quarta-feira, 16 de março de 2016

Em Defesa da Democracia

Ignacio Delgado: Mídia é o maior problema no funcionamento da democracia no Brasil

publicado em 16 de março de 2016 às 14:12
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A VINGANÇA IMPOTENTE DA HISTÓRIA
por Ignacio Godinho Delgado, especial para o Viomundo
Quando os historiadores escreverem sobre os dias de hoje, os meios de comunicação de massa e seus produtos serão apenas objeto e fontes da pesquisa, não os donos da narrativa que se naturaliza na percepção da grande maioria, apesar da resistência da blogosfera, de entidades várias da sociedade civil e dos movimentos sociais.
Tem sido assim no Brasil há décadas. A imprensa brasileira foi decisiva na orquestração da crise que levou ao suicídio de Vargas, em 1954, e à deposição de Goulart, em 1964. Todavia, nos estudos de História, os elementos de sua narrativa se esfumaçam diante da pesquisa rigorosa dos acontecimentos, que coteja fontes de variada procedência e as submete às críticas próprias do ofício, além de considerar dimensões contextuais multifacetadas, no plano estrutural e conjuntural, e a sequência e desdobramentos dos eventos analisados.
Até aqui, a mídia brasileira não tem passado nos testes das análises históricas. Por isso, não tem ficado bem na fita. Ela mesmo sabe que sua associação ao golpismo transbordou dos estudos acadêmicos para alcançar cada vez mais a consciência das pessoas, embora seu poder ainda seja considerável.
Por isso, mesmo com a regulação democrática da mídia ausente da agenda política do país, é possível imaginar que, de forma incremental, em meio à afirmação crescente das novas mídias, os meios de comunicação convencionais tendam a perder influência.
Mas, de todo modo, tal influência é ainda significativa. Com 20% de audiência, o Jornal Nacional tem um alcance muito maior que as emissões cacofônicas das redes sociais. Assim, quando a história dos dias que correm for contada, seu papel – e de seus parceiros na mídia convencional – na ampliação da crise política atual, e numa eventual derrubada de um governo legitimamente eleito, será devidamente considerado.
História à parte, a mídia brasileira é o maior problema no funcionamento da democracia no país. Tal como opera, num regime de oligopólio familiar e de emissão unilateral e regionalmente concentrada das informações, ela dificulta a constituição de uma esfera pública democrática. Mina, ainda, a afirmação de redes horizontais, que sustentem relações densas e organizadas entre os cidadãos, de modo a garantir o capital social necessário à eficácia das instituições democráticas.
Basta ver as manifestações de domingo. De fato, elas foram convocadas por grupos que operam fundamentalmente nas redes sociais, sem ancoragem na organização das pessoas em favor de interesses ou movimentos de opinião.
Foram, por sua vez, engendradas a partir de um calendário de eventos cuidadosamente construído por segmentos partidarizados e fora de qualquer controle, no Judiciário e na Polícia Federal, além da própria mídia (prisão de João Santana, sequestro de Lula por Moro, divulgação de trechos selecionados da delação de Delcídio).
Por fim, contaram com a narrativa opressiva (o “fogo de saturação”, de que fala Fernando Brito, no Tijolaço) dos meios de comunicação convencionais, com destaque absoluto para as edições do Jornal Nacional das duas semanas que antecederam as manifestações.
Quem foi às ruas? Não a “sociedade civil”, pois não se viu por lá qualquer entidade representativa de nada, à exceção da FIESP de Skaf. Esteve nas ruas uma massa atomizada, cheia de ódio, mirando vagamente o combate à corrupção, confiando em ações salvacionistas da Polícia Federal, e em Moro, o herói providencial, acima das instituições.
Qual é mesmo o nome disso?

Ignacio Godinho Delgado é Professor Titular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), nas áreas de História e Ciência Política, e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia-Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT-PPED). Doutorou-se em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1999, e foi Visiting Senior Fellow na London School of Economics and Political Science (LSE), entre 2011 e 2012.
Fonte: VIOMUNDO
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Lula precisa da rua para repactuar o Brasil com a democracia, o desenvolvimento e a justiça social (dia18/Masp/16 hs)

Fonte: CARTA MAIOR
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Levante da Juventude: Lava Jato, a nova novela golpista da Globo

