos países latinos. Casualmente, logo depois que o livro de Rachel Carson sobre os efeitos dos venenos no ambiente e para a saúde humana foi publicado. A Holanda, se considerarmos o uso de agrotóxicos per capita e por área, é a campeã no uso.

As flores mais produzidas são de clima temperado – rosa, crisântemo e palma. Mas outras 30 variedades são produzidas. Também mudas de rosa. Com toda a beleza, a cultura da rosa é a que mais aplicações recebe. No mínimo, uma por semana, no verão, quando os insetos e fungos atacam mais, de duas a três aplicações por semana. Trata-se de uma produção familiar onde todos os membros da família estão expostos. Os produtores, em função do envolvimento intensivo na produção e comercialização, compram os produtos dos representantes da indústria ou das casas comerciais da cidade. Ganham em troca análise de solo baratinho, ou de graça.

Não reconhecem o risco de usar os agrotóxicos. Vários dos entrevistados sentiram problemas de contaminação, mas não chegam a registrar o caso. Procuram atendimento médico em último caso. É assim em todo lugar. A indústria além de fabricar o veneno, ainda joga no usuário o problema da contaminação. É sempre ele o culpado. Nova Friburgo é cortada por três rios e está integrada em duas zonas de conservação permanente- Macaé de Cima e o Parque Estadual Três Picos.

Pegando esse gancho, vou sugerir aos sambistas da Vila Isabel, que receberam R$3,5 milhões da BASF, para produzir o samba enredo campeão do carnaval carioca de 2013, que se inspirem em outro tema para 2014. Quem sabe: “a rosa fluminense envenenada”. A BASF comemorou como ninguém o campeonato do carnaval. O patrocínio “faz parte de uma estratégia maior da companhia em ações de valorização do produtor rural, conseguimos levar nossa mensagem a uma audiência enorme”, como declarou ao site da empresa, o vice-presidente da Unidade de Proteção de Cultivos, Maurício Russomano, como eles chamam a unidade que vende inseticidas, fungicidas e herbicidas, e faturou em 2011, 4,1 bilhões de euros. Ela é líder mundial na venda de “defensivos agrícolas”, como eles chamam os venenos.



Um excelente e esclarecedor artigo.

Devemos lutar para banir os agrotóxicos da agricultura., o que será uma tarefa árdua, pois o agronegócio responde por uma parcela significativa na pauta das exportações e o governo não quer mexer nessas questões.

Quanto ao comentário sobre o samba, aí o autor atravessou. 

Cabe lembrar que no ano de 2006, a mesma Vila Isabel, ganhou o campeonato com um enredo que cantava a Latinidade, a Integração das Cores. 

A escola foi patrocinada pela PDVSA, petroleira, e ninguém criticou ou pediu um novo enredo sobre as contaminações ao meio ambiente que as indústrias de petróleo promovem e já promoveram em nuestra américa. 

Que diga a PETROBRÁS, uma grande poluidora e que durante um certo período foi a salvação, em termos de patrocínio, para a sobrevivência de CARTA MAIOR. 

No ano seguinte, em 2007, a PDVSA continuou patrocinando a Vila Isabel, sem que o enredo da escola abordasse temas da Venezuela ou do petróleo. 

A questão que se impõe é sobre investimentos e patrocínios éticos. 

É ético a Igreja católica aplicar em ações de empresas fabricantes de armamentos ? 

E o que dizer do patrocinio da NIKE, na camisa da seleção brasileira ? 
Logo a NIKE que é acusada de trabalho escravo, similar a campos de concentração, na Ásia, para fabricar seus produtos. 

Será que o autor do texto e alguns comentaristas comem um sanduiche no MAC DONALDŚ, acusado de trabalho escravo no Brasil ? 

Mirando a Vila Isabel, uma das poucas escolas de samba do RJ que ainda mantêm um comportamento crítico, estaria o autor incentivando enredos patrocinados por Revista Caras ( Salgueiro), Rock in Rio ( mocidade) e Novelas da Globo ( São Clemente ) ?

Cabe lembrar que depois do título em 2006, a Vila Isabel teve os seguintes enredos:
- 2007 - Metamorfoses. Um enredo que falava de mudanças;
- 2008 - As conquistas da Era Vargas - O mundo do Trabalho, a Carteira de
             Trabalho;
- 2009 - O Teatro Municipal do Rio de Janeiro:
- 2010 - O centenário de nascimento de Noel Rosa;
- 2011-  O cabelo ( aí com patrocínio da indústria de comésticos );
- 2012 - Semba de lá que eu sambo de cá- Angola e as raízes.
- 2013 - Um dia na vida do homem do campo. Brasil, celeiro do mundo.

