segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Teologia da prosperidade


Fonte: A JUSTICEIRA DE ESQUERDA
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Fonte: Blog da Luciana Oliveira
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Gulfstream, o luxuoso jato em que o pastor Malafaia singra os céus do Brasil para distribuir ódio e subtrair o suado dinheirinho dos fiéis.



Sem desobediência civil não há mudança

" Quando o mais fraco começa uma luta contra um sistema forte e poderoso, o sistema ignora o fraco. Se o fraco continua na luta e insiste, o forte passa, então , a ridicularizar o mais fraco. Se mesmo assim o fraco não desiste e continua na luta, o forte passa a lutar contra ele. Nesse ponto é sinal que o fraco venceu "
Mahatma Gandhi

Desobediência civil tende a aumentar com avanço autoritário sobre direitos

O desrespeito às conquistas sociais podem impulsionar estratégia de luta adotada por Mahatma Gandhi e Martin Luther King



Fonte: Consciência net
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Em carta, José Dirceu conclama o povo para luta a favor da renúncia de Temer

18/12/2016 Redação


Dica no Blog Nocaute

Do presídio em Curitiba, José Dirceu escreveu ao jornalista Fernando Morais e conclamou a todos pela volta à democracia: “Stédile, Boulos e Vagner Freitas agora têm a missão de ir às ruas e exigir justiça para todos, a renúncia de Temer e caterva e eleições gerais.”


Íntegra:

“Mestre Fernando

Fiquei feliz pela foto em Havana com Raul e os companheiros, além da Mônica, unicamente senti não estar com vocês, mas me senti representado por você e o Breno.

Não vi Rafael Correa, enviou algum representante? Vice-Presidente?

Lá estavam João Pedro, Boulos e Vagner que agora tem a missão de ir ‘as ruas e exigir justiça para todos, a renúncia de Temer et caterva, eleições gerais, constituinte, antes que façam um acordão, como já vem sendo pensado por Gilmar Mendes, a falada “operação contenção” para salvar o tucanato e o usurpador Temer.

É hora de ação, de pressão, de ir às ruas, de exigir, liderar e apontar rumos. É agora ou nunca. Sem conciliações e acordos, é hora de um programa de mudanças radicais, na política e na economia.

Bem, já está de bom tamanho para quem está preso e não deve meter o bedelho!

Você está gordo, cuide-se, precisamos de você, agora como nunca!

Temos ainda 20 longos anos de luta pela frente.

Até a vitória, sempre.

Delenda Rede Globo…

Daniel

Obs: O STF se acumpliciou com as ilegalidades do Moro, com o golpe e pior, com a impunidade, o corporativismo judiciário!”

Coincidência ou não, ao fim da carta lê-se na impressão da própria folha: O Despertar da Força, título que dá nome a um dos episódios da franquia de filmes Star Wars. Na medida em que se aproxima, 2017 ganha características de um ano em que a democracia terá que se reerguer, reinventar, ou literalmente despertar.

Fonte: O CAFEZINHO
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Não seja como ‘eles’
Fonte: Blog da Luciana Oliveira
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O momento atual que o governo do golpe impõe ao país não pode ser combatido apenas com palavras e flores.

A violência e o abuso do Estado contra a população exigem respostas imediatas e compatíveis com a tenebrosa escalada de autoritarismo.

O governo federal e os grandes meios de comunicação devem ser os principais alvos das manifestações.

Cabe lembrar que todas as formas de luta contra Estados que oprimem o povo são válidas e recomendadas, inclusive pela ONU.

Sem desobediência civil não há mudança.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Poucas&Boas

Discurso do Temer é Compozissão Infantil do Millôr - Sábado Magaldi


Serra vai à cadeia visitar o Malafaia! - Tucano malandro


Malafaia vai denunciar a condução do Lula! - Obreiro



Fonte: CONVERSA AFIADA
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Homem sinistro



