quinta-feira, 22 de junho de 2017

O presidente que envergonha o país

TEMER É IGNORADO TAMBÉM NA NORUEGA

22 DE JUNHO DE 2017
Por Luciana Oliveira

247 - Após ser ignorado pelo presidente russo, Vladimir Putin, em sua chegada a Moscou, e principalmente pela mídia do país, Michel Temer passa novo constrangimento na Noruega, onde ficará dois dias para se encontrar com autoridades e empresários.

Ao desembarcar na capital, Oslo, nesta quinta-feira 22, Temer também não foi recebido pelo chefe de Estado do pequeno país. Ele encontrou na base aérea somente o chefe interino do Cerimonial do governo local, Sigwald Haugr, além do embaixador do Brasil em Oslo, George Prata, e a embaixadora norueguesa em Brasília, Aud Wiig
O discurso do peemedebista foi acompanhado por apenas um jornalista local, em início de carreira, segundo relato do jornalista brasileiro Jamil Chade em seu Twitter. “Discurso de Temer na Noruega foi acompanhado por só 1 jornalista local….em sua 3a cobertura desde que se formou na Universidade”, descreveu.

Temer já chega ao local sob duras críticas do país a respeito de sua política ambiental, uma vez que a Noruega é o maior doador para a preservação da Amazônia. A depender do desempenho brasileiro no combate ao desmatamento, os noruegueses podem reduzir os pagamentos ao Fundo da Amazônia.

Fonte: Blog da Luciana Oliveira
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Na Noruega, Temer é recebido pelo chefe do aeroporto

Escrito por Miguel do Rosário, Postado em Redação

Fonte: O CAFEZINHO
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O que faz Temer ainda na presidência. Um fantasma envergonhando os brasileiros.Ignorado por onde passa.

João sem medo

João Saldanha faz 100 anos

No próximo dia 3 de julho, João Saldanha completaria 100 anos, tendo falecido no dia 12 de julho de 1990, em Roma, cobrindo a Copa do Mundo da Itália

Raul Milliet Filho



No próximo dia 3 de julho, João Saldanha completaria 100 anos de idade, tendo falecido no dia 12 de julho de 1990, em Roma, cobrindo a Copa do Mundo da Itália.

Data que não pode passar em branco.

Afinal, estamos falando do maior jornalista da História do futebol brasileiro, tanto em rádio, jornal e TV, e do homem que tinha como frase basilar de sua autobiografia “Minhas ideias valem mais do que minha conta bancária”.

Zuca Sardan

“A vida de João Saldanha só pode ser entendida quando pautada por contrapontos constantes, presentes em sua trajetória, da fronteira do Uruguai ao Posto 6, em Copacabana.

Da família Jobim Saldanha à sua formação de adolescente e adulto no Rio de Janeiro. Do futebol à política, paixão em tom maior (seu maior orgulho foram os trabalhos que teve oportunidade de executar no PCB).

Do Botafogo ao Partido Comunista.

Da Portela à Banda de Ipanema.

De sua admiração por Noel Rosa e Luiz Carlos Prestes.

Da altivez, bem ao estilo gaúcho ao enfrentar as derrotas mais contundentes de amarguras intermitentes.

Da busca obsessiva pela simplicidade em todos os quadrantes do retângulo de um campo de futebol, para ele metáfora maior do mundo em que vivemos.

Do gosto pelo craque, pelo grande estrategista político, pelo compositor genial, pelo escritor de pena privilegiada, pelo turfe, pelo bate-papo com os amigos, pela esquina da Miguel Lemos, em Copacabana, pela praia, em etapas entrelaçadas que, sem sofrerem rupturas, mudaram de perfil, na medida em que a vida seguia”. (Vida que segue, João Saldanha e as Copas de 1966 e 1970, Nova Fronteira, 2006. Raul Milliet Filho – Org.).

Nestas seis edições até o dia 3 de julho, debateremos o perfil de João Saldanha, o “João sem medo, magro de tanto que as paixões o ralam”, como dizia Nelson Rodrigues, não deixando de criticar com firmeza algumas de suas biografias e documentário que, folclorizando seu perfil, deturpam sua trajetória no futebol e na política.



