quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Seleção ou Morte

"Diego Costa só pensou nele", critica Felipe Andreoli

Jornalista e humorista do CQC lamentou a postura do atacante brasileiro que preferiu defender a Espanha.

Fonte: TERRA

Quando a gente pensa que a velha mídia esgotou seu repertório de asneiras, eis que sempre aparece alguém para dizer, em alto e bom som de voz com imagem, mais uma besteira.
A asneira da vez vem do fascista programa CQC da Band, aliás programa sempre presente na lista de barbaridades. 
O jogador de futebol, Diego Costa, nascido no interior do estado de Sergipe deixou o país com 17 anos de idade para tentar a sorte no futebol europeu.
Certamente quando saiu do Brasil, ninguém conhecia o rapaz, ninguém perguntou o motivo de sua saída, ninguem ofereceu alguma ajuda para que ele permanecesse no Brasil.
Quantos jovens existem por aí tentando a sorte como jogador de futebol?
Dessa multidão de jovens, apenas poucos, bem poucos, conseguem o sucesso de Diego Costa.
Pelo mundo inteiro há uma legião de jogadores de futebol brasileiros, todos desconhecidos aqui no Brasil.
Alguns bem sucedidos e naturalizados nos países onde atuam que acabam ficando por lá e jamais retornam ao país.
Diego Costa saiu do Brasil em um pau de arara aéreo, para tentar a sorte.
Venceu , e é grato àqueles que o acolheram, desejando assim naturalizar-se espanhol e jogar pela seleção da Espanha.
Seu sucesso em gramados europeus chamou a atenção do treinador da seleção brasileira que resolveu convocá-lo para um amistoso.
O atleta rejeitou o convite, naturalmente, e o assunto invadiu a idiotice da velha imprensa, ou a velha imprensa idiota, dá no mesmo, que viu na decisão do atleta um ato de anti patriotismo, uma traição a pátria, uma rejeição ante um chamado à luta de vida ou morte que será travada no próximo ano nos lindos verdes campos gramados da terra do cruzeiro. 
Brasiiiiiiiiiiiiiiiiilllll ! 
Gritam, ao som de elevados decibéis no espectro eletro acústico, os fanáticos adeptos da confraria de Galvão Bueno e outras coisas deploráveis que abundam e inundam o espaço informativo do esporte.
No mundo globalizado, como previu João Saldanha de forma brilhante lá pela final dos anos da década de 1980, as competições mais importantes do futebol serão aquelas entre clubes, e não entre seleções nacionais.
O conceito de seleção nacional vai se diluindo com  o tempo na medida em  que os jogadores sequer atuam em seus países de origem, isso principalmente em países que não tem ainda os recuros e organização das principais praças de futebol do planeta.
É claro  que em países com um povo de auto estima baixa, o sucesso de um atleta esportivo ou mesmo de uma equipe nacional, pode se transformar em ato de heroísmo com direito a momentos de intenso júbilo entre os nativos, com condecorações, festividades para toda a população e dias de imenso êxtase.
Não que tenhamos superado essa fase de vira-latas, mas o país, já por bom tempo,  ocupa um lugar de destaque no cenário mundial, e a população não precisa de heróis para se sentir valorizada. 
Deve, sim,  aprender a valorizar e cultuar seus compatriotas luminares, sem que se sinta ofendida pelo sucesso de outros. 
Isto posto, o jornalista do CQC engana-se quando afirma contaminado por inveja, que Diego Costa teria pensado apenas nele ao rejeitar o pedido de Felipão. 
Não, meu caro. 
Diego Costa pensou nele, pensou em seus familiares da distante  cidade de Lagarto  e certamente deve também ter pensado na idiotice da imprensa esportiva brasileira.  
Sua decisão é normal e não é a primeira. 
Muitos outros jogadores se recusaram a jogar pela seleção brasileira sem a questão da nacionalidade mutante. 
Engraçado que esta mesma imprensa, recentemente, mais precisamente há três anos atrás, pedia , insistentemente que o jogador argentino do Fluminense  , na época, Dario Conca, se naturalizasse brasileiro para jogar pela seleção.
Assim sendo, meu caro jornalista esportivo humorista, o que já é um pleonasmo, Diego Costa não pensou apenas nele . 
Você, sim, pensou apenas em você e com um agravante de ter pensado como vira-lata pouco evoluído.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Uma Escuridão Luminosa

Espelhos são inaugurados e cidade na Noruega vibra com luz solar no inverno

A estação ainda não começou no hemisfério norte, mas a população de Rjukan, cidade encravada nas montanhas, comemora a novidade.

Fonte: TERRA

Lá pela década de 1980 ou 1990, não me recordo exatamente, a Rússia fez um teste enviando  um gigantesco espelho ao espaço com o objetivo de  direcionar a luz solar para determinadas regiões do país no período de inverno.

A experiência foi bem sucedida mas recebeu uma enxurrada de críticas da comunidade científica.

Alterar os ciclos da natureza, com mais ou menos incidência de luz solar, significa alterar todo o equilíbrio das formas de vida nas regiões. A título de exemplo, um fenômeno natural como o eclipse do sol faz com que as aves de vida diurna se recolham no momento do eclipse acreditando que a noite chega.

A fauna e a flora sofreriam grandes mudanças, com  interferência na vida de animais e vegetais, alterando o período de reprodução e mesmo de migração de animais.  

Estranho que a Noruega, um país pioneiro nas questões ambientais comemore tal feito.

Cabe ainda lembrar que se grandes áreas próximas dos pólos tivessem seu equilíbrio modificado com mais ou menos luz solar, também o ciclo de águas poderia sofrer com as repentinas alterações.

O aprovietamento da luz solar no espaço, poderia ser útil para produzir energia elétrica e enviá-la, através de sinais, para determinadas regiões onde as fontes de produção de energia são mínimas.   

Enquanto a ciência avança para uma compreensão da realidade que compreenda a totalidade, iniciativas de cunho fragmentado ainda são comemoradas. 

 

 

 


terça-feira, 29 de outubro de 2013

A Campanha


 
 
E assim caminha a oposição, entre o profano e o sagrado.

Energia Limpa

Retirada de combustível do reator 4 de Fukushima ameaça criar cenário apocalíptico

Em novembro, a TEPCO começa a remover os bastões de combustível, que têm emissão de radiação equivalente a 14 mil bombas como as foram jogadas em Hiroshima


Por Andrea Germanos, para o Commom Dreams EBC
Uma operação com consequências potencialmente “apocalípticas” deve começar em cerca de duas semanas – “em torno de 8 de novembro” – no reator 4 de Fukushima, que está danificado e vazando. É aí que a operadora da usina, a TEPCO, vai tentar remover 1.300 bastões de combustível gastos de um depósito completamente estragado no andar superior da usina. Os bastões têm radiação equivalente a 14 mil bombas como as que foram jogadas em Hiroshima.

