quinta-feira, 16 de junho de 2016

Um novo gaúcho

Os jornalistas esportivos se comportaram como abutres com Dunga. Por Paulo Nogueira

Postado em 15 Jun 2016
Chutado quando já estava no chão
Chutado quando já estava no chão
O que mais chama a atenção no caso Dunga é a desumanidade com que a crônica esportiva tratou Dunga.
Não bastava a demissão, já em si um trauma. Os comentaristas esportivos agiram como abutres.
Neymar teve toda a razão em chamá-los, genericamente, de babacas.
Nos programas esportivos, Dunga foi simplesmente linchado. Não havia críticas a ele. Havia raiva, ódio.
Julgamentos sumários foram feitos, e Dunga foi implacavelmente condenado. Num programa de debates, disseram que Dunga não tinha sequer condições de dirigir um time brasileiro da série A.
Com ares de Guardiola, o comentarista dizia que Dunga deveria fazer um curso de técnico no exterior.
A impressão que se tinha é que bastava entregar o comando da seleção a qualquer um dos comentaristas.
E no entanto qual é a culpa de Dunga? Os jogadores que temos são estes. Que milagre se pode fazer?
Os jornalistas esportivos parecem viver numa realidade paralela. Eles esperam da seleção nacional o mesmo desempenho que ela teve nos anos de ouro do nosso futebol, de 1958 a 1970.
Mas onde está Pelé, e Rivellino, e Gerson, e Garrincha, e Didi, e tantos outros?
Falava disso hoje a um amigo meu santista. “Você não pode ver o Santos hoje e pensar no Santos do Pelé. Você tem que ajustar as expectativas.”
Falta isso à crônica esportiva: ajustar as expectativas à realidade.
Dunga foi tratado como se comandasse os jogadores do passado. Ninguém pode dar a técnico nenhum isso.
Tite provavelmente será vítima também das expectativas irrealistas. Que ele poderá fazer que Dunga não tenha feito? Pouco tempo atrás, o Corinthians foi eliminado da Libertadores ainda em seu início no seu próprio estádio. Antes, fora batido também no Paulista por um time que sequer nome decente tem.
O que acontecerá com Tite quando este tipo de situação ocorrer na seleção? Será triturado como Dunga, e antes dele Felipão e Mano Menezes. A crônica não respeitou sequer o título mundial de Felipão, ela que bajula servilmente técnicos que jamais chegaram perto disso, como Guardiola e Mourinho.
Dunga estava no chão, demitido, e os cronistas se lançaram contra ele com ferocidade.
Nenhum ponderou o óbvio: os jogadores são aqueles. Nenhum deles, nem Neymar, seria titular em 1958, 1968 e 1970, quando fomos campeões mundiais com equipes excepcionais.
Não falta apenas um pé na realidade para a crônica esportiva. Falta também, como mostrou o caso Dunga, humanidade. Falta também caráter.
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Primeiramente, Fora Temer !
Assim é a imprensa esportiva.

Bate no demitido Dunga e nada fala sobre a CBF, a casa das mil e uma trapaças.

As trapaças continuam e o futebol brasileiro continua em curva descendente.

Tite, em breve, terá seu momento Dunga e sobrará até para o chimarrão que o novo treinador tanto aprecia e faz questão de demonstrar em público. Até mesmo o estilo em se vestir será mencionado como causa de um possível fracasso do treinador unanimidade de nossa patética imprensa esportiva.

São comuns imagens de brigas entre torcidas de times de futebol quando mostram dezenas de torcedores de um time batendo com pauladas em um torcedor "inimigo", no chão. A imprensa esportiva fez o mesmo com Dunga.

Aliás, imprensa esportiva e torcidas organizadas tem mais semelhanças do que diferenças.

Uma imprensa de abutres, covarde e anacrônica, que garante, diariamente, que as pessoas seguras são mais felizes com os sapatos do Barney, ainda mais bebendo a cerveja sem comparação em uma casa show.

Brasiiiiiiil !

Temer nas cordas

Temer, em ato falho:'Alguém que teria cometido aquele delito irresponsável que o cidadão Machado apontou não teria condições de presidir o país.


Fonte: CARTA MAIOR
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Se empurrar o Temer cai! - Créditos: Vitor Teixeira
se empurrar o Temer cai !
Vitor Teixeira
Fonte: BRASIL DE FATO
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Se fosse Dilma ou Lula, Temer já teria caído. Por Mário Magalhães

doispesoas
Do ótimo blog do Mário Magalhães, de leitura obrigatória, sempre:
Notícia de dezembro, o que nesses tempos soa como pretérito mais-que-perfeito: “O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reuniu indícios de que o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), recebeu R$ 5 milhões do dono da OAS, José Adelmário Pinheiro, o Leo Pinheiro, um dos empreiteiros condenados em decorrência do escândalo da Petrobras”.
Numa troca de mensagens, conforme Janot, “Eduardo Cunha cobrou Leo Pinheiro por ter pago, de uma vez, para Michel Temer a quantia de R$ 5 milhões, tendo adiado os compromissos com a ‘turma”’. A turma é outra turma do PMDB, agremiação integrada pelo antigo mandachuva da Câmara e pelo atual ocupante do Planalto.
Nesta quarta-feira, mais novidade. De acordo com depoimento de Sérgio Machado, peemedebista ex-presidente da Transpetro, o então vice Temer combinou com ele propina para campanha eleitoral de Gabriel Chalita. Machado é correligionário de Temer.
O ex-capo da subsidiária da Petrobras afirmou que Temer retomou o comando do partido em 2014 para administrar a partilha de R$ 40 milhões encaminhados por fora pelo PT (!), pois chefões do PMDB na Câmara e no Senado se digladiavam pelo butim.
Na investigação do mensalão, inexistiu descrição de participação direta do presidente Lula na bandalheira _o que não impede a especulação, legítima, sobre se houve ou não.
Nas falcatruas na Petrobras, não há denúncia de que Dilma tenha embolsado dinheiro.
Na dita delação premiada de Sérgio Machado, a presidente deposta não é mencionada, ao contrário de Temer.
É claro que os companheiros do ex-chefe da Transpetro só podem ser acusados e condenados se houver provas além da versão. Seja prova oferecida pelo próprio Sérgio Machado, seja colhida em apurações complementares.
Mas se evidencia novamente tratamentos diferentes, dois pesos e duas medidas.
Se em vez de Michel Temer o personagem vinculado a valores como R$ 5 milhões e R$ 1,5 milhão fosse Dilma Rousseff ou Luiz Inácio Lula da Silva, a casa teria ido abaixo. Bradariam por deposição, renúncia. “Fora com a corrupção!”
É possível que não diluíssem as declarações sobre o presidente-do-dia num pacote em que Aécio Neves às vezes recebe mais atenção que a pessoa no exercício da Presidência da República.
Talvez Renan Calheiros não ofuscasse o titular do Planalto, como hoje.
(Não que os dois senadores não mereçam atenção e escrutínio, muito pelo contrário.)
Dilma e Lula provavelmente já teriam caído. Ao menos, agonizariam.
Com Temer, o papo é outro.
Fonte: TIJOLAÇO
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Primeiramente, Fora Temer !

