quarta-feira, 23 de julho de 2014

Elites que envergonham o país

COMO PENSA A ELITE BRASILEIRA


“A elite brasileira comprou o livro de Piketty, O Capital no Século 21. Não gostou. Achou que era sobre dinheiro, mas o principal assunto é a desigualdade”

Conversa Afiada reproduz excelente artigo de Antonio Lassance, da Carta Maior:


COMO PENSA A ELITE BRASILEIRA




A elite brasileira comprou o livro de Piketty, O Capital no Século 21. Não gostou. Achou que era sobre dinheiro, mas o principal assunto é a desigualdade.


A elite brasileira é engraçada. Gosta de ser elite, de mostrar que é elite, de viver como elite, mas detesta ser chamada de elite, principalmente quando associada a alguma mazela social. Afinal, mazela social, para a elite, é coisa de pobre.

A elite gosta de criticar e xingar tudo e todos. Chama isso de liberdade de expressão. Mas não gosta de ser criticada. Aí vira perseguição.

Quando a elite esculhamba o país, é porque ela é moderna e quer o melhor para todos nós. Quando alguém esculhamba a elite, é porque quer nos transformar em uma Cuba, ou numa Venezuela, dois países que a elite conhece muito bem, embora não saiba exatamente onde ficam.

Ideia de elite é chamada de opinião. Ideia contra a elite é chamada de ideologia.

A elite usa roupas, carros e relógios caros. Tem jatinho e helicóptero. Tem aeroporto particular, às vezes, pago com dinheiro público – para economizar um pouquinho, pois a vida não anda fácil para ninguém.

A elite gosta de mostrar que tem classe e que os outros são sem classe.

Mas, quando alguém reclama da elite por ser esnobe, preconceituosa e excludente, é acusado de incitar a luta de classes.

Elite mora em bairro chique, limpinho e cheiroso, mas gosta de acusar os outros de quererem dividir o país entre ricos e pobres.

O negócio da elite não é dividir, é multiplicar.

A elite é magnânima. Até dá aulas de como ter classe. Diz que, para ser da elite, tem que pensar como elite.

Tem gente que acredita. Não sabe que o principal atributo da elite é o dinheiro. O resto é detalhe.

A elite reclama dos impostos, mesmo dos que ela não paga. Seu jatinho, seu helicóptero, seu iate e seu jet ski não pagam IPVA, mesmo sendo veículos automotores.

Mas a elite, em homenagem aos mais pobres e à classe média, que pagam muito mais imposto do que ela, mantém um grande painel luminoso, o impostômetro, em várias cidades do país.

A elite diz que é contra a corrupção, mas é ela quem financia a campanha do corrupto.

Quando dá problema, finge que não tem nada a ver com  a coisa e reclama que “ninguém” vai para a cadeia. “Ninguém” é o apelido que a elite usa para designar o pessoal que lota as cadeias.

A elite não gosta do Bolsa Família, pois não é feita pela Louis Vuitton.

A elite diz que conceder benefícios aos mais pobres não é direito, é esmola, uma coisa que deixa as pessoas preguiçosas, vagabundas.

Como num passe de mágica, quando a elite recebe recursos governamentais ou isenções fiscais, a esmola se transforma em incentivo produtivo para o Brasil crescer.

A elite gosta de levar vantagem em tudo. Chama isso de visão. Quando não é da elite, levar vantagem é Lei de Gérson ou jeitinho.

Pagar salário de servidor público e os custos da escola e do hospital é gasto público. Pagar muito mais em juros altos ao sistema financeiro é “responsabilidade fiscal”.

Quando um governo mexe no cálculo do dinheiro que é reservado a pagar juros, é acusado de ser leniente com as contas públicas e de fazer “contabilidade criativa”.

Quando o governo da elite, décadas atrás, decidiu fazer contabilidade criativa, gastando menos com educação e saúde do que a Constituição determinava, deram a isso o pomposo nome de “Desvinculação das Receitas da União” -  inventaram até uma sigla (DRU), para ficar mais nebuloso e mais chique.

A elite bebe água mineral Perrier. Os sem classe se viram bebendo água do volume morto do Cantareira.

A elite gosta de passear e do direito de ir e vir, mas acha que rolezinho no seu shopping particular é problema grave de segurança pública.

A elite comprou o livro de um francês, um tal Piketty, intitulado “O Capital no Século 21″. Não gostou. Achou que era só sobre dinheiro, até descobrir que o principal assunto era a desigualdade. 

A pior parte do livro é aquela que mostra que as 85 pessoas mais ricas do mundo controlam uma riqueza equivalente à da metade da população mundial. Ou seja, 85 bacanas têm o dinheiro que 3,5 bilhões de pessoas precisariam desembolsar para conseguir juntar.

A elite não gostou da brincadeira de que essas 85 pessoas mais ricas do mundo caberiam em um daqueles ônibus londrinos de dois andares.

Discordou peremptoriamente e por uma razão muito simples: elite não anda de ônibus, nem se for no andar de cima.

ALCKMIN: 

JÁ FALTA ÁGUA EM BAIRRO DE RICO

O Fasano vai ter que servir champanhe em copo de plástico !
  •  

de Giuliano, no Face do C Af


Segundo a CBN da Globo, a rádio que troca a noticia, já falta água na Vila Madalena, bairro chic da Chuíça (*).

Na Vila Madalena, onde brasileiros e turistas se divertiram durante a Copa, em franca harmonia, os bares sao agora obrigados a usar copos de plástico, porque não há água para lavar os copos de vidro !

Segundo notavel colonista (**) da que troca a noticia, a culpa é do consumidor, que não sabe economizar água.

Lembra, amigo navegante, quando transbordava o rio Tietê e o governador (sic) Cerra dizia que a culpa era do morador, que jogava lixo no rio ?

Ele não construía os piscinões e a culpa era da vitima.

Lembra do retumbante apagao do FHC ?

