sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O procurador pancada

Dallagnol explica a corrupção no Brasil: Cristãos de verdade foram para os Estados Unidos

23 de setembro de 2016 às 14h33
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Da Redação
Em O Maluco Solitário e o Ministério Público, Maria Cristina Fernandes traça um interessante perfil do procurador Deltan Martinazzo Dallagnol nesta sexta-feira, 23, no Valor Econômico.
A jornalista faz um balanço das palestras que o integrante da Força Tarefa da Lava Jato tem feito pelo Brasil em defesa das 10 medidas anticorrupção propostas pelo MPF ao Congresso.
“O coordenador da Lava Jato tem uma interpretação culturalista da história. Acha que foi a colonização portuguesa quem legou a corrupção à terra natal. Quem veio de Portugal para o Brasil foram degredados, criminosos. Quem foi para os Estados Unidos foram pessoas religiosas, cristãs, que buscavam realizar seus sonhos, era um outro perfil de colono“.
A própria jornalista ironiza Dallagnol: “O espírito cristão dos colonizadores americanos não os impediu de dizimar a população nativa, colecionar genocídios em sua política externa e conviver com o pesadelo de uma Casa Branca ocupada por Donald Trump. Mas o ex-estudante de Harvard só trouxe admiração pelas instituições americanas. O mesmo fascínio alimenta em muitos de seus compatriotas a ilusão de que o Brasil seria uma grande Amsterdã se os holandeses não tivessem sido expulsos. Não cogitam o Brasil como uma versão ampliada da África do Sul”.
O óbvio analfabetismo político e histórico do procurador nos permite, no entanto, localizar o “pecado original” brasileiro que ele pretende extirpar: a falta de cristianismo.
Não foi o escravismo, a concentração de terras, a contínua pilhagem da colônia pelos interesses econômicos de Portugal que fez do Brasil o que é: não, foi a falta de “pessoas religiosas, cristãs”.
Isso apenas confirma que Dallagnol acredita liderar uma cruzada para livrar o Brasil do belzebu.
Curiosamente, como notamos anteriormente, nenhuma das dez medidas sugeridas pelo MPF ao Congresso trata diretamente da questão da sonegação de impostos, que representa perda de cerca de R$ 500 milhões anuais aos cofres públicos. Por exemplo, eliminar o Carf, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a instância que permite aos grandes empresários eliminar — ou pelo menos atrasar — o pagamento de autuações da Receita
Por isso, se um dia for feito um powerpoint da Operação Zelotes, aquela que investigou corrupção no Carf, acreditamos que ele terá como figura central a ambulante Débora, recentemente detida pela Polícia Militar de São Paulo por vender bebidas sem licença na avenida Paulista, em São Paulo.
O “pecado original” mencionado pelo procurador Dallagnol nos remete ao livro A tolice da inteligência brasileira, de Jessé Souza, no qual o autor esculacha intelectuais respeitadíssimos à esquerda e à direita, de extração liberal, por terem naturalizado a ideia de uma hierarquia entre Europa/Estados Unidos e o Brasil, na qual obviamente ficamos por baixo.
Jessé nota a absoluta imbricação entre Estado e iniciativa privada no Brasil, completamente descartada pelos liberais, que acreditam que todos os pecados são do Estado e todas as virtudes da iniciativa privada.
A fala do coordenador da Lava Jato é assustadora não apenas por revelar ignorância histórica, mas pela proposta de uma solução messiânica calcada num TED “cristão”. Ah, e como ele é Martinazzo Dallagnol, não compartilha da “culpa coletiva” dos quer herdaram o “sangue ruim” dos portugueses, como os Da Silva.
Fonte: VIOMUNDO
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Dallagnol não é único.

Pessoas que pensam como o procurador existem em grande número na sociedade brasileira, e não são poucos.

Tratar o cruzado como piada pode ter um efeito contrário, fazendo do procurador uma referência.

O tratamento ideal para pessoas como Dallagnol é barrar na portaria, impedindo que entre e circule pelos salões.

Quanto ao analfabetismo histórico vazado pelo cruzado, cabe salientar que o mesmo analfabetismo se faz presente em grande parcela das elites e da classe média que gostam de se manifestar politicamente aos domingos na Av. Paulista e na Av. Atlântica.

Quanto a ilusão de que o Brasil , se colonizado pelos holandeses seria uma potência, sugiro que deem uma espiada no nosso vizinho, aqui da América do Sul, o Suriname, país que por séculos foi uma colônia holandesa.

De fato os cristãos que foram para os EUA e se estabeleceram inicialmente na Filadélfia tiveram um papel importante na construção do país, no entanto muitos outros aspectos de igual importância contribuíram para que os EUA se transformasse na potência que se conhece.

Entre as muitas teorias para o desenvolvimento do país, existe a corrente da linguagem, que atribui ao idioma inglês, pobre e limitado gramaticalmente mas objetivo e pragmático, o fator principal para o desenvolvimento.

De fato, nosso rico idioma português permite tudo, até golpes jurídico-midiático-linguístico.

Permite, também, que as apresentações de Dallagnol tenham público.

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