sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A Crise

Liesa busca entendimento com TV Globo e transmissão em 'delay' não está descartada

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A Liesa foi informada pela TV Globo, na tarde de quarta-feira, que a emissora não teria disponibilidade para transmitir os dois primeiros desfiles de cada dia do Grupo Especial. A informação foi passada para as escolas em plenária realizada na sede da Liga no Centro do Rio. As escolas prejudicadas são Estácio de Sá, União da Ilha, Vila Isabel e Salgueiro.
Em contato com a equipe do site CARNAVALESCO, o presidente da entidade, Jorge Castanheira, declarou que está tentando encontrar o melhor caminho para reduzir o prejuízo. - Esse é um tema polêmico e de difícil execução, pois envolve muita coisa. Não sabíamos desta situação no momento do sorteio em junho. Quero ver se tenho condições de marcar até o fim do ano com a emissora uma reunião para tentarmos encontrar uma solução - promete Jorginho.
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Segundo o presidente da Liesa não é irreversível a não transmissão destes desfiles e apresentou duas possibilidades para o entendimento. - A primeira delas seria como foi feito esse ano, onde a primeira escola seria exibida após os desfiles terminarem e a outra em sistema de delay. A TV Globo iniciaria com o desfile em andamento, no mesmo molde que ocorre no Rock in Rio e no UFC, por exemplo. Vamos tentar já para esse ano ou se não possível para 2017 - afirmou o presidente.
O contrato de transmissão com a TV Globo tem duração até o Carnaval 2019. Jorginho não descarta atrasar o início dos desfiles a partir de 2017. - Pode ser uma solução, mas dever haver uma ampla discussão, pois os desfiles se encerrariam já com o dia claro. Existe todo um estudo da TV Globo e nosso em cima de cada detalhe dos desfiles - explicou Jorge Castanheira
Fonte: O DIA
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Deputados de SP aprovam lei que proíbe garupa em motos

Foto: Paulo Pinto/ Fotos Públicas
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou na terça-feira, 15, projeto que já havia sido vetado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), em 2011, e que proíbe tráfego de motociclistas com garupas. A medida, que tem como justificativa evitar a ocorrência de roubos, agora volta para apreciação do governador. Alckmin vai decidir também se o número da placa da moto precisará estar impresso em cores fluorescentes nos capacetes dos motociclistas.
A proibição só será válida, se aprovada, em São Paulo, Guarulhos e Campinas, as três cidades com mais de 1 milhão de habitantes do Estado. Também vai valer apenas das 10 horas às 16h30 e das 23h às 5h.
Estadão Conteudo
Fonte: MANCHETE ONLINE
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A profecia fracassada de Merval Pereira
Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Merval viralizou nas redes sociais.

Uma foto na qual ele aparecia prevendo a vitória por ampla margem do voto de Fachin quanto ao roteiro do impeachment se espalhou pelo Facebook e pelo Twitter.

Merval foi merecidamente esculachado. Nunca confunda o papel de jornalista com o do torcedor é um dos pilares do jornalismo, e ele agiu como se estivesse na arquibancada. Por isso se expôs ao justo escárnio dos contrários ao golpe.

Do ponto de vista lógico, ele, com alguma inteligência, teria evitado o vexame. O primeiro voto do dia era o de Barroso, o mais capaz e mais influente dos juízes do STF.

Se Barroso divergisse de Fachin, teríamos logo no início da sessão um empate. Dada a diferença de peso entre Fachin e Barroso, seria um sinal de que as coisas poderiam mudar, como aconteceu.

Tentei entender de onde Merval extraiu seu otimismo obtuso. E tive uma pista ao ver o comportamento abjeto de Gilmar Mendes na discussão do STF.


Como são amigos, uma possibilidade real é que, num telefonema, Merval tenha se deixado levar pelas considerações e prognósticos de Gilmar.

A atitude de Gilmar de deixar o plenário abruptamente sob a alegação de viagem sugere que também ele tinha como certo o triunfo do voto de Fachin.

Quando Gilmar votou já estava claro que Fachin sofrera um extraordinário revés. E com ele um voto amplamente favorável ao golpe.

Só o ódio pelo que estava acontecendo pode explicar o que Gilmar fez. Ele falou como um político, e não como juiz. No auge da inflamação, cometeu a insanidade de citar um artigo de Serra, um político que não é respeitado sequer no PSDB.

Num mundo menos imperfeito, juízes que agissem tão acintosamente como políticos sofreriam, eles sim, um processo rápido de impeachment.

Eles conspiram contra a imagem e contra os ideais da Justiça. São, essencialmente, iníquos porque suas sentenças são pautadas pelas simpatias políticas.

Mas, num mundo menos imperfeito, também não haveria jornalistas como Merval, que apoiam juízes como Gilmar em vez de fiscalizá-los e cobrar deles isenção.

Não surpreende que sejam amigos.

Pulitzer, talvez o maior dos editores de jornais, famosamente disse que jornalista não tem amigo. Pelas razões óbvias: o jornalista não vai cobrir como deveria um amigo. Vai protegê-lo.

A mesma máxima se aplica aos juízes. Juiz não tem amigo. Juízes e jornalistas deveriam manter uma sagrada distância entre si para se fiscalizarem uns aos outros.

Dê um Google Imagens e você encontrará diversas fotos de Merval com juízes do STF em alegres confraternizações. Um juiz, Ayres Brito, escreveu o prefácio do livro de Merval sobre o Mensalão, uma agressão brutal à ética do jornalismo e da Justiça ao mesmo tempo.

Posso estar enganado. Mas é provável que a fonte da profecia que vem gerando tantas gargalhadas tenha sido o amigo Gilmar.