Todo mundo sabe que em locais altos o ar é rarefeito.Tem pouco oxigênio . Basta lembrar de imagens de pessoas que escalam o Monte Everest, com mais de 7 mil metros de altitude, e que necessitam de balões de oxigênio para respirar. Por lá, oxigênio é bem reduzido. Com 10 mil metros e mais, praticamente não existe mais o ar atmosférico. Continuando a "subida" quando se alcança por volta de 20 mil metros e um pouco mais se encontra uma camada de um gás que cobre toda a Terra, o gás ozônio. O ozônio - O3 - é um isótopo do oxigênio. Essa camada de ozônio se situa entre 20 mil e 40 mil metros da superfície da Terra, e também é chamada de ozonosfera. Não é uma camada uniforme, ou seja, em alguns pontos cobre 20 mil metros , em outros apenas 10 mil e assim se distribui. É provável que a camada de ozônio tenha sido formada com o oxigênio liberado na Terra , por vegetais, algas e bactérias. O oxigênio ( O2 ) ao ter contato com um determinado tipo de radiação ultravioleta da luz solar, se rompe. O oxigênio livre reagiu com uma molécula de O2 formando o ozônio ( O3), que se estabeleceu na região entre 20 mil e 40 mil metros da superfície terrestre. Por lá a camada de ozônio é importantíssima para a vida no planeta, a vida como se conhece atualmente. O ozônio, lá nas alturas, absorve um tipo de radiação ultra violeta da luz solar ( existem vários tipos de radiação UV com diferentes comprimentos de onda ) que caso chegasse a Terra romperia as ligações dos átomos das moléculas de proteínas, ou seja destruiria o DNA de seres vivos. Se isso acontecesse o caro leitor talvez nem existisse, ou seria outra coisa, outra forma de vida diferente da que conhecemos. Esse é o equilíbrio, parte de um processo maior que garante a vida no planeta. E eis que o homem resolve alterar esse equilíbrio, lançando na atmosfera um pacote de diferentes gases, fruto da atividade humana como fábricas, veículos automotores, queimadas e mesmo descarte de produtos gasosos. Nesse pacote de gases, um gas com o nome químico de di-cloro, di-flúor, metano, ou o nome vulgar de CFC, ou ainda o nome comercial de gás freon vem causando estragos na camada de ozônio. O CFC é utilizado como gás refrigerante em refrigeradores ( geladeiras ) , limpeza de equipamentos eletrônicos e outras. Quando lançado na atmosfera esse gás leva em torno de 100 anos para se decompor, e ainda contribui para aumentar a temperatura , pois contribui para o efeito de estufa. Ocorre que o CFC "sobe" e atinge a camada de ozônio. Quando chega por lá, e como a camada não é uniforme, o CFC é destruído pela radiação ultravioleta, liberando cloro e flúor. Esses dois elementos são altamente reativos e reagem imediatamente com o ozônio destruindo a camada. A destruição da camada de ozônio permite que aquele tipo de radiação ultra violeta alcance o planeta.

Câncer de pele , como alertam os especialistas sobre os perigos, é pinto perto dos danos que a radiação promove nos seres vivos.

Mais uma vez a atividade humana. No caso do efeito de estufa a atividade humana fecha janelas que deveriam permanecer abertas, e no caso da camada de ozônio abre janelas que deveriam permanecer fechadas. Tá tudo errado, tudo ao contrário.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Fabricantes de realidades

Quem for capaz de responder assim à mídia, ao vivo, certamente ganhará credibilidade na corrida eleitoral de 2018.

O momento em que Denzel Washington destrói jornalistas em poucos segundos! "Se não lê os jornais esta desinformado,se os lê esta mal informado"
Capitão Lamarca @woodstock_59

Fonte: CARTA MAIOR
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"Se não lê os jornais está desinformado, se os lê está mal informado"

Isso significa que a grande mídia determina o que é a notícia, o que é a informação, independente se a informação é verdadeira ou não.
Essa também é a realidade brasileira.
As demais mídias, pequenas e de alcance limitado comparado com o alcance avassalador da grande mídia, produzem a contra informação, uma análise equilibrada dos fatos, no entanto essa contra informação não tem alcance para mudar a realidade, tocando corações e mentes de apenas uma pequena parcela da população.
Dito isto, a informação da grande mídia prevalece, com respaldo no Congresso Nacional, no Judiciário, no Executivo e nas ruas, já que uma parcela da população absorve o conteúdo midiático pelo fígado.
Esse conluio entre os poderes da República, a grande mídia e parcela da população, determinou o impeachment de Dilma, mesmo sabendo-se, agora mais ainda com as denúncias de crimes envolvendo políticos e o governo, que Dilma é uma pessoa honesta.
Países que tem o controle da imprensa, logo da informação, controlam a população. Isso se deu, e ainda acontece, em países com regimes totalitários, à esquerda ou à direita. Países onde as liberdades individuais e a Democracia ou não existem ou são frágeis. No caso atual do Brasil, a fragilidade e acovardamento dos poderes cria as condições ideais para que a grande mídia aliada ao capital produza as realidades necessárias e adequadas para conduzir a implantação do projeto de esfacelamento do Estado brasileiro, com prejuízos avassaladores para imensa maioria do povo brasileiro. Esse estado da arte no Brasil, consegue ser mais perverso e cruel que a ditadura militar. A ditadura militar era explícita, a censura existia e não era escondido. A tortura existia e era assumida pelos governos. No momento atual, a censura é imposta por aqueles setores que tem o dever de informar e de garantir a liberdade de expressão, as polícias matam e torturam inocentes. No entanto, o mais perverso, é que tudo isso foi montado em um ambiente de supostas liberdades e de democracia, o que contribui para que grande parcela da população acredite e encampe as informações produzidas pela grande mídia. Ou seja, a democracia no Brasil é o regime ideal para se implantar um totalitarismo democrático. Isso é fantástico, a narrativa é a própria realidade, independente dos fatos e daquilo que é real. Ainda, a grande mídia produz a realidade e todos devem seguir. Quem não seguir ou questionar é agitador, alguém que deseja subverter a ordem democrática estabelecida e criar problemas para o povo alegre, ordeiro e feliz.

