segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Ela desatinou

Manifestantes cercam Haddad e Suplicy e gritam: aqui é a terra dos coxinhas


Por redacao outubro 24, 2015 19:39
O  jornalista e amigo Bruno Torturra acaba de reproduzir no seu perfil do Facebook um vídeo feito pelo Fluxo que dá a dimensão do grau de intolerância dos manifestantes antipetistas.
Eles foram até a Livraria Cultura, na entrevista ao vivo que o prefeito Fernando Haddad deu à Rádio CBN, para agredir verbalmente e ameaçar o prefeito Haddad.
Foi um show de horrores, como você pode ver no vídeo.
Mas no meio de toda a barbárie, uma cena é reveladora. Uma mulher de meia idade, completamente ensandecida, grita: “aqui é trabalho, aqui é terra dos coxinhas”.
Você pode ficar puto, com raiva, mas eu lhe recomendo dar risada.
Afinal,  esse pessoal só pode estar brincando.
Eles não podem estar fazendo tudo isso pra que a gente lhes leve a sério. Até porque isso significaria processar cada um deles por constrangimento público.
Aliás, o prefeito e o ex-senador Suplicy bem que poderiam pensar se não é o caso.

Fonte: Blog do Rovai
______________________________________________________

Os coxinha (sic) são a cara de SP?

publicado 26/10/2015
Até quando os paulistas de bem vão ficar calados?
bessinha desfile fashion FHC e serra
A propósito do vídeo daquela da "terra dos coxinha", o Conversa Afiada mereceu esse comentário do amigo navegante Donizette Lima do Nascimento:
Fico imaginando até quando os paulistas de bem de todo o Estado, não só da capital, vão aturar a balela desses coxinhas. reajam antes que eles segreguem todos vocês.

Em 1932, com medo de perder a hegemonia no cenário político e econômico, o governo de SP tentou uma dita, "revolução dita constitucionalista", mas que, no fundo era, sim, conservadora, de revolucionária de verdade nada tinha. não queriam perder o prestigio de locomotiva conquistado à custa de muito trabalho escravo ou semi e de muitos imigrantes internos e externos (acho que se se fizer uma pesquisa, todo paulista nascido nos ultimos 10 anos tem um parente pai, avô, bisavô(ó) de outro estado principalmente de Minas e do nordeste.

já na colonização a matriz genética paulistana foram os índios das missões e no centro norte do Brasil. basta ler Oliveira Viana, Rocha Pitta dentre outros historiadores, até os mais recentes.

Para muitos coxinhas paulistanos, o Brasil se resume a São Paulo e as coisas que eles julgam melhor para o país. Veja se emendam, São Paulo é um estado importante, mas só são Paulo não faria o Brasil, apesar de muito do Brasil, não olhando a negatividade ou a positividade tenha começado em grande parte por São Paulo. Os homens e mulheres de bem não podem aceitar esse tipo de atitude.

XÔ Coxinhas!, A coisa tá tão braba que eles já estão concordando com o pseudônimo.

Fonte: CONVERSA AFIADA
_______________________________________________________

Ela desatinou, viu chegar quarta-feira
Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando
E ela inda está sambando
...


Tem muita gente que ainda não sabe  que as eleições de 2014 já se encerraram.

Dilma venceu por uma margem pequena de votos, mas  venceu.
Não aceitar o resultado é não enxergar que  quarta-feira  chegou e a festa acabou.
 
O direito de ficar chateado e com raiva é garantido à todos os perdedores.

Chiliques, desde que não descambem para violência, também são permitidos.

Bateção de panelas chiques nas espaçosas varandas perdedoras também são aceitos,  respeitando-se o horário do silêncio nas barulhentas cidades.

O que é inaceitável  são agressões  físicas ou verbais à pessoas do lado vencedor, vencedor pela quarta vez consecutiva.

É constrangedor constatar senhoras paulistanas quatrocentonas, em cenas  de vulgaridade , violência e baixaria explícita, como no caso da agressão aos políticos do PT.

Dizer ainda que  "aqui é trabalho' só revela a decadência política, econômica e social do Estado de São Paulo, governado por décadas pelo PSDB.

No entanto,  a senhora quatrocentona acerta quando diz que "aqui é terra dos coxinhas" , sinônimo da realidade decadente do estado de São Paulo, sinônimo do retrocesso civilizacional que assola o mundo e, também, sinônimo de grande parte de paulistanos.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Globo e crime. Tudo a ver

TVGlobo/SP não é da Globo

publicado 24/10/2015

Justiça vai devolver aos verdadeiros donos


O Operário Padrão !
O livro "O Quarto Poder" reproduz o requerimento original do destemido senador Roberto Requião, que pede ao Ministério Bernardizado das Comunicações informações sobre a apropriação que resultou na Rede Globo de São Paulo.Como se vê a seguir, as repostas bernardizadas ainda que bernardizadas, confirmam as premissas de Requião:
Justiça pode devolver TV Globo/SP a seus verdadeiros donos
Carlos Newton
Agrava-se a situação da Organização Globo e de seus controladores, no caso da usurpação do canal 5 de São Paulo por Roberto Marinho, numa audaciosa manobra de transferência ilegal de controle, executada paulatinamente entre 1964 e 1977, durante a ditadura militar.

Ao responder ao Requerimento de Informações nº 135/2014, apresentado pelo senador Roberto Requião (PMDB/PR), o Ministério das Comunicações afirmou, num primeiro momento, que no processo de outorga e de transferência do canal 5 (TV Paulista) não consta a promessa de venda entre o Sr. Victor Costa Júnior e o Sr. Roberto Marinho, datada de 9 de novembro de 1964. Registrou que não existe também “o recibo de compra no qual consta a venda das ações da Rádio Televisão Paulista S/A, pela família Ortiz Monteiro ao Sr. Roberto Marinho, datada de 5 de dezembro de 1964”, por apenas Cr$ 60.396,00, o equivalente a 35 dólares, na época.