Temer tem que sair, já.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Milicos na bronca

Forças Armadas: Temer brinca com fogo!

A Doutrina Militar de Defesa Nacional não é de tirar sapatos...
publicado 15/06/2016
bessinha espelho do cerra
Conversa Afiada reproduz importante artigo de Cesar Fonseca, editor do Independência Sul Americana:


Temer neoliberal incomoda os militares

QUARTEIS EM POLVOROSA COM O GOVERNO TEMER REPUDIADO NAS RUAS COMO GOLPISTA

Aumenta extraordinariamente as preocupações dos comandantes militares brasileiros, do Exército(general Eduardo Villas Boas), da Marinha(Eduardo Leal Ferreira) e Aeronáutica(Nivaldo Rossalto) com a estratégia econômica neoliberal comandada pelos banqueiros, na Fazenda(Meirelles) e no Banco Central(homem do Itaú), que aumenta a instabilidade política e social, indo na linha oposta que o projeto militar desenvolve como defesa nacional, compreendendo fortalecimento da educação, da saúde, do meio ambiente, do emprego, como reais fatores capazes de produzir a segurança nacional e a consciência cívico militar em favor de desenvolvimento nacionalista. O projeto neoliberal de Temer, apoiado por forças antinacionais golpistas, é o oposto de tudo isso e coloca a segurança nacional em risco.

A austeridade fiscal que destrói políticas sociais representa aumento da insegurança social e política nacional

O grande gargalho do governo Temer, se ele continuar, o que é uma incógnita, é sua relação com as forças armadas.
O motivo é simples.

A taxa de insegurança social aumenta com o neoliberalismo econômico temerista e lança dúvidas sobre a estabilidade política.

Os militares desenvolveram, ao longo dos últimos treze anos de Era Petista, nacionalista, outro conceito de segurança social, que não se compatibiliza com a política neoliberal.

Trata-se de perceber a segurança como produto do desenvolvimento econômico equilibrado, em que sejam constantes e seguros investimentos em educação, saúde, meio ambiente, emprego, fortalecimento do mercado interno, como produto de opção desenvolvimentista, nacionalista.

Isto está claro no Programa Nacional de Defesa(2005), na Estratégia de Defesa Nacional(2007) e na Doutrina Militar de Defesa Nacional(2008), aprovados no Congresso Nacional e constantes, desde então, no ordenamento jurídico brasileiro.

Essa nova concepção de segurança se baseia nos estudos desenvolvidos pela Escola de Copenhague, por meio da qual novos conceitos de desenvolvimento foram formulados pelos europeus, no pós guerra fria.

Por meio dela, combina-se segurança nacional com desenvolvimento econômico em que a sociedade tenha diante de si ofertadas educação, saúde, emprego, renda, consumo adequados às suas exigências de dignidade humana e social.

Ou seja, os militares, com seus três projetos, aprovados nos governos Lula e Dilma, não entendem mais a segurança pública e nacional como produto de prioridade conferida à força policial.

Muito pelo contrário.

A força policial, em si, é vista como produto da insegurança social, da insuficiência dos fatores econômicos e políticos capazes de atender demandas comunitárias.

A segurança social, nesse sentido, representaria integração cívico-militar em favor de projeto nacional desenvolvimentista, a partir da industrialização focada na indústria de defesa, visando, sobretudo, o território nacional, em especial, a Amazônia, fonte de cobiça internacional.

No desenvolvimento desta, desenrola-se processo tecnológico e científico apoiado na cibernética, na produção nuclear e atômica, especialmente, nos submarinos de defesa.

O foco na indústria de defesa nacional – e continental, sul-americana, dado que, para os militares, a América do Sul é extensão do território nacional a ser preservado pela integração econômica do continente –  é a prioridade, entendida ela como alavanca do desenvolvimento científico e tecnológico a espraiar-se pelo restante das atividades produtivas.

Assim, haveria expansão da indústria nacional de patentes,  desenvolvimento da inteligência, que requer, por sua vez, prioridade à educação e à saúde, a reclamarem grandes investimentos, isto é, algo que se interage para formação de consciência cívico-militar, como destacou o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, no Dia do Exército, 19 de maio, em palestra aos estudantes do CEUB.

Os projetos de segurança nacional são, ao mesmo tempo, âncoras do desenvolvimento com viés, amplamente, nacionalista, visto que sua prioridade é o fortalecimento de uma geopolítica brasileira que confere ao Brasil posição independente no mundo globalizado.

Certamente, os Estados Unidos são os principais adversários dessa geopolítica nacionalista que o Congresso aprovou, razão pela qual os militares são profundamente gratos aos governos petistas e, inversamente, encontram-se profundamente desconfiados do governo interino Temer, cuja prioridade é alinhar-se à geopolítica norte-americana.

Os americanos, como se sabem, negam tudo o que os militares nacionalistas brasileiros  estão construindo em favor da política de defesa, percebida como projeto da sociedade consciente da necessidade de desenvolvimento nacionalista.

A prioridade de Temer pelo modelo econômico neoliberal, focado, exclusivamente, em ajuste fiscal, que até o FMI passou a criticar, lança profundas dúvidas no meio militar.

