sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Golpista e mentiroso

O silêncio nada inocente e a mentira descarada

POR FERNANDO BRITO · 12/01/2018


A imprensa brasileira tem capacidade de apurar tudo, quando quer.

E não se sente no dever de fazer isso quando acha que “não vem ao caso”.

Há, porém, exceções em alguns casos. E nenhuma, em outros.

Este blog duvidou da informação distribuída pela Globo de que o “Divã” do Faustão com a exibição de Luciano Huck teria sido gravado no longínquo 11 de novembro, antes de que o apresentador tivesse, publicamente, negado ser candidato à Presidência.

Hoje, o Painel da Folha levanta dúvidas sobre isso, informando que Faustão se refere ao artigo de Huck “desistindo” da disputa, que só foi publicado dia 17/11.

É pior, muito pior.

É uma mentira descarada, e se você olhar o vídeo oficial, da própria emissora, verá que a “entrevista” se inicia com uma pergunta sobre se choveu ou não no reveillon e qual dos filhos deu mais trabalho na festa. Huck chega a falar em estar no palco “nos primeiros dias de 2018”.

É evidente que o programa é recente, tão evidente quanto ter sido autorizado – ou determinado – pela direção da emissora.

Mas ninguém vai pedir explicações, como ninguém foi indagar desde quando e quanto Luciano Huck recebe de publicidade da Petrobras para apresentar um merchandising da empresa em seu programa, como se divulgou aqui.

Não é do interesse público, já que a empresa é pública e Huck se tornou um personagem público e político?

Mas se faz o silêncio, nada inocente.

Fonte: TIJOLAÇO
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Hoje, Luciano Huck, o candidato não candidato, afirmou que não é candidato e que participa da vida política para oxigenar a política com ideias novas e éticas. Ahhh, então tá !

Gordo e mentiroso

Ronaldo admite excesso de peso em 2006 e entender convulsão de 98

Fonte: BOL
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Pouco antes do início da Copa do Mundo de futebol de 2006, que foi realizada na Alemanha, o treinador da seleção brasileira na época - Carlos Alberto Parreira - junto com alguns jogadores - inclusive Ronaldo - participaram de uma entrevista por vídeo conferência em que o então Presidente Lula era o entrevistador. Em todas as suas perguntas, não mais do quatro, Lula foi rejeitado , até mesmo de forma agressiva, pelos entrevistados. Uma das perguntas de Lula foi para Ronaldo, quando o ex-presidente comentou que Ronaldo aparentava estar bem acima do peso, ou seja, inclusive gordo. Ronaldo respondeu de forma grosseira, negando estar fora de forma e gordo. Passados praticamente doze anos , o "fenômeno" admite que estava gordo. Mentiu, omitiu, como é de praxe no mundo midiático da direita. Na ocasião, logo após a entrevista, a velha mídia caiu de pau em Lula, dizendo que como repórter Lula era um fracasso, já que todas as suas perguntas foram questionadas e rejeitadas pelos entrevistados. Ronaldo, " o fenômeno", faz parte do grupo político da direita onde se situa Luciano Huck, que ontem afirmou que não será candidato a nada e está apenas querendo oxigenar com ideias e práticas novas a política. Ahhh, então tá.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Ahed Tamimi

Palestina: o rosto viral de Ahed Tamimi

Ela já foi vista mordendo um soldado israelense e, recentemente, dando uma bofetada em outro. Detida desde 19 de dezembro, a adolescente, ícone da luta contra a ocupação para alguns e "provocadora" para outros, perpetua uma tradição familiar de militância

