quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Navalha de Ockham

O alto preço de negar a luta de classes

O crescimento do populismo dos dois lados do Atlântico está sendo investigado sob os ângulos psicanalítico, cultural, antropológico, estético e, (...)

Por Yanis Varoufakis, Project Syndicate
19/12/2017 13:10


A atmosfera política da anglosfera está tomada pela indignação burguesa. Nos Estados Unidos, o chamado establishment liberal está convencido de ter sido roubado por uma insurgência de "deploráveis" armados por hackers de Vladimir Putin e pelo funcionamento interno sinistro do Facebook. Na Grã-Bretanha, igualmente, uma burguesia furiosa precisa se beliscar para acreditar que o apoio para trocar a União Europeia por um isolamento inglório continua inabalável apesar de um processo que poderia ser descrito como um Brexit de cão.

O intervalo da análise é surpreendente. A ascensão do paroquialismo militante dos dois lados do Atlântico está sendo investigada sob todos os ângulos imagináveis: psicanalítico, cultural, antropológico, estético e, claro, em termos de política identitária. O único ângulo ignorado é justamente aquele que contém a chave para entender o que acontece: a luta de classes travada contra os pobres incessantemente desde o fim da década de 1970.

Em 2016, o ano do Brexit e de Trump, tomemos dois dados devidamente negligenciados pelos mais perspicazes analistas do establishment. Nos EUA, de acordo com os dados do Fed, o Banco Central americano, mais de metade das famílias americanas não têm as condições mínimas para obter um empréstimo para comprar o carro mais barato no mercado (o sedan Nissan Versa, a 12.825 dólares). Enquanto isso, no Reino Unido, mais de 40% das famílias dependem de crédito ou de bancos de alimentos para se alimentar e cobrir as necessidades básicas.

William de Ockham, filósofo britânico do século XIV, argumentava que, quando confusos diante de explicações conflitantes, devemos optar por aquela com menos suposições e de maior simplicidade. Pois todos os habilidosos comentaristas do establishment nos EUA e na Grã-Bretanha parecem ter negligenciado esse princípio.

Relutando em perceber a intensificação da luta de classes, martelam suas intermináveis teorias de conspiração sobre a influência russa, enquanto disparam rajadas espontâneas de misoginia, queixas contra a maré de migrantes, o domínio das máquinas e assim por diante. Embora todos esses medos estejam estreitamente correlacionados com o paroquialismo militante que alimenta os fenômenos Trump e Brexit, eles apenas tangenciam sua causa mais profunda – a luta de classe contra os pobres – evidenciada pelos dados sobre a acessibilidade ao carro, nos EUA, e a dependência de crédito de grande parte da população britânica.

É verdade que alguns eleitores da classe média relativamente alta também apoiaram Trump e o Brexit. Mas muito desse apoio é decorrente do medo causado pela observação das classes logo abaixo, mergulhadas em desespero e raiva, ao mesmo tempo em que viam encolher as perspectivas de seus próprios filhos.

Há vinte anos, os mesmos comentaristas liberais cultivavam o sonho impossível de que a globalização do capitalismo financiado ofereceria prosperidade para quase todos. Num momento em que o capital estava cada vez mais concentrado, em escala global, e mais militante contra quem não possuíam ativos, eles declaravam a guerra de classes. À medida que a classe trabalhadora crescia em tamanho no mundo todo, apesar de seus empregos e perspectivas de emprego encolherem na anglosfera, essas elites se comportavam como se o conceito de classe fosse ultrapassado.

O colapso financeiro de 2008 e a recessão subsequente enterraram esse sonho. Ainda assim, os liberais ignoraram o fato inegável de que as perdas gigantescas sofridas pelo quase criminoso setor financeiro foram cinicamente transferidas para os ombros da mesma classe trabalhadora à qual não davam mais nenhuma importância.

Apesar de se verem como progressistas, a prontidão das elites em ignorar a ampliação das divisões de classe e substituí-las por políticas de identidade cegas para a questão (de classe) foi o maior presente para o populismo tóxico. Na Grã-Bretanha, o Partido Trabalhista (sob Tony Blair, Gordon Brown e Edward Miliband) foi tímido demais para sequer mencionar a intensificação da luta de classes pós-2008 contra a maioria, levando ao crescimento, em todo o coração trabalhista, do Partido de Independência do Reino Unido (UKIP), com seu paroquialismo Brexit.

A sociedade educada parecia não se importar com o fato de que se tornara mais fácil entrar em Harvard ou Cambridge sendo negro do que sendo pobre. Eles ignoraram deliberadamente que as políticas identitárias podem ser tão desagregadoras quanto o apartheid se utilizadas como ferramenta para invisibilizar o conflito de classes.

