quarta-feira, 1 de junho de 2016

Somos uma democracia, não um sistema financeiro

Um filme chamado Brasil

A resistência ao golpe precisa demarcar o futuro, como fez o presidente islandês na bancarrota de 2009: 'Somos uma democracia, não um sistema financeiro'

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por: Saul Leblon

Lula MarquesInstale uma lente grande angular na sua angústia com o Brasil.

Abstraia contradições óbvias demais. 

Essa, por exemplo:  um projeto econômico neoliberal que só se viabiliza com um golpe de Estado articulado por instituições que encarnariam o liberalismo --o congresso ‘representativo’, o judiciário ‘independente’, ‘a mídia ecumênica e isenta’...

Não restou um tijolo desse edifício no Brasil pós 11 de maio. 
Afaste a tentação de condensar essa montanha desordenada de ruínas no riso de escárnio de Gilmar Mendes. 

A toga partidária é um personagem por demais caricato, ainda que representativo do Supremo Tribunal do país.

Tome a mídia como referido, não como referência.

Para guardar alguma distância em relação ao país e ainda assim enxerga-lo melhor, imagine um enredo de Costa Gavras.

Não o óbvio ululante: o assalto ao poder por parte da cleptocracia de rentistas, banqueiros, proprietários dos meios de comunicação, escória política...

Vá além da borra tóxica que flocula na superfície pegajosa dos noticiosos. 

Abra lentes para o mundo. 

O mundo da grande estagnação que amassa o capitalismo global desde o colapso de 2008, no qual ano a ano as instituições internacionais revisam para baixo suas projeções de ‘recuperação’.

Sociedades subtraídas de seus pilares indivisos -- pujança industrial, empregos de qualidade, sindicatos representativos, Estados fortes e reguladores, direitos sociais universalizados— experimentam o longo inverno de uma encruzilhada histórica.

A incerteza é senhora. 

O subemprego, permanente.  

Precariedade profissional e social, generalizadas.

O conjunto contamina as relações pessoais e coletivas, mastigadas nas mandíbulas de um sistema político incapaz de reinventar o futuro.

As estruturas produtivas mudaram à frente das estruturas políticas.

Mudaram para pior.

Ferrugem industrial e mal-estar social.

A polarização que opõe Sanders e Trump nos EUA decorre desse derretimento de um tempo capitalista que se despediu para sempre e levou consigo o espaço estrutural das camadas médias.

Sobrou a fricção crua dos interesses contrapostos. 

Só mitigados pela manipulação midiática.

‘É isso que se vê nos EUA. Essa contraposição é algo muito sério e profundo, vai além da retórica de palanque’, diz o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, em meio a uma conversa sobre a natureza igualmente extremista do desmonte neoliberal promovido pelo golpe no Brasil.

O filme imaginário de Costa Gravas mostra a esquerda brasileira, como a de todos os lugares, perplexa.

Hesita-se em abandonar uma zona de conforto que aderna e  deixou de fazer sentido sob as novas condições globais, brutalmente internalizadas aqui pelo golpe.

O xeque-mate impõe-lhe repensar as bases do desenvolvimento.

E mais que isso: a correspondente arregimentação de forças para viabiliza-las, sem as velhas ilusões na indulgência dos mercados e da mídia.

Trata-se de reconstruir os canais de decisão da sociedade.

Mas sem esquecer os requisitos econômicos à vigência futura de uma verdadeira democracia social.

‘Sem indústria –ou hiperindustrialização, como se vê em setores de ponta, inclusive na agricultura’, pondera em off a voz do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, ‘ uma sociedade não cria os requisitos de investimento, emprego, renda e receita para a convergência social. A desigualdade se impõe’.

Como se impôs nos EUA desguarnecido de zonas inteiras de industrialização  transferidas para o inalcançável padrão de eficiência e custo chinês.

Como reindustrializar um país caudatário nessas condições, sem resvalar no protecionismo cartorial? 

‘O ponto de partida é que você não consegue decidir mais o seu desenvolvimento sem reverter a liberalização da conta de capitais, que removeu barreiras aos fluxos especulativos. Terá que fazer isso, sobretudo, com instrumentos de regulação das operações com derivativos, desvinculadas dos fluxos, mas de efeitos cambiais adversos sobre a competitividade industrial’, sinaliza o economista brasileiro.

O que o ele enfatiza, para horror da equipe do golpe, é endossado por alas do próprio FMI. 

Corte para a matéria do Financial Times de 30/05/2016.

Voz radiofônica sobre imagens de plantas industriais e bairros decadentes do entorno de Detroit e favelas latinoamericanas: ‘...três dos principais economistas do FMI sugerem que a "agenda neoliberal" pode ter tido menos sucesso do que o pretendido - e que produziu um aumento da desigualdade (em consequência de dois elementos específicos do chamado cuore neoliberal):  liberalização da conta de capital, ou seja, a remoção de barreiras aos fluxos de capitais; e consolidação fiscal, hoje mais comumente denominada austeridade."

Volta à disjuntiva subjacente ao golpe brasileiro.

Qual Brasil?

O da industrialização sonhada por Vargas, Furtado, pelos nacionalistas, keynesianos e marxistas; ou o paraíso da arbitragem de juros, o entreposto dos especuladores, a terra de ninguenzada, com alfandegas livres, o reino da Alca, de FHC, e do entreguismo psicopata de José Serra, que subordina a nação ao seu ego?

A indiferença jornalística diante das determinações globais que dificultam a transição de ciclo do desenvolvimento brasileiro tem razões estratégicas.

O véu espesso lançado pelo noticiário cuida de sonegar a gravidade do desequilíbrio mundial para enfatizar a tese do “desgoverno petista”.

O recorte pavimenta a inexorabilidade do arrocho e empresta virtude à gororoba neoliberal que, finalmente, tomou o poder a contrapelo das urnas.

Ter a visão integral do jogo é decisivo para poder vencê-lo.

O enredo imaginário de Costa Gavras passeia agora pelas reuniões de pauta e de fechamento dos jornais e telejornais em que esse requisito é sonegado.

Ali se assa o pão aziago do fatalismo, da desventura, das impossibilidades, da prostração, da perda da autoestima pessoal, política, nacional, histórica.

Ali se desvela a usina que acua o imaginário social até leva-lo à catatonia.

Não há fato que resista a títulos, fotos, imagens e escaladas manipuladas pela lógica pré e pós golpe.

Exceto um deles: a rua.

Ainda assim, a narrativa justa das causas que dificultam a retomada do crescimento – seu componente interno e externo – é crucial para arregimentar a correlação de forças necessária a uma repactuação progressista do desenvolvimento.

Sem isso a rua pode ser exaurida pela dízima periódica dos enfrentamentos pulverizados.

As determinações estruturais invadem a tela numa sequência quase documental.  

Na raiz da crise global está o excesso de capacidade produtiva desprovida de demanda em cada nação e no conjunto das nações, motivo das desvalorizações cambiais em marcha.

As cenas rápidas dizem com todas as letras o que a mídia local oculta ou rebaixa às notas de rodapé: esse é o legado de um desequilíbrio estrutural instaurado por quarenta anos de hegemonia neoliberal no mundo, obra que o conservadorismo quer replicar no Brasil.

