sábado, 17 de agosto de 2013

O Povo Rejeita a TV

Pesquisa: Quase 70% da população diz que a TV não os representa



A televisão é assistida diariamente por 82% dos brasileiros, mas 43% da população não se reconhece na programação difundida pelo veículo e 25% se veem retratados negativamente. Apenas 32% se sentem representados positivamente. Os dados são da pesquisa de opinião pública Democratização da Mídia, lançada nesta sexta-feira (16) pela Fundação Perseu Abramo.


Para o estudo foram feitas 2,4 mil entrevistas domiciliares em zonas rurais e urbanas de 120 municípios, entre 20 de abril e 6 de maio deste ano.

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Quase um terço dos entrevistados (29%) disse que nunca vê a defesa de seus interesses na televisão, enquanto que para 55% essa defesa ocorre de vez em quando. Em relação às mulheres, 17% acha que quase sempre são tratadas com desrespeito na programação, problema que ocorre eventualmente para 47% dos entrevistados.

O tratamento dos nordestinos também recebeu avaliação semelhante, sendo que foi considerado quase sempre desrespeitoso para 19% e só às vezes para 44%. Sobre a população negra os percentuais foram de 17% e 49%, respectivamente.

De acordo com o estudo, a maioria da população (61%) acha que a TV concede mais espaço para o ponto de vista dos empresários do que dos trabalhadores (18%). Para 35% dos brasileiros, os meios de comunicação, não só a televisão, defende principalmente os interesses dos próprios donos.

Na opinião de 32%, a versão que prevalece na mídia é a dos que têm mais dinheiro e para 21% é o interesse dos políticos que é mais defendido pelos meios. Apenas 8% avaliaram que os meios de comunicação estão prioritariamente ao lado da maioria da população.

A maioria dos entrevistados (71%) é favorável a que a programação televisiva tenha mais regras. Para 16%, as regras atuais são suficientes para disciplinar o conteúdo e 10% disse que é preciso reduzir o número de normas. Na opinião de 54%, não deveriam ser exibidos conteúdos de violência ou humilhação de homossexuais ou negros.

Para 40% da população, esse tipo de programação pode ser aceita sob determinadas regras. Percentual semelhante ao humor que ridicularizam pessoas, 50% são contra a exibição desse conteúdo e 43% admite desde que normatizado.
Fonte: VERMELHO
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Coluna “Mídia Comunidade” começa neste domingo

Jornal do Brasil inaugura um canal com as comunidades do Rio


 
 
O Jornal do Brasil lança neste domingo a coluna “Mídia Comunidade” que pretende ser um canal de comunicação com as comunidades do Rio de Janeiro. O novo espaço vai publicar opiniões e matérias feitas pelos próprios moradores desses locais, sobre o seu dia a dia, seus problemas e a busca de soluções. Será uma coluna voltada para aqueles que estão conquistando cada vez mais seu lugar de direito em nossa sociedade.
Para inaugurar a coluna, convidamos Davison Coutinho, 23 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Formando em desenho industrial pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade, funcionário da PUC-Rio.
Davison vem atuando nos últimos meses como representante eleito em assembleia na Rocinha perante o governador, prefeito e secretários para buscar melhorias nas condições de vida dos moradores do local. Participa ainda da coordenação de um projeto social de educação da PUC e na coordenação de um centro comunitário na Comunidade, além de autor do livro "Um olhar sobre a produção cultural na Rocinha".
Fonte: JORNAL DO BRASIL
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A pesquisa apresenta  algo que todos nós, em sintonia com as novas tecnologias da informação, já sabíamos, mesmo que intuitivamente.
A TV privada brasileira, e também os grandes jornais e revistas  são palanques para os interesses de seus grupos associados ideologicamente. Isso se aplica na política, nas relações interpessoais, nos hábitos para uma qualidade de vida, na cultura, no entretenimento, na nutrição, na saúde, na religião ...
Com uma profunda e arraigada visão classista, a velha mídia reproduz uma visão de mundo e sociedade, carregada de racismo, xenofobia e violência  com valorização de um estilo de vida deslocado da imensa maioria da população brasileira. Para os ricos, a tv se auto expressa, até mesmo quando tenta retratar a vida e a cultura das periferias das cidades e do campo., já que sua linguagem segue um padrão que não comporta  a incorporação da cultura viva, direta, crítica, com todas as suas formas de expressão. Lembro , que em um passado recente, mais ou menos dez anos atrás, foi ridículo e grotesco assistir ao programa Globo Repórter, por Sérgio Chapelein, abordando, em tom de descoberta o samba de raiz do saudoso compositor carioca Walter Alfaiate. Walter, foi descrito por Chapelein como exceção, já que o que norteava a descrição era a profissão de alfaiate. Para que o caro leitor tenha uma melhor compreensão, foi como escrever uma letra para o funk com todos os jargões do judiciário. Chapelein, naquele momento não se dirigia ao povo, ao samba de Walter, a cultura de Walter, mas sim aos seus iguais racistas e classistas, com sua forma própria de se expressar.  As tv's  privadas ignoram, propositalmente , as manifestações culturais autênticas do povo, porém quando tais manifestações atingem uma massa crítica considerável, a tv tenta cooptá-las para enquadrá-las em uma estética padronizada e de fácil assimilação pelo senso comum. Para isso , contam com profissionais que se expressam em sintonia, ou representam com perfeição ,tais manifestações culturais. O programa esquenta da tv globo, é um exemplo. A apresentadora Regina Casé dialoga, ou tenta, em sintonia com a cultura do samba, do funk e do hip hop, interagindo com artistas, músicos e cantores, que caso venham a se adequar nos padrões da indústria fonográfica e midiática, serão lapidados por essas indústrias e terão garantia de "sucesso" rápido. É o caso da funkeira Anitta, que ao que parece, foi engolfada pela velha mídia e tem sido apresentada como o funk "correto" que a sociedade "pode compartilhar e consumir". Para isso , Anitta vem mudando, inclusive, a cor da pele, ficando mais clara e, quem sabe, fique com os cabelos prateados e dourados, que segundo um jornal das organizações globo de hoje, sábado, é o padrão que todos devem seguir. Críticas a sociedade não aparecem no funk de Anitta Os funks e hip hipos de visão crítica e social, pois retratam a realidade de vida dos compositores, não tem espaço nas tv´s privadas como expressão cultural, sendo, na maioria das vezes, apresentados com expressão do crime. Nas periferias e cominidades  o papo é reto, o vocabulário é próprio, e a realidade não é aquela que aparece via antenas de tv.
A felicidade, por vezes, é uma arma de fogo disparada pela polícia contra um habitante, mas que não atingiu o seu alvo. No funk, hip hop e samba de raiz, o amor retratado nas letras, representa um momento de distração rápida na vida das comunidades, ou o simples fato de ter acordado vivo para mais um dia. Para o morador da periferia que leva porrada da polícia, dos transportes públicos, do preconceito, do racismo, a tv privada é uma fantasia , cuja obra tenta se apresentar como diferente e cheirosa.
Parabéns ao JORNAL DO BRASIL pela iniciativa de ceder um espaço para que  as pessoaas das comunidades e da periferia possam se expressar por elas mesmas, sem filtros ou esteriótipos racistas e elitistas, como cocorre com a velha mídia privada.
Quanto a pesquisa que afirma que 70% da população não se vê representada na mídia, principalmente nas tv's privadas, é um sinal que a maioria do povo brasileiro rejeita a bosta que a tv vomita diariamente na população.

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