sábado, 25 de abril de 2015

Globo boiando no Mar Vermelho

Babilônia e jn afundam no Mar Vermelho

Globo perde 20% de Globope na faixa de novela bíblica.



Saiu na Fel-lha:


Globo perde 20% de ibope na faixa de novela bíblica



VITOR MORENO (interino)

Maior acerto da teledramaturgia da Record nos últimos anos, a novela bíblica “Os Dez Mandamentos”, de Vívian de Oliveira, está se tornando uma pedra no sapato da Globo no horário em que vai ao ar (das 20h30 às 21h30, aproximadamente).

(…)

O aumento de audiência na faixa foi de 83% nas principais regiões metropolitanas do Brasil até o dia 21, enquanto a Globo teve queda de 20% no mesmo horário.

Em São Paulo (…) a queda da Globo na faixa da novela foi de 18%, enquanto a Record cresceu 66% com o primeiro mês de exibição da trama sobre o profeta Moisés, que na Bíblia liberta o povo hebreu.



Em tempo: depois de realizar bem sucedida travessia do Mar Vermelho … - PHA


Em tempo2: em maio, o Carlos Augusto Montenegro – aquele que previu os resultados eleitorais na Bahia e no Rio Grande do Sul – deixa o Globope e assume a WPP, uma das maiores agências de publicidade do mundo.

E, em maio, começa a funcionar o índice alemão de audiência, o GfK, que chegará a um número de lares DEZ vezes superior ao do Globope. – PHA


Em tempo3: amiga navegante Marilia envia essa divertida informação do jornal O Dia, do Rio:

  

Fonte: CONVERSA AFIADA
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Apanhando por todos os lados e sem parar, Globo pediu socorro a um ex-funcionário para tentar rebater o tsunami de críticas que vem sofrendo por ocasião de seu cinquentenário.

Boni, o pai de Boninho, entrou em cena para defender a emissora decadente falando um monte de mentiras e bobagens.

Globo  começa a boiar no Mar Vermelho, que passa a ter uma tonalidade marrom.

O Ultimo baile na Ilha Fiscal

Ester Rabello: 

Uma frase com 35 anos de História e ainda atual, “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”

publicado em 24 de abril de 2015 às 20:08
CAMPEONATO PAULISTA 2015: SANTOS FC X SÃO PAULO FC
Na Vila Belmiro, o protesto. Vai ter camisa do Santos com o símbolo da Record?

“O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”

por Ester Rabello, especial para o Viomundo

É difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido o bordão que dá título a esse artigo, gritado em manifestações de rua, comícios e outros tipos de aglomeração, como no discurso de vitória de Dilma Roussef, quando a presidente eleita teve que se calar enquanto ouvia o desabafo.

Em meio a outras palavras de ordem, sempre sai o clássico “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Nos dias de hoje, muitas vezes a frase vem junto com outra: “A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”.

Neste ano em que a Globo completa meio século, as manifestações contra a emissora, fundada um ano após o golpe militar de 1964, estão acontecendo com maior intensidade. No 3 de março houve protestos em algumas capitais, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Vitória. Em nenhum deles havia mais que 500 pessoas, mas o barulho acabou sendo grande nas redes sociais.

— Sempre quis enterrar a Globo, desde criancinha, afirmou uma manifestante fantasiada de viúva, ao lado de uma caixão de papelão com o logo da emissora.

Na concentração diante da sede do império global, no Jardim Botânico, organizada pelo Sindipetro, o Sindicato dos Petroleiros, ficaram claros os motivos do protesto: a cobertura desequilibrada da Operação Lava Jato, a sonegação de impostos da Globo e a conivência com a ditadura militar…

A maioria dos manifestantes era de pessoas com mais de 50 anos de idade. Reclamavam da falta de cobertura da emissora à campanha das Diretas, nos anos 80, algo que os jovens de hoje não vivenciaram.

Este “choque de gerações” pode até levar quem tenha nascido nos anos 90 a acreditar que o bordão “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” seja coisa recente.

Se perguntarmos a um jovem na faixa entre 20 e 30 anos de onde vem a frase contra a emissora, talvez ele responda como Daniella Teixeira, 22 anos, que participou das manifestações de junho de 2013 na cidade de Guiratinga, em Mato Grosso:

— Olha, não posso afirmar com certeza, mas ela [a frase] estava sempre presente nas caminhadas, talvez como resposta ao enfoque que a Globo dava, como se fossem todos baderneiros. O povo não é bobo, mas a massa é manipulável, muita gente vai só no oba oba e o povo percebeu que havia muita manipulação da informação, mostrando só um lado da notícia. Os jovens percebiam a manipulação da imprensa, que taxava todo mundo de vândalo. Aqui, por exemplo, o movimento foi pacífico.

Na cidade da artesã, que faz decalques de unha para vender pela internet, as manifestações foram contra desde o gasto de 1 milhão de reais para tapar um buraco na rodovia, até o corte de uma árvore antiga. Sobre a frase relativa à Globo, Daniella acha que ela nasceu em 2013.



Mas se você perguntar ao deputado federal Vicentinho (PT-SP), um dos líderes das greves do ABC, ele diz que lembra muito bem da primeira vez que ouviu o grito contra a emissora dos irmãos Marinho. Foi em São Bernardo do Campo, numa das assembleias de metalúrgicos grevistas, no final dos anos 70, no estádio da Vila Euclides.

— Sempre gritavam. Nós tínhamos boas relações com os jornalistas. O foco era a Globo. A gente lotava o estádio e a Globo minimizava, sempre diminuindo a quantidade de pessoas. Tinha gente da direita infiltrada na greve, gente que fazia quebra-quebra. A gente pegava, denunciava e a Globo não dava [noticiava].

Vicentinho lembra de ajudar a proteger repórteres da emissora para que não apanhassem dos grevistas.

— A gente ficava em volta deles e o Lula gritando, “gente, eles são trabalhadores, uma coisa é a empresa, outra são os jornalistas”.

Ricardo Kotscho, ex-secretário de imprensa do governo Lula, era repórter da revista IstoÉ na época. Viu várias vezes metalúrgicos chutando os carros de reportagem da Globo, desde a época em que as assembleias ainda eram feitas nas ruas de São Bernardo.

Cobrindo as assembleias naquela época, Kotscho recorda:

— Eles [equipes da emissora] iam cobrir, mas depois a Globo mostrava só um registro.

Os gritos de “fora Rede Globo, o povo não é bobo” continuaram ao longo dos anos 80. Por exemplo, na campanha das “Diretas Já” e no movimento pelo impeachment do presidente Fernando Collor.

— Menos na [manifestação] de março, agora. Nessa, a Globo não só apoiou, como apoiou de forma ostensiva, aponta Kotscho.

O jornalista Osvaldo Maneschy, um dos assessores de Leonel Brizola, está no PDT desde os anos 80.

Afirma que ouviu pela primeira vez uma multidão gritando “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” na Cinelândia, em 1986, em um comício de campanha do então vice-governador do Rio, Darcy Ribeiro, que disputava o Palácio Guanabara contra o candidato preferido da Globo, Moreira Franco.

Ele acredita que a fúria contra a Globo começou, entre os militantes do PDT, por causa da artilharia pesada da imprensa na época, com matérias negativas contra o governo de Leonel Brizola, o que gerou mais tarde um direito de resposta do gaúcho no Jornal Nacional.