‘A diluviana sobra de capitais decorrente desse ciclo de fastígio das finanças e depauperação do mundo do trabalho’  -- resume exemplarmente Zygmunt Bauman em fugaz aparição no filme imaginário de Gavras, inaugurou uma era em que ‘a política teve as mãos decepadas’.

A crise do Estado-nação, sua subordinação aos mercados, está na raiz do descrédito na política. 

Que força poderá rejuvenesce-la?

Eis a pergunta que as câmeras imaginárias de Costa Gavras pontuam em cada close, em cada rua, em cada imagem da angústia no mundo.

É esse também o conjunto de bloqueios que cerceia o passo seguinte da história brasileira nesse momento. 

Explicitá-los é um requisito para o discernimento necessário ao enfrentamento.

A preciosa fatia da soberania nacional que restou é a repactuação da sociedade e do seu desenvolvimento em escrutínios de amplitude democrática renovada.

A democracia, sim, ainda é a grande questão política do nosso tempo. É o que se depreende das imagens estonteantes das mobilizações de rua na Europa em coma, sobretudo nos movimentos dos Indignados espanhóis.

Sem recorrer a esse trunfo derradeiro a sociedade, a nação e o seu desenvolvimento ficarão escravos de receitas e ajustes que agravam a sua fragilidade e aprofundam o seu descrédito na política.

A isso se dedica o mutirão vertiginoso de decisões anunciadas pelo golpe.

Corte para o desmonte em curso do aparato público brasileiro: manchetes, protestos, anúncios solenes, ruas em chamas.

O rame-rame do ajuste neoliberal consiste nisso: em demolir o que foi conquistado para instituir o retrocesso como limite do possível.

E a exclusão como sinônimo de estabilidade.

Atrelar o país à lógica mundial do neoliberalismo – como apregoa o golpe– significa corroer 12 anos de esforços distributivos e sacrificar um dos maiores mercados de massa do planeta, para abraçar a receita rentista que está na raiz da polarização derivada da grande estagnação global. 

Quatro décadas de neoliberalismo esfarelaram a classe média dos EUA e desmontaram o estado do Bem-Estar europeu.

A renda real da outrora afluente classe média norte-americana encontra-se estagnada no nível de 1977, tendo o PIB crescido 50% no período.

Nunca a desigualdade foi tão extremada como agora na sociedade mais rica da terra.

Para recorrer novamente a Bauman: a tese neoliberal de que a concentração em cima, vazaria a riqueza por gravidade para baixo, comprovou-se uma grande mentira.

O que sobreveio foi o apogeu da desigualdade.

Cenas documentais:

A fatia da renda nas mãos dos 20% mais ricos nos EUA hoje chega a 55%; declinando na base da pirâmide.

Não é menos regressivo o quadro europeu.

Pesquisas mostram que a diferença entre um rico e um pobre na sociedade europeia era de 1 para 12, em 1945. 

Em 1980, passou a 1 para 82. 

Após o desmonte das bases da democracia social, atinge a desconcertante vastidão de 1 para 530.

Não por acaso, a disputa presidencial nos EUA repõe em cores ainda mais vivas o confronto entre políticas fiscais para engordar os ricos ou investimentos públicos para resgatar os pobres.

Volta ao professor Luiz Gonzaga Belluzzo: ‘A polarização que se assiste nos EUA sintetiza o nosso tempo; se Sanders fosse o candidato democrata teria chances reais de derrotar Trump; o mesmo não acontece com Hillary, que nada tem a contrapor ao populismo direitista do republicano’.

‘Trump não é um fascista mas carrega nuances dos anos 30’, admite a The Economist diante do apelo popular que a xenofobia e o protecionismo bélico do republicano exercem nas massas desamparadas da outrora afluente sociedade do Norte.

Quem considera simplismo descrever assim a polaridade incrustrada pelo neoliberalismo na carne das nações, talvez mude de opinião diante das estatísticas divulgadas há dois anos pela consultoria Wealthx, de Cingapura (http://www.wealthx.com/home/). 

Um analista da assessoria expõe o mapeamento feito em 2014, enquanto as câmeras passeiam no planeta por ele descrito:

– 185.759 endinheirados dos quatro continentes detêm uma fortuna calculada em US$ 25 trilhões, nada menos que 40% do PIB mundial;

– o seleto clube comporta acentuada divisão interna de camarotes: o nível A é ocupado por 1.235 megarricos que controlam uma dinheirama quase igual a dois PIBs brasileiros: US$ 4, 2 trilhões. 

A distribuição da riqueza nunca foi o forte do capitalismo. 

Mas as últimas décadas de supremacia das finanças desreguladas conseguiram dar envergadura inédita à palavra desigualdade.

Quarenta anos de arrocho sobre o rendimento do trabalho nas principais economias ricas, associados a mimos tributários que promoveram o fastígio dos endinheirados, premiaram o capital celibatário que se autorreplica na especulação, sem agregar riqueza real à sociedade.

O conjunto enlouqueceu a engrenagem da desigualdade, corroeu a fatia do trabalho na riqueza, tornando-se o principal obstáculo à recuperação da economia mundial.

Oito anos após o colapso de 2008, o dinheiro ocioso transborda dos caixas das empresas, bancos já cobram para guarda-lo, com juros perto de zero, mas o investimento produtivo patina.

Sem investimento a conta da sociedade do bem-estar e a da democracia social não fecha. 

A alternativa conservadora é clara: arrocho e opressão.

É essa receita do golpe que derrubou a Presidenta Dilma Rousseff.

A democracia terá que intervir contra o despotismo do capital para deter uma lógica que não saciará enquanto não abater, eviscerar e desossar integralmente o espaço do desenvolvimento e da soberania popular no Brasil do século 21.

Reduzir essa conflagração de interesses a um “esgotamento do desenvolvimentismo”, ou, mais rastejante ainda, “aos erros da nova macroeconomia lulopopulista”, como quer o sociólogo FHC –em aparição gelatinosa no filme imaginário de Costa Gavras--  pouco agrega à agenda do desassombro requerida pela encruzilhada brasileira.

O país, insista-se à exaustão, está diante de provas cruciais.

É preciso dar à crise o seu nome: o enredo de Costa Gavras pega a esquerda pelos ombros e a sacode diante da incontornável realidade capturada pelo cinema.

O nome da crise é capitalismo.

Em seu estágio de supremacia financeira; é a desenfreada ferocidade com que os capitais fictícios exigem um mundo plano de fronteiras livres e desimpedidos , por onde possam transitar à caça de fatias reais de uma riqueza, para a qual não se dispõem a contribuir, apenas se apropriar em espirais de bolhas recorrentes. 

Quem vê no capitalismo apenas  um sistema econômico, e não a dominação política intrínseca a sua encarnação social, derrapa, ajoelha e se rende incapaz de reagir porque perde a centralidade que a democracia ocupa nessa disputa.

Não a democracia liberal.

O cinema imaginário de Gavras fala da democracia contra o capitalismo, a democracia que civiliza, barra e impede o capital regressivo de devolver a  sociedade ao estágio de comer carne humana.

A dificuldade principal é refletir sobre o colapso fora da receita conservadora de arrocho e desemprego ante qualquer ameaça à remuneração do capital a juro.

