quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Caretas e mídias caretas

Gregório Duvivier: “Muita gente morre por causa do conservadorismo”


Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o ator e roteirista do canal de humor na internet Porta dos Fundos  declara que "o Brasil está virando um país mais careta, estamos na contramão do mundo".
07/10/2015
Por Fania Rodrigues,
Do Rio de Janeiro (RJ)
Crédito das imagens: Pablo Vergara
Conhecido pelos vídeos de um canal de humor da internet e por declarações sobre a política nacional, o ator, humorista e escritor Gregório Duvivier, em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, fala sobre mídia, conservadorismo e o cenário político atual.
“As pessoas acham que é mais seguro ser conservador. Mas, muita gente morre por causa do conservadorismo. Ele incentiva a homofobia, o machismo e uma série de coisas que são letais.
Duvivier afirmou acreditar na arte como um instrumento de transformação. “Um dos papéis mais importante do humor é puxar o tapete das certezas”. Nesse sentido, deixou clara sua posição em relação ao governo: “ódio ao PT é um ódio de classe. O que me incomoda não são essas pessoas estarem criticando o PT, mas sim o fato de estarem criticando pelas razões erradas”.
Confira a íntegra da entrevista.

Brasil de Fato – Qual é o papel do humor e da arte no debate político da sociedade?
Gregório Duvivier - O artista é parte da sociedade, mas também é um agente transformador. Um dos deveres do artista é contribuir para uma sociedade melhor. A arte é muito poderosa. Quando alguém escreve um livro está criando um mundo. Isso pode ser transformador. E um dos papéis mais importante do humor é puxar o tapete das certezas.

Você tem uma coluna na Folha de S. Paulo e faz trabalhos na Globo. Acha que é possível romper o discurso conservador da grande mídia?
É muito difícil. Em alguns meios mais que em outros. Na Globo é mais difícil que na Folha. Um programa na Globo passa por 12 pessoas [antes de ser aprovado], em geral todas de interesses conservadores. Todas as etapas são conservadoras dentro da Globo. A Folha, ainda que seja uma empresa conservadora, também abriga várias pessoas de esquerda lá dentro. Na Folha nunca fui censurado.

Em sua opinião, o conservadorismo está melhorando ou piorando?
Está piorando. No Congresso os conservadores têm uma bancada muito organizada. A sociedade sempre foi conservadora, mas antigamente não estava tão bem aparelhada. Hoje a gente tem a bancada dos BBBs: do boi, da bala e da Bíblia, que são os ruralistas, militaristas e evangélicos. Essas três bancadas estão unidas. Existe uma escalada do pensamento conservador e isso é muito perigoso.

Perigoso em que sentido?
As pessoas acham que é mais seguro ser conservador. Mas, muita gente morre por causa do conservadorismo. Ele incentiva a homofobia, o machismo e uma série de coisas que são letais. O Brasil é o país com o maior número de assassinatos do mundo. Uma das críticas que tenho ao PT é o incentivo à indústria bélica. Somos um dos maiores produtores de armas leves, como o revólver. A Primavera Árabe foi sufocada com armas brasileiras.

Você acha que a sociedade pode regredir ainda mais?
Esse perigo existe. O Brasil está virando um país mais careta. Estamos indo na contramão do mundo. Os Estados Unidos, um país que sempre foi moralmente conservador, aprovou o casamento gay e liberou o uso da maconha em alguns estados. E não tem mais gays ou maconheiros por causa disso. As coisas não deixam de existir porque são proibidas, como o aborto, que expõe a mulher ao risco de morte. Nesse caso, a mulher pobre.

Tem uma parte da classe média que odeia o PT. Qual é a razão desse ódio?
Acho que as críticas ao PT são fundadas, na maioria das vezes, na ignorância. O que me incomoda não são essas pessoas estarem criticando o PT, mas sim o fato de estarem criticando pelas razões erradas. Não estão batendo no PT por ele ser militarista, anti-ambientalista, anti-indígena. Isso a direita não diz. Vejo a direita dizendo que o Brasil vai virar Cuba. Definitivamente, se tem uma coisa que o governo Dilma não está fazendo é transformar o Brasil em Cuba. Qual é a principal crítica ao PT, é a corrupção? Até agora os maiores escândalos de corrupção não são do PT, são do Eduardo Cunha e do Renan Calheiros, os dois do PMDB, que também compôs o governo Fernando Henrique Cardoso.

E também tem a questão do ódio de classe.
O ódio ao PT é um ódio de classe. O pobre tem mais acesso a bens de consumo e a lugares que antes não tinha. Os pobres começaram a ocupar os lugares. Isso aí os ricos nunca vão tolerar, ter que conviver com pessoas pobres. Além disso, a Veja e a Globo não elegem mais o presidente da República. Olha o ódio que isso deve causar. A mídia estava acostumada a colocar e a tirar do poder quem ela quisesse. Hoje não é mais assim não.

Por que a sociedade tolera políticos como Eduardo Cunha?
As pessoas toleram aquilo que a mídia diz que é aceitável. Acabaram de descobrir uma conta do Eduardo Cunha de 5 milhões de dólares, na Suíça, e não foi capa de nenhuma revista ou jornal. Não foi capa da Veja, que está super indignada com a corrupção. Essa revelação é muito mais grave que qualquer outra coisa que já acusaram a Dilma. A indignação do povo é muito pautada pela mídia.

Fonte: BRASIL DE FATO
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A grande mídia brasileira é a Meca da caretice.

Nas emissoras de TV, emissoras de rádio, jornais e revistas a caretice dá o tom, apesar do véu de modernidade e até mesmo de uma suposta vanguarda.

O povo brasileiro é pautado por essa mídia, assim como mídias menores e mesmo mídias públicas.

Repete-se bovinamente, sem qualquer análise crítica, uma estética esgotada, ultrapassada.

A ousadia criativa inexiste, enquanto a cópia maquiada prolifera nas mídias.

A título de exemplo, até mesmo a TV Brasil, uma emissora pública  se deixa levar pela caretice e mergulha nos estereótipos.

A emissora, que diz estar em processo de mudança, estreou essa semana um programa informativo no horário nobre.

Com o título Fique Ligado, o programa aborda a informação em um clipping, ou mesmo uma leitura dinâmica dos acontecimentos.

O conceito agrada, mesmo já existindo em outras emissoras.

No entanto, para além da boa informação apresentada pela TV Brasil, a estética de apresentação segue a caretice dominante nas mídias privadas, o que prejudica o programa.

Na linha de cultuar os apresentadores, dando-lhes espaço de um show, o jornalismo, de uma maneira geral na grande mídia, fica em segundo plano.

O programa da TV Brasil repete esse erro, ou essa caretice que ninguém mais aguenta.

Com um apresentador que com frequência  chama colegas na redação,  os sorrisos e piadas, sempre sem graça,  proliferam na apresentação das notícias.

Ontem ao informar sobre o bombardeio russo na Síria, a jornalista  na redação não poupou generosos sorrisos para a notícia.

Não entendo como mísseis explodindo coisas e  matando pessoas seja motivo de sorrisos.

Um outro jornalista, que sempre entra para falar de esporte, demonstra estar acometido de uma síndrome de Thiago Leifert,  numerosas são as piadas sem graça sobre os assuntos abordados.

Isso acontece porque o show, careta  de uma maneira geral, compete com o conteúdo jornalístico, o que prejudica o programa.

É a sociedade do espetáculo, onde o jornalista é tão importante quanto a notícia. 

O ideal seriam duas vozes em off, se revezando na apresentação das notícias, já que as imagens estão sempre presentes nos assuntos abordados.

No entanto, a caretice do show é muito forte e está presente  em tudo nas mídias.

Já que o assunto é caretice não sei se é apenas coincidência, pois o programa em questão é apresentado pelo núcleo da TV Brasil em São Paulo.

Estamos ligados.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Aberrações da ordem mater

A atualidade brutal de Hannah Arendt


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Por Carlos Eduardo, editor assistente do Cafezinho.