Num Brasil mais avançado, não haverá juízes como Gilmar e nem jornalistas como Merval porque a cumplicidade deles é nefasta para a sociedade – mesmo que renda, aqui e ali, risadas

Fonte: Blog do Miro
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Manifestantes “segundo a PM” da Paulista passam de 3 mil para 50 mil


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A Polícia Militar de São Paulo fez um “ajuste fiscal” na sua avaliação sobre o número de manifestantes, ontem, no ato contra o golpe em São Paulo.
Coisa pouca: passou dos meros 3 mil que avaliava ontem para 50 mil o número de pessoas presentes.
Talvez tenha encontrado 47 mil atrás de bancas de jornais ou encobertos por postes…
Na verdade, a PM jogou a culpa na imprensa, segundo o G1:
Em nota, a SSP afirmou que “alguns órgãos de imprensa erraram ao informar o número fornecido pela Polícia Militar”. “O registro de três mil manifestantes refere-se ao início da manifestação, atingindo 50 mil manifestantes no seu ápice, pela contagem da PM.”
Quem é veterano de passeata sabe que 50 mil nas contas da PM – cujas preferências ideológicas são sobejamente conhecidas – valem perto de o dobro na realidade.
A contagem do Datafolha também não difere muito disso, embora gastem um monte de saliva para estabelecer uns critérios meio doidos sobre quem está passando e quem fica o tempo todo.
Eu continuo, como sempre saudavelmente fiz ao longo da vida, duvidando do que diz a polícia, até prova em contrário.
E mesmo numa prosaica estimativa de número de pessoas, parece que isso dá certo.
Fonte: TIJOLAÇO
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Jornalista da Globo e Estadão quer proibir protestos em dias úteis


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Irritada com “o caos em São Paulo” por conta da manifestação contra o impeachment, Eliane Cantanhêde – a mesma que se referiu ao PSDB como um partido da “massa cheirosa” – sugeriu que se proibisse passeatas que não fossem aos finais de semana
na Revista Fórum
A comentarista de política do Estadão e da Globo News, Eliane Cantanhêde, nunca escondeu sua ojeriza ao PT e sua simpatia pelo PSDB. Nesta quarta-feira (16), por exemplo, a jornalista postou pelo Twitter o seguinte comentário:
“Devia ser proibido fazer manifestação em dia útil. São Paulo está um caos. Irritante!”.

Cantanhêde se referia à manifestação contra o impeachment que acontecia entre a avenida Paulista e o centro da capital paulista. No ato, estavam presentes, principalmente, centrais sindicais, organizações sociais e membros da militância petista – público que, aparentemente, a jornalista carrega certa repulsa. Isso por que em 2010, na convenção nacional do PSDB, a colunista se referiu ao partido como uma legenda de “massa cheirosa”, em uma clara ironia aos encontros de militantes do PT.
“Para quem tá acostumado com esse tipo de reunião, todo mundo tá estranhando. Muita gente, muita bagunça, muita confusão, parece até que o PSDB está virando um partido de massa. Um partido de massa, mas uma massa cheirosa”, disse na ocasião

Ela também foi criticada em agosto do ano passado por praticamente blindar o nome de tucanos em uma comentário sobre denúncias de corrupção que envolviam o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Questionada por internautas, Cantanhêde respondeu: “Vou tentar encaixar amanhã”.

Fonte: O CAFEZINHO
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O país está em crise, é o que a gente escuta diariamente em todos os cantos.

Falam de uma crise política, de grandes proporções, onde até mesmo a presidenta da república pode ser afastada de seu cargo.

Falam de uma crise econômica, que teria desencadeado a crise política, e que pode esfacelar a vida dos brasileiros.

Falam das ações investigativas conduzidas pela Polícia Federal que vem desmontando e expondo esquemas de corrupção no governo jamais vistos na história do país.

Falam que  as crises política e econômica e a roubalheira descoberta são de responsabilidade, única e exclusiva, dos governos do Partido dos Trabalhadores.

Falam , e como falam, em altos decibéis, pelos cotovelos, diariamente, ao longo de mais ou menos doze meses, justo quando se encerraram as eleições de 2014 e o Partido dos Trabalhadores conseguiu a quarta vitória seguida para a presidência da república.

De fato, a economia não vai bem, e são poucos os lugares onde se pode afirmar que tudo anda as mil maravilhas.

O mundo vive uma crise, uma crise civilizacional, e a economia é parte desse processo em crise.

A crise no Brasil não é específica do país e nem resultado de erros do governo do PT, ,mesmo que alguns erros tenham sido cometidos nesses treze anos de governo.

Os casos de corrupção, descobertos e noticiados em destaque diariamente pela mídia privada, mostram que a máquina republicana tem muitas engrenagens, ocultas, entranhadas nos três poderes, e mesmo no quarto, que funcionam por décadas, e que somente agora, nos governos do PT, tornaram-se públicas.

Também não é exclusividade do PT o envolvimento com os casos de corrupção, mesmo que quadros do partido estejam envolvidos em esquemas ilícitos, o que seria normal na anormalidade da existência consentida de tal máquina por décadas,  já que para a máquina funcionar e  o governo governar, todos devem participar dos esquemas, caso contrário, não há governo.

Tem sido assim ao longo de décadas, talvez um século, e a mudança não se faz de uma hora para outra, sem traumas, confusões e outras coisas mais.

Por outro lado, os opositores do governo que tanto acusam e criticam o governo, em algumas poucas ocasiões com razão e  na maioria  das vezes com oportunismo e cinismo, são os setores que mais resistem às mudanças em prol da transparência e da participação ativa da sociedade, e ainda tentam desmontar toda a rede de políticas sociais implementadas nos governos de Lula e Dilma e também implantar um retrocesso no país, como no caso das medidas anacrônicas e fundamentalistas tomadas no congresso nacional na gestão de Eduardo Cunha.

Em todo esse processo a mídia privada assume uma função de conduzir a opinião pública, aquilo que você ouve, em prol dos interesses dos grupos de oposição ao governo, políticos e econômicos, contribuindo para criar no país, ou no imaginário das pessoas, uma compreensão de que o país e as instituições estariam mergulhadas em uma crise profunda, e que somente através de rupturas , as ordens democrática e institucional poderiam ser restabelecidas.

Em outras palavras, em meio a uma crise real mundial com desdobramentos locais, a mídia privada e os grupos de oposição tentam fabricar o fim dos tempos, o país aos cacos e ainda responsabilizando somente os governos do PT pelos problemas que de fato existem, sejam eles políticos, econômicos e os casos de corrupção.

Essa atuação da mídia privada, que se intensificou nos últimos doze meses, não mais esconde as intenções do grupo, fazendo com que o jornalismo, principalmente, mais não o único meio de informação, seja aquilo que o grupo deseja que seja e que  aconteça no país, independente dos fatos. 

Tanto é assim, que uma suposta segurança e uma suposta  autonomia tomou conta das mídias privadas, ignorando de forma escancara a realidade dos fatos, em uma postura de confronto aberto com o governo e parcela da sociedade civil.

Esse tipo de comportamento, inevitavelmente, tem desdobramentos não apenas nos profissionais de imprensa e de mídia, como na sociedade de uma maneira geral.

E de fato, uma pequena seleção de artigos publicados hoje, precisamente cinco artigos, postados acima deste texto, revelam decisões e posições estapafúrdias, na contramão do bom senso .

