segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020


VOCÊ ASSISTE OU ESPIA ?


Você assiste ao Big Brother Brasil - BBB ? Se disse que assiste, você não assiste, você espia. Assistir e espiar produzem comportamentos diferentes em todos nós. Você não espia um telejornal, uma novela, um filme. São produtos, jornalístico e artísticos, em que você espera conteúdos com a participação de profissionais da imprensa e das artes cênicas, assim sendo você se organiza internamente para assistir. No caso do BBB são pessoas comuns, como você, em convívio por meses e isoladas dentro de uma casa, fazendo as mesmas coisas que você faz em sua casa, ainda que a produção crie gincanas e jogos para turbinar o ambiente. Pessoa em seu dia-a-dia, em uma casa com outros, disponibilizadas para que se possa espiá-las, em seus hábitos, opiniões, comportamentos e outros. Para muitas pessoas, poder espiar o outro sem ser visto ou incomodado é algo tentador, que pode ser excitante. Cabe ressaltar que as pessoas na casa não são profissionais em um programa, como são os profissionais de jornalismo, novelas e filmes. Dito isto, você espia a casa, você não assiste. Tanto é verdade que a produção nas chamadas o convida  a dar uma espiadinha. Você já foi convidado para dar uma espiadinha em um telejornal, ou novela, ou filme ? Certamente que não, se o fizesse iria descobrir coisas interessantes.  Você também sabe que para que uma atração, programa, seja exibido em uma emissora de TV privada é necessário que existam patrocinadores, empresas, que pagam a emissora de TV cotas para veicular suas marcas. Você deve conhecer os patrocinadores do BBB. Pois bem, com as cotas a emissora de TV paga prêmios aos participantes, cobre os custos de produção e ainda tem lucros generosos. No entanto, ao buscar os patrocinadores no mercado a emissora de TV, naturalmente, apresenta o produto, que pode ser uma novela, um campeonato de futebol, um telejornal, ou o BBB. E o que é o produto BBB ? É algo que se assista ? Não, não se assiste, se espia. Então o produto não são aquelas pessoas na casa, o produto a ser vendido é o ato de espiar. E quem espia é você. A razão reversa que domina atualmente o Brasil e o mundo, no caso de emissora de TV, vende o seu olhar e seus comentários aos patrocinadores, esse é o produto. E ainda todos ganham, a emissora de TV, as pessoas na casa, os patrocinadores. Já você, é vendido, é o programa, e não ganha nada. Não é  muito diferente dos entregadores por aplicativo, guardadas as devidas proporções, já que os entregadores ainda ganham um mínimo, enquanto estiverem com vida no trânsito das grandes cidades. Tudo isso é o capitalismo tardio que, de alguma forma, é retratado no filme vencedor do Oscar, Parasita. A razão reversa, que comercializa o olhar das pessoas e enaltece como empreendedores o trabalho precário e indigente, domina o Brasil em todas as áreas e Poderes. Está presente no conteúdo do jornalismo, nas decisões do Judiciário, nas votações do legislativo, nas ações do executivo, em algumas correntes religiosas e na área do entretenimento. Não por acaso o Brasil aparece no vergonhoso 2° lugar no ranking de países em que a população vive fora da realidade. E então, você assiste ou espia ?

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O Paraíso é Aqui e Agora

Motivo do golpe:
A Bolívia estava bem, crescendo e dando certo. 
O neoliberalismo não admite experiências, modelos que não estejam revelados nas escrituras sagradas do capital fundamentalista. Assim compreendido, todas as modalidades de golpe são empregadas nos países da América Latina, dependendo, claro, das especificidades de cada país. Em comum, o alinhamento visceral dos grandes meios de comunicação com o credo neoliberal. Redações e jornalistas são templos e pastores encarregados de conduzir o rebanho ao raso pasto, de sofrimento infinito, porém necessário para alcançar o sucesso, ou um julgamento justo em outro endereço cósmico. Não produzindo os milagres desejados, o dispositivo midiático recebe o apoio do Poder Judiciário que então apresenta interpretação das escrituras segundo a vontade do Criador, que permanentemente comunica-se com alguns escolhidos. Ainda assim, os hereges e infiéis resistem e por vezes derrotam os Deuses .Quando isso acontece, o Criador, enfurecido com a audácia dos insignificantes, autoriza a força bruta, a violência extrema para restaurar o credo neoliberal e punir, como forma de castigo, os felizes e determinados infiéis que insistem em acreditar que o paraíso é para todas as pessoas e todas formas de vida. É exatamente o que acontece agora na Bolívia, a fúria incontida do Criador. Por outro lado, os povos da tão sofrida e violentada América Latina, em maioria, não mais aceitam o credo neoliberal, a Democracia Liberal, e resolvem lutar, com todas as forças e armas disponíveis, pelas urnas na Argentina e Colômbia, ou nas ruas do Chile, Equador, Venezuela. O Criador não tem o apoio da maioria das pessoas, e deixa claro, transparente, inequívoco que irá usar da força para impor seu credo. No entanto, as pessoas, gentes, negros, indígenas, humildes, pobres, explorados vão continuar lutando, resistindo, pois sabem que o paraíso é na Terra, aqui e agora.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