A questão do patrocínio é fundamental para a sobrevivência das escolas de samba e é importante que cada uma se utilize a sua maneira.

Deploráveis são os casos de pessoas  que pagam para serem enredos em escolas, como foi o caso da apresentadora Angélica, da tv globo, que queria , a qualquer custo, ser homenageada.

A Imprensa que Reza na Zona


A Igreja-instituição como “casta meretriz”

23/02/2013

Leonardo Boff
Quem acompanhou o noticiário dos últimos dias acerca dos escândalos dentro do Vaticano, trazidos ao conhecimento pelos jornais italianos “La Repubblica” e o “La Stampa”, referindo um relatório com trezentas páginas, elaborado por três Cardeais provectos sobre o estado da cúria vaticana deve, naturalmente, ter ficado estarrecido. Posso imaginar nossos irmãos e irmãs piedosos que, fruto de um tipo de catequese exaltatória do Papa como “o doce Cristo na Terra” devam estar sofrendo muito, pois amam o justo, o verdadeiro e o transparente e jamais quereriam ligar sua figura a notórios malfeitos de seus assistentes e cooperadores.
O conteúdo gravíssimo destes relatórios reforçaram, no meu entender, a vontade do Papa de renunciar. Ai se comprovava uma atmosfera de promiscuidade, de luta de poder entre “monsignori”, de uma rede de homossexualismo gay dentro do Vaticano e desvio de dinheiro do Banco do Vaticano. Como se não bastassem os crimes de pedofilia em tantas dioceses que desmoralizaram profundamente a instituição-Igreja.
Quem conhece um pouco a história da Igreja – e nós profissionais da área temos  que estuda-la detalhadamente- não se escandaliza. Houve épocas de verdadeiro descalabro do Pontificado com Papas adúlteros, assassinos e vendilhões. A partir do Papa Formoso (891-896) até o Papa Silvestre (999-1003) se instaurou segundo o grande historiador Card. Barônio a “era pornocrática” da alta hierarquia da Igreja. Poucos Papas escapavam de serem depostos ou assassinados. Sergio III (904-911) assassinou seus dois predecessores, o Papa Cristóvão e Leão V.
A grande reviravolta na Igreja como um todo, aconteceu, com consequências para toda a história ulterior, com o Papa Gregório VII em 1077. Para defender seus direitos e a liberdade da instituição-Igreja contra reis e príncipes que a manipulavam, publicou um documento que leva este significativo título “Dictatus Papae” que literalmente traduzido significa “a Ditadura do Papa”. Por este documento, ele assumia todos os poderes, podendo julgar a todos sem ser julgado por ninguém. O grande historiador das idéias eclesiológicas Jean-Yves Congar, dominicano, considera a maior revolução acontecida na Igreja. De uma Igreja-comunidade passou a ser uma instituição-sociedade monárquica e absolutista, organizada de forma piramidal e que vem até os dias atuais.
Efetivamente, o cânon 331 do atual Direito Canônico se liga a esta compreensão, atribuindo ao Papa poderes que, na verdade, não caberiam a nenhum mortal, senão somente a Deus: ”Em virtude de seu ofício, o Papa tem o poder ordinário, supremo, pleno, imediato, universal” e em alguns casos precisos, “infalível”.
Esse eminente teólogo, tomando a minha defesa face ao processo doutrinário movido pelo Card. Joseph Ratzinger em razão do livro “Igreja:carisma e poder” escreveu um artigo no “La Croix” (8/9/1984) sobre o “O carisma do poder central”. Ai escreve:”O carisma do poder central é não ter nenhuma dúvida. Ora, não ter nenhuma dúvida sobre si mesmo é, a um tempo, magnífico e terrível. É magnífico porque o carisma do centro consiste precisamente em permanecer firme quando tudo ao redor vacila. E é terrível porque em Roma estão homens que tem limites, limites em sua inteligência, limites em seu vocabulário, limites em suas referencias, limites no seu ângulo de visão”. E eu acrescentaria ainda limites em sua ética e moral.
Sempre se diz que a Igreja é “santa e pecadora” e deve ser “sempre reformada”. Mas não é o que ocorreu durante séculos nem após o explícito desejo do Concílio Vaticano II e do atual Papa Bento XVI. A instituição mais velha do Ocidente incorporou privilégios, hábitos, costumes políticos palacianos e principescos, de resistência e de oposição que praticamente impediu ou distorceu todas as tentativas de reforma.