O primeiro diz respeito a decisão da TV Globo de não transmitir o desfile das primeiras escolas de samba do grupo especial, a elite,  do carnaval carioca, na noite de segunda feira, como já ocorreu neste ano. 

Cabe lembar que já por dois anos , a TV Globo  que adquire os direitos de transmissão dos desfiles das escolas de samba, deixou de transmitir , em sinal aberto, o desfile das campeãs, que ocorre no sábado depois do carnaval. 

Também deixou de repassar esse direito adquirido, com sempre fazia nos anos anteriores, para outras emissoras de TV, principalmente Bandeirantes, SBT e CNT, já que o desfile das campeãs apresentava uma audiência melhor que os enfadonhos programas de Globo.

Agora, Globo, já começa a transmissão dos desfiles omitindo as primeiras escolas que desfilam, talvez para não "prejudicar" a audiência dos programas de sua grade no horário .

Se não bastasse o papel nocivo que globo desempenha com a exclusividade de transmissão do futebol no Brasil, agora , a emissora começa a cortar a festa popular mais importante do Brasil, prejudicando milhares de pessoas
.
Cabe lembrar, que recentemente, para incentivar as manifestações, via emissoras de TV do Grupo Globo, contra o governo da presidenta Dilma, a TV Globo conseguiu alterar o horário de um jogo na capital paulista.

De fato, cultura popular brasileira não combina com o Grupo Globo.


O segundo artigo versa sobre uma lei que proíbe garupa em motocicletas e que teria sido elaborada por deputados da Assembléia do Estado de São Paulo.

Ou seja, em São Paulo, segundo os deputados eleitos pelo povo, não se pode levar alguém na garupa de uma motocicleta.

A proposta, que ainda depende da aprovação do governador, imagino, seria para impedir o crescente número de furtos, assaltos e latrocínios cometidos por motociclistas, principalmente nas regiões habitadas pela elite paulistana.

Um absurdo, que contraria a própria concepção do veículo em questão, contraria também disposições do código nacional de trânsito.

Para impedir crimes, os deputados de São Paulo não pensam em melhorar o efetivo ou mesmo as ações dos órgãos de segurança pública do estado, e miram nas pessoas, impedindo o direito de ir e vir.

Nessa lógica de raciocínio dos ilustres parlamentares, se o número de assaltos em estações do metrô aumentar, é provável que proponham o fechamento do metrô na cidade.

O terceiro trata de uma profecia, chute, desejo, sonho , delírio do conhecidíssimo jornalista do Grupo Globo, o imortal dos erros, o profeta das mancadas,  Merval Pereira.

Seguindo a lógica de que o jornalismo é aquilo que se deseja, Merval previu uma derrota do governo no julgamento sobre o rito do impeachment no STF e, mais uma vez, perdeu feio.

Contaminado por sentimentos ou emoções relativas aos acontecimentos, ou apenas fazendo o neojornalismo do século XXI, ou ambos, Merval pagou um mico e tanto, o que, no entanto, não será motivo para que o imortal produza outras aberrações  através de seus textos.


O quarto artigo fala sobre as manifestações que ocorreram no dia 16, manifestações contrárias  ao impeachment da presidenta da república.

Como é de conhecimento do caro leitor, no domingo passado ocorreram manifestações a favor do impeachment de Dilma, e a mídia privada deu amplo destaque, em tempo real, sobre o que acontecia pelas ruas das cidades brasileiras. 

Não faltaram inserções de intrépidos repórteres durante a grade de programação das emissoras de TV , relatando a movimentação das ruas , favoráveis ao impeachment.
Uma ampla cobertura, desproporcional para a magnitude do evento, tendo em vista a pouca adesão aos protestos.

Em algumas cidades em que ocorreram protestos, a adesão foi tão baixa que o destaque da manifestação ficou por conta dos helicópteros das emissoras de  rádio e TV que sobrevoavam os locais.

E eis que no dia 16, dia em que ocorre a manifestação contrária ao impeachment, a mesma mídia não produz a mesma cobertura de poucos dias atrás, longe mesmo de fazer uma cobertura honesta, e ainda apresenta números totalmente dissonantes da realidade, como no caso dos 3 mil manifestantes na cidade  de São Paulo quando de fato estiveram por ali algo em torno de 50 mil pessoas, número bem próximo dos 80 mil manifestantes que ocuparam as ruas de locais onde aconteceram manifestações pró -impeachment no domingo, em todo o país.

Uma manipulação grosseira, absurda, que reflete o absurdo da crise , essa sim uma crise, que vive o país.


E por fim, sem a menor intenção de esgotar o assunto, o quinto artigo.

Trata-se da não menos conhecida jornalista demitida da Folha de SP e admitida no Estado de SP e Globo News.

A Jornalista, seguindo a linha de irracionalidade dos executivos  de TV Globo, dos deputados de SP, de Merval , e da Mídia privada, propõe que protestos não aconteçam em dias de semana para não prejudicar o trânsito nas cidades.

Ora, manifestações e  protestos são atos políticos, são formas de se fazer política e de se  chamar atenção da opinião pública para temas e questões sem destaque nos meios de comunicação, e/ou ainda, reforçar opiniões já conhecidas como forma de pressão sobre a opinião pública e também sobre as instituições.

Manifestações e protestos não são programas de domingos em ruas e avenidas destinadas ao lazer da população.

O que talvez tenha incomodado a jornalista foi o número expressivo de manifestantes contrários a tese do impeachment.

Manifestantes que ali estavam não por terem sido convocados pelas emissoras de rádio, televisões e jornais para um programa político recreativo em tardes de domingo, mas sim fruto de suas convicções políticas e sociais.

Cinco artigos, cinco aspectos de uma crise real que assola o país.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

PIG pautado por bandidos

'A imprensa está pautada por bandidos', alerta Jorge Furtado

Segundo Furtado, a irresponsabilidade da mídia alimenta o espírito golpista da sociedade, na medida em que não oferece uma correta leitura da realidade.


Naira Hofmeister
reprodução
A memória prodigiosa para “lembrar de nomes esquisitos” somada à curiosidade investigativa permitiu ao cineasta Jorge Furtado criar uma pequena enciclopédia de casos que exemplificam como a imprensa trai seu compromisso de informar o cidadão no Brasil.

Ele deu uma amostra disso ao público que assistiu a sua palestra na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, no último sábado, 12 de dezembro. Disse mais: que a irresponsabilidade da mídia alimenta o espírito golpista da sociedade, na medida em que não oferece uma correta leitura da realidade brasileira.

“Os jornais estão impregnados de ideologia. A infâmia e a fama são absolutas nessa era da mídia”, lamentou.

