terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Otimismo Realista e Otimismo Idiota

 Otimismo Realista e Otimismo Idiota

Milagre do otimismo: união nacional

Por Alberto Dines em 22/01/2013 na edição 730
A natural e salutar propensão dos jornalistas ao ceticismo funciona no Brasil ao revés: aqui é imperioso alegrar-se, desbundar, deslumbrar-se. A tristeza é considerada subversiva, antipatriótica. Também a melancolia e a reflexão.
Pela mesma cartilha, o otimismo estimula (inclusive o consumo), dissolve conflitos, facilita negociações e promove a incessante fabricação de bolhas, sem as quais não há avanços.
O bom jornalismo implica rigor, exigências, intransigência, severidade – justamente os atributos menos favoráveis aos surtos de euforia. Especialmente nas férias de verão, quando assumem os “subs” dos “subs” para enfiar nas páginas qualquer bobagem que for engendrada nas sonolentas reuniões de pauta.
Neste exato momento, no Brasil, a esquerda e a direita articulam uma estranha e inédita convergência para acabar com o pessimismo. Seus expoentes certamente nunca ouviram falar em Paulo Prado e no seu clássico Retrato do Brasil, ensaio sobre a tristeza brasileira (de 1928), no entanto ambas as facções empenham-se gloriosamente em criar um clima festeiro capaz de resistir ao realismo, racionalismo e qualquer outro ismo romântico, nostálgico e decadente. Os conservadores querem animação para esquentar a economia, a esquerda está de olho nas presidenciais de 2014. Enfim, a sonhada união nacional.
Parque jurássico
A revista Veja realizou na sua última edição (nº 2305, de 23/1) uma surpreendente reviravolta filosófica ao exibir as 23 razões para sermos racionalmente otimistas. E esquecida de suas divergências com o governo federal promete que “até a economia vai trazer boas surpresas!”
O ponto de exclamação, antigamente era proibido nos manuais de redação do semanário, agora foi resgatado em homenagem à parceria público-privada.
Alguns motivos de Veja para pularmos de alegria:
>> Vai ficar mais fácil deixar de ser careca, embora nos velhos tempos se dizia que é dos carecas que elas gostam mais.
>> O ar das nossas metrópoles ficará mais respirável porque a partir de 2014 a Petrobras prometeu livrar o óleo diesel do superpoluente S-1800. E até lá como se arranjarão os asmáticos, enfisemáticos e alérgicos em geral que enchem os hospitais e postos de saúde?
>> Menos medo com o aquecimento global porque a produção de energia renovável aumenta exponencialmente no mundo. O redator nunca ouviu falar nos parques de energia eólica do Nordeste parados porque não há linhas de transmissão para distribuir a eletricidade.
>> O país dará um salto de desenvolvimento porque nunca houve tantos brasileiros em idade produtiva. O pibinho de 2012 e as modestas projeções para 2013 aparentemente não foram consideradas.
>> A classe média se tornará um pilar da economia. Esqueceram de dizer que o pilar da economia serão os baratíssimos produtos made in China.
>> Os novos estádios não darão vexame. Se tudo correr bem na Copa das Confederações, em junho de 2013, será possível evitar surpresas em 2014. E se não correr bem, adia-se o Mundial?
>> O projeto do “Bonde 2.0” sairá do papel. Está sendo implantado no Nordeste. Mas no Rio, o governador Sérgio Cabral cedeu às empresas rodoviárias e implantou o velho “Ônibus 1.0”: o BRT da Transoeste já apresenta problemas menos de um semestre depois de inaugurado.
>> Os bandidos condenados terão dificuldades em encurtar as penas graças ao novo Código Penal. E os malfeitores que pululam no Congresso?
>> A economia americana se recuperará.Ué, em novembro Barack Obama não era uma decepção?
>> As informações do mundo serão ordenadas. Como na Rússia, na China? O conceito de Big Data pressupõe a existência de empresas eficientes, governos capazes, mão de obra treinada, marcos regulatórios e agências reguladoras respeitadas, competição e aquela coisinha incômoda chamada liberdade.
>> Os óculos funcionarão como smartphones. E quando teremos celulares funcionando sem interrupções, banda larga autêntica, fiscalização das operadoras, defesa do consumidor?
>> A ressurreição dos bichos. Pelo menos três animais extintos serão “redescobertos”, um deles é o morcego-cara-de-macaco-de-fiji.
Não se mencionou o saudoso tiranossauro nem a possibilidade de o mundo transformar-se num imenso parque jurássico com entrada grátis para os descendentes de todos os que leram a arrebatadora utopia do nosso mais importante semanário.







Em política tudo é possível.

Até mesmo uma união esquerda direita.

E o que pensa o caro leitor ? 

Acredita, de fato, que é essa a intenção de Veja e de seus aliados do dispositivo midiático oposicionista - DMO ?

O texto de Albeto Dines preocupa-se, ou melhor, ocupa-se em analisar a guinada de Veja no tocante a um surto repentino de otimismo e mudança de humor.
Teria sido uma dose elevada de algum antidepressivo, para minimizar a  insistente tristeza por anos de derrotas que levou Veja a mudar de humor tão rápido ?
  
O leitor atento sabe que durante os dez anos dos governos populares e democráticos do PT, o DMO tem se comportado de maneira a retratar o Brasil como sendo o pior dos mundos.

"Um caos total", "uma ineficiência escandalosa", "apagões indecentes mancham o país do cruzeiro", "uma economia cambaleante", "políticas assistencialistas e eleitoreiras", "um estado saliente promovendo uma orgia com o dinheiro público", "forte centralização estatal que inviabiliza a eficiente iniciativa privada", "relações externas de mau gosto", "comportamentos vulgares de lideranças políticas", "tendências estatizantes ultrapassadas" , "restrições aos setores rentistas", "bolhas de crescimento"e outros temas mais sempre pintando um cenário terrível.