Apesar de o prédio do reator 4 em si não ter sofrido um colapso, ele passou por uma explosão de hidrogênio, e está indo de mal a pior, e a chance de aguentar mais um abalo sísmico é zero.

O Japan Times explicou:

“Para remover os bastões, a TEPCO colocou um guindaste de 273 toneladas por cima do prédio, que será operado remotamente, de uma sala separada. [...] os bastões gastos vão ser retirados das armações em que eles estão armazenados um a um e inseridos em uma pesada câmara de aço, com as peças ainda submersas debaixo da água. Quando essa câmara for retirada da água e depositada no chão, será transportada até outra piscina em um prédio intacto para armazenamento.

Em circunstâncias normais, uma operação como essa demoraria três meses. Mas a TEPCO esperar completar essa antes do início do ano fiscal de 2014.”

Um coro de vozes têm soado como um alarme contra o plano – nunca algo assim já foi feito – de remover manualmente 400 toneladas de combustível gasto da TEPCO, que tem sido responsabilizada por problema atrás de problema na danificada usina nuclear.

Arnie Gunderson, engenheiro nuclear veterano dos EUA e diretor da Fairewinds Energy Education, alertou, nesse verão, que “eles terão dificuldade na remoção de um número significativo dos bastões”, e disse que “daí se pular direto para a conclusão de que vai dar tudo certo é um belo salto no escuro”. Paul Gunter, diretor do Reactor Oversight Project, também deu o alarme, afirmando ao Commom Dreams que “dadas as incertezas sobre as condições objetivas e a disposição de centenas de toneladas de partes, vai ser como um perigosíssimo jogo de pega varetas radioativo”. Gunter fez a seguinte analogia sobre o perigoso processo de remover os bastões de combustível gastos:

“Se você pensar na armação nuclear como um maço de cigarros, se você puxar um cigarro direto, ele sai – mas essas armações sofreram danos. Agora, quando eles forem puxar o cigarro direto para cima, ele vai provavelmente quebrar e soltar Césio e outros gases, Xenônio e Criptônio, no ar. Suspeito que quando chegar novembro, dezembro, janeiro, vamos ouvir que o prédio foi evacuado, que eles quebraram um dos bastões, que os bastões estão liberando gases. [...]

Suspeito que vamos ter mais liberações no ar à medida que eles tiram o combustível. Se eles puxarem rápido demais, quebram o bastão. Acho que as armações foram retorcidas, o combustível superaqueceu – a piscina ferveu – e o efeito é que provavelmente, boa parte do combustível vai ficar lá por muito tempo.”

O Japan Times acrescentou:

“A remoção dos bastões costuma ser feita por computador, que sabe a localização de cada uma das peças com precisão milimétrica. O trabalho às cegas em um ambiente altamente radioativo faz com que haja um risco de o guindaste danificar um dos bastões – um acidente que deixaria ainda mais miserável a região de Tohoku.”

Como explicou Harvey Wasserman, ativista contra atividade nuclear de longa data:
“Os bastões gastos de combustível precisar ser mantidos resfriados o tempo todo. Se eles forem expostos ao ar, seu revestimento de liga de Zircônio vai pegar fogo, os bastões vão se queimar e grandes quantidades de radiação serão liberadas. Se os bastões encostarem um no outro, ou se eles se desfizerem numa pilha grande o suficiente, pode haver uma explosão.”

RT ainda acrescenta que, na pior das hipóteses: “a piscina pode desabar no chão, derrubando os bastões uns sobre os outros, o que poderia provocar uma explosão muitas vezes pior do que a que aconteceu em março de 2011.”

Wasserman diz que o plano é tão arriscado que merecia uma intervenção global, um pedido do qual Gunter compartilha, afirmando que “a perigosa tarefa não deveria ficar nas mãos da TEPCO, deveria envolver a supervisão e o gerenciamento de especialistas internacionais independentes”.

Wasserman disse ao Commom Dreams que:

“A retirada dos bastões de energia da unidade 4 de Fukushima pode bem ser a missão mais perigosa da engenharia até hoje. Tudo indica que a TEPCO é incapaz de fazer isso sozinha, ou de informar de maneira confiável à comunidade internacional o que está acontecendo. Não há razões para se acreditar que o governo japonês também faria isso. Esse é um trabalho para ser feito pelos melhores engenheiros e cientistas do mundo, com acesso a todos os recursos que poderiam ser necessários

A potencial liberação de radiação em um caso desses pode ser descrita como apocalíptica. Só o Césio equivale a 14 mil bombas como as que foram jogadas sobre Hiroshima. Se algo der errado, a radiação poderia forçar que todos os seres humanos no local sejam evacuados, e poderia provocar a falha dos equipamentos eletrônicos. A humanidade seria forçada a assistir sem poder fazer nada enquanto bilhões de curies de radiação mortal são jogadas no ar e no mar.”

Por mais ousado que possa parecer o alerta de Wasserman, ele encontra ressonância na pesquisadora de fallout de radiação Christina Consolo, que disse ao RT que na pior das hipóteses o cenário é de apocalipse. O alerta de Gunter também foi ousado.

“O tempo é curto enquanto nos preocupamos que outro terremoto pode danificar ainda mais o complexo do reator e o depósito do resíduos nucleares”, continuou ele. “Isso poderia literalmente reinflamar o acidente nuclear a céu aberto e incendiar até alcançar proporções hemisféricas”, disse Gunter.

Wasserman diz que, dada a gravidade da situação, os olhos do mundo deveriam estar voltados para Fukushima.

“Essa é uma questão que transcende ser antinuclear. O destino da Terra está em jogo aqui, e o mundo todo deve acompanhar cada movimento daquele local a partir de agora. Com 11 mil bastões de energia espalhados pelo local, e com um fluxo constante de água contaminada envenenando o oceano, é a nossa sobrevivência que está em jogo.”

Fonte: CARTA MAIOR

A probabilidade de algum bastão estar quebrado ou retorcido é alta, o que durante a retirada pode ocasionar o tal acidente apocalíptico.
Devido a complexidade da operação e a inexistência de algo similar anteriormente, um estudo mais profundo envolvendo toda comunidade científica deveria ocorrer, mesmo sabendo-se que o tempo corre contra Fukushima, já que um novo tremor de terra , tufão ou tsumani,teriam consequências ainda mais catastróficas.
Enquanto nada disso acontece e Fukushima coloca em risco potencial grandes áreas do planeta, os EUA continuam em sua obsessão contra  um programa nuclear do Irã que poderia causar danos irreversíveis à humanidade por conta de suposta  fabricação de armas nucleares de destruição em massa.
No racionalidade vigente, seletivos perigos potenciais e futuros  são amplamente debatidos enquanto os perigos reais e que estão acontecendo são ignorados.
A destruição em larga escala é real, a curtíssimo prazo, e está também alí, no Japão, mergulhada nas piscinas dos reatores que utilizam de forma pacífica a  energia nuclear para gerar racionalmente eletricidade.
No mundo racional e civilizado os grandes problemas são ignorados pela grande mídia, ou merecem um destaque humilde nos higiêncios e estéreis noticiários de tv e em seus pares impressos.
O mesmo se aplica as alterações climáticas, que na grande mídia, quando citado, aparece como algo controverso, até mesmo quando a realidade aliada  ao tempo expõe o fracasso da união Européia em atingir as metas de redução das emissões de CO2.
Fukushima continua contaminando áreas do Japão  e pode, a qualquer instante, se transformar em uma little boy às avessas, com um efeito ainda mais devastador, o que não deixa de ser uma trágica ironia.
Chernobyl, Goiania, Fukushima. Todas mataram e continuam produzindo vítimas, sem que um amplo debate sobre o uso da energia nuclear ocorra.





sábado, 26 de outubro de 2013

Tira a mão daí, globo.