A culpa também era o consumidor, que não sabia ecomizar.

A coisa já esteve melhor para o Alckmin: já imaginou faltar agua em Higienopólis, na véspera da eleição ?

O Fasano ter que servir champanhe em copo de plástico ?

O Padilha vem aí, de jaleco branco e lata d’água na cabeça.

Em tempo: se a CBN já fala em apagão da água, imagine lá em Itaquera …
Fonte: CONVERSA AFIADA
_____________________________________________________________________

Trombone alvorada weril

Essa elite brasileira é uma comédia.
Imagine, justo em São Paulo, a Milão das elites brasileiras, ficar sem água.
Mais uma incompetência gigantesca dessa turma que vive falando em competência.
E o aeroporto do titio ?
Tudo com dinheiro público.
Falando em aeroporto, o avião malaio que caiu, ou foi abatido lá na Ucrânia, vem sorrateiramente sumindo do noticiário. E isso foi na quinta-feira da semana passada.
Quando nossas elites, nossa uma ova, sua, descobriram que a confusão com o avião malaio pode ser obra de seus amiguinhos, fizeram a tradicional e batida cara de paisagem e aos poucos vão deixando o assunto de lado.
A prioridade hoje, pelo menos nas manchetes, é para a declaração do chanceler de Israel, que pelo tom e pela agressividade ao governo brasileiro e ao país, agradaram em muito as elites.
No cenário eleitoral as suas elites estão com sérios problemas de teto , o que dificulta os voos.  
Um grande número de textos oriundos dos mais respeitados colunistas da velha mídia, tentam de todas as formas e  malabarismos linguísticos, referendar a importante obra em terras de Claudio, motivo de sérias preocupações no ninho tucano.

O Sangaku das pesquisas

O Sangaku da velha mídia 




No dia 18 deste mês, ou seja, na sexta-feira passada já que hoje é quarta-feira dia 23, O PAPIRO publicou artigo como seguinte título:


O Milagre nas pesquisas de globo e folha de SP


O artigo citado analisava a nova e escandalosa pesquisa de intenção de voto para presidência da república que apontava, segundo manchetes idênticas de Folha de SP, O Globo e Estado de SP, um empate técnico entre Dilma e Aécio em um segundo turno, sem que os três patéticos jornais destacassem em manchete que Dilma poderia inclusive vencer em primeiro turno.
A pesquisa , obviamente, foi motivo de análise e crítica por parte da mídia independente na internete, isso mesmo, esta mídia que tem cor, lado, ideologia, porém não manipula os fatos e  nem a realidade, e, assim se comportando contribui para  a Paz e , talvez por isso, ninguém por aqui um dia ganhará um Nobel da Paz.
O PAPIRO, como o caro leitor conhece, reproduz artigos de relevância sobre o tema em questão , e , em seguida, apresenta a opinião deste blog, sempre com tipo na cor vermelha.
Abaixo , reproduzo trechos de alguns artigos que analisavam a pesquisa de sexta-feira: 

 Milagre da multiplicação dos tucanos:

desde o início do ano, a intenção de voto em Aécio oscila entre 16% e 20%, mostra o Datafolha; agora, o instituto dos Frias informa que, em eventual 2º turno, o tucano dobra dos 20% para 40% e 'empata' com Dilma, que tem 44%. Será?

Datafolha: 70% consideram o governo Dilma entre regular, ótimo e bom; Dilma vence no 1º turno com 36%

A conta da nova pesquisa não fecha


Nova pesquisa eleitoral.

Por ela, Dilma ganha no primeiro turno.

Mas o PIG não se dá por achado e resolve propor uma simulação de segundo turno.

Nesta, Aécio salta de 20 pontos para 40 pontos. Que seriam todos os 8 de Campos, mais todos os 3 do Pastor Everaldo, e mais todos os outros candidatos nanicos, e ainda pegaria de sobra mais oito pontos de brancos e nulos. Ainda assim ficaria 4 pontos atrás de Dilma, coisa que o PIG anuncia como empate técnico no segundo turno.

Um verdadeiro prodígio para levar Aécio a pé de igualdade com Dilma num segundo turno.

Que segundo turno? A pesquisa é clara: Dilma vence no 1º turno.

E as manchetes do PIG são "Aécio empatado com Dilma no Segundo Turno".

Isso sim é manipulação, e falta de estudo, pois a conta não fecha.

Vai ficar em recuperação de matemática igual minha neta de 12 anos, mas ela não é candidata, nem trabalha no PIG ou no IBOPE, é só uma adolescente viajando no mundo virtual. No mesmo mundo onde para o PIG a fantasia torna-se realidade.

Fonte: SQN

Os resultados apresentados pelos três principais jornais do país, e que foram reproduzidos por todos os demais veículos da velha mídia sem qualquer tipo de questionamento, configuram um atentado contra os mais elementares princípios da matemática e da estatística. 

Tudo isso foi construído  de forma violenta, sim, isso é um
a forma de violência, para enganar a população brasileira sobre o quadro eleitoral que o momento apresentava.

É a chamada violência integral que prolifera na velha imprensa, mas é ignorada e muitas vezes enaltecida como brilhante, até mesmo por aqueles que observam a imprensa tal qual os avestruzes com a cabeça enfiada no chão.

A manipulação foi tão violenta e grosseira que mereceu um alerta do PAPIRO, quanto as novas modalidades de enfrentamento com a velha mídia,  de maneira que a população possa vir a  usufruir de conteúdos fidedignos e que a verdade prevaleça, ou ainda, para que pelo menos os fatos sejam verídicos, já que a maneira como são reportados pela velha imprensa se distanciam em muito da realidade.

A pesquisa que por pouco não criou uma nova Matemática, foi amplamente debatida pelos colunistas da velha imprensa, que se deliciavam com o quadro desenhado.
O desenho gráfico dos dados  e números e a análise orgástica da velha mídia, indicava que poderíamos estar diante de um sangaku, que somente os iniciados teriam condições para analisá-lo.










exemplo de um sangaku que pode muito bem ser a explicação para as escandalosas pesquisas de Folha de SP, globo e etc...