A ditadura intelectual do pensamento único é pincelada em cores vibrantes pelo cinema político de Gavras.

Em 2011, em plena curva ascendente da crise, o Escritório de Avaliação Independente do FMI analisou 6.500 trabalhos escritos produzidos ou contratados nos últimos dez anos, portanto na chocadeira da crise mundial. 

Praticamente todos afiançavam as boas condições do comboio capitalista que rumava em alta velocidade para se espatifar na desordem neoliberal.

Pior: 62% dos economistas do Fundo afirmaram que se sentiam pressionados a alinhar as conclusões de suas pesquisas econômicas ao pensamento dominante no órgão. 

A indiferenciação entre direita e a esquerda no manejo da crise persiste como parte constitutiva da encruzilhada atual.

O filme imaginário desfila economistas de cepas variadas balbuciando platitudes à beira do abismo.

O que chamamos de crise hoje é também a fotografia de corpo inteiro da longa captura da esquerda e da democracia pelo cânone neoliberal. 

A trinca aberta entre a base da sociedade e aqueles que deveriam vocalizar o conflito, mas, sobretudo, a negligência deliberada com a organização dessa base, redundou no paradoxo infernal dos dias que correm.

Vive-se uma crise sistêmica do capitalismo que não gerou forças de ruptura para supera-la.

O fosso é proporcional à virulência do que se busca despejar nos ombros da sociedade.

O déficit de democracia emerge, assim, como o mais importante desequilíbrio revelado pelo filme da crise.

A contrapartida é a dominância capilar, estrutural, midiática e institucional acumulada pelo capital financeiro.

Apenas um governo parece ter assumido a coerência equivalente ao desafio que ameaça a tudo vergastar.

Os letreiros do filme começam a descer vagarosamente sobre uma paisagem gelada de metafórico isolamento.

Ali, perdido no branco da neve, o presidente da Islândia, Ólafur Grímsson, explica a decisão de devolver ao poder plebiscitário da sociedade a escolha que levou o país a sacrificar bancos em defesa da população na bancarrota de 2009:

‘Somos uma democracia, não um sistema financeiro’.

A imagem de Ólafur Grímsson e sua frase resistem enquanto a câmera se afasta acentuando o isolamento dessa ousadia que pode, ainda, devolver aos cidadãos a responsabilidade pelas escolhas do seu destino e o destino do desenvolvimento em nosso tempo

Fonte: CARTA MAIOR
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O Golpe no Brasil

Determinado a subtrair garantias trabalhistas, Hollande derrete eleitoralmente: só 14% dos franceses o reelegeriam. Apenas 4% o aprovam.

Fonte: CARTA MAIOR
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Aqui no Brasil quando Dilma chegou a 8% de aprovação do seu governo, seu menor índice, o bloco golpista alardeava que com esse percentual a situação da presidenta era insustentável. Não pode haver governabilidade, diziam. Foi mais uma figura de retórica para embalar o golpe.

Será que o Congresso da França irá pedir o impeachment de Hollande , ou será que no Brasil a Democracia é um ente criminoso que deve ser detido e preso ?

terça-feira, 31 de maio de 2016

A embaixadora do golpe e o bode preto no governo

A embaixadora dos EUA e o golpe no Brasil

Por Thiago Cassis, no site da UJS:

Os Estados Unidos anunciaram na última semana a troca da embaixadora no Brasil. Sai Liliana Ayalde, que esteve por trás dos golpes em Honduras e no Paraguai (e agora no Brasil) e entra Peter McKinley, que é filho de venezuelanos.

Segundo o jornal Folha de S.P.: “McKinley é considerado no Departamento de Estado um diplomata experiente e talentoso – e, segundo várias fontes, uma escolha de peso. O fato de ter sido embaixador no Afeganistão, um país em guerra, é citado como prova de competência… Seu primeiro posto no exterior foi na Bolívia, onde trabalhou no setor consular. De volta a Washington, continuou trabalhando com temas latino-americanos, como pesquisador e analista de inteligência com foco em El Salvador e Cuba. Em seguida foi chefe do departamento que cuida de Angola e Namíbia e depois assistente especial para a África”.

O intrigante é que Liliana Ayalde foi escolhida para o posto logo após as convulsões que o país atravessou em Junho de 2013 e agora se afasta após o golpe em curso ter avançando até um ponto “aparentemente” irreversível. Aparentemente porque as ruas tem dado respostas firmes contra o governo golpista o que torna incerto o destino da manobra ilegítima da direita brasileira.

A chegada da diplomata, em Junho de 2013, era motivada por um clima absolutamente negativo para Dilma Rousseff e o projeto em curso no país naquele momento. A presidenta, que até a metade daquele ano detinha grandes margens de aprovação popular, viu sua aceitação despencar após a bem aproveitada mídia, que transformou manifestações legítimas contra o aumento nos transportes de São Paulo em grandes atos antipartidos, agregando o que temos de mais conservador na classe média local. Não sem contribuição de uma grande número de indivíduos ingênuos dentro do próprio campo progressista. A grande mídia conseguiu pautar as manifestações e logo depois o início da operação Lava Jato transformam completamente o cenário político no país.

Teria Liliana cumprido sua missão e agora baterá continência em outro país (sul-americano?) em vias de uma “troca” de poder? (Venezuela?)

A influência dos Estados Unidos no golpe em curso no país tem sido alertada por especialistas no assunto. Liliana trabalhou na Usaid durante 24 anos, agência que é apontada como um dos principais braços da CIA. O presidente boliviano Evo Morales inclusive expulsou agentes da Usaid da Bolívia no ano passado.

Os interesses imperialistas seriam, dentro desse cenário proposto, mudar a regra do Pré-Sal para colocar as mãos na riqueza brasileira e desviar o caminho da atual política externa do país, que trabalhou pela integração do continente sul-americano e na construção dos Brics.

Se não podemos apontar com clareza qual o papel jogado pelos EUA no golpe de 2016, além das evidências apresentadas pelo Wikileaks, não seria também teoria da conspiração supor as garras do governo norte-americano e mais esse golpe em nosso continente.

As próximas jogadas diplomáticas dos norte americanos deixarão mais transparentes essas suposições e a história certamente, como em 64, nos desvendará com o tempo quem realmente está por trás do golpe em curso no Brasil.


Fonte: Blog do Miro
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Em 16.09.2013 o PAPIRO publicou a postagem abaixo sobre a chegada da nova embaixadora dos EUA para o Brasil:



Nova embaixadora dos Estados Unidos chega ao Brasil

16.09.2013

Agência Brasil
Brasília - A nova embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, chegou a Brasília hoje (16) e disse que pretende fortalecer a parceria estratégica entre os dois países nos próximos anos. A diplomata fez um comunicado à imprensa, pouco depois de desembarcar na capital, e restringiu-se a comentários sobre a satisfação de ser a representante norte-americana no país e a importância das relações entre o Brasil e os Estados Unidos.

Liliana Ayalde não falou sobre os temas sensíveis na pauta dos dois governos, que estão em momento de tensão em decorrência de denúncias de espionagem à presidenta Dilma Rousseff, à Petrobras, a outras autoridades e a cidadãos. A embaixadora não deu informações sobre a confirmação da viagem da presidenta aos Estados Unidos neste mês ou sobre como serão conduzidas as relações entre os dois países de agora em diante.