Manifestantes protestam contra 'monopólio da Rede Globo'

 

Um grupo de aproximadamente 50 manifestantes protesta no início da noite desta sexta-feira em frente à sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro.
Eles pedem o fim do que classificam como "monopólio da Globo" na área da comunicação e a "democratização da mídia".
Policiais militares protegem a portaria da emissora de uma possível tentativa de invasão.
O clima, por volta das 18h50, era tranquilo, e não há registro de distúrbios.
O trânsito nas ruas próximas segue sem alterações.
Há dezenas de policiais vigiando as vias no entorno da Globo.
Com palavras de ordem como "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo", os manifestantes acusam a emissora de distorcer o noticiário a respeito dos protestos.

Fonte: Jornal do Brasil


Repórter da Globo xinga colega ao vivo no Jornal Nacional

José Roberto Burnier ficou irritado porque o colega colocou o braço na frente da câmera


O repórter José Roberto Burnier ficou nervoso com o braço do colega em frente à câmera; depois do xingamento feito ao vivo, todo mundo do telejornal fingiu que nada tinha acontecido de anormal durante a transmissãoReprodução
Os telespectadores que assistiram ao Jornal Nacional (Globo) nesta sexta (25) viram uma cena inusitada.

Assim que foi chamado pelos apresentadores Patrícia Poeta e Heraldo Pereira para contar como estavam as manifestações em São Paulo, do alto de um helicóptero, o repórter José Roberto Burnier surgiu na tela dividida brigando com um colega que estava com o braço em frente à câmera.

Irritado, o repórter bradou um xingamento ao vivo.

— Tira a mão daí, p...

Patrícia e Heraldo ficaram constrangidos, mas seguiram em frente com as perguntas para o repórter.

Ao perceber que já estava no ar, Burnier falou seu texto e também fingiu que nada tinha acontecido.

Fonte: R7

Em globo, tudo é teatro.
Pelo menos dessa vez não se pode dizer que a emissora mentiu, já que uma porra estava no ar.
E aconteceu nas alturas , durante a cobertura dos protestos, único lugar onde os repórteres de globo podem produzir suas notícias, já que nas ruas, ao lado dos mortais, já se tornou rotina serem varridos  dos lugares.
Pereira e Poeta, mesmo constrangidos com aquela porra toda, se mantiveram na elegância teatral constumeira da emissora.
Fingir que nada acontece é uma regra na globo.
Aliás, ambos estavam bem elegantes durante a jornalzão.
Patrícia na cor salmão e Pereira de paletó carvão.
Já Burnier, alucinado nas alturas, era uma porra na contramão.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O Consórcio da Barbárie