Os panfletos atirados nesta segunda-feira (5), durante velório do ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, revelam o nível em chegou o ódio político no país. Um nível preocupante. Quando nem mesmo a morte de um adversário político é mais respeitada por aqueles que fazem oposição, sinal de que a sociedade está doente.
Qualquer semelhança com o passado não é mera coincidência. A escalada do fascismo no século XX ocorreu de modo semelhante. 
Por isso, mais do que nunca, é importante revisitarmos a história, para não repetirmos os erros do passado. A direita saiu do armário e perdeu completamente os pudores. A oposição não tem mais vergonha de estimular a violência contra petitas, ou qualquer outro que julguem ser contra seus ideias, sejam eles ciclistas, feministas, homossexuais etc.
O momento político atual é propício para assistir ao filme Hannah Arendt - Ideias que Chocaram o Mundo. Como ensinou a filósofa alemã, de origem judaica, e perseguida pelo nazismo, todas as sociedades fascistas têm algo em comum: a banalização do mal.
Abaixo segue artigo do professor Ladislau Dowbor sobre o filme de Hannah Arendt e como suas ideias permanecem atuais.
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A atualidade brutal de Hannah Arendt

Por Ladislau Dowbor, no Justificando.

O filme causa impacto. Trata-se, tema central do pensamento de Hannah Arendt, de refletir sobre a natureza do mal. O pano de fundo é o nazismo, e o julgamento de um dos grandes mal-feitores da época, Adolf Eichmann. Hannah acompanhou o julgamento para o jornal New Yorker, esperando ver o monstro, a besta assassina. O que viu, e só ela viu, foi a banalidade do mal. Viu um burocrata preocupado em cumprir as ordens, para quem as ordens substituíam a reflexão, qualquer pensamento que não fosse o de bem cumprir as ordens. Pensamento técnico, descasado da ética, banalidade que tanto facilita a vida, a facilidade de cumprir ordens. A análise do julgamento, publicada pelo New Yorker, causou escândalo, em particular entre a comunidade judaica, como se ela estivesse absolvendo o réu, desculpando a monstruosidade.
A banalidade do mal, no entanto, é central. O meu pai foi torturado durante a II Guerra Mundial, no sul da França. Não era judeu. Aliás, de tanto falar em judeus no Holocausto, tragédia cuja dimensão trágica ninguém vai negar, esquece-se que esta guerra vitimou 60 milhões de pessoas, entre os quais 6 milhões de judeus. A perseguição atingiu as esquerdas em geral, sindicalistas ou ativistas de qualquer nacionalidade, além de ciganos, homossexuais e tudo que cheirasse a algo diferente. O fato é que a questão da tortura, da violência extrema contra outro ser humano, me marcou desde a infância, sem saber que eu mesmo a viria a sofrer. Eram monstros os que torturaram o meu pai? Poderia até haver um torturador particularmente pervertido, tirando prazer do sofrimento, mas no geral, eram homens como os outros, colocados em condições de violência generalizada, de banalização do sofrimento, dentro de um processo que abriu espaço para o pior que há em muitos de nós.
Por que é tão importante isto, e por que a mensagem do filme é autêntica e importante? Porque a monstruosidade não está na pessoa, está no sistema. Há sistemas que banalizam o mal. O que implica que as soluções realmente significativas, as que nos protegem do totalitarismo, do direito de um grupo no poder dispor da vida e do sofrimento dos outros, estão na construção de processos legais, de instituições e de uma cultura democrática que nos permita viver em paz. O perigo e o mal maior não estão na existência de doentes mentais que gozam com o sofrimento de outros – por exemplo uns skinheads que queimam um pobre que dorme na rua, gratuitamente, pela diversão – mas na violência sistemática que é exercida por pessoas banais.
Entre os que me interrogaram no DOPS de São Paulo encontrei um delegado que tinha estudado no Colégio Loyola de Belo Horizonte, onde eu tinha estudado nos anos 1950. Colégio de orientação jesuíta, onde se ensinava a nos amar uns aos outros. Encontrei um homem normal, que me explicava que arrancando mais informações seria promovido, me explicou os graus de promoções possíveis na época. Aparentemente queria progredir na vida. Outro que conheci, violento ex-jagunço do Nordeste, claramente considerava a tortura como coisa banal, coisa com a qual seguramente conviveu nas fazendas desde a sua infância. Monstros? Praticaram coisas monstruosas, mas o monstruoso mesmo era a naturalidade com a qual a violência se pratica.
Um torturador na OBAN me passou uma grande pasta A-Z onde estavam cópias dos depoimentos dos meus companheiros que tinham sido torturados antes. O pedido foi simples: por não querer se dar a demasiado trabalho, pediu que eu visse os depoimentos dos outros, e fizesse o meu confirmando a verdades, bobagens ou mentiras que estavam lá escritas. Explicou que eu escrevendo um depoimento que repetia o que já sabiam, deixaria satisfeitos os coronéis que ficavam lendo depoimentos no andar de cima (os coronéis evitavam sujar as mãos), pois veriam que tudo se confirmava, ainda que fossem histórias absurdas. Segundo ele, se houvesse discrepâncias, teriam de chamar os presos que já estavam no Tiradentes, voltar a interrogá-los, até que tudo batesse. Queria economizar trabalho. Não era alemão. Burocracia do sistema. Nos campos de concentração, era a IBM que fazia a gestão da triagem e classificação dos presos, na época com máquinas de cartões perfurados. No documentário A Corporação, a IBM esclarece que apenas prestava assistência técnica.
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Banalidade do mal: Panfleto atirado em frente ao velório do ex-senador José Eduardo Dutra, em Belo Horizonte, pede a morte de petistas 

O mal não está nos torturadores, e sim nos homens de mãos limpas que geram um sistema que permite que homens banais façam coisas como a tortura, numa pirâmide que vai desde o homem que suja as mãos com sangue até um Rumsfeld que dirige uma nota aos exército americano no Iraque, exigindo que os interrogatórios sejam harsher,ou seja, mais violentos. Hannah Arendt não estava desculpando torturadores, estava apontando a dimensão real do problema, muito mais grave.
A compreensão da dimensão sistêmica das deformações não tem nada a ver com passar a mão na cabeça dos criminosos que aceitaram fazer ou ordenar monstruosidades. Hannah Arendt aprovou plenamente e declaradamente o posterior enforcamento de Eichmann. Eu estou convencido de que os que ordenaram, organizaram, administraram e praticaram a tortura devem ser julgados e condenados.
O segundo argumento poderoso que surge no filme, vem das reações histéricas de judeus pelo fato de ela não considerar Eichmann um monstro. Aqui, a coisa é tão grave quanto a primeira. Ela estava privando as massas do imenso prazer compensador do ódio acumulado, da imensa catarse de ver o culpado enforcado. As pessoas tinham, e têm hoje, direito a este ódio. Não se trata aqui de deslegitimar a reação ao sofrimento imposto. Mas o fato é que ao tirar do algoz a característica de monstro, Hannah estava-se tirando o gosto do ódio, perturbando a dimensão de equilíbrio e de contrapeso que o ódio representa para quem sofreu. O sentimento é compreensível, mas perigoso. Inclusive, amplamente utilizado na política, com os piores resultados. O ódio, conforme os objetivos, pode representar um campo fértil para quem quer manipulá-lo.
Quando exilado na Argélia, durante a ditadura militar, conheci Ali Zamoum, um dos importantes combatentes pela independência do país. Torturado, condenado à morte pelos franceses, foi salvo pela independência. Amigos da segurança do novo regime localizaram um torturador seu, numa fazendo do interior. Levaram Ali até a fazenda, onde encontrou um idiota banal, apavorado num canto. Que iria ele fazer? Torturar um torturador? Largou ele ali para ser trancado e julgado. Decepção geral. Perguntei um dia ao Ali como enfrentavam os distúrbios mentais das vítimas de tortura. Na opinião dele, os que se equilibravam melhor, eram os que, depois da independência, continuaram a luta, já não contra os franceses mas pela reconstrução do país, pois a continuidade da luta não apagava, mas dava sentido e razão ao que tinham sofrido.
No 1984 do Orwell, os funcionários eram regularmente reunidos para uma sessão de ódio coletivo. Aparecia na tela a figura do homem a odiar, e todos se sentiam fisicamente transportados e transtornados pela figura do Goldstein. Catarse geral. E odiar coletivamente pega. Seremos cegos se não vermos o uso hoje dos mesmos procedimentos, em espetáculos midiáticos.
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Manifestantes protestam durante velório de ex-presidente do PT, em total desrespeito aos amigos e parentes