Duro com o opressor, amoroso com o oprimido

Duro com o opressor, amoroso com o oprimido

João Paulo Cunha15 de Dezembro de 2016 às 16:51
"No Brasil de hoje, essa dupla inscrição do amor que emana de dom Paulo Evaristo Arns se mostra imprescindível" / Reprodução

Homem de Deus, dom Paulo sabia que só há Deus onde o homem é íntegro

A longa e honrosa vida de dom Paulo Evaristo Arns deixa como maior ensinamento a dupla dimensão do amor. Há um amor que combate, que enfrenta as situações desumanizadoras, que tem coragem de se opor ao poder, que projeta valores de civilização contra os patrocinadores do arbítrio. Há também o amor que acolhe os sofredores, que ampara os injustiçados, que estende a mão aos desabrigados de direitos, que propõe um olhar ao outro como a um irmão.

Em sua ação pastoral, o religioso foi, ao seu tempo, o mais político de seus pares. Em seu trabalho de construção de alternativas para um tempo marcado pela opressão, mostrou a força libertária de sua fé. Ao seguir as sendas da política como quem reza, ele deu dimensão espiritual à sua visão de mundo. Por outro lado, soube sempre se relacionar com as forças instituídas tendo como maior patrimônio a segurança de sua crença no homem. Não faltou coragem no cumprimento desse desígnio, sobretudo quando se leva em conta a época em que viveu e os adversários que enfrentou.

Quando a sombra da ditadura militar cobriu o país, dom Paulo foi um dos mais destacados lutadores pelo restabelecimento da liberdade. Fez isso em seu nome, mas não afastou sua instituição religiosa do campo de batalha, mesmo com a difícil tarefa de vencer a rigidez de uma Igreja conservadora por dentro, a partir de sua própria inspiração. Não se tratava de enfrentar, mas de converter. A Igreja de Paulo Evaristo Arns esteve sempre do lado da liberdade e dos movimentos que caminhavam na mesma direção, como a Teologia da Libertação.

A mais vergonhosa chaga da ditadura, a tortura como ação de Estado, recebeu do cardeal de São Paulo uma ação enérgica, que reuniu o repúdio em forma de declarações públicas, a determinada ação política e o envolvimento pessoal em casos específicos. Mas é importante destacar a sofisticada montagem da mais bem-sucedida rede de pesquisa e denúncia dos crimes da ditadura. O projeto “Brasil: nunca mais”, uma articulação que teve a força moral, a inteligência estratégica e o poder de convocação de dom Paulo Evaristo Arns, reuniu o que até hoje é a maior fonte de informações sobre o crime contra a humanidade cometido pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.

Mobilizações e acolhimento

Paulo foi um importante personagem na denúncia de torturas e mortes, mas partiu dele também o acolhimento a protestos contra a carestia, em favor da organização sindical e de colaboração com os movimentos populares. Em uma de suas atitudes mais dignas, abriu sua casa religiosa para a celebração da passagem do jornalista judeu Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura. E o fez ao lado de um rabino e de um pastor, numa prática de ética universal e diálogo interreligioso bastante rara até então. Além do destemor em enfrentar um Estado que negava seu crime e impunha censura aos gestos humanitários. Homem de Deus, dom Paulo sabia que só há Deus onde o homem é íntegro.

Destemido na ação pública, não teve medo de enfrentar o general Médici, o mais violento dos mandatários da ditadura. Afirmou a realidade da tortura, olho no olho, sem temer a reação que viria de forma destemperada. Ele tinha a verdade ao seu lado, o general apenas a força discricionária. Falou sempre duro com os opressores. Mas soube lavar a mansidão onde era necessária: no convívio com os pobres, nos cárceres onde sofriam os adversários do regime, nos espaços onde se gestava a recomposição da liberdade. Abriu seu templo sempre que necessário. Portou a palavra libertária em vários fóruns, usando para isso de seu prestígio pessoal.