— A Globo é a pauteira. Depois [o assunto] sai no [jornal] Globo do dia seguinte, no fim de semana na Veja e assim vai…

Foi o caso, segundo Maneschy, das notícias que acusavam Brizola de ter feito acordo com traficantes de drogas.

Para Fernando Brito, assessor de Brizola, a Globo fez uma péssima cobertura já da chegada dos exilados políticos. Mas, segundo ele, foi o “caso Proconsult” que levou ao primeiro enfrentamento do povão com a emissora. Durante a primeira eleição direta para governador do Rio, em 1982, a Globo foi acusada por Brizola de tentar manipular o resultado das apurações, o que a emissora sempre negou

— Até então, quem sabia que a Globo era a favor da ditadura eram os analistas políticos, não era algo de domínio da rua.

Brito lembra também do movimento “Diretas Já”, que durou quase um ano e reuniu, no seu ápice, 1 milhão de pessoas no comício da Candelária, no Rio de Janeiro, e 1,5 milhão no Anhangabaú, em São Paulo.

— A Globo só cobriu três comícios, sentencia.



Fernando Borges, jornalista recém formado na UERJ, cobriu as manifestações de 2013 para a plataforma internacional de notícias “Blasting News”.

Segundo ele, várias equipes de grandes emissoras de televisão (Band, SBT e Record) foram hostilizadas com o uso do bordão criado contra a Globo.

— A imprensa ficou estigmatizada, afirma Borges, que também viu gente gritando “a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”, frases que ele considera “bem ultrapassadas”.

Ultrapassadas ou não, os gritos de “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” também foram ouvidos nas passeatas de protesto contra a morte do garoto Eduardo, de 10 anos, no Morro do Alemão, há menos de um mês.

E um novo grito parece estar surgindo nos estádios de futebol.

Revoltados com o pequeno número de jogos transmitidos pela Globo — que, segundo eles, privilegia o Corinthians –, torcedores do Santos levaram faixas de protesto à Vila Belmiro na semifinal do Campeonato Paulista, dia 18 último. Depois que o Santos fez 2 a 0 no São Paulo, passaram a gritar em coro o “chupa, Rede Globo, o nosso Santos vai ser campeão de novo”.

Com o Santos classificado para a final, torcedores do clube fazem campanha nas redes sociais para que a equipe entre em campo com o símbolo da TV Record no peito. Detalhe: os dois jogos serão transmitidos pela Globo. Seria a repetição do que aconteceu em 2001, na final contra o São Caetano, no Rio, quando Eurico Miranda, presidente do Vasco, colocou o logotipo do SBT nas camisas do clube para protestar contra a Globo.

Independentemente de o Santos atender ou não a seus torcedores, as finais contra o Palmeiras tem tudo para serem tão interessantes nas arquibancadas quanto no gramado.


Fonte: VIOMUNDO
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O Povo não é Bobo, fora Rede Globo.

A primeira vez que vi essa frase foi lá pelo final da década de 1970, pintada em um muro, numa época em que se discutia a anistia aos presos e exilados políticos.

Talvez no final de 1978 ou início de 1979.

Como de costume, globo não gostou da ideia de anistiar  os presos e exilados políticos, como já não  tinha gostado do processo de abertura  política e democrática iniciado no governo do General Geisel.

Ou voltando ainda mais um pouco no tempo, Globo também não gostou da vitória esmagadora do MDB nas eleições de 1974, o momento em que a parcela da  sociedade  que apoiou o golpe militar de 1964  mudava de lado e , através das eleições para o congresso nacional, emitia um recado claro que rejeitava a ditadura militar e os governos dos militares.

A história da Rede Globo, 50 anos, pode ser resumida como a história de um grupo empresarial que sempre defendeu interesses nocivos ao Brasil , sempre rejeitou a democracia  e sempre esteve do lado contrário aos interesses do povo brasileiro. 

Atualmente o Grupo Globo sofre um acentuado processo de desgaste, e  a mega festa  para comemorar seu cinquentenário, no Ginásio do Maracanãzinho no Rio de janeiro, pode ser comparada ao último baile do Império na Ilha Fiscal. 

TV Globo: grande inimiga da democracia e dos direitos sociais 

 

manchete de hoje, 25.04.2015  do Portal Vermelho

 









sexta-feira, 24 de abril de 2015

Mulas assistindo TV

Nem Deus salva Babilônia e a Rede Globo. 

Por Paulo Nogueira

Postado em 23 abril de 2015
     
Babilônia não tem público, mas em compensação milhares de pessoas se dedicam a animados debates sobre as razões do seu fracasso.

O último especialista a palpitar foi Boni. 


Para ele, o problema não está na polêmica em torno de coisas como o casal de senhoras lésbicas.

A novela, simplesmente, é ruim, diz Boni. 

Não vi e nem verei uma só cena de Babilônia, mas sei o mal de que padece a novela: internet. 

As discussões ignoram isso: televisão e seus produtos como novela viraram obsolescência na Era Digital. Ninguém mais vê televisão. Ou melhor: o público que importa para a sua sobrevivência – os jovens — não vê. 

Tevê deixou de fazer parte da vida dos jovens com o florescimento da internet, e isto é uma sentença de morte.

Uma pesquisa recente do Ibope mostrou o envelhecimento do público da tevê: os consumidores estão, essencialmente, acima dos 50 anos. 

A mesma coisa ocorre com jornais e revistas. 

Talvez alguém da Globo possa se sair com uma frase antológica do diretor de redação da Veja, Eurípides Alcântara. 
Perguntado por seu chefe sobre por que o leitor da Veja é tão idoso – acima dos 60 –, Eurípides invocou Charles Aznavour. Disse que a Veja é “Charles Aznavour” das revistas, como se isso fosse um triunfo. Eurípides se notabilizou na juventude por editar a célebre matéria do boimate – uma pegadinha de 1.o de abril de uma revista científica estrangeira que dizia ter sido feita uma combinação de boi com tomate. Mas, com a menção a Charles Aznavour, ele se superou na meia idade.

Qualquer coisa que passe na televisão, daqui por diante, padecerá do mesmo mal de Babilônia: escassez desesperadora de público. 
Imagine que a Globo traga o criador de Breaking Bad, Vince Gilligan, e encomende a ele uma novela. Será maravilhosa, graças ao talento exuberante de Gilligan. Só que ninguém vai ver. 

O mesmo drama vale, naturalmente, para o telejornalismo da Globo. A audiência do Jornal Nacional, hoje, é irrisória perto do que foi dez ou vinte anos atrás. É como se os telespectadores estivessem escorrendo por uma torneira o tempo todo. 
Você pode mandar embora Ali Kamel, Bonner e toda a equipe que nada vai mudar substancialmente. 

A internet é uma mídia disruptora. 

Não há nada que a Globo possa contra ela. 

Em seus 50 anos de domínio sobre o Brasil, não interrompido sequer com a chegada do PT ao poder, a Globo jamais encontrou um obstáculo como a internet. 
A Globo não tem como intimidar, pressionar, sabotar a internet. 
A internet é infinitamente maior que ela. 
Os brasileiros devem ter gratidão eterna pela internet. 
Sem ela, a Globo continuaria a agrilhoar o Brasil e impedir, indefinidamente, o avanço da sociedade. 
Agora, a Globo tem que lutar pela sobrevivência – e o dia em que os anunciantes acordarem para o fato de que pagam muito por uma audiência cada vez menor os sinos fatalmente dobrarão para a família Marinho.


Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Perfil do telespectador de TV Globo


                                                 

O juiz da região glútea

A legalidade ou um jogo de truco?