Por Guillaume Gendron - Libération

11/01/2018 09:05


Guillaume Gendron, Libération

Bassem Tamimi reabastece o fogão com carvão e faz mais café para os jornalistas que estão em sua casa, na pequena cidade de Nabi Saleh, na Cisjordânia. Todos ali têm o hábito do café. E todos têm direito a um afetuoso "habibi" (meu amor, meu querido em árabe), quer estejam aqui pela primeira ou pela vigésima vez. Na segunda-feira, ele voltaria ao Tribunal Militar de Ofer para comparecer à audiência que iria decidir se liberaria sua filha Ahed. Infelizmente, a audiência foi adiada e a adolescente, que ainda não sabe a data de seu julgamento, passará pelo menos mais uma semana na cela. No dia 19 de dezembro, ela foi presa às 4 da manhã por soldados que a tiraram de dentro de seu quarto com paredes cor-de-rosa cobertas com adesivos velhos do personagem Bob Esponja.

Quatro dias antes, Ahed Tamimi, 16 anos, havia insultado dois soldados israelenses que ocupavam o pátio de sua casa para desalojar atiradores de pedras, antes de chutarem e darem um tapa em um deles. Tudo sob os olhos de sua prima, Nour, 20 anos, e diante da câmera do telefone de sua mãe, Nariman, que transmitiu a briga ao vivo nas redes sociais. Desde então, o vídeo tornou-se viral e a imagem de Ahed, queixo erguido e cabeleira loira, tomou desde os muros da Cisjordânia às paradas de ônibus de Londres. Nour foi liberada sob fiança na sexta-feira, mas Nariman ainda está detida.

Ahed Tamimi não se tornou um símbolo agora. Já o era antes deste vídeo e, se há uma coisa em que palestinos e israelenses concordam, é que ela foi criada para isso. Para ser uma resistente, uma "lutadora pela liberdade", como seu pai diz, com orgulho. Para ser uma "provocadora", uma "atriz", ridicularizam os israelenses. Já faz quase dez anos que Ahed participa das manifestações semanais organizadas por seu pai. Na sexta-feira após a prece, dezenas de moradores desta cidadezinha palestina de cerca de 600 habitantes, muitas vezes acompanhados por ativistas e jornalistas estrangeiros, marcham até um riacho do outro lado da estrada, onde fica a rica colônia de Halamish, com suas orgulhosas bandeiras com a estrela de David, seu arame farpado e seus loteamentos organizadinhos, ao estilo americano. Os moradores, que têm, há gerações, o hábito de tomar banho no riacho, lutam contra o desvio da fonte pelos colonos que, aos poucos, bloquearam o acesso ao riacho, transformando-o numa espécie de praia privada. Nas duas entradas da cidade foram instaladas duas pesadas barreiras de metal, de modo que o exército, posicionado em uma base próxima, controle o acesso em dias de manifestação, que termina sistematicamente em confrontos mais ou menos violentos. Nos dias bons, os militares bloqueiam a estrada e atiram as granadas ensurdecedoras e gases lacrimogêneos; nos ruins, atiram com balas de borracha. As crianças do vilarejo, os chebab, tentam expulsar os soldados atirando pedras seguindo táticas elaboradas durante a semana. Em oito anos, quase um em cada seis moradores foi preso. Os colonos, por sua vez, reclamam do cheiro do gás.

"Pallywood"


Os Tamimi filmam tudo: abusos, insultos, lesões. O tio de Ahed fundou uma agência de informação com o nome do clã, Tamimi Press. O ritual deu uma aura internacional a Nabi Saleh, que se tornou, no imaginário pró-Palestina, uma espécie de aldeia de Asterix combatendo quase sozinha a ocupação com abnegação e não-violência. Bassem Tamimi repete aos jornalistas: se uma terceira intifada acontecer, ele vai partir. Os israelenses, por sua vez, veem o lugarejo como a sede do que eles chamam, de forma depreciativa, de "Pallywood", um teatro de provocação que utilizaria crianças como bucha de canhão por alguns cliques. Uma visão que beira a teoria da conspiração, retomada pelas altas autoridades israelenses. "A família Tamimi, que talvez nem seja uma família de verdade, veste crianças com roupas americanas e paga-lhes para provocar tropas da IDF [Israel Defence Forces] em frente às câmeras. Este uso cruel e cínico de crianças é um maltrato!", ousou escrever no Twitter Michael Oren, ex-embaixador israelense em Washington e Secretário de Estado da Diplomacia.