O texto de Hannah, apontando um mal pior, que são os sistemas que geram atividades monstruosas a partir de homens banais, simplesmente não foi entendido. Que homens cultos e inteligentes não consigam entender o argumento é em si muito significativo, e socialmente poderoso. Como diz Jonathan Haidt, para justificar atitudes irracionais, inventam-se argumentos racionais, ou racionalizadores. No caso, Hannah seria contra os judeus, teria traído o seu povo, tinha namorado um professor que se tornou nazista. Os argumentos não faltaram, conquanto o ódio fosse preservado, e com o ódio o sentimento agradável da sua legitimidade.
Este ponto precisa ser reforçado. Em vez de detestar e combater o sistema, o que exige uma compreensão racional, é emocionalmente muito mais satisfatório equilibrar a fragilização emocional que resulta do sofrimento, concentrando toda a carga emocional no ódio personalizado. E nas reações histéricas e na deformação flagrante, por parte de gente inteligente, do que Hannah escreveu, encontramos a busca do equilíbrio emocional. Não mexam no nosso ódio. Os grandes grupos econômicos que abriram caminho para Hitler, como a Krupp, ou empresas que fizeram a automação da gestão dos campos de concentração, como a IBM, agradecem.

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“Qualquer momento é momento de mandar um bandido embora. Até no enterro da minha mãe eu faria isso”, disse o aposentado de 60 anos com o cartaz na mão
 
O filme é um espelho que nos obriga a ver o presente pelo prisma do passado. Os americanos se sentem plenamente justificados em manter um amplo sistema de tortura – sempre fora do território americano pois geraria certos incômodos jurídicos -, Israel criou através do Mossad o centro mais sofisticado de tortura da atualidade, estão sendo pesquisados instrumentos eletrônicos de tortura que superam em dor infligida tudo o que se inventou até agora, o NSA criou um sistema de penetração em todos os computadores, mensagens pessoais e conteúdo de comunicações telefônicas do planeta. Jovens americanos no Iraque filmaram a tortura que praticavam nos seus celulares em Abu Ghraib, são jovens, moças e rapazes, saudáveis, bem formados nas escolas, que até acham divertido o que fazem. Nas entrevistas posteriores, a bem da verdade, numerosos foram os jovens que denunciaram a barbárie, ou até que se recusaram a praticá-la. Mas foram minoria.
O terceiro argumento do filme, e central na visão de Hannah, é a desumanização do objeto de violência. Torturar um semelhante choca os valores herdados, ou aprendidos. Portanto, é essencial que não se trate mais de um semelhante, pessoa que pensa, chora, ama, sofre. É um judeu, um comunista, ou ainda, no jargão moderno da polícia, um “elemento”. Na visão da KuKluxKlan, um negro. No plano internacional de hoje, o terrorista. Nos programas de televisão, um marginal. Até nos divertimos, vendo as perseguições. São seres humanos? O essencial, é que deixe de ser um ser humano, um indivíduo, uma pessoa, e se torne uma categoria. Sufocaram 111 presos nas celas? Ora, era preciso restabelecer a ordem.
Um belíssimo documentário, aliás, Repare Bem, que ganhou o prêmio internacional no festival de Gramado, e relata o que viveu Denise Crispim na ditadura, traz com toda força o paralelo entre o passado relatado no Hannah Arendt e o nosso cenário brasileiro. Outras escalas, outras realidades, mas a mesma persistente tragédia da violência e da covardia legalizadas e banalizadas.
Sebastian Haffner, estudante de direito na Alemanha em 1930, escreveu na época um livro – Defying Hitler: a memoir – manuscrito abandonado, resgatado recentemente por seu filho que o publicou com este título.3 O livro mostra como um estudante de família simples vai aderindo ao partido nazista, simplesmente por influência dos amigos, da mídia, do contexto, repetindo com as massas as mensagens. Na resenha do livro que fiz em 2002, escrevi que o que deve assustar no totalitarismo, no fanatismo ideológico, não é o torturador doentio, é como pessoas normais são puxadas para dentro de uma dinâmica social patológica, vendo-a como um caminho normal. Na Alemanha da época, 50% dos médicos aderiram ao partido nazista.
O próximo fanatismo político não usará bigode nem bota, nem gritará Heil como os idiotas dos “skinheads”. Usará terno, gravata e multimídia. E seguramente procurará impor o totalitarismo, mas em nome da democracia, ou até dos direitos humanos.

Ladislau Dowbor é professor de economia nas pós-graduações em economia e em administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e consultor de várias agências das Nações Unidas. Seus artigos estão disponíveis online em http://dowbor.org.

Fonte: O CAFEZINHO
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E tudo começou, ou recomeçou, com a  hegemonia da neoliberalismo a partir de 1990.

De lá pra cá, a irracionalidade cresce cada vez mais.

Qualquer pensamento, reflexão, ideia, que seja diferente do sistema dominante não é aceita como um exercício natural, mas sim como uma  ameaça ao sistema, e, assim sendo, deve ser prontamente rejeitada.

O resultado é um pensamento único, estreito, amplamente divulgado e incentivado  diariamente pelos meios de comunicação.
 
Como resultado desse processo não existem mais adversários e sim inimigos que  devem ser eliminados  por quaisquer meios.

A cultura do inimigo se espalha em todas as dimensões da vida social, da política a disputa por uma vaga para estacionar o carro.

O concorrente também passou a ser considerado um inimigo, seja na economia ou na disputa por uma vaga de emprego.

Enquanto inimigo, logo alguém que deseja subverter o  pensamento único -  a ordem mater - sua morte é vista com naturalidade, desejada e mesmo festejada.

Na esteira  desse  processo anti - civilizacional, minorias sociais , por serem minorias, também são percebidas como inimigos, seja pela opção religiosa, social, ou outras.

Cresce desta forma, e cada vez mais, a crença de que o mundo hegemônico deve ser compartilhado por iguais, somente iguais, pois as diferenças são vistas como distúrbios do suposto processo evolutivo em curso.

Torturar ou matar o diferente que ousa questionar o pensamento único passa a ser algo natural, civilizado e, assim sendo, tais práticas explodem em todas as dimensões da vida e em todas camadas sociais, seja na atuação da Polícia, ou em uma separação de casal, por exemplo.

Esse processo hegemônico, supostamente evolutivo, está longe de ser revertido, ao contrário, ganha cada vez mais adeptos, em todos os cantos do planeta.

O capitalismo, em sua expressão atual neoliberal, consegue a proeza de recriar um nazifascismo ainda mais brutal.

Talvez sejam indícios de seu  lento, agonizante e doloroso  fim.
 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O crepúsculo da velha mídia

PF, que tal criar a "Operação Plim-Plim"?

publicado 05/10/2015
Possível manipulação em preços de anúncios merece investigação e CPI.
bessinha fervura da globo
Saiu na Rede Brasil Atual:

Sugestão à PF: 

uma "Operação Plim-Plim" sobre manipulação de preços dos anúncios


Entrada de outro instituto de medição de audiência de TVs mostra que números da Globo podem ter sido artificialmente turbinados, com consequências sobre as contas públicas que ensejam investigação e CPI


por Helena Sthephanowitz, para a Rede Brasil Atual

Os primeiros números da medição por amostragem de audiência televisiva pelo Instituto alemão Gfk mostram diferenças em relação ao Ibope, que detinha o monopólio deste mercado. E as diferenças mostram que os resultados do Ibope eram favoráveis a Rede Globo.