O herói substituto de Joaquim Barbosa na narrativa conservadora, tão confiante na cumplicidade da mídia, não hesitava em ver o que as imagens da câmera negavam

por: Saul Leblon 
Augusto Dauster/Ajufe
Conta-se que em uma revista semanal de conhecida isenção jornalística, repórteres não raro recebem um título pronto e a recomendação expressa: providenciar um texto ‘investigativo’ que o justifique.

O juiz Sergio Moro e a equilibrada equipe responsável pela operação Lava Jato poderiam ter feito estágio na referida redação, com a qual, aliás, mantém laços de simpatia recíproca e de valores compartilhados.

Mesmo que não o tenham feito há sinais preocupantes de comungarem um singular método Paraná de investigação nessa  sua cruzada como  paladinos contra a corrupção, assim incensados com direito a pôster épico na primeira página da Folha de São Paulo.

Armados de uma sentença --como os títulos prévios da mencionada revista--, eles se puseram a campo para compor um lego jurídico em que as peças servem na medida em que se encaixam nos espaços reservados.

Tudo recortado pelas lâminas de um primarismo, cujo fio da meada se resume a um juízo de valor:  a corrupção no Brasil nasceu --e morrerá, se depender da monarquia de Curitiba— junto com o PT.

A última e mais desconcertante  evidencia de que a Nação está ao sabor desse jogo de cartas marcadas (leia a cortante análise de Maria Inês Nassif; nesta pág) em que a investigação cumpre papel acessório  à sentença, foi  a prisão do tesoureiro do PT , João Vaccari Neto, de sua esposa, Giselda Rousie de Lima, e da nora, Marice Corrêa de Lima.

Quatro dias após à prisão da nora de Vacari , em 17/04 –antes declarada foragida e assim denegrida pelo jornalismo isento durante as 48 horas em que se encontrava  em um Congresso sindical no Panamá, o juiz Sergio Moro pediu a prorrogação de sua detenção.

Justificando-a, em pomposa declaração à mídia,  praticamente  sentenciou a investigada.

"Embora Marice não tenha sido identificada nominalmente, os vídeos apresentados não deixam qualquer margem para a dúvida de que a pessoa em questão é Marice Correa de Lima", afirmou o juiz Sérgio Moro, no feriado da última terça-feira (Globo.com 21/04/2015 12h22)

O responsável pela Lava Jato respaldou sua esférica assertiva no exame de imagens das câmeras de segurança de um banco, a partir das quais o ‘método Paraná’ de investigações corroborou a manchete preconcebida.

Aquela nacionalmente martelada nas horas seguintes, que  atribuía  à Marice Corrêa de Lima a responsabilidade por depósitos considerados suspeitos na conta da irmã, Giselda (esposa do tesoureiro do PT).

Pronto. Mais uma porta da corrupção petista arrombada pelo ‘método Paraná’.

No pedido de prorrogação, Moro alegou que a medida ‘oportunizará’ novo depoimento de Marice "na qual ela poderá esclarecer ou não sua participação nos depósitos em espécie realizados na conta da esposa de João Vaccari Neto e as circunstâncias que envolveram esses fatos".

O ‘método Paraná’ de investigações sustentava  que entre 2008 e 2014, a mulher de Vaccari, Giselda Rousie de Lima recebeu cerca de R$ 323 mil em depósitos  da ordem de R$ 10 mil mensais.

As quantias em alguns casos teriam sido depositadas em caixas eletrônicos.

O vídeo alardeado por Moro, de março de 2015, fecharia a peça condenatória contra Marice. Seria ela a mulher que  aparece em uma agência bancária, efetuando um depósito.

“Assim, tudo indica que Giselda recebe uma espécie de “mesada” de fonte ilícita paga pela investigada Marice (em depósitos)  feitos até março de 2015”, diziam os procuradores, segundo o portal Globo.com.

Em depoimento à Polícia Federal, Marice , em vão, afirmou não ter feito nenhum depósito para Giselda em março de 2015.

Sim, em vão, porque o ‘método Paraná’ já tinha seu labirinto decifrado.

“Nesse contexto, a prisão preventiva de Marice é imprescindível para a garantia da ordem pública e econômica, pois está provado que há risco concreto de reiteração delitiva”, defendia o MPF, que ainda pedia a apuração da viagem dela ao Panamá, "pois levanta suspeitas da manutenção de depósitos ocultos no exterior, como por diversas vezes se verificou com outros investigados nesta operação".

O juiz Sérgio Moro foi alpem.

O herói substituto de Joaquim Barbosa na narrativa conservadora avaliou como ‘perturbadora a extensão temporal aparente da prática criminosa’ por parte de Marice Corrêa de Lima.

No mesmo despacho em que determinou a prorrogação da prisão temporária, o magistrado menciona que há registros de envolvimento de Marice no escândalo do Mensalão.

Vai por aí o ‘método Paraná’.

Atire primeiro.

Pergunte depois.

O constrangimento do ambiente jurídico é que as fotos e vídeos sobre os quais se baseou o assertivo e pomposo ajuizamento de Moro neste caso  desmentem o  preconcebido de forma clara, serena e ostensiva.

Será apenas um ponto fora da curva na Lava Jato? Ou a síntese de um ambiente condenatório embalado pela cumplicidade irrestrita daqueles que em vez de arguir  incensam o flerte com o arbítrio?

Agora se sabe , da boca do próprio juiz Moro,  que Marice não era a mulher dos  vídeos que, há dois dias, ele dizia ‘não deixarem qualquer margem para a dúvida de que a pessoa em questão é Marice Correa de Lima" (Globo.com 21/04)

A mídia tolamente hipnotizada ou deliberadamente cínica, em boa parte cúmplice do ‘método Paraná’ de sentenciar antes, para investigar depois, olhava para as fotos dos vídeos publicadas em suas próprias página como os bobos da corte da fábula do Rei Nu: elogiava a fina seda do monarca de Curitiba.

E Moro estava despudoramente nu de razão neste caso.

Mas de tal forma confiante no silencio obsequioso da mídia aliada que não hesitava em expor ao ridículo suas palavras, lado a lado das fotos que as contradiziam.

E a mídia nada disse diante do exclamativo estupro das evidências.

Nada disseram os colunistas da indignação seletiva  nas longas, constrangedoras últimas 48 horas em que as fotos circularam como a criança da fábula que gritava ‘ o rei está nu, o rei está nu’.

Foi preciso o próprio rei admiti-lo para  jornalismo genuflexo, de novo, endossa-lo.

As irmãs Giselda (esposa de Vaccari) e Marice (nora) são parecidas.

Mas não são iguais.

Da análise pedestre, a olho nu, sem a ajuda dos recursos digitais hoje disponíveis, avultava a diferença entre a nora condenada pelo ‘método Paraná’ e a imagem capturada pela PF das câmeras do caixa automático.

Quem fazia o depósito a Giselda nos vídeos era a própria Giselda.

Só Moro não via –ou não podia ver sem ter que descartar mais uma peça teimosa do lego com o qual quer levar o  PT ao inferno, a Petrobras ao fundo do pre-sal, as empreiteiras nacionais a falência e o Brasil ao buraco sem fim. Ou pelo menos tenta-lo  até 2018,  quando então, os bobos da corte que hoje elogiam a seda fina de seu traje invisível   vestiriam outro monarca para catapulta-lo ao trono do Brasil.

Erros acontecem.

Evitá-los é o dever de todos.