O neoliberalismo temerista, que:

1 – desconstitucionaliza conquistas sociais;

2 – destrói direitos trabalhistas;

3 – amplia desvinculação de verbas orçamentárias destinadas à educação e saúde, para pagar juros da dívida pública;

4 – tira dinheiro de banco de desenvolvimento, como do BNDES, para ser esterilizado no caixa do Tesouro, também, para pagar juros da dívida aos banqueiros;

5 – desloca recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador(FAT), para o mesmo objetivo, ou seja, engordar os sanguessugas que faturam desmesuradamente na taxa de juro especulativa, enquanto é pregada austeridade contra os assalariados;

6 – amplia privatizações do setor de petróleo, desnacionalizando o pré sal, para atender demandas das petroleiras internacionais;

7 – esvazia a geopolítica brasileira de aproximação com os BRICs, para atender pressões de Washington;

8 – acaba com abono salarial, para fazer ajuste fiscal;

9 – amesquinha política social(Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Farmácia Popular etc) e;

10 – põe em risco políticas promotoras de diversidade cultural, ampliando participação e democratização dos mais pobres, com acesso às universidades etc, e;

11 – Tenta afastar o Brasil dos BRICs(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), como força alternativa à geopolítica de Tio Sam, que se transformou, depois da crise global de 2008, em favor de segurança internacional – ou seja, tudo isso contribui, no entendimento da política de defesa nacional, para aumentar a insegurança social e, consequentemente, a instabilidade política.

O governo Temer, com seu carrossel de medidas de austeridade neoliberal antipopular que acaba com poder de compra dos trabalhadores, diminuindo renda disponível para o consumo, deprimindo as forças produtivas, enquanto não se faz nada contra o processo de sobreacumulação especulativa da renda nacional, para atender reivindicações dos bancos, da Febraban, que tomou conta do Banco Central, para fazer a política da agiotagem contra a sociedade etc, eis o que apavora, no momento, os comandantes das forças armadas.

A austeridade neoliberal – para os ricos, tudo, para os pobres, pau – acelera providências que aumentam extraordinariamente a instabilidade social e a insegurança pública e política.

Vai o jogo do ajuste fiscal austero, bancocrático, na linha contrária propugnada pelos projetos nacionalistas dos militares, como alternativa de desenvolvimento nacional sustentável.

O golpe político em marcha, mundialmente, condenado, tocado por forças antinacionais golpista, visa sobretudo derrubar a caminhada desenvolvimentista nacionalista.

Por isso, o governo Temer, do ponto de vista das Forças Armadas, vai se transformando, aceleradamente, em grande fator de insegurança nacional.
Fonte: CONVERSA AFIADA
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Moniz Bandeira: Bases na Argentina fazem parte do cerco dos EUA ao Brasil; só militares podem evitar ataques à soberania que visam submarino nuclear e acordo dos caças