publicado em 16 de março de 2016 às 10:44
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Operação Lava-Jato: a nova novela golpista da Rede Globo
No próximo dia 17 de março a Operação Lava-Jato completa 2 anos. O enredo dessa trama começa a ser construído em 2014, apresentada pela mídia como a saída para a corrupção do país, despertando nos brasileiros a expectativa de mudança nas repulsivas práticas políticas que aqui se estabeleceram.
No seu segundo aniversário, a Lava-jato demonstra cada vez mais que seu principal objetivo é legitimar um golpe através da inviabilização do atual governo, e da criminalização do PT.
Tal operação e sua espetacularização, que mais se assemelha a uma novela da Rede Globo, é na verdade uma operação de exceção.
Ou seja, ela foge à regra de todos os procedimentos jurídicos estabelecidos. Vazamentos seletivos sistemáticos, intensamente explorados pela mídia, a inversão da presunção de inocência, prisões preventivas por tempo indeterminado são apenas algumas das inúmeras manobras utilizadas nessa investigação.
É como se o Estado Democrático de Direito pudesse ser flexibilizado em determinados casos, servindo a determinadas conveniências. O resultado disso é uma atuação politicamente motivada da Justiça. Uma operação que tornou-se um instrumento de perseguição política.
Essa acusação sobre a Lava-jato não é proferida somente nos círculos progressistas. O insuspeito Ministro do STF, Marco Aurélio Mello afirmou referindo-se a operação que “a pior ditadura é a Ditadura do Judiciário”. A ditadura do judiciário é a pior, porque ela não se apresenta como ditadura, mas como legalidade, portanto, inquestionável.
O grande protagonista da operação, o juiz Sérgio Moro, idolatrado pela elite paulistana no ato do último dia 13 de março, inspira-se no mesmo método da Operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália na década de 1990. O vazamento seletivo de informações combinado com prisões e apreensões são fatores que contribuem para aumentar o ibope do espetáculo e criar uma narrativa de heróis e vilões. Qualquer semelhança com os roteiros globais, não é mera coincidência.
Ao afirmarmos a motivação política da Lava-jato, não se quer acobertar casos de corrupção, ou impedir investigações. É necessário que se apure, contudo, isso deve ocorrer dentro dos marcos da legalidade. Ao mesmo tempo o combate à corrupção deve recair sobre todas as forças partidárias, e não somente àquelas que são convenientes aos interesses da elite.
A parcialidade e a seletividade das investigações têm camuflado as denúncias envolvendo lideranças do PSDB, como o senador Aécio Neves, que foi citado cinco vezes em delações premiadas, mas teve seu inquérito arquivado. Sem contar o mensalão mineiro e os escandalosos casos de corrupção do metrô de São Paulo com Alstom e Siemens, entre outros.
O combate à corrupção, bandeira histórica da esquerda brasileira, deve continuar e ser intensificado. Há 3 anos atrás, motivados pelas mobilizações de Junho de 2013, lançamos uma campanha que denunciava a deterioração do sistema político e a necessidade de construir uma profunda Reforma Política através de uma Constituinte Exclusiva e Soberana no Sistema Político. Tivemos uma grande vitória com a proibição do financiamento empresarial de campanhas, em nosso ver, a espinha dorsal da corrupção no Brasil. Mas isso ainda é insuficiente. Precisamos de reformas profundas, como a do próprio Judiciário, para evitar a corrupção sistêmica.
Neste cenário extremamente complexo é preciso manter-se ideologicamente firme. Vamos retomar as ruas, demonstrando que somos contra a corrupção, mas não aceitaremos o golpe. É na luta que vamos forjar o novo ciclo que se abrirá. Que o povo brasileiro se levante e aproveite essa oportunidade histórica para transformar a forma como se faz política no Brasil. No dia 18 de março vamos mostrar a essa elite egoísta que ela não vai manejar a democracia conforme a sua vontade, e se o fizer, haverá resistência.
Fonte: VIOMUNDO
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A participação da juventude e dos estudantes nas ruas contra a tentativa de golpe jurídico-midiático em curso, revela o desgaste das ideias conservadoras e anti-democráticas defendidas pelas elites e parcela da classe média do país. Os jovens, de alguma forma, representam o novo e ,principalmente, a esperança.

A defesa da Democracia e do Estado de Direito, deve ser o ponto central das manifestações marcadas para os próximos dias.

Importante ressaltar que ao se defender a Democracia e o Estado de Direito, não se estará defendendo a maneira como o grupo político que está no poder vem conduzindo o governo.

Os manifestantes estarão defendendo a legalidade democrática, no entanto, de forma indireta estarão preservando o governo.

A velha mídia vem noticiando os protestos como sendo de grupos contra ou favor do governo Dilma, o que não é verdadeiro.

A multidão que esteve nas ruas do país no último domingo, em sua esmagadora maioria, não vota na esquerda e, naturalmente, critica o governo Dilma, chegando mesmo ao ponto de sem saber porque pedir o impeachment da presidenta.

Nos protestos do dia 18, certamente, a maioria dos manifestantes deve votar em partidos de esquerda, muitos devem votar no PT e irão defender Dilma, no entanto o foco central dos manifestantes , como disse anteriormente, é a defesa da Democracia e do Estado de Direito.

Assim sendo, o protesto do dia 18, sexta-feira, não será uma manifestação a favor do governo, como vem noticiando erroneamente e propositalmente a velha mídia.

Isto posto, o espaço para participação no protesto está aberto à todas pessoas, independente de orientação política e que queiram se manifestar em defesa da Democracia e contra a tentativa em curso de um golpe de estado jurídico-midiático.