Liliana Ayalde não falou sobre os temas sensíveis na pauta dos dois governos
Liliana Ayalde não falou sobre os temas sensíveis na pauta dos dois governos
"Eu e a minha família estamos ansiosos de poder viajar pelo Brasil, conhecer a diversidade do povo e estabelecer amizades com os brasileiros em todos os lugares que vamos visitar. Este é um tempo importante para as relações [entre o Brasil e os EUA], cheio de oportunidades e de possibilidades. Juntos, estou certa de que podemos expandir e aprofundar os laços que existem entre essas duas importantes e grandes nações", disse.

Liliana Ayalde substitui o diplomata Thomas Shannon, que ficou no posto durante três anos e meio e deixou Brasília no último 6. A substituição estava prevista há três meses. Diplomata de carreira, ela serviu no Paraguai e na Colômbia e demonstra conhecimento sobre a América Latina, a exemplo de seu antecessor.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Cuidado com ela !!!
A embaixadora americana, especialista em América do Sul, talvez tenha sido uma peça importante no golpe de estado que derrubou Lugo no Paraguai.
Assume o posto no Brasil um ano antes das eleições de 2014 e com olhos e mãos gigantescas nas reservas de petróleo do pré-sal.
Disse, logo na chegada, que "está muito ansiosa em conhecer o Brasil e sua diversidade cultural"
Ahhh ! Então tá. 
Sugiro que levem a embaixadora para se deliciar com uma buchada de bode lá na Paraíba.

O golpe ficou nu

Cantanhede diz que o esforço para derrubar Temer nesse momento é contra o Brasil'. 
O esforço dela para derrubar Dilma ontem era a favor? De quem?

Fonte: CARTA MAIOR
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Cantanhêde, leia Merval. Não é “Brasil, ame-o ou deixe-o” de Temer, mas “deixe Temer e não ame o Brasil”

vaiacabar
O comovente apelo feito hoje pela moça da “massa cheirosa”, Eliane Cantanhêde, ao melhor estilo do “Brasil, ame-o ou deixe-o” do período Médici, é tão “sem-noção” quanto sua autora.
” O esforço para derrubar Temer, neste momento, é trabalhar contra o Brasil.”
Ora, Eliane, quem mais se esforça para derrubar Michel Temer, hoje, do que o grupo governista?
Não foram os servidores da ex-CGU, com suas vassouras e baldes, que arrumaram a crise da vexatória demissão de Fabiano Silveira, ontem.
Como não foram a juventude e os artistas que detonaram a crise do Ministério da Cultura, pesadelo inicial dos 19 dias em que a já escassíssima popularidade de Michel Temer sangra sem descanso.
O problema de Michel Temer é o fato de que um governo que chega ao poder pela conspiração é, sempre, propriedade do grupo que se integrou ao complô.
Todos são donos. E, como acontece nas sociedades – sobretudo na societa celeris  – sócios normalmente vivem às intrigas, na “derrubação”, na disputa por espaços de poder e de ganhos.
Por isso, já se viu, Temer é refém de todos eles: Cunha, Renan, “mercado”, Globo, MP, STF…
Não tem, portanto, autonomia de decisão.
Explica-se aí a sua completa imobilidade e as “saias-justas” que enfrenta. Ajudado, claro, por sua compreta dessintonia com o Brasil moderno, que exige interlocução própria e não apenas os conchavos de parlamentares e “coronéis” da política (ou da religião) que se expressa na maioria dos políticos.
Por isso é cada vez mais difícil Temer, como pretendia ou pretende ainda, adiar a explicitação do cumprimento daquilo que o puseram lá para fazer: suprimir programas sociais e liquidar qualquer veleidade de soberania nacional.
Mesmo os integrantes mais capazes da trupe de colunistas da direita, como Merval Pereira, já assumem isso claramente, afirmando que “a tibieza que Temer vem revelando, que não se esvai com um tapa alegórico na mesa”.
Não, diz Merval, é preciso assumir que vai fazer “o que tem de ser feito”.
Ceder a  um “conjunto de exigências internacionais de investidores que buscam ambientes transparentes e seguros para negócios.”
Aí, sim, Eliane, serão as ruas o problema central de Michel Temer.
Por enquanto, este lugar é dele próprio e de sua associação golpista.
O problema é quando as pessoas descobrirem que este vídeo que viralizou na internet está bem perto de ser a pura verdade.
Fonte: TIJOLAÇO
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O golpe derrotará o Sertão nordestino?
160530-Cisterna
Fome, sede, migração e mortalidade infantil foram superadas com mobilização social, Bolsa Família, cisternas e infra-estrutura. Mas retrocessos ameaçam reconduzir ao ponto de miséria
Por Roberto Malvezzi (Gogó)
Vários retrocessos vieram junto com o governo interino desde o primeiro dia. Um ministério do tempo do Brasil Império – só homens de bens e brancos, sem negros, mulheres e indígenas –, o anúncio do corte na saúde, na educação, encolhimento do SUS, desvinculação do salário dos aposentados em relação ao salário mínimo, eliminação do MinC, daí prá frente.
Dentre esses retrocessos os que mais impactam o Semiárido estão o da educação, saúde e a desvinculação do salário mínimo, do qual dependem aproximadamente 100 milhões de brasileiros.
Porém, há retrocessos que o Brasil em geral não vê, a não ser nós que moramos por aqui, na busca de vida melhor para a população nordestina que sempre esteve à margem dos avanços brasileiros.
O paradigma da “convivência com o Semiárido” ganhou carne com o programa “Um Milhão de Cisternas” (P1MC) e o “Programa Uma Terra e Duas Águas” (P1+2), da ASA (Articulação do Semiárido). O primeiro visando a captação da água de chuva para beber e o segundo, para produzir.
Em aproximadamente 15 anos, um milhão de famílias receberam a cisterna para beber e cerca de 160 mil famílias, uma segunda tecnologia para produzir. É lindo, até emocionante, quando em plena seca vemos espaços tomados de verde com hortaliças ao redor de uma cisterna de produção. Essas tecnologias ainda teriam que ser replicadas ao milhões para garantir a água para beber e produzir, ofertada gratuitamente pelo ciclo das chuvas.
Junto com esses programas, veio a expansão da infraestrutura social da energia, adutoras simples, telefonia, internet, melhoria nas habitações rurais, estradas etc.
A valorização do salário mínimo e o Bolsa Família injetaram dinheiro vivo nos pequenos municípios, movimentando o comércio local, o maior beneficiário desses programas.
Houve também contradições profundas, como a opção pela mega obra da Transposição de Águas do São Francisco, ao contrário de adutoras simples, e a implantação das cisternas de plástico por Dilma no seu último governo. Além do mais, ela estava encerrando o programa de cisternas para beber, alegando que já tinha atingido o número de famílias necessitadas.
Detalhe: o ministro para o qual ela liberou as cisternas de plástico orientou o filho a votar pelo impeachment na Câmara dos Deputados e é agora o ministro das Minas e Energia.
Mas esse avanço pressupôs a organização da sociedade civil articulada na ASA e a chegada ao poder de governos estaduais menos coronelísticos e corruptos. Sobretudo, supôs o apoio do governo federal a esses programas da sociedade civil.
Acabou. Se perguntarem ao atual presidente onde fica o Semiárido Brasileiro, é provável que ele diga que fica no Marrocos. Como não tem base na região, vai entrar pelas mãos dos velhos coronéis ou de seus descendentes.
Não é possível destruir a infraestrutura construída. Ela tornou o Semiárido melhor, sem fome, sem sede, sem migrações, sem mortalidade infantil. Mas, há muito ainda a ser construído para não haver mais retorno ao ponto da miséria. Uma das ações é a geração de energia solar de forma descentralizada, a partir das casas. Dilma não quis dar esse passo.
Os velhos problemas poderão voltar? No que depender das políticas públicas federais, sem dúvida nenhuma. Quem está no poder não enxerga o Semiárido.
Tempos estranhos, quando setores da sociedade brasileira preferem retroceder aos tempos da miséria total e parte da população se alegra com esses retrocessos.
Fonte: OUTRAS PALAVRAS
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Mino: é um Golpe sem disfarces