Lembranças de um homem chamado João
Villas-Bôas Corrêa, Jornal do Brasil, 13/07/1990

Um dia após o falecimento de João Saldanha, Villas-Bôas Corrêa, com seu talento de grande cronista, publica no Jornal do Brasil aquele que talvez seja o maior tributo jornalístico a Saldanha.

O futebol brasileiro fica devendo a João Saldanha a paixão de toda uma vida consumida no fogo de alma indomável, iluminada por uma das mais lúcidas e prontas inteligências que conheci, a bravura do exemplo e de um tipo de coragem que não media diferenças e invadia os espaços da temeridade. O futebol e o esporte, como o jornalismo especializado, nele tiveram um inovador a revolucionar o estilo de comunicação e crítica de jogo.

No ramo, era bom como cronista de linguagem despojada e a fantástica capacidade de escrever no mais puro coloquial. Segredo do João: falava a língua do povo para tratar de temas populares.

Ótimo na televisão, saltando do comentário do futebol para a crônica do cotidiano. Brilhou nas mesas redondas, com o jeito de topar brigas e dizer as coisas sem papas na língua. Enfrentou sempre duras paradas com o mesmo ímpeto desabusado de quem não media adversários.

Sempre sustentei, entretanto, que João Saldanha foi inigualável no rádio. Esse o seu espaço, onde realmente se espraiava num à vontade de quem está em casa. Durante anos, saltando de emissora, sustentou a posição indisputada de maior comentarista do rádio brasileiro em todos os tempos. O seu ibope podia ser aferido, nos tempos de Maracanã superlotado nas tardes de domingos e nas noites de qualquer dia, por constatação de ouvido: era só prestar atenção que era possível acompanhar, emendando o som dos rádios de pilha, o comentário do João seguindo o rastro de sua voz por todo o estádio, das cadeiras à geral.

Ninguém como ele empunhando microfone. Enxergava além do óbvio, antevia o desenvolvimento do jogo, descia à análise de táticas. O torcedor ouvia o João para entender o que estava vendo. E para concordar, sempre, até nos desencontros da paixão clubística.

Mas, como técnico da seleção de 1970, em trajetória tumultuada pelos impulsos do temperamento, João Saldanha deixou lições eternas e nunca aprendidas. Convidado, aceitou de pronto e no mesmo embalo anunciou a convocação dos 22. Com o gesto audacioso e exemplar de escalar a seleção titular e a reserva.

Foi o que se viu, apesar dos muitos pesares. A seleção de 1970 nasceu pronta, necessitou de retoques para os ajustamentos finais. Quer dizer que uma vez definida pôde começar treinando, buscando entrosamento, acertando táticas. Nunca esqueci o ensinamento: time só existe depois de escalado. O tempo que se gasta antes de definir a escalação é puro desperdício. E quantos títulos atiramos pela janela da indecisão e do tempo perdido nas famosas experiências que não levam a nada?

Há muitos anos que carregava o privilégio da amizade de João Saldanha, cultivada em convivência intercalada pelos compromissos profissionais, sempre preservada pela cordialidade das conversas e até no choque eventual de opiniões. João tinha suas arestas. Mas, o gosto da conversa, do papo saboroso, ponteado de casos recontados com a graça do pitoresco e em jorro inestancável da memória prodigiosa, detalhista, deixa em cada um dos que com ele privaram a saudade que mergulha na dura conformação com o irreparável.


João Saldanha e Mário Lago

A melhor homenagem que posso prestar ao amigo que morreu como sempre quis, cobrindo a Copa da sua despedida, se resume a esta singela constatação: desde que ficou doente, driblando a morte, surpreendi-me com a estima e o carinho dos humildes. Aqui no JB, na TV Manchete, todos se somavam no mutirão das angústias. Sem distinção. Porque eis um traço do João: não estabelecia diferença. Tratava igualmente a todos que para ele eram realmente iguais.

E isso não se finge nem mistifica. Era, talvez, o melhor do João.