Erudito, foi autor de uma obra clássica ainda hoje referência nos estudos teológicos, “A técnica do livro segundo são Jerônimo”. Recebeu dos poderosos o desprezo, o temor por sua estatura moral e a pequenez rancorosa da inveja. Teve sua arquidiocese dividida pelo Vaticano, para que seu poder fosse diminuído. Sua vida foi manchada pela tentativa de infâmias de toda ordem. Ganhou dos oprimidos o amor. A história terá a eternidade para lhe fazer justiça. Seus contemporâneos, muitos sem merecimento, terão a graça da contemporaneidade de seu exemplo.

No Brasil de hoje, essa dupla inscrição do amor que emana de dom Paulo Evaristo Arns se mostra imprescindível. É preciso lutar com ira santa contra as violências que se impõem por meio de instituições apodrecidas; resistir com bravura à retirada de direitos em nome de interesses torpes; enfrentar com as armas da resistência ativa a qualquer afronta à cidadania e à democracia. É o lado de falar duro com os algozes da liberdade.

Mas há também a convocação à solidariedade, ao caminhar conjunto, ao reforço das alianças em torno de valores inalienáveis. Um esforço que se evidencia na substância das ideias e dos projetos coletivos, mas também na ação diária frente ao resultado das injustiças que se desenham no horizonte. É preciso divisar o inimigo real, mas também saber reconhecer o aliado possível. É a vertente do diálogo e da tolerância com os parceiros de destino.

Não é um acaso que dom Paulo tenha criado a Comissão de Justiça e Paz, dispondo as palavras exatamente nessa ordem. Quase sempre, o amor do bom combate é condição primeira para a conquista da paz entre os homens. Quem ama, luta.

Fonte: BRASIL DE FATO

O repto das ruas ao Tratado de Versalhes das elites

O repto das ruas ao Tratado de Versalhes das elites

Resgatar o espaço da democracia social nas ruas do Brasil é a tarefa que empresta frescor e esperança a 2017.

por: Saul Leblon


O grau de sacrifício que o golpe decidiu impor à população brasileira é muito superior ao poder de ordenamento que as elites detém para implementa-lo sem recorrer a um regime de força.

Só uma ampla frente de interesses ecumênicos poderá impedir que a lógica em curso se acerque do epílogo nefasto.

É sombrio o futuro da democracia no Brasil: 2017 será um ano decisivo para desenhar a nação que seremos no século XXI.

A vitória ou a derrota da resistência popular nesse embate condicionará o destino da sociedade que seremos de agora em diante.

Arremeda-se aqui um Tratado de Versalhes revestido de medidas extremas de sacrifício e empobrecimento, qualificadas pela relatoria de Direitos Humanos da ONU ‘como sem precedente no mundo em sua duração e intensidade’.

’Essa emenda’, diz Philip Alston, relator da ONU, ‘(ademais de) atar as mãos de todos os próximos governos por outras duas décadas, bloqueará gastos em níveis inadequados e rapidamente decrescentes na saúde, educação e segurança social, colocando toda uma geração futura em risco de receber uma proteção social muito abaixo dos níveis atuais.... Se for adotada, colocará o Brasil em uma categoria única em matéria de retrocesso social’.

Ao contrário do acordo imposto à Alemanha em 1919 pelo Tratado de Versalhes, igualmente incompatível com a capacidade de pagamento e sobrevivência da sociedade, como anteviu John Mainard Keynes --que abandonou a delegação inglesa nas negociações e expôs suas divergências no clássico ‘As consequências econômicas da paz’— o alvo agora não é um inimigo à mercê da vingança dos vitoriosos, após a conflagração mundial que custou dez milhões de vidas, 400 mil só na França.

O alvo da elite brasileira hoje é o próprio povo, tratado como inimigo dentro do seu próprio país.

Descarrega-se sobre a geração de hoje, a de ontem e a de amanhã, o descomunal custo de uma transição de desenvolvimento só equacionável com a repactuação justa do ônus da travessia e a democratização das oportunidades previstas na chegada.

As elites e os donos da riqueza preferiram o golpe.

A diretriz incrustrada na PEC 55– como também na reforma da Previdência em curso, e na ‘flexibilização das leis trabalhistas’ sinalizada, desenha um horizonte de afunilamento extremo do acesso a direitos e à renda num quadro de desigualdade secularmente asfixiante.