Bassem Tamimi, por sua vez, assume sua estratégia, com frases de efeito que o ativista de longa data do Fatah teve tempo de aprimorar durante décadas de ativismo que lhe valeu quatro anos nas prisões israelenses por envolvimento na luta armada. No passado, membros do clã Tamimi também participaram de atos terroristas. "Hoje, a câmera é a arma mais poderosa e mais eficaz para a luta”, teoriza o pai da família. “Ela nos dá poder moral sobre o poder material de nosso inimigo. Os israelenses estão com raiva porque não podem mais monopolizar a mídia. Existem as redes sociais. Filmamos tudo, podemos provar tudo. Se eles querem dizer que é cinema, não me importo, não estou nem aí para suas análises".
Regularmente, uma imagem particularmente edificante das sextas-feiras em Nabi Saleh dá a volta ao mundo. E Ahed sempre se destaca. Em 2012, vimos Ahed, ainda uma menina de 11 anos, frágil, mas impetuosa, de punho erguido diante de um soldado, ameaçando "explodir a cabeça" dele. O chefe de estado turco, Recep Tayyip Erdogan, até lhe ofereceu uma recepção bastante oficial e um iphone novo para continuar filmando. Os israelenses a batizaram de "Shirley Temper" – trocadilho que combina "gênio forte" em inglês com uma referência à estrela infantil de Hollywood Shirley Temple. Três anos depois, Ahed foi vista com uma camiseta cor-de-rosa com uma imagem do Piu-piu da Warner Bros, mordendo o pulso um soldado que tentava imobilizar seu irmão mais novo. Desta vez, a foto fez com ela fosse recebida presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas – na ocasião, Ahed vestiu um macacão camuflado. Bassem Tamimi está ciente e joga com o fato de a aparência de sua filha mexer com a opinião pública internacional. Seus cachos loucos, a ausência de véu, suas roupas adolescentes, sua melancolia revoltada bem millenial: como observou um colunista israelense, se cruzássemos com ela no shopping, ela não chamaria atenção. "Quando veem Ahed, os ocidentais, em sua maioria racistas, veem sua própria filha”, diz o patriarca dos Tamimi. “A oprimida é branco. Isso quebra o estereótipo do palestino de pele escura, que é um terrorista com uma arma na mão. Isso os perturba".

Do lado israelense, foi um gesto, a bofetada humilhante, que perturbou a opinião pública. No vídeo, os soldados não se mexem para evitar uma escalada. "Eles nem a prenderam naquele dia, sequer escreveram um relatório", diz Gaby Lasky, advogada de Ahed Tamimi. “Ela foi presa quatro dias depois, após o vídeo ter viralizado e os políticos interferirem". Em um primeiro momento, os comentaristas israelenses elogiaram a fleuma dos militares, nova prova da "moralidade" do exército israelense. Mas rapidamente, os líderes da direita nacionalista se fizeram ouvir. Na rádio do exército, Naftali Bennett, ministro da Educação e líder dos ultranacionalistas do Lar Judaico, fez um apelo para que Ahed e sua prima "terminem seu dias na prisão". O deputado do Likud Oren Hazan, conhecido por seu destempero, elogiou os soldados por seu "controle", acrescentando que, em seu lugar, "teria enviado essas pequenas terroristas para o hospital mais próximo", antes de se dizer "humilhado" pela liderança militar que não deixa os soldados "mostrarem quem é o verdadeiro dono da casa".