Apesar de sua crítica da imprensa, Furtado tinha uma perspectiva positiva, graças à novíssima lei que garante o Direito de Resposta àqueles que se sintam prejudicados por uma matéria distorcida ou mal apurada. “É uma novidade que pode mudar muita coisa”, exaltou o cineasta, apontando o episódio.

Mal sabia Furtado que dois dias após sua fala, a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) – que representa os conglomerados de comunicação do país – entraria com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para cassar a recém-editada lei, nesta segunda-feira (14).

Segundo o portal especializado Jota, a Ação Direta de Inconstitucionalidade tenta anular cinco dos 12 artigos que regulamentam o Direito de Resposta. A justificativa da ANJ é que a norma “afronta garantias constitucionais a exemplo do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa”, entre outros.

“Na prática, o instituto do direito de resposta, ao invés de pluralizar o debate democrático, converteu-se em instrumento capaz de promover grave e inadmissível efeito silenciador sobre a imprensa”, defendem os jornalões.

O cineasta não sabia ainda da iniciativa dos empresários da comunicação, mas de sua palestra pode-se concluir que daria uma gargalhada diante dos argumentos.

“A imprensa publica o que quer, sem checar nenhuma denúncia. Depois, quando elas não se confirmam, ninguém volta para retificar”, condenou no sábado.

Além da investida contrária da ANJ, a força da medida ficou evidente quando O Globo publicou uma errata na capa do jornal, desmentindo uma informação que havia sido manchete em outubro e que vinculava o filho de Lula à corrupção investigada pela Operação Lava Jato - não por força da Justiça, mas por iniciativa própria do jornal, dado que a norma estava por ser assinada pela presidenta Dilma Rousseff.

O caso Rubnei Quícoli

Um dos “nomes estranhos” que Jorge Furtado nunca apagou da memória é Rubnei Quícoli – “já pensou um personagem com nome desses?”, introduziu.

Rubnei Quícoli protagonizou uma ficção em 2010, mas ela saiu no jornal como verdade e Furtado lembra do episódio com detalhes. “Deram uma foto de meia página dele com um terno preto em cima de um edifício muito alto. Parecia assim uma campanha da Hugo Boss”, comparou.

A imagem ilustrava uma reportagem em que Quícoli acusava a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra de ter cobrado propina para negociar um empréstimo do BNDES a um empreendimento seu na área de energia eólica.

Erenice chegou a ser investigada, mas nada sendo provado contra ela, o processo foi arquivado. A Folha de S.Paulo se limitou a noticiar o fim do inquérito.

A indignação de Furtado, entretanto, recai sobre o inusitado fato de que o denunciante, Quícoli, era um bandido com extensa ficha criminal. “Ele tinha várias passagens pela polícia. Chegou a tentar vender um caminhão e sua carga roubada ao antigo dono e depois tentou matar o motorista que o entregou”, recordou.

“E esse sujeito ocupa a capa da Folha de S.Paulo”, surpreende-se, passados já cinco anos do episódio.

Furtado coloca no mesmo cesto outros nomes que memórias ordinárias são capazes de reconhecer: o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) ou os delatores da Lava Jato. “São bandidos que alimentam diariamente a imprensa, são eles que fazem as capas de jornais diariamente”, conclui.

A corrupção na Petrobras

O cineasta – que levou às telas de cinema seu olhar sobre a imprensa brasileira no documentário O Mercado de Notícias (fragmentos podem ser assistidos aqui;http://www.omercadodenoticias.com.br/) – condena a partidarização da imprensa no Brasil, coisa que, aliás, foi assumida pela ex-presidente da ANJ Judith Brito, quando ainda comandava a entidade: “Os meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”, ela explicou em 2010.

“Neste caso, a imprensa assume que deixa de fazer jornalismo e passa a fazer política. Não se dedica mais a buscar a verdade factual e isso é um grave problema para a democracia”, defendeu.

Furtado exemplificou, com o caso da Petrobras, que o senso comum já se acostumou a relacionar a uma desvalorização e desmonte que seriam consequências diretas da corrupção ocorrida nestes 13 anos de governo do PT.

“Só que outro dia descobri que a Petrobras se tornou a maior petrolífera do mundo este ano! Que bateu o recorde de exploração de petróleo, alcançando 1 bilhão de barris. Esse ano!”, repetiu.

Ele também leu manchetes dos jornais dos anos 60, nas quais eram relatados problemas de corrupção graves na estatal. Lembrou ainda que as denúncias dos jornalistas Paulo Francis, na década de 90, e Ricardo Boechat ainda nos anos 80 sobre os desvios de verba para uso pessoal na Petrobras. Boechat, hoje no grupo Bandeirantes, ganhou o prêmio mais respeitado do jornalismo brasileiro com sua investigação, O Esso.

Mesmo analisado o atual escândalo, Furtado lembra que em seus depoimentos, os delatores dizem que “essa quadrilha” operava na Petrobras desde 1997 – antes, portanto, de o PT assumir o Palácio do Planalto.

Outro elemento que lhe causou estranhamento foi ver uma reportagem sobre o pagamento de propina na estatal ilustrada com a imagem de uma lista dos receptores de dinheiro. O jornal borrou um trecho onde aparecia a inscrição “15M para JS”, seguidos do endereço e do telefone do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB).

“Puseram uma tarja preta para não mostrar a vinculação com Serra. Mas quando o Bumlai (José Carlos Bumlai) foi preso, ele era o ‘amigo do Lula’”, comparou.

“A eleição não terminou”

O bate-papo com Jorge Furtado foi uma promoção dos gabinetes dos deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) Stela Farias (estadual) e Henrique Fontana (federal).

Era um momento que vinha sendo acalentado desde o ano passado, ainda quando se discutia a reforma política que acabou saindo de maneira enviesada. Na ocasião, se achou melhor deixar “para depois da eleição”.

“Só que a eleição ainda não terminou, ela não termina nunca”, lamentou o cineasta.

Fonte: CARTA MAIOR

Terrorismo de Mercado

Existe diferença entre um terrorista e um criminoso comum?

Bush e Blair foram responsáveis por mais mortes do que o Estado Islâmico e o governo Assad juntos. Bush e Blair seriam classificados como mega terroristas?


Por Robert Fisk *
wikimedia commons
Investigadores policiais e jornalistas têm muito em comum. Ambos estudamos as fraquezas humanas. Temos uma relação parasitária. E suponho ser somente natural que caiamos no esquemático com respeito ao crime.