Só que desta vez se chegou a um ponto de altíssima desmoralização, com práticas até criminosa que não podem mais ser negadas e que demandam mudanças fundamentais no aparelho de governo da Igreja. Caso contrário, este tipo de institucionalidade tristemente envelhecida e crepuscular definhará até entrar em ocaso. Os atuais escândalos sempre houveram na cúria vaticana apenas que não havia um providencial Vatileaks para  trazê-los a público e indignar o Papa e a maioria dos cristãos.
Meu sentimento do mundo me diz que  estas perversidades no espaço do sagrado e no centro de referencia para toda a cristandade – o Papado – (onde deveria primar a virtude e até a santidade) são consequência desta centralização absolutista do poder papal.  Ele faz de todos vassalos, submissos  e ávidos por estarem fisicamente perto do portador do supremo poder, o Papa. Um poder absoluto, por sua natureza, limita e até nega a liberdade dos outros, favorece a criação de grupos de anti-poder, capelinhas de burocratas do sagrado contra outras, pratica  largamente a simonía que é compra e venda de vantagens, promove  adulações e destrói os mecanismos da transparência. No fundo, todos desconfiam de todos. E cada qual procura a satisfação pessoal da forma que melhor pode. Por isso, sempre foi problemática a observância do celibato dentro da cúria vaticana, como se está revelando agora com a existência de uma verdadeira rede de prostituição gay.
Enquanto esse poder não se descentralizar e  não outorgar mais participação de todos os estratos do povo de Deus, homens e mulheres, na condução dos caminhos da Igreja o tumor causador desta enfermidade perdurará. Diz-se que Bento XVI passará a todos os Cardeais o referido relatório para cada um saber que problemas irá enfrentar caso seja eleito Papa. E a urgência que terá de introduzir radicais transformações. Desde o tempo da Reforma que se ouve o grito: ”reforma na Cabeça e nos membros”. Porque nunca aconteceu, surgiu a Reforma como gesto desesperado dos reformadores de fazerem por própria conta tal empreendimento.
Para ilustração dos cristãos e dos interessados em assuntos eclesiásticos, voltemos à questão dos escândalos. A intenção é desdramatizá-los, permitir que se tenha uma noção menos idealista e, por vezes, idolátrica da hierarquia e da figura do Papa e libertar a liberdade para a qual Cristo nos chamou (Galatas 5,1). Nisso não vai nenhum gosto pelo Negativo nem vontade de acrescentar desmoralização sobre desmoralização. O cristão tem que ser adulto, não pode se deixar infantilizar nem permitir que lhe neguem conhecimentos em teologia e em história para dar-se conta de quão humana e demasiadamente humana pode ser a instituição que nos vem dos Apóstolos.
Há uma longa tradição teológica que se refere à Igreja como casta meretriz,  tema abordado detalhadamente por um grande teólogo, amigo do atual Papa, Hans Urs von Balthasar (ver em Sponsa Verbi,  Einsiedeln 1971, 203-305). Em várias ocasiões o teólogo J. Ratzinger se reportou a esta denominação.
A Igreja é uma meretriz que toda noite se entrega à prostituição; é casta porque Cristo, cada manhã se compadece dela, a lava e a ama.
O  habitus meretrius da instituição, o vício do meretrício, foi duramente criticado pelos Santos Padres da Igreja como Santo Ambrósio, Santo Agostinho, São Jerônimo e outros. São Pedro Damião chega a chamar o referido Gregório VII de “Santo Satanás” (D. Romag, Compêndio da história da Igreja, vol 2, Petrópolis 1950,p.112). Essa denominação dura nos remete àquela de Cristo dirigida a Pedro. Por causa de sua profissão de fé o chama “de pedra”mas por causa de sua pouca fé e de não entender os desígnios de Deus o qualificou de “Satanás”(Evangelho de Mateus 16,23). São Paulo parece um moderno falando quando diz a seus opositores com fúria: "Oxalá sejam castrados todos os que vos perturbam”(Gálatas 5.12).
Há portanto, lugar para a profecia na Igreja e para a denúncias dos malfeitos que podem ocorrer no meio eclesiástico e também no meio dos fiéis.
