domingo, 23 de junho de 2013

Good Morning, Brazil

A TV organiza a massa

A mudança da grade de programação, com a troca da novela pelas manifestações “ao vivo”, na última quinta (20), é ainda mais emblemática. Sinalizou para o telespectador que algo de muito grave estava ocorrendo e ele deveria ficar “ligado na Globo” para “entender” a situação.



19 jun 2013            
(*) Artigo publicado originalmente na Rede Brasil Atual.

"Este não foi um movimento partidário. Dele participaram os setores conscientes da vida política brasileira". (Editorial de O Globo, 2/4/1964)

A TV, chamada de “Príncipe Eletrônico” pelo sociólogo Octavio Ianni, está conduzindo as massa pelas ruas brasileiras. À internet coube o papel de convocar, à TV de conduzir.

Ao perceber que o movimento não tinha direção e poderia assumir bandeiras progressistas, as emissoras de TV, com a Globo à frente, passaram a conduzi-lo.

Nos primeiros dias, para as TVs, eram vândalos que estavam nas ruas e precisavam ser reprimidos. Reproduziam em linguagem popular o que pediam os editoriais da mídia impressa.

Não esperavam, no entanto, que o movimento ganhasse as proporções que ganhou. Longos anos de neoliberalismo exaltando o consumo e o individualismo tiraram de algumas gerações o prazer de fazer política voltada para a solidariedade e a transformação social.

Os partidos que poderiam ser eficientes canais de participação passaram a se preocupar mais com o jogo do poder do que com debate e o esclarecimento político, tão necessário na formação dos jovens.

Tudo isso estava engasgado. O movimento do passe livre serviu de destape. Reprimido com violência como queria a mídia, ele cresceu. Milhões foram às ruas em repúdio ao vandalismo policial daquela quinta-feira (13).

As bandeiras, ao se multiplicarem, diluíram. A história registra o surgimento, nesses momentos, de líderes carismáticos ou de militares bem armados para levar as massas à trágicas aventuras. Alemanha nos anos 1930 e o Brasil em 1964 são apenas dois exemplos.

Em 2013, quem assumiu esse papel foi a TV. Percebendo a grandeza física do movimento, mudou o discurso e passou a exaltar a “beleza” das manifestações. Ofereceu para elas as suas bandeiras voltadas para assediar o poder central.

O grito genérico contra a corrupção ecoa a tentativa de golpe contra o governo Lula em 2005, ensaiado pelos mesmos agentes de hoje. Naquela época o esforço era maior. A TV tinha de convencer a massa a ir para a rua. Em 2013 ela já estava caminhando, era só entregar as bandeiras.

É o que estão fazendo com todo empenho. A exaltação ao povo que “acordou” foi só o começo. O JN, na sexta-feira (14), censurou uma entrevista dada no Rio por uma integrante do Movimento do Passe Livre, Mayara Vivian.

Enquanto ela falava dos ônibus, tudo bem. Mas a parte em que ela defendia a reforma agrária, a reforma política e o fim do latifúndio no Brasil foi cortada pela censura global. Esses temas não fazem parte das bandeiras da família Marinho.

A mudança da grade de programação, com a troca da novela pelas manifestações “ao vivo”, na última quinta (20), é ainda mais emblemática. Sinalizou para o telespectador que algo de muito grave estava ocorrendo e ele deveria ficar “ligado na Globo” para “entender” a situação.

Tanto entenderam que às 20h30 centenas, se não milhares de pessoas, continuavam a sair das estações do Metrô na Avenida Paulista. Iam se juntar aos “apolíticos” que hostilizavam os militantes partidários insuflados por “pitbulls” (jovens parrudos) estrategicamente postados ao longo da avenida. Pela minha cabeça passaram imagens das brigadas nazistas vistas no cinema.

Os cartazes tinham de tudo. Alguém disse que era um “facebook” real. Cada um “postava” na cartolina a sua reivindicação. E a TV até disso se aproveitou.

Na sexta pela manhã, Ana Maria Braga ensinava como as mães deveriam orientar seus filhos na confecção desses cartazes. Como o Movimento pelo Passe Livre já disse que não iria mais convocar novas manifestações, parece que a Globo assumiu o comando. Quando será o próximo ato? Saiba na Globo.

Fustigado nas ruas e nas telas, o governo para responder, tem de se valer da mesma TV que o ataca. Julgou, como julgaram outros governos, que isso seria possível e por isso não constituiu canais alternativos de rádio e TV capazes de equilibrar a disputa informativa (a presidente Cristina Kirchner não entrou nessa).

Sem falar na regulamentação dos meios eletrônicos cujo projeto formulado ao final do governo Lula está engavetado. Se houvesse sido enviado ao Congresso e aprovado, outras vozes estariam no ar. Teríamos mais chance de evitar o golpe anunciado.


Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.
 
 
Hoje, domingo 23.06.13, o jornal o globo destaca em  manchete de primeira página o seguinte:
" Juventude Desiludida"
De fato, globo acertou na manchete.
 
A juventude  em todo o mundo está desiludida e essa onda chegou aqui no Brasil.
 
Na Europa, nos EUA, nos países árabes, a juventude nas ruas demonstrou sua insatisfação.
 
Insatisfação com o que, especificamente ?
 
Em comum , independente se no Brasil, nos EUA, na Europa, na África e até mesmo na estação espacial em órbita da terra, todos os jovens estão desiludidos com a maneira de fazer política dos políticos atuais, com a destruição da natureza, com a falta de perspectiva no futuro, com a privatização de todos os serviços que transformam a vida em uma mercadoria, com o modelo político econômico hegemônico mundial, com o poder econômico representado pelas grandes corporações que orbitam  os governos e até mesmo dirigem os países  e em  essência são a  fonte da roubalheira e da corrupção em todos os cantos, com a democracia representativa que poucas possibilidades oferece para a participação direta do cidadão nas questões de interesse coletivo, etc..
.
Todas essas insatisfações, em maior ou menor grau dependendo do país ou região do planeta, estão presentes em todas as grandes manifestações pelo mundo.
 
O maio de 68 pós- moderno, como se refere o globo hoje em um de seus artigos, começou com o colapso do sistema mundo atual com a grave crise financeira de 2008 que continua nos dias atuais ceifando vidas em todos os continentes.
 
Os jovens nas ruas em todos os países mandam uma mensagem bem clara de rejeição ao mundo atual, claro, com as especificidades de cada país.
 