Enquanto isso, na prática e na vivência do povo brasileiro, o que se vê é uma realidade totalmente diferente:

Geração significativa de empregos, redução significativa da pobreza e da miséria, investimentos internos em infraestrutura para assegurar o crescimento econômico, melhora acentuada nos índices da educação pública, distribuição de renda, diminuição da exclusão social, reconhecimento internacional como uma potência emergente, participação ativa nos organismos internacionais, fortalecimento regional com a participação no Mercosul, criação da Celac, Unasul e Banco do Sul, melhoria na saúde com o aumento significativo da espectativa de vida do brasileiro, dentre outros mais  benefícios para o povo, sendo, talvez, o principal a recuperação da auto estima de um povo.

A discrepância entre o que o DMO retratava e a realidade do país era tão absurda, que mereceu uma declaração do ex-presidente Lula :

" se nos próximos dez anos, alguém desejar fazer uma pesquisa sobre o Brasil nos governos do PT e se utilizar dos jornais impressos para tal, descobrirá que o país viveu o seu pior momento, tamanha é a quantidade de notícia ruim e baixo astral".

Enquanto o  Brasil cresce, apesar da tristeza, má fé e desonestidade orquestrada do  DMO para demolir o governo e a  auto estima do povo, o mundo enfrenta uma de suas piores crises. Na civilizada Europa o FMI se faz presente. 
Fome e Miséria Internacional assolam o continente em uma crise sem data de validade para terminar. O mesmo ocorre nos EUA, com crescimento acentuado de pobres e miseráveis. 
O setor de grande crescimento nos EUA é o de barracas de camping, devido ao grande número de pessoas que não mais tem casas para viver, indo viver em barracas em parques, campings, ou mesmo no mato com carrapatos, minhocas e outros bichos.

Acrescente-se a crise mundial, o agravamento das questões climáticas com todo o repertório de desdobramentos  no meio ambiente, além dos graves problemas de poluição que insistem em se agravar pelo mundo, já que todos os fóruns que tratam do assunto vivenciaram um fracasso nas reuinões da última década e também nesta década.
  
E que fez o DMO ?

No tocante a crise mundial e as questões ambientais e climáticas, o DMO procurou minimizar os efeitos negativos , principalmente na economia e ainda tenta confundir a opinião pública nas questões climáticas e ambientais, pois sua ideologia está em jogo.

Interessante, não é caro leitor ?

O Brasil bem sucedido nos dez anos, até aqui, dos governos democráticos e populares do PT, foi pintado pelo DMO como sendo o pior lugar para se viver, o pior dos mundos, o próprio apocalipse, onde Peri e Ceci, assim como Deucalião e Pirra, seriam os únicos sobreviventes para reconstruir um novo mundo.

Enquanto isso, o  caos financeiro mundial e uma crise sem precedentes que continua aprofundando a miséria e a deseperança pelo mundo eram tratados pelo DMO como algo menor, passageiro, ajustes necessários, sacrifícios para um futuro promissor e outras bobagens mais que inundaram os jornais brasileiros sobre o tema. 
Nas questões ambientais e climáticas o DMO procura confundir a opinião pública e desviar a atenção, fazendo crer para os incautos que são preocupações desnecessárias pensar sobre mudanças climáticas, poluição e questões ambientais.

E agora, quando não mais se pode esconder o Brasil bem sucedido, a crise mundial, e o caos ambiental e climático, o DMO, pelas tintas de veja, aparece com um suposta campanha contra o baixo astral e em nome do otimismo e da alegria, afirmando em suas páginas progressos promissores em áreas caóticas e de acentuado  declínio, principalmente na economia mundial e nas questões ambientais e climáticas.

Ou seja, mais uma forma de manipular a realidade e os fatos. 

Se não bastasse Veja ainda acenou como progresso os avanços contra a calvice, o que mereceu do observador da imprensa, Aberto Dines, o seguinte comentário:

- mas não é dos carecas que elas gostam mais ?

 A proposta de otimismo e alegria parece que estão fazendo efeito.

Cabe ressaltar que durante os dez anos que o DMO inundou o país com um baixo astral sem precedentes, o povo vivia , e vive em alto astral e sempre otimista com o futuro, como já revelaram várias pesquisas de opinião que apontam o brasileiro como o povo mais feliz e otimista da atualidade.

Cabe uma pergunta:

Se as pesquisas de opinião apontam o povo brasileiro o  mais feliz e otimista, que aliança é essa, citada, por Alberto Dines, entre governo e  oposição, para acabar com o pessimismo ? 

Pessimismo, de quem ?

Da iniciativa privada, setor finanaceiro, empresários ?

Se for o caso não se trata de pessimismo mas sim de alinhamento com posições ideológicas e políticas , já que para esses o pessimismo e otimismo variam com os  números,  atuais e futuros, e  apesar da crise mundial o país continua crescendo com estrutura para índices melhores e robustos.

Ao que parece, Veja e o DMO desejam o otimismo alienado onde os incautos reinam em sintonia com as mídias de longo alcance, onde a conscientização sobre os principais problemas mundiais deve se resumir a um tratamento para eliminar a calvice, um ursinho panda que nasceu em zoo da Rússia, ou ainda menos enxôfre em uma atmosfera saturada de poluição como  da cidade de São Paulo.

A crise estrutural do capitalismo e as crises ambientais e climáticas ao que parece, estão fora da agenda do DMO.

Para o leitor fica uma pergunta:

Está o DMO empenhado em uma campanha para transformar o otimismo racional do povo em um otimismo idiotizante e alienado ?
 

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