A imprensa que ajuda a matar

Por Cátia Guimarães em 22/10/2013 na edição 769
 
Tudo indica que estamos diante de um segundo caso Amarildo. Na madrugada do dia 17 de outubro, um jovem de 18 anos chamado Paulo Roberto morreu na favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro. A mãe e outros jovens que testemunharam o ocorrido acusam os policiais da UPP de tê-lo espancado até a morte. Avisada, a mãe correu para o local e conseguiu ver os dois últimos suspiros do filho, que já chegou morto à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Exatamente como no caso Amarildo, não só os policiais acusados, mas o comando da UPP e a Polícia Militar, institucionalmente, negam.
Amparada no laudo inicial do Instituto Médico Legal (IML), que diz que as lesões encontradas no corpo de Paulo Roberto não foram a causa da morte do jovem, a corporação soltou imediatamente os PMs que haviam sido postos em prisão administrativa. Também exatamente igual ao caso Amarildo, a grande imprensa já se esforça para deslegitimar a denúncia da família e a revolta da comunidade. Só que desta vez, com um grande trunfo a seu favor: diferente de Amarildo, Paulo Roberto tinha várias passagens pela polícia, estava solto pela justiça, mas, como se sabe, embora não exista pena de morte neste país, faz parte do senso comum confirmado pela grande mídia todos os dias que “bandido bom” é “bandido morto”. Quando digo que “tudo indica”, me referindo à situação de Manguinhos, quero dizer que, para a imprensa, essa é a condição suficiente para se dar início a uma pauta jornalística.
Com exceção honrosa do jornal O Dia – que, aliás, tem se destacado por um sério jornalismo também na cobertura das manifestações – e do programa de Ricardo Boechat na Band News, tudo que vi na grande imprensa sobre o caso do jovem de Manguinhos foram montagens editoriais – inclusive com as técnicas mais simplistas – para enfraquecer a denúncia. No telejornal da Globo, por exemplo, primeiro foi apresentada a fala da mãe, denunciando, depois a da polícia, respondendo. Nesse formato clássico de edição de matéria, que todo jornalista conhece, não há tréplica e a história se conclui na defesa. Mas, para encerrar com chave de ouro, na volta das imagens o âncora termina de fato a matéria informando que o jovem tinha várias passagens pela polícia. Você que não conhece Paulo Roberto nem sua família, que só conhece favela pelas imagens de televisão e aprendeu a respirar mais aliviado em saber que “aquela gente” está “pacificada”, não terá dúvidas sobre o que pensar.
Maquiagem sensacionalista
Os dias seguintes, na cobertura em geral, foram ainda piores. Imagens da revolta da comunidade contra os policiais, apedrejando a sede da UPP e carros de polícia, tomaram conta dos jornais e telejornais, destacando um “vandalismo” preto e pobre que aterroriza o senso comum, nubla o fato (a notícia) original e naturaliza a repressão violenta.
Destaco também a chamada do G1, portal da Rede Globo, no dia 17 de outubro: “Exame diz que agressão não causou morte de jovem em Manguinhos, Rio”. O subtítulo é ainda mais preciso: “Laudo do IML indica que socos não motivaram morte de Paulo Roberto. Família acusa PMs da UPP de Manguinhos de espancar e matar jovem”. A notícia é a (não) causa da morte; as lesões (agressão, socos) não viram pauta. Parece uma anedota conhecida nos cursos de jornalismo, sobre um repórter que foi cobrir a estreia de um espetáculo de circo e voltou de mãos vazias dizendo que não teve matéria porque o circo pegou fogo. É uma pena que agora não tenha graça nenhuma.
Prevenidos da experiência recente, identifica-se, aqui e ali, um esforço de maquiar esse discurso pronto de naturalização. Um exemplo é a matéria, do mesmo G1, que traz, no título, uma frase da mãe do jovem morto: “Não é o primeiro filho que se enterra em Manguinhos”. A concessão, no entanto, limita-se ao título, já que a matéria não traz nenhuma apuração, nenhum dado, nenhum questionamento da polícia sobre a grave denúncia que o título apresenta. Maquiagem sensacionalista, mais uma vez.
“Sai da frente”
É a história que se repete. Aliás, é bom que não se esqueça que o início da cobertura midiática sobre o caso Amarildo não tinha nada das denúncias que hoje ajudam a vender jornais. Em texto publicado neste Observatório, comento matéria do Globo em que o desaparecimento de Amarildo aparece como uma questão lateral, como o motivo alegado pelos moradores da Rocinha para fazerem uma passeata que causava transtornos no trânsito, esta, sim, a pauta do jornal. Muito diferente do apelo sensacionalista (e falsamente investigativo) das manchetes de hoje, a primeira frase da matéria daquela época, antes de o assassinato se tornar inegável pelos fatos, resumia a notícia que tinha importância: “Uma manifestação realizada ontem na autoestrada Lagoa-Barra por moradores da Rocinha parou o trânsito de bairros como Lagoa, Gávea e São Conrado, dificultando a volta para casa de quem mora na Barra da Tijuca e arredores”. Agora, com Paulo Roberto e Manguinhos, não é diferente.
No dia 19 de outubro, junto com cerca de 70 trabalhadores e estudantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição de ensino e pesquisa localizada em Manguinhos, fomos em passeata até a favela no momento em que ocorria o velório do jovem morto. Mas você não viu isso no noticiário. Na véspera, o presidente da Fiocruz, numa comitiva com integrantes ainda do sindicato da instituição e outros pesquisadores e diretores, foi à favela conversar com o comandante da UPP sobre o clima de terror que se instalou na região após uma manifestação organizada pelos moradores em protesto pela morte do rapaz e na qual uma jovem foi ferida na perna – com bala de verdade. Mas você também não viu isso no noticiário.
Uma equipe de reportagem do SBT já estava em Manguinhos quando chegamos. Mas eles não se interessaram muito pelas denúncias que diversas pessoas da comunidade faziam não só sobre a morte do jovem como sobre a prática de violência que, segundo eles, caracterizaria a política da UPP. Localizado em frente à sede da UPP, o repórter, eufórico, orientou o cinegrafista a registrar o momento – que não durou mais de cinco minutos – em que alguns poucos moradores, revoltados, chutaram e jogaram pedras no container da UPP. Um manifestante – que ele talvez não soubesse que era pesquisador da Fiocruz – se postou em frente à câmera com o cartaz que segurava e perguntou por que ele não mostrava aquilo, por que não se interessava pela reivindicação, por que só queria filmar o breve momento em que a população reagiu. A resposta? “Sai da frente, filho da puta”, seguida da afirmação de que ele não precisava que ninguém lhe ensinasse o seu trabalho. Não precisava mesmo: seu trabalho é mostrar imagens chocantes, sensacionalistas, descontextualizadas, que sirvam a uma narrativa irreal, mas reafirmadora do senso comum conservador e violento que legitima a matança de pobre nesta cidade todos os dias (e neste estado, e neste país). Claro que ele tinha que filmar também a reação, que era parte da notícia, mas, na forma e na narrativa, essa parte tem virado o todo.
Modelo de jornalismo e concepção de notícia
Mas é preciso entender que esse não é um fato isolado. Tal como a morte de Amarildo – e, se se confirmar a versão da família e da comunidade, também a de Paulo Roberto –, não pode ser atribuída apenas a policiais isolados, agentes do mal em meio a uma bela política do bem, esse comportamento jornalístico não é específico de um repórter sem ética ou incompetente. Visto no que traz de generalidade, esse episódio tem muita semelhança, por exemplo, com as discussões sobre a cobertura das manifestações que têm tomado as ruas do país.
Quando os defensores de plantão da grande imprensa justificam que as manchetes dos jornais sempre destaquem o quebra-quebra e não o envolvimento da população com o protesto; quando colocam a culpa do noticiário nos “vândalos” que, ao produzirem uma manifestação não-pacífica, forçam uma abordagem negativa da mídia, estão naturalizando uma concepção de notícia que, no limite, legitima comportamentos desonestos como o desse repórter do SBT. Por esse argumento, a revolta da população de Manguinhos, que se traduziu na agressão física a coisas – um contêiner e um carro – por parte de meia dúzia de moradores, equivale, como notícia, à morte e ao espancamento de um menino.
Como já assinalado, merece destaque a séria postura do jornal O Dia que, no dia 19 de outubro, por exemplo, deu uma página sobre o tema, com o título “PMs soltos, jovem enterrado”. Destaca-se a foto de um menino apedrejando o carro da polícia, porque é claro que isso também é notícia e não tem que ser escondido, mas a legenda vincula os fatos: “Viatura tem vidros quebrados por pedras num acesso ao Complexo de Manguinhos, ontem de tarde: moradores revelaram detalhes da morte”. E o texto sobre aquilo que os outros jornais trataram como vandalismo aparece num box, reduzido ao espaço e lugar que esse fato merece no contexto mais geral da notícia. O título do box: “Revolta antes e depois do sepultamento”.
Para que não fiquemos apenas na superfície de um denuncismo que individualiza os atos, é preciso discutir o que de palpável existe nesse processo, além do cinismo que alguns jornalistas da grande imprensa desenvolveram e os óbvios interesses empresariais das corporações de mídia. Para isso, é urgente que todos os movimentos sociais que hoje se mobilizam nas ruas – e não apenas aqueles diretamente ligados à democratização da comunicação – discutam o modelo de jornalismo e a concepção de notícia que, de tão naturalizada, nos faz não estranhar que cada fato noticiado na mídia se esgote nele mesmo. Isolando o fato – objetivo, neutro, aquele que deve falar por si -, a compreensão profissional de notícia cria obstáculos para associações e contextualizações que remetam a um mínimo de totalidade.
Acomodados nesse modelo, muitos jornalistas da grande imprensa aceitam o jogo da fragmentação sensacionalista – que, literalmente, se limita a causar sensação. As grandes empresas jornalísticas, confortavelmente acomodadas no lugar privilegiado de quem controla os principais canais de informação da população brasileira, mantêm seus interesses particulares promovendo essa concepção de notícia e de jornalismo como se se tratasse de uma definição técnica e profissional. E nós, jornalistas e leitores, aceitamos isso.
O policial gente boa
Vivemos de tal modo presos num modelo fragmentado de notícia que não é nenhum constrangimento para esses veículos de comunicação ficarem no meio do caminho da informação. Eles podem, exemplo, informar que durante a tortura do pedreiro da Rocinha os policiais perguntavam sobre as armas do tráfico sem concluir – informativamente – que isso obviamente configura uma prática de “interrogatório” a serviço dos objetivos anunciados da UPP e da política que eles representam – e não a manifestação de um ódio pessoal de dez policiais. Como descolar isso da própria política de segurança pública do Rio de Janeiro e dos seus grandes coordenadores, José Mariano Beltrame e Sergio Cabral? Para o jornalismo atual, é fácil, e o pior é que já nos acostumamos com ele.
No caso específico de Amarildo, seria “injusto” dizer que a associação da violência policial com a política mais ampla de segurança não apareceu em momento algum. No dia 5 de outubro, por exemplo, o Globo publicou matéria com o título “Beltrame: caso Amarildo não arranha imagem das UPPs”. A matéria se referia a uma fala do secretário de segurança do Rio de Janeiro durante evento numa escola pública. Conforme registra o texto, entre outras coisas menos comprometedoras, Beltrame defendeu que “o que nós temos hoje lá [na Rocinha] é muito melhor do que havia no passado” e que “a polícia atuou lá como atua em qualquer lugar da cidade. A morte de uma pessoa é muito difícil, mas antes a gente não conseguia entregar uma intimação lá dentro”. Não sei se entendi bem, mas parece que o secretário de segurança acha que ser torturado pela polícia é melhor do que ser torturado pelo traficante. E que as pessoas deveriam ficar felizes porque agora, além de serem torturadas e mortas, elas podem receber nas suas casas intimação da própria polícia. É uma pena que o jornalista do Globo que fez a matéria não fosse dado a ironias.
Como o tema aparece num evento cujo protagonista é o secretário, e não como uma pauta que questione a política de pacificação (mais universal) a partir de um fato particular, o jornal não precisou ouvir o tão famoso “outro lado”. Até, porque, convenhamos, nesse caso, é fácil acreditar que não existe um outro lado. Tendo como pano de fundo a naturalização de que para favelado só existe a escolha entre a arma do traficante e a arma da polícia, a população residente dessas comunidades ‘pacificadas’ – o outro lado esquecido – não é mais ouvida sobre a política que deveria beneficiá-la. Essa mesma população foi destaque nas páginas dos jornais quando se anunciou a instalação das primeiras UPPs, e havia uma forte expectativa em relação aos seus benefícios.
Hoje, um balanço que apurasse as denúncias de morte e violência e ouvisse – de verdade – moradores de diversos segmentos, diferentes faixas etárias, inclusive aqueles ligados a movimentos sociais locais, feito com a autonomia que a apuração jornalística deve ter e não a partir da indicação da própria polícia, talvez apontasse avaliações menos otimistas do que as belas fotos do policial gente boa jogando bola com as crianças da favela. Pelo menos foi isso que eu e todos os outros que estavam comigo ouvimos dos moradores de Manguinhos.
O atributo do embrutecimento
É curioso, por fim, notar que essa fragmentação sensacionalista da notícia tem sempre um lado: o da ordem. Teria causado bastante sensação também a imagem do rosto machucado de Paulo Roberto no velório ou do círculo de crianças, pobres e pretas, que rodeavam o caixão numa tristeza muda, quem sabe vendo o seu próprio destino projetado ali. Não vi essas imagens no noticiário. E, para falar a verdade, também não vi pessoalmente. Não tive coragem de entrar na sala onde o corpo estava sendo velado. E o fato é que, como jornalista, eu deveria me envergonhar disso.
Com esse relato facilito a vida dos defensores de plantão da grande imprensa, que podem apontar a parcialidade da minha crítica, vítima de um envolvimento emocional que não condiz com a objetividade necessária da profissão. Dou-lhes razão e confesso outros crimes: chorei ouvindo o depoimento da mãe do jovem morto; quis fugir correndo deste mundo quando ouvi os gritos de revolta do irmão de Paulo Roberto, que quebrou o pouco protocolo que havia com a sua indignação sentida; quando cheguei em casa, quis que meu filho não dormisse aquela noite. De fato, não estou preparada para o profissionalismo que essa grande imprensa requer. E ainda bem.
Em situações de injustiça e opressão, essa objetividade travestida de uma falsa imparcialidade, esse cinismo justificado pelo profissionalismo, é sinônimo de desonestidade e conivência. Meu consolo, como militante de uma outra comunicação e um outro modo de se produzir notícia, é que esse não é um pré-requisito para ser jornalista; é apenas o atributo necessário do embrutecimento, construído dia-a-dia, por um tipo específico de imprensa: uma imprensa que não pega em armas, mas que, no Brasil, ajuda a matar.
***
Cátia Guimarães é jornalista e doutoranda em Serviço Social