Insatisfeito com a resposta oferecida, o parlamentar paranaense cobrou, por ofício aprovado pela Mesa do Senado, maiores esclarecimentos das autoridades e para isso concentrou sua análise em cima do ato societário que o Ministério das Comunicações admitiu como verdadeiro para Marinho se apossar da emissora, ou seja, uma Assembléia Geral Extraordinária supostamente realizada a 10 de fevereiro de 1965, na qual os acionistas teriam aprovado a subscrição de aumento de capital pelo próprio Marinho, para transformá-lo em acionista controlador do canal 5, hoje, TV Globo de São Paulo.



REQUIÃO PEDE EXPLICAÇÕES
Nessa direção, o senador Requião pediu que o Ministério das Comunicações explicasse os seguintes pontos:
1 – Por que numa Assembleia Geral Extraordinária de uma empresa que tinha mais de 600 acionistas compareceram apenas um acionista, chamado Armando Piovesan, titular de duas ações de um total de 30 mil, e o próprio interessado na subscrição do aumento de capital, Sr. Roberto Marinho, único beneficiário desse ato atípico?

2 – Como pôde o Sr. Armando Piovesan, redator da ata da AGE, ter garantido a instalação da AGE se os acionistas majoritários, da família Ortiz Monteiro, não lhe tinham dado procuração para representá-los? Como se tratou de um importantíssimo ato tido como real e que fundamentaria a expedição de uma Portaria com a prévia aprovação da Presidência da República, autorizando a transferência da concessão para o Sr. Roberto Marinho, como pôde o dito outorgado, Armando Piovesan, ter nessa assembleia representado os acionistas majoritários mortos em 1962 e 1964 e, que, por certo, não foram antecipadamente informados desse evento societário futuro?

3 – No caso, em que pese ao longo tempo transcorrido, não seria a empresa obrigada a exibir às autoridades o livro registrando a ata da AGE e a assinatura do outorgado com as respectivas procurações fornecidas pelos outorgantes mortos?

4 – Por que tal estranha situação se repetiu na suposta AGE de 30 de junho de 1976, ocasião em que o próprio Sr. Roberto Marinho assinou a ata e na qual ele mesmo atestou “a miraculosa” presença dos então acionistas majoritários e mortos HÁ MAIS DE 10 ANOS, ou que também teriam dado procurações específicas para terceiros desconhecidos representá-los? Onde está o livro de registro dessa importante AGE que garantiu a transferência de todas as ações dos mais de 600 acionistas fundadores da emissora para o Sr. Roberto Marinho e a custo zero, ou melhor, Cr$1,00 (um cruzeiro por ação)?



MINISTÉRIO SE OMITE
Sobre tão relevantes dúvidas, vejam o que responderam recentemente as autoridades do Ministério das Comunicações:

“Ora, se ao Judiciário não cabe se pronunciar de ofício sobre nulidade de deliberação assemblear, tampouco o pode fazer o Ministério das Comunicações. Ressalte-se que ao Ministério o que importa averiguar é a regularidade da empresa e de todos os sócios com relação às normas atinentes à radiodifusão, sendo necessária a apresentação da documentação exigida, o que foi feito”.

Ora, ora, se os atos societários promovidos em nome de acionistas majoritários mortos (que não podem ressuscitar, comparecer às AGEs nem serem representados) estão repletos de má-fé, ilegalidade e falsidade, como pode uma autoridade federal, diante de tamanhas evidências, alegar a impossibilidade de rever esses atos administrativos implementados em decorrência dessas montagens e simulações de assembleias?

Se o Ministério das Comunicações tem competência para solicitar esses documentos esclarecedores, por que não o faz? Teria decaído o seu direito de reexaminar tamanhas irregularidades e patifarias praticadas com o apoio do regime militar?

ATO NULO NÃO GERA DIREITOS

Na verdade, não há prescrição nem decadência de direito. Pelo contrário, o Ministério tem obrigação funcional de solicitar esses documentos à Rede Globo e à família Marinho, porque nenhum ato contaminado pela má-fé, pelo dolo e pela ilegalidade jamais estará amparado pela prescrição ou pela decadência do direito de revisão por parte da administração federal, segundo o artigo 54 da Lei Federal 9.784/99.

Ciente dessas simulações e da falsidade das procurações outorgadas por acionistas mortos de longa data e que geraram vantagem incomensurável ao beneficiário dessas ilegalidades, tanto que obteve a transferência da concessão para a exploração do canal 5 de São Paulo, sem razão de ser, o Ministério das Comunicações, hoje, passa a ser cúmplice desses desvios na medida em que se nega a exigir que a Organização Globo exiba esses documentos e explique esses “furos primários”, até para preservar a biografia de um dos maiores e mais bem sucedidos empresários do Brasil.


UMA GRANDE FARSA
Na verdade, Roberto Marinho montou uma grande farsa para se apossar do canal de TV, passando para trás os mais de 600 acionistas. Por óbvio, os acionistas majoritários da TV Paulista, que já estavam mortos, jamais compareceram a essas falsas Assembleias montadas pelo empresário carioca, que lesou os direitos dos herdeiros da família Ortiz Monteiro. Repita-se, com os acionistas controladores já estavam mortos, não podiam passar procurações ao cúmplice de Roberto Marinho, que atendia pelo nome de Armando Piovesan, o qual, ironicamente, nem soube da AGE de 30 de junho de 1976 e por isso também perdeu suas duas ações originais para o próprio Sr. Roberto Marinho.

Todos sabem que o proprietário de um carro deve mostrar às autoridades o documento de propriedade de seu veículo, por mais velho que seja. Mas no Brasil dos dias de hoje, a Organização Globo está dispensada de mostrar os meios e recursos legais usados para se apoderar do mais valioso canal de TV do Brasil. Onde estão os livros de registro das atas dessas importantes Assembleias, as assinaturas de seus participantes e as procurações dos MORTOS ausentes, mas bem representados por outorgados “VIVOS”?

E mais: é bom que o Ministério das Comunicações não ignore que no Supremo existe consenso considerando que, comprovada a má-fé do beneficiado pelo ato administrativo, é cabível a neutralização da decadência do direito de sua revisão. Ou seja, a concessão da TV pode voltar na Justiça a seus legítimos donos, os herdeiros dos controladores logrados por Marinho.