A Ditadura Escancarada

Impossível que a ficha ainda não tenha caído para a maioria.
Não se trata de gostar ou não de Lula .
Não se trata de gostar ou não do PT.
Nem mesmo em defender a Democracia, já que a maioria do brasileiro tolera regimes autoritários.
Um dia a ficha cairá, porque erros, absurdos, acertos não duram para sempre, e o pêndulo está sempre em movimento. Talvez quando chegar esse dia o preço a pagar seja alto, porém, ao mesmo tempo, minimizado por euforia da mudança, diluído por renovadas esperanças, saudado como nova era de bonança. Na esperança do novo, são raros os avanços e abundantes os retrocessos. Os dez anos de ouro do Brasil, 2003-2013, talvez tenham sido exceção. Tantos acertos e avanços que o brasileiro não suportou, escolheu o arbítrio, a seletividade, a prisão. O encarceramento de Lula ainda é saudado, aprovado, elogiado pela maioria do brasileiro que não suporta a idéia de ser livre, arquiteto de seu destino, construtor de futuros. É muita responsabilidade para um povo que necessita de tutor, de um chefe autoritário. O brasileiro não gosta de líderes, e também aceita passivamente a flexibilização da aplicação das leis e da justiça. Um dia, em algum momento do futuro, a ficha cairá .

sábado, 22 de dezembro de 2018

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A Teoria da Besta

A tropicalização da “Teoria do Louco”
Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O diplomata Ernesto Fraga Araújo, novo chanceler anunciado por Jair Bolsonaro, compõe lindamente com o restante do time da República das Caneladas.

Seguidor de Olavo de Carvalho, por este indicado ao cargo, Ernesto é dono de um blog chamado “Metapolítica 17: contra o globalismo”, em que expõe suas ideias.

Basicamente, são teorias da conspiração de extrema direita que não juntam lé com cré, alicerçadas nos ataques contra os globalistas, o bicho papão de todo idiota que se considera sabedor dos grandes mecanismos que movem o mundo.

Um aperitivo do pensamento ernestino:

“A esquerda se define, hoje, como a corrente política que quer fazer tudo para que as pessoas não nasçam. Aborto, criminalização do desejo do homem pela mulher, contestação do ‘patriarcado’ e da diferenciação entre os sexos, desmerecimento da reprodução, sexualização das crianças e dessexualização ou androginização dos adultos, demonização de qualquer defesa da família ou do direito à vida do feto como ‘fundamentalismo religioso’, desvalorização da capacidade gestativa da mulher, tudo isso aponta num único sentido: não nascer.”

“O climatismo é basicamente uma tática globalista de instilar o medo para obter mais poder. O climatismo diz: “Você aí, você vai destruir o planeta. Sua única opção é me entregar tudo, me entregar a condução de sua vida e do seu pensamento, sua liberdade e seus direitos individuais. Eu direi se você pode andar de carro, se você pode acender a luz, se você pode ter filhos, em quem você pode votar, o que pode ser ensinado nas escolas. Somente assim salvaremos o planeta. Se você vier com questionamentos, com dados diferentes dos dados oficiais que eu controlo, eu te chamarei de climate denier e te jogarei na masmorra intelectual. Valeu?”
E por aí vai.

A nomeação de Ernesto ocorre na mesma semana em que Cuba mandou que os profissionais do Mais Médicos se retirassem, na esteira de uma chantagem estúpida de Bolsonaro que ele tentou transformar em preocupação humanitária.

Um amigo do DCM com experiência em relações internacionais acredita que Bolsonaro está usando, talvez sem querer, a “Teoria do Louco”.

A ideia é o sujeito se apresentar como imprevisível e disposto a qualquer coisa. Isso intimidaria o “inimigo”, que recuaria já que o outro é insano.