Vou referir outro exemplo tirado de um santo querido da maioria dos católicos brasileiros, por sua candura e bondade: Santo Antônio de Pádua. Em seus sermões, famosos na época, não se mostra nada doce e gentil. Fez vigorosa crítica aos prelados devassos de seu tempo. Diz ele: “os bispos são cachorros sem nenhuma vergonha, porque sua frente tem cara de meretriz e por isso mesmo não querem criar vergonha”(uso a edição crítica em latim publicada em Lisboa em 2 vol em 1895). Isto foi proferido no sermão do quarto domingo depois de Pentecostes ( p. 278). De outra vez,  chama os prelados de “macacos no telhado, presidindo dai o povo de Deus”(op cit  p. 348).  E continua:” o bispo da Igreja é um escravo que pretende reinar, príncipe iniquo, leão que ruge, urso faminto de rapina que espolia o povo pobre”(p.348). Por fim na festa de São Pedro ergue a voz e denuncia:”Veja que Cristo disse três vezes: apascenta e nenhuma vez tosquia e ordenha… Ai daquele que não apascenta nenhuma vez e tosquia e ordena três ou mais vezes…ele é um dragão ao lado da arca do Senhor que não possui mais que aparência e não a verdade”(vol. 2, 918).
O teólogo Joseph Ratzinger explica o sentido deste tipo de denúncias proféticas:” O sentido da profecia reside, na verdade, menos em algumas predições do que no protesto profético: protesto contra a auto-satisfação das instituições, auto-satisfação que substitui a moral pelo rito e a conversão pelas cerimônias” (Das neue Volk Gottes,  Düsseldorf 1969, p. 250, existe tradução português).
Ratzinger critica com ênfase a separação que fizemos com referencia à figura de Pedro: antes da Páscoa, o traidor; depois de Pentecostes, o fiel. “Pedro continua vivendo esta tensão do antes e do depois; ele continua sendo as duas coisas: a pedra e o escândalo… Não aconteceu, ao largo de toda a história da Igreja, que o Papa, simultaneamente, foi o sucessor de Pedro, a “pedra” e o “escândalo”(p. 259)?
Aonde queremos chegar com tudo isso? Queremos chegar ao reconhecimento de que a igreja- instituição de papas, bispos e padres, é feita de homens que podem trair, negar e fazer do poder religioso negócio e instrumento de autosatisfação. Tal reconhecimento é terapêutico, pois nos cura de toda uma ideologia idolátrica ao redor da figura do Papa, tido como praticamente infalível. Isso é visível em setores conservadores e fundamentalista de movimentos católicos leigos e também de grupos  de padres. Em alguns vigora uma verdadeira papolatria que Bento XVI procurou sempre evitar.
A crise atual da Igreja  provocou a renúncia de um Papa que se deu conta de que não tinha mais o vigor necessário para sanar escândalos de tal gravidade. “Jogou a toalha” com humildade. Que outro mais jovem venha e assuma a tarefa árdua e dura de limpar a corrupção da cúria romana e do universo dos pedófilos, eventualmente puna, deponha e envie alguns mais renitentes para algum convento para fazer penitência e se emendar de vida.
Só quem ama a Igreja pode fazer-lhe as críticas que lhe fizemos, citando textos de autoridade clássicas do passado. Quem deixou de amar a pessoa um dia amada, se torna indiferente à sua vida e destino. Nós nos interessamos à semelhança do amigo e  de irmão de tribulação Hans Küng, (foi condenado pela ex-Inquisição) talvez um dos teólogos que mais ama a Igreja e por isso a critica.
Não queremos que cristãos cultivem este sentimento de  de descaso e de indiferença. Por piores que tenham sido seus erros e equívocos históricos, a instituição-Igreja guarda a memória sagrada de Jesus e a gramática dos evangelhos. Ela prega libertação, sabendo que geralmente são outros que libertam e não ela.
Mesmo assim vale estar dentro dela, como estavam São Francisco, dom Helder Câmara, João XXIII e os notáveis teólogos que ajudaram a fazer o Concílio Vaticano II e que antes haviam sido todos condenados pela ex-Inquisição, como De Lubac, Chenu, Congar,  Rahner e outros. Cumpre  ajuda-la a sair deste embaraço, alimentando-nos mais do sonho de Jesus de um Reino de justiça, de paz e de reconciliação com Deu e do seguimento de sua causa e destino do que de simples e justificada indignação que pode cair facilmente no farisaísmo e no moralismo.
Mais reflexões desta ordem se encontram no meu Igreja: carisma e poder  (Record 2005) especialmente no Apêndice com todas a atas do processo havido no interior da ex-Inquisição em 1984.