Fonte: CONVERSA AFIADA
___________________________________________________

RBS, afiliada da Globo, pagou R$ 11,7 milhões para conselheiro do CARF      

A Operação Zelotes apura o envolvimento de funcionários públicos e empresas no esquema de fraude fiscal que pode ter causado um prejuízo de R$ 19,6 bilhões


Najla Passos
reprodução















Documentos sigilosos vazados nesta quinta (22) comprovam que o Grupo RBS, o conglomerado de mídia líder no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pagou R$ 11,7 milhões à SGR Consultoria Empresarial, uma das empresas de fachada apontadas pela Operação Zelotes como responsáveis por operar o esquema de tráfico de influência, manipulação de sentenças e corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), o órgão vinculado ao Ministério da Fazenda que julga administrativamente os recursos das empresas multadas pela Receita Federal.

A SCR Consultoria Empresarial é umas das empresas do advogado e ex-conselheiro do CARF, José Ricardo da Silva, indicado para compor o órgão pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e apontado pela Polícia Federal (PF) como o principal mentor do esquema. Os documentos integram o Inquérito 4150, admitido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na  última segunda (19), que corre em segredo de justiça, sob a relatoria da ministra Carmem Silva, vice-presidente da corte.

Conduzida em parceria pela PF, Ministério Público Federal (MPF), Corregedoria Geral do Ministério da Fazenda e Receita Federal, a Operação Zelotes, deflagrada em março, apurou o envolvimento de funcionários públicos e empresas no esquema de fraude fiscal e venda de decisões do CARF que pode ter causado um prejuízo de R$ 19,6 bilhões aos cofres públicos. Segundo o MPF, 74 julgamentos realizados entre 2005 e 2013 estão sob suspeição.

As investigações apontam pelo menos doze empresas beneficiadas pelo esquema. Entre elas a RBS, que era devedora em processo que tramitava no CARF em 2009. O então conselheiro José Ricardo da Silva se declarou impedido de participar do julgamento e, em junho de 2013, o conglomerado de mídia saiu vitorioso. Antes disso, porém, a RBS transferiu de sua conta no Banco do Rio Grande do Sul, entre setembro de 2011 e janeiro de 2012, quatro parcelas de R$ 2.992.641,87 para a conta da SGR Consultoria Empresarial no Bradesco.

Dentre os documentos que integram o Inquérito 4150 conta também a transcrição de uma conversa telefônica entre outro ex-conselheiro do Carf, Paulo Roberto Cortez, e o presidente do órgão entre 1999 e 2005, Edison Pereira Rodrigues, na qual o primeiro afirmava que José Ricardo da Silva recebeu R$ 13 milhões da RBS. “Ele me prometeu uma migalha no êxito. Só da RBS ele recebeu R$ 13 milhões. Me prometeu R$ 150 mil”, reclamou Cortez com o então presidente do Carf.

Suspeitos ilustres

Os resultados das investigações feitas no âmbito da Operação Zelotes foram remetidos ao STF devido às suspeitas de participação de duas autoridades públicas com direito a foro privilegiado: o deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes. O deputado foi vice-presidente jurídico e institucional da RBS, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul. Os termos de sua participação no esquema ainda são desconhecidos.

Nardes, mais conhecido por ter sido o relator do parecer que rejeitou a prestação de contas da presidenta Dilma Rousseff relativa ao ano de 2014, por conta das polêmicas “pedaladas fiscais”, é suspeito de receber R$ 2,6 milhões da mesma SGR Consultoria, por meio da empresa Planalto Soluções e Negócios, da qual foi sócio até 2005 e que ainda hoje permanece registrada em nome de um sobrinho dele.

Processo disciplinar

Nesta quinta (22), a Corregedoria Geral do Ministério da Fazenda anunciou a instalação do primeiro processo disciplinar suscitado pelas investigações da Operação Zelotes. Em nota, o órgão informou que o caso se refere a uma negociações para que um conselheiro do CARF pedisse vistas de um processo, sob promessa de vantagem econômica indevida, em processo cujo crédito tributário soma cerca de R$ 113 milhões em valores atualizados até setembro.


 
 





Fonte: CARTA MAIOR
_________________________________________________________________

Orgânicos e reforma agrária

Feira da Reforma Agrária em SP oferece produtos sem agrotóxico a preços populares
23 outubro, 2015 - 09:44 — Vivian Fernandes


O Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do mundo, segundo o Ministério do Meio Ambiente. A Anvisa aponta que 64% dos alimentos estão contaminados por essas substâncias.

22/10/2015 Do Saúde Popular


Primeira Feira Nacional de Reforma Agrária | Foto: Joka Madruga
Algas marinhas comestíveis produzidas no litoral do Ceará, azeite do coco do babaçu do Maranhão, caldo de tucupi do Pará e sabonetes produzidos com mel de abelha do Sergipe. Esses são somente alguns dos produtos trazidos pelos mais de 500 agricultores, de 23 estados e Distrito Federal, que participam da 1a Feira Nacional da Reforma Agrária, na capital paulista. Além de acessar produtos de todo o país, a feira é uma oportunidade de cuidar da saúde, comprando alimentos sem agrotóxicos e a preços populares. O evento, realizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocorre até domingo (25) no Parque da Água Branca, no bairro Barra Funda.

“São produtos sem nenhuma substância química. A gente quer uma reforma agrária sem agrotóxicos, que as pessoas estejam livres desses venenos”, explicou a educadora do campo Milene Bezerra, 21 anos, enquanto apresentava os itens trazidos de assentamentos do Maranhão. Ela destaca que a decisão de produzir alimentos orgânicos beneficia tanto os trabalhadores, como consumidores. “Se a gente olhar o que está acontecendo com as pessoas que se alimentam com agrotóxico, vemos que a qualidade da saúde das pessoas está prejudicada. Não queremos isso para a gente, nem para quem a gente vende”, acrescentou.

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do mundo, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 64% dos alimentos estão contaminados por agrotóxicos. Em abril deste ano, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) criticou o modo como os agrotóxicos são utilizados no país e recomendou a redução do uso desses produtos. O instituto ressaltou os riscos para a saúde e para a incidência de câncer. Entre os efeitos nocivos à saúde, o instituto apontou infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer.