As conversações grampeadas confirmam o complô e apontam seus autores
publicado 31/05/2016
galeria atualizada
Conversa Afiada reproduz artigo de Mino Carta, publicado na CartaCapital:


O golpe sem disfarces

A despeito do esforço midiático para despistar a plateia, as conversações grampeadas confirmam o complô e apontam seus autores

As conversas gravadas por Sérgio Machado, e até o momento divulgadas pela Folha de S.Paulo, imprimem novo ritmo e novo rumo à manobra golpista que afastou Dilma Rousseff e entregou o governo interino a Michel Temer, o arguto professor de Direito Constitucional que rasga a Constituição.

Na semana passada permitia-me prever a provável separação entre o poder togado e o poder parlamentar, unidos pelo e no golpe. A hipótese agora se fortalece, e a confirmação vem da própria mídia nativa. Não folheava os jornalões desde a aprovação do impeachment pela Câmara e a partir de segunda 23 passei a ler suas sessões políticas.

Na terça, elegia-se Romero Jucá a bode expiatório e como questão central apontava-se o “pacto” aventado na conversa entre Machado e o ex-ministro para estancar a sangria desatada da Lava Jato.

A verdade factual sacramenta outra evidência, ao alcance da compreensão até do mundo mineral: ocorrido em março passado, o fatídico diálogo é, em primeiríssimo lugar, a prova irrefutável do golpe em marcha, e apresenta inclusive as forças envolvidas na trama. Ali se estabelece a premissa indispensável ao propósito do “pacto”, derrubar Dilma.

Perguntei aos meus estupefactos botões como haveria de revidar o poder togado à ameaça do poder parlamentar. Mais, de que lado ficariam a casa-grande e a mídia nativa. Antes que respondessem, Temer entra em cena e joga a carta do pacote econômico do ministro Meirelles, o homem de todas as estações, a quem certamente não faltou a colaboração de José Serra.

De quem recordo uma frase retumbante, pronunciada na cozinha da minha casa, durante a campanha eleitoral de 2002, enquanto jantávamos um risotto ai porcini: “Eu sou muito mais de esquerda do que o Lula”.

Pois na tarde de terça os economistas do governo interino, vendilhões do País, firmaram a rendição ao mais cruel neoliberismo, a doença que uma centena de multinacionais, especuladores e rentistas impõe ao mundo para condenar à miséria a larga maioria e enriquecer mais e mais uma ínfima minoria. Comedida, a mídia de quarta celebra em manchetes o corte de gastos prometido pelo pacote e deixa em segundo plano a sua essência nefasta.

Convoco novamente os botões: por quê? Parece óbvio que uma súbita dúvida assola a casa-grande. O caminho do golpe tenderia a bifurcar-se, e a encruzilhada exige meditação profunda ao tornar possível, quem sabe provável, uma escolha. Temer e o Congresso ou Moro e o Supremo? A leitura dos jornalões induz os botões a acentuarem a gravidade do momento e a dificuldade da opção.

Na quarta, a Folha coloca em manchete o anúncio do corte dos gastos do governo e relega um novo diálogo dos idos de março, entre o mesmo Machado e Renan Calheiros, a uma chamada modesta na primeira página e relato na quarta. Soletram os botões: mais uma conversação edificante para confirmar o golpe, o pavor da Lava Jato de quem tem culpa em cartório e o envolvimento do Supremo na grande tramoia urdida contra o Brasil.

A terceira conversa gravada, entre machado e José Sarney, a menos significativa, revela apenas a intenção do ex-presidente de livrar Machado do julgamento de Moro, ao mexer pauzinhos não declinados.

CartaCapital preocupa-se com o destino do País brutalmente desigual e pratica o jornalismo com honestidade e fidelidade canina à verdade factual. Fato é que o governo Lula representa a quadra mais feliz na história do Brasil em termos de paz e bem-estar interno e prestígio internacional.

O ex-metalúrgico soube implementar um começo de política social e promover uma política exterior independente. Contou com uma conjuntura mundial favorável, e este é fato, assim como é fato que o PT no poder se portasse como todos os demais partidos.

Dilma Rousseff não tem o carisma e o extraordinário tino político de Lula e cometeu erros graves de pontos de vista variados. Em boa parte manteve, porém, as políticas sociais do antecessor, ao meio de uma situação econômica cada vez mais adversa. Além disso, trata-se de uma cidadã correta, corajosa e muito bem-intencionada. Talvez um tanto ingênua, murmuram os botões.

Ouço-os, a despeito do tom opaco: seria bom saber como reagiu às razões de João Roberto Marinho, chamado em Palácio para escutar queixas em relação à constante agressividade global, sempre disposta a inventar, omitir e mentir.

Sustentou então o herdeiro do nosso colega Roberto não mandar nos seus empregados jornalistas, livres de propalar o que bem entendem, e, de resto, não ter condições de impedir o efeito manada na direção do golpe. Que fez a presidenta? Caiu das nuvens? Respondeu à altura a tamanha desfaçatez? De todo modo, como se deu que pudesse esperar por outro comportamento?

Cabem mais interrogações: que disse Dilma ao chamar o presidente do STF para discutir as posições do Supremo na perspectiva do golpe e ouvir a reivindicação de aumento de salário? A situação se apinha de dúvidas e incógnitas. Por exemplo. Os efeitos do pacote econômico, bastante agradáveis para a casa-grande, são altamente daninhos para um povo acostumado há tempo a manifestar sua insatisfação por ruas e praças.

Outra incógnita diz respeito ao inter do processo de impeachment, a prever no espaço máximo de 180 dias a sessão definitiva do Senado, presidida pelo ministro Lewandowski, não se sabe se já premiado pelo invocado aumento.

Na entrevista a CartaCapital da edição passada, a presidenta afastada referia-se à possibilidade de conquistar seis votos no Senado, de sorte a invalidar a maioria que a afastou. De fato, basta reverter dois votos em relação ao resultado da primeira sessão. A chance não teria crescido diante dos últimos, surpreendentes eventos?