Nos últimos anos, eu descobri que existe o crime puro e simples (ou crime gangster, ou de estudantes com loucura de gatilho, ou antiabortista, ou de esquadrões da máfia), e o “crime terrorista”, para o qual as partes devem ser qualificadas por ter uma raiva política, por serem aderentes a uma corrente religiosa – inspirados em forma direta ou de algum outro modo – e serem membros regulares, malignos, messiânicos, sádicos, doentes, medievais, de uma “cultura da morte”. Entre estes últimos, é preciso dizer, estão os “radicais cultivados em sua pátria” que assassinam pessoas de qualquer religião devido às aventuras do Ocidente no Oriente Médio.

Na verdade, isso significa que o crime “ordinário” – o assassinato em massa de ocidentais cometido por outros ocidentais, por dinheiro, cobiça, vingança pessoal, desejo de matar pessoas ou algum motivo relacionado com as drogas – é tratado como algo normal. Mas o crime “relacionado com o terrorismo” quase sempre indica que se está responsabilizando os muçulmanos. Em outras palavras, os criminosos são amigos nossos, enquanto os terroristas são muçulmanos de pele escura, que odeiam nossos valores, querem cortar nossas cabeças e, obviamente, estão loucos.

Já vimos o quanto essa bobagem é insustentável depois da matança de 14 estadunidenses inocentes na Califórnia. No começo, os policiais do país disseram não saber se era um crime “relacionado com o terrorismo”, o chamaram de “tiroteio massivo”. Em vários canais, foi dito que os assassinatos foram o resultado de uma disputa, que o homem que apertou o gatilho estava furioso, supostamente devido aos insultos de uma das 14 vítimas. Mas logo se viu que ele tinha nome muçulmano, e que, junto com sua esposa, possuía um arsenal em casa, e ao que parece havia jurado “lealdade” ao Estado Islâmico. Então, o tiroteio massivo se transformou em “ato de terror”. Para maior confusão com a nova definição, os policiais disseram que não acreditavam que o casal teve contato direto com o Estado Islâmico, apesar do grupo ter atribuído a si a responsabilidade do ocorrido. Logo se soube que o casal havia sido “radicalizado” – algo que a máfia não pratica – anos antes da matança.

No crime das punhaladas, na estação do metrô de Londres, na semana passada, também se confundiu a semântica. No começo, a polícia “investigava uma facada em Leytonstone”, mas depois surgiu uma gravação em vídeo que registrou um homem que gritava “isto é pela Síria” e um civil que respondia “você não é muçulmano”, e a polícia o considerou um “incidente terrorista”. O primeiro-ministro David Cameron deu muito peso a essa frase: “você não é muçulmano”. Até agora, apenas um homem foi acusado por tentativa de homicídio.

Tudo isso é um tanto estranho. Nos Anos 80, quando o exército britânico e o IRA (sigla em inglês do Exército Republicano Irlandês), lutavam ferozmente na Irlanda do Norte, o governo britânico estava desesperado em busca de um meio de colocar no IRA a etiqueta de criminosos: criminosos impiedosos, desesperados, inclusive terroristas, mas sobretudo criminosos comuns, que deviam responder diante da lei e ser sentenciados a muitos anos de prisão, qualquer que fosse a razão de sua violenta campanha. Logo, os membros capturados do IRA decidiram que queriam ser chamados de “presos políticos” – a versão cortês de terroristas – porque queriam que seus assassinatos, roubos e intimidações fossem vistas como “crimes políticos”, separados da ralé de mafiosos, jagunços, estupradores e sádicos que habitam todas as sociedades, incluindo a da Irlanda do Norte.

Tão entusiasmados estavam em reclamar seu status “político” que fizeram uma greve de fome. Dez deles morreram sob a indiferença de Margaret Thatcher. Mas logo, o governo britânico cedeu a quase todas as demandas do IRA. Os membros da agrupação se tornaram “políticos” e foram libertados quando se declarou a “paz”, enquanto os rufiões e assassinos da Irlanda do Norte continuaram sob o arbítrio de sua majestade.

Então, a pergunta é: existe alguma vantagem entre ser “terrorista” e um criminoso ordinário? Suponho que depende de quanto vale a sua vida. Para os combatentes britânicos do Estado Islâmico, Reyaad Khan e Ruhul Amin, mortos em ataque de drones também britânicos, ser classificados como terroristas foi fatal. Suas mortes – leia-se execuções – foram, segundo Cameron “necessárias e proporcionadas pela autodefesa individual (sic) do Reino Unido”. Os ataques foram planejados na Grã-Bretanha.

Em outras palavras, o primeiro-ministro não mandaria um drone para aniquilar um assassino escolar de Leicester, ou a um jagunço do East End de Londres, ainda que ele estivesse planejando outra matança. Khan e Amin tiveram que estar longe e trabalhando em favor do Estado Islâmico para que se pudessem justificar um ataque com drones. Então, Cameron e nossos rapazes os sentenciaram à morte.

Entretanto, a dicotomia criminoso/terrorista se estende a outros âmbitos. A mais recente afirmação dos opositores sírios sobre Bashar Al Assad – que ele é um “terrorista” muito maior que o Estado Islâmico, porque matou mais gente que o grupo islâmico (seis vezes mais, segundo o Canal 4 britânico) – sugere que o mero número de homens, mulheres e crianças vítimas num determinado ataque é o fator que determina se os responsáveis por ele é um criminoso comum ou um terrorista. Ou talvez significa que um grupo “terrorista” com aspirações de matanças mais modestas –possivelmente o Estado Islâmico, neste caso – é menos horrível que um grupo terrorista ainda com mais munições em suas armas.

Mas esperem um minuto. Se levássemos o exemplo de Assad à sua conclusão lógica, teríamos que definir os senhores Bush e Blair – devido à invasão ilegal do Iraque, em 2003 – como responsáveis pela destruição de mais vidas inocentes que o Estado Islâmico e o governo de Assad juntos. E então, Bush e Blair seriam classificados como mega terroristas? Ou somente são criminosos – embora criminosos “de guerra”, o que, em teoria, os levaria à Corte Internacional de Haia – e portanto eles e seus países estão absolutamente a salvo de ataques de drones, e jamais serão chamados “terroristas”?

* Jornalista e escritor britânico que vive em Beirute, premiado várias vezes por seus trabalhos sobre o Oriente Médio. É um dos poucos jornalistas ocidentais que fala árabe fluentemente.

Tradução: Victor Farinelli

Fonte: CARTA MAIOR
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Ninguém mais se lembra dos 5 jovens fuzilados pela polícia do Rio.