O jornal o globo, assim como toda a velha e ultrapassada mídia brasileira e mundial ,é defensor incondicional do sistema mundo atual, com seu modelo político corrupto ( que favorece grandes corporações com as de mídia, por exemplo) .
 
Assim sendo, o globo finge estar ao lado dos manifestantes com a intenção clara de redirecionar as manifestações.
 
Ao fazê-lo, o globo e toda a  velha mídia brasileira e mundial desejam o  oposto daquilo que os manifestantes reivindicam.
 
Para as grandes e ultrapassadas corporações de mídia o avanço da democracia, como desejam os manifestantes, é intolerável.
 
A mudança do modelo político econômico só é desejável para essas corporações se esse modelo aprofundar o ideário ortodoxo do neoliberalismo, ou seja, produzir mais e mais privatizações de todo o patrimônio do povo , como desejam com os recursos do pré-sal, com a saúde pública e com a educação.
 
A corrupção e a roubalheira, tão alardeada pela velha mídia como problemas graves do país, é fonte de enriquecimento e maior acumulação por parte das grandes corporações e de políticos em uma simbiose com  um fazer político eclipsado do povo.
 
A corrupção existe porque existem corruptores e corruptos, em uma ambiente onde a prática possa acontecer livremente.
 
Cabe lembrar que os grande ladrões corruptos  são protegidos pela velha mídia e enaltecidos como grandes inteligências , e ainda , quando acusados de seus crimes, são favorecidos com habeas corpus velozes produzidos por membros da suprema corte, o que nos leva a crer que o judiciário não é imaculado como se apresenta diante das generosas câmeras de tv  quando por ocasião de espetáculos jurídicos.
 
Possíveis salvadores da pátria togados se alimentam ,  e muito da corrupção, apesar das aparências.
 
O Poder hegemônico mundial, tanto o  econômico como o político, atua para conter todo e qualquer avanço da democracia e das liberdades e direitos do cidadão .
 
Isso pode ser visto, provado e comprovado nos países que buscam caminhos alternativos na política, na economia e na liberdade dos povos.
 
Falo dos países da América  Latina, laboratório progressista e de vanguarda do mundo decadente atual.
 
Assim sendo é de suma importância não se deixar confundir com as manifestações legítimas do povo ( que a velha mídia não apoia)  com as manifestações  que visam conter os avanços na América Latina, apesar das aparências.
 
A massa que a tv globo organiza, não passa pelo futuro que as massas do mundo desejam. 
 
Os jovens do Brasil  estão desiludidos e assim como os jovens de todo o mundo gritam que desejam um outro mundo.

sábado, 22 de junho de 2013

Bruuuuuuummmmmm

Vale a leitura da opinião do JB e o artigo de CONVERSA AFIADA. Ambos citam que as manifestações  foram infiltradas na tentativa de mudar o rumo  .O editorial de O Globo de hoje, assim como boa parte das análises dos principais analistas, cita o perigo de uma sociedade sem partidos  políticos. Diz, inclusive, que seria o caminho para uma ditadura. Interessante a nova mudança de tom. O mesmo  O Globo que por anos a fio demoniza os políticos e os partidos políticos em um processo claro de despolitização da sociedade, de negação da política , da valorização da técnica, do gestor capacitado, etc... Como tem acontecido com frequência nos últimos dias , a direita e a oposição  vão dançando conforme a música e repetindo, através de seus veículos de mídia, o sentimento dominante. E se a sociedade desejar a democratização da mídia ?Será que teremos um amplo apoio de globo filmando os manifestantes, do alto, para que o telespectador possa ver as imagens com o som de fundo de barulho ( bruuuuuuuummmmmm) dos motores dos helicópteros?_______________________________________________________ Da  Da série, 'eu não acredito em brujas:  Vídeos de esmerada produção, legendados e falados em inglês convocam protestos.Há menos de 20 dias, um boato de origem nebulosa mobilizou 900 mil pessoas no Nordeste para sacar o benefício do Bolsa Família.     Fonte:CARTA MAIOR

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A quem interessa a radicalização?




Que muitos jovens, ricos ou pobres, se deixem levar pelo entusiasmo e não controlem seus próprios impulsos, podemos entender. Mas não se pode aceitar que a isso fossem levados pelos noticiários de televisão, como qualquer pessoa com o mínimo de neurônios ativos podia claramente perceber. Ou incitados por um programa de televisão, cuja apresentadora ensinava a redigir cartazes “contra a corrupção”. Com tais estímulos, foi impossível que os mais sensatos deles impedissem o início de depredação do Itamaraty e o apedrejamento da Catedral de Brasília. Fatos como esses também ocorreram em outras cidades brasileiras, entre elas São Paulo e Rio. Só diante da força policial, parcelas enfurecidas de manifestantes se renderam.
A quem interessa a radicalização? Não interessa ao povo trabalhador deste país, que está conseguindo, pouco a pouco, cobrar da sociedade o que é de seu direito: educação, respeito social e empregos. E, como é a esperança, e não o desespero, que faz as revoluções, seria natural que o povo exigisse mais, em busca de sua plena emancipação histórica.
Infelizmente não é ao povo brasileiro - a não ser pela reflexão que elas sugerem - que estes excessos favorecem. Eles servem, na realidade, aos seus inimigos. Aos que consideram descartáveis da sociedade nacional os que tiveram negado o acesso à educação, e à posse daquele mínimo de bens “indispensáveis ao exercício da virtude”, conforme Santo Tomás de Aquino. E aos que qualificam como incentivo à preguiça a ajuda que os mais necessitados recebem do Estado, por meio do Bolsa Família e do Pro-Uni, entre outros programas.
A radicalização serve a alguns banqueiros insaciáveis, atingidos pela redução das taxas de juros; aos que especulam com o preço dos cereais e promovem a sua falta no varejo; às empresas multinacionais que se financiam no BNDES, e remetem bilhões de dólares de lucros ao exterior, sem reinvestir o necessário para o desenvolvimento nacional.
Ao avançar contra o Itamaraty, os extremistas se disseram contrários ao sentimento de soberania do país; em São Paulo, ao incendiar a bandeira nacional, e ao gritar que “o nacionalismo é imbecil”, robusteceram a suspeita de que provocadores estrangeiros infiltraram-se no movimento. Repetiram-se cenas conhecidas, desde a derrubada de Mossadegh, no Irã, em 1953 e ocorridas entre nós dez anos depois. E foram além, ao apedrejar a Catedral de Brasília. Queriam atingir Deus, ou o arquiteto que concebeu o templo?
É notório que o governo – que nisso tem sua parcela de culpa – está sendo acossado pelas maiores empreiteiras do país, como é o caso da Delta, uma aventura insuflada pelo governo do Rio de Janeiro. E como é o de Eike Batista, que, em pleno desmonte de seus negócios, ainda conseguiu associar-se a outra empresa, a fim de obter a concessão do Maracanã.
Ora, daqui a um ano e meses o povo brasileiro irá às urnas e elegerá seu novo presidente. Por que não respeitar o sistema democrático? Os insatisfeitos com o governo poderão escolher outro.
A radicalização tem beneficiado, como mostra a História, a direita golpista. Foi assim que, em 1963 e em 1964, as senhoras ricas de São Paulo, bem postas em sua elegância, saíram às ruas, insufladas por agentes estrangeiros, como o famoso padre Peyton, um sacerdote de espetáculo, pároco de Hollywood, e a serviço da C.I.A. Elas estavam preocupadas em preservar a família, contra os “os comunistas ateus”. O resultado nós o conhecemos
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Manifestação contra
Copa é encomendada