Trump não demonstrou escrúpulo algum para falar de classes claramente e incluir – ainda que enganosamente – quem não tinha como comprar um carro financiado, muito menos mandar seus filhos para Harvard. Os partidários do Brexit, igualmente, abraçaram os britânicos do andar de baixo, como tentavam mostrar imagens do líder do UKIP Nigel Farage bebendo em pubs com "sujeitos comuns". E quando grandes faixas da classe trabalhadora deram as costas para os filhos e filhas favoritas do establishment (os Clintons, os Bushes , os Blairs e os Camerons), preferindo endossar o paroquialismo militante, analistas e comentaristas culparam as ilusões da ralé sobre o capitalismo.

Mas não foram as ilusões sobre o capitalismo que levaram ao descontentamento que alimentou a vitória de Trump e do Brexit. Pelo contrário, é a desilusão com a política moderada como a que intensificou a guerra contra as classes populares.

Previsivelmente, a inclusão da classe trabalhadora por Trump e pelos partidários do Brexit os armaria de um poder eleitoral que, mais cedo ou mais tarde, se voltaria contra os interesses da classe trabalhadora e, claro, das minorias – o comportamento habitual do populismo no poder, desde a década de 1930 até hoje. Assim, Trump usou o apoio da classe trabalhadora para conduzir reformas fiscais escandalosas, cuja ambição evidente é ajudar a plutocracia, enquanto milhões de americanos enfrentam cortes na cobertura de saúde e, à medida que o déficit orçamentário federal incha, maiores impostos de longo prazo.

Da mesma forma, o governo conservador da Grã-Bretanha, que abraçou os objetivos populistas de Brexit, anunciou recentemente mais uma redução de bilhões de libras em programas sociais, educação e reduções fiscais para os trabalhadores pobres. Esses cortes equivalem exatamente às reduções nos impostos corporativos e sobre herança.

Os comentaristas do establishment, que tanto desdenham da pertinência das classes sociais, acabaram contribuindo para criar um ambiente político em que a política de classe é mais pertinente e tóxica – e menos discutida – do que nunca. Falando em nome de uma classe dominante composta por consultores financeiros, banqueiros, representantes corporativos, proprietários de mídia e executivos da indústria, eles agem como se seu objetivo fosse justamente entregar as classes trabalhadoras nas mãos sujas dos populistas e sua promessa vazia de fazer a América e a Grã-Bretanha "voltarem a ser grandes".

A única perspectiva de civilizar a sociedade e desintoxicar a política está em um movimento político que aproveite, em nome de um novo humanismo, a incômoda injustiça evidenciada pela luta de classes. A julgar pela forma impiedosa como trata o senador dos EUA, Bernie Sanders, e o líder trabalhista inglês Jeremy Corbyn, o establishment liberal parece temer esse movimento mais do que teme Trump e o Brexit.

Tradução de Clarisse Meireles

Fonte: CARTA MAIOR

Lula,com folga surfando

Vox: No ninho dos tucanos, Lula tem 28% contra 11% de Alckmin
19 de dezembro de 2017 às 23h25



CUT/Vox Populi: Lula lidera com 28% em São Paulo
Lula tem mais que o dobro do atual governador Geraldo Alckmin, que fica em terceiro lugar em SP. Em âmbito nacional, o petista chega a 45% na estimulada

Vitor Teixeira: Falha

19 de dezembro de 2017 


Fonte: VIOMUNDO
___________________________________________________________
Resultado de imagem para imagem de bico de pena para escrever

Em meio a perseguições, manipulações, mentiras, invenções e tudo mais que vem sofrendo, Lula vai surfando absoluto na liderança. Eita surfista bom, esse cabra.

REFLITA

E você, acordou ?

Resultado de imagem para imagem de bico de pena para escrever

Com o governo Temer, 9 milhões de brasileiros foram jogados na pobreza. Esse número vai aumentar, em muito. 
Se você é pobre já sente, e logo sabe, o que estou dizendo. 
Se você é pobre, mas não se acha pobre como pobres mais pobres que você, também já sente os efeitos do golpe. 
Se você se acha classe média, você também sente os efeitos da implementação de uma agenda política e econômica que não foi a escolhida pela maioria da população .
Se você se acha classe média especial, até mesmo se identificando com os ricos, saiba que se ainda não sentiu os efeitos do golpe , os sentirá mais rápido do que você imagina que não sentirá, já que para o governo em curso, você não passa de um pobretão idiota e alienado manipulado pelo poder econômico que o faz acreditar e viver como especial, talvez rico. 
E por fim, se você é rico, mas não vive de renda - vive de seu trabalho - você vai ficar menos rico. 
Esse cenário com todas as classes é extremamente realista , talvez inexorável, e você certamente ira rejeita-lo nas próximas eleições. Se assim decidir, sinto dize-lo que será tarde. 
Esse processo criminoso , selvagem e cruel deve ser contido agora, na luta. 
REFLITA.

