quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Para além de esquemas táticos





A campanha eleitoral  corre solta e o clima vai esquentando na reta final.
O assunto não pode ser outro nestes dias, entretanto, farei uma pausa para falar sobre o futebol.

O caro leitor, já percebeu que na nossa alegre e divertida imprensa esportiva, fala-se muito sobre futebol, esquemas táticos e outras coisas mais. 

A maioria dos intrépidos falantes pouco ou nada entende sobre futebol., apesar das intermináveis e cansativas explanações com ares professorais por parte de muitos analistas.

Com o final da copa do mundo, proliferaram análises , encontros e debates na velha imprensa esportiva, com o objetivo de identificar os novos esquemas táticos das equipes que por aqui jogaram durante o mundial.

Foi uma falação sem fim, que pouco contribuiu para o objetivo inicialmente proposto.

A copa acabou e o melhor time brasileiro, hoje, é o mesmo de 2013, antes do início da copa.

E é o melhor não apenas  por ter um excelente elenco, como muitos e cômicos analistas do esporte rotularam de forma definitiva para os leitores e ouvintes.

O cruzeiro é o melhor time  porque tem variações táticas, jogadas ensaiadas e claro, um bom elenco.

Quando o assunto é jogada ensaiada, a  alegre e divertida imprensa esportiva só sabe se referir as jogadas de bola parada, como faltas e escanteios.

De fato, o Cruzeiro tem um excelente aproveitamento em gols em jogadas de bola parada,  que em muitos casos foram decisivos para vitória do time na competição.

Entretanto, a bola parada mais poderosa  é pouco ou quase  nada comentada na imprensa,  e diz respeito a saída rápida proporcionada pelos goleiros.

O caro leitor que conhece futebol já percebeu que a maioria dos goleiros quando agarra uma bola encerrando um ataque do time adversário, imediatamente corre  para os limites da grande área a procura de um companheiro para iniciar um ataque, ou melhor um contra ataque.

Isso é coisa de goleiro, e a maioria dos goleiros  age dessa forma.

Ao procurar um companheiro, os goleiros se deparam com uma realidade terrível, pois a maioria de seus companheiros estão de costas para ele e caminhando em direção a intermediária de seu campo.

Ou seja, não estão disponíveis para receber uma bola e iniciar uma jogada.

Isso se explica, em parte, pois depois de um ataque e  uma pressão do time adversário, quando se evita o gol com a defesa do goleiro, a tendência é que todos os jogadores envolvidos no sistema defensivo ( não necessariamente apenas os zagueiros ) deem uma relaxada, respirem para reiniciar o jogo, e com isso se desliguem daqueles segundos preciosos e importantes para uma jogada ensaiada poderosa, que é  o contra ataque partindo do goleiro.

E o time do Cruzeiro, também tem essa jogada bem ensaiada, assim como tinha o time do Botafogo, em 2013, quando dirigido pelo treinador Osvaldo  de Oliveira.

No caso do time do Fluminense, o goleiro Diego Cavallieri, sempre procura um companheiro para um contra ataque, porém , raramente encontra alguém disponível.

Essa jogada com o goleiro não necessariamente  deve ser utilizada durante todo a partida, pois aumenta em muito o desgaste dos atletas, pois todos tem que ficar ligados naquele pequeno momento de relaxar, procurando espaços vazios e posicionamento adequado para iniciar um contra ataque. 
Isso independe  se o jogador é de zaga , do meio ou  do ataque. 
É função de todos. 
Dependendo do posicionamento, um zagueiro pode buscar um espaço e sair puxando o ataque.

Dito isto, cabe lembrar que em uma partida de futebol, e quem  joga ou já jogou sabe disso, lá pelo 25° minuto de jogo, os dois time já se conhecem bem no campo, já conhecem mais ou menos as estratégias de cada um, algumas jogadas ensaiadas e, como isso já se posicionam para neutralizar o adversário.

Além disso, depois do 30° minuto e por uns 10 minutos, os jogadores tendem a relaxar um pouco.

E é aí que entra o treinador, mudando estratégias de jogo e dando início a jogadas ensaiadas como a do goleiro, por exemplo.

Quando bem treinado, a partir do 30º minuto, e até o 40 º , ou mesmo final do primeiro ou segundo tempo, os jogadores são informados para ficarem atentos e sempre prontos para se deslocarem no momento do goleiro repor a bola. 
Isso pega o adversário de surpresa, pois até  esse momento do jogo a jogada não tinha sido feita, logo não era de conhecimento do adversário.

O excelente treinador Cláudio Coutinho, que foi treinador do Flamengo e da seleção brasileira que disputou a copa do mundo de 1978, sabia como poucos, como estudioso que era, como mudar o ritmo do jogo, introduzir jogadas ensaiadas em determinados momentos e depois parar com as jogadas, introduzindo outras, assim por diante. 
Também fazia isso em momentos do jogos onde o relaxamento dos jogadores é natural.

Exemplo, quando todos os jogadores tendem a relaxar em momentos de uma partida, ele acelerava o seu time. 
Para chegar a essa conclusões , Coutinho estudou ao futebol muito além dos esquemas 4-3-3, ou 4-2-2, ou ainda o bla´, blá blá atual da imprensa , que são o 4-2-3-1, ou o 3-5-2 e outros. 
Não que esses esquemas não tenham importância, ao contrário são de grande importância, porém um jogo de  futebol  tem muito mais detalhes e opções para mudanças que passam despercebidas pela maioria dos treinadores e obviamente se não são de conhecimento de treinadores menos ainda são de conhecimento da alegre imprensa esportiva.

Em outras palavras, para além dos esquemas táticos, o comportamento dos jogadores ao longo de uma partida de futebol tem características que se repetem e quando bem aproveitadas pelos treinadores , essas características e momentos do jogo podem e devem ser utilizadas como estratégias de mudança, como jogadas ensaiadas,que sempre irão surpreender o adversário.

Tudo isso combinado faz a diferença no sucesso de uma equipe durante a competição.

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