A ganância replica em certa medida a postura do insaciável George Clemenceau, o primeiro-ministro francês, nas negociações de paz de Versalhes na primeira guerra, entre as potencias vitoriosas (França, Inglaterra e EUA) e a Alemanha derrotada.

Sugestivamente conhecido como ‘Tigre’, o representante de Paris traduzia em exigências de pagamentos e ressarcimentos a ferocidade felina atada à jugular da presa.

A ‘paz cartaginesa’ de 1919 vale como metáfora do que se pretende agora como nova ordem social, com a PEC -55.

Às famílias assalariadas, aos pobres e deserdados reserva-se um jejum de futuro equivalente ao dispensado por Roma aos derrotados de Cartago.

Até o solo da antiga colônia foi salpicado de sal, para que o povo fenício não mais pudesse semear nem colher.

A PEC 55 salga o futuro da pobreza hoje e amanhã ao estreitar, por exemplo, ainda mais, o corredor já rígido da educação como atalho mitigador da desigualdade brasileira.

O espírito de convergência inscrito no pacto social da Carta Cidadã de 1988 foi rompido em seus fundamentos, sem consultar a sociedade.

Desobriga-se o Estado, pelos próximos vinte anos, de assegurar 18% da receita líquida da União à escola pública nacional.

Nesse período o orçamento terá apenas a reposição inflacionária.

Significa que diante da expansão demográfica, em dez anos, ou seja, em 2026, os 18% atuais representarão 14,7%; que despencarão para 9,3% em 2036 (50% menos que o valor insuficiente disponível hoje).

Estamos falando de um garrote progressivo em um sistema em que o salário base do professorado equivale a menos da metade da média da OCDE -- sendo igualmente mais baixo que o de países da América Latina como Chile, México e Colômbia.

O Brasil investe US$ 3,8 mil /ano por aluno na educação básica.

Os países da OCDE investem, em média, cerca de US$ 8,4 mil/ano per capita nos anos iniciais.

A defasagem é maior ainda nos estágios subsequentes.

Qual a surpresa com os resultados ainda desfavoráveis nos rankings internacionais de aprendizagem?

É esse sistema vulnerável, desafiado a dobrar as matrículas no ensino superior até 2024, a expandir o ensino técnico para elevar a produtividade da economia, a universalizar o acesso à educação infantil entre 4 e 5 anos e a universalizar e elevar a qualidade do atendimento escolar na faixa crítica entre 15 e 17 anos que está sendo garroteado agora para não ampliar investimentos por vinte anos.

Na saúde, o Tratado de Versalhes brasileiro prevê um corte de R$ 440 bilhões até 2036.

Hoje o SUS já se encontra subfinanciado, respirando por aparelhos –e esse é um consenso suprapartidário.

O que se passa é algo distinto da recorrente barragem conservadora a novos avanços sociais.

O espírito de Clemenceau está no ar.

A determinação é a de esfolar até ao osso, pelo tempo mais longo possível, as famílias assalariadas, a pobreza e a velhice desamparada.

O tigre da ganância capitalista fechou as mandíbulas na jugular do Estado, da nação e de sua gente.

Para não pagar imposto.

Um estudo do PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, corrobora o bordão conservador de que o Brasil cobra quase tantos impostos quantos os países ricos.

A obsequiosa mídia oficialista omite, porém, a distinta composição dessa carga.

Ao invés de taxar a riqueza, o fisco brasileiro suga a classe média e os pobres.

Os "super-ricos" do Brasil, ou 0,05% da população, diz o PNUD, pagam proporcionalmente menos impostos do que pessoas de renda intermediária.

Ganhos anuais superiores a R$ 4 milhões desfrutam de isenções sobre lucros e dividendos –sua principal fonte, em muitos casos. Isso garante que a republica rentista e a pátria dos acionistas pague, de fato, uma alíquota média de 7% aos fundos públicos.

O cidadão comum paga em média 12%.

O requisito para manter essa assimetria tão estável quanto a paz dos cemitérios imposta à Alemanha é a faxina social promovida pelo golpe de 31 de agosto.

No momento estratégico em que o esgotamento de um ciclo de desenvolvimento impunha a discussão do passo seguinte a ser escrutinado pela sociedade, as elites se anteciparam.

E enfiam goela abaixo da sociedade o seu projeto de paz social.

Consiste em tomar de volta, subtrair e predar tudo o que se acumulou em décadas, por sucessivas gerações que foram às ruas, às greves, às urnas e ao sacrifício da liberdade --da própria vida-- para universalização os direitos sociais básicos no Brasil.