Na televisão israelense, há um debate sem fim sobre como calar os Tamimi de uma vez por todas. Os excessos culminam em um editorial do diário Maariv, onde o famoso colunista Ben Caspit estima que "no caso das meninas, deveríamos fazê-las pagar, na próxima oportunidade, no escuro, sem testemunhas ou câmeras". Uma sugestão interpretada como um apelo ao estupro por uma parte da esquerda israelense.

"Nenhuma tolerância"

"Em vez de um debate sobre a ocupação, a verdadeira causa por trás de tudo isso, o assunto nacional se limita à melhor forma de lidar com uma adolescente", diz Hagai El-Ad. Para o diretor da organização B'Tselem, o caso mostra que não há mais "nenhuma tolerância com a resistência palestina. É quase uma piada: se um palestino filma uma manifestação, é terrorismo midiático; se defende o boicote, é terrorismo econômico; se quer levar um caso a um tribunal internacional, é terrorismo jurídico. Tudo o que não for acordar pela manhã e agradecer a Israel pela ocupação recebe este adjetivo...".

Tudo indica que a justiça militar israelense – onde a taxa de condenação dos palestinos é de 99%, de acordo com as ONGs – quer fazer de Ahed Tamimi um exemplo. Com a consequência previsível de torná-la um ícone ainda mais importante do que é hoje. Doze acusações foram feitas contra ela, quase metade por "ataques", e cinco contra sua mãe, acusada de incitação à violência. Algumas das acusações datam de vários meses, outras se referem a "ameaças" feitas durante sua prisão – a uma soldada que perguntou o que havia feito aos soldados israelenses, ela teria dito: "Tire minhas algemas que eu mostro". No último fim de semana, o jornal Haaretz revelou imagens chocantes do rosto desfigurado de seu primo de 15 anos, Mohammed, atingido na cabeça por uma bala de borracha uma hora antes da filmagem do vídeo. Prova de que, definitivamente, não se trata de teatro. Bassem Tamimi diz ter um "vulcão" na barriga. "Estou triste, preocupado, mas também estou orgulhoso e confiante. Ahed é muito forte. Ela se tornou o espírito de sua geração”. Ele não tem arrependimentos, mas se incomoda quando perguntado se ele sacrificou a infância da filha pela causa. "Sim, criei meus filhos na resistência", diz ele. “Se não houvesse ocupação, poderia mandar minha filha para a aula de dança".
Tradução de Clarisse Meireles

Fonte: CARTA MAIOR
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O fazendeiro de bundas e o fascismo

Luciano Huck: da vulgaridade regada a funk e pagode à "grande esperança branca"
quarta-feira, janeiro 10, 2018 Wilson Roberto Vieira Ferreira



O ex-cineasta e jornalista Arnaldo Jabor chamava-o de “fazendeiro de bundas” no final dos anos 1990. Naquele momento, a elite bem-pensante de um país cujo presidente era um sociólogo e doutor pela Sorbonne via-o como um personagem do nível de apresentadores como Gugu ou Ratinho. Produto da “revolução da vulgaridade regada a funk e pagode”. Mas os tempos mudaram. Agora Luciano Huck é a “grande esperança branca” depois de muitas idas e vindas – subliminarmente lançou sua candidatura no “Domingão do Faustão” ao negar ser “o salvador da pátria” e acrescentar: “não sei o que vai ser a minha vida”, ao lado da candidata a primeira-dama Angélica. Como sempre, o “wishful thinking” das esquerdas considera tudo uma “manobra desesperada dos golpistas”. Mas o golpe não chegou até aqui, com um tic-tac milimetricamente calculado e eficiente com o apoio logístico da Guerra Híbrida e do Lawfare do Departamento de Estado dos EUA, para ver todas as “reformas” perdidas numa eleição democrática. A ocupação midiática do Estado já superou a antiga visão da “Sociedade do Espetáculo” de Guy Debord. Agora a grande mídia quer dispensar intermediários para alinhar de uma vez o Estado ao tempo real midiático-financeiro.