Visto assim do alto, a razão prevalece


Do alto do morro, outra visão dos protestos


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Foto: R. Malkes / DW
Moradores de comunidade em Copacabana não escondem ponta de decepção com governo e medo da atual crise. Mas ainda são poucos os que veem motivo para descer e se juntar às manifestações contra Dilma
Apenas 500 metros separam a rua Saint Roman, principal acesso à comunidade do Pavão-Pavãozinho, da praia de Copacabana. Mas, mesmo diante de um futuro de incertezas, foi lá do alto do morro, de onde se tem uma vista privilegiada do mar, que a maioria dos moradores acompanhou a manifestação pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff no último domingo (13/03).
A crise política divide a comunidade de cerca de 20 mil pessoas na zona sul do Rio de Janeiro. Nos bares, frequentadores fazem questão de acompanhar pela TV as últimas notícias. E ainda que o assunto seja recorrente nas rodas de conversa em escadarias e vielas, poucos viram motivo para descer e se juntar aos manifestantes. Entre as razões, a crença de que a corrupção é maior do que o Partido dos Trabalhadores (PT) e os governos de Dilma, e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
A comunidade foi pacificada em 2009, mas ainda sofre com as obras incompletas prometidas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2008. O destino dos 43 milhões de reais previstos em obras, os moradores desconhecem. Por ali, ainda faltam investimentos em mobilidade e serviços básicos, como saneamento e rede de energia elétrica.
morro2Mas, apesar de uma ponta de ressentimento com o governo federal, gente como a operadora de caixa Maria de Lurdes Silva, de 44 anos, acredita que os problemas do Pavão-Pavãozinho e do Brasil são fruto de uma corrupção que assola o país bem antes da chegada do PT ao poder, em 2002. No domingo, ela preferiu ficar em casa. E garante que a maioria dos vizinhos também. Para ela, as manifestações são "uma burrice sem tamanho".
"Vão tirar a Dilma e colocar quem no lugar? Ela está sendo usada como bode expiatório. Todo mundo rouba no Brasil, e até acho que o Lula tenha roubado também. Quem não? Mas o governo dele melhorou a vida dos pobres. Quando o Fernando Henrique governou, roubou também. O problema foi causado porque o Lula não conseguiu colocar rédeas na roubalheira", argumenta Maria de Lurdes.
"Todos têm as mãos sujas"
Os laços do Pavão-Pavãozinho com a política são antigos. Na década de 1960, enquanto havia uma política de remoção em outras favelas da zona sul, empreendida pelo então governador Carlos Lacerda, a comunidade ganhou suas primeiras obras de urbanização, com melhorias nas escadarias e no abastecimento de água. Em 1984, no primeiro mandato de Leonel Brizola no governo do estado do Rio de Janeiro (1983-1987), foram realizadas algumas obras de urbanização, como a implantação de um plano inclinado no Pavão-Pavãozinho.
Moradores como o motorista Carlos Alberto da Silva, de 52 anos, lembram bem disso. Desempregado, ele faz bicos vendendo chinelos para sobreviver, se diz descontente com a corrupção, mas acredita que destituir a presidente não é solução para a crise.
"Eu preferi ir à igreja no domingo. Aqui todo mundo sempre votou no Brizola, ele vinha aqui e passava o dia, sentava, conversava com todos no bar. Depois, votamos no PT. Eu votei na Dilma e estou muito decepcionado, mas ela foi eleita e tem de terminar o trabalho. A vida mudou nos últimos anos para melhor, apesar de eu estar desempregado há seis meses. Se a Dilma e o Lula roubaram, terão de pagar pelos erros", avalia.
morro3Em 2012, um estudo socioeconômico de 16 comunidades pacificadas do Rio feito pela Firjan indicava que o Pavão-Pavãozinho tinha a maior renda per capita (755 reais) e a segunda menor taxa de desemprego (5%). Mas, apesar de ter quatro escolas municipais e uma creche, registrava, ainda, a terceira pior escolaridade média entre pessoas com 25 anos ou mais –apenas 5,9 anos de estudo.
"Se você tem a tal da elite branca que faz o protesto, você ainda permite o governo sustentar essa narrativa de que o protesto é choro de perdedor. Isso está ficando cada vez menos sustentável. Você já tem, inclusive em classes com menos dinheiro e educação, algum nível de consenso pela responsabilidade da presidente e do partido dela pela crise", opina o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Mackenzie.
E quem tem medo de que a crise piore ainda mais, achou melhor ficar longe dos protestos, como Cátia Maria Marcelino, de 33 anos. Dona de uma loja de roupas e acessórios num beco da comunidade, ela se diz preocupada com a queda no movimento e teme um retrocesso econômico ainda maior. Segundo ela, derrubar a presidente sem alternativas concretas é "absurdo e perigoso".
"O problema é que todos os partidos têm as mãos sujas. O que precisam fazer é continuar investigando e punir quem rouba. Se tirar a Dilma, entra o vice dela, que é corrupto. Se não for ele, tem o [presidente da Câmara] Eduardo Cunha, que é corrupto. Sobra quem? O PSDB e o PMDB, que também estão cheios de suspeitas? Esses dois aí só pensam em ajudar os ricos. Tenho a sensação de que estamos andando para trás", lamenta Cátia.
"Todos os ricos foram"
Opinião semelhante tem o porteiro Manuel, de 40 anos. Morador do alto do morro, ele trabalha num edifício à beira-mar. Ele estava trabalhando no domingo, mas garante que, mesmo se tivesse tempo, não iria para as ruas porque "só havia ricos protestando".
"Eu via no prédio onde trabalho. Todos os ricos foram. E rico não gosta do PT e de pobre. Rico só gosta do trabalho dos pobres. Não podemos confiar em quem defende os ricos. Votei no Lula, na Dilma e, se ele se candidatar em 2018, voto nele de novo. Pelo menos, eles pensam na gente. Dilma foi eleita e tem que ficar. Só não sei se ela vai ter força, esse negócio está muito embaraçado", opina Manoel, pedindo para não ter o sobrenome revelado.
morro4Segundo o cientista político Valeriano Costa, pesquisador da Unicamp, o não comparecimento das classes sociais mais baixas aos protestos se explica. Além da desconfiança quanto ao que está sendo discutido, o discurso dos organizadores não é dirigido aos interesses e preocupações dessa camada da população.
"Por exatamente serem pessoas que têm questões básicas de sobrevivência, elas têm, primeiro, um medo muito grande de perder o que ganharam. Não é sobre questões sociais e políticas públicas que está se falando nas manifestações, mas sobre um tema que toca diretamente uma classe média que, na verdade, se considera a grande vítima do Estado, do imposto de renda alto, das políticas sociais pesadas", observa.
Para Jacinto Pedro da Costa, de 42 anos, protestar não adianta nada. Ele votou no PT nas últimas eleições e, decepcionado, diz que não pretende repetir a escolha. Nascido e criado no Pavão-Pavãozinho, ele se diz apartidário e promete pesquisar muito bem antes de decidir em quem votar no futuro. Mas, ele acredita ser injusto atribuir somente ao PT os problemas do país. E arrisca: se outros partidos fossem melhores, trabalhariam juntos por uma reforma política.
"Existem empresários ricos que não querem só derrubar a Dilma, mas querem acabar com o PT. Não é justo, mesmo que tenham cometido erros. Por causa do PT consegui abrir minha primeira conta em banco, consegui crédito para comprar as coisas e colocar mais comida dentro de casa. A corrupção fez os poderosos de todos os partidos se misturarem", queixa-se Costa, porteiro de um edifício na vizinhança.
Fonte: O CAFEZINHO
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terça-feira, 15 de março de 2016

Moro honesto ? Segundo que critérios ?

Mello: quem disse que Moro é o único juiz (honesto)?

Quantos Mello há no Supremo
publicado 15/03/2016
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Ilustração de Dona Mancha
Do Estadão, em comatoso estado:
O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello disse na manhã desta terça-feira, 15, em entrevista à Rádio Estadão "não se tem apenas a observância da lei lá no juízo do Paraná. Ao contrário, o Supremo é o guarda maior da Constituição", afirmou Marco Aurélio, em referência aos autos da Operação Lava Jato que estão sob responsabilidade do juiz federal Sérgio Moro. 
(Ou seja, pode cair tudo no Supremo… - PHA)
"Não podemos presumir que a tentativa (da ida de Lula para a Esplanada dos Ministérios) seja de acobertamento, se é que o ex-presidente Lula - não podemos concluir a priori - praticou algum ato que pode ser alcançado pelo direito penal", disse Marco Aurélio.
Marco Aurélio foi questionado se a ida de Lula para o governo poderá reverter o desgaste da imagem de Dilma e do próprio PT. O ministro afirmou que "não se pode subestimar" o ex-presidente e sua capacidade de articulação política. "Teremos que aguardar para ver as consequências desse deslocamento, se ele vier a ocorrer, mas teremos uma mudança substancial quanto às diretrizes traçadas, isso teremos."
(Traduzindo, o Ministro Mello também acha que o Lula vai virar o jogo, provavelmente com a ajuda do Ministro Aragão, aquele que mandou o Gilmar calar a boca, em alemão - PHA)
Fonte: CONVERSA AFIADA
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A Multidão de Domingos


No grande protesto de ontem, domingo, organizado pelas oposições e principalmente pela velha mídia algo não saiu como esperado.