Fonte; OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA

O excelente texto acima reforça, em parte, a postagem de ontem do PAPIRO com o título, Onde está a Democracia ?
A velha imprensa comercial  e seus tentáculos midiáticos que controlam a comunicação no Brasil, com sua suposta imparcialidade jornalistica, não apenas é aliada do modêlo de polícia atual, como  faz campanha, através da maneira como veicula os fatos, para a consolidação de um estado policial que certamente irá  protegê-la e  criminalizará a população pobre. 
Talvez esse caminho mídia-segurança pública projete para o futuro a privatização do sistema prisional, algo já existente nos EUA e altamente lucrativo. 
Por lá, pobre e preto são em tese  uma fonte de lucros, desde que enjaulados em presídios,  e não é de se estranhar que a velha mídia brasileira, tão escancaradamente vira-latas, siga fielmente os valores , códigos, percepções e práticas da "América Livre e Democrática". 
Por enquanto, prolifera a lógica midiática de que bandido bom  é bandido morto, desde que o conceito  de bandido seja definido e aplicado pelo consórcio imprensa, polícia e judiciário.
Isto posto, consegue-se no Brasil assim como em muitos outros paises do mundo, consolidar práticas de um estado de exceção através do exercício da democacria. 
A polícia prende e  mata "os criminosos" ,a imprensa "noticia" os fatos  e o judiciário julga e sempre condena os " bandidos" que conseguiram sobreviver. 
Claro, todos pobres e na maioria pretos.
Em um exercício de futuro, uma vez exterminados os presos, os pobres, pretos, mulheres, LGBT, comunistas, defensores dos direitos humanos, ambientalistas, e outros, a próxima vítima será  a classe média. 
Qualquer semelhança com o projeto de Hittler não é coincidência.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Onde está a Democracia ?

MANIFESTO: Muito além do papel de um leitor

outubro 22nd, 2013 by mariafro

Somos ex-assinantes do Jornal O Globo e achamos que a cobertura que o jornal tem feito sobre as manifestações populares, desde junho, é inaceitável. A capa de hoje – dia 17 de outubro de 2013 – foi o ponto final.