Mundo contra o golpe

Resultado de imagem para imagem de bico de pena para escrever

Bono Vox, da banda de rock U2 e Pepe Mujica, ex presidente do Uruguai confirmaram presença em Porto Alegre em apoio a Lula no dia do julgamento , 24/01/2018. 
Outros líderes e personalidades mundiais também virão. 
A farsa golpista que pretende condenar sem provas uma liderança da envergadura de Lula já é questionada mundialmente. Com isso, e também com a forte reação do povo argentino contrário as medidas de austeridade similares as medidas que estão sendo implantadas aqui no Brasil , espera-se uma adesão maior do povo brasileiro, participando em Porto Alegre ou mesmo nas grandes cidades do país. 
REFLITA.

A imagem pode conter: atividades ao ar livre
protesto na Argentina contra a reforma da previdência

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Bancos não precisam de cisternas

Com corte de 92%, governo Temer detona premiado programa de cisternas

01 de novembro de 2017 às 09h46


Com corte de 92% para 2018, governo ameaça extinguir programa de cisterna premiado pela ONU

Cauê Ameni, De Olho nos Ruralistas



O corte de 85% no programa de Segurança Alimentar não atinge apenas o principal programa responsável por auxiliar pequenos agricultores e pessoas em situação de insegurança alimentar, como mostrou o De Olho nos Ruralistas.

Também afetará drasticamente o programa de implantação de cisternas, dificultando a vida na região mais árida do país: o semiárido.

O Programa de Cisterna, premiado na COP 13 pela ONU como uma das mais efetivas políticas para áreas desertificadas no mundo, terá seu orçamento reduzido de R$ 248,8 milhões para R$ 20 milhões.

Isso equivale a apenas 8% dos recursos destinado este ano. O valor representa um pouco mais de 6% dos recursos repassados para o programa em 2010.

De acordo com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), organização que congrega 3 mil organizações e movimentos sociais dos nove estados no semiárido, o programa possibilitou o acesso à água potável para mais de 5 milhões de pessoas.

E, por isso, foi laureado pelo prêmio considerado o “Oscar internacional para as melhores políticas”, concedido pelo World Future Council, em cooperação com a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação.

O semiárido concentra metade dos brasileiros em situação de miséria e, apesar de cerca de 350 mil famílias necessitarem de cisternas para sobreviver, a proposta do governo para 2018 é que este pequeno recurso seja destinado para todo o território nacional.

Entretanto, essa verba é capaz de produzir apenas 5.453 cisternas para captação de água, incluindo água para consumo humano, produção de alimentos e criação de animais.

As famílias que necessitam de cisternas estão localizadas em zonas rurais, distantes dos municípios. Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), apenas 27% da população rural de baixa renda possui acesso a uma rede publica de abastecimento de água.

Além disso, o Nordeste vive a pior seca dos últimos 100 anos e afeta 23 milhões de pessoas. De 2010 a 2014 a verba do Programa de Cisterna teve um crescimento contínuo, saltando de R$ 95 milhões para R$ 324,7 milhões. Desde 2015, porém, o fluxo foi inverso.

Fonte: VIOMUNDO
________________________________________________________
Resultado de imagem para imagem de bico de pena para escrever

Instituições financeiras, como bancos, por exemplo, não necessitam de cisternas, daí o corte violento de verbas por parte desse governo assassino.

Globo e o laboratório Huck

Elio Gaspari: o golpe com Luciano Huck foi tentado antes com Silvio Santos e deu em Collor
Por Kiko Nogueira
- 1 de novembro de 2017

Em sua coluna na Folha, Elio Gaspari lembrou que o golpe Luciano Huck já foi tentado em 1989 com Silvio Santos:

Como em 1989, o primeiro turno poderá ser embolado. Lula pode ser condenado na segunda instância e Bolsonaro pode bater com a cabeça no teto da era paleolítica. Como em 1989, quando o governo de José Sarney tinha uma impopularidade que se supunha inigualável (ninguém imaginava que haveria um Michel Temer), há no ar o medo de Lula e, além dele, falta um nome.

Em 1989, era preciso botar um nome na rua e apareceu o do astro Silvio Santos. A busca por candidatos de fora da política era tamanha que no tucanato pensou-se no ator Lima Duarte na chapa de Mário Covas.