Os manifestantes, nas diferentes regiões e cidades do país, ostentavam cartazes e entoavam palavras de ordem que rejeitavam todos os políticos, do PT, do PSDB, PMDB e outros. 
Políticos de oposição ao governo, como Aécio Neves, Geraldo Alckmin e Marta Suplicy, foram hostilizados nas ruas durante as manifestações, pois acreditavam que poderiam colher frutos políticos junto aos manifestantes
.
Algo não saiu de acordo com o enredo e o samba atravessou na avenida.

Estima-se que 3,5 milhões de pessoas estiveram nas ruas de cidades do país no domingo, sendo a metade no Estado de São Paulo, maior reduto eleitoral das oposições.

O perfil dos manifestantes era de classe média e alta, predominantemente branca.

Aquilo que a Folha não considerou nas garrafais de ontem: 77%da Paulista era de brancos; 77% com diploma universitário; 79% de eleitores de Aécio
Fonte: CARTA MAIOR

A velha mídia, que estava excitadíssima no domingo, amanheceu na segunda – feira sem o discurso homogêneo dos dias que antecederam as manifestações.

Os principais jornais de São Paulo, a Folha de SP e o Estado de SP, amanheceram com manchetes de fazer inveja aos mais rasteiros e populares tablóides. 
A Folha, com letras garrafais, de cinco litros, noticiava o povo pedindo o fim do governo. 
Já o Estadão, colocou sobre uma foto dos manifestantes na Av. Paulista, a data de ontem, 13/03/2016, também em letras garrafais.

Entende-se a excitação de ambos, são paulistas.

No Rio de Janeiro, o jornal O Globo, artesão principal das manifestações de ontem, trouxe como manchete o povo pedindo o fim de Dilma e Lula e o mesmo povo enaltecendo o juiz Sergio Moro. 

Globo, que não é paulista e não perde tempo, percebeu que os manifestantes, de uma maneira geral, rejeitavam todos os políticos, do governo e das oposições, e logo resolveu insuflar a imagem de Sergio Moro, do Poder Judiciário, o juiz que conduz a operação Lava jato, o novo caçador de marajás que irá acabar com a corrupção no país. Isso no discurso de Globo, claro, caro leitor.

Os demais jornais do Rio e de São Paulo, ficaram no lugar  comum ,destacando o número expressivo de pessoas nas ruas.

No entanto, um jornal do Rio de Janeiro, o Jornal do Brasil, lembrando os velhos tempos do bom JB, foi direto ao ponto e de forma cirúrgica, em artigo, assim se manifestou:

“ Afinal, o que querem os manifestantes rejeitando todos os políticos, enaltecendo o Juiz Moro, pedindo o fim da corrupção, o fim do governo e o fim  do comunismo?


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Fonte: TIJOLAÇO

E aí se encontra a questão principal para tentar se entender as manifestações de ontem.

De alguma forma, as manifestações de ontem podem ter uma razoável similaridade com as primeiras grandes manifestações de junho de 2013, quando a velha mídia ainda não tinha seqüestrado o movimento. Naquela ocasião as primeiras manifestações revelavam insatisfação com partidos políticos, com os políticos e com o sistema representativo político vigente no país.

O governo Dilma, de alguma, forma entendeu o recado das ruas e juntamente com alguns partidos da base aliada apresentou uma proposta de reforma política, proposta que foi mutilada no Congresso pelos partidos de oposição (mesmo por partidos e políticos da base aliada do governo) e que também foi rejeitada pela velha mídia. Acreditava o governo à época que somente uma profunda reforma política, com ampla participação popular, poderia colocar a corrupção em níveis civilizados. Isto significava, em parte, aprofundar o sistema democrático, propiciando uma maior participação da população nas decisões e na fiscalização da aplicação dos recursos públicos. 
Ainda em sintonia com o desejo das ruas, o Governo Dilma também propôs a criação de Comitês Populares, o que também foi rejeitado pelas oposições e pelo Congresso atual, que como sabe o caro leitor, tem aversão a transferência de poder ao povo e à Democracia com um mínimo viés participativo que seja. 
O tempo passou e não se avançou, em nada, em uma reforma política. Reforma essa que pessoas de notório saber; juristas, políticos, empresários e membros da sociedade, admitem de bom grado, ser necessária para combater a corrupção.

Em suma, das ruas de junho de 2013, pouco ou quase nada se avançou, já que as oposições acreditavam que após os protestos daquele ano, dificilmente Dilma conseguiria ser reeleita no final de 2014, uma vez que os índices de popularidade da presidenta estavam em níveis de governos de Fernando Henrique Cardoso, ou seja, baixíssimos. 
Assim sendo, as oposições barraram no Congresso Nacional as propostas do governo, com argumentos simplórios de que a criação dos Comitês Populares seria uma forma bolivariana de aparelhamento do governo e que a reforma política com participação popular seria um enfraquecimento dos parlamentares. 
O caro leitor entende porque os partidos de oposição e a maioria dos parlamentares não querem saber de ter o povo por perto, opinando, fiscalizando, participando.

Depois de junho de 2013, as manifestações de rua, já seqüestradas em grande parte pela velha mídia, descambaram para a violência e afastaram as pessoas das ruas, e assim perduraram até os primeiros meses de 2014.