Sobretudo, porém, é o dever de um juiz não ceder à sulforosa sofreguidão dos que antepõem aos fatos -e às fotos--  a sua opção política,  temerariamente envelopada em força de lei, como se a investigação legal fosse um jogo de truco cuja principal matéria prima é o blefe contra adversários políticos marcados para morrer.

O caso Marice/Giselda pode não ser um ponto fora da curva na circularidade vertiginosa em que evolui a Lava Jato.

Não se faça juízo prévio dos fatos em investigação neste episódio ou em qualquer outro em questão.

Não só da Lava Jato, mas também da extensão imponderável dos ilícitos  no metrô de SP ou no escândalo de Furnas em que, segundo depoimento público do doleiro  Alberto Youssef –esquecido pela monarquia de Curitiba--  Aécio Neves e a irmã desfrutaram de um comissionamento de longos cinco anos a US$ 100 mil por mês.

Dê-se a todos a isonômica e devida presunção da inocência.

Antes que condenações prévias, a exemplo do caso caricatural das irmãs Marice/Giselda, subordinem o ambiente jurídico brasileiro ao arbítrio de um rei nu e ao elogio da seda fina que o veste por parte dos bobos da corte.

Fonte: CARTA MAIOR
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O “mico” do Moro é a moral do lobo. 

Se não foi a Marice, foi a Giselda, prendam assim mesmo!

23 de abril de 2015 | 13:59 Autor: Fernando Brito
gisel

Então o Dr. Moro mandou soltar a cunhada de João Vaccari, Marice Correa, que foi exposta em toda a mídia nacional por sua “imagem” fazendo depósitos num caixa automático para sua irmã, Giselda.

É que Marice não era Marice, mas era Giselda, depositando seu próprio dinheiro na sua própria conta.

Mas, o mesmo Dr. Moro não tinha hesitado em prorrogar a prisão de Marice, porque ela havia “mentido” ao dizer a verdade, que não tinha depositado nada.

Durante dois dias ouviu-se o douto Ministério Público dizer – prepare a risada – que grandes esquemas de lavagem de dinheiro se faziam com depósito “picadinhos” (máximo de R$ 2 mil) em caixas automáticos, aqueles do envelope.

E viu-se Sua Excelência manter a privação de liberdade de uma pessoa porque “conforme fotos que o MPF apresentou em juízo, a semelhança de fato é notável, o que levou este Juízo a afirmar que seria a mesma pessoa”.

Segundo a Folha, foi peremptório: “O juiz chegou a afirmar que os vídeos “não deixavam qualquer margem para dúvida” e acusava Marice de “faltar com a verdade flagrantemente”

Uma simples pergunta desmonta tudo: se os bancos gravam seus caixas automáticos para terem segurança de quem efetua a operação, desde quando fazem isso com as pessoas “de costas” ou lhes aparecendo apenas “o cocoruto”. Todos os caixas tem câmaras frontais, no próprio terminal, Dr. Moro, o senhor nunca usou um?

É só ter indagado dos promotores onde estavam estas imagens frontais.

Simples assim.

Mas o direito das pessoas que caiam sob a vara do Dr. Moro não merecem cuidados, a menos que queiram sair negociando para delatar.

Fora daí, todo mundo em cana.

Como deixam claras as palavras do juiz, é como na história do lobo: se não foi você, foi seu pai, seu tio, seu avô


Fonte: TIJOLAÇO
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O mico acima relatado no texto me lembra de muitos outros , no entanto, um em especial, relatado em um livro que li ( não me recordo se o FEBEAPÁ de Sérgio Porto ou algum livro do Carlos Eduardo Novaes ) diz respeito a uma senhora, com idade já um pouco avançada, um tanto gordinha, que caminhava pelo saguão do aeroporto internacional do Galeão, lá pelos anos da década de 1960, em plena loucura da ditadura militar.

A dita senhora caminhava com alguma dificuldade e revelava um grande volume em um dos lados de seu corpo , por baixo de suas roupas e logo abaixo da região lombar.

Os agentes de segurança do aeroporto, desconfiados, pensando tratar-se de alguma comunista ou terrorista portando um artefato explosivo, abordaram a senhora , até mesmo com alguma truculência, e a levaram pelos braços para uma sala privada do aeroporto.

Assustada, e sem entender nada, a senhora começou a ser interrogada por conta do tal volume desproporcional, que logo foi esclarecido como sendo um defeito físico na região glútea, no lado direito de seu corpo.



O juiz Moro é a região glútea do nosso Judiciário , que se comporta como os agentes de segurança do aeroporto, como se estivéssemos vivendo em um regime de exceção, na fila de um caixa eletrônico, em busca do status de celebridade, para poder comprar um automóvel Porsche e, depois de tudo, ganhar um prêmio do Grupo Globo.



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Midiota foi visto vivo e falante perto de um shopping center

A dor da gente não sai no jornal

24 de abril de 2015 | 10:29 Autor: Fernando Brito
liberdade1
Tive muita vergonha de minha profissão, hoje, quando vi a campanha da ONG Teto, voltada para habitação popular.
Ela é uma bofetada no que se tornou a máquina de comunicação meste país.
“O problema não é o que vira notícia, mas o que deixa de ser”
Não é assim, é pior que isso.
Claro que sempre houve, aqui e em toda parte, o chamado “jornalismo de entretenimento”.
Sou velho o suficiente para lembrar da “Revista do Rádio”, das fotonovelas.
Mas é impressionante o nível de empobrecimento mental que mídia brasileira se esforça – sim, é um esforço ser cínico num país como o Brasil! – em  impor ao nosso povo.
Os modelos de “virtude”, os “desejos”, o mundo imbecil da futilidade  tornaram-se uma avalanche monstruosa sobre uma população carente que não tem, de outro lado, quem verbalize, senão por oportunismo político, os sofrimentos do povo brasileiro.
A classe média – inclusive a que recém-ascendeu a essa condição – perdeu quase todos os contrapontos políticos e ideológicos que faziam de parte dela uma aliada do nosso povão e, do Brasil, um projeto de país.
Quem se aventura – e são poucos – a dizer que não haverá país sem povo é “sujo” e mandado “ir pra Cuba”.
Aliás, com a ajuda do embrião da estupidez que nos chamava de “populista”.
Quem despreza o Estado, ama o “mercado”.
O “mercado” é a salvação e é por ele e só por ele que virá a perfeição do mundo.
O Estado é a danação corrupta, ineficiente e medíocre.
Os jornais e os jornalistas se tornaram arautos deste futuro desejável, onde as “celebridades” se tornam o modelo de uma existência pródiga e vazia.
Nulidades como as Sheherazades e Joyces se tornam, com seus cabelos louros e lisos, as opiniões nacionais.
E a mídia, “livre”, vomita preconceito e ódio contra os pobres, estes “vagabundos”.
A “liberdade de imprensa” é plena: todos tem o direito e o dever de pensar o mesmo.
Os pobres, afinal, nunca foram notícia, não deixaram, portanto, de sê-lo.
O problema é aquilo que se tornou notícia, a única notícia.
Fonte: TIJOLAÇO
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Para ser feliz você precisa ganhar dinheiro, muito dinheiro.

Esse é o caminho da salvação, disse o novo Messias, o Mercado.

Então tá.

Todos devem seguir os padrões estabelecidos pelo Mercado, comprar as mesmas coisas, se vestir do mesmo jeito, com as mesmas marcas, morar nos mesmos lugares badalados ( não sei como se todo mundo seguir as regras ), se alimentar da mesma maneira e , por fim, ser midiota, midiotaço. 

