Essa é a capa de hoje do jornal O POVO, aqui do Rio de Janeiro.
Reproduzi a primeira página por causa da manchete principal, uma referência ao filho do cirurgião Ivo Pitanguy, que , dirigindo bêbado, atropelou e matou um operário esta semana.
Famosos, elites e ricos quando se envolvem em casos como esse, ganham alguma visibilidade nos primeiros dias para em seguida saírem do noticiário e , pouco tempo depois, com razoável discrição midiática, serem absolvidos nos respectivos julgamentos.
Os mortos, vítimas da irresponsabilidade criminosa, morrem várias vezes ao longo de todo processo judicial, até a chegada da morte definitiva, quando os criminosos são absolvidos.
Foram muitos os casos em que os responsáveis por atropelamentos e mortes - por dirigirem bêbados e/ou em excesso de velocidade - foram, tempos depois, absolvidos pela Justiça, já que as vítimas eram na maioria pobres e não tinham como pagar fiança para permanecerem vivos, mesmo depois de mortos.
O filho de um famoso, endinheirado, pagou uma fiança e poderá responder o processo em liberdade.
Se caso o criminoso fosse pobre e não pudesse pagar a quantia de R$ 100 mil reais - paga pelo filho do cirurgião para responder em liberdade - iria responder o processo detido em uma prisão.
Isso significa o que todo mundo já sabe:
- dinheiro e bons advogados definem culpados e inocentes, independente dos fatos.
Assim sendo , a Justiça é aquilo que o dinheiro determina que ela seja e , ao final do processo, a vítima, o operário, será considerado culpado por estar caminhado corretamente na calçada e não ter sido esperto o suficiente para perceber o carro desgovernado que invadiu o lugar dele, o seu lugar, o meu lugar, o nosso lugar, ou ainda, o lugar aonde a Justiça deveria existir.
Recentemente uma mulher, pobre, negra e desempregada, sem registro de passagem pela policia, foi detida e ficou em uma cela de uma delegacia por quatro meses .
O crime cometido foi o furto de um pote de 250 g de manteiga em supermercado, que seria utilizada para alimentar , juntamente com um pouco de pão, sua filha de dois anos.
Como não tinha dinheiro para pagar fiança, ficou detida.
Já o filho do cirurgião famoso, que matou um operário que trabalhava enterrado no subsolo na obra do metrô que ligará Ipanema à Barra da Tijuca, tem um folha de irregularidades no trânsito e já deveria ter sua carteira de habilitação apreendida, algo que não ocorreu, talvez por conta da lógica financeira que domina o que deve ou não deve ser justo, correto, limpo.
Assim é Judiciário e a Justiça; uma prostituta supostamente cega.
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