14 de junho de 2016 às 20h48
MonizBandeira3
 Moniz Bandeira denuncia apoio dos EUA a golpe no Brasil
O cientista político e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira alertou nesta terça-feira (14) que por trás do processo golpista no Brasil, que levou à ascensão do presidente interino Michel Temer no lugar da presidenta legítima Dilma Rousseff, há poderosos interesses dos Estados Unidos, para ampliar sua presença econômica e geopolítica na América do Sul.
“Esse golpe deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os EUA tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina. O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil”, afirmou Moniz Bandeira, em entrevista concedida por e-mail ao PT na Câmara.
Moniz, que é autor de mais de 20 obras, entre elas A Segunda Guerra Fria — Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos (2013, Civilização Brasileira) e está lançando agora A Desordem Internacional, entende que o processo golpista no Brasil recebeu apoio dos EUA e de outros setores estrangeiros com interesse nas riquezas do País.
Ele criticou também setores da burocracia do Estado (como Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal e Judiciário) por atuarem para solapar a democracia brasileira, prejudicar empresas nacionais e abrir caminho para a consolidação de interesses estrangeiros no País, em especial dos EUA.
“Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato. Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007”, disse.
Leia a entrevista completa:
Como o senhor avalia o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff?
O fato de que o presidente interino Michel Temer e seus acólitos, nomeados ministros, atuarem como definitivos, mudando toda a política da presidenta Dilma Roussefff, evidencia nitidamente a farsa montada para encobrir o golpe de Estado, um golpe frio contra a democracia, desfechado sob o manto de impeachment.
Esse golpe, entretanto, deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os Estados Unidos tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina.
O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil.
Onde seriam implantadas tais bases?
Uma seria em Ushuaia, na província da Terra do Fogo, cujos limites se estendem até a Antártida; a outra na Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai), antiga ambição de Washington, a título de combater o terrorismo e o narcotráfico. Mas o grande interesse, inter alia, é, provavelmente, o Aquífero Guarani, o maior manancial subterrâneo de água doce do mundo, com um total de 200.000 km2, um manancial transfronteiriço, que abrange o Brasil (840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²).
Aí os grandes bancos dos Estados Unidos e da Europa — Citigroup, UBS, Deutsche Bank, Credit Suisse, Macquarie Bank, Barclays Bank, the Blackstone Group, Allianz, e HSBC Bank e outros –compraram vastas extensões de terra.
A eleição de Maurício Macri significa que a Argentina vai voltar ao tempo em que o ex-presidente Carlos Menem, com a doutrina do “realismo periférico”, desejava manter “relações carnais” com os Estados Unidos?
Os EUA estão a buscar a recuperação de sua hegemonia na América do Sul, hegemonia que começaram a perder com o fracasso das políticas neoliberais na década de 1990. Com a eleição de Maurício Macri, na Argentina, conseguiram grande vitória.
E, na Venezuela, o Estado encontra-se na iminência do colapso, devido à conjugação de desastrosas políticas dos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro com a queda do preço do petróleo e as operações para a mudança de regime, implementadas pela CIA, USAID, NED e ONGs financiadas por essas e outras entidades.
A implantação de bases militares em Ushuaia e na Tríplice Fronteira, além de ferir a soberania da Argentina, significa séria ameaça à segurança nacional não só do Brasil como dos demais países da região.
Os EUA possuem bases na Colômbia e alguns contingentes militares no Peru, a ostentarem sua presença nos Andes e no Pacifico Ocidental. E com as bases na Argentina completariam um cerco virtual da região, ao norte e ao sul, ao lado do Pacífico e do Atlântico.
Que implicações teria o estabelecimento de tais bases na Argentina?
Quaisquer que sejam as mais diversas justificativas, inclusive científicas, a presença militar dos EUA na Argentina implicaria maior infiltração da OTAN, na América do Sul, penetrada já, sorrateiramente, pela Grã-Bretanha no arquipélago das Malvinas, e anularia de facto e definitivamente a resolução 41/11 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que, em 1986, estabeleceu o Atlântico Sul como Zona de Paz e Cooperação (ZPCAS).
E o Brasil jamais aceitou que a OTAN estendesse ao Atlântico Sul sua área de influência e atuação.
Em 2011, durante o governo da presidente Dilma Rousseff, o então ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim (do PMDB, o mesmo partido do presidente provisório Temer), atacou a estratégia de ampliar a área de ingerência da OTAN ao Atlântico Sul, afirmando que nem o Brasil nem a América do Sul podem aceitar que os Estados Unidos “se arvorem” o direito de intervir em “qualquer teatro de operação” sob “os mais variados pretextos”, com a OTAN “a servir de instrumento para o avanço dos interesses de seu membro exponencial, os Estados Unidos da América, e, subsidiariamente, dos aliados europeus”.
Mas estabelecer uma base militar na região da Antártida não é uma antiga pretensão dos EUA?
Sim. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial esse é um objetivo estratégico do Pentágono a fim de dominar a entrada no Atlântico Sul. E, possivelmente, tal pretensão agora ainda mais se acentuou devido ao fato de que a China, que está a construir em Paraje de Quintuco, na província de Neuquén, coração da Patagônia, a mais moderna estação interplanetária e a primeira fora de seu próprio território, com poderosa antena de 35 metros para pesquisas do “espaço profundo”, como parte do Programa Nacional de Exploração da Lua e Marte.
A previsão é de que comece a operar em fins de 2016. Mas a fim de recuperar a hegemonia sobre toda a América do Sul, na disputa cada vez mais acirrada com a China era necessário controlar, sobretudo, o Brasil, e acabar o Mercosul, a Unasul e outros órgãos criados juntamente com a Argentina, seu principal sócio e parceiro estratégico, a envolver os demais países da América do Sul.
A derrubada da presidente Dilma Rousseff poderia permitir a Washington colocar um preposto para substituí-la.
A mudança na situação econômica e política tanto da Argentina como do Brasil afigura-se, entretanto, muito difícil para os EUA. A China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil, com investimentos previstos superiores a US$54 bilhões, e o segundo maior parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil.
O Brasil, ao desenvolver uma política exterior com maior autonomia, fora da órbita de Washington, e de não intervenção nos países vizinhos e de integração da América do Sul, conforme a Constituição de 1988, constituía um obstáculo aos desígnios hegemônicos dos EUA, que pretendem impor a todos os países da América tratados de livre comércio similares aos firmados com as repúblicas do Pacífico.
Os EUA não se conformam com o fato de o Brasil integrar o bloco conhecido como BRICs e seja um dos membros do banco em Shangai, que visa a concorrer com o FMI e o Banco Mundial.
Como o senhor vê a degradação da democracia no Brasil, com a atuação de setores da burocracia do Estado (Ministério Público, Polícia Federal e Judiciário) que agem de modo a rasgar a Constituição, achicanando o país?
A campanha contra a corrupção, nos termos em que o procurador-geral Rodrigo Janot e o juiz Sérgio Moro executam, visou, objetivamente, a desmoralizar a Petrobras e as grandes construtoras nacionais, tanto que nem sequer as empresas estrangeiras foram investigadas, e elas estão, de certo, envolvidas também na corrupção de políticos brasileiros.
Ao mesmo tempo se criou o clima para o golpe frio contra o governo da presidente Dilma Rousseff, adensado pelas demonstrações de junho de 2013 e as vaias contra ela na Copa do Mundo.
A estratégia inspirou-se no manual do professor Gene Sharp, intitulado Da Ditadura à Democracia, para treinamento de agitadores, ativistas, em universidades americanas e até mesmo nas embaixadas dos Estados Unidos, para liderar ONGs, entre as quais Estudantes pela Liberdade e o Movimento Brasil Livre, financiadas com recursos dos bilionários David e Charles Koch, sustentáculo do Tea Party, bem como pelos bilionários Warren Buffett e Jorge Paulo Lemann, proprietários dos grupos Heinz Ketchup, Budweiser e Burger King, e sócios de Verônica Allende Serra, filha do ex-governador de São Paulo José Serra, na sorveteria Diletto.
Outras ONGs são sustentadas pelo especulador George Soros, que igualmente financiou a campanha “Venha para as ruas”.
Os pedidos de prisão de próceres do PMDB e do presidente do Senado, encaminhados pelo procurador-geral da República, podem desestabilizar o Estado brasileiro?
Os motivos alegados, que vazaram para a mídia, não justificariam medida tão radical, a atingir toda linha sucessória do governo brasileiro.
O objetivo do PGR poderia ser de promoção pessoal, porém tanto ele como o juiz Sérgio Moro atuam, praticamente, para desmoralizar ainda mais todo o Estado brasileiro, como se estivessem a serviço de interesses estrangeiros.
E não só desmoralizar o Estado brasileiro. Vão muito mais longe nos seus objetivos antinacionais.
As suspeitas levantadas contra a fábrica de submarinos, onde se constrói, inclusive, o submarino nuclear, todos com transferência para o Brasil de tecnologia francesa, permitem perceber o intuito de desmontar o programa de rearmamento das Forças Armadas, reiniciado pelo presidente Lula e continuado pela presidente Dilma Rousseff.
E é muito possível que, em seguida, o alvo seja a fabricação de jatos, com transferência de tecnologia da Suécia, o que os EUA não fazem, como no caso do submarino nuclear.
É preciso lembrar que, desde o governo de Collor de Melo e, principalmente, durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Brasil foi virtualmente desarmado, o Exército nem recursos tinha para alimentar os recrutas e foi desmantelada a indústria bélica, que o governo do general Ernesto Geisel havia incentivado, após romper o Acordo Militar com os Estados Unidos, na segunda metade dos anos 1970.
O senhor julga que os Estados Unidos estiveram por trás da campanha para derrubar o governo da presidente Dilma Rousseff?
Há fortes indícios de que o capital financeiro internacional, isto é, de que Wall Street e Washington nutriram a crise política e institucional, aguçando feroz luta de classes no Brasil.
Ocorreu algo similar ao que o presidente Getúlio Vargas denunciou na carta-testamento, antes de suicidar-se, em 24 de agosto de 1954: “A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de liberdade e garantia do trabalho”.
Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato.
Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007.
No ano seguinte, em 2008, passou um mês num programa especial de treinamento na Escola de Direito de Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke. E, em outubro de 2009, participou da conferência regional sobre “Illicit Financial Crimes”, promovida no Rio de Janeiro pela Embaixada dos Estados Unidos.
A Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as comunicações da Petrobras, descobriu a ocorrência de irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT e, possivelmente, passou informação sobre o doleiro Alberto Yousseff a um delegado da Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro, de Curitiba, já treinado em ação multi-jurisdicional e práticas de investigação, inclusive com demonstrações reais (como preparar testemunhas para delatar terceiros).
Não sem motivo o juiz Sérgio Moro foi eleito como um dos dez homens mais influentes do mundo pela revista Time.
Ele dirigiu a Operação Lava-Jato, coadjuvado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como um reality show, sem qualquer discrição, vazando seletivamente informações para a mídia, com base em delações obtidas sob ameaças e coerção, e prisões ilegais, com o fito de macular e incriminar, sobretudo, o ex-presidente Lula. E a campanha continua.
Aonde vai?
Vai longe. Visa a atingir todo o Brasil como Nação.
E daí que se prenuncia uma campanha contra a indústria bélica, a começar contra a construção dos submarinos, com tecnologia transferida da França, o único país que concordou em fazê-lo, e vai chegar à construção dos jatos, com tecnologia da Suécia e outras indústrias.
Essas iniciativas dos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff afetaram e afetam os interesses dos Estados Unidos, cuja economia se sustenta, largamente, com a exportação de armamentos.
Apesar de toda a pressão de Washington, o Brasil não comprou os jatos F/A-18 Super Hornets da Boeing, o que contribuiu, juntamente com o cancelamento das encomendas pela Coréia do Sul, para que ela tivesse de fechar sua planta em Long Beach, na Califórnia.
A decisão da presidente Dilma Rousseff de optar pelos jatos da Suécia representou duro golpe na divisão de defesa da Boeing, com a perda de um negócio no valor US$4,5 bilhões.
Esse e outros fatores concorreram para a armação do golpe no Brasil.
E qual a perspectiva?
É sombria. O governo interino de Michel Temer não tem legitimidade, é impopular e, ao que tudo indica, não há de perdurar até 2018. É fraco. Não contenta a gregos e troianos.
E, ainda que o presidente interino Michel Temer não consiga o voto de 54 senadores para efetivar o impeachment, será muito difícil a presidenta Dilma Rousseff governar com um Congresso, em grande parte corrompido, e o STF comprometido pela desavergonhada atuação, abertamente político-partidária, de certos ministros.
Novas eleições, portanto, creio que só as Forças Armadas, cujo comando do Exército, Marinha e Aeronáutica até agora está imune e isento, podem organizar e presidir o processo.
Também só elas podem impedir que o Estado brasileiro seja desmantelado, em meio a esse clima de inquisição, criado e mantido no País, em colaboração com a mídia corporativa, por elementos do Judiciário, como se estivessem acima de qualquer suspeita. E não estão. Não são deuses no Olimpo.
Fonte: VIOMUNDO
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terça-feira, 14 de junho de 2016