Há quem volte a falar em eleições gerais antecipadas, quem sabe para outubro de 2017. Solução sensata demais para ser viável. Ideal mesmo, declaram soturnamente os botões, seria refundar o Brasil, tão favorecido pela natureza e infelicitado fatalmente por uma dita elite, prepotente, arrogante, hipócrita, corrupta, egoísta e incompetente. Ah, sim, ignorante. E movida a ódio de classe.

Abandono-me ao devaneio ao imaginar a convocação de uma Constituinte finalmente exclusiva. E me vem à memória a lição de Raymundo Faoro, contida em um dos seus livros mais recentes, A Assembleia Constituinte – A legitimidade recuperada.

Comenta Faoro a crença de que “só revoluções vitoriosas podem convocar Constituintes”. E emenda: “Na verdade, sempre que há crises ou colapso de uma ordem constitucional, ela só se recompõe pela deliberação constituinte, a deliberação constituinte do povo, se democrático o sistema a instituir”.
Em tempo: o navegante que enviou a ilustração original da Galeria "Quem será o próximo?" lamentou as ausências do Padim Pade Cerra e do Aloysio 300 mil, agora, apropriadamente, nomeado "líder" do "Governo" Temer no Senado (e inscrito na delação da Odebrecht, segundo a Monica Bergamo). Imediatamente, o Departamento de Arte do Conversa Afiada - numeroso e criativo - refez a Galeria. Por uma questão de justiça, os notáveis tucanos não poderiam ficar de fora. - PHA
Fonte: CONVERSA AFIADA

Um mundo rumo ao abismo

Zizek e a tragédia dos combates moderados

POR NUNO RAMOS DE ALMEIDA– ON 28/05/2016

Em seu novo livro, filósofo esloveno investe contra um multiculturalismo piedoso porém impotente. Diante da catástrofe, diz, ou desafiamos radicalmente a ordem social, ou não haverá futuro.

Fonte: OUTRAS  PALAVRAS
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Número global de refugiados ultrapassou 50 milhões, pela primeira vez desde II Guerra Mundial.

Foto de bebê morto nos braços de socorrista ressalta drama vivido no Mediterrâneo
Corpo da criança foi retirado do mar na sexta-feira após o naufrágio de um barco de madeira. Apenas na última semana, pelo menos 700 imigrantes podem ter morrido no mar


Fonte: CARTA MAIOR
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Tempo de intolerância

maio 31, 2016

O planeta está andando na contramão. Os estudantes ocupam as escolas e a polícia os expulsam. Mais da metade da população é de mulheres e nenhuma representação feminina no governo interino. O Brasil precisa de educação e cultura para seu desenvolvimento civilizatório e o governo provisório, sob a tutela do judiciário, extingue o ministério da Cultura. A fogueira está novamente armada para queimar livros e pessoas. O recado da grande mídia e do poder financeiro, articuladores dessa nova ordem social, é de que a violência recrudescerá.

Por outro lado o povo, já experiente com governos de exceção, não está disposto a enfrentar outro regime de força, e resistirá. A caça as bruxas já começou e aqueles que pensam diferente que se acautelem. Já há servidores públicos sendo processados por haverem se manifestado a favor da manutenção da democracia e do respeito à Constituição. O discurso é que precisam punir para exemplar que quando anunciaram que “Cala a boca já morreu” era pra ter entendido o recado, que quem mandaria no país não admitiria divergências nem diversidades. Só não entendeu quem não quis.

A cultura para essa gente é um risco porque o povo pode entender que o seu não é o de bobo da corte, mas protagonista das mudanças. E isso é muito subversivo. Assim como o juiz que não reza conforme a cartilha pode ter sua Toga maculada através de processos constrangedores e “punições exemplares” o recado será dado para os demais. Aqui nesse rebanho só ovelhas amestradas! Aqueles que posam de Toga, que é o símbolo da autoridade do juiz, que somente pode trajar em atos oficiais, não estão fazendo uso político desse símbolo, porque todos fazem parte do rebanho.

Outras manifestações fora do “Índex” são consideradas politico partidárias e o Inquisidor instaura o “Auto de Fé” e, pronto o indiciado já está apto para vestir o “Sambenito”, ficando conhecido por suas opiniões e decisões independentes como um herege. Contudo, o sistema segue na mesma direção e assim como tantos outros foram vencidos, e o céu voltou a brilhar, “Amanhã será um novo dia” e a arte e a Justiça triunfarão.


Siro Darlan
Desembargador do TJ e membro da Associação de Juízes para a Democracia.

Fonte: MANCHETE ONLINE
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Escravidão moderna atinge 45,8 milhões de pessoas no mundo

Cerca de 45,8 milhões de pessoas em todo o mundo estão sujeitas a alguma forma de escravidão moderna. A estimativa é do relatório Índice de Escravidão Global 2016, da Fundação Walk Free, divulgado segunda-feira (30).

Segundo o documento, 58% dessas pessoas vivem em apenas cinco países: Índia, China, Paquistão, Bangladesh e Uzbequistão. Já os países com a maior proporção de população em condições de escravidão são a Coreia do Norte, o Uzbequistão, o Camboja e a Índia.

A escravidão moderna ocorre quando uma pessoa controla a outra, de tal forma que retire dela sua liberdade individual, com a intenção de explorá-la. Entre as formas de escravidão estão o tráfico de pessoas, o trabalho infantil, a exploração sexual, o recrutamento de pessoas para conflitos armados e o trabalho forçado em condições degradantes, com extensas jornadas, sob coerção, violência, ameaça ou dívida fraudulenta.

Embora seja difícil verificar as informações sobre a Coreia do Norte, as evidências são de que os cidadãos são submetidos a sanções de trabalho forçado pelo próprio Estado. No Uzbequistão, apesar de algumas medidas de combate à escravidão na indústria do algodão, o governo ainda força o trabalho na colheita do algodão.

No Camboja, há prevalência de exploração sexual e mendicância forçada e os dados do relatório destacam a existência de escravidão moderna na indústria, agricultura, construção e no trabalho doméstico. Já na Índia, onde 18,3 milhões de pessoas estão em condição de escravidão, apesar dos esforços do governo em lidar com a vulnerabilidade social, as pesquisas apontam que o trabalho doméstico, na construção, agricultura, pesca, trabalhos manuais e indústria do sexo ainda são preocupantes.

No último relatório, de 2014, cerca de 35,8 milhões de pessoas viviam nessa situação.

Escravidão moderna

Segundo a Walk Free, a escravidão moderna é um crime oculto que afeta todos os países e tem impacto na vida das pessoas que consomem produtos feitos a partir do trabalho escravo. Por isso, é preciso o envolvimento dos governos, da sociedade civil, do setor privado e da comunidade para proteção da população vulnerável.

Segundo a fundação, quase todos os países se comprometeram a erradicar a escravidão moderna por meio de suas legislações e políticas. Os governos que mais respondem no combate ao trabalho forçado são aqueles com Produto Interno Bruto (PIB) mais elevado como a Holanda, os Estados Unidos, o Reino Unido, a Suécia e a Austrália. As Filipinas, a Geórgia, o Brasil, a Jamaica e a Albânia estão fazendo grandes esforços, apesar de ter relativamente menos recursos do que países mais ricos, segundo a Walk Free.