Pelo Gfk, a Rede Record tem uma audiência maior às tardes e à noite do que a registrada pelo instituto concorrente. O SBT também é mais assistido nas manhãs e tardes.

SBT e Record sempre questionaram os dados do Ibope. A Globo nunca reclamou. Pior, boicotou a entrada de qualquer concorrente do Ibope no mercado brasileiro. Todas as emissoras pagam ao Ibope pelos serviços de medição da audiência, mas só Record, SBT e Rede TV contratam o instituto alemão.

O mercado de TV aberta, mesmo em crise devido à linha de programação excessivamente oposicionista espantar consumidores, faturou cerca de R$ 33 bilhões apenas no primeiro semestre. A Globo fica com a fatia do leão deste valor. Mas estranhamente se recusa a dividir com as demais emissoras um investimento relativamente pequeno, de cerca de US$ 130 milhões, para trazer outro instituto que dê mais confiança, controle e transparência para os anunciantes neste mercado bilionário.

As emissoras menores sempre criticaram o que chamavam de promiscuidade nas relações entre a Globo e Ibope, que pareciam viver uma longa lua de mel. Quando outras emissoras apareciam na frente no chamado tempo real, que é a medida on-line minuto a minuto, no cálculo consolidado divulgado no dia seguinte, a Globo reassumia a liderança. Já ocorreram episódios mal explicados de "apagão" na medição justamente em horários desfavoráveis à emissora líder. Em março deste ano, o SBT conseguiu em disputa judicial obrigar o Ibope a abrir a "caixa-preta" de como são feitos estes cálculos.

A audiência define o preço dos anúncios nos intervalos comerciais e a própria decisão do mercado publicitário sobre onde anunciar. É critério inclusive para anúncios governamentais fazerem a chamada "mídia técnica". No caso dos governos, se de fato a audiência do Ibope estava inflada, é como se houvesse superfaturamento. Imagine se um governo comprasse lata de leite em pó para a merenda de um 1kg, e o fornecedor que vencesse a licitação só enchesse com 800g. Pois se a comunicação governamental pagou por uma audiência de dez milhões de lares e só oito milhões eram entregues, o caso é semelhante. Os consumidores, anunciantes privados, também teriam sido lesados. E as emissoras concorrentes teriam sofrido perdas. É motivo suficiente para uma operação "Plim-plim" da Policia Federal apurar os fatos.

O caso é tão grave que até o horário eleitoral "gratuito" é pago pelo governo na forma de abatimentos nos impostos, calculado pelo preço médio do que a emissora ganharia em anúncios comerciais no horário.

Se a operação Lava Jato investigou cartéis de empreiteiras para combinar e manipular preços, uma operação "Plim-Plim" apuraria se houve combinação entre Rede Globo e Ibope na medição de audiência para manipular preços de anúncios nas últimas décadas – e portanto lucrar abusivamente pelo recebimento de recursos públicos, além de obstruir o acesso à informação pública a parcela significativa da população. Justifica também uma CPI.

Apesar do boicote da Globo, a entrada do instituto alemão no mercado brasileiro mexeu com o concorrente. Primeiro o antigo dono, Carlos Augusto Montenegro, caiu fora do negócio e vendeu a empresa para o grupo inglês WPP Kantar. Sob nova direção, o Ibope divulgou mudanças nos métodos, o que a aproximou da mesma metodologia do Gfk.

Porém, o instituto alemão captou mudanças no perfil de consumidores brasileiros nos últimos anos, sobretudo pela ascensão social de camadas da população. Esse movimento acabou sendo talvez ignorado, talvez despercebido pelo concorrente. Sob pressão e com credibilidade abalada, em decisão inédita o Ibope anunciou que vai liberar informações sobre audiência da tv aberta e paga em seu site.

A entrada, tardia, de outro instituto traz mais confiança, controle e transparência para o bilionário mercado publicitário de televisão daqui para frente. Mas só uma operação investigativa da Polícia Federal, assim como no caso da Lava Jato, pode ressarcir os cofres públicos de eventuais pagamentos indevidos para a emissora dos Marinho, quem sabe se sistematicamente e por décadas, além de abrir a caixa-preta da corrupção na mídia tradicional, pródiga em dar apoio midiático a políticos dóceis aos interesses empresarias dos "barões da mídia".

Aparentemente Veja e Época nunca ouviram falar de internet

publicado 04/10/2015
Palmério

O maior esgoto a céu aberto no Brasil é o PiG


publicado 04/10/2015
Totonho
Fonte: CONVERSA AFIADA
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Qualquer semelhança é mera reincidência



"A escravatura humana atingiu o seu ponto culminante na nossa época sob a forma do trabalho livremente assalariado." - George Bernard Shaw

Fonte: FUTEPOCA

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Até adolescente detona Cunha e o jornalismo da velha mídia

Leitora de 15 anos detona Cunha: Com falso o discurso de que quer o bem do povo, age como moleque mimado e prepotente. Bem do povo o quê?!