As eleições de 2014, como são de conhecimento do leitor, confirmaram a vitória de Dilma, o quarto governo seguido do PT, para desespero das oposições que no segundo turno daquelas eleições tinham como certa a vitória de Aécio Neves, do PSDB.
A derrota de Aécio Neves, por uma margem percentual pequena de votos, até hoje, passados 17 meses do final daquele segundo turno e que teve a imagem do jornalista de O Globo, Merval Pereira, chorando, não foi digerida e muito menos aceita pelas oposições ao governo. 
Tanto é verdade que as oposições, primeiro pediram a recontagem dos votos, depois tentaram; com argumentos sempre frágeis e desejosos de tomar o poder de qualquer maneira, impedir que Dilma tomasse posse.
Dilma foi empossada em um clima de acusações e de tentativas de impedimento, que ocupou o noticiário, diário, nos dois últimos meses de 2014.
Desde então, o primeiro dia de governo em 1° de janeiro de 2015, as oposições usaram como estratégia paralisar o governo, usando e abusando da cumplicidade com a velha mídia, a produção de uma avalanche de crises institucionais, sempre levantando a possibilidade de um impeachment da presidenta.
 
A situação de crise da economia mundial chegou aos países emergentes, e o Brasil foi, e tem sido, duramente atingido, fato que apropriado pelas oposições e pela velha mídia imputou ao governo federal a responsabilidade por tudo de ruim que tem acontecido.

O governo Dilma tem grande parcela de culpa nas medidas tomadas, ou na ausência de tais medidas, para enfrentar a crise econômica, mas não na dimensão que em a velha mídia noticia, ou melhor, martela, diariamente na cabeça da população.

Assim sendo, e com a entrada em cena da Operação Lava jato da Polícia Federal, comandada pelo juiz Sergio Moro que no início da Operação foi agraciado com um prêmio do Grupo Globo como sendo uma pessoa que faz a diferença, criaram-se as condições para aquilo que as oposições chamam de tempestade perfeita. 
E a tempestade não parou desde então.

A medida que as etapas da Lava jato aconteciam com prisões de executivos e empresários de grandes empresas de engenharia, e também de funcionários do alto escalão da Petrobras, a velha mídia, cada vez mais, associava os casos de corrupção no governo com a situação econômica do país, enquanto as oposições manobravam no Congresso Nacional em busca de apoio para dar início a um processo de impeachment da presidenta.

Com altos e baixos para cada lado, essa conjuntura política inicia o ano parlamentar de 2016, aparentemente tranqüilo, mas com os protestos de ontem já agendados com razoável antecedência.
 
A medida que a data de ontem se aproximava, data tão enaltecida hoje nos jornais impressos da velha mídia (a manifestação da ansiedade vivida) casos e escândalos de corrupção possíveis no governo ganhavam mais centímetros, minutos e decibéis no espaço da velha mídia.

O ápice do processo de construção dos protestos de ontem, se deu na semana passada, quando inusitados promotores paulistas, pediram a prisão do ex-presidente Lula, fato que ocupou todo o noticiário. 
Antes, o leitor lembra-se, o juiz Moro movimentou 300 funcionários da polícia federal para conduzir, mesmo a força se necessário fosse, o ex-presidente Lula para depor na Polícia Federal.
Tanto a decisão de Moro, quanto a decisão dos promotores do Ministério Público de São Paulo, foram duramente criticadas por operadores do Direito, juízes, advogados,delegados e mesmo a Ordem dos Advogados do Brasil, como decisões estapafúrdias que atropelam a Democracia e o Estado de Direito, já que não tinham lastros que as justificassem. 
Na velha mídia, nenhuma critica as decisões dos magistrados, ao contrário, o tom dos noticiários ou era de neutralidade ou de aprovação.

E assim, de forma criteriosa, cuidadosa e extremamente eficaz, oposições e velha mídia construíram os protestos de ontem, e, assim também, nesse clima, as pessoas foram às ruas.

No entanto, algo fugiu ao planejado, já que não se esperava que os políticos de oposição fossem hostilizados durante os protestos.

Assim sendo, voltamos ao questionamento do Jornal do Brasil: 

o que querem os manifestantes?

Talvez eles, os manifestantes, não saibam.

1 – pediram o impeachment de Dilma.
Dilma foi eleita em processo eleitoral democrático, escolhida pela maioria. Concordo que até mesmo muitos eleitores de Dilma não estejam satisfeitos com o segundo governo da presidenta, mas daí querer interromper o mandato de Dilma pode ser diagnosticado como imaturidade democrática, já que os mandatos presidenciais no Brasil são de apenas 4 anos , justamente para que a população possa avaliar o governo, e ao final do mandato confirmar mais quatro anos ou colocar outro grupo político na presidência. Dilma tem, apenas, 2 anos, 9 meses e 17 dias de governo para cumprir o segundo mandato escolhido pela maioria do povo brasileiro.
Não estou gostando e quero trocar é coisa de criança mimada.
Por outro lado o impeachment de um presidente da república, só se justifica em situações de crimes graves cometidos pelo presidente, algo que, até o dia de hoje, não foi apresentado como prova irrefutável contra Dilma. Cabe lembrar que os casos de corrupção no governo que vieram à tona nos governos do PT, só foram possíveis de terem sido descobertos porque o próprio governo viabilizou as investigações, algo que não ocorreu em nenhum outro governo desde 1985, por ocasião da redemocratização do país.
Assim sendo, pedir o impeachment de Dilma ou é coisa de gente mimada, gente desinformada, gente que não respeita o resultado das urnas, gente que não respeita a Democracia. 
Também pode ser um processo de golpe político no Congresso Nacional, ou ainda, setores da sociedade que não toleram a Democracia.

2 – fora Lula, fora PT
O leitor sabe que Lula encerrou seu segundo mandato e saiu do governo em 31 de dezembro de 2010 e que o PT tem sido governo, pois assim deseja a maioria do povo brasileiro.
Lula não pode sair de onde não está, não é, caro leitor ?

3 – rejeição à todos os políticos
Impossível viver sem política e sem políticos em um regime Democrático. Rejeitar a política e os políticos é querer um estado de exceção, uma ditadura. Alguns manifestantes pediam intervenção militar no país. Intervir para que se as instituições estão 
funcionando ?