E eis que , meu caro e atento leitor, das profundezas da nação surge mais uma pesquisa, apresentada hoje sem letras garrafais ou coincidências de manchetes.

A pesquisa de hoje apresenta um quadro diferente da pesquisa apresentada na sexta-feira, porém idêntico a média de todas as pesquisas dos últimos.... doze anos para o período em destaque, ou seja, meados de  mês de julho.

Na pesquisa de hoje, que o leitor pode ler abaixo deste texto, Dilma pode vencer em primeiro turno. 
Também  vence em segundo turno com margem histórica e consolidada que se repete desde a eleição de 2002, com pouca variação para mais ou para menos.
Digo que pode vencer em primeiro turno por que Dilma tem 38% de intenção de votos contra 37% da soma de todos os demais candidatos. Sim, a margem de erro é de 2% para mais ou para menos, porém os números me autorizam a destacar em notícia uma possível vitória em primeiro turno.
Leia abaixo os dados da pesquisa de hoje em artigo de TIJOLAÇO:

Ibope repete Datafolha, mas desmonta “empate no 2° turno”. 

Preparando-se para o pouso?

23 de julho de 2014 | 10:54 Autor: Fernando Brito
ibopeglobo
Escrevi, há uma semana, que a pesquisa Datafolha registrava um quadro eleitoral sem mudanças, exceto em uma: o acenar com possível empate em segundo turno, que se construiria com uma inacreditável transferência dos votos de todos os candidatos (de esquerda, de direita e até de nenhuma identidade) para Aécio Neves.
A espequisa Ibope divulgada ontem repete, basicamente, os mesmo números de 1° turno – Dilma teria 38%, Aécio 22% e Eduardo Campos, 8% – mas uma diferença muito mais expressiva (e natural) no segundo turno, dando 41% a Dilma e 33% a Aécio.
O resultado, que segundo dizem não assegura a vitória da Presidenta no 1° turno  - a soma de todos os demais candidatos daria 37%, um a menos que os 38% de Dilma – , mostra, ao contrário, que existe uma estabilidade que leva o início da campanha de televisão e rádio, onde a candidata petista tem incrivel vantagem, tanto em tempo quanto em realizações a mostrar –  para um terreno onde a decisão sem novas eleições não é só possível como, ao menos até agora, provável.
Ainda mais agora, quando a candidatura Aécio vai ter de passar da ofensiva à defensiva, a partir do aeroporto construído e sem outro uso senão o de servir de acesso à sua fazenda.
(Veja nos próximos posts como, pior ainda, os sinais de superfaturamento da obra são incontestáveis)
A batalha eleitoral está na mídia, como sempre esteve. Mas existem indicações que a “unanimidade” pró-Aécio do conservadorismo possa estar sendo quebrada por sua estagnação nas pesquisas.
Um análise, bem humorada, do meu amigo Hayle Gadelha, veterano em eleições e análises de pesquisa e mídia, publicada em seu blog, mostra que andam se apertando os cintos nos vôos tucanos.

Ibope 2014: acho que o Globo quer ajudar os tucanos na decolagem

IBOPE - GLOBO X GLOBOEm 2010, no Ibope de julho, Dilma tinha 39%, Serra 34%, Marina 7% e os outros 1%.
Dilma, portanto, tinha 39 contra 42 da soma dos outros. Ou seja, não vencia no 1º turno.
Mas vencia no 2º turno por 46 a 40 de Serra.
Qual seria a manchete natural? “Dilma lidera e hoje venceria 2º turno”, certo? Errado.
Essa manchete voou no tempo e veio pousar na primeira página do Globo de hoje.
Você vai pensar que os números das pesquisas ocuparam os mesmos assentos em 2010 e 2014, mas perdeu o voo mais uma vez.
O Ibope divulgado ontem aponta Dilma com 38, Aécio com 22, Campos com 8 e todos os outros com 7.
Ou seja, Dilma vence no 1º turno de 38 a 37.
Essa poderia ser a manchete natural, mas parece que caiu no vácuo.
O que será que explica essa acrobacia aérea?
Na minha opinião, o Globo ficou com peninha dos tucanos e resolveu dar um empurrãozinho para ver se pega no tranco.
Um pouco de gás, digamos assim.
A oposição precisa acreditar que o seu plano de voo para vencer esta eleição não tem nuvens pesadas pela frente. Mas está difícil encontrar o tão sonhado céu de brigadeiro.
Talvez seja melhor tratar de pedir logo permissão para aterrissagem no aeroporto de Cláudio, MG… e boa viagem!
Pois bem, com a pesquisa IBOPE tão próxima da última pesquisa DATAFOLHA como se explica diferenças tão gritantes quanto as intenções de voto nos candidatos em  um possível segundo turno ?
Em quatro dias o eleitor mudou de opinião , apenas nos  votos do segundo turno ?
Pouco provável uma mudança de opinião,em grande número e tão seletiva, ou seja, mudou somente em um segundo turno que inclusive pode não acontecer.
Isso não está cheirando bem, ou melhor , está fedendo.
Para aumentar o odor fétido e insuportável que emana das jurássicas redações, colunista de o globo, que tem status de imortal, mas que não domina as quatro operações básicas da matemática, afirma em artigo, hoje,  que os números atribuídos a Dilma podem ser enganosos.
Como é que é ?
Números que estão estratificados por doze anos, considerando as médias para o período, seriam enganosos ?
O caro leitor já percebeu que não se trata de estupidez na análise dos dados, por parte da velha mídia. 
Tudo bem, esses colunistas podem ser burrros, mas não são estúpidos, O que se vê, com clareza solar, é uma intenção deliberada e violenta em alterar os dados de pesquisas e com isso criar factóides que serão noticiados e debatidos por toda a velha mídia, como sendo a realidade dos números e, por conseguinte, a inexorabilidade dos fatos.
Nem uma coisa nem outra. 
O que assistimos é uma armação violenta e desonesta para enganar a população, confundir almas, e , com isso auferir vantagens quantitativas para o candidato apoiado pela velha mídia. 
Apoio, que a bem da verdade não é assumido pelos veículos da velha mídia, que ainda tentam passar para a população um posição de neutralidade no processo eleitoral. 
Isso tem nome  e chama -se crime.