publicado em 03 de outubro de 2015 às 19:47
aninha e cunha-001
por Conceição Lemes
Os leitores mais antigos do Viomundo já conhecem Ana Giulia Zortea, a nossa queridíssima Aninha. Atualmente, ela tem 15 anos, mas apareceu por aqui, aos 10 apenas, desancando o agora ex-deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).
Em 31 de março de 2011, em carta aberta ao reitor da Universidade de Coimbra, Aleluia manifestou-se a contra a concessão do título de doutor honoris causa ao ex-presidente Lula. Sua atitude mesquinha e preconceituosa, recebeu repúdio quase unânime dos leitores. Entre eles, o de Ana Giulia Zortea.
Ana-Guilia-no-Viomundo (1)
Acompanhavam o seu login duas informações apenas visíveis para nós: e-mail pessoal e o link de um blog chamado Meu Pai Morreu no Vôo 477, e Agora?!!?.
Imediatamente acessei. O blog é da própria Ana Giulia. Seu pai, Luigi Zortea, foi uma das 228 vítimas do vôo AF 447, da Air France, que, em 31 de maio de 2009, caiu no oceano Atlântico quando fazia o trajeto Rio-Paris.
“Tem certeza de que você tem 10 anos!? Não é um 1º de abril (a carta do Aleluia foi postada no dia 31 de março)!?”, brinquei no primeiro e-mail que lhe enviei.
“Pelo menos até maio terei 10 anos (rsrs)”, respondeu bem-humorada. Ela faz aniversário no dia 4 de maio.
Contei que gostaria de entrevistá-la, mas precisaria conversar antes com a mãe, para pedir autorização. A nossa entrevista saiu aqui.
Viomundo ganhou a sua mais jovem leitora e eu, a minha mais jovem amiga. De lá para cá, não paramos mais de conversar.  O tema recorrente é política. Ela adora.
Aninha Zortea
Aninha Zortea aos 11, 12 e 15 anos de idade. Inteligente, justiceira, corajosa, linda!
Fã incondicional do ex-presidente Lula, Aninha ficou arrasada com a notícia de que ele havia sido diagnosticado com câncer na laringe.
Na noite daquele sábado pesaroso, 29 de outubro de 2011, Gerson Carneiro, outro queridíssimo leitor, nos mandou, indignado, um e-mail com o áudio do comentário de Lucia Hippolito, na CBN, debochando e comemorando a doença de Lula. Virou post.  Gerson Carneiro: Praga de urubu não pega.
Ana Giulia comentou:
Ana Giulia - comentário
A notícia da doença fez com que o ódio contra Lula vicejasse nas redes sociais, de forma canalha, desumana.
Os tuítes de João Antônio Cardoso, então presidente da juventude tucana de  Santo André, no ABC paulista, são emblemáticos daquele momento. E João Cardoso, conhecido como “Meio Quilo”, o exemplo pronto e acabado do “casamento” do jornalismo de esgoto com a política lixo.
Perspicaz, Ana Giulia, sem nomear João Cardoso, escreveu para o seu blog, em 31 de outubro de 2011, um texto sobre o tema, cujo título é:  O Meu Querido Presidente LULA!!!
O Viomundo reproduziu-o, na íntegra, aqui.
Nele, Aninha pergunta: “Como esse moço [o João Antônio Cardoso] quer chegar algum dia ao poder?”
Ela afirma categoricamente: “O presidente Lula é muito mais forte do que esta gentinha que só quer um pouco de visibilidade”
E acalenta dois sonhos. O do ex-presidente se curar, que já se concretizou.  E o de votar em Lula presidente, em 2018, quando ela terá 18 anos:
Aninha tinha,então, 11 anos.
Flamenguista roxa,  cursa o primeiro ano do Ensino Médio. É atleta da Seleção Brasileira de Natação e do Clube de Regatas Flamengo. Na sua categoria (costas e peito), está sempre em primeiro ou segundo lugar.
Quanto às Olimpíadas 2016, no Rio de Janeiro,, ela, é claro, gostaria muito de participar. A seletiva será no final do ano, no Open, mas, devido à idade, as suas chances são muito pequenas. “Todos dizem que somos a geração 2020 (rsrs)”.
O blog da Aninha acompanhou o seu crescimento. Apenas mudou de nome:  Amadurecendo, Crescendo, e Sempre Aprendendo!!!
Ela puxou muito à mãe: firme, corajosa, rápida no raciocínio. “Que nada! A minha menininha se parece mais com o pai. Adora política como ele”, desconversou Ângela lá atrás. “A minha mãe  [dona Avelina] chama-a de ‘a justiceira’.”
O artigo abaixo é o mais recente. Ângela e dona Avelina têm ou não razão?
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Crise Mundial e a Falta de Vergonha de Nossos Políticos Brasileiros!!! Até Quando???
Ana Giulia Zortea
Estamos vivendo tempos difíceis. Difíceis no mundo e muito difícil e complicado aqui no Brasil.
A crise dos refugiados que tentam sair de seus países em busca de uma oportunidade de vida digna em outras terras é triste de se ver.
É horrível ver crianças morrendo afogadas na tentativa frustrada de alcançarem a liberdade e a paz.
É triste ver uma jornalista agir como um carrasco das antiguidades, como aquela húngara, chutando, batendo e dificultando a vida de pessoas que nada fizeram para ela, a não ser a tentativa de alcançar um local para viverem em paz.
Mas é triste também ver que no Brasil, infelizmente, vivemos olhando apenas para o nosso próprio umbigo.
O mundo está em crise, e, aqui, o que se tenta fazer é piorar a crise interna.
E tudo por quê? Porque um bando de gente que se acha superior, não aceita a derrota das urnas, está criando um caos generalizado, o famoso “quanto pior, melhor”!
Vamos deixar de ser hipócritas, e tentar sair desta crise de uma vez por todas.
Nossos políticos de oposição agem como crianças mimadas que não conseguiram ganhar um jogo e ficam tentando acabar com a brincadeira de qualquer maneira.
Eu sinceramente estou com vergonha de viver em um país onde o presidente da Câmara de Deputados age como um moleque mimado e prepotente, achando que pode tudo e olhando apenas para si próprio, com o falso discurso de que quer o bem do povo. Bem do povo o quê???
Se querem o bem do povo, todos trabalhariam de maneira a resolver os problemas internos  e não criando situações para dificultar o governo de governar.
As questões pessoais não podem nunca estar acima das questões nacionais, mas hoje, infelizmente, o que se vê aqui no Brasil é uma histeria coletiva de que tudo é culpa do PT da  presidente Dilma, e claro, do presidente Lula!!!
Eu sinceramente estou de saco cheio de ler e ouvir isto o tempo todo!!! A crise que vivemos, na verdade, é causada pela falta de vergonha de muitos políticos que estão no poder e não fazem nada, a não ser pensar em si próprios. E, assim, em nome de suas próprias ambições estão detonando o nosso país.
Eu tenho certeza que nós jovens vamos receber um país destruído pela falta de vergonha na cara destes idiotas que acham que conseguem enganar tudo e todos.
Nós podemos até não nos manifestar o tempo todo. Sei também que tem muita gente da minha idade que acha que tudo o que ouve e lê é a mais pura verdade, e nem se dá ao trabalho de tentar entender o que acontece realmente no Brasil.
Mas muitos de nós sabemos o que está acontecendo e já sabemos que iremos no futuro ter que resolver as grandes merdas que vocês estão fazendo hoje!!!
Então, por favor, parem agora, não destruam o nosso Brasil em nome de suas ambições pessoais. Não quero no futuro ter que explicar para meus filhos e netos que a geração que nos antecedeu, pensava somente em si e que governava apenas em causa própria, que vivíamos uma época de cada um por si e Deus por todos. Que o Brasil até chegou a sair do atoleiro em que sempre viveu, mas que, por ganância, ignorância, prepotência regredimos tudo novamente.
Por favor, senhores deputados, senadores, juízes, promotores, antes de pensar em detonar o nosso país por causa de seus projetos pessoais e individualistas, pensem em nossos futuros.
Vocês não estarão o tempo todo no poder, um dia a História vai lembrar dos seus nomes. Cabe a cada um decidir se quer ser lembrado como alguém que honrou o país ou foi apenas alguém que usou o poder para ajudar a criar o caos e prejudicar todos nós, em nome de suas ambições pessoais e partidárias.
O tempo mostra quem é quem, e do julgamento da História ninguém pode fugir. Deixem seus nomes registrados com dignidade, e não sejam motivo de vergonha para seus filhos, netos e tataranetos. Pensem nisso.
Quero o meu país crescendo novamente, digno novamente, e não esta vergonha que vemos hoje, onde não podemos confiar na imprensa porque é partidária, nos deputados e senadores porque a maioria não é séria!!!
Ainda é tempo de mudar, mas a mudança tem que começar agora.
Deixem de agir como mimados idiotas. Deixem que o governo legitimamente eleito governe. Disputem as eleições de 2018 com dignidade. A democracia deve sempre prevalecer em nome da dignidade humana e da liberdade do nosso povo!!!

Fonte: VIOMUNDO
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A morte das revistas semanais brasileiras

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

É a morte do jornalismo semanal. E uma morte infame, desonrosa, suja.

Tantas revelações em torno de Eduardo Cunha com suas contas na Suíça, e nenhuma revista semanal o deu na capa.

Que ele precisaria fazer para ir para a capa da Veja, da Época e da IstoÉ?

A mídia fala tanto em corrupção, e quando aparece um caso espetacular destes finge que não viu.

É uma amostra do que a imprensa sempre faz quando se trata de político amigo: joga a corrupção para baixo no tapete.

Isto se chama manipulação.

O brasileiro ingênuo é, simplesmente, ludibriado. Depois, corre para as redes sociais para vomitar as besteiras que leu na imprensa.

Durante a semana a mesma coisa ocorrera com os jornais. Eles esconderam o caso Cunha.

Fernando Morais comentou as capas logo na manhã de sábado. Notou, com razão, que parte disso é culpa do próprio PT por ter enchido de dinheiro público empresas de mídia que desinformam e não hesitam em sabotar a democracia quando sentem que seus inumeráveis privilégios correm risco.

As capas das revistas semanais e as primeiras páginas dos jornais nestes dias demonstram que, na prática, existe um monopólio na mídia brasileira.

São quatro ou cinco famílias, e na verdade uma só voz.

Não fosse a mão invisível do mercado, para usar a grande expressão de Adam Smith, e o poder das grandes corporações jornalísticas seria um obstáculo formidável ao avanço social brasileiro.

Mas a mão invisível trouxe a internet, e com ela um jornalismo que se contrapõe ao gangsterismo editorial das grandes corporações.

Fazer jornais e revistas de papel é coisa para grandes empresas, pelo tamanho dos investimentos necessários.