Em Brasília, eles saíram de ônibus alugado, mascarados. Devidamente apartidarizados



Um Governador de Estado do Nordeste tem informações de seus serviços de inteligência de que as manifestações contra a Copa são encomendadas e organizadas.

Há uma articulação entre os “manifestantes” e, inclusive, a oposição, neste Estado.

Os cartazes contra a Copa são padronizados e seus portadores, jovens robustos da classe media alta – e devidamente apartidários.

Se o serviço de inteligência neste Estado funciona, no Distrito Federal parece que não.

Um Ministro que participou de reunião, hoje, com a Presidenta Dilma, viu, com os próprios olhos, manifestantes apartidários saírem de ônibus alugado, já devidamente mascarados para agir em Brasília, ontem à noite – a tempo de pegar o horário nobre da Globo.

O que houve no Itamaraty, concluiu nele, não foi espontâneo.

Foi uma manifestação organizada.

Em terra e no alto …

Fonte: CONVERSA AFIADA
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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Cheiro de Uma Nova Estação


O caro leitor pode ver abaixo as principais manchetes e chamadas dos jornais e portais de notícias que produzem conteúdos fidedignos neste 21 de junho de 2013, solstício de inverno, dia seguinte, verdade que aparece.

Mesmo com a tentativa de golpe de estado de setores ultra reacionários de extrema direita ao transformar e embolsar as manifestações  democráticas e civilizadas da população, a luz das pessoas me faz crer que seguiremos juntos na construção de um país mais justo e democrático.


 

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 Comando PIG



Fonte: CONVERSA AFIADA

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Movimentos

Seguir lutando e rejeitar as manobras golpistas da direita 

Fonte: VERMELHO

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Sensacional ! A Globo não está do nosso lado !

A Globo apoiou a ditadura: a causa da Globo é sempre de direita

Fonte: CONVERSA AFIADA

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Twitter da Globo convocou o Golpe

redacaoemConversa Afiada - Há 2 horas
No tweeter da Globo, às 16:36, para 4 milhões de seguidores.
Fonte: CONVERSA AFIADA
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*MPL REPUDIA O AVANÇO DA DIREITA NAS RUAS E DESISTE DE NOVOS PROTESTOS 

Fonte:  CARTA MAIOR

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Quase 80% dos estadunidenses não confiam na mídia nacional

Mídia estadunidense

Fonte : VERMELHO

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Desenvolvimentismo ou "Buen vivir"?
 
Fonte; BRASIL DE FATO  

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Globo usa jovens como massa de manobra

A contribuição decisiva da Globo na criação do monstro

 

Hoje é um dia triste para a História do nosso país. Não foram em um ou dois pontos isolados. O que se viu nas ruas de todo o país (principalmente Rio e SP) foram jovens ensandecidos partindo pra violência contra pessoas que carregavam suas bandeiras da luta social

Fonte: VI O MUNDO

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Movimento Passe Livre suspense convocação de protestos

Fonte: JORNAL DO BRASIL

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Editorial: Contra os fascistas, a força das redes e dos processos democráticos

Fonte: REVISTA FORUM

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MPL se retira de protesto para evitar ser confundido com direita

Fonte: VERMELHO

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Terra Magazine: Lucas, não lhe parece que as coisas estão saindo do controle e que há uma extrema direita indo para as ruas, tentando se apropriar das manifestações?

 
Lucas Monteiro: Sim, eu concordo. Ontem (quinta-feira, 20) foi a última manifestação, não vamos mais chamar manifestações nas ruas… não vamos chamar mais nesse momento. O movimento conquistou a vitória que a gente buscava. Um vitória popular, da população, e não podemos deixar que isso seja confunfido e apropriado e que a violência tome as ruas…

Fonte: TERRA MAGAZINE

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Equador protagoniza saída do capitalismo, diz acadêmico mexicano

O Equador protagoniza nestes tempos o caminho de vanguarda para a saída do monopólio midiático, este desastre que o capitalismo produziu na humanidade”, afirmou nesta quinta-feira (20) o acadêmico mexicano Fernando Buen Abad.

Fonte: VERMELHO

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“Os microfones da Globo estão encapuzados.”

Fonte: CONVERSA AFIADA

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Folha tira Copa do Brasil.
Pra Globo, tudo bem !