*Raul Milliet Filho é doutor em História Social pela USP.

Fonte: CARTA MAIOR
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O João sem medo, como o chamava Nelson Rodrigues, referência para mim e para muitas outras pessoas de minha geração.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

O Rio das chuvas de janeiro a janeiro

janeiro de 1966 fonte O GLOBO

                                junho de 2017 fonte O GLOBO


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O Rio de Janeiro em dois tempos e uma só realidade.

Janeiro de 1966 e junho de 2017

A cidade não resiste com fortes chuvas.

Ruas ficam alagadas, carros enguiçados, pessoas ilhadas.

Pedras rolam, arrastam e soterram casas e vidas.

O dia seguinte ao temporal é de lama, limpeza e tristeza.

É também o dia de promessas para evitar novos transtornos.

No terceiro dia o tempo se abre, o sol brilha e o temporal fica para trás, assim como também ficam promessas, bens, sonhos e vidas.


O Rio de janeiro não resiste às chuvas e o carioca não resiste ao sol.

Gansos

Ganso usando calcinha fio-dental é achado em Londres

POR FERNANDO MOREIRA

21/06/2017 10:15

Ganso de fio-dental em Londres | RSPCA

Um ganso foi achado em Chislehurst, sudeste de Londres (Inglaterra) usando - pasme! - uma calcinha fio-dental vermelha.

Agentes da Sociedade Protetora dos Animais (RSPCA) foram ao local e retiraram a peça, que poderia causar sério dano à ave.

"Em 15 anos como inspetor da RSPCA foi a primeira vez que tive que resgatar um animal que usava fio-dental", comentou Anthony Pulfer, de acordo com o "Metro".

Não se sabe se há um responsável pela "brincadeira" ou se a calcinha tenha sido jogada fora e acabado acidentalmente no corpo do ganso.

Fonte: O GLOBO
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Não sei porque, mas assim que li essa notícia aí do ganso de fio dental, me lembrei do Luciano Huck. Calma, caro leitor, não é o que você está pensando. É que recentemente surgiu uma notícia que o apresentador de Globo tem em sua residência no Rio de Janeiro um casal de gansos, e um dos bichos é muito espalhafatoso, histérico e barulhento , o que tem incomodado os vizinhos.

Globo inaugura seu novo parque de dinossauros

Presidente da Globo confessa que novo “centro de jornalismo”, pago pelo governo Temer, é para combater a blogosfera

Escrito por Miguel do Rosário, Postado em Redação

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(Da esq. p/ dir. O vice-presidente do Grupo Globo e presidente da Fundação Roberto Marinho, José Roberto Marinho, o vice-presidente do Grupo Globo e presidente do Conselho Editorial, João Roberto Marinho, o diretor-geral da Infoglobo, Frederic Kachar, e o presidente do Grupo Globo, Roberto Irineu, participam da inauguração da nova sede da Infoglobo – Fernando Lemos / Agência O Globo)

O Conversa Afiada separou o trecho do discurso de Roberto Irineu Marinho, presidente do grupo Globo, em que ele praticamente admite que a preocupação central da Globo é com os seguintes temas: “guerra da contrainformação”, “fatos alternativos”, “teorias da conspiração” e o “mar de mentiras que nos assola, principalmente através da internet e das redes sociais”.

Segue abaixo, o trecho. Eu volto em seguida para comentar.

(…) A principal característica dessa crise política não é apenas a imprevisibilidade e o alto grau de incerteza, pois isso já aconteceu antes, é a guerra da contrainformação, dos fatos alternativos, das teorias da conspiração e, porque não dizer, do mar de mentiras que nos assola, principalmente através da internet e das redes sociais.

O nosso compromisso com a verdade, com a ‘sua excelência, o fato’, como diria Ulisses Guimarães, nos torna um porto seguro da informação e um dos alicerces da vida democrática. Dá para imaginar o que seria se não existíssemos junto com outros respeitados baluartes do bom jornalismo no Brasil?

A reforma do novo “centro de jornalismo” do/da Globo foi paga pelo governo Temer, que desde o seu início despejou uma quantidade recorde de dinheiro nos cofres da grande mídia, Globo à frente.