Mas montar um site é barato. Você não tem que imprimir sua publicação em gráficas, pagar uma distribuidora, comprar papel em fábricas finlandesas e coisas do gênero.

Seu custo é infinitamente mais baixo.

Paralelamente, a voz única das grandes corporações abre um espaço enorme para visões de mundo diferentes.

Foi assim que surgiu e floresceu, na internet, um jornalismo dissidente vital para a democracia nacional.

Considere: sob Getúlio e Jango, vítimas da imprensa, não houve contraponto à narrativa golpista da imprensa.

(Getúlio, um homem de visão, tentou resistir aos barões da imprensa com a criação de um jornal, a Última Hora, mas era quase nada diante da avalanche dos grandes jornais.)

Avalie como seriam as coisas sem o contraponto dos sites independentes.

O caso Eduardo Cunha mostra muitas coisas, e não apenas sobre a mídia. Estampa a parcialidade da Justiça e da Polícia Federal, também.

Cunha tinha que estar dedicando todo o seu tempo a se defender das acusações terríveis que pairam sobre ele.

Em vez disso, trama a derrubada de Dilma como se não tivesse nada além do impeachment em sua agenda.

Ele só faz isso porque sabe que goza de ampla proteção.

Essa proteção ficou grotescamente evidente neste final de semana, nas bancas brasileiras, com as capas das revistas semanais.

Fonte: Blog do Miro
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Uma menina de apenas 15 anos, que certamente não se deixa influenciar pelo noticiário mentiroso e criminoso produzido diariamente pela velha mídia, detona Cunha e , de tabela, todo o jornalismo engajado na perseguição ao governo e na alucinada tentativa de um golpe de estado que venha destituir do cargo a presidenta da república.

Enquanto isso, pessoas bem mais velhas, mas nem tão maduras como Ana, ainda desfilam pelas ruas do país em um grotesco cortejo de analfabetos políticos que pedem o impeachment da presidenta e saúdam o criminoso Eduardo Cunha como o paladino da justiça, da moral e dos bons costumes.

A cegueira da visão é certamente a pior cegueira.

Que digam os paulistas, reféns de tucanos e totalmente desfocados da realidade.

Terrorismo e golpes organizados pelos EUA

A estratégia dos Estados Unidos para a América Latina

Documentos do Wikileaks revelam um plano detalhado para derrubar os governos eleitos dos países latino-americanos e até mesmo o assassinato de Evo Morales.


Russia Times
Enzo de Luca

No recém terminado verão europeu, o mundo viu como a Grécia tentou se opor às chantagens das instituições internacionais que obrigaram o país a aceitar um pacote de novas medidas de austeridade. O endividado Estado grego não pode se negar a cumprir as ordens da Troica conformada pelos credores. Depois do referendo convocado pelo governo de Alexis Tsipras, o Banco Central Europeu privou a economia grega de liquidez, o que intensificou a recessão e transformou o resultado do voto popular numa farsa.

Uma batalha similar pela independência das nações vem sendo travada na América do Sul, durante os últimos 15 anos. Apesar das tentativas de Washington de destruir a “dissidência estatal” em vários países utilizando as mesmas técnicas empregadas contra Atenas, a fortaleza da América Latina vem suportando a pressão. Essa batalha épica vem promovida longe dos olhos dos cidadãos e foi confirmada por documentos do arquivo do Departamento de Estado norte-americano, filtrados pelo WikiLeaks. Alexander Main e Dan Beeton ofereceram uma interessante reconstrução desses acontecimentos em seu livro “WikiLeaks: o mundo segundo o Império Estadunidense”.

Os autores argumentam que o neoliberalismo se impôs na América Latina antes de Berlim e Bruxelas humilharem a democracia na Grécia. Através da coação exercida pelos Chicago Boys – jovens economistas latino-americanos que regressam aos seus países depois de estudar nos Estados Unidos –, Washington conseguiu difundir a austeridade fiscal na América do Sul, entre outros princípios ideológicos: a desregulação, o livre comércio, o sucateamento do setor público e posterior privatização, em processos realizados entre os Anos 80 e 90. O resultado foi similar ao que se viu na Grécia: o estancamento do crescimento, o aumento da pobreza, a deterioração das condições de vida de milhões de pessoas e uma série de novas oportunidades para os investidores internacionais e corporações multinacionais. Porém, como consequência disso, alguns candidatos contrários ao regime neocolonial começaram a ganhar as eleições e a oferecer resistência à política exterior dos Estados Unidos, colocando em prática suas promessas eleitorais de redistribuição social e redução da pobreza.

Entre 1999 e 2008, esses candidatos ganharam eleições na Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Honduras, Equador, Nicarágua e Paraguai. Grande parte dos esforços do governo norte-americano para subverter a ordem democrática desses países e voltar a impor o regime neoliberal são agora de domínio público, graças às filtragens do WikiLeaks, que revelaram a verdade sobre o presidente George W. Bush e o começo do mandato de Obama. Washington deu apoio estratégico e material aos grupos de oposição, alguns deles claramente antidemocráticos e violentos. Os telegramas também revelaram a natureza dos emissários ideológicos estadunidenses da Guerra Fria, que atualmente elaboram estratégias neocoloniais na América do Sul. Os autores do livro afirmam também que os meios de comunicação corporativos são parte da estratégia expansionista.

O caso emblemático de Evo Morales na Bolívia 

No final de 2005, Evo Morales ganhou as eleições presidenciais com a promessa de reformar a Constituição, garantir os direitos dos indígenas e lutar contra a pobreza e o neoliberalismo. No dia 3 de janeiro de 2006, dois dias depois do seu juramento como presidente, ele recebeu o embaixador estadunidense, David N. Greenlee, que explicou a visão que a Casa Branca tinha para o futuro da Bolívia. A assistência multilateral à Bolívia, segundo o embaixador, dependia do “bom comportamento” do governo de Morales. “Ele lembrou da importância crucial das contribuições dos Estados Unidos para instituições financeiras internacionais como o Banco de Desenvolvimento Internacional (BID), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI)”, dos quais a Bolívia dependia. “Quando pensar no BID, você deve lembrar dos Estados Unidos”, disse o embaixador. “Isto não é uma chantagem, é a simples realidade”, comentou.

Contudo, Morales manteve suas promessas eleitorais em matéria de regulação dos mercados de trabalho, nacionalização do gás e do petróleo e a cooperação com Hugo Chávez. Em resposta a essas ações de Morales, Greenlee sugeriu um “menu de opções” para tentar obrigar a Bolívia a se curvar diante da vontade do governo dos Estados Unidos. Algumas dessas medidas eram: vetar todos os empréstimos multilaterais em dólares, postergar o plano de alívio da dívida multilateral, diminuir o financiamento da Corporação do Desafio do Milênio (que pretende acabar com a pobreza extrema) e cortar o “apoio material” às forças de segurança da Bolívia.

Poucas semanas depois de assumir o cargo, Morales anunciou o rompimento de contratos de empréstimo com o FMI. Anos mais tarde, Morales aconselhou a Grécia e outros países europeus endividados a seguir o exemplo da Bolívia e “se livrar economicamente dos caprichos do Fundo Monetário Internacional”. O Departamento de Estado norte-americano reagiu financiando a oposição boliviana. As forças políticas opositoras da região da Meia Lua começaram a receber mais ajuda. Segundo uma mensagem enviada em abril de 2007, a chancelaria dos Estados Unidos considerava que a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) “deveria fortalecer os governos regionais, como forma de combater o governo central”.

O informe de 2007 da USAID menciona 101 remessas de dinheiro, com um total de 4,06 milhões de dólares, “para ajudar os governos das províncias a operar estrategicamente”. O dinheiro da Casa Branca também foi destinado aos grupos indígenas locais que fossem “contra a visão das comunidades indígenas defendida por Evo Morales”. Um ano depois, os departamentos da Meia Lua estavam em aberta rebelião contra o governo de Morales e promoviam um referendo sobre a autonomia, num contexto de protestos violentos que acabaram com a vida de ao menos vinte partidários do governo.