Decidimos ir além do papel de um leitor, cancelamos as nossas assinaturas e estamos construindo uma plataforma para que todos que também não querem mais financiar esse tipo de jornalismo possam cancelar as suas de maneira pública e coletiva.
SE INSCREVA para ser avisado quando essa plataforma for lançada: http://muitoalemdeumleitor.herokuapp.com/
Em setembro, o Jornal O Globo fez um editorial pedindo desculpas públicas pelo seu apoio à Ditadura Militar brasileira. Não vamos esperar mais 50 anos para outro pedido de desculpas. A verdade é dura e já tá na boca do povo. SE INSCREVA para ser avisado sobre o lançamento da plataforma: http://muitoalemdeumleitor.herokuapp.com/

Rafucko para Pedro Dória: ‘militante, o Globo é um jornal militante a serviço da ditadura militar’

outubro 22nd, 2013 by mariafro

Por volta de 29 minutos a fala do Rafucko em resposta ao Pedro Dória e a continuação nos minutos subsequentes do debate com a participação do Felipe do mídia ninja é verdadeiramente imperdível.
A resposta que Rafucko deu ao discurso despolitizado de Pedro Doria, um simulacro sobre neutralidade no jornalismo, é um verdadeiro libelo da luta pela democratização das comunicações. Vale a pena ser transcrito na íntegra.
Um pequeno trecho transcrito sem revisão:

Pedro Dória para Rafucko: “Quando manifestantes expulsam um jornalista da Globo estão calando uma voz.”

Rafucko: “Não, eles estão repudiando a mentira.”

Doria: “Você classifica o que nós chamamos de fato, mentira.

Rafucko, mostrando a vergonhosa manchete padrão Globo que criminalizava como ‘vandalos’ 70 manifestantes que estavam sentados nas escadarias da Câmara, incluindo um carteiro que voltava do trabalho e que foram presos indiscriminadamente como criminosos periculosos na ação mais arbitrária que se tem notícia num regime democrático, retruca: “Eu não, quem considerou mentira o que o Globo escreveu foi a Justiça.”

Fonte: MARIA FRÔ

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A saia justa de O Globo diante de militantes em debate
Fonte : VIOMUNDO 

qua, 23/10/2013 - 11:24
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Os Testas-de-Ferro da Rede Globo, Paus-Mandados dos Filhos ‘Sem-Nome’ do Roberto Marinho, estão sendo humilhados publicamente, porque defendem a causa indefensável dos delitos praticados por essa Organização Criminosa do Ramo das Comunicações.
As colocações de pretensa superioridade expressas pelo Editor Executivo do Jornal O Globo – ao que parece, inclusive, regularmente escalado pelos Patrões para “debater coisas difíceis”, como afirmou a dondoca apresentadora do evento patrocinado pela Vivo – são exemplos claros do Mundo da Autossuficiência onde se encontram isolados esses Chefes de Edição e de Redação das Empresas Jornalísticas, incrustados que estão no Círculo Empresarial das Reuniões Fechadas da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Associação BraZileira de Rádio e Televisão (ABERT), defensores incondicionais dos lucros abusivos das megacorporações econômicas, das quais fazem parte, e estimulantes do Medo Generalizado na População para justificar a presença do Estado Policial Militar que as protege, alheios aos problemas reais enfrentados no cotidiano pelas Comunidades de Amarildos e Elizabetes nas Rocinhas espalhadas por todo o País.
O pessoal da Mídia Independente de Esquerda, aqui incluídos os Sítios e Blogs como o Viomundo, está fazendo a Soberba dos Magnatas das Comunicações descer do Pedestal da Arrogância Elitista e Excludente para o chão da Realidade Social Brasileira.
Nada permanece indefinidamente oculto que um dia não seja revelado.
A Justiça chega junto com a Verdade.
Fascistas, Fascistas! Não Passarão!

Amostra
Reportagem de O GLOBO publicada em 28/03/12 – 23h23
“O NOVO XERIFE DA ROCINHA
Rocinha ganha comandante de policiamento
Major vai coordenar equipes da favela,cujos moradores voltaram a viver rotina de medo,com confrontos de traficantes
DIEGO BARRETO (EMAIL)
PAOLLA SERRA

Major Edson Santos, novo” xerife” da Rocinha Nina Lima / Extra/O Globo

16/10/2013 19h26 – Atualizado em 16/10/2013 19h49
 
Comandante de UPP mandou tropa mentir após morte de Amarildo, diz PM
PMs foram orientados a dizer que Amarildo foi liberado após averiguação.
O depoimento de um policial militar da UPP da Rocinha afirma que o major Edson Santos, ex-comandante da unidade, orientou a tropa a mentir sobre a morte de Amarildo, como mostrou reportagem do RJTV nesta quarta-feira (16).
De acordo com a testemunha, num tom de intimidação, o major teria instruído os policiais a dizerem que o ajudante de pedreiro tinha sido levado para a base da UPP e liberado pelo próprio major, depois de uma averiguação. Ainda segundo o PM, os policiais deveriam afirmar também que Amarildo teria usado uma escadaria da comunidade para ir embora.
Segundo a testemunha, no dia seguinte ao sumiço de Amarildo, uma segunda-feira, PMs limparam a área onde ocorreu a tortura. E na terça-feira, eles jogaram óleo no chão para tentar encobrir vestígios de sangue. Ainda de acordo com o PM, dias mais tarde, o ex-subcomandante da UPP, tenente Luís Felipe Medeiros, ordenou a instalação de uma porta nessa área, que foi transformada num depósito de entulho e móveis.
O local só foi periciado três meses depois, na última segunda-feira (14), poucas horas após o fim do depoimento da testemunha. Amostras do material já estão sendo analisadas. Os peritos acreditam que pode ser sangue.
Capa de motocicleta
No depoimento, o policial militar contou ainda que ouviu Amarildo de Souza levar choques com uma arma usada para imobilizar pessoas, e disse ainda que a vítima foi afogada num balde. O PM dediciu fazer as revelações por temer ser assassinado, numa queima de arquivo.
No testemunho, o PM disse que a capa da motocicleta usada para esconder o corpo e retirá-lo da favela após a tortura, pertencia ao major Edson Santos.
MP promete denunciar outros 10 PMs
O Ministério Público do Rio informou que vai incluir outros dez nomes de policiais à denúncia referente ao desaparecimento do ajudante de pedreiro. Eles serão indiciados pelos crimes de tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e também por omissão.
O MP também quer que o major Edson Santos seja transferido para outro presídio para proteger a investigação. Segundo os promotores, ele estaria influenciando os policiais presos que poderiam colaborar com as investigações em troca de redução da pena.
Na segunda-feira (14), a polícia realizou nova perícia no local onde o policial indicou que houve tortura contra Amarildo. Eles encontraram vestígios de sangue e o material foi encaminhado para análise.
No dia 1º de outubro, o ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, major Edson Santos, e outros nove policiais militares foram indiciados pelo crime.
Amarildo de Souza desapareceu em 14 de julho, após uma abordagem policial.