No prefácio do relatório ao qual a reportagem da Agência Brasil teve acesso, o fundador e presidente da Walk Free, Andrew Forresto, diz que o Brasil foi um dos países pioneiros na divulgação de uma lista de empresas nacionais multadas na Justiça pela utilização de trabalho forçado. Uma liminar impedia a publicação da chamada Lista Suja do Trabalho Escravo desde dezembro de 2014. Na semana passada, entretanto, o Supremo liberou a divulgação dos nomes das empresas autuadas.

Os governos que menos fazem para conter a escravidão moderna, segundo o relatório, são a Coreia do Norte, o Irã, a Eritreia, a Guiné Equatorial e Hong Kong.

Na avaliação da entidade, levando-se em conta o Produto Interno Bruto (PIB) e a riqueza relativa do país, Hong Kong, Catar, Singapura, Arábia Saudita e Bahrein poderiam fazer mais para resolver problemas de escravidão moderna dentro de suas fronteiras.

Segundo a Walk Free, muitos países, incluindo as nações mais ricas, continuam resgatando vítimas, enquanto muitos não conseguem garantir proteções significativas para os trabalhadores mais vulneráveis.

A pobreza e a falta de oportunidades são fatores determinantes para o aumento da vulnerabilidade à escravidão moderna. Os estudos também apontam para desigualdades sociais e estruturais mais profundas para que a exploração persista - a xenofobia, o patriarcado, as classes e castas, e as normas de gênero discriminatórias.

Escravidão no Brasil e nas Américas

Segundo a Walk Free, o Brasil tem 161,1 mil pessoas submetidas à escravidão moderna – em 2014, eram 155,3 mil. Apesar do aumento, a fundação considera uma prevalência baixa de trabalho escravo no Brasil, com uma incidência em 0,078% da população.

O relatório aponta que a exploração no Brasil geralmente é mais concentrada nas áreas rurais, especialmente em regiões de cerrado e na Amazônia. Em 2015, 936 trabalhadores foram resgatados da condição de escravidão no país, em sua maioria homens entre 15 e 39 anos, com baixo nível de escolaridade e que migraram dentro do país buscando melhores condições de vida.

Nas Américas, pouco mais de 2 milhões de pessoas são vítimas de trabalho escravo, mais identificados na Guatemala, no México, no Chile, na República Dominicana e na Bolívia. Os resultados da Walk Free sugerem que os setores de trabalho manuais, como a construção, os trabalhos em fábricas e domésticos são os que concentram mais escravos modernos nas Américas.

O país com maior número de pessoas submetidas à escravidão é o México, com 376,8 mil. Os governos com melhores respostas no combate a esse crime são os Estados Unidos, a Argentina, o Canadá e o Brasil.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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EUA: as eleições preparam a guerra