A professora Zélia Matos, 45 anos, decidiu consumir alimentos orgânicos há 5 anos. “Comecei a ver informações sobre isso em revistas, na internet e achei realmente que era um absurdo a gente ficar comendo veneno. A gente pensa que come verdura e é saudável, mas que nada”, declarou. Ela reclama, no entanto, que os preços de produtos com esta marca sejam vendidos por um valor mais alto em mercados convencionais. “Virou uma grande coisa isso de orgânicos. Acho que é só para vender mais. Uma pena. Prefiro comprar direto do produtor, porque além de ajudar, a gente paga menos, com certeza. Uma feira assim na cidade é boa por isso”, avaliou.

Nei Zavaski, do setor de produção do MST, explica que o custo de produção de orgânicos pode ser maior, mas, no geral, os valores se equiparam. “O que se tem é uma apropriação comercial do mercado dos orgânicos. O capitalismo utiliza esse mote, de ser alimento diferenciado, para ter taxa de lucro mais alta”, explicou. Ele destaca que a posição do Movimento é de buscar se relacionar diretamente com o consumidor para que esses alimentos cheguem a valores inclusive abaixo do valor convencional. “Não nos interessa produzir alimento de qualidade, saudável e vender só para a classe dominante, e o conjunto da classe trabalhadora continuar comprando veneno”, disse.

Zavaski destacou ainda que a luta do MST contra os agrotóxicos está relacionada à disputa pelo modelo de agricultura existente hoje. Ele explica que o agronegócio exclui o trabalhador do campo não só pela concentração de terra, mas também pelo modelo tecnológico. “É uma forma de libertar o agricultor também das grandes corporações, porque não é só a tecnologia, ela vem com o veneno, as sementes transgênicas, híbridas, geneticamente modificadas e que só atingem o seu potencial produtivos através dos adubos químicos e dos agrotóxicos”, acrescentou.

Médicos populares participam da Feira da Reforma Agrária
Entendendo que alimentar-se é um ato político e intrínseco à saúde, a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares participa, no próximo domingo (25), da Feira Nacional da Reforma Agrária. A médica sanitarista, Ellen Rodrigues, e o médico de família, Thiago Henrique, ambos integrantes da entidade, participam, às 10 horas, do seminário “As conquistas do SUS e seus desafios” para discutir as demandas do sistema público de saúde e os avanços que ainda são necessários para entender a relação da saúde com os alimentos que vão para as mesas dos brasileiros. O debate contará também com a presença do secretário municipal de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha.

Fonte: BRASIL DE FATO
____________________________________________________________

I Encontro Nacional de Agricultura Urbana: agroecologia e direito à cidade

 Coletivos trocam conhecimento e redes locais produzem alimentos saudáveis: tudo isso sem a cobertura da velha mídia, que finge que não existem. 
Najar Tubino




Rio de Janeiro –Mais de 250 participantes de 20 estados estão presentes no campus da Universidade Estadual do Rio de Janeiro desde ontem – dia 21 – para discutir comida de verdade e qual a cidade que queremos construir. Até sábado, os participantes debaterão as políticas públicas que são necessárias para tirar do limbo uma história que se distribui pelo Brasil, marcando a resistência de comunidades contra a especulação imobiliária, pelo direito de produzir alimentos e remédios naturais em espaços públicos e privados nas cidades brasileiras. Uma feira de saber e sabores dá o colorido especial ao evento. Além disso, seis instalações pedagógicas contam a história de milhares de brasileiros que diariamente são massacrados pelo cotidiano das metrópoles.
Como registra o texto de apresentação do I ENAU:
“-Estas diversas experiências ainda tem em comum o desafio de buscar espaço de reconhecimento e visibilidade nas cidades. Temos observado que os territórios onde se desenvolvem estas práticas, bem como as comunidades que as constituem estão em constante vulnerabilidade, sujeitas à descaracterização e a desapropriações, que enfraquecem os laços culturais e comunitários”.

Ocupe Passarinho contra o despejo de cinco mil famílias
Os exemplos estão por toda parte. A Vila Autódromo no Rio que luta contra o despejo da prefeitura e onde os moradores se organizam entorno de uma horta comunitária. No Recife, conforme relato de Uschi Silva, mestranda em geografia da UFPE, o movimento Ocupe Passarinho continua firme contra o despejo que foi decretado por um juiz de primeira instância no ano passado. São cinco mil famílias – 20 mil pessoas -, que querem o direito à cidade, com moradia digna, lazer, saúde, cultura, conforme relataram os moradores em carta enviada para as diversas secretarias que compõem o aparato estatal em 10 de outubro:
“-Tínhamos um rio que era lugar de lazer, hoje poluído pela falta de um sistema de esgoto. A beira do rio foi ocupada por casas, bares e mercados e a mata está sendo destruída. Estamos no atraso dos serviços públicos de saneamento, coleta de lixo e abastecimento de água. Na educação o sistema de ensino é precário, temos mais de 150 crianças com idade para estar em creche, mas não temos creche. Passarinho não é beneficiado com nenhuma política ou programa para geração de renda, principalmente para mulheres”

Direito à cidade e a comida de verdade
Ocupe Passarinho envolve uma luta da comunidade desde os anos 1980 em uma área de 33 mil hectares, que é reivindicada para uma indústria de pré-moldados. São temas que estarão em discussão até sábado, incluindo oito visitas a experiências de agricultura urbana na região metropolitana do Rio de Janeiro e em Guapimirim, onde a Articulação Nacional de Agroecologia desenvolve um estudo de sistematização das práticas da comunidade do Fojo. Nas nove oficinas que se realizam nesta quinta-feira, dia 22, o impacto econômico e agroecológico nas comunidades com as práticas desenvolvidas pelas comunidades, que vão desde hortas comunitárias, produção de húmus, compostagem, tratamento de lixo orgânico e sistemas agroflorestais, com recuperação da mata atlântica.

O painel da quinta-feira trata do “Direito à cidade e à comida de verdade”, com participação de representantes da Vila Autódromo, depoimentos de experiências de São Paulo e Roraima, além da presidente do CONSEA, Maria Emilia Pacheco, entre outros. Na sexta-feira, o assunto é a política nacional de agricultura urbana, com a discussão do projeto de lei apresentado pelo deputado federal Padre João (PT-MG), e representantes do MDA, MAPA, porém sem a participação do MDS, que até 2012 apoiou as políticas públicas da agricultura urbana.