Não apenas trata-se de um crime, como é repetitivo ao longo de anos, com criminosos, população e autoridades, em total cumplicidade de omissão onde expressões de admiração pela paisagem proliferam sem a menor vergonha.
Essa constatação pode parecer piada para aquelas pessoas mais desatentas, porém, é verdade na veia e revela aspectos prá lá de interessantes, perigosos e estranhos, dessa cultura midiática corporativa, pequena e totalmente defasada da realidade.

Já que dia a dia da velha mídia  a análise dos fatos é delirante e falsa, que pelo menos os fatos sejam verdadeiros.

O boimate não existe.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Terra humanitas que una sunt

Pacifismo ou é integral ou não é pacifismo

Por Alberto Dines em 22/07/2014 na edição 808
A Grande Guerra (1914-1918) tem diversos nomes, sobrenomes, alcunhas e pseudônimos. Um deles, o mais veraz – a Guerra Inacabada – é também o mais atual: os três grandes conflitos bélicos que ocupam manchetes e “escaladas” no horário nobre são herdeiros diretos de uma guerra contínua e de uma paz, fugaz, periódica, raramente levada a sério.
Na Ucrânia, Gaza e Síria combate-se com armas ultramodernas em guerras com mais de um século de existência. O sangue que jorra é novo, as pendências são velhas, encarquilhadas. A Rússia nasceu na Ucrânia, que na realidade só existiu como Estado soberano num remoto passado.
Antes de 1914, parte Ucrânia era do Império Austro-Húngaro, a outra do Império Russo. De um lado um kaiser pretensamente esclarecido, do outro um czar absolutista e implacável. No meio, um vácuo político incapaz de absorver etnias e povos diametralmente opostos. Parte do vácuo foi entregue à recém-criada Polônia, filha do armistício de 1918 e de um confronto militar com um novo império, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que sobreviveu até ontem (1991).
Antes de 1914, todo o Oriente Médio e o Norte da África pertenciam ao Império Otomano, igualmente enterrado pelo armistício de 1918-1919. Caiu de podre, substituído por mais de uma dúzia de novos estados, reinos, emirados e califados teocráticos e alguns protetorados. Um dos sobreviventes, a Turquia, parcialmente europeia, conseguiu sobreviver ao tornar-se por via militar uma república soberana e secular.
Os cem anos do início da Grande Guerra começaram a ser lembrados desde 28 de junho, data em que um jovem terrorista sérvio, Gavrilo Princip, assassinou em Serajevo o casal de arquiduques, herdeiros do Império Austro Húngaro. Em 1º de agosto de 1914 começaram as hostilidades quando a Alemanha invadiu a neutra Bélgica. Cerca de 65 milhões de homens em armas durante mais de quatro anos. Cerca de 20 milhões ficaram nos campos de batalha.
Chance à paz
A mídia associada às editoras de livros encarregaram-se de oferecer aos netos e bisnetos das vítimas e testemunhas da catástrofe as explicações básicas para entendê-la.
Complicado: os tempos são outros, os mapas mudaram, as ideologias reescreveram relatos e biografias. A convergência da nostalgia com o entretenimento dissolveu os horrores. O magnífico seriado inglês Dawntown Abbey demonstra como a História cruel converte-se magicamente em histórias de vida, tristes, amenas, amargas ou edificantes.
O que falta ao salutar boom sobre a Grande Guerra é ressaltar o papel dos diferentes movimentos pacifistas. Sobretudo dos jornalistas pacifistas. Em 1911, o Nobel da Paz foi entregue a Alfred Hermann Fried, fundador do primeiro periódico pacifista, Die Friedenswarte (A Observação da Paz). Em 28 de julho de 1914, em Paris, um nacionalista franco-alsaciano assassinou o bravo tribuno e jornalista, pacifista e socialista Jean Jaurès, fundador do diário L’Humanité (depois órgão oficial do Partido Comunista Francês).
O Nobel da Paz de 1933 foi concedido ao jornalista inglês Norman Angell, que ainda antes do primeiro tiro da Grande Guerra empenhava-se em convencer a humanidade da eficácia da paz como um meio racional de resolver contenciosos entre nações. Seu best-seller A grande ilusão continua nas livrarias, sempre lúcido, nada místico.
O escritor Romain Rolland, Nobel de Literatura em 1915, continuou escrevendo seus panfletos antiguerreiros numa França delirante e patrioteira, até que foi obrigado a recolher-se na Suíça.
O que diferenciava esses pacifistas da maioria dos militantes contemporâneos era a integralidade das suas convicções. Eram contra a beligerância, contra todos os beligerantes, inclusive seus concidadãos.
O pacifismo meia-bomba onde os adversários são demonizados e os correligionários exaltados apenas camufla velhas intolerâncias, pinta de branco rubros rancores. Exclui em vez de incluir e agregar.
Nesta era da informação (ou da desinformação, dá no mesmo), o pacifismo tem chance de tornar-se efetivo. Na base do 50%, é inútil.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
_____________________________________________________

O que consolida a Paz não é a ausência de guerras, de conflitos, de idéias , de ideologias.
O que consolida a Paz é a consciência de uma cultura de paz, cultura essa que vai muito além de guerras e que está muito distante da humanidade atual.