Mira-se desde a CLT, de Getúlio –e a partir daí, tudo o que veio depois.

Tudo o que não é mercado é populismo e corrupção, catequiza o jogral fúnebre da mídia embarcada.

Uma rendição celerada e incondicional é operada nesse ambiente por um parlamento que se ergue vergonhosamente contra o povo e como um hímen complacente, sanciona todas as violações contra o patrimônio e a soberania da nação.

A ‘des-emancipação’ social em massa atingirá a presente geração, a anterior, idosa, e a futura, hoje na soleira do mercado e da cidadania.

Não se cogita que o que está em jogo é o destino de um dos países mais promissores dentre os que lutam pelo desenvolvimento no século XXI.

Ignora-se a vida e a morte, assim como as convulsões inerentes ao desatino em marcha.

Cega pela ganância, a elite enxerga na sociedade apenas o entreposto onde salgar carne humana em troca da acumulação descabida e imperturbável de riquezas e privilégios.

O que se pretende é devolver ao absoluto desamparo a parcela majoritária da sociedade, para deserda-la por décadas dos meios pelos quais poderia influenciar as relações de poder e produção no capitalismo brasileiro.

O conjunto requer uma ruptura histórica para se consumar.

Não qualquer uma.

Essa que será decidida nas ruas em 2017.

De uma ferocidade equivalente à urdida no salão de espelhos do Palácio de Versalhes, onde o ‘Tigre’ exigiu a penhora do sangue e da alma de sucessivas gerações alemãs.

Uma escalada dessa natureza e intensidade implica em algum ponto da cadeia em se recorrer à fascistização dos instrumentos de Estado.

Na Alemanha isso ocorreu em 30 de janeiro de 1933, quando o partido nazista, já majoritário no parlamento, impôs seu líder, Adolf Hitler, como chanceler do enfraquecido governo Hindenburg .

O resto é bastante conhecido.

Uma das primeiras medidas de Hitler foi colocar o partido comunista na ilegalidade.

Seguiu-o, a cassação da socialdemocracia –ambos fragilizados pela divisão intestina nascida da repressão aos espartaquistas de Rosa de Luxemburgo pelo SPD, ente 1918 e 1919.

Esse ângulo da tragédia alemã reserva outra advertência às forças progressistas brasileiras do presente.

Enquanto as esquerdas germânicas se matavam literalmente, seu destino comum era selado pela captura integral do Estado por uma simbiose perfeita entre capitalismo e nazismo, cujo êxito até hoje espanta os que identificam capitalismo à livre concorrência.

O Tratado de Versalhes levaria a sociedade alemã a uma escalada indivisa de colapsos sequenciais de natureza econômica, social e política que pavimentou a demanda por uma solução centralizadora, impositiva e identitária.

Degraus sucessivos de hiperinflação, desemprego em massa e a inexistência de alternativa coesa nas fileiras progressistas criariam uma catarse social, induzindo a nação alemã a entregar seu destino e o destino de seu desenvolvimento às promessas de ordem e redenção nacional acenadas pelo nazismo.

Keynes estava certo: uma paz efetiva exigiria a repactuação entre vencedores e vencidos, de modo a recriar as condições para uma coordenação estatal de investimentos, capaz de restaurar a esperança e a fraternidade em um futuro de empregos, oportunidades e democracia social.

O caminho escolhido em Versalhes, como hoje na encruzilhada do desenvolvimento brasileiro, foi outro.

O fardo das reparações impagáveis, das expropriações de infraestrutura, colônias, riquezas públicas e privadas levou ao empobrecimento generalizado, ademais do sentimento de humilhação e opressão.

O conjunto arrastaria a sociedade a um rodamoinho de radicalização e sobressaltos que se prolongaria por mais de uma década, culminando em 1931 com a ‘moratória Hoover’ que suspendeu os pagamentos.
Tarde demais.

O desemprego havia queimado todas os disjuntores de estabilidade na vida alemã.

Em 1929 o país registrava 2,8 milhões de desempregados; em 1932 esse contingente saltaria para quase seis milhões --o Partido Nacional Socialista conquistaria então 13,5 milhões de votos (37,4%), tornando-se o maior do Parlamento, com 230 cadeiras.

O crash na Bolsa de Nova Iorque (1929) seccionou o último balão de oxigênio da economia, representado por investimentos diretos de capitais norte-americanos, que paradoxalmente serviram de correia de transmissão da crise de Wall Street no mercado germânico.