Fonte: VIOMUNDO - Comentário de um leitor
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“Estamos forçando a população a pensar de uma única forma”, diz relator da ONU

Em entrevista ao Brasil de Fato, Frank La Rue recorda que a concentração da comunicação leva à concentração de poder político
18/10/2013
Tatiana Lima,
do Rio de Janeiro (RJ)

Desde as manifestações deflagradas em junho, a credibilidade de jornais e redes de televisão são alvos de críticas por parte da população que participa dos protestos. Principalmente, após vídeos, fotos e depoimentos postados em redes sociais como Facebook e Yotube, feitos por manifestantes durante os atos. Cartazes e faixas com dizeres como “Abaixo a Rede Globo” e “Ocupe a Mídia” tem sido a tônica de manifestações no Rio e em outras cidades do país.
Segundo Frank La Rue, relator especial para a Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e Expressão da ONU, essa insatisfação popular é reflexo da falta de pluralidade de vozes e da concentração dos meios de comunicação nas democracias da América Latina, dentre elas, na do Brasil.
Para ele, enquanto existir somente uma visão comercial da imprensa, a liberdade de expressão e a própria democracia estão ameaçadas. “Estamos forçando a população a pensar de uma única forma”, alerta.

Brasil de Fato – Qual é o problema de só existir essa visão comercial da imprensa? 

Frank La Rue - Eu não tenho nenhum problema com a visão comercial, mas a comunicação deve por, acima de tudo, os serviços sociais. É uma vocação dos comunicadores.
Então, umas mídias podem ser comerciais, outras comunitárias e públicas, além das telecomunicações. Falo, portanto, de um sistema de comunicações éticas nacionais para grupo indígenas, étnicos, mulheres, grupos específicos. Portanto, democratizar a comunicação significa: primeiro, romper com sua concentração.
Porque essa concentração de mídias é um atentado contra a democracia. A democracia necessita de diversidade de meios e de pluralidade de ideias para que cada um possa construir seu pensamento e suas opiniões com liberdade. E na América Latina, não há diversidade e pluralismo. Então, estamos forçando a população a pensar de uma só forma.

Qual é o perigo prático disso? 

O perigo é a blindagem de governos ruins e corruptos. É o que aconteceu na Itália, com o ex-primeiro-ministro Berlusconi, que governou o país por nove anos. O caso dele nos mostra que a concentração da comunicação leva à concentração de poder político.
E isso pode ser muito perigoso para a democracia. Por isso, romper com o monopólio das comunicações é uma prioridade. A democratização dá oportunidade a todos os setores da sociedade de participar e de poderem se expressar.
A Declaração de Direitos Humanos dos povos indígenas das Nações Unidas, por exemplo, diz que todo povo tem o direito a ter uma cultura, valores expressados em seu idioma, de reproduzir esses valores para outras gerações e disseminá-los para o mundo inteiro.
E mais adiante, essa mesma declaração, diz que eles têm o direito de usar meios de comunicação social e de até ter seus meios de comunicação próprios.

Então, está correto dizer que a concentração dos meios de comunicação é uma violência à liberdade de expressão?

É uma violação, não digo uma violência. Há concentração. A falta de pluralidade viola o direito humano à comunicação e à expressão de ideias.

Em relatório entregue à ONU ano passado, o senhor incluiu tanto comunicadores populares  e comunitários, quanto blogueiros na definição de profissionais de jornalismo, considerando todos como jornalistas. Por que é importante essa compreensão do exercício da profissão de jornalista?

Pela função. Eu insisto que o jornalismo se define pela função e não pelos estudos. Todos exercem a mesma função: dedicam-se a organizar a informação para transmitir essa informação tratada a um setor específico  da população. São jornalistas. É isso que quero dizer. É essa tarefa que estamos protegendo, porque é o direito da sociedade estar informada. É a vocação do jornalismo.