Lá pelo ano de 2003, um dos primeiros exemplares da Revista Fórum trouxe uma excelente entrevista com um psicanalista( acredito que foi com Gaiarsa) que abordou essa questão do novo , ou seja, o Mercado.

Na entrevista, o psi afirma que esses valores são geradores de muita frustração e também de muita inveja, podendo descambar em muitos casos para a violência, já que são estabelecidas condições materiais para a felicidade e também para a aceitação social.

Por outro lado, pessoas bem informadas e seguras que não se deixam levar por essas idiotices, ou são mandados para Cuba - caso tenham uma boa condição financeira - ou são rotulados como sujos agitadores perigosos que desejam subverter a ordem - caso sejam pobres e felizes.

O rótulo de celebridade, pelo menos para mim, é visto como uma ofensa gravíssima, já que para preencher os requisitos de uma celebridade , se fazem necessários um alto grau de embotamento mental, uma adoração a futilidade e um extenso vazio cultural.

No entanto, uma grande parcela da população não pensa assim, e se deixa levar pelos valores, códigos e práticas do mundo dos "vitoriosos", das "celebridades famosas" e, assim sendo, sofrem todo tipo de angústia e frustração.

Essas idiotices foram importadas da cultura americana, e tiveram no Grupo Globo seu maior incentivador e divulgador em nosso país.

Pra se ter uma ideia, jornalista de TV Globo se veste do mesmo jeito de atrizes e atores famosos de Hollywood, por ocasião da festa de entrega do Oscar.

E isso só para ficar na porta de entrada, perto do tapete vermelho.

É brega demais.

No mundo da futilidade, os pobres não existem, são vistos como um problema social do presente e que deve-se evitar que existam no futuro.

A maneira para acabar com a pobreza, na lógica do Mercado, é eliminando todos os pobres, isso mesmo matando todos, ou criando condições para todos se auto destruam.

Entende-se, de forma clara, as razões para se definir o que é notícia.

De minha parte, a melhor maneira de se combater essa idiotice é com o deboche, já que essa turma fornece matéria - prima abundante, diariamente, sobre as mais variadas expressões da midiotice.

Noticia de Jornal
Chico Buarque

Tentou contra a existência
Num humilde barracão
Joana de tal, por causa de um tal João
Depois de medicada
Retirou-se pro seu lar
Aí a notícia carece de exatidão
O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste que errou
Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal

50 anos de crimes contra o Brasil

Em homenagem aos 50 anos da Rede Globo, O PAPIRO, sensibilizado com a efeméride, publica abaixo mais um belo texto sobre a verdade da TV Globo.

Em acelerado processo de desgaste, principalmente após o surgimento da internete com seus sites e portais alternativos de notícia , informação e opinião, a TV Globo , em seu momento de festa, faz todo tipo de contorcionismo para tentar reescrever sua história, apagando seu verdadeiro e obscurantista passado anti democrático, violento, criminoso e golpista.

50 anos da Globo: Dez razões para descomemorar

Divulgação
Nunca a audiência da TV Globo, centro do império da família Marinho, esteve tão baixa. Além disso, no dia 1º de abril aconteceram atos em prol da cassação da concessão da emissora em diversas cidades brasileiras. Os protestos vão continuar e existem pelo menos 10 razões para que os setores comprometidos com a democratização da mídia não tenham nada a comemorar neste cinquentenário