4 – o fim do comunismo
A queda dos regimes comunistas já é um fato histórico, inclusive ensinado nas escolas. 
O leitor sabe que os regimes comunistas desapareceram, com raríssimas exceções, no final da década de 1980 e início da década de 1990. O Brasil vive em um regime capitalista com total liberdade para a iniciativa privada e com a participação do Estado em setores estratégicos para o país. O país está distante de quaisquer resquícios comunistas como também de um capitalismo de Estado. Cabe lembrar que a participação do Estado, foi fundamental para o desenvolvimento e crescimento dos países mais ricos, como EUA, Inglaterra, França e outros. Mesmo hoje a economia norte americana tem como motor o complexo industrial militar, do Estado. O discurso de Estado mínimo, enxuto, endereçado ao Brasil pelos países ricos não vale para esses países, assim como o mercado totalmente livre.
Os governos do PT optaram no regime capitalista vigente no país por uma social democracia, com um toque nacionalista e regional, com distribuição de renda, redução da pobreza, redução da miséria e construção de redes de segurança social para populações em situação de alto risco, como com a criação dos programas Bolsa Família e Mais Médicos, por exemplo. Também ampliaram oportunidades com os programas de cotas nas universidades. A social democracia dos governos do PT está bem distante do comunismo. 
Ocorre que os setores mais radicais e conservadores da direita capitalista, no Brasil e no mundo, advogam a tese de Estado mínimo, e salve-se quem puder, o darwinismo social. Qualquer país ou governo com um verniz social é taxado de comunista, com amplo apoio da velha mídia. 
Esse conceito, repetido com freqüência pelos grandes meios de comunicação e jornalismo, produz, em parcela da população, cenas de delírio explícito, como as observadas nos protestos de ontem pedindo o fim do comunismo no Brasil.

5 – fim da corrupção
A corrupção não acaba , ou diminui, através de decreto.
A corrupção não é exclusividade de governos ou de políticos do PT.
A corrupção não surgiu e também não cresceu no país durante os governos do PT.
A corrupção tem sido mais combatida, investigada, com punição de pessoas, justamente pelos governos do PT. As notícias freqüentes sobre casos de corrupção no governo tem dois lados; o lado negativo é que a corrupção existe, de várias maneiras, em todas as esferas do governo; o lado positivo é que o governo Dilma resolveu investigar e punir.
A velha mídia dá destaque, apenas, ao lado negativo.
Para acabar ou reduzir drasticamente a corrupção no governo, somente com uma reforma política, conforme citado e explicado anteriormente neste artigo. No entanto, as oposições não querem tal reforma e os manifestantes vão para as ruas pedindo o fim da corrupção. 
Haja incongruência.

6 – Sergio Moro como o novo herói nacional
O comportamento do juiz Sergio Moro na condução da operação Lava jato está em perfeita sintonia com percepções, valores e práticas de uma grande parcela da classe média e de toda a classe endinheirada do país.
As elites e grande parcela da classe média, ao longo de toda a história do Brasil, podem ser consideradas como democráticas, porém, uma Democracia com limites impostos ao povo.
Por possuírem mais recursos materiais, se acham, de alguma forma, melhores e superiores ao conjunto da população, fazendo disso, formas de expressão e de comportamento. 
Isso não é novidade, sempre foi assim na história do país, com mais ou menos autoritarismo em todas as dimensões das relações sociais com o povo.
Esse comportamento das elites e parcela da classe média pode ser evidenciado no triplex de Paraty, uma construção fora da lei mas que é usufruída normalmente e sem problemas por seus proprietários. Pode ser evidenciado nas disputas judiciais, nos delitos cometidos, quase sempre resolvidos de forma favorável aos mais ricos. Também se manifesta no Judiciário, na sonegação de impostos e nas relações interpessoais, onde o mais endinheirado tem mais poder e autoridade sobre os demais.
A parcela da classe média também se comporta dessa maneira, ou seja, tem mais direitos ou pensa que tem,que o grande conjunto da população.
Esses “direitos adicionais e específicos” das elites e parcela da classe média, se manifestam na forma de autoritarismo.
A partir de 1990 com a supremacia das Finanças no mundo, esses “direitos” ficaram mais fortes, e, conseqüentemente, a Democracia ficou mais fragilizada, isso em todo o mundo ocidental.
Assim sendo, o comportamento do juiz Sergio Moro, no âmbito do Poder Judiciário, é uma expressão desses “direitos” das elites e de parcela da classe média. 
Ao atropelar normas, códigos, leis e procedimentos jurídicos, o juiz Moro encontra perfeita sintonia na parcela mais rica da sociedade, tanto que nos protestos de ontem a maioria , nas ruas era de classe média, média e alta, e branca.
Assim sendo, o juiz  Moro é apresentado pela velha mídia como sendo a expressão da moralidade e da ordem, em um contraponto aos políticos e à política.
Nada mais irreal do que pensar assim.
O comportamento do juiz Moro na condução da Lava Jato, tem sido um atentado à Democracia e ao Estado de Direto, e isso juristas e intelectuais de notório saber admitem de bom grado. 
Admitem, ainda, um viés fascista em suas ações.
Já a classe média e as elites, enaltecem o juiz Moro, enaltecem o fascismo, e ainda saem às ruas com as cores verde e amarelo, em uma mensagem de defesa ao Brasil, quando na realidade, um impeachment de Dilma colocará no Poder um grupo político que irá acentuar a precarização dos direitos dos trabalhadores ,a privatização com entrega ao capital estrangeiro de recursos naturais estratégicos ao país, reduzirá os investimentos em políticas e programas sociais para grupos da população em situação de risco e, ainda , contribuirá para aumentar a tensão social nos grandes centros urbanos.
Um “novo” governo, como se refere e deseja o jornalista Merval Pereira em suas crônicas no jornal O Globo, não tem nada de novo e menos ainda de verde e amarelo.  
Mais uma incongruência da multidão de domingos.

Aliás quando povo se organiza e sai às ruas para se manifestar, isso é povo organizado. 
Quando o povo é conduzido às ruas para se manifestar, isso é multidão.
A multidão de domingos é um oceano de incongruências, sem rumo, daí a pergunta do Jornal do Brasil

“ O que querem os manifestantes “?