Lá pelo já distante ano de 2015, este Cinegnose foi profético: especulavam-se as candidaturas de José Luiz Datena, João Dória Jr. e Celso Russomano para a prefeitura de São Paulo. Na época, este humilde blogueiro acreditava que São Paulo era muito mais do que um enclave conservador: era também um laboratório de vanguarda para experimentos financeiros-jurídicos-midiáticos.

A pouco mais de um ano das eleições municipais, dois personagens midiáticos sem vida orgânica partidária e sem experiência política entravam em cena como candidatos: Doria Jr. e Datena, somando-se a Russomanno, outro candidato midiático que participara do último pleito.

“É a mídia, estúpido!”, vaticinava a postagem. Depois de anos de um trabalho diário de desmoralização da política em bloco, a grande mídia chegava a última etapa do seu projeto histórico: chega de intermediários! Para quê levar a Política à reboque pautando e roteirizando seus acontecimentos se as próprias estrelas televisivas podem assumir as rédeas.

E a postagem de 2015 alertava: “se essa experiência der certo no verdadeiro laboratório de vanguarda em que se tornou São Paulo, quem sabe teremos no futuro Luciano Huck para presidente”.



Huck: de “fazendeiro de bundas” à “última esperança”

Nos anos 1990 triunfantes do neoliberalismo de Bill Clinton nos EUA, FHC aqui no Brasil e Bill Gates dizendo que a Globalização era a “estrada para o futuro”, figuras midiáticas como Luciano Huck eram desprezadas pela elite bem-pensante, satisfeitas com a “internacionalização” do País com privatizações a toque de caixa.

Huck era colocado ao lado de outras figuras como Ratinho e Gugu. E seu programa, o “H” da Band, enquadrado ao lado de coisas como “Aqui e Agora” e “Domingo Legal” do SBT ou quadros como o “Sushi Erótico” do “Domingão do Faustão” na Globo.

Por exemplo, em sua coluna no jornal Folha de São Paulo, o ex-cineasta e jornalista Arnaldo Jabor qualificava Luciano Huck como “fazendeiro de bundas”, típico produto da “revolução da vulgaridade regada a funk e pagode”. Huck era especializado em revelar beldades como a “Feiticeira” e a “Tiazinha”, em quadros onde jovens eram depilados de forma dolorosa ao vivo – clique aqui.

Sintomático pela sua trajetória: estagiário em agências de publicidade, revista Playboy, colunas sociais e sócio em casas noturnas.

Nesses tempos triunfantes, a elite satisfeita apenas torcia o nariz para Huck e suas beldades de chicotinho e rosto com véu, em um país governado por um sociólogo graduado pela USP com doutorado na Sorbonne.

Mas os tempos mudaram. Depois do crash da Nasdaq no ano 2000, ocrash dos mercados globais de 2007-2008, o subsequente derretimento da Zona do Euro, a desobediência dos BRICS e os doze anos de governos trabalhistas no Brasil que interromperam temporariamente a receita da agenda neoliberal brasileira, a elite bem-pensante teve que se unir à midiática para tentar recolocar a locomotiva da Globalização nos trilhos.



Nos EUA, o personagem midiático Donald Trump chegou ao poder para dar um alento à “América Profunda” que foi deixada para trás pela Globalização. É criticado por ser um ator falastrão e canastrão. Foi até publicada uma biografia que retrata Trump com sérios problemas psiquiátricos. Mas, paciência: é o homem certo para o momento atual do capitalismo.

E no Brasil, depois de anos de guerra híbrida e jornalismo de esgoto (cujo ápice foram os anos de 2013 a 2016) para interromper o hiato dos governos trabalhistas, o resultado foi imprevisível: polarização entre Lula à esquerda e o militar da reserva Jair Bolsonaro com discurso de extrema-direita.