A “Teoria do Louco” prevê que o comportamento supostamente irracional seja deliberado, um fingimento, mas crível pelo outro lado. O “inimigo” acha que está lidando com um indivíduo mentalmente instável.

Em 1517, Maquiavel escreveu que às vezes é “muito sábio simular loucura”. Nixon deu corpo à coisa. Ele explicou o estratagema a seu chefe de gabinete, H. R. Haldeman.

“Quero que os norte vietnamitas acreditem que eu chegaria ao ponto de fazer qualquer coisa para acabar com a guerra”, disse.

“Iremos somente dizer algumas palavras, ‘pelo amor de Deus, vocês sabem que Nixon está obcecado com o comunismo. Não poderemos contê-lo quando ficar com raiva’”.

Especulou-se que Donald Trump seguiu essa trilha em suas escaramuças com a Coreia do Norte.

“Temos que ser imprevisíveis”, respondeu Trump ao Washington Post quando lhe foi perguntado sobre o que pretendia fazer em relação à expansão chinesa. “Somos muito previsíveis, e o previsível é ruim.”

Os EUA foram escorraçados do Vietnã. Trump trata a China com deferência. E eles têm 2 metros de altura.

Bolsonaro é um anão. A Teoria do Louco pressupõe que quem a pratica tem noção do que está fazendo.

No caso de Bolsonaro, é apenas truculência e imbecilidade sem plano B. Ele expulsa os “comunistas”, mas não sabe o que vai pôr no lugar.

A tropicalização bolsonarista desse estratagema dará em algo de que os historiadores vão falar muito num futuro próximo: a “Teoria da Besta”

Fonte: Blog do Miro
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terça-feira, 23 de outubro de 2018

Ditadura 2.0

Bolsonaro avisou: vem aí a ditadura.
Por Teresa Cruvinel
Por Fernando Brito · 23/10/2018





De Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil de hoje:

Depois deste final de semana, ninguém poderá alegar inocência no futuro, quando cair sobre nós a escuridão anunciada por Jair Bolsonaro e seu grupo, se confirmada sua eleição no domingo.

Eles mesmos nos avisaram de que haverá desprezo e talvez violência contra as instituições democráticas, de que o regime será tirânico, perseguindo adversários, mandando-os para o exílio ou para a prisão. O nome disso é ditadura.

Começando pela fala do deputado eleito Eduardo Bolsonaro, de que o STF poderia ser fechado por um soldado e um cabo, dispensado até o uso de um jipe.

Isso haveria caso o STF impugnasse a candidatura de seu pai, embora a matéria seja afeta ao TSE.

O ministro Celso de Mello, decano da corte, qualificou-a de “inconsequente e golpista” e o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, afirmou em nota que atacar o Judiciário é atacar a democracia.

Palavras enérgicas mas insuficientes para o tamanho da afronta.

Como disse a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, “o tempo dos tribunais deve ser o tempo de salvar a democracia”.

“Já adverti o garoto”, disse o pai.

A fala foi em julho mas não vem ao caso.

O que ela expressa é a ideologia do grupo que integra, que transpareceu também, neste final de semana revelador, em declarações do senador Magno Malta, fiel escudeiro do candidato: “O Brasil tem bandidos também nos tribunais superiores. O Supremo Tribunal Federal deste país, cada um tem o seu bandido de estimação”.

O repúdio enérgico de Mello e Toffoli é insuficientes porque Eduardo Bolsonaro incorreu em crime previsto pela Lei de Segurança Nacional, como lembrou o ministro Alexandre de Morais.

Caberia um pedido de abertura de inquérito, talvez pela Procuradoria Geral da República.

A LSN trata de crimes “contra o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito”, além dos que atentem contra a integridade e a soberania nacionais, e contra a pessoa dos chefes de poderes.

O deputado eleito blasfemou contra o Estado de Direito, segundo previsão da lei, ao “fazer, em público, propaganda de processos violentos ou ilegais para a alteração da ordem política ou social”. Fechar o Supremo é isso, e portanto, caberia uma ação. Mas o Judiciário, que ajudou a criar o monstro, agora lida com ele cheio de dedos, temendo ser devorado.

Foram também indicadoras da tirania que nos espera, se Bolsonaro for eleito, suas próprias declarações, em mensagem por vídeo aos apoiadores reunidos na avenida Paulista: “Vamos varrer do mapa esses bandidos vermelhos do país. Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou vão para fora ou vão para a cadeia.”

Não duvidemos: os adversários serão perseguidos, forçados ao exílio ou a prisões arbitrárias.