É provável que os manifestantes não saibam, mas os grupos políticos que organizam e, de alguma forma, colocam os manifestantes nas ruas, sabem perfeitamente o que esperam alcançar. 
Esses grupos desejam dar um golpe de estado, retirando do poder, com um véu de legalidade, um governo eleito de forma democrática pela maioria do povo brasileiro.
Para tanto, usando seus”direitos adicionais” ,interditam todo e qualquer debate civilizado, incitando na população um comportamento de bate boca, de negação prévia do outro, que tem por objetivo favorecer as práticas de atropelo da Democracia.

No entanto, em tempos de internete, os questionamentos acontecem, alguns com densidade e de forma cirúrgica, a ponto de os endinheirados partirem para ameaças da lei para sites e blogs.

Os estudantes não estão vestidos a caráter, mas são pessoas de caráter ( Hélio Pelegrino )

sábado, 12 de março de 2016

A Adaga de Engels na Bandana de Magistrado Hegel coloca treinador de futebol em cana

Desejo, paixão e ideologia contaminam pedido de prisão de Lula

publicado em 12 de março de 2016 às 12:51
Captura de Tela 2016-03-12 às 12.49.50O promotor Fernando Henrique Araújo: denunciando Lula e com a bandana Fora Dilma na avenida Paulista 
No pedido de prisão de Lula, torturaram Marx, Hegel e Nietzsche
11 de março de 2016, 11h30
Não quero ser um “abutre epistêmico”, mas não dá para deixar de comentar o recente pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula. Antes de tudo, vou citar o jurista Pedro Serrano, que deixou claro, ao criticar os promotores signatários do pedido de preventiva, que o episódio representa um ponto fora da curva do Ministério Público de São Paulo.
Deixemos isso como dado, em uma espécie de juízo sintético a priori kantiano, já que tantos filósofos foram citados nas referidas peças processuais. Minha crítica, portanto, vai blindada por esse juízo: não preciso bater na pedra para verificar que é dura. Ou seja: não preciso dizer que o MP-SP não é assim como os promotores fizeram transparecer.
Nas peças em liça, é possível perceber um conjunto de raciocínios teleológicos. Subjetividade na veia. Assim: tenho um juízo conclusivo; na sequência, procuro um modo de justificar aquilo que já sei (e que quero que aconteça).
Às peças, aplica-se a minha aporia da “travessia da ponte”, que está em Verdade e Consenso: “Como é possível atravessar o abismo gnosiológico do conhecimento, chegar ao outro lado, para depois retornar e edificar a ponte… pela qual já passei?”
E já que os promotores citaram Nietzsche, trago à baila outra frase do filósofo: “Fatos não existem; só existem interpretações”. Bingo. Para ele, tudo é interpretação. Niilismo. Têm razão, pois, os promotores, paradoxalmente, porque fatos (que fundamentem a prisão preventiva) não há; só há, mesmo, a interpretação (deles).
Peço desculpas pelas ironias, mas não posso deixar de me espantar. Talvez a ironia seja o melhor modo de criticar o pedido de preventiva (deixo a discussão da denúncia para outro artigo). Vinte e oito anos de Ministério Público me fizeram ver muita coisa.
Inclusive a luta na constituinte para que o MP tivesse as garantias da magistratura. Porém, será que as conquistas foram postas na Constituição para que (alguns de) seus membros agissem sem responsabilidade política? Sem accountability? Basta pedir? Assim? E na moringa não vai água?
Supondo que o pedido de preventiva dos promotores vingue, cabe a pergunta: que fizemos com os requisitos do artigo 312 do CPP? Deixando Lula de lado, como explicar o pedido de prisão de dona Marisa? Como agiremos no dia seguinte? Direito não pode ser produto de desejos, paixões e ideologias. Mas não pode mesmo.
Os promotores dizem que todos são iguais perante a lei. De fato. Assim deve ser. No entanto, se isso é assim, a partir desse “precedente”, o MP-SP deverá pedir a prisão preventiva de toda e qualquer pessoa envolvida em delitos como os apontados na denúncia.
Teríamos voltado aos tempos anteriores à Lei Fleury? Nem naquela época a prisão preventiva era manejada desse modo. Quer dizer que o ex-presidente e sua família devem ser presos porque ele (e o resto da família?) podem incitar à violência? De novo, o fator Minority Report? O que é isto, a ordem pública? O que é isto, o clamor popular?
Quando procurador junto à 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, os desembargadores e eu colocávamos a mão em concha para ouvirmos o clamor das ruas, toda vez que esse argumento era esgrimido retoricamente, como um conceito ômnibus.
Não há muito o que falar. O pedido dos promotores fala por si. Confundir Engels com Hegel já seria suficiente para desqualificar a peça e oferecer uma denúncia por crime epistêmico.
Sem considerar que o pedido vem recheado de argumentos ad hominem, confundindo Direito Penal do fato com Direito Penal do autor.
Juízos subjetivos como os de que “a conduta do ex-presidente deixaria envergonhados Marx e Hegel” devem ir para a história… Para ensinar como não se deve fazer uma peça processual. Os promotores dizem que sua peça não é política.
Pois é. Porém, por que a alusão à Marx e Engels (confundido com Hegel)? Não está nisso a maior prova de que estão agindo ideologicamente? Não quero imitar o analista de Bagé, com sua psicanálise galponeira, mas não está muito evidente isso?
Urgentemente, o Direito de Pindorama necessita dar uma parada para respirar. Fomos longe demais com voluntarismos e decisionismos. Está na hora de levar a sério a frase de que devemos levar o Direito a sério. Ele não é o que o juiz ou o promotor querem que seja.
Não, não quero que você denuncie alguém com base na sua consciência ou no seu desejo político. Não, não quero que você decida conforme sua consciência. De novo, vou dizer — porque sofro de LEER — o que digo há 20 anos: eu, como cidadão, não quero saber o que você pensa — na sua linguagem privada — sobre a política, impostos, política etc.
Isso eu lhe pergunto em um bar ou em uma confraternização. No fórum, na vida pública, quero apenas que você aja de acordo com a lei e a Constituição. Se você, juiz ou promotor, não consegue suspender seus pré-juízos, não pode ser um agente político do Estado. Não pago seu salário para que você substitua a lei pelos seus juízos políticos ou morais. Simples assim.
A culpa disso tudo é o modo com que conduzimos o Direito. Nos lambuzamos com a democracia. Achamos que estamos ainda nos tempos da Escola do Direito Livre. Faculdades que despejam analfabetos funcionais.
Cursinhos que treinam alunos para quiz shows. Literatura básica usada nas aulas e em peças processuais que deveria ter uma tarja com a inscrição “o uso constante desse material fará mal à sua saúde mental”, como nas carteiras de cigarro. Eis os ingredientes para uma tempestade perfeita.
No entanto, polianamente (todo hermeneuta é otimista), penso que esse episódio pode ser benéfico. Serve de alerta para que paremos para refletir. Salvemos pelo menos a Constituição. E, a propósito, já que os signatários do pedido de preventiva invocaram, ainda que erradamente, o filósofo Hegel, há uma célebre frase dele, que pode ser aplicada por aqui: “Deutschland ist kein Staat mehr” (Alemanha não é mais um Estado).
Pode até o Brasil estar carcomido pela má política e pela corrupção, mas não é a qualquer custo que iremos combater esses males. Sem o respeito às garantias constitucionais, aí sim daremos razão à frase de Hegel, de que o Brasil não é mais um Estado.
Aproprio-me de uma frase que não lembro de quem é: Deus morreu, Marx, Nietzsche e Hegel (sic) morreram, Elvis se foi… E, confesso, eu não estou me sentindo muito bem.
PS do Viomundo: O que juristas e promotores são incapazes ou não querem perceber é que integrantes do MP vivem na e para a mídia. Estabelecem relações promíscuas com jornalistas, através das quais assumem investigações feitas pela imprensa e vazam pela imprensa suas investigações, com a garantia de que serão entrevistados. Muitos promotores fizeram carreira assim e, tentados pelos holofotes midiáticos, abusam de seus próprios poderes
Fonte: VIOMUNDO
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Encontramos o cofre da família de Lula. No Google, em 2010