A Globo já embolsa R$ 400 milhões por cotista 


Fonte: CONVERSA AFIADA
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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um Outro Mundo é Possível

O Movimento Passe Livre e a política na Era Informacional

19/06/2013 | Publicado por Renato Rovai em Geral


O que está acontecendo nesses últimos dias no Brasil não é novo. E não pode ser pensado a partir das mesmas lógicas e padrões da sociedade industrial. É preciso buscar entender o tempo que estamos vivendo, como as dinâmicas de relação e poder se estabelecem e quais as novas demandas e padrões de luta. Não são questões fáceis e nem ensejam respostas precipitadas. O jogo é muito mais complexo no modelo atual.
Há alguns anos venho conversando sobre redes com diferentes grupos. E, entre outras coisas, tenho afirmado que estamos vivendo numa mudança de era. Estamos passando da Era Industrial para a Era Informacional. Isso tem levado a grandes transformações na economia, na cultura e também na política.
Quando migramos da sociedade agrícola para a industrial, isso já ocorreu. Foram grandes as transformações e enormes as resistências. Houve quem preferisse destruir as máquinas do que tentar entender suas possibilidades e potencialidades. Hoje a mesma coisa está ocorrendo. A sociedade em redes não permite respostas analógicas. E os partidos e movimentos tradicionais de esquerda ainda resistem em entender esse novo processo. Não entenderam que na sociedade em redes uma das grandes crises se dá em relação às organizações intermediárias. A indústria cultural foi uma das primeiras a ser afetadas por esse fenômeno. As gravadoras de música, por exemplo, tentaram resistir a ele com a criminalização do que chamavam de pirataria. Tiveram que mudar a estratégia e perderam muito espaço. Na indústria da informação está ocorrendo o mesmo. Boa parte dos grandes grupos desse setor está ruindo porque decidiu enfrentar as mudanças e não buscar se adaptar a elas. Na política, os partidos são as organizações intermediárias. São as gravadoras da indústria da música. E as pessoas que estão nas ruas não querem ser representadas por eles. Querem se representar. É uma crise da democracia representativa, para a qual ainda não se tem respostas nem soluções. E para ser franco, poucas pistas.
De qualquer forma, a resposta tradicional a isso é a de que esses movimentos negam a política. Essa é uma daquelas respostas simples que não dialogam com o problema. Entre outras coisas porque nunca se discutiu tanto questões da política como nesses anos de redes em redes.
E essas redes nascem nas ruas e se articulam na internet. Nascem na internet e se manifestam nas ruas. Elas não são produzidas em escala industrial e nem em linhas de produção. E nelas há forças centrais, mas não há um centro. E as forças centrais podem inclusive ser contraditórias.
É preciso pensar em movimentos e não num único movimento. Movimentos que em alguns momentos podem se juntar a partir de uma sensação de que algo precisa mudar. E de alguma forma é isso que parece estar acontecendo no Brasil dos últimos dias.
Geração Facebook e Passe Livre – Há um bom tempo que representantes de movimentos tradicionais de esquerda dizem frases como: “essa galera do Facebook não sai do sofá”. E além de não participar dos debates que acontecem na internet, deslegitimam aqueles que o fazem. A geração Facebook já havia saído do sofá em alguns países. E agora resolveu sair do sofá no Brasil questionando, entre outras coisas, a política tradicional.
Antes de entrar no debate propriamente dito do que é participação política na dinâmica de redes, um parênteses. O Facebook é uma plataforma, como foi o Oktuk, que hoje é um cemitério de perfis. O Facebook em breve será substituído por outra plataforma, mas as redes que nele se articulam não mais se dissiparão. Essas redes são anteriores a internet. Elas são espaços de esfera pública. Na França da revolução burguesa, os cafés de Paris faziam esse papel. Nas greves dos ABC do fim da década de 70, as comissões de base organizavam o chão da fábrica e o Sindicato dos Metalúrgicos era o principal aglutinador daquele movimento que vinha debaixo. E ao mesmo tempo o Sindicato se articulava com outros sindicatos do Brasil e do mundo construindo uma rede de lutas que foi fundamental para, no Brasil, derrotar a ditadura.
Nas novas dinâmicas de rede o que está ocorrendo é que essas organizações tradicionais preferiram o velho ao novo. Negar a rede parece ser uma forma de se defender do novo. É um equívoco brutal.
Isso não tem a ver diretamente com o Movimento Passe Livre, mas tem. O Passe Livre já há algum tempo se articula e debate a questão do transporte público no Brasil. Seus líderes, basta assistir às entrevistas que têm concedido, sabem do que falam e têm bem clara sua pauta. Nos últimos anos esse movimento já vinha crescendo, tanto que nas últimas manifestações contra o governo Kassab, houve forte repressão e, inclusive, vereadores petistas que atuavam com o momento foram agredidos.
A primeira ação do MPL no governo Haddad também foi grande, mas dessa vez havia uma insatisfação generalizada e difusa contra uma outra série de coisas. Há gente contra a realização da Copa no Brasil, movimentos sociais indignados com o governo Dilma pela ausência de interlocução, grupos de direita doidos para acabar com o PT, gente da periferia de São Paulo que não suporta mais a ação policial repressiva, outros contra a PEC 37 etc. Quando o MPL resolveu continuar na rua, as redes sociais que estão na internet, em especial no Facebook, começaram a aderir a essa luta. E buscaram reconstruir sua narrativa. E isso, neste exato momento, está em disputa.
O MPL diz que a pauta é a tarifa. E faz muito bem em fazer isso. Mas também é fato que nas conversas de rede esse, neste momento, não é o ponto de pauta mais prevalente. Muita gente tem dito que a luta é por direitos e não por vinte centavos. E outros já querem o impeachment de Dilma.
Não foi diferente no Egito, na Tunísia, na Espanha e nem no Ocuppy Wall Strett. De novo, não existe movimento, mas movimentos. E neste novo contexto as pautas estarão sempre em disputa quando o povo for às ruas. Às organizações intermediárias, enquanto a democracia representativa resistir, restará a possibilidade de tentar dialogar com a parte das ruas que tiver apreço pela democracia. E lutar para que o processo democrático não seja dinamitado. E nem em relação a isso há garantias quando existe disputa. Movimentos podem começar de um jeito e terminar de outro.
A disputa é política – Há risco de que esse movimento iniciado pelo Passe Livre seja capturado pela direita? Claro que sim. Não os líderes do Passe Livre, que parecem bem mais preparados do que a média dos políticos tradicionais. Mas as ruas podem fugir do controle.
Há risco que vem venha a ocorrer um processo de Ciberturbas, como caracteriza David Ugarte? Algo como ocorreu em Paris na revolta das periferias? Claro que sim. E em alguns cantos isso já começa a dar sinais concretos.
Mas há também a possibilidade enorme de se avançar e de o Brasil dar um passo mais largo no sentido de ampliar seus canais democráticos. Mas para isso será necessário passar a entender a política de forma dialógica e não analógica. E passar a fazer a política com seus instrumentos e não na base da planilha. A tecnocracia substituiu o deus mercado no Brasil. Antes tudo se resolvia na lógica do mercado. Hoje na base das planilhas. Os movimentos sociais estão enfraquecidos e muitos deles por compromissos com o atual governo têm abdicado das lutas. Enquanto isso novos movimentos têm surgido a partir de outras dinâmicas e criado novos paradigmas de participação. Os caminhões de som se tornaram coisas do passado. E a parte mais raivosa da direita já percebeu isso.
Segue, na sequência, um estudo  produzido pela Interangentes, dirigida pelos sociólogos Sérgio Amadeu e Tiago Pimentel. A partir dele é possível verificar como as conversas de rede foram mudando de lugar nos últimos dias. Nos primeiros dias havia uma grande dispersão, mas o MPL era um dos nós principais das conversas. Depois o Anonymous ganhou protagonismo. E nos últimos monitoramentos alguns grupos de direita ampliaram muito sua participação. Se não houver disputa nas ruas e nas redes, esses grupos podem capturar boa parte dessa luta.
Na Era Informacional a fragmentação não está em disputa, ela é um dado de realidade. O que está em disputa é a política, que não está sendo praticada na sua essência nem pelos governos que se dizem com viés de esquerda e nem pelos movimentos tradicionais de esquerda. A política como um espaço de construção de um mundo melhor e de diálogo. A política como espaço de transformação da realidade.
E quando falta política, a violência prevalece. E os riscos passam a ser grandes.
Estudo da Interagentes
Para proceder a análise das redes durante os principais momentos das manifestações contra a redução da tarifa dos transportes públicos, a Interagentes coletou dados do Facebook e plotou em grafos. Para isso, aplicou filtros que permitem, a partir da relação de cada ator com os demais, calcular os “nós” mais centrais no debate.
Os grafos abaixo representam dados das redes entre as 16h e 0h de três diferentes dias. Os dias  são a quinta-feira (13), marcada pelos confrontos entre manifestantes e policiais, a segunda-feira (17), dia da grande manifestação dos 100 mil, e a terça-feira (18), em que diversas outras manifestações tiveram lugar, inclusive a que culminou em depredação da Prefeitura de Sâo Paulo.
A análise dos grafos sugere que ao longo desses dias houve um expressivo aumento da quantidade de emissores envolvidos, bem como do número total de pessoas.
Em uma análise prévia do dia 13 a Interagentes detectou um padrão de liderança distribuída, que pode ser verificado nesta análise que apontou grande aprovação ao movimento. Ainda que não fosse o maior nó de rede, a página Passe Livre São Paulo ocupava um papel de destaque naquele momento. No decorrer das manifestações seguintes a página Passe Livre São Paulo vai perdendo cada vez mais a sua centralidade no debate até quase dissolver-se no curso do(s) movimento(s).
A tendência parece indicar que o MPL configura-se hoje como propositor orignal, mas já sem o caráter de principal articulador. Ao mesmo tempo em que aumenta a quantidade de pessoas envolvidas outros grupos tendem a se apropriar das conversas sobre as manifestações. E a influenciar na sua agenda. É o caso de diversas páginas que levantam a pauta da ‘corrupção’ e o anti-petismo, entre outras coisas.
Alguns grupos ligados aos Anonymous, no entanto, parecem conservar sua relevância no debate público das redes.
Grafo dia 13
Grafo dia 13 – Principais “nós” de rede:
1. AnonymousBR
2. Anonymous Rio
3. Passe Livre São Paulo
4. Quero o Fim da Corrupção
5. AnonymousBrasil