Discutir a cidade do futuro – sem despejos
A promoção do I ENAU já é uma amostra das transformações que ocorrem no Brasil com o total desconhecimento da mídia tradicional e conservadora. Grupos que se associam, coletivos que intercambiam conhecimento e experiências, redes locais que produzem alimento, dão perspectiva de vida às comunidades abandonadas pelo poder público, mais preocupado em atender os interesses das corporações financeiras e da especulação imobiliária do que no bem- estar da população. O Coletivo Nacional de Agricultura Urbana vem sendo construído há vários anos e finalmente se estruturou em 2014 durante o III Encontro Nacional de Agroecologia em Juazeiro. Também participa a própria ANA, que sempre apoiou as iniciativas das redes, e o Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional. Aliás, o tema da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional que começa no início de novembro é “comida de verdade no campo e na cidade”.

São propostas simples, como enfatiza Denis Monteiro, baseado na experiência e no dia a dia da população, que deseja comer comida sem veneno, sem transgênicos, quer espaço verde em seus bairros, quer restabelecer os laços comunitários, construir novos entendimentos do que será a cidade no futuro, sem desigualdades, ou pelo menos, sem despejos, sem destruição do pouco que resta de vegetação nos entornos das cidades.

Trabalho coletivo em meio ao tiroteio
Um poeta chamado Luiz, ex-guerrilheiro e ambientalista, fundador da organização Verdejar, que atua há 18 anos no Complexo do Alemão, registrou em um dos seus textos: “a baía que jazia”, ao se referir a Baía de Guanabara. O estado é privilegiado pela geografia, por duas baías hoje completamente poluídas, mas ainda conserva um povo que não esqueceu de suas tradições rurais, ou dos seus antepassados que viviam no campo. A Serra da Misericórdia, que abriga 27 bairros da zona norte do Rio, onde ainda hoje uma pedreira é explodida diariamente para retirar o basalto, que vai compor a brita, que entrará na composição do concreto das obras que já foram da Copa do Mundo e agora são das Olimpíadas. A fonte de nascentes, do último trecho em pé da Mata Atlântica é o palco de utopistas, que assim podem ser chamados, porque trabalham em meio ao tiroteio dos fuzis do tráfico de drogas e da PM carioca.

Marcelle Felippe, da ONG Verdejar é uma dessas pessoas. É responsável pela parte cultural no trabalho no Complexo do Alemão. Está emocionada com o resultado dos 18 anos de trabalho – quase uma geração de crianças do Complexo que passaram pelos quintais, hortas, trilhas, rodas de capoeira e oficinas da Verdejar. Um grupo de moradores, todos jovens, alguns filhos de soldados do tráfico, criou uma produtora de cinema, depois dos estudos promovidos pela Verdejar em oficinas locais. Chama-se “Pega a Visão” e ganhou o primeiro edital do projeto Viva o Cinema, da Rio Filmes. Vão criar um canal online para divulgar o trabalho. As crianças nas comunidades, mesmo aos quatro anos, brincam com as armas da realidade cotidiana, com a violência individualizada, ou até mesmo, da violência patronal alimentada pelo tráfico – “vou falar com o meu pai”, diz um garoto, quando discute com outro colega.

A televisão ignora a realidade
A Verdejar trabalha com tecnologias de baixo custo, garantindo suprimento de água da chuva, aquecedor solar e a produção de húmus, utilizando resíduos da comunidade. Fazem educação ambiental, alimentar, cultural em meio aos AR-15 do tráfico e da PM. E serviu de exemplo para outros grupos. Um deles atua no Complexo da Penha, no bairro do Grotão que seguidamente aparece nas televisões como palco de tiroteios. Nunca falaram da empresa que administrava uma pedreira de granito amarelo, faliu, mas continua mantendo uma área de 26 mil hectares, uma floresta dentro da Cidade Maravilhosa. Marcelo Correia é um dos organizadores do Centro de Educação Multicultural, que atua no Grotão. Ele era programador de computadores, largou a informática, pegou o fundo de garantia e aplicou no projeto. Trabalham para recuperar o que já foi desmatado, recuperando uma área de dois hectares com mata atlântica, e também produzem em hortas, frutíferas, mudas, fazem passeios, trilhas e vendem os produtos na feira de orgânicos do bairro Olaria, no circuito que eles chamam aqui de Bio.

O I ENAU é uma novidade na organização das comunidades carentes do Brasil, com assessoria, conhecimento, técnica e muita disposição para implantar uma nova utopia nas cidades brasileiras.


Fonte: CARTA MAIOR
____________________________________________________________

Adquirir produtos orgânicos diretamente do produtor com preço justo, é algo fantástico.

De fato, os orgânicos em supermercados são vendidos com preços nas alturas, o que não é justo.

O ideal seria que os produtores pudessem vender seus produtos em feiras livres ou em "consulados" - estabelecimentos comerciais para venda dos produtos orgânicos - garantindo, assim , produtos de qualidade para o consumidor.

Tanto o MST como outros movimento de agricultura orgânica poderiam criar uma organização que viabilizasse a comercialização dos produtos orgânicos nos grandes cidades brasileiras.

Sabemos das dificuldade para viabilizar tal organização assim como os desafios de logística para que os produtos venham diretamente do produtor para o consumidor.

Se possível, pelo menos, poderíamos ter feiras para comercialização dos produtos, com data e locais de comercialização previamente definidos e divulgados na mídia alternativa .

Além disso, se possível, com comercialização frequente, tipo toda semana ou todo mês em um determinado lugar.

Ganham produtores e consumidores e ainda se promove a importância de uma agricultura orgânica, familiar, conquistando mais corações e mentes para a importância de uma reforma agrária que tenha como foco a agricultura familiar e orgânica.



quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Os vira-latas e os aviões de caça

A diferença entre quem nos dá boas-vindas a jato e quem nos faz tirar os sapatos

saab

Como riam, disfarçadamente, quando o velho Brizola falava nas “perdas internacionais”.