Atualmente aqueles que falam da Paz, parecem-se com pessoas distantes da realidade, vivendo em outro planeta.
E isso em grande parte é verdadeiro, já  que desejam passar para o outro lado da rua sem colocar os pés na rua, caminhar, para poder atravessar.
A maioria dos movimentos e organizações hoje no mundo que falam sobre Paz, não sensibilizam ninguém, ou quase ninguém, pois estão distantes da realidade.

Juros e Paz não se resolvem por decretos.

É no campo da política, com P maiúsculo, e dos movimentos sociais  que se pode transformar a realidade.
Realidade que não comporta a exploração infinita de recursos naturais finitos do planeta, realidade que não comporta que a minoria da humanidade viva bem e maioria na pobreza e na miséria, realidade que  não é compatível com teorias  vigentes absurdas , como o darwinismo social, por exemplo.

A  realidade onde tudo coopera na natureza e no universo, de acordo com as novas descobertas nas fronteiras do conhecimento científico, ainda está distante justo para a espécie mais evoluída do planeta, o homem, que curiosamente chegou a essa conclusão através da ciência.

No mundo atual os modelos políticos , econômicos e sociais, em nada cooperam entre si, ao contrário, disputam de forma irracional hegemonias, que um dia não mais serão hegemonias, substituídas por outras formas de hegemonias, em um círculo vicioso pouco evoluído que mantêm a humanidade por milênios aprisionada na mediocridade primitiva, apesar dos grandes avanços que ela conseguiu.

O medo que o homem sente nos dias atuais ainda é o mesmo medo que o homem das cavernas sentia em seu tempo.
A humanidade evoluiu para fora e ficou aprisionada, estagnada, no campo do auto conhecimento pleno,  justo o caminho para a evolução e para as formas de convivência harmônica, entre o homem e os demais seres de todos os  reinos , a natureza e o universo. Sem a evolução para dentro  o círculo vicioso jamais será interrompido.
E isso não tem nada de místico ,esotérico ou religioso, pelo contrário, já se revela nos dias atuais como o caminho natural da ciência, isso mesmo, a Ciência com C maiúsculo.

Imagine então, caro leitor, grupos pedindo a Paz porque são contrários  a guerra.
Jamais conseguirão seus objetivos e ainda serão recebidos, com honras de pacifistas, pelos oportunistas chefes de estados e de governos  e mesmo  por organizações internacionais, que aproveitarão a oportunidade de aparecer ao lado dos ativistas úteis.
São ingênuos úteis da pós -modernidade decadente.

No estágio atual da humanidade, os conscientes ativistas pela Paz tem lado bem definido, cor e ideologia, já que não compactuam com modelos contrários  as leis naturais, que privilegiam poucos e  colocam a maioria nas franjas da miséria absoluta.
Para tanto se faz necessário que atuem na esfera da real politik, para que de dentro , possam contribuir com ações para as transformações necessárias, mesmo que através de conflitos, contradições, se necessário for.
Fora da política e dos movimentos sociais nada acontece.

Os que desejam e enaltecem pacifistas amorfos e inócuos, que eles chamam de pacifismo integral, não passam de defensores desse status quo , selvagem, primitivo e incoerente com os caminhos naturais do conhecimento, seja na política, na economia, nas relações inter pessoais.
      


Fidel Castro: É hora de conhecer um pouco mais a realidade


Pedi aos editores do Granma que me dispensem nesta ocasião da honra de publicar o que vou escrever na primeira página do órgão oficial de nosso Partido, pois penso expressar pontos de vista pessoais sobre temas que, por conhecidas razões de saúde e de tempo, não pude apresentar nos órgãos coletivos de direção do Partido e do Estado, como os Congressos do Partido, ou as reuniões pertinentes da Assembleia Nacional do Poder Popular.


Por Fidel Castro, no jornal Granma


Reprodução
   
Em nossa época os problemas são cada vez mais complexos e as notícias se propagam com a velocidade da luz, como muitos sabem. Nada ocorre hoje em nosso mundo que não nos ensine algo a todos os que desejamos e ainda somos capazes de compreender novas realidades.

O ser humano é uma estranha mistura de instintos cegos, por um lado, e de consciências, por outro.

Presidentes dos países que compõem os Brics

Somos animais políticos, como não sem razão afirmou Aristóteles, que quiçá influiu mais do que nenhum outro filósofo da antiguidade no pensamento da humanidade através de quase 200 tratados, segundo se afirma, dos quais se conservaram apenas 31. Seu mestre foi Platão, o qual legou para a posteridade sua famosa utopia sobre o Estado Ideal, que em Siracusa, onde tratou de aplicá-lo, quase lhe custa a vida.

Sua Teoria Política ficou como apelativo para qualificar as ideias como más ou boas. Os reacionários a utilizaram para qualificar tanto Marx, como Lênin, de teóricos, sem tomar em conta que suas utopias inspiraram a Rússia e a China, os dois países chamados a encabeçar um mundo novo que permitiria a sobrevivência humana se o imperialismo não desatar antes uma criminosa e exterminadora guerra.

A União Soviética, o Campo Socialista, a República Popular da China e a Coreia do Norte nos ajudaram a resistir, com abastecimentos essenciais e armas, ao bloqueio econômico implacável dos Estados Unidos, o império mais poderoso de todos os tempos. Apesar de seu imenso poder, não pôde esmagar o pequeno país que a poucas milhas de suas costas resistiu durante mais de meio século às ameaças, aos ataques piratas, sequestros de barcos pesqueiros e afundamentos de navios mercantes, destruição em pleno voo do avião da Cubana de Aviação em Barbados, incêndio de escolas e outros delitos.

Quando tentou invadir nosso país com forças mercenárias na vanguarda, transportadas em barcos de guerra dos Estados Unidos como primeira etapa, foi derrotado em menos de 72 horas. Mais tarde os bandos contrarrevolucionários, organizados e equipados por eles, cometeram atos de vandalismo que provocaram a perda da vida ou da integridade física de milhares de compatriotas.