Fonte: BRASIL DE FATO


O sumiço de Amarildo é esclarecido. 
A polícia mostra sua verdadeira face.
A justiça funciona quando pressionada. 
A velha imprensa  se revela em preto e branco.
Todos os fatos acima estão intimamente interligados e escancaram  os principais entraves para que o país desfrutre de uma democracia plena. 
Amarildo, trabalhador, auxiliar de pedreiro, morador na comunidade da Rocinha no Rio de Janeiro, desapareceu há mais ou menos quatro meses depois de ser abordado por policiais militares em uma unidade policial na comunidade que é chamada como Polícia Pacificadora.
O momento do sumiço do trabalhador coincidia com as manifestações de rua que varriam o país e que tiveram grande destaque no Rio de Janeiro.  
No embalo das manifestações, e se aproveitando da visibilidade, faixas e cartazes começavam a surgir entre os manifestantes questionando sobre o paradeiro de Amarildo.  
Para muitos, inclusive e principamente para a velha imprensa, a pergunta se reproduzia pelas redes sociais:
Quem era Amarildo e porque tinha desaparecido ? 
A repercussão chegou , inclusive  na imprensa internacional. 
A população do Rio e até mesmo de outras cidades do país, passou a portar faixas e cartazes durante as manifestações  exigindo esclarecimentos sobre o sumiço de Amarildo. 
A velha imprensa não mais poderia se omitir sobre o sumiço de mais uma pessoa pobre, parda e trabalhadora , entretanto, poderia, como tentou, apresentar as versões da polícia da comunidade ,de que Amarildo era apenas mais um bandido, como muitos outros, quase sempre pobres, trabalhadores, pretos ou pardos, que vivem nas cidades do Brasil e, no caso nas comunidades ou áreas mais carentes da cidade do Rio de Janeiro.  
A insistência, porém, dos familiares de Amarildo e o apoio da população nas ruas e nas redes sociais, não permitiu  que declarações supostamente oficiais e com o carimbo  sem análise crítica da velha imprensa, pudessem ganhar musculatura e prevalecer como versão definitiva. 
Na tentativa de consolidar o desaparecimento através dos "esclarecimentos" da polícia, chegou-se ao ponto de convidar e mesmo utilizar o filho de Amarildo para desfiles e fotos como modelo. 
Tentativa de minimizar algo grave ? Minimizar danos ? Talvez.
O fato é que mesmo com fotos, fatos e fotos das manifestações insistiam em perguntar sobre o sumiço do trabalhador. 
A pressão das ruas e das redes aumentava e uma resposta concreta não poderia mais ser adiada ou substituída por versões profissionais emitidas por profissionais em criar falsas versões sobre crimes e pessoas. 
Diante da pressão das ruas, a polícia e o judiciário se viram na obrigação de trabalhar corretamnete e  cumprir com os seus deveres constitucionais, e, de repente, não mais do  que de repente, vem a tona toda a verdade sobre o desaparecimento  e também  os detalhes sobre um crime bárbaro, praticado  justo por aqueles que são pagos pelo povo para defender  a população, e, ainda, na instituição policial a que pertencem ostentam o título de elite da tropa. 
Amarildo, o trabalhador, pobre e pardo, foi cruelmente e barbaramente torturado e assassinado por policiais militares de uma Unidade de Polícia Pacificadora, sob o comando do major, da foto acima, que em sua mesa ostenta um símbolo de caveira.
O que se pode concluir, sem a mínima possibilidade de erro, é que a elucidação do crime só foi possível devido a pressão dos manifestantes, nas ruas e nas rede sociais. 
Ainda, de tudo que emerge da barbárie, sabe-se, através de números  oficiais, que algo em torno de 5 mil pessoas desapareceram na cidade do Rio de Janeiro , somente este ano, sem que se tenha qualquer notícia sobre o destino dessas pessoas. 
Isso não significa que toda essa gente tenha sido vítima da "proteção" dos órgãos de segurança pública, mas certamente muitos e muitos, quem sabe a maioria, tenha recebido tratamento similar ao que recebeu o trabalhador Amarildo pobre, pardo e morador em favelas da cidade. 
O que escancara de forma inequívoca para a população é que o caso Amarildo não foi uma exceção, um ponto fora da curva, um desvio da elite da tropa. 
Fica claro que os órgãos de segurança pública ainda não se desfizeram de práticas de violência, opressão e tortura, tão comuns durante o período da ditadura militar no país, período este  que apesar da barbárie e loucura não registrava um número assustador de sumiço de pessoas como os números atuais. 
Ainda,  segundo dados colhidos por órgãos governamentais, a maioria dos desaparecidos é de pessoas  pobres, pretas e pardas. 
Vem, então , a pergunta:
A quem serve a polícia e o judiciário ?
Certamente não serve à maioria da população, principalmente pobre. 
Ao contrário, o que se vê é uma escalada de  violência  e criminalização das populações pobres, o que não deixa de guardar uma correlação com o que acontece em muitos outros países, como os EUA, por exemplo, a maior população carcerária do planeta, com predominância de pobres acusados de delitos comuns e que por isso passam anos e décadas em prisões. 
Por aqui não é diferente, a polícia e o judiciário não servem ao povo e, predominantemente, estão ao serviço do dinheiro grosso. 
Os familiares dos  5 mil desaparecidos, apenas este ano no Rio de Janeiro, que pagam seus impostos e com isso pagam os salários dos funcionários dos serviços públicos, como polícias e ógãos do judiciário, tem seus direitos violados e negligenciados pelo simples fato de serem pobres e trabalhadores. 
Isto posto, e independente do que se venha a comentar sobre o assunto, se faz urgente uma reengenharia nos ógãos do segurança pública, as polícias e o judiciário, de maneira que não só a populção possa cumprimentar esses servidores públicos, como os serviços prestados por estes órgãos sejam para todos, sem qualquer tipo ou forma de descriminação oriunda de vantagens e favores previamente recebidos. 
Em suma, uma democratização da polícia e do judiciário.
Entra em cena o terceiro entrave no processo de democratização do pais; os meios de comunicação. 
Esses meios de comunicação comerciais que dominam amplamente a informação e o entretenimento no pais, e que durante anos vem reproduzindo através do noticiário de suas empresas teses repletas de elementos de exceção para que com isso possam justificar provas para condenação de seus adversários políticos, esses meios de comunicação não fazem qualquer tipo de campanha  pelo esclarecimento de crimes com sumiço de pessoas, isso em uma realidade alarmante de 5 mil sumiços por ano, apenas na cidade do Rio de Janeiro.
Esses meios de comunicação que adotam a estratatégia do medo para imobilizar a população e que ainda exigem a lei dura para o povo, são os mesmos que omitem e acobertam crimes gigantescos contra o patrimônio do povo.
São esses meios de comunicação, que através de programas de tv onde o sensacionalismo e a teatralidade dos apresentadores impera no sentido de exigir prisão dos criminosos do dia a dia, com campanhas de redução da maioridade penal, inclusive, para que pobres, pretos e pardos já sejam condenados no útero materno, esses meios de comunicação que nesses mesmos programas, mas não apenas nesses, raramente fazem críticas aos órgãos de segurança pública e em muitas vezes sempre se colocam ao lado das polícias, são aliados no processo de criminalizar a população. 
Não medem esforços para isso, seja através dos noticiários, em rádios , jornais e tv ,seja através do entretenimento, sempre estará presente o medo, a violência e principalmente formas de desagregação social.
No último caso, estão as novelas, que o povo brasileiro tanto assisite, porém desconhece o que se pretende com os aparentemente inofensivos folhetins. Independente se a novela é na Av. Brasil, ou na Paulista, ou se é por amor , o que predomina são as mensagens repetidamente iguais e repassadas pelos personagens principais das tramas. 
Via de regra, e tem sido assim em todas as novelas ao longo dos ultimos 15 anos, os personagens de maior repercussão na população destilam o que existe de pior nas relações interpessoais, com predominância para a trapaça, o crime, a crueldade e a violência, como se esses traços do caráter fossem predominantes na população.
Se a trama se desenrola na Av. Brasil, pouco importa. 
Aliás, a novela que levou o nome da avenida do Rio de Janeio, pouco, ou quase nada, mostrou o que realmente é a avenida que com seus quase 60 Km, predominantemente em retas, cruza a cidade.  
A Av. Brasil , no Rio de Janeiro, é o resultado do tripé anti-democrático e criminoso do judiciário, policia e meios de comunicação. 
Talvez a melhor definição, a definição completa, para a famosa avenida, tenha sido a que ouvi de um motorista de ônibus que , diariamente, faz o percurso de ida e volta da Av. em pelo menos duas vezes ao dia. Disse ele:
"   a avenida Brasil é a trajetória percorrida por uma bala disparda de um arma de fogo "
Ainda, no que representa a aliança dos meios de comunicação com a polícia criminosa, ontem, na rádio Band News FM, uma emissora que se propõe a informar, ouvi, pouco antes  da entrada da Voz do Brasil, um quadro de humor, em que o personagem dizia o seguinte:
" nós, ricos, estamos cagando para os pobres
Com esse "conteúdo", a emissora deu voz ao programa Voz do Brasil.
Isto posto, cada vez fica mais claro que para o avanço da democracia no pais o tripé, judiciário, polícias e meios de comunicação  precisam passar por um processo de redefinição, onde a comunicação não seja apenas comercial, e a a polícia e o judiciário sejam de fato em apoio e em serviço ao cidadão.
Agora que a população já sabe que as coisas passam  a funcionar com pressão do povo  se manifestando nas ruas , tái uma boa agenda para pŕoximas manifestações.
PS. cadê o DARF ?