Postado em 17 dez 2015
jovens fuzilados

Há pouco mais de duas semanas, cinco rapazes negros foram metralhados pela polícia no Rio de Janeiro. A despeito dos mais de 100 tiros disparados e de estarem desarmados, o crime sumiu do noticiário nacional. Nos dias seguintes ao homicídio houve comoção, luto nas redes sociais e manifestações na comunidade onde os jovens moravam, mas nada com a intensidade de recentes protestos ocorridos nos Estados Unidos por causa da morte de negros pelas mãos de policiais.

Um artigo publicado no Washington Post cita este crime para perguntar por que no Brasil não existe um movimento como o ““Black Lives Matter” (“Vidas Negras Importam”), criado nos EUA como reação à epidemia de assassinatos de jovens negros.

Não é possível ter uma resposta única e definitiva para este questionamento, mas a chave para entender o problema está na forma como as diferenças de privilégios entre brancos e negros foram abafadas sob o mito da democracia racial.

Se por um lado os negros foram deixados à própria sorte após a abolição da escravatura, por outro construiu-se uma oportuna exaltação do Brasil como um país mestiço.

Esta visão sobreviveu ao longo de décadas, com a falsa noção de que a inexistência de segregação institucional como nos Estados Unidos ou na África do Sul impediu que o racismo florescesse aqui.

Como “não somos racistas”, não há necessidade de implantar medidas que diminuam o abismo social entre negros e brancos. As diferenças, segundo os que recusam o racismo, são motivadas por causas socioeconômicas, nunca pelas diferenças raciais, não importa se estatísticas irrefutáveis mostrem que a maioria dos jovens vítimas de homicídios são negros.

Ao comentar a morte dos cinco jovens, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, foi enfático ao dizer que o crime não envolveu racismo. Pode ser que ele, como político, tenha defendido esta opinião para não precisar se comprometer em resolver o problema.

Mas a fala reverbera a opinião de muita gente, inclusive negra, que ainda está imbuída das consequências de interpretações levianas do livro “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre.

“Hoje em dia tudo é racismo”, costumam dizer enquanto criticam o sistema de cotas raciais ou minimizam ataques contra negras famosas nas redes sociais.

O que parece um comentário raso baseado em senso comum na verdade é consequência de um processo histórico de negação do racismo, fazendo com que até negros estufem o peito para dizer que não existe preconceito de cor no Brasil.

Protestos contra o extermínio dos jovens negros existem, mas entre os participantes predominam militantes dos direitos humanos ou da causa negra. O cidadão médio fica fora dessa.

Pouquíssimos políticos adotaram o problema como frente de trabalho, sinal de que combater o racismo não rende tantos votos como declarar guerra às drogas ou fiscalizar a sexualidade alheia.

Para complicar, os elevados índices de assassinatos e mortes violentas no país criaram uma espécie de letargia na população. “Brasil perdeu a sensibilidade para o absurdo”, disse o cineasta José Padilha em entrevista para Trip TV, referindo-se, de modo geral, à criminalidade no país.

Uma coisa que Padilha não comenta é que esta sensibilidade depende da cor da pele dos envolvidos. Se os cinco rapazes fuzilados fossem brancos e estivessem na zona sul, estariam até hoje nos noticiários. Saberíamos dos seus planos, haveria entrevistas com namoradas, professores, vizinhos, com direito a música de fundo para arrancar lágrimas do expectadores mais sensíveis.
 
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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O textos são excelentes.

De fato, terrorista é aquele que se deseja matar, guerrear, justificar pilhagens, lançar planos governamentais contra o terrorismo que servem para outros fins, incitar conflitos religiosos, perseguir adversários políticos, roubar,  etc...

Em uma definição genérica de terrorismo consta um trecho de que trata-se de uma atividade difusa com atos praticados contra pessoas inocentes , sem aviso prévio.

E aí pergunto ao caro leitor, que se não foi assaltado pelo menos conhece alguém que já foi vítima de assalto, se o assaltante criminoso combinou previamente com a vítima o dia e hora do crime.

Se combinou não é terrorismo, é crime legal, dentro da lei, aprovado pelos governos desse mundo civilizado próspero.

Agora mesmo  para combater os terroristas do Estado Islâmico que mataram mais de 100 pessoas inocentes em Paris, a França, e a coalização internacional ,vão despejar bombas em locais onde supostamente estariam os membros do EI.

Certamente, como sempre acontece nesses casos, centenas ou  mesmo milhares de pessoas inocentes   morrerão e outras tantas serão atingidas pelos artefatos bélicos.

Seria o ato da coalização um ato terrorista ?

É sabido que lutas e conflitos  desse tipo , na maioria da vezes , não são resolvidos com guerras.

Foi o caso do IRA - Exército Republicano Irlandês - e agora o caso das FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

O luta das FARC com governos da Colômbia já dura quase meio século, com milhares de mortos dos dois lados, outros tantos que sobreviveram e ficaram mutilados e , ainda, uma legião de refugiados que fugiu do país por causa do conflito. 
Adicione-se a tudo isso, que já não é pouca coisa, as crises políticas e econômicas vividas pelo país em decorrência do conflito.

A solução  do  longo conflito está sendo conseguida não com a utilização marqueteira e comercial de artefatos e equipamentos de guerra de  última geração, mas sim através da negociação e do diálogo, caminhos naturalmente civilizados.

Alguns capins , ou mesmo aspirantes a capim, dirão que negociações desse tipo são difíceis e complexas, ainda mais se tratando de oriente médio.

De fato , como são bem difíceis todas as negociações envolvendo múltiplos interesses .

No entanto, para que negociações existam e avancem, se faz necessário que exista, de fato, interesse em solucionar os conflitos.

Quando os conflitos são apenas um pano de fundo para outros interesses geopolíticos, como no caso do oriente médio, tais conflitos não se solucionam, apesar da retórica de combate e de busca por soluções pacíficas.


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Cunha e seus amigos

Cunha e seus amigos; algumas imagens

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

No dia em que Catilina, digo, Eduardo Cunha vira alvo da PF, algumas imagens não podem ser esquecidas…



Essa é a turma que quer tirar Dilma do poder, em nome da ética: Kataguri, Bolsonaro e o líder tucano Carlos Sampaio; vão dar as caras hoje para defender Eduardo Cunha, grande líder do impeachment?




Marta entrou no PMDB, em busca de um ambiente mais ético: vai aparecer hoje no JN ou no site da Veja para defender o novo amigo?



Eduardo Cunha era o herói das marchas que, desde março, pregam o golpe; por isso que o impeachment virou mico no 13 de dezembro



No começo do ano, Cunha fazia tabelinha com a família Marinho: agora a Globo quer se livrar do herói do impeachment.
 