Como debochavam de todos os que não acreditavam que a internacionalização da economia sem limites e o “mercado livre” iam nos trazer a prosperidade.

Que desejo, tão pouco contido, que o Brasil se entregue sem reservas ou oposições, às regras do comércio mundial tal como ele é!

Que mal disfarçada “torcida” para que a China, que perturbou a “pax romana” do trade internacional, decaia e interrompa a ascensão que traz “bagunça” à ordem econômica internacional!

Quem quiser ver o estrago que isso faz, veja hoje a matéria da Folha, relatando que a “Indústria brasileira exporta mais por menos por causa dos preços menores“.

exporta

Num mix das exportações,  recebemos US$ 1,5 mil por tonelada exportada, menos  15% do que no ano passado e 25% menos que há quatro anos.

A idolatria do dólar baixo e da “inflação zero” nos travou a expansão e, agora,  o mundo em recessão e deflação quem rebaixa o preço, mesmo com o dólar perto do que deveria, de fato,  valer, torna ela muito, muito difícil.

Não é preciso ser um gênio para ver como, diante disso, escapamos do tsunami da crise de 2008 e 2009.

Enfrentamos dois anos de exportações desvalorizadas com o nosso mercado interno.

Agora, Levy e sua sofisticada teoria econômica de português de botequim, que enfrenta a queda nas vendas demitindo o cearense da cozinha para “cortar despesas” vai nos tirar desta situação com o quê?

Com o “tapinha nas costas” do mercado, bem satisfeito com os juros e dizendo, da queda das exportações, que “oh, é o custo Brasil; ah, é a carga tributária; ih, são os gargalos de infraestrutura com que esta perdulária da Dilma arruinou as contas públicas fazendo o Estado financiar”?

A abertura e diversificação dos mercados, impulsionada por Lula, é tratada como “caso de polícia”. O que temos de ir fazer negócios em Cuba, na África, na Ásia, isso deve ser propina, não é?

A diplomacia brasileira, que brilhou com Celso Amorim, está apagada e acoelhada, certamente com muitos de seus diplomatas entregues à tarefa de  “achar” nas andanças do ex-presidente algo que possam insinuar ter sido “lobby”, como se um presidente não devesse fazer lobby por seu país.

Bom mesmo é ser fiel a quem nos trata mal e arrogante com quem vê no Brasil uma alça para seu progresso e seu comércio.

Posto aí embaixo a recepção do avião presidencial pelos caças Gripen, da SAAB, na Suécia. Puxação de saco, marquetagem? Sim, mas esperem sentados se quiserem que a Boeing nos fizesse 10% disso, porque nos vendeu “30 aviõezinhos”. Os suecos querem mercado e por isso cedem em tecnologia. E ainda financiam a compra.

Os EUA querem só domínio e por isso não entregam a patente nem de radinho de pilha.

Bem diferente de nos mandarem tirar o sapato para entrar, não é?

Relações de troca são, para qualquer empresa, as que lhe dão vantagens e abre seus horizontes. Mas para o país querem sempre o “alinhamento automático” dos dóceis.

Nossa elitezinha medíocre – com seus  meninos da mídia que não conseguem mais do que vôos de galinha em matéria de pensamento – acha uma bobagem, porque comprar caças que defendam o país não é tão importante quanto compra o Iphone 18 que lançaram lá em Nova York.  Pra quê, o mundo vive em paz e não se faz guerra por interesses econômicos, não é?

Isso quando não fazem gracinhas sobre “abater” o avião presidencial do seu país.

É esse o nível dos imbecis que se esmeram em nos transformar num país de imbecis

Fonte: TIJOLAÇO
_________________________________________________________

Obama tentou vender Boeings à Dilma 3 vezes

publicado 21/10/2015
               
Moro vai trancá-lo e a PF vai grampeá-lo
dilma e obama
Na foto, a cena do crime !
Àquela altura parecia tudo se encaminhar para a compra dos Raffale da Dassault francesa, por conta - ou contas - do Ministro Johnbim, da Defesa, e seu diligente filho.

Antes que tomasse a sábia decisão de comprar os caças suecos e toda a sua tecnologia, a Presidenta Dilma esteve com o Presidente Obama três vezes.

Uma delas, numa reunião paralela à abertura da Assembleia de ONU.

Obama só tratava de um único assunto.

Vender os caças da Boeing.

Dilma sempre insistiu em que era preciso que a caixa preta da tecnologia viesse junto.

E nas três vezes Obama se comprometeu: se a Boeing resistir EU entrego a tecnologia.

As mentiras de destruição em massa

reprodução 

Iraque Ano Zero: Como destruir um país

     

         

O filme mostra as consequências dessa invasão americana no dia-a-dia.

Foi o silêncio mais denso que experimentei na vida ao sair de uma sala de cinema.


Léa Maria Aarão Reis*

A penúltima imagem seguida da noite da tela negra e de um tiro seco, no filme do monumental documentário de quase seis horas (dividido em duas partes), Terra Natal/Iraque ano Zero: Antes da Queda e Depois da Batalha, do cineasta franco-iraquiano Abbas Fahdel, é um soco no rosto do espectador. Tão violenta a situação filmada, que o diretor, depois daquele instante trágico, durante dez anos não conseguiu tocar no material com o qual filmou a sua própria família, em Bagdá, a partir de fevereiro de 2000.

Agora, depois de recusado por exibidores e produtores europeus pela sua duração fora dos padrões comerciais, o filme de Fahdel inicia, enfim, um circuito de apresentações em festivais. Em Tribeca, em Nyon, na Suiça, Locarno e em três sessões,  na Mostra Fronteiras, no Festival do Rio, este mês. Homeland está sendo mostrado também no New York Film Festival. Na primavera de 2016 estreia na França com distribuição da produtora árabe Nour.

No Festival de Tribeca foi recebido como “documentário fundamental para se compreender o Oriente Médio do passado e do presente.%u20B Não é preciso mostrar uma vez mais o que a gigantesca máquina de guerra norte-americana é capaz de fazer. Para isso existe o jornalismo, as séries de televisão e os filmes de Brian de Palma, Kathryn Bigelow e Clint Eastwood que parecem frívolos diante de Terra Natal,” escreveu o crítico Victor Guimarães, durante o Festival de Nyon.