Fora Globo !

Globo e a crise do futebol brasileiro

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

"A Globo é a única que transmite gratuitamente em TV aberta, como também fazemos com o futebol brasileiro há 40 anos. Mas protestar é direito do cidadão". Galvão Bueno, na TV Globo, em 02.03.2016, ao falar sobre protesto de torcedores do Corinthians

"2015 vai entrar na história do futebol brasileiro como um grande ano. O ano em que há poucas semanas o presidente José Maria Marin passou o bastão para o presidente Marco Polo. Presidente Marin, em nome do grupo Globo, em meu nome, eu gostaria de agradecer todo o carinho, toda a atenção com a qual o senhor sempre nos brindou, sempre aberto a discutir os temas que interessam ao futebol brasileiro, dos quais me permito destacar, o novo formato da Copa do Brasil, que deu mais charme a essa competição promovida pela CBF, que é a verdadeira competição do futebol brasileiro". Marcelo Campos Pinto, ex-todo poderoso da Globo Esportes, discursando em evento em 2015

A frase de Galvão Bueno, dita durante uma partida entre Corinthians e Santa Fé, no Itaquerão, pela Libertadores da América, foi uma resposta às várias faixas que a Gaviões da Fiel exibiu na arquibancada. Futebol refém da Globo, dizia uma delas. Globo manipuladora, dizia outra.

O protesto da organizada do Corinthians se refere a vários aspectos do futebol, dentro e fora dos estádios.

É contra o fato de que a Globo define o calendário e o horário das partidas independentemente do interesse dos torcedores ou dos clubes, por exemplo.

Ao fato de que a emissora apoia a criminalização das organizadas e defende a punição coletiva a elas advogada pelo promotor Fernando Capez, que se elegeu deputado estadual graças à exposição midiática que obteve com suas propostas de combate à violência dentro e fora dos estádios.

É a Capez que a Gaviões se refere quando denuncia o “ladrão de merenda” — o hoje presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo e possível candidato de Geraldo Alckmin a governador em 2018 teria se beneficiado de propinas, num esquema de corrupção envolvendo a merenda escolar.