BNDES, Petrobrás, Caixa, Banco do Brasil, todas as estatais federais, que a Globo ataca diuturnamente com uma narrativa que visa destruí-las, desmoralizá-las e privatizá-las, passaram a patrocinar enormes projetos de publicidade na Globo, a partir do dia 1 de Michel Temer na cadeira de presidente da república.

O pagamento da Globo foi automático: todas as entrevistas exclusivas ou coletivas de Temer ou de seus principais ministros (como Meirelles, ao Fantástico) visavam blindar e melhorar a imagem do governo. O principal blogueiro político da Globo, na entrevista coletiva concedida por Michel Temer aos grandes meios de comunicação, se limitou a perguntar como o presidente havia conhecido sua esposa.

Com o dinheiro recebido pelo governo golpista, a Globo investe num novo centro de jornalismo, que visa combater “a contrainformação” e “fatos alternativos”….

Ou seja, a Globo parece dizer que sua nova missão é combater a blogosfera. O que me parece um discurso incrivelmente decadente. Absurdo, até.

O discurso de Roberto Irineu Marinho é grotescamente equivocado do ponto-de-vista da teoria da informação.
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A essência da verdade jornalística e da informação, não é uma suposta vitória militar sobre a contra-informação e sobre os fatos alternativos, e sim justamente o contrário: a sua capacidade de absorver, tolerar, compreender, as versão diferentes, às vezes opostas entre si, que produzem esta figura sempre contraditória e múltipla a que chamamos verdade!

Ao vociferar contra “fatos alternativos”, Irineu Marinho revela que o autoritarismo primevo da Globo é baseado em sua obsessão para estabelecer uma verdade “única”.

Quanto ao mar de mentiras, a expressão remete diretamente ao “mar de lama” de Carlos Lacerda. É apenas um slogan político barato para vender a mentira de que a Globo tem qualquer interesse na verdade.

Dizer que a Globo tem “compromissão com a verdade”, ou com “sua excelência, o fato”, é um escárnio. Afirmar que a Globo é um dos “alicerces da vida democrática”, é uma ofensa a todos os brasileiros que vem testemunhando a guerra da Globo contra a democracia, guerra esta em que, infelizmente, a democracia tem sido vencida com frequência.

A Globo é, hoje, o principal obstáculo da democracia brasileira.

A Globo é a última fortaleza da ditadura que precisamos derrubar para construir um jornalismo plural e democrático.

Irineu Marinho comete ainda a ousadia de mencionar “teorias da conspiração”. Ora, quando um grupo de mídia como a Globo tem a coragem de falar em “teorias da conspiração”, sem dizer do que se trata, comete um erro básico: atiça a curiosidade do público.

Que teorias são essas, afinal? A de que existem interesses geopolíticos por trás do golpe?

Se existe uma coisa provada pelos os grandes vazamentos de documentos secretos do governo americano, ocorridos nos últimos anos, vazamentos esses que ocorreram contra a vontade da imprensa tradicional, é que as teorias de conspiração erraram por ser tímidas demais: a coisa era muito pior do que qualquer teórico de conspiração havia imaginado.

O governo americano vem participando de conspirações antidemocráticas na América Latina, na África, na Ásia, desde o fim da II Guerra, com uma constância, uma intensidade, uma violência, muito maiores do que qualquer um jamais imaginou.

A própria TV Globo, não esqueçamos, consolidou-se na ditadura brasileira apenas depois de receber enorme volume de financiamento do governo americano, que até aprovou uma lei, nos anos 60, para facilitar empréstimos e transferências de equipamentos e tecnologia para a emissora brasileira.

Os presidentes militares costumavam dizer que a melhor hora do dia era quando assistiam ao Jornal Nacional, que era sempre feito com objetivo de promover a estabilidade da ditadura.

É o que a Globo continua a fazer a até hoje…

Fonte: O CAFEZINHO
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Ahh, então tá !