Grafo dia 17
Grafo dia 17 – Principais “nós” de rede:
1. AnonymousBrasil
2. AnonymousBR
3. A Verdade Nua & Crua
4. Movimento Contra Corrupção
5. Quero o Fim da Corrupção
Grafo dia 18
Grafo dia 18 – Principais “nós” de rede:
1. AnonymousBR
2. AnonymousBrasil
3. Movimento Contra a Corrupção
4. Anonymous Brasil
5. Anonymous Rio


Uma boa análise do Rovai e da REVISA FORUM que desde o início da década de 2000 veem debatendo a emergência da sociedade em rede.
 
Assim sendo não concordo com a maioria esmagadora dos comentários na grande imprensa de que todos foram pegos de surpresa.
Na REVISTA FORUM, em CARTA MAIOR, em BRASIL de FATO, no OBSERVATORIO DA IMPRENSA, DIPLO, o assunto tem sido debatido com frequência há mais de uma década.

Ao citar essas mídias ,falo de uma imprensa antenada com a realidade.
Já a grande imprensa, igualmente ao naufrágio do titanic que simbolizou o  final da  belle époque, diante da revolução do M 0,20 parece que naufragou de vez, faliu com seu discurso anacrônico.
Como o setor da sociedade que se apresenta como mediador dos assuntos de interesse, não deixa de ser um mico gigantesco ler e ouvir nos grandes veículos de mídia que todos foram pegos de surpresa.
E o que dizer dos institutos de pesquisa de opinião  que não conseguiram detectar essa "energia" em suas pesquisas ?
Um outro aspecto interessante foi um comentário, em minha opinião preciso e antenado, de um dos secretários diretos da Presidência da República ao afirmar que as manifestações são fruto do processo de inclusão social que vive o Brasil nos governos Lula e Dilma, o  que tem viabilizado à populacão a aquisição de equipamentos de informática.
Assim sendo, a onda mundial chegou por aqui e os vinte centavos foram a gota d´agua para a explosão de um sentimento que em essência revela a insatisfação pela ordem mundial vigente.
Assim como os manifestantes de outros países ( M 15, occupy, e outros) o M 0,20 reproduziu, em grande parte, as mesmas insatisfações ouvidas nas manifestações em outras partes do planeta.

A sociedade em rede não só é uma realidade como deseja um outro mundo.


" na internete os donos somos nós, os usuários. As informações veiculadas pela grande  imprensa são apresentadas através de um filtro político, doutrinário e comercial. Na internete produzimos , nós mesmos , os conteúdos , debatemos os assuntos e formamos nossa opinião"

trecho de um livro que escrevi em 1995.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Passe Livre Para Todos


O Protesto

 E tudo começou por causa do aumento de 0,20 centavos na tarifa dos ônibus do transporte público da cidade de São Paulo.
Hoje, 19.06.13, dia de futebol do Galvão na globo,  fica uma dúvida se todas as pessoas que estão nas ruas nas manifestações, lá estão por causa do aumento das passagens do transporte público. Certamente que não.