A resposta de Galvão aos protestos foi, em si, um exemplo da manipulação denunciada pelos corinthianos: ali, na Globo, segundo o narrador, os corinthianos poderiam ver de graça um jogo que teriam de pagar se quisessem assistir na Fox Sports, emissora acessível apenas na TV por assinatura e que comprou os direitos exclusivos para a TV fechada.

É como se a Globo fizesse um favor aos telespectadores e não tivesse faturado um tostão sequer ao longo de sua parceria de 40 anos com a CBF.

O lado sujo do futebol

O livro, do qual sou co-autor ao lado de Leandro Cipoloni, Tony Chastinet e Amaury Ribeiro Jr., narra como João Havelange e seu genro e sucessor, Ricardo Teixeira, montaram uma arquitetura de poder oligárquica no futebol brasileiro que persiste até os dias de hoje.

José Maria Marin e Marco Polo Del Nero sucederam Teixeira e absolutamente nada mudou. Um está preso nos Estados Unidos, os outros dois não podem sair do Brasil.

A CBF se estrutura em torno de federações estaduais e clubes que são verdadeiros feudos e tem um formato de funil com o bico para cima: na prática, tira dos de baixo para beneficiar os de cima.

Tal arquitetura eterniza a ideia de que o Noroeste de Bauru, o Treze de Campina Grande e o ABC de Natal existem apenas para servir aos “grandes”.

Tal estrutura não teria sido erguida não fosse a parceria histórica com a TV Globo: os direitos de TV são a principal fonte de renda dos clubes e das próprias federações, já que para agradá-las Ricardo Teixeira inventou a Copa do Brasil, um torneio de 86 clubes que distribui migalhas a dirigentes e jogadores mas acaba essencialmente servindo ao funil.

Não existe um único caso de um clube que tenha se estruturado em torno da Copa do Brasil.

No campeonato, os “pequenos”, os “de longe”, repetem o ciclo que se vê com milhares de jogadores e técnicos que trabalham nas divisões inferiores: salários baixos, trabalho precário, risco sempre iminente do clube desaparecer do mapa.

A chance única: brilhar sob os holofotes da TV num lance fortuito, um gol espetacular, uma vitória improvável.

Como escrevemos no livro, a parceria com Havelange, Teixeira e sucessores serviu aos cartolas, mas serviu essencialmente à própria Globo.

Quando os grandes ensaiaram um clube dos 13 como embrião de uma liga independente, foram esmagados pelo trabalho de bastidores da emissora, ao lado de Ricardo Teixeira.

Escrevendo no Viomundo, Emanuel Leite Jr. resumiu como a Globo ainda hoje promove oapartheid no futebol brasileiro:



Emanuel é autor do livro Cotas de televisão do Campeonato Brasileiro: apartheid futebolístico e risco de espanholização.

A estratificação que se observa na tabela acima é vantajosa para a Globo.

Os irmãos Marinho definem o valor que consideram “adequado” e dividem o bolo de acordo com critérios arbitrários, definidos a partir de seus objetivos comerciais.

O clube do grupo 7 almeja chegar ao grupo 6 e assim sucessivamente.

Fora do quadro estão as centenas de clubes que formam a verdadeira base do futebol brasileiro, aquele que apanhou de 7 a 1 da Alemanha e perdeu de 1 a 0 com gol de mão do Peru.

Para preservar sua altíssima taxa de lucro, é imperioso para a Globo manter a estrutura desigual dos dias de hoje, em que negocia clube a clube.

É muito diferente ter, do outro lado, uma liga independente, capaz de avaliar o verdadeiro valor dos direitos de TV e de explorar a disputa entre diferentes emissoras, como acontece com todos os principais esportes coletivos dos Estados Unidos, por exemplo.

Na NFL, a do futebol americano, diferentes pacotes de transmissão são vendidos para diferentes emissoras. Os clubes dão as cartas.

O valor total é rateado e dividido igualmente entre eles.

O objetivo é ter um campeonato mais competitivo.

É permitir que um clube de uma pequena cidade do interior seja campeão nacional.

É ter um mercado razoavelmente homogêneo, que produza público nas arquibancadas e venda de camisetas capazes de reforçar o caixa.

Apesar de todos os jogos do futebol americano serem transmitidos pela TV em distintas plataformas, a pior média de público de 2015 foi do Los Angeles Rams, com 52.402 pessoas por partida; no soccer, a média em 2015 nos Estados Unidos foi de 21.574 pessoas por partida; em 2016, até agora, a média no Campeonato Brasileiro do país do futebol é de 12.217 pessoas.

Para a Globo, tanto faz o clube ter 100 pessoas ou 20 mil nas arquibancadas de seu estádio.

Aliás, se tiver apenas 100 o clube ficará ainda mais dependente das antecipações de receita que a emissora costuma fazer para dar margem de manobra aos cartolas.

Formada pelos clubes, o principal compromisso da NFL é com a saúde financeira dos próprios clubes.

Enquanto isso, no Brasil, a CBF tem uma existência simbiótica com a Globo: muitas vezes, os patrocinadores da seleção brasileira, a maior forte de renda dos cartolas, são os mesmos dos grandes eventos da emissora!

É a CBF rica, assentada sobre clubes instáveis, que por sua vez estão no topo de uma pirâmide de miseráveis.

Quando denunciam o estado do futebol brasileiro, os jornalistas não têm coragem de apontar o dedo para o papel essencial da Globo nesta arquitetura injusta: pode ser o próximo emprego.

Mas, o que a Globo poderia fazer?

É uma pergunta que os próprios torcedores se fazem.

Eles costumam argumentar que a Globo não entra em campo e, portanto, não pode responder por todas as mazelas do nosso futebol.

Verdade.

Porém, a Globo poderia fazer muito mais do que faz pela reforma do futebol, que no momento é absolutamente nada.

Poderia usar o poder de seus telejornais para promover um debate sobre decisão judicial inédita, que trancou a troca de informações entre autoridades brasileiras e dos Estados Unidos no escândalo da FIFA investigado pelo FBI.

Para dar um exemplo: foi a colaboração de autoridades suiças, na Lava Jato, que permitiu chegar aos dados comprometedores para o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que podem levar à delação premiada mais aguardada pelos brasileiros. Se Cunha delatar, pode arrastar com ele mais de 150 parlamentares.