22/04/2015
Por Angela Carrato
 
 Foto: Reprodução
Era para ser uma festa de arromba, com eventos se sucedendo em todo o país. Grande parte do que a TV Globo preparou para comemorar seu cinquentenário, a ser completado no domingo (26/4), está mantido, mas, sem dúvida, não terá o mesmo brilho de outras épocas. Depois dos problemas verificados durante a sessão solene da Câmara dos Deputados em homenagem à emissora, em que três militantes em prol da democratização da comunicação tiveram que ser retirados por seguranças, as festas em locais abertos ou de acesso público estão sendo repensadas. Os cuidados se justificam.
Nunca a audiência da TV Globo, centro do império da família Marinho, esteve tão baixa. O Jornal Nacional, seu principal informativo, que chegou a ter 85% de audiência, agora não passa dos 20%. Suas novelas do horário nobre estão perdendo público para similares da TV Record. No dia 1º de abril aconteceram atos em prol da cassação da concessão da emissora em diversas cidades brasileiras. O realizado no Rio de Janeiro, em frente à sua sede, no Jardim Botânico, foi o mais expressivo e contou com 10 mil pessoas. Número infinitamente maior participou, no mesmo horário, do tuitaço e faceboquiaço “Foraglobogolpista”.
Artistas globais e a viúva de Roberto Marinho integram a relação de suspeitos de crimes de evasão fiscal e serão alvo de investigação pela CPI do Senado, criada para analisar a lista de mais de oito mil brasileiros que têm depósitos em contas secretas na filial do banco HSBC, na Suíça. Este escândalo internacional envolve milhares de pessoas em diversos países. A diferença é que fora do Brasil o assunto tem tido destaque e é coberto diuturnamente, enquanto aqui, a mídia, Globo à frente, prefere ignorá-lo ou abordá-lo parcialmente.
Além disso, o conglomerado teria sonegado o Imposto de Renda ao usar um paraíso fiscal para comprar os direitos de transmissão da Copa do Mundo Fifa de 2002. Após o término das investigações, em outubro de 2006, a Receita Federal quis cobrar multa de R$ 615 milhões da emissora. No entanto, semanas depois o processo desapareceu da sede da Receita no Rio de Janeiro. Em janeiro de 2013, uma funcionária da Receita foi condenada pela Justiça a quatro anos de prisão como responsável pelo sumiço. No processo, ela afirmou ter agido por livre e espontânea vontade.
Nem mesmo a campanha filantrópica “Criança Esperança”, promovida em parceria com a Unesco, se viu livre de críticas. Um documento datado de 15 de setembro de 2006, liberado pelo site WikiLeaks em 2013, cita que a Rede Globo repassou à Unesco apenas 10% do valor arrecadado desde 1986 com a campanha (à época R$ 94,8 milhões). A emissora garante “desconhecer” essa informação e afirma que “todo o dinheiro arrecadado pela campanha é depositado diretamente na conta da Unesco”.
Como se tudo isso não bastasse, ao assumir a postura pró-tucanos durante a campanha eleitoral de 2014, a emissora perdeu parte da régia publicidade oficial com que sempre foi contemplada. O governo não anuncia mais na TV Globo e nem na revista Veja e, pelo menos até o momento, não há indícios de que o quadro esteja prestes a se alterar. Motivos que têm levado cada dia mais repórteres e equipes da emissora a serem alvo de protestos e recebidos aos gritos de “O povo não é bobo. Abaixo a Rede Globo!”
Os protestos contra a Rede Globo, pelo visto, vão continuar e existem pelo menos 10 razões para que os setores comprometidos com a democratização da mídia no Brasil não tenham nada a comemorar neste cinquentenário.
1. Canal 4 estava prometido à Rádio Nacional
Em meados de 1950, Roberto Marinho era apenas um entre os vários empresários da comunicação no país. O magnata da época atendia pelo nome de Assis Chateaubriand e detinha a maior cadeia de jornais, rádios e duas emissoras nascentes de televisão. A rádio líder absoluta de audiência e mais querida do Brasil era a Nacional, a PR-8 do Rio de Janeiro, de propriedade do governo federal. O sucesso da Nacional era tamanho que animou seus dirigentes a solicitar que o então presidente da República lhe concedesse um canal de TV. Constava do currículo da Rádio Nacional já ter feito experiências pioneiras na área, ao ocupar o canal 4 para televisionar (como se dizia na época) dois dos seus programas.
O presidente da República era Juscelino Kubitschek, que considerou justa a reivindicação, uma decorrência natural da liderança da emissora. Na publicação de final de ano em 1956, a direção da Rádio Nacional anunciava para “breve” a entrada no ar da sua emissora, a TV Nacional, canal 4, conforme compromisso assumido por Juscelino. As concessões de canais de rádio e TV eram atribuições exclusivas do ocupante do Executivo Federal.
Os meses se passaram e Juscelino ”esqueceu-se” da promessa. No final de 1957, para surpresa da direção da Rádio Nacional, o canal 4 que lhes fora prometido acabou concedido para a inexpressiva Rádio Globo, de Roberto Marinho. A decisão foi condicionada por pressões diretas de Chateaubriand, que aceitava qualquer coisa menos que a Rádio Nacional ingressasse no segmento televisivo, temendo as consequências disso para seus negócios. Neste contexto, o canal ir para Roberto Marinho era um mal menor.
O Brasil perdeu assim a chance histórica de ter, no nascedouro, duas modalidades de televisão: a comercial, representada pelas emissoras de Chateaubriand, e a estatal voltada para o interesse público como seria a da Rádio Nacional.
2. Acordo com a Time-Life feriu interesses nacionais
Ao contrário da Rádio Nacional, que dispunha de todas as condições para colocar no ar sua emissora de TV, a de Roberto Marinho precisou aguardar alguns anos. Para a implantação da TV Globo, a partir de 1961, foi decisivo o apoio do capital internacional, representado pelo gigante da mídia norte-americana Time-Life. A emissora começou a operar de forma discreta em 26 de abril de 1965 e seus primeiros meses foram um fracasso em termos de audiência.
Em junho de 1962, Marinho passou a ser apoiado com milhões de dólares, num episódio que a emissora ainda hoje sustenta que se tratou apenas de “um contrato de cooperação técnica”. A realidade, fartamente documentada por Daniel Herz, em sua obra já clássica A história secreta da Rede Globo (1995), prova o contrário. Roberto Marinho e o grupo Time-Life contraíram um vínculo institucional de tal monta que os tornou sócios, o que era vedado pela Constituição brasileira. Foi este vínculo que assegurou à Globo o impulso financeiro, técnico e administrativo para alcançar o poderio que veio a ter.
A importância da ligação com os norte-americanos, nos primórdios da emissora, pode ser avaliada pela declaração do engenheiro Herbert Fiúza, que integrou a sua primeira equipe técnica: “A Globo era inspirada numa estação de Indianápolis, a WFBM. E o engenheiro de lá foi quem montou tudo, porque a gente não sabia nada”.
Chateaubriand, que antes havia ficado satisfeito em inviabilizar o canal de TV para a Rádio Nacional, percebeu o risco que suas emissoras passavam a correr. Tanto que dedicou ao “Caso Globo/Time-Life” nada menos do que 50 artigos, todos atacando Roberto Marinho e acusando-o de receber, na época, US$ 5 milhões, repassados em três parcelas, o que representava “uma ofensiva externa contra os competidores internos” (Morais, 1994, p.667).
A repercussão dessas denúncias foi tamanha que a CPI criada pelo Congresso Nacional para apurá-las acabou descobrindo que a TV Globo mantinha não um, mas dois contratos com o grupo Time-Life. Em um deles, os norte-americanos tinham participação de 49%. Em outras palavras, não se tratava de contrato, mas de sociedade. A CPI pôs fim à sociedade. Mas, ao invés de sair penalizada do episódio, a Globo foi duplamente beneficiada: Roberto Marinho ficou com o controle total da emissora e os militares, então no poder, não tomaram qualquer providência contra ela. A TV Globo poderia ter tido sua concessão cassada.
3. O apoio à ditadura militar (1964-1985)
Nos anos 1960, o Brasil era visto pelos Estados Unidos como sua área de influência direta. E a TV Globo foi fundamental para trazer para cá o way of life norte-americano juntamente com o seu modelo de televisão. A TV comercial, um dos tipos de emissora existentes no mundo, adquire aqui o status de única modalidade de TV. Não por acaso, Murilo Ramos (2000, p.126) caracteriza o surgimento da TV Globo como sendo “a primeira onda de globalização da televisão brasileira”, que, concentrada num único grupo local, monopolizou a audiência e teve forte impacto político e eleitoral ao longo das décadas seguintes.
Durante quase 20 anos, TV Globo e governos militares viveram uma espécie de simbiose. Os militares, satisfeitos por verem nas telas da Globo apenas imagens e textos elogiosos ao “país que vai para a frente”, retribuíam com mais e mais benesses e privilégios para a emissora. A partir de dezembro de 1968, com a edição do AI-5, o país mergulhou no “golpe dentro do golpe”, com prisão e perseguição a todos os considerados inimigos e adversários do regime e a adoção de censura prévia aos veículos de comunicação.