Na mesma fala, ele falou de um Brasil “sem Folha de São Paulo”, em outro aviso macabro, este à imprensa livre que tanto contemporizou com ele. E proclamou que o ex-presidente Lula vai mofar na cadeia, explicitando a intenção de controlar o Judiciário, pois não cabe ao Executivo decidir sobre a execução da pena de nenhum preso.

Avisou ainda que o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, será preso e fará companhia a Lula, juntamente com o atual candidato do partido, Fernando Haddad.

Bolsonaro aponta para o terror de Estado, com o governo decidindo quem prender, fora do devido processo legal, fora do Estado de Direito. Quem for capaz, que arranje outro nome para esta ditadura anunciada.

Não podem os democratas brasileiros comungar da resignação do ministro do STF Roberto Barroso, para quem “os países, como as pessoas, passam pelo que tem que passar, para amadurecerem e evoluírem”.

Isso equivale à teoria espírita do karma, que não pode ser aplicada às Nações.

O Brasil que venceu uma ditadura há de evitar o seu retorno, se os democratas saírem de seu imobilismo.

Fonte: TIJOLAÇO
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Trinta anos, praticamente, depois da primeira eleição presidencial após o fim da ditadura militar, o Brasil poderá viver outra ditadura, agora pelo voto direto. Inacreditável. O brasileiro, ao que parece, acredita que com um governo autoritário e violento os problemas do país serão resolvidos.
Ancorado por um voto fundamentalista evangélico, o candidato da "ordem" promete salvar seus fiéis seguidores da escravidão democrática, a que foram submetidos por décadas. Todos deverão ter as mesmas ideias, valores e pensamentos do presidente, disse o candidato, o novo Messias. Somos a maioria escolhida e aquele que não me amar, que deixe o país, disse para delírio dos fiéis.  Ao escolher o candidato da "ordem", o brasileiro diz ao mundo que necessita de um pai autoritário e castrador, talvez pelo fato de assim terem sido assim educados. Democracia e liberdade de opiniões, são insuportáveis para fundamentalistas.



quinta-feira, 4 de outubro de 2018

O Estado Terrorista

O bolsonarismo levaria o terror e além das redes
Por Fernando Brito · 04/10/2018

Imagine o generoso leitor e a otimista leitora que Jair Bolsonaro, eleito, vá respeitar as leis e os direitos do indivíduo e da sociedade.

Mantenha este senso crédulo e responda a si mesmo algumas perguntas.

As turmas de “bombados”, que já fazem sem poder, vão conter seu ímpeto de humilhar e até agredir quem eles acham “nocivos” socialmente? Ou seja, “esquerdopatas”, “viadinhos”, “sapatas”, “favelados” e “crioulos”, termos que eles criaram ou fizeram decair de gíria para a ofensa?

Os policiais, para quem se proclama a liberdade de matar sem sequer serem processados por isso – a tal “excludente de ilicitude” – vão desperdiçar a chance de mais poder sobre a vida ou a morte de quem quiserem?

As milícias paramilitares, que já atuam em diversos locais do país, idem?

Os milhares de armas que seriam compradas – e o capitão sinalizou que até pistolas e fuzis serão liberadas – vão ficar silenciosas ou só irão disparar em casos de grave ameaça à vida?

Você, que já evita hoje qualquer discussão por receio de que a outra pessoa seja violenta ou tenha uma arma, como se sentirá quando elas forem multiplicadas? Ou, por ter uma consigo, vai reagir quando um quarteto de assaltantes vier de roubar, de armas na mão?

Nada disso é sequer improvável, com a sinalização política de um presidente que se elege com os verbos “castrar”, “atirar”, “torturar” e “matar”.

Ele, em parte, talvez seja contido pela falta de apoio parlamentar ou pela legislação, o pelo Judiciário, embora a tendência seja a de que, amenizando as palavras, seus absurdos, especialmente os de venda de patrimônio público e de retirada de direitos sociais sejam acolhidos.

Mas não haverá ninguém que possa recolher a matilha que se soltará com o “agora pode” espalhado por uma vitória sua, o que ainda é apenas remoto.

Indague isso das pessoas que acham que Bolsonaro é uma inofensiva “limpeza na política”.

Fonte: TIJOLAÇO
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Uma possível vitória de Bolsonaro e o Brasil iria inaugurar um novo regime.
Longe, mais muito longe de ser comunista. Menos ainda socialista.
Democracia social também não se aplica.
A melhor definição seria uma ditadura de mercado com terrorismo de Estado. Sim, caro leitor, o Brasil teria um Estado Terrorista.
O pior dos mundos para a imensa maioria da população.