Hoje, nos Estados Unidos, o empresário J. Hawilla e o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, colaboram com as autoridades. Mas os investigadores norte-americanos dependem de documentos que só poderiam obter no Brasil para amarrar várias pontas.

Porém, em 30 de setembro do ano passado uma turma do TRF-2, do Rio de Janeiro e Espírito Santo, decidiu, por 2 votos a 1, conceder habeas corpus impetrado pelos advogados do empresário Kleber Leite e da empresa Klefer Produções e Promoções Ltda.

Os desembargadores Ivan Athié e Paulo Espírito Santo venceram o voto da colega Simone Schreiber ao entender que não pode haver cooperação direta entre autoridades dos Estados Unidos e do Brasil que não passe antes pelo Superior Tribunal de Justiça ou pelo Supremo Tribunal Federal.

É uma questão importante, polêmica e que realmente deve ser tratada com cuidado, já que existem aspectos da colaboração internacional que podem envolver questões de soberania nacional.

Mas, neste caso específico, para além da justa preocupação dos desembargadores, trata-se também de revirar as entranhas da corrupção no futebol, que é um esporte de âmbito internacional: as propinas circulam entre empresas e dirigentes esportivos de diferentes partes do mundo.

Por conta do habeas corpus, todas as decisões de primeira instância ficaram suspensas e todos os documentos obtidos em busca e apreensão na sede da Klefer, por exemplo, foram devolvidos, tornando-se de fato imprestáveis para uso, tanto na Justiça dos Estados Unidos quanto no Brasil.

No mesmo processo, que corre em segredo de Justiça, a nona Vara Federal do Rio de Janeiro havia determinado a quebra do sigilo fiscal de Ricardo Teixeira e da filha dele, Antonia, hoje uma adolescente.

São as pontas do lado de cá das delações obtidas nos Estados Unidos.

A Procuradoria Geral da República no Rio recorreu. Espera derrubar a decisão em instâncias superiores, mas isso atrasa o processo de investigação.

Se prejudica os investigadores do FBI e da Promotoria norte-americana, faz o mesmo quanto a possíveis investigações no Brasil.

Como demonstramos em O Lado Sujo do Futebol, quase todas as tentativas de investigar Ricardo Teixeira ou a CBF ao longo de décadas morreram na Justiça brasileira. Não fossem as autoridades suiças…

Ao tratar do assunto no Jornal Nacional com a mesma ênfase que tem dado à Lava Jato, ou seja, de forma diária, a Globo poderia deixar claro que interessa à população brasileira a investigação de todos os escândalos, inclusive o dos negócios do futebol.

Que as preocupações dos dois desembargadores sejam atendidas e o processo possa andar rápido, com uma troca de informações que leve Hawilla, Kleber e o próprio Teixeira a responder por eventuais crimes cometidos, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.

Ao defender a colaboração com o FBI, o Jornal Nacional poderia reparar o terrível erro que cometeu no dia 12.03.2012, quando o repórter Tino Marcos dedicou três frases às denúncias contra Ricardo Teixeira - que naquela data se afastou da CBF - antes de passar a elogiá-lo efusivamente:

Ao longo da carreira, Ricardo Teixeira foi alvo de denúncias.

Diante de todas elas, Teixeira sempre disse que as acusações eram falsas e tinham caráter político.

A denúncia mais contundente foi a de que ele, e um grupo ligado a FIFA, teriam recebido dinheiro de forma irregular nas negociações de uma empresa de marketing esportivo, em 1999. Viu os processos serem arquivados pela Justiça.

A empresa de marketing esportivo à que o JN aludiu é a ISL, que faliu deixando um rombo bilionário. Era a grande fábrica de propinas da cartolagem internacional.

Em O Lado Sujo do Futebol tratamos detalhadamente das origens do escândalo. A ISL foi um braço da Adidas, cujo dono foi um dos grandes parceiros de negócios de Havelange.

No câmbio de hoje, Teixeira e o sogro Havelange foram acusados pelo promotor Thomas Hildbrand, do cantão de Zug, na Suiça, de terem recebido R$ 79.168.625,50 em propinas da ISL, especialmente através de uma empresa fantasma de nome Sanud, baseada no paraíso fiscal de Liechtenstein.

A origem do dinheiro? Os negócios envolvendo direitos de televisão. Assim como adianta dinheiro no Brasil aos cartolas, a Globo adiantou pagamento à ISL para tentar evitar a bancarrota da empresa-parceira.

Quem monopolizou os direitos da Copa do Mundo junto à FIFA e do futebol brasileiro junto à CBF durante o reinado da ISL, de Havelange e de Teixeira? A Globo.

Nas palavras de Galvão, “como fazemos há 40 anos”.

Está na hora da emissora acabar com as quatro décadas de omissão e manipulação quando se trata das mazelas - e notícias - do futebol brasileiro.

Fonte: Blog do Miro
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segunda-feira, 13 de junho de 2016

STF valida gol do Peru

Após consultar Toffoli e Gilmar Mendes, juiz diz que gol de mão do Peru foi legal.

Fonte: CARTA MAIOR
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Peru 1 vs 0 CBF, Globo, Lei do Passe e Corinthians

Schroeder, manda o Galvão pra casa!
publicado 13/06/2016
gol do peru
E ainda por cima perder de gol com a mão

A desclassificação da Copa América exigiria:

- Fechar a CBF, do Del Nero e Dunga ao contínuo.

Uma Confederação Brasileira cujo presidente não pode botar o pé fora do país, francamente, nem a da Líbia…

Quem poderia fechar a CBF, além do FBI?

Aqui no Brasil?

Ninguém.

Só com bomba de neutron.

Ah, mas quem será o técnico da seleçao olímpica?

Conversa Afiada sugere nomear o Neymar capitão e técnico.

Se a Policia da Espanha permitir.

- Responsabilizar criminalmente a Globo e os expedientes panamenhos que lhe deram o controle absoluto sobre a seleção brasileira e o Brasileirinho!

Em nenhum lugar do mundo - fora da Líbia – a seleção NACIONAL é exclusividade uma emissora privada de televisão, que administra o futebol do país segundo seus interesses comerciais e de programação!