Bolsonaro fez parte do mal necessário para criar a atmosfera midiática de crise política para acender o rastilho do impeachment. Mas agora, parece impossível colocá-lo no script da “ grande esperança branca”* – Bolsonaro lembra o comportamento intempestivo de Jânio Quadros (e se colocar um general como Ministro da Fazenda?), também a “esperança” em 1960. E deu no que deu: crise política, renúncia e o adiamento em dois anos do golpe, postergado para 1964.

O roteiro do “novo” na Política

Mas o roteiro já está traçado e o exemplo, como sempre, vem do estrangeiro: além de Trump, Macri na Argentina e Lorenzo Mendonça na Venezuela (o “anti-Maduro”) fazem parte do elenco dos empresários-celebridades e estrelas midiáticas que segue o mesmo discurso – representam “o novo” na Política, sem os “vícios” dos “políticos tradicionais”, e sempre defensores das “reformas necessárias”.

E entre idas e vindas, ironicamente o “fazendeiro de bundas” (para quem a elite torcia o nariz) ressurge como a “grande esperança branca”*. No “Domingão do Faustão” do último domingo, Luciano Huck, ao lado da sua candidata a primeira-dama Angélica, fez uma exaltação subliminar da sua candidatura – afirmar através da negação: “nunca vou ser o salvador da pátria, e o que vai acontecer na minha vida eu também não sei”, afirmou o apresentador que participa de movimentos como o “Agora!” e o “Renova BR” voltados para a formação de novas lideranças políticas.



Isso em uma concessão pública numa flagrante desobediência à legislação eleitoral. No passado a Globo recorreu ao mesmo modus operandi com o então desconhecido governador das Alagoas, Fernando Collor de Mello, com participações no programa “Cassino do Chacrinha” para lançá-lo candidato nas eleições de 1989.

Essa participação de Huck no programa de Fausto Silva foi ao ar alguns dias depois de o próprio apresentador solicitar a Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, que não excluísse seu nome das pesquisas eleitorais.

Dentro dessa batalha midiática, não seria a primeira vez que a Globo sacrifica ou rifa de vez seus próprios produtos: Miriam Leitão e Carlos Sardenberg transformaram-se em protagonistas da fake news do “escândalo da Wikipedia” em 2014 (no qual o próprio repórter era a única fonte para turbinar a matéria); William Waack foi jogado ao mar no ano passado depois da gafe racista, para provar que a emissora é imparcial; e agora a Globo promove o seu apresentador a candidato subliminar à presidência - de “fazendeiro de bundas” a emissora o promoveu a reformador de latas velhas e motivador do empreendedorismo para telespectadores desesperados.

Manobra desesperada?

As esquerdas, como sempre com o seu compulsivo wishful-thinking, acreditam que tudo isso não passa de uma manobra desesperada de uma elite financeira-judiciária-midiática que não consegue lançar um candidato de Centro para fazer frente a Lula-Bolsonaro: depois de Dória Jr. queimar a largada com a ansiedade de se transformar no herói anti-Lula e as alternativas Alckmin, Meirelles etc. simplesmente não decolarem, lançam um apresentador de TV com a imagem marcada pelas ligações comerciais perigosas com o radioativo Aécio Neves.



Mas o golpe não chegou até aqui, com um tic-tac milimetricamente calculado e eficiente com o apoio logístico da Guerra Híbrida e do Lawfare do Departamento de Estado dos EUA, para perder todas as “reformas” numa eleição democrática. O Brasil definitivamente não é para amadores.

Como discutíamos em postagem anterior sobre o documentário “Paul Virilio: Pensar a Velocidade” (clique aqui), a velocidade do tempo midiático é a mesma do sistema financeiro global: a aceleração algorítmica dos mercados financeiros tornaram o Estado e a Política em meras figuras decorativas, sem tempo de reação para reverter o jogo global.