 Inocentes úteis


Apesar da censura que sofre este blogue, no ocidente livre e democrático em que a imprensa e a liberdade de expressão são livres, recomendo aos meus leitores  a leitura do texto acima.

Um excelente e corajoso texto. 

Uma declaração de amor a Igreja.

Não uma declaração qualquer, hipócrita, dissimulada que apenas enxerga aquilo que deseja, mas uma visão realista do que é e representa a Instiutição Igreja.

Um texto que não caminha apenas pelo lado positivo de uma realidade desejada  e que também não é uma análise partidarizada da realidade ( como ocorre com a grande imprensa), apresenta um breve pefil da história da Igreja no tocante aos assuntos que hoje escandalizam uma grande parcela de católicos, que certamente não tinham conhecimento histórico dos fatos.

Um caminho pelo meio justo.

A grande imprensa do Brasil que sempre esteve ao lado da Instituição Igreja, por muitas vezes de forma incondicional, talvez se sinta envergonhada em aprofundar o debate sobre os fatos e a realidade que se impõe com o vazamneto dos escândalos.

Quando isso ocorre, ela, a grande imprensa, costuma acusar aqueles que insistem em debater a realidade como pessoas ou organizações que apenas  enxergam o lado negativo das coisas.

Chega a ser cômico pois quem , de fato, tem esse comportamento é a grande imprensa, principalmente quando suas orientações políticas, doutrinárias e mercantis, não são seguidas por governos, ou quando a realidade não pode ser omitida.

O melhor exemplo tem sido os anos dos governos populares e democráticos do PT, em que a grande imprensa e seu aparato midiático omitiram deliberadamente e diariamente os  avanços sociais, as realizações dos governos e as conquistas da sociedade.

A omissão é tanta, e sempre procurando o lado negativo e ruim da realidade, que o ex-presidente Lula certa ocasião disse que se algum pesquisador fizesse um estudo sobre esses dez anos de governos do PT, e para isso se utilizasse dos jornais impressos para a pesquisa, certamente iria encontrar um país falido, arrasado, mergulhado em um caos econômico e social e sem esperanças no futuro.

Hoje, quando o ideário político e conômico defendido a qualquer custo pela grande imprensa emite gigantescos e inequívocos sinais de falência e esgotamento e, também, quando o seu suporte moral e religioso afunda em escândalos de imoralidade onde a pederastia reina, essa imprensa prefere , como de costume, omitir os fatos e atacar os críticos que abordam a realidade.

Diante dos escândalos, jornais como o globo, odia, folha de SP, de uma forma ou de outra, mas sempre fiés a mesma essência, tentam desviar o foco da população sobre os problemas da realidade e desqualificar os críticos. 

Em alguns, no final de semana, tivemos manchetes em que padres acusam a internete e as redes sociais como um lugar de pecadores, tamanha é a quantidade de confissões, segundo padres, sobre práticas pecadoras na internete. 

Seria ridículo, se não fosse cômico, desviar o foco dessa maneira.

O caro leitor sabe muito bem, apesar da censura que este blogue sofre, que não sou contrário a nenhuma religião, mas deploro  todos aqueles que insistem em se apresentar como detentores do monopólio da fé. 

Infelizmente, a maioria das instituições religiosas tem esse comportamento e com isso, geram mais discordia, intolerância e violência entre povos e dentro de sociedades.

Qualquer cidadão pode se alimentar de diferentes correntes religiosas, desde que se dedique a estudá-las, e com isso não necessitar de intermediários com o sagrado.

A instituição igreja, em foco com os escândalos, não representa os católicos e ainda é uma grande foco de intolerância, atraso que pouco contribuiu para a vida das pessoas.

Isso não significa que outras correntes religiosas sejam melhores.

Infelizmente, as grandes religiões estão mais empenhadas em disputar um número maior de fiéis, sempre visando aumentar seu rebanho, o que não deixa de guardar uma correlação com o modelo político - econômico decadente e consumista que prevalece no mundo.

Não é de se estranhar o escândalo no Vaticano, nem a disputa por inocentes úteis.