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Hillary deixa por onde passa uma trilha de golpes sangrentos: Honduras, Líbia, Ucrânia. Sua campanha é financiada por nove dos dez maiores fabricantes de armamentos do mundo
Depois de renovar o arsenal atômico, Obama provoca Moscou e Pequim. Hillary ataca Trump, o repulsivo. Mas é ela, supostamente sofisticada, que representa a hiper-militarização
Por John Pilger, no Conterpunch | Tradução Vila Vudu
Há poucos anos, assisti a uma exposição popular intitulada “O Preço da Liberdade”, na venerável Smithsonian Institution em Washington. As filas de pessoas comuns, a maioria crianças que entravam como se ali fosse uma caverna de Papai Noel do revisionismo, recebiam sortimento variado de mentiras: a bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki salvou “um milhão de vidas”; o Iraque foi “libertado [por] ataques aéreos de precisão inigualada no mundo”. O tema era indiscutivelmente heroico: só os norte-americanos pagam ou algum dia pagaram o preço da liberdade”.
A campanha presidencial de 2016 é notável, não só por causa da ascensão de Donald Trump e Bernie Sanders, mas também pela resiliência do impenetrável, duradouro silêncio sobre uma divindade assassina, autorreverenciada. Um terço dos membros da ONU já sentiram o peso do tacão norte-americano, derrubando governos, subvertendo a democracia, impondo bloqueios e sanções. A maioria dos presidentes responsável por tudo isso eram do Partido Democrata – Truman, Kennedy, Johnson, Carter, Clinton, Obama. (…)
Vejam Obama. Agora que se prepara para deixar a presidência, os elogios incansáveis já recomeçaram. Obama é “cool“. Um dos presidentes mais violentos e mortíferos, Obama deu rédea solta ao aparelho de produzir guerras do Pentágono do presidente (desacreditado) que o antecedeu. Processou mais vazadores de informações secretas (whistleblowers) – gente que arrisca a vida para dizer a verdade aos semelhantes – que qualquer outro presidente. Declarou Chelsea Manning culpada, antes de haver sequer julgamento. Hoje, Obama comanda campanha mundial de terrorismo e de assassinatos por drones, de dimensões absolutamente jamais vistas.
Em 2009, Obama prometeu ajudar a “livrar o mundo das armas atômicas” e deram-lhe o Prêmio Nobel. Nenhum presidente algum dia construiu mais ogivas nucleares que Obama. Está “modernizando” o arsenal apocalíptico cos EUA, inclusive com novas ‘mini’ bombas atômicas, cujas dimensões e tecnologia ‘inteligente’ (sic), diz um dos altos generais dos EUA, asseguram que o uso das tais bombas “deixou de ser impensável”.
James Bradley, autor do best-seller Flags of Our Fathers e filho de um dos marines que fincaram a bandeira dos EUA em Iwo Jima, disse, “[Um] Grande mito que estamos vendo em cena hoje é que Obama seria alguma espécie de sujeito ‘pacífico’, tentando livrar-se de bombas nucleares. É o maior matador nuclear de que se tem notícia. Meteu os norte-americanos numa trilha de ruína, de gastos de 1 trilhão de dólares em mais armas atômicas. Sabe-se lá por quê, as pessoas vivem nessa fantasia de que, porque Obama faz palestras vagas e ainda mais vagos discursos e faz pose para fotógrafos amigos, alguma dessas coisas teria a ver com a política real. Não. Nada têm a ver uma coisa e outra.”
No governo de Obama, está-se construindo uma segunda guerra fria. O presidente russo é o ‘malvadão’ de filme; os chineses ainda não voltaram a ser a velha caricatura sinistra com rabo de porco que lhes correspondeu no passado – quando os chineses foram banidos dos EUA –, mas os jornalistas pró-guerra já trabalham nisso.
Nem Hillary Clinton nem Bernie Sanders sequer tocaram nesses temas durante a campanha, nem remotamente. Não há perigo. Nenhum perigo ameaça sejam os EUA, seja toda a humanidade. Para os candidatos, não aconteceu o maior acúmulos de forças militares junto às fronteiras da Rússia desde a Guerra Mundial. Não aconteceu. Dia 11 de maio, a Romênia entrou em cena ‘ao vivo’, com uma base “de mísseis de defesa” da OTAN, que existe para que os EUA tenham a prioridade de um primeiro ataque diretamente contra o coração da Rússia, a segunda maior potência nuclear do mundo.
Na Ásia, o Pentágono está enviando navios, aviões e forças especiais para as Filipinas, para ameaçar a China. Os EUA já cercam a China com centenas de bases militares que desenham um arco, da Austrália até a Ásia, atravessando o Afeganistão. Para Obama, trata-se de “pivô para a Ásia”.
Consequência direta disso tudo, a China já mudou oficialmente sua política nuclear, de “nenhum primeiro ataque”, para alerta máximo, e já pôs no mar submarinos armados com armas atômicas. A escalada da guerra avança, cada vez mais rápida.
Foi Hillary Clinton quem, como secretária de Estado em 2010, elevou o tom das reivindicações sobre penhascos e barreiras de corais no Mar do Sul da China, qualificando-os como “territórios contestados” e fez disso uma questão internacional; na sequência, foi a histeria de CNN e BBC, para as quais a China estaria construindo pistas de pouso nas ilhas em disputa. Nesse jogo dela em 2015, para guerra de proporções de mamute, a Operação Talisman Sabre, os EUA treinaram ataques contra o estreito de Malacca, por onde transitam quase todo o comércio e o petróleo chineses. Nada disso foi manchete.
Hillary declarou que os EUA teriam “interesse nacional” naquelas águas asiáticas. Filipinas e Vietnã foram encorajados e subornados para que mantivessem as “demandas” e as disputas contra a China. Nos EUA, as pessoas já estão sendo adestradas para ver qualquer posição defensiva dos chineses como agressão. Vale dizer que o cenário está pronto para escalada rápida rumo à guerra. E escalada similar de provocação e propaganda está em ação também contra a Rússia.
Hillary, a “candidata mulher”, deixa por onde passa uma trilha de golpes sangrentos e morticínio: em Honduras, na Líbia (plus o assassinato do presidente da Líbia) e na Ucrânia.
A Ucrânia agora é uma espécie de parque temático da CIA, pululando de nazistas, linha de frente de guerra que está sendo construída contra a Rússia. Foi através da Ucrânia – literalmente, através daquela área de fronteira – que os nazistas de Hitler invadiram a União Soviética, que perdeu, naquela guerra, 27 milhões de pessoas. Essa catástrofe épica é presença eterna na Rússia. A campanha de Hillary à presidência recebeu dinheiro de nove das dez maiores empresas fabricantes de armas do mundo. Nenhum outro candidato sequer se aproxima desses ‘números’.
Sanders, esperança de tantos jovens norte-americanos, não é muito diferente de Clinton nesse ideário pelo qual os EUA seriam proprietários do mundo além fronteiras. Sanders apoiou o bombardeio ilegal contra a Sérvia, no governo de Bill Clinton. Apoia o terrorismo de Obama operado por drones, a incansável provocação contra a Rússia e o retorno das forças especiais (esquadrões da morte) ao Iraque. Não disse coisa alguma sobre o crescendo das ameaças à China e o risco crescente de guerra nuclear. Concorda com que Edward Snowden deve ser processado e chama Hugo Chavez – o qual, como o próprio Sanders, foi social-democrata –, de “falecido ditador comunista”. E já prometeu apoiar Clinton, se for a escolhida.
A eleição entre ou Trump ou Hillary é a velha conversa fiada de escolher alguma coisa, quando de fato não há escolha: as duas faces da moeda são a mesma face. Fazendo das minorias bode expiatório e prometendo “fazer a América novamente grande”, Trump é populista doméstico de extrema direita. Mas em todos os casos Clinton pode ser mais letal para o mundo, que Trump.
“Só Donald Trump disse coisa com coisa contra a política externa dos EUA” – escreveu Stephen Cohen, professor emérito de História Russa em Princeton e na NYU, e um dos poucos especialistas em Rússia nos EUA que falou claramente sobre o risco de guerra.
Num programa de rádio, Cohen referiu-se a questões críticas que Trump, e só ele, havia levantado. Dentre elas: por que os EUA “estão ao mesmo tempo em todos os cantos do mundo?” Qual a verdadeira missão da OTAN? Por que os EUA sempre querem mudar, à força, o regime no Iraque, Síria, Líbia, Ucrânia? Por que Washington trata Rússia e Vladimir Putin como seus inimigos figadais?
A histeria da imprensa “liberal” contra Trump só faz alimentar a fantasia de “debate livre e aberto” e de “democracia em ação”. O que ele diz sobre imigrantes e muçulmanos é grotesco, mas nem isso faz dele o deportador-em-chefe das pessoas vulneráveis para fora dos EUA: o deportador-em-chefe é Obama, não Trump. O “legado” de Obama é ter traído os negros: gerou população carcerária na qual predominam os negros, já mais numerosa que a dos gulags de Stálin.
A campanha eleitoral em curso pode não tratar de populismo, mas do que o mundo conhece como “‘esquerdismo’ à moda dos EUA” [orig.American liberalism], uma ideologia que se vê ela mesma como moderna e por isso superior e a única via “de verdade”. Os que habitam a ala direita desse “esquerdismo” à moda dos EUA assemelham-se a imperialistas cristãos do século 19, que teriam a missão, dada por Deus, de converter, cooptar ou conquistar.
Na Grã-Bretanha, é o Blairismo. Tony Blair, cristão criminoso de guerra, safou-se no processo da preparação secreta para invadir o Iraque, principalmente graças à classe política dos esquerdistas à moda dos EUA [orig. liberal political class] e porque a mídia caiu pelo tal “charme britânico” [orig. “cool Britannia“] do homem. No Guardian, o aplauso foi ensurdecedor; foi chamado de “o místico Blair”. Uma brincadeirinha conhecida como política de identidade, importada dos EUA, aproveitada para promovê-lo.
A História foi declarada acabada, as classes foram abolidas e o gênero foi promovido a feminismo; muitas mulheres foram eleitas ao Parlamento pelo Novo Trabalhismo. No primeiro dia, votaram a favor de o Parlamento cortar os benefícios para famílias de pai ou mãe solteiros (a maioria, de mães solteiras e provedoras únicas), exatamente como haviam sido instruídas a fazer. A maioria da bancada ‘feminista’ votou a favor de uma invasão que produziu 700 mil viúvas iraquianas.
Equivalente a isso nos EUA são os belicistas promovidos a politicamente corretos no New York Times, Washington Post e redes de TV que dominam o debate político. Assisti a um debate feroz na CNN sobre as infidelidades conjugais de Trump. Evidentemente, diziam lá, homem desse tipo não poderia tomar conta da Casa Branca. Nada se discutiu, nada. Nem uma palavra sobre os 80% da população dos EUA, cujos níveis de renda desabaram para níveis de 1970s. Nem uma palavra sobre o alistamento militar. A palavra que desce dos céus sobre a humanidade parece ser “tape o nariz” e vote Clinton: qualquer coisa é melhor que Trump.
Só assim será possível deter o monstro e preservar um sistema que se prepara para mais uma guerra.

John Pilger

John Pilger teve sua carreira como repórter iniciada em 1958, e ao longo dos anos tornou-se famoso pelos livros e documentários que escreveu ou produziu. Especializou-se nas áreas de jornalismo investigativo e direitos humanos.
Fonte: OUTRAS PALAVRAS
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