Quer dizer que o novo centro de jornalismo de Globo, foi criado tendo um dos objetivos combater a informação produzida por sites, blogs e pessoas, na internete. Ou seja, Globo somente aceita a sua versão sobre a realidade e os fatos. Quanto ao mar de mentiras que nos assola, como afirmou o presidente do Grupo Globo, de fato esse mar existe e tem nome. Chama-se neoliberalismo. O mesmo neoliberalismo que destrói vidas e a natureza com extrema violência e que é apoiado e defendido de forma incondicional pelo Grupo Globo. Com o surgimento e crescimento da blogosfera, naturalmente ideias e análises contrárias ao neoliberalismo passaram a ser produzidas, uma vez que na grande mídia, local onde Globo se situa, não se critica o ideário neoliberal.

O triste discurso do presidente do Grupo Globo pode ser compreendido como uma anti ode, uma louvação à um passado que agoniza frente as inevitáveis mudanças que o mundo irá vivenciar provavelmente ainda nesta década.

Neoliberalismo e Violência

Marcelo Zero: As pernas cortadas de Letelier e as arrancadas da nossa democracia

20 de junho de 2017 às 17h05


As Pernas Cortadas de Letelier

(um conto político sobre violência e neoliberalismo)

por Marcelo Zero, no Brasil Debate

Michael Moffitt ouviu um chiado estranho, como de água caindo em um fio desencapado, e viu um intenso clarão branco.

A violenta explosão, porém, não o feriu com gravidade. Ele conseguiu se arrastar para fora do carro, um Chevrolet branco, pela janela traseira, completamente estilhaçada, a tempo de ver sua mulher, Ronni Moffitt, saindo pela porta parcialmente arrancada do banco do carona. Pensando que a sua esposa, com quem se casara há apenas quatro meses, estava bem, sua atenção dirigiu-se ao motorista.

Quem dirigia era um homem de 44 anos, forte, um tanto calvo e com um vasto bigode. Michael e sua esposa o conheciam bem, pois trabalhavam sob seu comando no Institute for Policy Studies (IPS) e no Transnational Institute (TNI), organizações dedicadas à luta pelos direitos civis. No entanto, ao sacudir o corpo do motorista, Michael notou algo estranho: as pernas de Orlando Letelier já não estavam mais lá.

Com a brutal força da explosão, que o atingira em cheio, as pernas do ex-ministro de Relações Exteriores e da Defesa do Governo Allende tinham sido arrancadas e estavam a cerca de 5 metros do carro, grotescamente estendidas no chão do Sheridan Circle, um entroncamento situado a menos de três quilômetros da Casa Branca.

Já quase em coma, Orlando Letelier apenas movia a cabeça desordenadamente e emitia alguns sons ininteligíveis. Eram exatamente 09h35min da manhã do dia 21 de setembro de 1976.

Levado às pressas para um hospital, Letelier teve a sua morte pronunciada às 09h50min. Quarenta e cinco minutos depois, às 10h35min, a esposa de Michael também foi declarada morta. Um estilhaço da explosão havia perfurado a sua laringe e a sua carótida. Afogada em seu próprio sangue, Ronni Karper Moffitt tornou-se, quase precisamente 25 anos antes do 9/11, a primeira vítima norte-americana de um ato terrorista cometido no território dos EUA.

A ousadia da DINA, a terrível polícia secreta de Pinochet, surpreendeu. Com efeito, o assassinato de Letelier, exilado em Washington desde 1974, com boas conexões com alguns políticos e autoridades dos EUA, e de Ronni Moffitt, uma cidadã norte-americana, mostrou a audácia de quem se julga inimputável.

Mostrou também o quanto Letelier incomodava a ditadura chilena. Fluente em inglês e com trânsito no Congresso, Orlando Letelier influenciava a opinião pública norte-americana e mundial. Já havia afirmado, em audiência no parlamento dos EUA, que a CIA havia participado do golpe chileno. Tinha conseguido também impedir a concessão de um empréstimo de US$ 60 milhões que o governo holandês havia prometido para Pinochet.

Mas talvez o que mais incomodasse fosse as suas análises sobre as contradições da ditadura e das teorias econômicas conservadoras.