A Polícia

O mundaréu que se vê nas ruas ultrapassou, em muito, os vinte centavos de aumento.
Por outro lado, todo esse povo é um retrato da sociedade.
Em uma sociedade, uma pequena parcela desta, apenas uma pequena parcela, vive à margem dessa sociedade. E por viverem à margem, são os marginais, delinquentes ou  não.
Nos estádios de futebol o mesmo acontece com o público.
Nas manifestações que acontecem também se vê o mesmo.
A sociedade perfeita não existe, é uma utopia.
Logo se conclui que os 100 mil que estão nas ruas, motivados por uma causa que não necessáriamente é única,   pode ser considerado como uma amostra da sociedade.
Em sendo assim, uma minoria  destoa do objetivo da manifestação. Sempre foi assim ao longo do tempo, é assim atualmente, e sempre será assim.
Até aí nada de novo.
É dever dos ógãos de segurança pública zelar pela segurança da população que expressa seu direito de se manifestar.
Infelizmente não é o que se vê.
Ou a polícia se apresenta para bater no povo, ou ela se ausenta das ruas.
Tudo isso é sintomático. Revela uma polícia  que não evoluiu , um aparato policial dos tempos da ditadura militar, onde reprimir o povo em seus direitos era a regra. Revela mais ainda, a politização dos governos estaduais, principalmente do estado de São Paulo, que parece desejar o caos total para capitalizar dividendos políticos nas próximas eleições.
Retirar praticamente todo o efetivo policial das ruas de uma cidade, é de uma irresponsabilidade gigantesca.
Esse é um aspecto que pôde ser observado nas manifestações do Rio de Janeiro e de São Paulo e remete a todos a refletir sobre a necessidade de uma nova polícia e de novos órgãos de segurança pública que sejam voltados para a maioria da população  e não como  a policia atual, corrupta, marginal, aliada do crime organizado, que para justificar sua existência perante a sociedade apenas prende e mata pobres.

A Imprensa Mutante

Um outro aspecto foi a mudança radical na cobertura dos protestos pelos grandes veículos da imprensa e da mídia em geral.
No início, toda a grande imprensa e seu apararto midiático liderado por fascistas como Datena e Jabor , exigia , com toda a encenação teatral , que os órgãos de segurança pública agissem com força e violência contra os manifestantes , que em sua maioria eram chamados de vândalos e bandidos pelos veículos da grande imprensa.
Os protestos cresceram e a imprensa recuou.
Esse recuo nada mais foi que um ajuste para o que , agora, assistimos na cobertura dos grandes meios de comunicação.
Antes contrários aos manifestantes, hoje a grande imprensa e seu aparato midiático se coloca cínicamente ao lado deles, enaltecendo  a liberdade, a democracia e o direito de se expressar livremente. 

Passe Livre e Justiça Social
 
E aí entra um outro aspecto das manifestações.
Mergulhada em um transtorno obsessivo e compulsivo na tentativa de desgastar e até mesmo derrubar os governos de Lula e Dilma, independente dos erros e acertos destes governos, a grande imprensa vê nos protestos uma excelente oportunidade de mais uma vez manipular a opinião pública, distorcer os fatos e até mesmo, em parceria com governos politicamente afins, propagar a violência e o caos nas ruas das grandes cidades.
Foram raras as ocasiões, se é que existiram, que o noticiário da grande imprensa abordou  a questão da redução do valor das passagens do transporte público. 
Tarifas de transporte  público gratuitas, ou mesmo com valores bem abaixo dos atuais, significa uma discussão sobre elementos inseridos em uma lógica de  justiça social.
O transporte, a educação e a saúde públicas de qualidade são direitos de todos, conforme contemplado na constituição cidadã do Brasil, de 1988.
Esse aspecto não é debatido nos meios de comunicação, já que a maioria dos veículos de mídia  é alinhada e  defensora de uma lógica em que esses serviços devem ser tratados como mercadoria, motivo de lucro e acumulação incessante.

Política e Políticos 

Assim sendo, pois é assim que se apresenta, a grande imprensa hoje posando ao lado dos manifestantes traz em seus panfletos políticos impressos, também conhecidos como jornais diários, notícias de que a motivação principal dos manifestantes seriam os políticos e os partidos políticos, ignorando a legitimidade da demanda do passe livre e, com isso, tentando embolsar a manifestação para atender seus interesses políticos. Não faltam artigos, demonizando os políticos e principalmente os partidos políticos presentes  com bandeiras nas manifestações.
Cabe ressaltar, que independente do caráter apartidário da manifestação, o que os manifestantes fazem nas ruas é política e, mais ainda, toda a pauta de reivindicações do movimento será apresentada e discutida com as autoridades e a decisão será sempre política.
A sociedade sem política não existe, é uma utopia e, mesmo as utopias mais avançadas como o auto governo exigem o exercício diário da política.
Talvez os manifestantes estejam insatisfeitos com  os políticos e a forma de fazer política atuais. De fato , muito deve ser melhorado neste campo, a começar pelo financiamento de campanhas, onde políticos recebem fortunas de empresas privadas para se elegerem e , quando eleitos, defenderem os interesses dessas empresas. Tudo isso é uma caixa preta para o cidadão, que a grande mídia também oculta pois é , enquanto um segmento endinheirado , grande beneficiária desse modelo. Com esse modelo, as assembléias legislativas são espaços para grandes lobbies conduzidos e defendidos por políticos eleitos pelo povo, que durante suas campanhas obviamente não apresentam e muito menos dizem quem os financia. Pelo contrário, ainda se apresentam com um discurso em favor dos mais pobres e etc...
Logo a política é essencial assim como os partidos políticos. O que está em jogo é o fazer política, que entendo deve ser transparente, com a pariticipação direta da sociedade na discussão da aplicação dos recursos públicos e na fiscalização da aplicação desses recursos.

Democracia Participativa

Estamos falando de mais Democracia, precisamente de Democracia Participativa em lugar da Democracia Representativa atual, que parece que esgotou seu repertório.
Por outro lado é importante citar, que a democracia participativa exige a organização da sociedade em comitês e grupos com atuação responsável e direta nos assuntos referentes aos bairros, vilas, cidades , estados e mesmo em assuntos em interesses nacional.
Nada disso interessa aos veículos da grande imprensa, pois sabidamente são avessos a participação popular na discussão dos principais temas da sociedade, e ainda trabalham diariamente para despolitizar a população e a política.
Ainda sobre os partidos políticos, independente do caráter apartidário das manifestações, os partidos que participam das manifestações - PSol e PSTU - são historicamente partidos de luta ao lado do povo. Não se vê bandeiras desses dois partidos em campanhas organizadas por governos, como foi o caso da campanha dos royalties do petróleo aqui no Rio e também nas palhaçadas de movimentos como Cansei, organizada pela imprensa. Estranho seria encontrar bandeiras de PSDB, por exemplo, nas manifestações atuais. Aí, sim, poderíamos chamar de oportunismo. Quero ainda citar que não sou eleitor desses dois partidos , apenas reconheço que estão sempre presentes nas lutas do povo.