Esta tentativa de golpe de Estado fracassou graças à pressão dos presidentes da América do Sul, que emitiram uma declaração conjunta de apoio ao governo constitucional da Bolívia. Mas os Estados Unidos não se deram por vencidos e continuaram em comunicação constante com os líderes do movimento separatista da oposição. Segundo Alexander Main e Dan Beeton, durante os acontecimentos de agosto e setembro de 2008, diferente do que mostravam em sua postura oficial, o Departamento de Estado norte-americano levou a sério a possibilidade de um golpe de Estado na Bolívia, ou até mesmo de assassinato do presidente Evo Morales. “O Comitê de Ação de Emergência, junto com o Comando Sul dos Estados Unidos, desenvolveu um plano de resposta imediata para o caso de uma emergência repentina, que inclui uma tentativa de golpe de Estado e uma operação para matar o presidente Morales”, diz a mensagem da Embaixada dos Estados Unidos em La Paz.

Promoção da democracia

Posteriormente, alguns dos métodos de ingerência implantados na Bolívia se aplicaram em outros países, com governos de esquerda ou forte participação dos movimentos sociais. Por exemplo, depois da volta dos sandinistas ao poder na Nicarágua, em 2007, a embaixada dos Estados Unidos em Manágua lançou um programa de apoio intensivo à Aliança Liberal Nicaraguense (ALN), principal partido da direita opositora.

Ameaça bolivariana

Durante a Guerra Fria, a suposta ameaça da União Soviética e a expansão do comunismo cubano serviram para justificar um grande número de intervenções políticas dos Estados Unidos com o objetivo de eliminar governos de esquerda e implantar regimes militares de direitas. Da mesma forma, as filtragens do WikiLeaks mostram como “o fantasma do bolivarianismo” venezuelano foi utilizado na década passada para justificar a intromissão em temas internos de governos encabeçados por líderes antineoliberais. Assim, Washington se dedicou a uma batalha oculta contra os governos da Bolívia, “que caiu nos braços da Venezuela” e do Equador, que realizava a função de “porta-voz de Chávez”.

Tradução: Victor Farinelli


Marcelo Tas e as novas armas do Tio Sam

Agora tentam promover 'mudanças de regime' com ações voltadas principalmente para a manipulação da opinião pública. Marcelo Tas é um bom exemplo.


+
Miguel do Rosário - O Cafezinho
reprodução
A informação abaixo não prova que Marcelo Tas vendeu sua opinião ao Tio Sam. Não vou entrar nesse mérito. Prefiro acreditar que não.

Tas é um cara influente no twitter, com milhões de seguidores, e me parece normal que um assessor de Hillary Clinton queira se gabar, junto à chefe, que conseguiu "plantar" uma ideia junto à opinião pública brasileira.

Mas reforça uma das teorias de conspiração mais quentes dos últimos tempos.

(E teorias de conspiração ganharam outro status após as revelações do wikileaks e do snowden. Agora elas voltaram a ser levadas à sério).

É a teoria do novo tipo de golpe desenvolvido pelo governo americano.

Eles agora tentam promover "mudanças de regime" com ações voltadas principalmente para a manipulação da opinião pública.

Na verdade, nem é tão conspiração assim. Pensando bem, não é crime pretender influenciar a opinião de outro país.

Quem é mais culpado aqui somos nós, que deveríamos estar mais atentos a essas tentativas de nos manipular, o que pode levar a opinião pública a defender coisas que não interessam à soberania brasileira.

Além disso, é mais um argumento para defendermos a democracia na mídia: a própria soberania nacional está em perigo se continuarmos tão vulneráveis, através da nossa mídia, a esse tipo de manipulação.

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Da página do Ação Popular - Baderna Neles!:

O apresentador Marcelo Tas virou assunto de e-mails trocados por assessores de Hillary Clinton com a então secretária de Estado em 2011.

O motivo? Tas repassou, em sua conta no Twitter, uma mensagem do então assessor de Hillary para Inovação, Alec Ross. Ross narrou o feito em e-mail de agosto de 2011 a Thomas Shannon, então embaixador dos EUA.

Em uma troca de mensagens entre assessores de Hillary um deles disse:

"Você já me ouviu falar sobre como devemos cultivar 'influenciadores de mídias sociais' com o objetivo de validar e amplificar nossa mensagem"

O assessor conta então que Tas foi convidado para um "café" por iniciativa da Embaixada.

O assessor então diz:

Publiquei algo sobre Síria no meu Twitter. Tas pegou [o tuíte], reescreveu em português e então o disseminou para os seus quase 2 milhões (na época) de seguidores no Twitter

A troca de e-mails chegou a Hillary, que celebrou: "É um bom exemplo".

Marcelo tas diz que a celebração de seu tuíte por assessores é "normal". "A novidade é o Estado americano me achar relevante."

ATUALIZAÇÃO - - - > Conseguimos acesso aos documentos.

1. Entrar no site: https://foia.state.gov/
2. No campo "Search FOIA site" pesquisar por "Marcelo Tas"
3. Clicar no primeiro link que aparece.

Está tudo confirmado pelo próprio governo americano.


Fonte: CARTA MAIOR
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sábado, 3 de outubro de 2015

Recriar o futebol brasileiro

A Liga Sul-Minas-Rio recebeu a primeira oferta

Juca Kfouri
 
 
A Rede Record procurou a Liga Sul-Minas-Rio interessada em comprar os direitos de transmissão do torneio, por enquanto chamado de Primeira Liga, embora não seja a primeira, mas assim chamada porque todos os clubes fundadores estão na Série A.
O Esporte Interativo também revelou interesse e na semana que vem ambos se reunirão com Alexandre Kalil, CEO da Liga.
O nome do torneio está à venda para quem queira patrociná-lo.

Fonte: UOL
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Talvez a criação da Liga Sul- Minas -Rio seja o embrião da transformação urgente  que necessita o futebol brasileiro.

O fato da Liga ter sido procurada por emissora de TV interessada em comprar os direitos de transmissão da competição, é um bom sinal.

Melhor ainda se a emissora que adquirir os direitos de transmissão não for do grupo globo.
 

Em muitos telejornais, a previsão do tempo também é manipulada

COP 21:
Mudança climática envolve poder, manipulação e guerra psicológica
     

A Exxonmobil, por exemplo, gastou milhões de dólares montando um time de pesquisadores para manipular a opinião pública sobre o aquecimento global.


Najar Tubino  
Horia Varlan / Flickr















Na última década petrolíferas, montadoras, indústrias químicas, indústria do carvão, siderúrgicas usaram o poder econômico para desacreditar o debate que os cientistas começaram a realizar sobre o aquecimento global e a mudança do clima no planeta. A Exxonmobil, a maior petrolífera do mundo – US$400 bilhões em faturamento – financiou um grupo de 43 organizações para manipular a opinião pública entre 1998-2005. Chegou a criar um time de pesquisadores para escrever artigos contrários às teses de aquecimento global. Gastou pelo menos US$16 milhões. Nada comparado aos investimentos dos irmãos Koch – Charles e David -, que juntos administram uma fortuna de 68 bilhões de dólares. São os donos da Koch Industries – refinarias de petróleo no Alaska, no Texas e em Minnesota – fábricas de celulose como a Geórgia Pacífica e uma ligação umbilical com a ultra-direita estadunidense.

Koch pai construiu refinarias para Stálin
A tática imposta por estas corporações sempre foi a intimidação, comprando veículos de comunicação, cientistas e políticos. O documentarista Roben Greenwald autor do filme Koch Brothers Exposed, de 56 minutos, registra que os irmãos financiaram o Partido Republicado em US$407 milhões na campanha de 2012, usando uma rede de 17 organizações chamada de Freedom Partners. Denúncia comprovada pelo jornal The Washington Post no ano passado. O dinheiro não era para fazer campanha política direta, mas para incentivar o debate contra as ideias da reforma do sistema de saúde, do aumento das punições dos crimes ambientais ou das despesas do governo. No documentário são citadas outras quatro organizações que receberam dinheiro dos Koch:

- Cato Institute com US$13,6 milhões; Mercatus Center com US$9 milhões, Heritage Foundation com US$3,4 milhões e Reason Foundation com US$2,4 milhões.