Em 28 de agosto de 1976, três semanas antes de ser assassinado, Orlando Letelier publicou um artigo na prestigiada revista The Nation, que teve grande repercussão.

Nesse artigo, intitulado The Chicago Boys in Chile: Economics Freedom’s Awfull Toll, (“Os Chicago Boys no Chile: as Horríveis Consequências da Liberdade Econômica”), Letelier mostrou ao mundo as consequências econômicas, sociais e políticas da “terapia de choque’ que Milton Friedman e seus discípulos tinham imposto ao povo chileno.

Entre outras coisas, Orlando Letelier assinalou, nesse texto, que “se, em 1972, apenas após um ano do governo da Unidade Popular, a renda da classe média e dos trabalhadores no Chile representavam 62,9% do total, em 1974 essa parcela da renda nacional chilena caiu para 38,2%. No entanto, se, em 1972, a renda dos grupos empresariais foi de 37,1% do total, dois anos mais tarde ela ascendeu a 61,8%. Em pouco mais de dois anos, a ditadura anos saqueou as classes pobres e médias do país”.

Entretanto, o foco do artigo de Orlando Letelier não eram as dramáticas consequências da nova política econômica de Pinochet, mas sim a contradição entre o liberalismo econômico dos Chicago Boys e a brutal ditadura que fizera do Chile o primeiro experimento neoliberal, avant la lettre, do mundo.

Friedman, seus discípulos e a grande imprensa, inclusive a dos EUA, tentavam dissociar o experimento neoliberal, a “terapia de choque”, das draconianas condições políticas sob as quais essa experiência se desenvolvia.

Friedman dizia que não compartilhava do ideário político da ditadura, mas que condená-lo por ajudar a implementar um remédio econômico eficaz era a mesma coisa que condenar um médico por aplicar um vacina salvadora na população chilena, “ameaçada por uma grave epidemia”.

A sua solução para os problemas econômicos do Chile era, portanto, uma “solução técnica”, racional, que não tinha nenhuma relação política com a grotesca ditadura chilena. Era também, segundo ele, a única solução possível para os problemas econômicos do Chile e do mundo.

Pois bem, Orlando Letelier argumentava, no seu artigo seminal, exatamente o contrário. Para ele, era evidente que “as políticas econômicas são introduzidas precisamente com a finalidade de alterar as estruturas sociais e impor um modelo político”. Assim, não se pode separar a política econômica dos seus requisitos e efeitos sociais e políticos.

Letelier acusava duramente: “aqueles que impõem a ‘liberdade econômica’ sem limite algum também deveriam ser considerados responsáveis se os requisitos e resultados de tal política são a repressão massiva, a fome, o desemprego e a permanência de um brutal estado policial”.

O homem que viria a ser assassinado em três semanas concluía brilhantemente o seu artigo dizendo que o experimento liberal, ao contrário de ser asséptico e técnico, era extremamente violento e, não por acaso, concentrador:

La concentración de la riqueza no es un accidente, sino un imperativo; no es resultado marginal de una situación difícil, sino la base de un proyecto social; no es un fracaso económico, sino un requisito político.

Trinta e um anos mais tarde, Naomi Klein, jornalista e economista canadense, publicou um livro que também teve boa repercussão. Trata-se da obra “A Doutrina do Choque: A Ascensão do Capitalismo do Desastre”, que chegou entrar nas listas de best sellers em alguns países.

Nessa obra, Naomi Klein argumenta que as políticas neoliberais e o modelo econômico a elas associado, que varreram o planeta de 1980 até a recente crise, se proliferaram devido ao uso deliberado da violência econômica, social, política e até física.