No estado da Flórida se localizou a maior base de atividades contra outro país que existia naquele momento. Com o passar do tempo o bloqueio econômico se estendeu aos países da Otan e outros muitos aliados da América Latina, que foram durante os primeiros anos cúmplices da criminosa política do império, que despedaçou os sonhos de Bolívar, Martí e centenas de grandes patriotas de irredutível conduta revolucionária na América Latina.

A nosso pequeno país não só se negava seu direito a ser uma nação independente, como a qualquer outro dos numerosos Estados da América Latina e do Caribe, explorados e saqueados por eles, mas também o direito à independência de nossa Pátria que seria totalmente despojado, quando o destino manifesto concluía sua tarefa de anexar nossa ilha ao território dos Estados Unidos da América do Norte.

Na recém-concluída reunião de Fortaleza se aprovou uma importante Declaração entre os países que integram o grupo Brics.

Os Brics propõem uma maior coordenação macroeconômica entre as principais economias, em particular no G-20, como um fator fundamental para o fortalecimento das perspectivas de uma recuperação efetiva e sustentável em todo o mundo.


Presidentes dos Brics reúnem-se com presidentes de países da Unasul
Anunciaram a assinatura do Acordo constitutivo do Novo Banco de Desenvolvimento, com a finalidade de mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável dos países Brics e outras economias emergentes e em desenvolvimento.

O Banco terá um capital inicial autorizado de US$ 100 bilhões. O capital inicial subscrito será de US$ 50 bilhões, dividido em partes iguais entre os membros fundadores. O primeiro presidente da Junta de Governadores será da Rússia. O primeiro presidente do Conselho de Administração será do Brasil. O primeiro presidente do Banco será da Índia. A sede do Banco será em Xangai.

Anunciaram também a assinatura de um Tratado para o estabelecimento de um Fundo Comum de Reservas de Divisas para situações de contingência, com um tamanho inicial de US$ 100 bilhões.

Reafirmam o apoio a um sistema multilateral de comércio aberto, transparente, inclusivo e não discriminatório; assim como a conclusão exitosa da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Reconhecem o importante papel que as empresas estatais desempenham na economia; assim como o das pequenas e médias empresas como criadores de emprego e riqueza.

Reafirmam a necessidade de uma reforma integral das Nações Unidas, incluído seu Conselho de Segurança, com a finalidade de torná-lo mais representativo, eficaz e eficiente, de maneira que possa responder adequadamente aos desafios globais.

Reiteraram sua condenação ao terrorismo em todas as suas formas e manifestações, onde quer que ocorra; e expressaram preocupação pela contínua ameaça do terrorismo e do extremismo na Síria, ao mesmo tempo que chamaram todas as partes sírias a que se comprometam a pôr fim aos atos terroristas perpetrados pela Al-Qaeda, seus filiados e outras organizações terroristas.

Condenaram energicamente o uso de armas químicas em qualquer circunstância; e deram boas-vindas à decisão da República Árabe Síria de aderir à Convenção sobre Armas Químicas.

Reafirmaram o compromisso de contribuir a uma justa e duradoura solução global do conflito árabe-israelense sobre a base do marco legal internacional universalmente reconhecido, incluindo as resoluções pertinentes das Nações Unidas, os Princípios de Madri e a Iniciativa de Paz Árabe; e expressaram apoio à convocação, na data mais próxima possível, da Conferência sobre o estabelecimento de uma zona do Oriente Médio livre de armas nucleares e outras armas de destruição em massa.

Reafirmaram a vontade de que a exploração e utilização do espaço extraterrestre deve ser para fins pacíficos.


Reunião da cúpula do Brics no Brasil


Reiteraram que não há alternativa a uma solução negociada para a questão nuclear iraniana e reafirmaram apoio a sua solução através de meios políticos e diplomáticos.

Expressaram preocupação pela situação no Iraque e apoiaram o governo iraquiano em seus esforços para superar a crise, defender a soberania nacional e a integridade territorial.

Expressaram preocupação pela situação na Ucrânia e fizeram um chamamento por um diálogo amplo, a diminuição do conflito e a moderação de todos os atores envolvidos, com a finalidade de encontrar uma solução política pacífica.

Reiteraram a firme condenação ao terrorismo em todas as suas formas e manifestações. Assinalaram que as Nações Unidas têm um papel central na coordenação da ação internacional contra o terrorismo, que deve ser levada a cabo conforme o direito internacional, incluída a Carta das Nações Unidas, e o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais.

Reconheceram que a mudança climática é um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta, e fizeram um chamamento a todos os países a construir sobre as decisões adotadas na Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC), com vistas a chegar a uma conclusão exitosa para o ano de 2015 das negociações no desenvolvimento de um protocolo, outro instrumento legal ou um resultado acordado com força legal sob a Convenção aplicável a todas as Partes, de conformidade com os princípios e disposições da CMNUCC, em particular o princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas e suas respectivas capacidades.

Expressaram a importância estratégica da educação para o desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico inclusivo; assim como destacaram o vínculo entre a cultura e o desenvolvimento sustentável.

A próxima Cúpula dos Brics será na Rússia, em julho de 2015.

Pareceria que se trata de mais um acordo entre os muitos que aparecem constantemente nos despachos das principais agências ocidentais de imprensa. Contudo, o significado é claro e rotundo: A América Latina é a área geográfica do mundo onde os Estados Unidos impuseram o sistema mais desigual do planeta, o desfrute de suas riquezas internas, o fornecimento de matérias primas baratas, comprador de suas mercadorias e o depositante privilegiado de seu ouro e seus fundos que escapam de seus respectivos países e são investidos pelas companhias norte-americanas no país ou em qualquer lugar do mundo.

Nunca ninguém encontrou uma resposta capaz de satisfazer as exigências do mercado real que hoje conhecemos, mas tampouco poderia duvidar-se de que a humanidade marcha para uma etapa mais justa do que até nossos tempos tem sido a sociedade humana.