Sem contar a Fundação dos norte-americanos pela Prosperidade – American for Prosperity – e da Associação Nacional do Rifle. Charles e David aprenderam com o pai que o governo é um perigo para os investimentos, o mercado é soberano para definir o progresso do país. Por ironia da história, o pai formado em engenharia química no tradicional MIT ajudou Stálin a construir 15 refinarias de petróleo na União Soviética da década de 1930. Depois da segunda guerra mundial os Koch passaram a enxergar o comunismo em qualquer canto. Um dos alertas dos Koch:

“- Os homens de cor são parte do grande plano dos comunistas para dominar a América”.

Ocorreu um racha entre as petrolíferas
A segunda maior empresa privada dos Estados Unidos e uma das 10 que mais poluem, a Koch Industries tem muitos motivos para lutar contra a redução de emissões de gases estufa. Assim como Exxon, Chevron e Conoco Philips, as petrolíferas norte-americanas. Elas ainda consideram que os combustíveis fósseis sustentaram a economia mundial por muitas décadas ainda. Porém, em 2015 ocorreu um racha entre as petrolíferas no mundo. As corporações europeias – Shell, BP, Total, Eni, Statoil -, respectivamente representantes da Holanda, Reino Unido, França e Noruega lançaram uma carta em junho passado fazendo uma mea culpa sobre o posicionamento anterior, de condenação às mudanças climáticas. Elas querem colocar um preço na poluição. Que, neste caso, é conhecido por carvão mineral.

Segundo relato da Bloomberg as petrolíferas europeias foram pressionadas pelo braço econômico das igrejas protestantes – no caso da Inglaterra com ativos na ordem de US$10 bilhões-, que ameaçaram jogar a discussão nas assembleias corporativas, denunciando o boicote das petrolíferas. Chegaram a consultar as corporações dos Estados Unidos, porém, a Exxon não compareceu à reunião no American Houston (Texas) e a Chevron se mostrou contrária a definição de um preço para o carvão.

Austrália considera o carvão vital
Trata-se de um confronto de hipócritas. Tanto Shell como a BP exploram petróleo nas areias de piche na província de Alberta, no Canadá, país que abandonou o Protocolo de Quioto em 2011, antes de ser multado por ultrapassar as emissões de gases estufa. Alberta concentra 35% das emissões e o Canadá não pretende abrir mão de 300 bilhões de barris de petróleo recuperáveis e faturar US$1,8 trilhão nos próximos 25 anos. Mas o carvão, que é o combustível fóssil mais poluente, é o paradoxo do capitalismo na atualidade. É denunciado em todas as esferas de discussões climáticas porque de cada tonelada extraída são jogadas 2,4 toneladas de gases de carbono, nitrogênio e enxofre na atmosfera. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos dependem dele para gerir 40% da eletricidade do país, a China 80%, a Índia 70% e a Austrália no mesmo padrão.

A imprensa mundial repercute notícias sobre os investimentos em energias limpas, mas não tratam do carvão. O primeiro-ministro da Austrália, Tonny Abott, por exemplo, disse no ano passado que o “carvão é vital para as futuras necessidades de energia do mundo e o carvão é bom para a humanidade”. A Austrália, um dos países da OCDE tem um nível de poluição de 25 toneladas por habitante, acima de qualquer dos outros 34 membros e acima dos Estados Unidos – tem 20 toneladas per capita. O Hunter Valley, a 120 km de Sidney produziu em 2013, 145 milhões de toneladas de carvão, a maior parte exportada – a Austrália é o maior exportador mundial. O governo do estado de Nova Gales do Sul, onde fica o Hunter Valley diz que o carvão propicia 11 mil empregos e gera salários de mais de um bilhão de dólares.

Reino Unido e Alemanha maiores importadores de carvão
Os Estados Unidos lançaram um plano para incentivar o uso de energias renováveis e reduzir emissões, porém as metas serão discutidas pelos 50 estados e está previsto um plano de negociações de direitos de poluir. Estados como Wyoming, Virginia Ocidental e Texas são produtores e mantêm usinas térmicas movidas a carvão. O Texas colocou 19 usinas fora dos limites do governo federal, para que não fossem enquadradas pela legislação ambiental. A China produz 1,289 milhões de toneladas equivalentes de petróleo em carvão. Os Estados Unidos estão em segundo lugar com 587,2 milhões de toneladas equivalentes de petróleo e terceiro lugar para a Índia com 181 milhões. O Japão está em quarto lugar e a Alemanha em sétimo. Não se pode esquecer que o carvão derrete o ferro, produz ferro gusa e aço, o que movimenta a construção civil, montadoras e etc. Aliás, Reino Unido e Alemanha são os maiores importadores.

Hipocrisia na Europa – caso da Polônia
Como diz o presidente da Associação Mundial do Carvão, Milton Catelin:

“- O carvão tem alimentado as economias nacionais e globais e continuará a desempenhar um papel fundamental no futuro. O desenvolvimento sustentável requer que o carvão seja considerado não apenas através das lentes do aquecimento global, mas através do seu impacto na segurança energética, desenvolvimento social, econômico e melhoria ambiental. As elites políticas estão se baseando em fatos incorretos e são facilmente seduzidas pelo politicamente correto.”

A hipocrisia europeia também ficou escancarada durante a COP 19, em Varsóvia, na Polônia, país que depende 90% do carvão para gerar eletricidade. O Movimento Nacional Polonês, juntamente com o Sindicato Solidariedade desfilaram pelas ruas na Marcha pela Independência defendendo as políticas do governo direitista que não abre mão do linhito e da hulha. Independente da política da União Europeia de reduzir as emissões em 20% até 2020. A Marcha pela Independência da direita polonesa foi apoiada pelo Comitê para um Amanhã Construtivo, organização que tem um fundo de doadores, comandado pelos irmãos Koch.

Não respeitam lei alguma
O que as corporações querem e estão defendendo dentro do sistema ONU são tecnologias para limpar o carvão, desde a captura e enterramento do gás carbônico, até a gaseificação do carvão. Ou seja, usando uma tecnologia que introduz nas minas um oxidante – vapor de água, hidrogênio, oxigênio – com pressão e alta temperatura transformam o sólido e um gás síntese, como é chamada, carregado de hidrogênio, nitrogênio e enxofre, que serve de matéria-prima para a indústria química e para produzir eletricidade. O que as corporações querem é CCS e GCS.

Na verdade, cada vez mais o debate sobre as mudanças climáticas coloca de um lado as corporações e seus movimentos políticos que são definidos como a nova direita, caso do Tea Party, considerado pelos irmãos Koch como a melhor novidade nos Estados Unidos desde a independência. De outro, os movimentos sociais que lutam por uma planeta justo, multiético, plural e protegendo os ecossistemas naturais. O fundador do Center for Public Integrity, Charles Lewis deu uma declaração para a revista The New Yorker alguns anos atrás sobre os irmãos Koch, que define este momento:

“- Eles não respeitam lei alguma, praticam todo tipo de manipulação política e práticas para burlar os controles públicos. Os Koch são a Standard Oil dos nossos tempos”.

Foi a primeira corporação mundial comandada por John Rockfeller e traçou a maneira de atuar dos trustes internacionais no século passado.
  

Fonte: CARTA MAIOR
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De teses e densos estudos científicos até as simplórias informações sobre a previsão do tempo nos telejornais da TV, tudo é manipulado com o objetivo de demonstrar que as alterações  climáticas não existem, ou se existem não oferecem os perigos comprovados pela ciência.

O universo paralelo da plutocracia acredita que está no controle.