Sem narração em off nem comentários de qualquer espécie, até para preservar a segurança familiar, a primeira parte, Antes da Queda, antecede a invasão americana. Foi realizada durante a censura feroz da ditadura de Saddam Hussein. As imagens dessas crônicas familiares de Fahdel têm uma força tal que levam o espectador a acompanhar, escorregando para ela até desapercebido, a vida cotidiana sem maquilagem e quase nada conhecida, de uma família - a do diretor - de classe média, da capital do Iraque, culta, educada, bem posta, de intelectuais, profissionais liberais, moças e rapazes estudantes universitários, originada da cidade de Hit, cerca de 150 quilômetros de Bagdá, à beira do Eufrates – ocupada atualmente pelo exército do Estado Islâmico.

Abbas Fahdel aposta na alegria de viver, nessa primeira parte, apesar da vida difícil, e rejeita o sentimentalismo. Não há uma nota musical na trilha sonora que seja externa à cena. Tudo é aparentemente tranquilizador na confortável casa com chão forrado de tapetes. As mulheres trabalham na cozinha, o fogareiro no meio da sala aquece, a televisão ligada (e censurada) nos seguidos discursos ridículos de Saddam. O terraço árabe, o pomar do vizinho, a sombra das macieiras, a placidez. Mas os takes insistentes no relógio de mesa parecem lembrar que o tempo está se esgotando para mais uma guerra começar, depois das guerras do Irã e do Golfo – é fevereiro de 2002.

Um dos sobrinhos de Fahdel assume o protagonismo. Menino de 12 anos, carismático, perspicaz e inteligente, amadurecido antes do tempo, Haydar será um fio condutor, no filme, de várias situações apresentadas: na feira, no mercado, no sebo de livros antigos, nas férias com os colegas em Hit. A nova guerra que está por vir não assusta. ”Guerra é o nosso destino,” diz um professor cujo parco salário de 15 dólares em escolas na capital o faz retornar para trabalhar na propriedade da família, em Hit.

Lá, galos cantam nos jardins e os meninos brincam no Tigre. Judeus convertidos ao islamismo na década dos anos 80 são entrevistados. Outros, comunistas declarados, também. “A vida era melhor antes do petróleo”, diz um. “O embargo (N.R. econômico) já uma guerra,” diz outro, comentando a falta de medicamentos, o racionamento de alimentos e os estoques de pão e cestas básicas distribuídas pelo governo que começam a serem providenciados (mais uma vez) pelas famílias.

Um comunista, na segunda parte, lembra: Saddam converteu o povo iraquiano em uma multidão de esquizofrênicos. A censura fazia com que a pessoa fosse uma no trabalho e outra em casa; uma pessoa por fora e outra por dentro, diz ele.

Antes da queda, no entanto, as crianças falam, com naturalidade, sobre  guerras, bombas e mísseis.

Em Depois da Batalha (que não houve) da capital e da invasão americana não há mais, é claro, militantes do partido Baath, nos bairros, percorrendo regularmente as residências para fiscalizar o retrato de Sadam pendurado na sala. As ruínas estão por toda parte. Vê-se prédios públicos incendiados depois de bombardeados; um deles, os estúdios do antes avançado cinema iraquiano, com todos os seus arquivos. “Pode-se vingar de um regime político, mas não de uma cultura; e transformar a memória de um povo em pó,” diz, desolado, um parente de Abbas.

Os americanos chegaram, e o filme mostra as consequências dessa invasão no dia-a-dia dos personagens. A poderosa crônica do cotidiano do Iraque mostra a tragédia do povo e ganha momentos mais intensos.

Um grupo de garotos mostra um companheiro com as pernas atrofiadas, que seria alvo do deboche de soldados americanos. O irmão do cineasta explica que a guerra criou um exército de saqueadores, sempre dispostos a agir no imenso caos da violência cotidiana da cidade dos ladrões e da dilapidação sem trégua. Todos devem se armar e guardar munição em casa para tentar garantir a segurança familiar. Não há polícia nem ao menos guardas para ordenar o salve-se quem puder do trânsito. As moças não saem de casa, sozinhas, porque correm o risco permanente de estupro. Se tudo mudou é apenas para continuar igual. A ameaça que antes se dirigia aos adversários do governo anterior, baathista, persiste agora sobre os acusados (muitos, injustamente) de terem pertencido ao partido de Saddam, e estão condenados ao desemprego permanente e ao desespero.

Um homem muito pobre, revoltado, recolhendo lixo em uma carreta, se pergunta por que os soldados sempre apontam suas armas, gratuitamente, contra ele. E se antes eram as valas comuns da ditadura, depois da invasão, é a bala que mata um jovem carregando a peça sobressalente de um automóvel para ajudar o vizinho. Um crime que nunca será investigado porque não há ninguém para investigar.

“Um documentário meu, Back to Babylon, foi exibido em um canal de TV francês. Uma indagação perturbadora, no artigo publicado em jornal, sobre o filme, me deixou abalado,” diz Abbas Fahdel. ”Seremos os últimos a ver aquelas pessoas vivas?" perguntava o autor do texto. A pergunta me chocou.  A idéia de que os membros da minha família, meus amigos e as pessoas desconhecidas que eu filmei poderiam não sobreviver à próxima guerra era quase insuportável para mim. Sob a pressão de certa superstição não admitida, decidi voltar ao Iraque e continuar a filmar a parte dois. Fui levado pela esperança, também supersticiosa, de que poderia salvá-los do perigo iminente. Infelizmente, a espiral de violência que tomou o país, em breve mergulharia a minha família no luto.”

O sobrinho de Fahdel, o menino Haydar, de 12 anos, foi alvejado e morto por uma bala perdida, dentro do carro que atravessava uma avenida de Bagdá. Em sua companhia estavam o tio e o próprio Fahdel com a sua câmera na mão. Terra natal/Depois da Batalha termina com o grito de Haydar. Em seguida, a tela negra.

“Foi o silêncio mais denso que experimentei na vida ao sair de uma sala de cinema,” escreveu um crítico suíço. Mesma sensação nós experimentamos, deixando o cinema do Instituto Moreira Salles, na Gávea, no Rio de Janeiro.