A escalada de desamparo e liquefação das instituições parecia corroborar a incapacidade do Estado liberal de devolver algum chão firme à produção e à democracia .

A humilhação, o medo e a revolta falavam alto em cada esquina.

A extrema-direita fazia campanha política nas rádios apenas lendo a lista de imposições trazida pelos negociadores de Versalhes.

Que não eram poucas.

Nem menos que devastadoras.

Na verdade, ainda hoje soam quase inacreditáveis em se tratando de um acordo para paz -- assim como soam desconcertantes as imposições decretadas aqui pelo golpe.

Keynes, em sua obra sobre Versalhes, lista alguns exemplo:

1) sistema econômico alemão existente antes da guerra dependia de três fatores principais: I) o comércio ultramarino representado pela sua marinha mercante --suas colônias, seus investimentos estrangeiros, suas exportações e os encadeamentos de seu mercado com o exterior; II) a exploração do seu ferro e carvão, e as indústrias baseadas nesses produtos; III) seu sistema de transporte e suas tarifas. O Tratado de Versalhes induziu à destruição sistemática desses três pilares.

2) A Alemanha cedeu aos aliados todos os navios da sua marinha mercante com mais de 1.600 toneladas brutas; metade dos navios entre 1.000 e 1.600 toneladas e um quarto das suas traineiras e outros barcos de pesca. Mais que isso: o confisco atingia todos os barcos de bandeira alemã no exterior e todos aqueles de propriedade de alemães, mesmo que sob outras bandeiras, assim como todos os barcos em construção. Ainda: os estaleiros alemães, quando solicitados, deveriam construir para os aliados todos os tipos de navios, num total de 200.000 toneladas/ ano, durante cinco anos. Ou seja, a marinha mercante alemã foi varrida dos mares. Para que o país transportasse suas mercadorias, o tratado previa que pagasse pelo frete em cascos de sua antiga frota --ao preço que os vitoriosos arbitrassem.

3) Todos os direitos, terras e títulos das possessões e colônias alemãs no ultramar foram confiscados definitivamente pelos aliados. Diferentemente da prática adotada na maioria dos acordos bélicos da história, as propriedades privadas de alemães também foram confiscadas. Seus detentores originais poderiam ou não ser autorizados a residir, ter propriedade, exercer o comércio ou uma profissão nesse território.

4) Todos os contratos de empresas alemãs para a construção ou exploração de obras públicas foram transferidos para os governos das nações vitoriosas.

5) A expropriação em massa de propriedade privada e contratos seria feita sem qualquer compensação dos indivíduos ou grupos penalizados.

6) O parque fabril alemão na Alsácia- Lorena poderia ser expropriado sem compensação, a critério do governo francês. À França, igualmente, caberia a posse plena e absoluta, sem ônus, livre de todas as dívidas de qualquer espécie, as minas de carvão situadas na bacia do Sarre.

7) O sistema ferroviário alemão, um dos pilares do dinamismo comercial germânico, foi fatiado e redistribuído entre os vencedores com o confisco de 150 mil vagões e cinco mil locomotivas.

8) Por fim, a soma de reparações em dinheiro e o pagamento de pensões aos mutilados ou familiares de mortos na guerra, dos países vitoriosos, impuseram à Alemanha transferências anuais –sujeitas a juros arbitrados unilateralmente em caso de atrasos— de uma soma quatro vezes superior à que Keynes, por exemplo, considerava factível sem a destruição do país.
9) Pelo menos 80% do saldo do comércio exterior alemão teria que ser destinado à finalidade dos pagamentos em dinheiro previstos por Versalhes.

O não cumprimento das cláusulas, punido com juros, perpetuaria a condição devedora do país, impondo-se novas penalizações, como foi o caso da ocupação do polo industrial do Ruhr pelos vitoriosos, em 1923.

A reação dos negociadores alemães em Versalhes diante da lista leonina, apropriadamente tratada por Keynes de ‘as consequências econômicas da paz’, foi de choque.

Em um primeiro comunicado, antes de ser coagida a anuir sob risco de uma ocupação militar violenta, a comissão de representantes de Berlim desabafou:

‘A democracia alemã é aniquilada justamente no momento em que o povo alemão se dispunha a erigi-Ia –e pelas mesmas pessoas que durante toda a guerra não se cansaram de afirmar que pretendiam trazer-nos a democracia... A Alemanha deixa de ser um povo e um Estado; passa a ser um simples empreendimento comercial, colocada pelos seus credores nas mãos de um administrador de massa falida, sem ter sequer a oportunidade de demonstrar o desejo de cumprir por conta própria as suas obrigações. A comissão, sediada em caráter permanente fora do território alemão, terá nesse território direitos incomparavelmente maiores do que os do Imperador; (tal política reduzirá) a Alemanha à servidão por toda uma geração (...) Alguns a pregam em nome da justiça (...) a justiça nunca é tão simples. E se fosse, a religião ou a moral natural não autoriza as nações a fazer recair sobre os filhos dos seus inimigos as perversidades dos seus pais ou governantes’.