FONTE: Blog do Miro

COP-21. Sucesso ou Fracasso ?


COP21: Sucesso histórico ou fracasso velado?

 Por Ana Carolina Amaral, de Paris, especial para a Envolverde –

Os detalhes do acordo que tentou salvar o mundo no fim de semana.
Sem definir compromissos claros ou assegurar uma meta que garanta um futuro seguro para o clima, o Acordo de Paris, adotado na noite do último sábado pelos 195 países membros da ONU, é um sucesso histórico pelo consenso conseguido entre todas as nações sobre a importância e a urgência de se agir contra as mudanças climáticas provocadas pelo homem. É a primeira vez que uma Conferência das Partes da ONU sobre o Clima não deixa espaço para os negacionistas das mudanças climáticas; contorna os dificultadores e acomoda interesses conflitantes em um único texto. Até nas suas fragilidades, como as metas voluntárias em vez de legalmente obrigatórias, o acordo faz História e pode iluminar novos rumos: para o clima e para a diplomacia.

Em entrevista exclusiva após a plenária final que adotou o acordo, o presidente da Conferência e ministro de relações exteriores da França, Laurent Fabius

Para as mudanças climáticas, o acordo só poderá ser julgado pelo seu sucesso em 2050, se alcançar a neutralização das emissões. Foto: Shutterstock
, revelou ter estudado o processo da COP-15, em Copenhague – considerada um fracasso, em 2009, por não ter conseguido consenso em torno de um documento, que começaria a valer agora em substituição ao protocolo de Quioto. “Nós procuramos identificar as razões pelas quais houve uma série de falhas em Copenhague. Foi daí que eu e o presidente da França decidimos fazer desse modo agora.”

Como eles conseguiram
Entre os pontos da condução francesa que viabilizaram o acordo, Fabius destaca a inversão de estratégia no convite aos líderes nacionais. “Nós decidimos trazer os Chefes de Estado e de governo primeiro para dar um impulso político. E foi muito importante, porque todos eles disseram: ‘você tem que entregar’. E isso deu um mandato para as pessoas [os negociadores]. Enquanto em Copenhague, os presidentes vieram no final e, infelizmente, não podiam fazer nada se as coisas não estavam prontas.”

Assim como a presença dos Chefes de Estado na estreia, em que todos afirmaram sua vontade de chegar a um acordo pelo clima, outra novidade que criou ambiente para as negociações foi o convite para que os países apresentassem, ao longo do ano, suas metas voluntárias para redução de emissões. Vista como um sinal de respeito às soberanias nacionais, a criação do INDC (Contribuições Pretendidas Nacionalmente Determinadas) encorajou a proatividade dos países e fez com que a Conferência começasse, em 30 de novembro, com meio caminho andado: 186 países já tinham apresentado suas contribuições, com resultados que representam, se implementados, 50% do esforço necessário para evitar uma elevação da temperatura em níveis destrutivos. O Brasil foi elogiado pelas metas de combate ao desmatamento ilegal e redução de 37% das emissões na próxima década. Estados Unidos e China, os dois maiores emissores do mundo, surpreenderam ao anunciar juntos seus cortes de emissões.

Ao final da primeira semana de negociação, o texto tinha reduzido suas indefinições pela metade. Para resolver o restante, Fabius formou quatro grupos de trabalho, cada um facilitado por uma dupla de ministros, para avançar nos principais nós do documento: implementação e financiamento, nível de ambição, diferenciação de responsabilidades e aceleração das ações entre 2015 e 2020. Se os grupos não tiraram da cartola respostas mágicas para acomodar interesses conflitantes entre os países envolvidos, ao menos encontraram saídas para viabilizar uma mensagem conjunta.

O documento
A meta do Acordo de Paris é o que torna o documento ambicioso e fraco ao mesmo tempo. Ambicioso, porque se compromete com um limite entre 2°C e 1,5°C no aumento da temperatura global. Fraco, porque não traz compromissos que reflitam a meta. Segundo Suzana Kahn, cientista brasileira que integra o o IPCC (painel científico da ONU para mudanças climáticas), “é extremamente improvável que fiquemos no cenário mais seguro, de 1,5°C, sendo que a humanidade já aqueceu 1°C desde o começo da era industrial. Até mesmo 2°C é ambicioso e vai exigir esforços tremendos.”

Um dia antes do acordo ser assinado, cientistas do IPCC reclamaram que o texto era incoerente, pois não mostrava um plano para alcançar essa meta ambiciosa de temperatura. Para contar com a assinatura de todos os países, o documento se manteve genérico: não cita prazos, nem metas comuns para que as emissões de gases-estufa comecem a cair. Isso deve acontecer apenas via contribuições nacionalmente determinadas e, segundo o texto, “o mais breve possível”.

Durante as negociações, organizações como o Observatório do Clima e a Avaaz cobraram um compromisso com a descarbonização da economia até 2050. Ou seja, para viabilizar o teto de aumento entre 2°C e 1,5°C, os investimentos deveriam migrar nas próximas décadas das fontes fósseis para as renováveis. Em vez de descarbonização, no entanto, o documento final estipula para 2050 a “neutralização das emissões”, o que valida a continuidade de emissões desde que elas sejam compensadas, com a estocagem de carbono.

Embora algumas ONGs, a exemplo da Biofuelwatch, tenham se preocupado com a abertura que essa linguagem pode representar para empresas do ramo dos combustíveis fósseis oferecerem tecnologias de captura e estocagem do carbono no subsolo (CCS) – caras, inseguras e questionadas pelos cientistas do clima; o documento aposta é na estocagem natural de carbono, através da restauração florestal.

Para isso, dois mecanismos defendidos pelo Brasil são descritos no texto: o REDD+, programa que remunera os países por reduzirem suas emissões evitando o desmatamento e a degradação florestal, e um novo mecanismo de mercado para comércio de carbono – a exemplo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo criado para o Protocolo de Quioto – que não estava proposto no primeiro rascunho de Paris e foi trazido à mesa pelo Brasil, em conjunto com a União Europeia, nessa última semana. Juntos, os dois mecanismos ajudam a implementar a meta de neutralização das emissões até a primeira metade do século, apoiando financeiramente países em desenvolvimento e detentores de grandes áreas florestais.

Os dois pontos em que os compromissos mais avançaram foram a revisão das metas nacionais a cada cinco anos e a transparência na prestação de contas da redução de emissões, através de um sistema único que garanta métricas equivalentes entre os diversos países. No entanto, a questão do financiamento, considerado o principal nó do acordo porque implica uma definição sobre as diferentes responsabilidades, ficou fragilizada.