A ocupação midiática do Estado já superou a antiga visão da “Sociedade do Espetáculo” de Guy Debord. Agora a grande mídia quer dispensar intermediários para alinhar de uma vez o Estado ao tempo real midiático-financeiro. Eles sabem que nenhuma das reformas (políticas, trabalhistas etc.) resiste a uma eleição democrática. Por isso, a “nova política” dos empresários-celebridades e estrelas midiáticas sem vivencia político-partidária é uma tendência planetária, sob o arrastão das diversas “primaveras” que pipocam pelo mundo.


"Advogado do Diabo": fazer o cheiro da merda chegar até Deus...

O quê resta, então? Aquilo que até agora as esquerdas não querem ver, crentes que estão: (1) que vai haver eleição esse ano; (2) e se houver eleições, as esquerdas reverterão democraticamente todas as reformas e suspensão de direitos que o golpe desencadeou.

Mas o quê resta? Mobilização permanente para gerar a situação de “empate” – através de todos os meios de desobediência civil e ocupação das ruas, “empatar” o jogo, isto é, dificultar a continuidade, sustar, embaraçar. Tomar, ocupar espaços não midiáticos e trolar a grande mídia sistematicamente quando ela chegar nesses espaços – sobre isso clique aqui.

O quê resta está fora do suposto jogo parlamentar ou democrático. Resta atuar nos mesmos campo da guerra híbrida. A “cura” pelos semelhantes – não mais política alopática. Agora deve ser homeopática.

Parafraseando o último monólogo de John Milton, personagem de Al Pacino no filme Advogado do Diabo (1997), criar gradualmente tamanha confusão e intrusão que faça o cheiro da merda chegar até Deus.

* "grande esperança branca" - expressão que faz alusão ao filme "The Great White Hope" (1970) - baseado em fatos reais sobre o primeiro pugilista negro a conquistar o título dos pesos-pesados que sofre constantes humilhações, sujeitando-se a perder para um lutador branco que venceria facilmente
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Fonte: CINEMA SECRETO - CINEGNOSE
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Resultado de imagem para imagem de bico de pena para escrever
Com essa nova onda, a política deixa de ser o campo para políticos que passa a ser ocupado por celebridades midiáticas. A Democracia passa a ser aquilo que o Dinheiro deseja que seja, fazendo das eleições nada mais do que um teatro onde as pessoas são atores representando um papel em uma festa cívica. Na nova "ordem" o Judiciário passa a ser o organismo certificador das ações empreendidas pelos setores do Dinheiro. O Legislativo passa a ser o organismo de credenciamento de corporações, que serão habilitadas através de uma nova legislação. Já o Executivo, faz o papel de porta-voz dos verdadeiros donos do Poder. O complexo midiático garante a alienação e a distração da população, para evitar protestos desagradáveis. Como em "Deus Confiamos" valores conservadores serão propagados diariamente.

O nome desse conjunto é Fascismo, e deve ser combatido de todas as formas e meios.

Um país de patos

O país de patos manipulados se prepara para assistir o big brother de Globo.
A imagem pode conter: 16 pessoas, pessoas sorrindo










































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Hoje, aulinha de Português: pleonasmo, que ocorre por hábito, falta de atenção ou desconhecimento da língua materna. Eis alguns: Abertura inaugural; Consenso geral; Escolha opcional; Fato verídico; Habitat natural; Monopólio exclusivo; Pequenos detalhes; Tucanos ladrões.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

O Amor

Sobre o amor

Escrito por Pedro Breier, Postado em Pedro Breier



Por Pedro Breier

O que Jesus, Buda, a física quântica e a teoria da evolução proposta por Darwin têm em comum?

Todos chegaram, por mais estranho que possa parecer, à mesma conclusão: o amor é a resposta.

Comecemos do princípio.

A teoria mais aceita para o início do universo em que habitamos é a do Big Bang, segundo a qual toda a matéria e energia que existe estava, no começo dos tempos, super-hiper-mega-ultra concentrada em um minúsculo ponto.