A TV Globo enfrentou alguns casos de censura oficial em suas telenovelas, mas o que prevaleceu na emissora foi o apoio incondicional de sua direção aos militares no poder e a autocensura por parte da maioria de seus funcionários.
Ainda hoje não falta quem se recorde de situações patéticas em que o então apresentador do Jornal Nacional, Cid Moreira, mostrava aos milhares de telespectadores brasileiros cenas de um país que se constituía “em verdadeira ilha de tranquilidade”, enquanto centenas de militantes de esquerda eram perseguidos, presos, torturados ou mortos nas prisões da ditadura. Some-se a isso que a TV Globo sempre se esmerou em criminalizar quaisquer movimentos populares.
4. O combate permanente às TVs Educativas
Desde 1950 que as elevadas taxas de analfabetismo vigentes no Brasil eram uma preocupação constante para setores nacionalistas e de esquerda. Uma vez no poder, algumas alas militares viram na radiodifusão um caminho para combater a subversão e, ao mesmo tempo, promover a integração nacional. O resultado disso foi que, em 1965, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) solicita ao Conselho Nacional de Telecomunicações a reserva de 48 canais de VHF e 50 de UHV especificamente para a televisão educativa.
O número era dos mais significativos e poderia ter representado o começo de canais voltados para os interesses da população, a exemplo do que já acontecia em outras partes do mundo. Pouco depois do decreto ser publicado, Roberto Marinho começa a agir para reduzir sua eficácia. E, na prática, conseguiu seu intento. O decreto-lei nº 236, de março de 1967, se, por um lado, formalizava a existência das emissoras educativas, por outro criava uma série de obstáculos para que funcionassem. O artigo 13, por exemplo, obrigava essas emissoras a transmitir apenas “aulas, conferências, palestras e debates”, ao mesmo tempo em que proibia qualquer tipo de propaganda ou patrocínio a seus programas. Traduzindo: as TVs Educativas estavam condenadas à programação monótona e à falta crônica de recursos.
Como se isso não bastasse, o artigo seguinte fechava o cerco a essas emissoras, determinando que somente pudessem executar o serviço de televisão educativa a União, os estados, municípios e territórios, as universidades brasileiras e alguns tipos de fundações. Ficavam de foram, por exemplo, sindicatos e as mais diversas entidades da sociedade civil.
Dez anos após este decreto-lei, apenas seis emissoras educativas tinham sido criadas no país, número muito distante dos 98 canais disponíveis. As emissoras educativas não conseguiam avançar, esbarrando na legislação que lhes obrigava a viver exclusivamente do minguado orçamento oficial, ao passo que as televisões comerciais, em especial a Globo, experimentavam crescimento sem precedentes. Crescimento que contribuiu para cristalizar, em parcela da população brasileira, a convicção de que a emissora de Roberto Marinho era sinônimo de qualidade. 
5. O programa global de telecursos
Oficialmente, o projeto tinha o nome de Educação Continuada por Multimeios e envolvia um convênio entre a Secretaria de Cooperação Econômica e Técnica Internacional (Subin) da Secretaria de Planejamento da Presidência da República, o BID, a Fundação Roberto Marinho (FRM) e a Fundação Universidade de Brasília (FUB). Aparentemente, o seu objetivo era nobre: “O atendimento à educação de população de baixa renda do país, mediante a utilização e métodos não tradicionais de ensino”.
Na versão inicial, o convênio tinha 15 cláusulas, com a FRM assumindo a condição de entidade executora e a FUB a de sua coexecutora. Na prática, o convênio ficou conhecido como Programa Global de Telecursos e atendia exclusivamente aos interesses da FRM. Através dele, a FRM pretendia, sem qualquer custo, apoderar-se do milionário “negócio” da teleducação no Brasil. Para tanto, esperava contar com recursos nacionais e internacionais inicialmente da ordem de US$ 5 milhões embutidos em um pacote de U$S 20 milhões solicitados pela Subin ao BID, no início de 1982.
A parceria com a FUB era importante por ela ser uma entidade voltada para o ensino público e estar isenta de impostos para a importação dos equipamentos necessários à montagem de um centro de produção televisiva a custo zero. Em outras palavras, a FRM pretendia tornar-se a administradora da verba (nacional e internacional) destinada às televisões educativas no Brasil, geridas pela Funtevê, entidade governamental. Imediatamente, a Funtevê deixou nítido que o convênio exorbitava as competências da FRM e da própria UnB. É importante assinalar que pela UnB um dos raros entusiastas deste convênio era o seu então reitor, capitão de mar-e-guerra José Carlos Azevedo.
A discussão em torno deste convênio e da tentativa das Organizações Globo de apropriarem-se dos recursos destinados às TVs educativas brasileiras ganham a imprensa nacional no final de 1982 e início de 1983. Matéria publicada pelo jornal Folha de S.Paulo (17/04/1983), sob o título de “Globo poderá monopolizar teleducação”, tratava o assunto em forma de denúncia. O “tiroteio” entre os jornais Globo e Folha de S.Paulo durou vários meses e o convênio, que acabou não sendo assinado, só foi sepultado três anos depois, com o fim do regime militar. Sem muita cerimônia, o então secretário-executivo da FRM, José Carlos Magaldi, chegou a admitir que “é óbvio que não fazemos teleducação por patriotismo”.
Esta não foi a primeira e nem a última tentativa das Organizações Globo de se apoderarem da teleducação no Brasil. Aliás, a FRM tem, nos dias atuais, representado o Brasil em vários fóruns internacionais sobre educação e teleducação. O MEC sabe disso?
6. O caso Proconsult e o combate a Leonel Brizola
Antes dos petistas, Leonel Brizola foi um dos políticos brasileiros mais combatidos pela TV Globo e por seu fundador, Roberto Marinho. Marinho nunca o perdoou pelo fato de ter comandado a Rede da Legalidade, nome que receberam as emissoras de rádio que, quando da renúncia de Jânio Quadros à presidência da República, em 1961, passaram a defender a posse de seu vice, João Goulart. Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, era cunhado de Goulart.
Com a vitória do golpe civil-militar de 1964, Brizola foi para o exílio e só pode retornar ao Brasil com a anistia, em 1979. Político com fortes compromissos populares, em 1982 disputou o governo do Rio de Janeiro, pelo PDT, partido criado por ele.
O caso Proconsult foi uma tentativa de fraude nas eleições de 1982 para impossibilitar a vitória de Brizola. Consistia em um sistema informatizado de apuração dos votos, feito pela empresa Proconsult, associada a antigos colaboradores do regime militar. A mecânica da fraude consistia em transferir votos nulos ou em branco para que fossem contabilizados para o candidato apoiado pelas forças situacionistas, Moreira Franco, do então PDS.
As regras da eleição de 1982 impunham que todos os votos (de vereador a presidente da República) fossem em um mesmo partido. Portanto, estimava-se um alto índice de votos nulos. Os indícios de que os resultados seriam fraudados surgiram da apuração paralela contratada pelo PDT à empresa Sysin Sistemas e Serviços de Informática, que divergiam completamente do resultado oficial. Outra fonte que obtinha resultados diferentes dos oficiais foi a Rádio Jornal do Brasil. Roberto Marinho foi acusado de participar no caso.
A fraude foi extensamente denunciada pelo Jornal do Brasil, na época o principal concorrente de O Globo no Rio e relatada posteriormente pelos jornalistas Paulo Henrique Amorim, Maria Helena Passos e Eliakim Araújo no livro Plim Plim, a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral (Conrad Editores, 2005). Devido à participação de Marinho no caso, a tentativa de fraude é analisada no documentário britânico Beyond Citizen Kane, de 1993. A TV Globo, por sua vez, defendeu-se argumentando que não havia contratado a Proconsult e que baseava a totalização dos votos daquela eleição na totalização própria que O Globo estava fazendo.
Em 1994, Brizola venceu novamente Roberto Marinho e a TV Globo ao obter, na Justiça, direito de resposta na emissora. Em 15 de março, um constrangido Cid Moreira (que por 27 anos esteve à frente da bancada do Jornal Nacional) leu texto de 440 palavras que a Justiça obrigou a TV Globo a divulgar em seu telejornal mais nobre.
Foram cerca de três minutos nos quais Cid Moreira, a cara do JN, incorporou Leonel Brizola, então governador do Rio de Janeiro, no mais célebre e então inédito direito de resposta, que abriu caminho para que outros cidadãos buscassem amparo legal contra barbaridades cometidas pela mídia brasileira.
7. Ignorou as Diretas-Já