Como ela bem assinalou numa entrevista logo após a publicação de seu livro:

Quando da morte de Milton Friedman no ano passado, percebemos como essas ideias radicais de livre mercado chegaram a dominar o mundo, de como varreram a antiga União Soviética, a América Latina, a África, de como essas ideias triunfaram durante os últimos trinta e cinco anos. E isso me impressionou muito, porque já estava escrevendo esse livro. Nessas ideias – que tanto se falou quando da morte de Friedman -nunca ouvimos falar de violência, nunca ouvimos falar de crises e nunca ouvimos falar de choques. Ou seja, a história oficial é de que estas ideias triunfaram porque desejávamos que assim o fosse, que o Muro de Berlim caiu porque as pessoas exigiram ter seus Big Macs junto com a sua democracia. E a história oficial do auge dessa ideologia passa por Margaret Thatcher dizendo: “Não há alternativa”, à Francis Fukuyama afirmando que “a história terminou, o capitalismo e a liberdade caminham juntos”.
Portanto, o que procuro fazer nesse livro é contar a mesma história, a conjuntura crucial na qual essa ideologia entrou com força, mas reintroduzo a violência, reintroduzo os choques e, digo que existe uma relação entre os massacres, entre as crises, entre os grandes choques e os duros golpes contra vários países e a capacidade de imposição de políticas que são rejeitadas pela grande maioria das pessoas desse planeta.


Assim, para Naomi Klein, o neoliberalismo, ao contrário de ser uma “solução” adotada serenamente, tecnicamente, racionalmente, é, na realidade, algo imposto normalmente pela força dos desastres políticos ou naturais. Há, portanto, segundo ela, uma estreita relação entre neoliberalismo e violência. As políticas neoliberais são, ao mesmo tempo, consequências e causas de violências de toda sorte.

Portanto, estão certos aqueles que afirmam que o neoliberalismo é, na verdade, incompatível com a democracia. Sua tendência inexorável à concentração e à exclusão, conforme demonstra Picketty, entre outros, é violência que agride frontalmente os fundamentos sociais das democracias.

Obviamente, o grande antecessor dessas pertinentes reflexões de Naomi Klein foi justamente Orlando Letelier.

A economista canadense, que até se surpreende com a falta de conhecimento relativa ao artigo de Orlando Letelier e à experiência dos Chicago Boys no Chile, reconhece, comovida, que:

Orlando Letelier foi o primeiro a articular a estreita conexão entre neoliberalismo e violência.

Assim, as pernas decepadas de Letelier talvez se constituam na mais apropriada metáfora dessa relação intrínseca entre neoliberalismo e violência, que arranca empregos, esperanças e sonhos de vastas populações do planeta.

No Brasil, frise-se, a presente implantação de um ultraneoliberalismo selvagem, que ameaça fazer retroceder o país aos tempos da República Velha, com a destruição dos legados dos governos progressistas recentes, da Constituição Cidadã de 1988 e da legislação trabalhista de Getúlio Vargas, jamais teria acontecido sem o recurso a um golpe de Estado.

No nosso caso, foi preciso arrancar as pernas da nossa democracia, o voto popular, para que o neoliberalismo se impusesse.

Marcelo Zero é sociólogo, especialista em Relações Internacionais e membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI).

Fonte: VIOMUNDO
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segunda-feira, 19 de junho de 2017

Camaradas, cuidado com o Planalto

Site oficial do Planalto divulga que Temer visitará “República Socialista Federativa Soviética da Rússia

Escrito por Miguel do Rosário, Postado em Redação

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O Planalto divulgou, em sua página oficial, que o presidente Temer viajaria para a República Socialista Federativa Soviética da Rússia. Em seguida, o Planalto apagou, como tem sido praxe.

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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A Rússia também é conhecida como Federação Russa, o nome oficial. Uma prova que o pessoal que ocupa o Planalto vive no passado, ultrapassado, velhaco. Soviético, como na foto acima, era a URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - da qual a Rússia fazia parte. A URSS, deixou de existir no início da década de 1990. Na camisa da seleção da URSS, da foto, vê-se as letras CCCP, o nome da URSS no idioma russo. Na primeira vez que a seleção da URSS enfrentou o Brasil em uma copa do mundo de futebol, em 1958, CCCP passou a significar Camaradas Cuidado Com Pelé, apesar que foi Garrincha que naquele jogo enlouqueceu os russos, a ponto de seu marcador após o jogo que o Brasil venceu, dizer que a partir de então tinha entendido o que era de fato o futebol. Camaradas, cuidado com o Planalto.