(Abbas Fahdel é autor dos docs Back to Babylon e We Iraquis. Nasceu na região da antiga Babilônia e vive na França desde os 18 anos. Estudou cinema em Paris com Jean Rouch e mora na cidade com a mulher e a filha. Com o seu passaporte europeu conseguiu entrar e sair do Iraque com o material filmado de Homeland/Iraq Year Zero - e com a ajuda de amigos da capital iraquiana e de um diplomata francês. Atualmente filma Bagdah.)

*Jornalista
Fonte: CARTA MAIOR
__________________________________________________________

 

Filmes documentários sobre guerras são sempre impactantes.

Lembro de que quando assisti Corações e Mentes - documentário sobre a guerra do Vietnam - lá pelos  distantes anos 70 , a reação que tive não foi muito diferente da reação  descrita pela autora  sobre Iraque Ano Zero.
 
E lembrar que a invasão do Iraque, em 2003, teve como um dos objetivos levar a Pax americana ao mundo, isso segundo palavras do então presidente dos EUA, George W. Bush, ou Bush II.

Ainda segundo Bush II, em seu repertório de declarações histriônicas  sobre a invasão americana, os EUA estavam exportando democracia ao Iraque, de maneira a tornar o país árabe civilizado e próspero.

Disse ainda que o governo do ditador Saddan Hussein tinha um arsenal perigosíssimo de armas de alto poder de destruição em massa , e que tal arsenal deveria ser destruído pelos mensageiros da paz, ou seja, as forças armadas dos EUA.

Passadas as primeiras semanas da invasão dos EUA, com direito a show pirotécnico bélico nas emissoras de TV, sempre alinhadas com o discurso dos EUA e assanhadíssimas com o show de violência e destruição, o que se constatou foi uma escalada da barbárie.

O Iraque foi destruído, obras de artes valiosas foram saqueadas pelos soldados das forças armadas dos EUA, o país árabe até hoje está mergulhado no caos em divisões políticas , a democracia é uma ilusão e o tal arsenal de armas de destruição em massa jamais foi encontrado.

No entanto, empresas americanas do ramo do petróleo se apoderaram dos campos de petróleo do país e vão muito bem.

A Plutocracia e jornalismo Tiririca

Os juros e o moralismo sem moral

Por Marcel Franco Araújo Farah, no site da Adital:

Desde que se separou a propriedade privada da pública passou a ser possível falar de corrupção no sentido mais corriqueiro.

Falo de corrupção como desvio de recursos de sua finalidade legitima e legal, em geral para apropriação particular, para enriquecer o próprio ator que faz a gestão do recurso.

Fala-se muito em corrupção e é fácil percebê-la quando um agente público recebe dinheiro para direcionar uma licitação, para aprovar uma obra mal feita, para beneficiar um réu em um processo jurídico.

Contudo, é difícil percebê-la quando é feita por meios mais sofisticados e às vezes até mesmo legalizados pelo sistema.

Quando o Banco Central aumenta a taxa de juros SELIC ele aumenta o valor pago pelos títulos da dívida pública para quem é dono destes títulos. Ou seja, aumenta o desvio de recursos do orçamento público para os donos dos títulos da dívida. É ou não é corrupção?

Quando a empresa S&P retirou o grau de investimento do Brasil, pelas "normas” do comercio internacional os juros para empréstimos tomados por empresas brasileiras aumenta. Ou seja, aumenta o custo do país, aumenta a transferência de recursos do país, aumenta o valor desviado da produção para o setor financeiro. É ou não é corrupção?

Quando um governo vende bens públicos a preços abaixo dos praticados no mercado, dizendo que está buscando gerar caixa, como nas privatizações, é ou não é corrupção?

Quando uma empresa financia uma campanha eleitoral e depois tira proveito dos candidatos eleitos aprovando leis e normas que beneficiam aquela mesma empresa, é ou não é corrupção?

E se a empresa financiar a campanha com recursos provenientes de sobrepreço em uma obra para a qual foi contratada pelo estado? Assim ela não usa recursos próprios, apenas empresta para a campanha, depois os eleitos providenciam a contratação da mesma com um preço mais alto do que será gasto.

E isso é assim em democracias e em ditaduras, é assim em vários países, inclusive nos ditos desenvolvidos.

Portanto, a corrupção é endêmica e sistêmica, não somente no estado moderno, mas essencialmente no sistema capitalista e dos sistemas eleitorais decorrentes.

E quanto aos valores? Onde é que está a maior parte do dinheiro desviado?

200 milhões de reais seria o valor economizado com a demissão de 3000 cargos comissionados pelo governo federal.

20 bilhões de reais seria a soma do prejuízo da Pretrobrás com os desvios descobertos pela Lava-Jato.

392 bilhões de reais seria a soma dos 500 maiores devedores para a Receita Federal.

408 bilhões de reais seria o valor da sonegação de impostos somente até agora no ano de 2015.

417 bilhões de reais foi o custo gasto com a manutenção da taxa de juros SELIC e a venda de swaps cambiais nos últimos 12 meses pelo Banco Central.

Pelo patrimônio das pessoas e empresas é possível ter uma noção melhor de quem é corrupto (com maiores patrimônios do que sua renda alcançaria) e quem não é corrupto.

O sistema capitalista tem vários méritos no que diz respeito ao desenvolvimento dos meios de produção, contudo sua contradição principal é que a concentração de recursos à qual ele tende vai, um dia, torná-lo inviável, pois não haverá mais quem tenha recursos para comprar o que será produzido.

Olhando por outro lado, a contradição central também pode ser vista como uma forma de fundamentalismo mercantil, em que tudo se torna mercadoria e perde seu valor de uso. A mercantilização é uma forma de corrupção, quando o "ser” se corrompe no "ter”.

Portanto, em homenagem aos "moralistas sem moral”, a conclusão a que chego é que as melhores reformas administrativa, eleitoral, e política que podemos fazer só terão efeito se superarmos o financiamento empresarial de campanha, a sonegação de impostos, se tivermos um sistema tributário progressivo, se retomarmos a acertada política econômica pós 2008, e se construirmos coletivamente um projeto de sociedade que aponte para a superação do sistema capitalista.