O PMDB lançou, em dezembro de 1983, uma campanha nacional em apoio à emenda do seu deputado Dante de Oliveira (MT) que restabelecia as eleições diretas no país com o slogan “Diretas-Já”. O primeiro grande comício aconteceu em São Paulo, em 25 de janeiro do ano seguinte, e coincidiu com o 430º aniversário da cidade. A TV Globo ignorou o comício que reuniu milhares de pessoas na Praça da Sé. Reportagem do Fantástico sobre o assunto falava apenas em comemorações do aniversário de São Paulo. Omissões semelhantes aconteceram em relação a outros comícios pelas Diretas-Já em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador.
De acordo com o ex-vice-presidente das Organizações Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, em entrevista ao jornalista Roberto Dávila, na TV Cultura, em dezembro de 2005, foi o próprio Roberto Marinho quem determinou a censura ao primeiro grande comício da campanha pelas Diretas-Já. Segundo Boni, àquela altura “o doutor Roberto não queria que se falasse em Diretas-Já” e decidiu que o evento da Praça da Sé fosse transmitido “sem nenhuma participação de nenhum dos discursantes”. Para Boni, aliás, no caso das Diretas-Já houve uma censura dupla na Globo: “Primeiro, uma censura da censura; depois, uma censura do doutor Roberto”.
A versão de Boni é diferente da que aparece no livro Jornal Nacional – A Notícia Faz História, publicado pela Jorge Zahar em 2004, e que representa a versão da própria Globo para a história de seu jornalismo. O texto não faz referência alguma a uma intervenção direta de censura por parte de Roberto Marinho. Aliás, a Globo vem tentando reescrever a sua história e, ao mesmo tempo, reescrever a própria história brasileira. Isto fica nítido, por exemplo, quando se compara a história brasileira com a versão que é publicada pela Globo através dos verbetes do Memória Globo. Pelo visto, a emissora aposta na falta de memória e na pouca leitura da maioria dos brasileiros para emplacar a sua versão dos fatos. Foi a partir da campanha das Diretas-Já que teve início a utilização, pelos diversos movimentos populares, do bordão “O povo não é bobo. Abaixo a Rede Globo”.
8. Manipulação do debate Collor x Lula
Na eleição de 1989, a primeira pelo voto direto para presidente da República desde 1964, a TV Globo manipulou o debate entre o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva e o do PRN, Fernando Collor. O debate era o último e decisivo antes da eleição. No telejornal da hora do almoço, a TV Globo fez uma edição equilibrada do debate. Para o Jornal Nacional, houve instruções para mudar tudo e detonar Lula. Foram escolhidos os piores momentos de Lula e os melhores de Collor. Ainda foram divulgadas pesquisas feitas por telefone segundo as quais Collor havia vencido. Além disso, o jornalista Alexandre Garcia leu um editorial nitidamente contra Lula e o PT.
Desde então, pesquisas e estudos sobre este “caso clássico de manipulação da mídia” têm sido feitas no Brasil, destacando-se as realizadas pelo sociólogo, jornalista e professor aposentado da UnB Venício A. Lima.
Apesar dos esforços da TV Globo para manter a versão de que a edição deste debate foi equilibrada, novamente seu ex-diretor José Bonifácio Sobrinho contribuiu para derrubá-la. Depois de abordar o assunto em entrevistas à imprensa, por ocasião do lançamento de seu livro de memórias, o ex-dirigente global deu entrevista à própria GloboNews, canal pago da emissora, na qual admitiu, para o jornalista Geneton Moraes Neto, que, durante os debates da campanha presidencial transmitidos pela Globo em 1989, tentou ajudar o candidato alagoano. Para muitos, Boni só fez esta “revelação bombástica”, que quase todos já sabiam, para tentar promover seu livro. 
9. Contra a democratização da mídia
Todos os países democráticos possuem regulação para rádio e televisão. Na Grã-Bretanha, por exemplo, a mídia e sua regulação caminharam juntas. O mesmo pode ser dito em relação aos Estados Unidos, França, Itália e Japão. Nestes países, tão admirados pelas elites brasileiras, nunca ninguém fez qualquer vínculo entre regulação e censura, simplesmente porque ele não existe. No Brasil, onde a mídia em geral e a audiovisual em particular vive numa espécie de paraíso desregulamentado, toda vez que um governo tenta implementar o que existe no resto do mundo é acusado de ditatorial e de querer implantar a censura.
Quando, em 2004, o governo do presidente Lula enviou ao Congresso Nacional projeto de lei criando o Conselho Nacional de Jornalismo, uma espécie de primeiro passo para esta regulação, foi duramente criticado pela mídia comercial, TV Globo à frente. Desde sempre, as Organizações Globo foram contrárias a qualquer legislação que restringisse o poder absoluto que desfruta a mídia no Brasil. Prova disso é que os dispositivos do Capítulo V da Constituição brasileira, que trata da Comunicação Social, continuam até hoje sem regulamentação.
Entre outros aspectos, o Capítulo V proíbe monopólios e oligopólios por parte dos meios de comunicação, determina que a programação das emissoras de rádio e TV deva dar preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. O capítulo enfatiza, ainda, que as emissoras e rádio e TV devem promover a cultura nacional e regional, além de estimularem a produção independente. Todos esses aspectos mostram como a TV Globo está na contramão de tudo o que significa uma comunicação democrática e plural.
Aliás, os compromissos dos mais diversos movimentos sociais brasileiros com a regulação da mídia foram reafirmados durante o 2º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, promovido pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, de 10 a 12 de abril, em Belo Horizonte. O evento reuniu 682 participantes entre ativistas, estudantes, militantes, jornalistas, estudiosos, pesquisadores, representantes de entidades e coletivos de todo o Brasil. Presente ao encontro esteve também o canadense Toby Mendel, consultor da Unesco e diretor-executivo do Centro de Direitos e Democracia.
A carta final do encontro, intitulada “Regula Já! Por mais democracia e mais direitos”, disponível na página da entidade (www.fndc.org.br), reafirma “a luta pela democratização da comunicação como pauta aglutinadora e transversal, além de conclamar as entidades e ativistas a unirem forças para pressionar o governo a abrir diálogo com a sociedade sobre a necessidade de regular democraticamente o setor de comunicação do país”.
10. Golpismo
Para vários pesquisadores e estudiosos sobre movimentos sociais no Brasil, a mídia, em especial a TV Globo, tem tido um papel protagonista nas manifestações contra a presidente Dilma Rousseff e o PT. Alguns chegam mesmo a afirmar que dificilmente essas manifestações teriam repercussão se não fosse a Rede Globo.
Em outras palavras, a Rede Globo, tão avessa à cobertura de qualquer movimento popular, entrou de cabeça na transmissão destas manifestações e, no domingo 15 de março, por exemplo, mobilizou, como há muito não se via, toda a sua estrutura com o objetivo de ampliar a dar visibilidade a esses atos. Quase 100% de seus jornalistas estiveram de plantão. Durante o programa Esporte Espetacular, exibido tradicionalmente nas manhãs de domingo, o esporte deu lugar para chamadas ao vivo sobre os protestos, que, em tom de convocação, passaram a ocupar a maior parte do tempo.
Nas entradas ao vivo em todas as cidades onde aconteciam mobilizações, os microfones da emissora captaram gritos de guerra contra o atual governo e xingamentos contra a presidente. Em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, foi possível ouvir inclusive palavrões. A título de comparação, as manifestações de 13 de março, que também aconteceram em todo o Brasil e defenderam a reforma política, não mereceram cobertura tão dedicada do maior conglomerado midiático da América Latina.
Erick Bretas, diretor da Rede Globo que há poucas semanas defendeu abertamente o impeachment da presidente Dilma nas redes sociais, voltou a se pronunciar sobre os atos do dia 15, utilizando uma frase de Bob Marley para convocar, através de sua página no Facebook, o povo às ruas: “Get up, stand up”.
Não se sabe se Bob Marley apoiaria a postura de Bretas, mas, sem dúvida, é fato que entre os princípios editoriais da TV Globo não consta nem a “isenção” e muito menos o equilíbrio que tanto prega. Por isso, talvez o melhor resumo sobre a realidade desses protestos e a empolgação da transmissão feita pela TV Globo seja a do professor Gilberto Maringoni, ex-candidato do PSOL ao governo de São Paulo. Segundo Maringoni, “a manifestação principal não está nas ruas. Está na TV”.
Nas redes sociais, internautas repudiaram a cobertura feita pela TV Globo e alcançaram, durante 48 horas ininterruptas, para a hastag#Globogolpista, a primeira posição entre os assuntos mais comentados do Twitter. Novos protestos estão previstos para o dia 26/4. Razão pelo qual este promete ser o pior aniversário da TV Globo em toda a sua história.
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Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG. Este artigo foi publicado no blog Estação Liberdade
Fonte: BRASIL DE FATO