Construção de um Golpe 

Voltando ao nosso tema, sem  que jamais tenha sido deixado de lado, podemos afirmar sem medo de acertar que a grande imprensa e todo o seu aparato midiático mergulhou no movimento do Passe Livre carregada com uma lógica de manipulação. Ontem, 18.06.13, proliferaram nas emissoras de tv, imagens e reportagens de manifestantes que em nada representavam a principal pauta do movimento. Na tv bandeirantes, sempre sob o comando do manipulador Datena, uma faixa portada por um manifestante com dizeres contrários a corrupção, mereceu generosos minutos de exposição da emissora e comentário do apresentador em apoio aos dizeres da faixa e , claro, críticas aos políticos. Passe  Livre ? Nada
Justiça Social ? Nada
Nas outras emissoras, globo, sbt, rede tv e record, a estratégia foi a mesma. Os repórteres dessas emissoras deram  generosos destaques as entrevistas com manifestantes que tivessem um discurso contrário ao governo federal, a ponto de a emissora Record News apresentar uma manifestante que vive há décadas em Portugal, dizer que a culpa é da Presidenta Dilma. Como se sabe as entrevistas com manifestantes não vão ao ar ao vivo, são escolhidas a dedo.
Ŧambém foram divulgadas , com generosidade, fotos e imagens de artistas de tv presentes nas manifestações. Na maioria dos casos, os artistas reproduziam o discurso de seus patrões. E ainda, sem querer esgotar o assunto mas revelando um sintoma altamente conservador e aliado dos meios de comunicação,  Caetano Veloso disse apoiar os manifestantes.
É sabido que quanto mais as manifestações durem, maiores serão as infiltrações cada vez mais organizadas de grupos interessados em ações de caráter político, que venham a produzir conteúdos de interesse, prévio ou não, dos grandes meios de comunicação.
Que fique bem claro, os manifestantes não são bandidos, mas também não são membros de Opus Dei ou da TFP ( Tradição Família e Propriedade).

A Pauta de Reivindicações

Certamente as lideranças do movimento irão apresentar às autoridades uma pauta com as reivindicações. Interessante seria  como também desejável, que a justiça social norteasse toda a pauta. Assim não só o transporte coletivo de qualidade com tarifa justa, mas a educação, a saúde gratuita e de qualidade sejam inseridos. Ainda mais, uma reforma política parece inadiável, assim como uma reforma agrária que permita garantir trabalho, renda e dignidade no campo para as pessoas , contribuindo não apenas no crescimento da agricultura familiar ( aquela que produz o que vocẽ come) mas na produção de alimentos saudáveis.
Neste momento, de consolidação e avanços, importante também a democratização dos meios de comunicação com uma nova lei e regras para o setor.
Uma mídia plural e democrática, onde exista espaço para livre expressão de todos os segmentos da sociedade, também parece inadiável.
Espaço esse onde os jovens também poderão falar de si mesmos , produzindo e divulgando seus conteúdos com seu próprio olhar, e não como acontece hoje no oligopólio midiático, onde o jovem é retratado por um olhar que não é o seu, e mais, carregado de esteriótipos e propostas para uma cidadania alienante.
Talvez um dos recados das ruas seja:
"Não somos autômatos consumistas"






































terça-feira, 18 de junho de 2013

1 milhão



Página no Facebook pede desculpas pela confusão e pede 1 milhão de pessoas nas ruas
Página no Facebook pede desculpas pela confusão e pede 1 milhão de pessoas nas ruas.
 
É isso aí, pessoal.
Vamos colocar 1 milhão nas ruas do Rio.
Cuidado com a grande imprensa, liderada por globo e cia.
No início das manifestações vocês eram tratados por globo como bandidos e vândalos.
Depois essa imprensa pediu para a polícia sentar o cacete em vocês.
Depois a imprensa viu que a violência da polícia não pegou bem, teve a reprovação da população , e assim fez algumas crítica à polícia.
Depois da passeata de ontem a grande imprensa ficou assustada com a força do movimento, e, pelo que se vê em globo, eles agora querem ficar ao lado do movimento.
Em breve a cafetina globo vai escolher uma musa para o movimento e convidá-la para o programa do Faustão.
Não entrem nesse canto da sereia da imprensa , que agora, aprova o movimento.
Transporte público gratuito e de qualidade é possível.
A vida não pode ser uma mercadoria.
 
 


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Somos Todos Indignados

Eles são todos nós

Por Luciano Martins Costa em 17/06/2013 na edição 750
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da IMprensa, 17/6/2013