Silvio Santos teve até jingle, “agora o povo está contente, o povo já tem em quem votar”, mas, impugnado, deixou a bola murchar e o andar de cima descobriu que o candidato de seu sonhos era Fernando Collor. Deu no que deu.

Em 2017, da mesma cartola de que quase saiu o homem do Baú da Felicidade tenta-se tirar o astro de TV Luciano Huck. A ideia é simples: o povo está desencantado da política, não sabe votar, e pode ir atrás de uma celebridade da telinha. Que tal Henrique Meirelles na vice?

Seria um bom tutor?

Huck parece dispor de uma superassessoria da banca e da marquetagem que, astutamente, não põe a cara na vitrine. Mencioná-los agora seria puro sensacionalismo. Querem que a televisão lhes sirva de palanque. À diferença de Silvio Santos, que era o dono da emissora, Huck sabe os riscos profissionais que corre lançando-se na corredeira de uma campanha política.



Silvio ia sair pelo PFL, mas Aureliano Chaves bateu pé. No PL, Afif Domingos também não renunciou – queria Silvio como vice. O apresentador não aceitou a proposta e passou a ser cortejado por vários partidos.

Ele se decidiu após uma reunião com Armando Corrêa, do “nanico” PMB (Partido Municipalista Brasileiro). Corrêa ofereceu a legenda e o lugar dele. Silvio aceitou a pouco mais de vinte dias para o pleito.

Silvio Santos entrou com o pedido oficial de candidatura no TSE no dia 4 de novembro. Dois dias depois, o PRN, de Collor, entrou com pedido para a extinção do partido do apresentador.

A alegação era de que o PMB não havia feito o número mínimo de convenções exigido pela legislação eleitoral. A menos de dez dias da eleição, o Ibope divulgou uma pesquisa apontando Collor na liderança, com 23%, seguido de Silvio, com 18%, e Brizola, com 14%. O TSE recebeu em seguida mais 14 pedidos contra a candidatura de SS.

No dia 9 de novembro de 1989, o TSE caçou, por unanimidade, o registro do PMB, e anulou a candidatura do apresentador. O PMB deveria comprovar as convenções em nove estados, mas fez apenas em quatro. Silvio não recorreu da decisão.

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
________________________________________________________________
Resultado de imagem para imagem de bico de pena para escrever

Existem semelhanças e diferenças em relação a entrada de Sílvio Santos na campanha de 1989.

Na época a liderança nas pesquisas de intenção de voto era com Fernando Collor, desde o início da campanha. Collor criou um personagem que utilizava sempre que aparecia em público, como nos programas de TV da campanha eleitoral. A estratégia de Collor, apesar de bem sucedida, era claramente percebida pelos políticos e por uma pequena parcela da população. A maioria dos eleitores de Collor não percebia que ali estava um personagem em busca de votos, que soube utilizar muito bem os recursos da TV. A medida que a campanha avançava Collor se consolidava na liderança de um primeiro turno em que existiam mais de dez candidatos a presidência. No entanto, Collor, em seus programas, atacava ferozmente o então presidente, José Sarney, com índices de popularidade na casa de um dígito. Os ataques eram diários e cada vez mais violentos, e uma outra versão da história, aponta que Sarney teria sido o mentor de lançar a candidatura de Silvio Santos, dentre outras coisas, como evidência do apelo da televisão sobre uma grande parcela da população que não tinha capacidade para distinguir os aspectos de simpatia e celebridade com o campo político. Na época, apenas quatro anos após o fim da ditadura e com vários partidos políticos legalizados em cena, não existia um clima de negação dos políticos, a ponto de uma personalidade não político entrar na disputa.

Atualmente, a entrada de Luciano Huck vai em sintonia com a eleição dos EUA e mesmo nas eleições municipais no Brasil, onde não políticos venceram alguns pleitos. Por outro lado, a associação de Huck com a Rede Globo, em baixa com o golpe que destrói o país, pode não ser uma boa estratégia para o jovem ambicioso. O fracasso, até agora, da gestão Dória em São Paulo, um não político, também irá contribuir para minar as pretensões de Huck. Cabe lembrar que mesmo com uma parcela da população brasileira que confunde simpatia e celebridade com política, essa parcela, hoje, é bem menor daquela de 1989 que apoiou Sílvio Santos. Huck é imaturo na política e seria um alvo fácil em debates com políticos experientes, além de não ter nenhuma experiência na vida política não tendo exercido nenhum cargo até então. Os votos em Huck seriam os votos de uma parcela de
audiência da TV Globo, alienada e delirante quanto a compreensão da realidade do país e do mundo.

No entanto, ambos são hábeis animadores de programas de auditório, distribuindo prêmios para pessoas carentes e de pouca compreensão, apenas isso.