publicado em 12 de março de 2016 às 12:08
adagaepoca
Mistério do cofre é mistério porque a Lava Jato não lê a Época e nem a Época lê a Época
POR FERNANDO BRITO · 11/03/2016
Manchete da Época: Exclusivo: PF encontra cofre da família de Lula.
Uau!
E lá, entre outros objetos de arte, destaca-se a foto de uma adaga de ouro, marfim, esmeraldas e brilhantes!
Que furo de reportagem!
É?
Não é.
No dia 18 de dezembro de 2010, o próprio Lula autorizou que fossem mostrada a adaga, presente do Rei Mohammed (VI e não IV, como diz a revista) à repórter Mariana Sanches, da própria Época, como um dos objetos que integravam o acervo presidencial e que seria levado na saída do presidente!
A foto da esquerda é dos meganhas da Lava Jato. A da direita, da Época, de 2010. Quem quiser ver o original é só olhar a foto 8 do slideshow publicado pela revista, em dezembro daquele ano. E salvei aqui para o caso de um “podemos tirar, se achar melhor”,
E a adaga estava num cofre, que absurdo!
Onde poderia estar guardada, na gaveta de meias e cuecas do “puxado” em Atibaia?
Que a turma da Lava Jato não tenha acessado a internet para ver, está bem, a gente entende que não se interessam pelo que a Época publica, pois publica o que eles mandam publicar.
Mas que a Época não leia a Época e veja que o “furo” é uma furada, que eles publicaram com todos os ares de normalidade em 2010, ah, francamente.
Lembro do meu tempo de foca, quando alguém perguntava sobre algo que tinha saído no jornal, o coro irônico: “leia o jornal em que trabalha…”. Tá bom, eu sei que da revista não se aproveita nada, mas é osso do ofício lê-la, para os que trabalham lá.
O que era “normal” em 2010 virou crime em 2016? Na mesma matéria se diz que FHC levou nove caminhões de documentos e objetos, inclusive uma coroa de jade, e tudo era bacana e legal?
É preciso, no mínimo, ter um pouco de vergonha na cara com o que a própria revista publicou.
Se Lula tivesse “passado nos cobres” a adaga do Mohammed – apesar de tecnicamente ser sua – vá lá. Para vender, ele teria de dar prioridade – prioridade, não obrigatoriedade, fique claro – à União.
Mas ficou guardadinha, intacta, e certamente dava fazer um troco para comprar centenas de pedalinhos.
Para Lula, serve para quê? Será que ele vai cortar um churrasquinho com a adaga de Sua Majestade? E ainda dizer pra Mariza: “ô galega, manda passar isso no esmeril porque não tá cortando nada!”
O ridículo, embora apresentado com ares de “furo de reportagem”, não tem tamanho.
A campanha fascista não tem, porém, qualquer pudor.
Nem o do ridículo.
PS do Viomundo: Se o Lula tivesse construído um memorial para expor os objetos que recebeu durante os dois mandatos, aí o problema seria a construção do memorial!
Fonte: VIOMUNDO
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Revista 'Time' confunde Joel Santana com preso da Lava-jato e deve ser processada



Treinador terá reunião com advogados nesta segunda-feira para decidir qual medida será tomada

Jornal do BrasilTamanho do Texto:+A-AImprimirPublicidadeConfundido pela revista norte-americana “Time” com o marqueteiro João Santana, preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato ao lado da esposa Mônica Moura, o técnico estuda com seus advogados que medidas tomar em relação à publicação que colocou uma foto dele no lugar da imagem do investigado.

De acordo com nota publicada em jornal de grande circulação, Joel pedirá US$ 10 milhões (mais de R$ 36,2 milhões) de indenização na Justiça por danos morais.

Joel Santana foi citado pela Time em matéria sobre a Operação Lava-Jato O treinador, no entanto, afirma que foi orientado a não se pronunciar sobre o ocorrido até segunda-feira (14), quando terá uma reunião com os seus advogados para decidir o que fazer sobre o assunto.

Fonte: JORNAL DO BRASIL

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