Após uma espécie de explosão, o universo começou a expandir-se, o que continua fazendo até hoje, cerca de 13,8 bilhões de anos depois do fatídico momento.

Pois bem.

Podemos dizer que o grande ensinamento de Jesus Cristo é o bastante conhecido (mas nem tanto colocado em prática) “Amai ao próximo como a si mesmo”. Para além de fazer todo o sentido se o objetivo é vivermos em paz e harmonia uns com os outros, a dica de Jesus se coaduna, de forma incrível, com as descobertas da ciência ocidental.

Se o universo inteiro esteve todo grudadinho em algum momento, isso significa que ele, o universo, é, na verdade, uma coisa só. Não por acaso, os mestres espirituais ensinam que a percepção de que os outros seres e objetos estão separados de nós e também uns dos outros é uma mera ilusão oriunda da nossa mente.

Se todo o universo é uma coisa só, amar ao próximo como a si mesmo não é apenas um ato altruísta, mas também um gesto inteligente de amor próprio: o próximo somos nós mesmos.

Sidarta Gautama, o Buda mais famoso, disse em um de seus sutras (ensinamento resumido em poucas palavras): “Neste mundo o ódio jamais dissipou o ódio. Somente o amor dissipa o ódio. Essa é a lei, ancestral e inexaurível.”

Pois Charles Darwin e sua teoria da evolução dialogam com o ensinamento amoroso do Buda, vejam vocês.

Na dura competição das espécies pela sobrevivência, aparentemente a cooperação é uma vantagem evolutiva em relação ao egoísmo. E cooperação está tão próxima do amor quanto o egoísmo está próximo do ódio.

Cardumes. Manadas. Colmeias. Formigueiros. A civilização humana. Muitas espécies garantem sua sobrevivência cooperando entre si para formar sociedades extremamente complexas.

Dois pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, criaram, inclusive, um modelo matemático para mostrar como a cooperação surge e acaba prevalecendo sobre o egoísmo durante a evolução (aqui). A cooperação dissipa o egoísmo. O amor dissipa o ódio.

Se a cooperação – e, portanto, o amor – é uma vantagem evolutiva, há algo muito errado em vivermos sob as regras de um sistema chamado capitalismo. Aliás, faz algum sentido o capital, que deveria ser apenas um facilitador de trocas entre os seres humanos, ser o centro do sistema a ponto de nomeá-lo?

Apesar de termos, como espécie, dominado o mundo, o nosso nível de cooperação é ínfimo perto do potencial para cooperar que temos. Os valores martelados na cabeça das pessoas pelo sistema de mídia global são os inerentes ao sistema capitalista: individualismo e competição. O sucesso é para os fortes. O resto que se dane.

O resultado é trágico: milhões de miseráveis, um punhado de nababos e a destruição do planeta a passos largos.

Imaginem a bela sociedade que teríamos caso os valores da cooperação, da fraternidade e do amor fossem ensinados às crianças ao invés daqueles decorrentes do egoísmo.

Olhemos o longo prazo, contudo, e tenhamos esperança.

O círculo dos seres abrangidos pela consideração humana vem aumentando ao longo da história. Começou com os familiares mais próximos, na pré-história, expandiu-se para pequenas comunidades, depois para tribos, para cidades, estados, países.

Em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos expandiu – apenas na teoria até o momento – os direitos humanos para todos os seres humanos. E não parou por aí. Cada vez mais alastra-se a percepção de que também os animais e a natureza têm o direito de existir em paz.

Parece inexorável, portanto, que acordemos, em algum momento, para a verdade fundamental do amor.

Para que isso se concretize, será necessária muita luta, por paradoxal que possa parecer.

Que em 2018 e em todos os anos daqui para a frente possamos ter força e garra para enfrentar as duras batalhas que virão.

Mas sem jamais perder de vista o que une a espiritualidade e a ciência. O que nos move. O amor.

Fonte: O CAFEZINHO
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O circo foi armado no Faustão