Repugnam os abusos cometidos ao longo da história. Hoje o que se avalia é o que sucederá em nosso planeta globalizado em um futuro próximo. Como poderiam escapar os seres humanos da ignorância, da carência de recursos elementares para alimentação, saúde, educação, habitação, emprego decente, segurança e remuneração justa. O que é mais importante, se isto será possível ou não, neste minúsculo rincão do Universo. Se meditar sobre isto serve para algo, será para garantir na realidade a supremacia do ser humano.

Por minha parte, não abrigo a menor dúvida de que quando o presidente Xi Jinping termine as atividades para concluir seu giro neste hemisfério, assim como o presidente da Federação Russa, Vladimir Pútin, ambos os países estarão culminando uma das maiores proezas da história humana.

Na Declaração dos Brics, aprovada em 15 de julho de 2014 em Fortaleza, defende-se uma maior participação de outros países, especialmente os que lutam por seu desenvolvimento com vistas a fomentar a cooperação e a solidariedade com os povos e de modo particular com os da América do Sul, assinala-se em um significativo parágrafo que os Brics reconhecem em particular a importância da União das Nações Sul-americanas (Unasul) na promoção da paz e da democracia na região, na conquista do desenvolvimento sustentável e na erradicação da pobreza.

Já fui bastante extenso, apesar de que a amplitude e a importância do tema demandavam a análise de importantes questões que requeriam alguma réplica.

Pensava que nos dias subsequentes haveria um pouco mais de análise séria sobre a importância da Cúpula dos Brics. Bastaria somar os habitantes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para compreender que totalizam neste momento a metade da população mundial. Em poucas décadas o Produto Interno Bruto da China superará o dos Estados Unidos; muitos Estados já solicitam iuans e não dólares, não só o Brasil, mas vários dos mais importantes da América Latina, cujos produtos como a soja e o milho competem com os da América do Norte. O aporte que a Rússia e a China podem fazer na ciência, na tecnologia e no desenvolvimento econômico da América do Sul e do Caribe é decisivo.

Os grandes acontecimentos da história não se forjam em um dia. Enormes provas e desafios de crescente complexidade se vislumbram no horizonte. Entre a China e a Venezuela foram assinados 38 acordos de cooperação. É hora de conhecer um pouco mais as realidades.

Fidel Castro Ruz

21 de julho de 2014, às 22h15

Publicado no Jornal Granma
Fonte: VERMELHO

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Trem bão esse Claudão

 O aeroporto de Aécio

Choque de indigestão


Aécio presenteou a família com um aeroporto; a conta, R$ 14 milhões, foi espetada no lombo do contribuinte

"Os equívocos em relação à Petrobras foram muitos. E taí. Hoje a empresa frequenta mais as páginas policiais [...] do que as páginas de economia." As palavras são do candidato tucano Aécio Neves em sabatina realizada na quarta (16), ao criticar o governo Dilma Rousseff.

Nada como um dia depois do outro. Graças ao repórter Lucas Ferraz, ficamos sabendo neste domingo (20) que, antes de deixar o cargo de governador, nosso impoluto Aécio presenteou a própria família com um aeroporto no interior de Minas Gerais, na cidade de Cláudio. Deu de presente é modo de dizer. A conta, R$ 14 milhões, foi espetada novamente no lombo do contribuinte. Tudo dinheiro público.

O Brasil conhece à exaustão obras e estradas construídas perto de propriedades de políticos, sempre sob o argumento de pretensos interesses rodoviários e sociais. Cinismo à parte, para não dar muito na vista, ao menos se permite a circulação de anônimos pelas rodovias.

No caso do aeroporto de Cláudio dispensaram-se maiores escrúpulos. "Choque de gestão" na veia. A pista é de uso praticamente privado da família Neves e seus apaniguados. Um diálogo esclarecedor: perguntado pelo repórter se alguém poderia usar o aeroporto, o chefe de gabinete da prefeitura local foi direto. "O aeroporto é do Estado, mas fica no terreno dele. É Múcio que tem a chave." O dele e o Múcio citados referem-se a Múcio Tolentino, tio-avô de Aécio e ex-prefeito do município. Pela reportagem, descobre-se ainda que Aécio é figura frequente no lugar --a cidade abriga um de seus refúgios favoritos.

Pego no escândalo, o candidato embaraçou-se todo. Alega que a área do aeródromo particular foi desapropriada. O que, vamos e venhamos, já é discutível: no mínimo não pega bem um governador indenizar sua própria família para uma obra de utilidade social mais do que duvidosa.

Mas a coisa só piora: o processo de desapropriação está em litígio, ou seja, a propriedade permanece sob controle do clã Neves & Cia. Talvez uma ou outra aeronave de conhecidos, ou algum Perrella da vida, tenha acesso à pista. Fora isso, ignoram-se benefícios econômicos gerados pela empreitada ao povo mineiro. Questionado pela reportagem sobre quantas vezes esteve no estacionamento aéreo familiar e o motivo pelo qual uma obra custeada com dinheiro público tem uso privado, Aécio não respondeu. Ou melhor: o silêncio equivale a uma resposta. E a campanha mal começou.