A revista Época tenta decifrar o movimento que toma as ruas de algumas cidades brasileiras com a reivindicação do transporte gratuito. “Quem são eles?”, pergunta o título na capa. No interior da revista, a reportagem fala de tudo, mas não entrega o que promete: textos e imagens repetem parte dos fatos relatados pelos jornais ao longo da semana e apresentam perfis variados de ativistas entrevistados durante as passeatas. Não há o rigor de uma pesquisa, um quadro esclarecendo dados demográficos dos participantes, nem mesmo um texto explicando quem são os líderes do movimento.
Se a reportagem de Época tem um mérito, ele está presente num rodapé de página dupla, em dois gráficos que mostram o custo do transporte público em São Paulo e no Rio de Janeiro, em comparação com outras metrópoles pelo mundo afora, bem como o peso comparativo desse custo sobre os salários médios dos brasileiros.
Mas até nesse quesito faltam dados importantes, como a porcentagem dos usuários de ônibus que têm vale transporte pago pelo empregador, os que pagam as passagens com desconto e os que arcam com a tarifa plena com seus próprios recursos diretos.
Provavelmente não é apenas por falta de interesse ou capacidade de investigação que a revista (onde supostamente repórteres e editores têm uma semana inteira para refletir sobre os dados disponíveis) não consegue traçar um cenário minimamente satisfatório de uma situação que preocupa grande número de seus leitores.
O texto manifesta três intenções muito claras: demonstrar que a maioria dos ativistas é formada por jovens universitários de classe média (não a classe emergente, mas aquela que tem uma renda mais elevada) e destacar a participação de militantes de partidos esquerdistas de pouca expressão eleitoral. A terceira intenção é mostrar que o aumento de 20 centavos no preço das passagens não pode ser a causa dos protestos.
Essa análise é baseada no fato de que a nova tarifa ficou abaixo da inflação no período e que há outros objetivos, ainda que obscuros, a levar manifestantes para as ruas. Ao conectar os dados numéricos sobre inflação e tarifa a técnicas de guerrilha supostamente usada nas passeatas e encerrar o parágrafo com declaração de um suposto integrante de grupo anarco-punk, a revista tenta demonizar todo o movimento.
O mal-estar difuso
Interessante que a revista Época precisou de seis jornalistas e pelo menos um editor para condensar e repetir informações e opiniões que já haviam sido publicadas pelos jornais ao longo da semana. Textos mais interessantes haviam sido ofertados pela Folha de S.Paulo,O Estado de S. Paulo e o Globo no sábado (15/6) e no domingo.
A diversidade dos manifestantes era clara, por exemplo, na reportagem da Folha intitulada “Ato contra tarifa une punks a ativistas do ‘paz e amor’”. O Globo já havia dado uma ideia dessa diversidade presente nas passeatas ao entrevistar uma das coordenadoras do movimento, uma jovem universitária que trabalha como garçonete. O título dessa reportagem do jornal carioca responde melhor à questão que a revista Época propõe mas não resolve: “Podemos ser qualquer pessoa”, diz a jovem.
De fato, a principal característica do movimento que sacode o marasmo deste Brasil que encontrou o caminho do bem-estar econômico é o fato de que ele representa a soma de todas as angústias e a sensação generalizada de incompletude provocada pela sociedade contemporânea. Se há um princípio gerador dos descontentamentos, ele pode ser identificado no esgotamento da democracia representativa como forma de organização política da sociedade.
Essa sensação engloba desde a feminista madura que participou das barricadas de 1968 até o jovem esquerdista que imagina estar produzindo uma revolução ao ver aberto o caminho para seu impulso de rebeldia – que tanto pode nascer de uma profunda consciência de cidadania como pode ser alimentado pelo furor de seus hormônios.
O problema é que entre eles e a Polícia Militar podem estar postados militantes de partidos inexpressivos que precisam exibir suas bandeiras às câmeras da mídia – e os saudosistas da ditadura militar que encontraram um abrigo na secretaria particular do governador Geraldo Alckmin, de onde podem planejar intervenções explosivas em meio à multidão. Não se trata de uma metáfora, mas de uma possibilidade real.
Na manifestação planejada para a tarde de segunda-feira (17/6) em São Paulo, o entendimento entre autoridades e líderes do movimento, que tira das ruas a tropa de choque, pode reduzir os riscos de violência, mas eles não deixam de existir.
Sentimentos difusos produzem as manifestações, mas interesses objetivos e concretos podem se apropriar delas. Ainda estamos lidando com o mal-estar na civilização, as instituições do sistema político e econômico não são capazes de responder às demandas da cidadania e essa simples verdade daria uma resposta mais completa à pergunta da revista Época: “Quem são eles?”
– Eles são todos nós.


Eles são todos nós e eles estavam lá, naquele início de 2003, em Brasília, na maior festa na praça que foi pensada e construída para o povo.

Eles estavam lá, conscientes ou não do conteúdo da Carta ao Povo Brasileiro ( compromisso com fundamnetos econômicos vigentes na época) que Lula e o PT assumiram, em 2002,  ainda antes das eleições.
 
Eles estavam lá, nos jardins , nas ruas , no banho no  lago, que a revista Isto É, em matéria de capa,  rotulou como um Woodstock a brasileira.

A esperança vencia o medo e os povos da America do Sul emitiam sinais de mudança.

Passaram-se dez anos, conhecidos na História instantânea como Os anos do Povo.

O Brasil mudou, a América do Sul também mudou, mas diferentemente de outros países da região, o Brasil foi o país que governado por partido de esquerda, menos se descolou do ideário retrógrado e nefasto do neoliberalismo.

Ainda assim, principalmente devido ao enorme e histórico atraso do país no campo social, os governos do PT conseguiram diminuir  a selvagem desigualdade, redistribuir renda e gerar empregos.

Dez anos depois, o povo volta às ruas.

Eles querem mais.

Querem mais avanços.

Vinte centavos de aumento nas passagens, mesmo que o governo aceite rever o aumento, não vai parar essa onda de indignação.

No OBSERVATORIO DA IMPRENSA, de hoje, Alberto Dines  escreveu que o pavio anda curto, no mundo e também no Brasil.

De fato, vinte centavos é apenas o início.

A insatisfação é bem maior.

Eles rejeitam esse modelo de mundo, onde tudo é mercadoria.

E o papel da grande imprensa, como sempre acontece quando se vê ameaçada em seus ideários, é o papelão de sempre.

Ontem, domingo de futebol no país penta campeão mundial, a rádio CBN, do grupo globo,  sempre que noticiava sobre as manifestações da semana atribuia as mesmas somente, e tão somente, a indignação de alguns grupos pelo aumento das passagens.

A intenção da grande imprensa em reduzir as motivações das manifestações é sintomática.

Os sempre  prestativos especialistas da grande imprensa ( cientistas socias e cientistas políticos) não deram as caras na mídia por esses dias.
 
Aliados aos partidos de oposição e defensores de idéias retrógradas e fracassadas, a grande imprensa sabe que está distante de um alinhamento com as manifestações no país, e teme que o governo do PT, mesmo também sendo alvo dos manifestantes, possa entender a situação, cooptar a insatisfação popular e redirecionar o país no caminho de uma democracia plena e socialmente justo.

A revista veja, em sua capa desta semana, não se arrisca em identificar os manifestantes, mas sugere uma pauta de reivindicações voltada, apenas, para atingir o governo federal.

Indícios de medo.
 
Não é mais a mobilidade das pessoas nas grandes cidades que está em jogo.

Enquanto existirem jovens ( não necessariamente de idade mas principalmente de idéias) lutando por sociedades mais justas, humanizadas e democráticas o povo estará sempre ao lado deles. 

Eles são todos nós.