- Botar o dedo na ferida do neolibelismo inscrito na Lei Pelé, sancionada pelo FHC Brasif, oPríncipe da Privataria.

Em nome do “mercado livre”, ela desguarneceu os clubes – e, portanto, aviltou o espetáculo oferecido ao torcedor brasileiro!

- Por fim, acabar com essa pseudo-hegemonia do Corinthians, que a Globo inventou para anabolizar a sua maior fonte de audiência.

Vamos combinar: o Tite é um treinador medíocre e a estrutura vertebral da seleção, ali pelo meio, decantada pelos colonistas globais como barcelônica, é de uma mediocridade lancinante.

Os Elias e Renatos Augustos, especialistas em jogar para o lado, viraram “salvadores” de um futebol de bico pra frente, retranqueiro, ultrapassado, segundo os analistas de tabela da Globo, que precisaram endeusá-los para ganhar a vida.

Se fossem bons, os dois, Elias e o Renato Augusto estavam na Europa!

E o Gil, amigo navegante?

Em que time da primeira divisão da Inglaterra poderia jogar?

O Tite é do tamanho do Dunga.

Quem fez dele mais alto foi a Globo.

Por fim, em nome do bom gosto, que tal a Globo mandar o Galvão para casa, de vez?

Quem aguenta mais?

O IBOPE da Globo no jogo com o Peru dava 24 pontos.

Ridículo para um jogo da seleção brasileira.

Mal acabou o jogo, o Galvão se despediu correndo, entregou a cobertura para a programação, para não ser vaiado.

O Galvão derruba a audiência, Schroeder!

E a barriga do Ronaldo?

E os comentários exaltados e previsíveis do Casagrande?

A Globo podia deixar no lugar do Galvão aquela mão esquerda dele, que tem mais autonomia que a Policia Federal !

Em tempo: perder de 7 a 1 da Alemanha não tem comparação. Mas, aqui pra nos, ser eliminado com gol de mão… Que vexame! Nem roubar mais a nosso favor os juízes roubam..
Fonte: CONVERSA AFIADA
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Primeiramente, Fora Temer !

O gol ilegal com a mão que deu a vitória ao time peruano não deve ser o foco das discussões sobre mais um vexame da seleção brasileira.

Seleção de propriedade de globo, cbf...

Pobre futebol brasileiro.

Aliás, na investigação do FBI sobre as trapaças na FIFA, apenas o presidente da CBF continua intocável, ainda que tenha se auto exilado no Brasil, não viajando para nenhum lugar.

A quem interessa que os podres da CBF não venham à tona, hein, globo ?

Toda a estrutura do futebol brasileiro necessita, com urgência, passar por uma profunda reengenharia.

Isso também vale para a maioria da imprensa esportiva, anacrônica e acovardada, regulada nos conteúdos pelo grupo globo.

Neymar, logo após a derrota do time brasileiro, afirmou que um monte de bobagens seriam publicadas a respeito de mais um vexame. Atirou no que viu e acertou no que não viu, já que somente bobagens de profundas superficialidades são permitas no noticiário, independente de eliminações precoces e vexatórias do futebol brasileiro em competições internacionais.

A vida segue e logo teremos a seleção olímpica em campo nos jogos do Rio. Antes disso, claro, temos o futebol na globo todas quartas-feiras às 22 horas - depois de algumas cenas de estupro na novela - e aos domingos, às 16 horas, depois de algum filme americano com muita pancadaria, sangue e coisas explodindo pelos ares. Em caso de alguma manifestação política de apoio ao golpe - sempre agendada para os domingos - o futebol na globo deixa de ser prioridade e os jogos na cidade de São Paulo são antecipados para o horário das 11 horas da manhã, para que o paulistano, incentivado ao longo de todo o dia pela força tarefa de repórteres e jornalistas da tv globo - o que globo chama de jornalismo e cobertura da manifestação cívica - possa comparecer na Av. Paulista vestido com a camisa da seleção brasileira de futebol e , assim sendo, lambuzado de patriotismo exigir transparência e o fim da corrupção no país.

Inclusive no futebol ?

O Brasil do governo arcaico do golpe, democracia sendo violentada, seleção brasileira de futebol produzindo um vexame atrás do outro, pessoas pelas ruas ostentando orgulhosas a camisa da seleção brasileira de futebol e bandeiras do Brasil estendidas nas janelas das casas.

Vai que é tua, Gilmar Mendes.

sábado, 11 de junho de 2016

Fora Temer faz com que o dinheiro deixe de ser apenas um pedaço de papel


11 de June de 2016
Notas de 10 reais já estão circulando por aí carimbadas com um Fora Temer. Temer. Quem botou o assunto pra circular nas redes foi a amiga Ivana Bentes no seu perfil no Facebook.

Ela lembra que na época da ditadura o artista plástico Cildo Meireles

“colocava a arte conceitual na resistência e nos circuitos cotidianos”.




E que uma das mais famosas ações daquele período foi o de

carimbar notas de 1 cruzeiro com a frase “Quem matou Herzog?”.


Lembro-me com nitidez do dia em que ao ler essa frase numa nota,

ter perguntado ao velho Renato quem era o Herzog.

E ter recebido uma das suas boas aulas de história.

De um professor intelectual que tinha cursado apenas até

o segundo ano primário.


O mundo de hoje é muito diferente do da década de 70, onde as notas

eram quase o único lugar onde se podia fazer uma informação circular

sem correr o risco de censura.

Afinal, como descobrir a origem do carimbador?


Hoje, a despeito de a mídia tradicional buscar construir o país

a partir de sua narrativa, há a Internet. Onde blogues e perfis

espalhados em várias plataformas de redes sociais fazem o contraponto.


Há muito mais oxigênio no ecossistema informativo de hoje do

que naquela época, mas mesmo assim não deixa de ser revigorante

ver que a indignação ainda busca ocupar todos os espaços vazios

para mandar seu recado.


E também de ver que com um Fora Temer carimbado, o dinheiro

deixa de ser apenas um pedaço de papel,

como poetizou Arnaldo Antunes


Fonte: Blog do Rovai
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