Um comentário:

Henrique Dias disse...
O cara está cheio de boas intenções.
Com este aeroporto ele vai incrementar o comercio com a Bolívia, Paraguai e Colômbia.
É a integração Sul Americana tucana. Uai!
Fonte: SQN
___________________________________________________________________

Perguntas, se quiserem fazer jornalismo sobre o “Aecioporto”

21 de julho de 2014 | 14:11 Autor: Fernando Brito
JAYJAY
Na minha infinita disposição de colaborar com a imprensa de meu país, sugiro algumas perguntas simples a serem feitas à Agência Nacional de Aviação Civil, ao Governo de Minas  e a Aécio Neves sobre o aeroporto de Cláudio.
1) É legal a operação de aeronaves naquela pista antes da homologação?
2) Quais foram os planos de vôo registrados nos aeroportos oficiais com este destino? Quais foram as aeronaves? Quem eram seus passageiros? Recordo que na matéria da Folha, o primo de Aécio, antes de saber que falava com jornalista, disse que chegava ali pelo menos “um vôo por semana”. Os vôos registrados para Divinópolis batem com as anotações de pouco e decolagem daquele aeroporto?
3) O senador poderia ser indagado se já usou o Aeroporto de Cláudio em suas idas à sua fazenda?
4) Quem autorizava e supervisionava as atividades de aeromodelismo na pista, como comprovado aqui?  Se o Estado não responder, basta perguntar aos aeromodelistas que, se estavam lá, estavam porque alguém autorizou e disse que podiam usar o espaço. E isso não foi uma ou duas vezes, apenas.
5) Os moradores de Cláudio podem informar sobre a operação de segurança que fecha a estrada que dá acesso à fazenda de Aécio Neves quando este a visitava?
6) A obra previa ou não a construção de uma (inexistente) estação de passageiros, tal como anunciava o comunicado oficial do Governo do Estado? E os “equipamentos para operação 24 horas” (Deus meu, num microaeroporto para aviões privados, com outro aeroporto com essa capacidade a 50 km, de carro)?
tabelaaero
7) o que justificava, se já havia uma pista de pouso no local – e, portanto, quase nada de obras de terraplenagem e nivelamento – que a obra de Cláudio tivesse um custo maior do que todas as demais, em cidades todas elas de população maior – quatro vezes maior, no caso de Passos e três vezes maior, no caso de Lavras?
Se estiver difícil, podem perguntar aos funcionários do Motel Dommus, que fica defronte ao “aecioporto” como era o movimento por ali, porque não podem deixar de ter visto os aviões e a movimentação dos carros que levaram ou buscaram os passageiros que vinham ou iam neles.
Ah, e uma pergunta final: existirá mesmo Ministério Público em Minas Gerais, para investigar?
Fonte: TIJOLAÇO
_____________________________________________________________
Aécio Neves, Aeroporto, helicóptero, caso Lunus e o tal do jornalismo
folha aecio aeroporto
Capa da Folha de ontem: é de estranhar que a o jornal tenha reservado a manchete de domingo para uma história tão bombástica cuja apuração parece incompleta (Foto: Reprodução)
A denúncia da Folha de S. Paulo de ontem que aponta o favorecimento do tio de Aécio na construção de um aeroporto, numa cidade de 25 mil habitantes por 14 milhões pagos pelo governo do estado, pode significar uma pá de cal nas pretensões do mineiro na disputa presidencial. Mais pelo que ainda pode ser investigado do que pelo que já foi publicado. A matéria da Folha, mesmo bombástica, tem várias brechas. Algo muito estranho para um texto que atinge uma candidatura presidencial de um partido ao qual o jornal é simpático.
Na matéria, por exemplo, os personagens citados não são apresentados de maneira mais completa. O prefeito, o tio de Aécio e mesmo as disputas políticas locais e a própria cidade não têm suas histórias apresentadas. Toda a denúncia é fundamentada no flagrante do repórter que ligou pra prefeitura e ouviu do prefeito que a chave do portão fica com o tio de Aécio.
A Maria Frô acaba de postar no seu blogue a história do primo de Aécio, filho do dono do terreno onde está o aeroporto, que foi condenado por vender habeas corpus como desembargador.
Ou seja, a história pode ser um pouco mais cabeluda do que essa reportagem inicial.
Até o momento não há nenhuma relação ou evidência de que o caso do helicóptero apreendido com 600 quilos de cocaína e que era da família Perrela possa ter alguma conexão com a construção de um ou mais aeroportos em Minas de maneira pouco convencional. E cuja gestão não esteja sendo controlada pela Anac ou pelo governo, mas fique a cargo de uma pessoa que libera o uso porque tem as chaves da entrada da propriedade. Reforço, não existe nenhuma relação até o momento de um caso com outro, mas é evidente que passa a ser uma linha de investigação. Helicópteros de contrabandistas e traficantes precisam de aeroportos clandestinos ou pouco utilizados comercialmente para operar.
O caso Lunus acabou com a candidatura de Roseana Sarney e favoreceu José Serra na disputa de 2002. Também não há nada ainda que possa levar a crer que essa denúncia contra Aécio seja fogo amigo. Mas é de estranhar que a o jornal tenha reservado a manchete de domingo para uma história tão bombástica cuja apuração parece incompleta.
Aécio pode ter sido atingido em pleno início do voo e de forma mortal. Os próximos dias serão decisivos para a sua candidatura. E o que se pode e deve fazer neste caso é jornalismo e investigação. Ilações e conexões sem provas não levam a nada. Mas há aí uma boa história para ser apurada.

Fonte: BLOG do ROVAI
______________________________________________________________________

Eita trem bão, esse aeroporto !
Já está sendo chamado de Claudão
Até uma versão para o Samba de Orly, agora Samba de Claudão, já pintou nas redes sociais:

" vai meu tiozão pega esse avião
  você tem razão , de roubar assim dos mineiros  mas beija, 
  minha Minas sertaneja, antes que um aventureiro lance mão,
  pede perdão  pela roubalheira bem escancarada, 
  mas não diga nada que me viu cheirando, 
  e para os da pesada diz que estou voando
  vê com é que anda aquela turma  a toa
  e se puder me manda uma branquinha boa"

Esse pessoal da internete não é mole não.
Coitado do rapaz do aeroporto, tão limpo.
E lembar que durante o governo Lula, o mesmo Lula adquiriu um avião novo para servir a presidência da república, independente do presidente em exercício. 
Por causa disso  a velha imprensa , saiu por aí chamando o avião de aero lula, como se o avião fosse de propriedade de Lula.
Agora, com esse caso escandaloso do aeroporto do tucano, a velha mídia não fala nada.
Só falta aparecer um Jabosta da vida dizendo que o aeroporto fazia parte de obras para a copa.
Pode ?