Houve aceitação geral de que o investimento financeiro deve se dividir equilibradamente para apoiar ambos os processos de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento. Porém, sem o entendimento sobre o financiamento de longo prazo, decidiu-se postegar para até 2025 o aporte de 100 bilhões de dólares anuais com que os países desenvolvidos já tinham se comprometido na COP-15, em 2009, previsto na época para durar de 2015 a 2020. O problema é que o documento não sugere que esse valor seja aumentado no fim do período, nem esclarece o que acontecerá depois. E os diversos estudos sobre os impactos do aquecimento global apontam em uníssono que esse montante é insuficiente: o mundo precisaria se preparar para custos climáticos na ordem dos trilhões.

Para começar a resolver a disputa clássica das COPs do Clima sobre as diferenciação de responsabilidades, mais uma proposta brasileira foi contemplada: a progressão do nível de responsabilidades, respeitando as diferenças históricas e capacidades atuais dos países em desenvolvimento, mas caminhando para uma convergência nos níveis de comprometimento. Com isso, tende a aumentar a participação das economias emergentes, como o Brasil, no pagamento da conta do clima.

Por fim, os mais prejudicados são mesmo os países mais vulneráveis, especialmente as ilhas. Ameaçadas de ficarem submersas em um mundo que esquente mais de 1,5°C, elas pareciam ter conseguido que o documento “não deixe ninguém para trás”, com a citação de um esforço para chegar ao aumento máximo de 1,5°C – o que rendeu à COP-21 o título de sucesso em ambição, ainda que os cientistas tenham deixado claro a improbabilidade da meta. No entanto, a menção ao limite de 1,5°C saiu cara aos pequenos países. No parágrafo que cita os cuidados para evitar e reparar as perdas e danos causadas pelas mudanças climáticas, há a citação clara, no artigo 52, de que isso “não envolve nem fornece uma base para qualquer responsabilidade ou compensação”. Isso quer dizer que os países desenvolvidos, responsáveis historicamente pelas emissões que aquecem o planeta, eximem-se de financiar a recuperação dos países mais vulneráveis, que já estão sendo prejudicados por eventos climáticos extremos.

Reações na plenária final
A Nicarágua foi o único país que reclamou, entre as declarações que seguiram a adoção do acordo. Seu negociador-chefe, Paul Oquist, exigiu a eliminação do artigo 52, que exime as responsabilidades sobre perdas e danos. Ele lembrou que as metas nacionais apresentadas neste ano levam a um cenário de 3°C e, portanto, não são suficientes para cumprir o objetivo de limitar o aquecimento a 1,5°C. “Não podemos mandar nossos netos a um cenário de mais 3°C e eliminar, já em 2015, seu direito a pedir compensação pelas suas perdas”, arrematou.

Países como Arábia Saudita, Rússia e Venezuela, cujos discursos ainda causam apreensão pelas vezes em que já dificultaram o acordo, dessa vez seguiram a linha dos demais: comemoraram o resultado e elogiaram a condução do processo. Ainda na plenária final, mais três países anunciaram suas INDCs: Ilha de São Cristóvão, Venezuela e Palestina, que é hoje um país observador no sistema da ONU. “Repetimos muitas vezes nessa negociação que ninguém pode ser deixado para trás. E a Palestina não pode ser deixada para trás”, declarou, emocionado, o embaixador Riyad Mansour, quando a plenária final já passava da meia-noite.

“Esta foi a última vez que a Palestina fala por último apenas como um estado observador”, ele prometeu, comprometendo-se com os esforços pela paz e pelo clima. O negociador brasileiro Raphael Azeredo, satisfeito com um acordo que reflete as posições defendidas pelo Brasil, declarou que o país “continua pensando que o multilateralismo é a melhor forma de resolver nossos problemas comuns”.

Momentum
Anfitriões de revoluções históricas, os franceses sabem como criar um “momentum” – ou melhor, um clima. Isso foi visto ao longo do ano e nos 15 dias de COP-21. Aliás, “momentum for change” foi o nome de uma das agendas paralelas às negociações que buscou mostrar as iniciativas locais e intersetoriais que já sinalizam uma transição inevitável para uma economia de baixo carbono. Com tudo isso, criou-se um ambiente de proatividade, sob a mensagem de que a mudança já está em curso.

As metas são diversas, voluntárias e é factível que simplesmente não sejam implementadas. Mas aí não faltam lembretes de que o Protocolo de Quioto, mesmo sob força de lei, também não foi cumprido. Um acordo que não obriga ninguém a nada é uma prova de que os líderes globais são mesmo apenas aquilo que lhes delegamos: representantes.

Se não houvesse acordo, é provável que sairíamos de Paris falando que os anúncios voluntários de desinvestimento em fósseis já representam o fim da era do carbono. Não é o acordo, portanto, que significa essa mudança de era: é o momento em si. E ele se constrói pelos atores locais: prefeituras, governos, empresas, organizações da sociedade civil e, em especial, coalizões que combinam esses setores somando esforços locais a internacionais.

Não é à toa que até as organizações mais críticas reconheceram o documento como um sucesso: ele também mostra uma mudança de expectativa em relação ao papel dos líderes mundiais, que apenas representam em escala global o que o mundo dos representados localmente constrói. A sociedade global está se reinventando e não cabia mais na História um fracasso que ignorasse essa virada de rumo.

O Acordo de Paris, longe de ser o salvador do mundo, é o salvador da diplomacia. Ele inverteu processos, prioridades e o que era sua maior fraqueza para encontrar uma lei comum aos 195 países – dada a diversidade de condições e cenários -, gerou uma novidade: a aposta na proatividade das metas voluntárias, com respeito à soberania dos países e suas diferentes capacidades. É digno da qualificação de “sucesso histórico” em tempos de um multilateralismo ameaçado pela sua própria reputação.

Já para as mudanças climáticas, o acordo só poderá ser julgado pelo seu sucesso em 2050, se alcançar a neutralização das emissões. É histórico, simplesmente, por conta do consenso inédito. De resto, não traz compromissos suficientes, nem garantias. Mas traz, sim, o necessário reconhecimento global de que a Ciência estava certa e de que cabe a todos nós, representantes e representados, fazer valer essa transição. Sem detalhar a rota, o Acordo de Paris ilumina um rumo. (#Envolverde)

*Ana Carolina Amaral é jornalista formada pela Unesp, mestra em Ciências Holísticas pelo Schumacher College (UK) e moderadora da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental.

 
Fonte: ENVOLVERDE