Depois de resumir as principais disposições do Tratado de Paz, o relatório alemão concluía:

‘ (...) com a sua produção diminuída, depois da depressão resultante da perda das colônias, da frota mercante e dos investimentos no exterior, dentro de muito pouco tempo o país não terá condições de fornecer pão e emprego a seus numerosos milhões de habitantes, impedidos de ganhar a vida. Para implementar as condições do Tratado de Paz seria necessário, logicamente, reduzir a população alemã em vários milhões. Uma catástrofe que poderia não tardar, considerando que a saúde do povo alemão foi muito prejudicada - pelo bloqueio, durante a guerra, e pelo agravamento da fome, durante o armistício’.

Trechos do desabafo germânico poderiam ser evocados na apreciação da política de terra arrasada em curso hoje no Brasil.

À semelhança de Versalhes, ela reserva um tratamento de tropa de ocupação a direitos sociais, salários, riquezas nacionais como o pré-sal, ademais de promover a dizimação do estoque de expertise e capacidade produtiva condensado em grandes corporações empresariais --esfaceladas pela ação grosseira ou deliberada do lubrificante curitibano, de marca Lava Jato, que auxiliou na derrubada do governo Dilma Rousseff.

A história fará esse relatório minucioso em algum momento no futuro.

Por ora, cumpre observar que o repto à virulência em curso é inexorável.

Ilude-se quem confunde a perplexidade com resignação.

Sim, há prostração intensa em alguns segmentos.

Ele decorre, em boa parte, do largo período de avanços incrementais no consumo, na renda e nos direitos, sem a contrapartida de uma armadura política, organizacional e midiática capaz de defende-los na hora do confronto que viria.

Como veio, antecedido, astutamente, de uma caçada à corrupção.

Nesse ambiente deliberadamente turvado pelo descrédito paralisante na política, a regressão anunciada reveste-se de imposições e sacrifícios insuportáveis em uma nação marmorizada por carências e urgências apenas proteláveis sob o abrigo da esperança.

A esperança é esse sentimento que agoniza dentro dos lares, nas ruas, nas escolas, nas fábricas, nas grandes metrópoles e nos campos distantes, nesta sombria despedida de 2016.

A atmosfera de um rolo compressor sob o qual nada se mantém de pé reflete, no entanto, a força de um martelete midiático que ecoa mais do que pode de fato.

A agenda antissocial e antinacional do golpe carrega o seu limite e vulnerabilidade na própria ferocidade que ordena o seu escopo, assim como as imposições do ‘Tigre’, em Versalhes.

A rota bruta virulenta e cínica de colisão com pleitos, bandeiras e projetos torna inevitável a emergência de uma nova referência de desenvolvimento e de futuro para a nação, a economia, a sua gente e o seu sonho.

A chance de as forças progressistas retomarem a iniciativa política depende da sua capacidade de prover escala e consistência à demanda por esse repto.

Há um requisito mais geral para isso: a determinação e o desassombro para se enxergar o esgotamento de um ciclo histórico e as balizas que podem pavimentar o próximo.

A resistência socialista e democrática alemã não conseguiu construir a unidade de forças necessária à modelagem desse repto nos anos 20.

Hitler o fez pela chave sanguinária do nazismo, nos anos 30.

No caso brasileiro, o que se requisita é a articulação de um protagonista social com força e consentimento para acionar os novos motores do desenvolvimento –identificados pelo golpe como sendo o desmanche dos direitos sociais e a entrega do patrimônio público que resta ao país.

Antes que um Hitler sinalize a rota alternativa no totalitarismo de um Estado policial, as forças democráticas e progressistas devem oferecer ao discernimento social as linhas de passagem de uma travessia crível e desassombrada de repactuação do país e do seu desenvolvimento ancorado em uma pedra angular inegociável: a construção da democracia social no ambiente saturado da desordem neoliberal em nosso tempo.

Resgatar o espaço da democracia social nas ruas do Brasil é a tarefa que empresta frescor e esperança a 2017.

Que seja um bom Ano Novo, são os desejos de Carta Maior.

Fonte: CARTA MAIOR