Um “computador orgânico” interligando cérebros separados por grandes distâncias, quase telepaticamente?
É, isso foi anunciado ao mundo na semana passada pela equipe do
neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, do departamento de
neurobiologia da Universidade de Duke nos EUA e Instituto Internacional
de Neurociências Edmond e Lily Safra, em Natal, Brasil. Não é trote da
internet. O trabalho foi publicado na revista
Scientific Reports, uma publicação de livre acesso do grupo da revista
Nature, com revisão de pares (
peer review) e todas as formalidades da liturgia científica. O
paper original, para quem quiser se aventurar,
está no portal da Nature.
Nele não há nenhuma referência a “computador orgânico”, “telepatia” ou
“brainet”, que seria uma “internet orgânica, feita de vários cérebros,
capaz de resolver, em conjunto, problemas que computadores convencionais
não conseguem fazer. No futuro, ela poderia ligar cérebros humanos para
a transmissão de informações”, diz texto de divulgação para a imprensa.
Rotineiramente a imprensa, de modo geral, sensacionaliza pesquisas e
descobertas, quase sempre muito além do que recomenda a prudência e um
ceticismo saudável. Mas nesse caso foram os autores do trabalho, todos
cientistas de reputação séria, que exorbitaram os resultados em
comunicados de divulgação e entrevistas.
A revista
Nature várias vezes já declarou que não endossa o
que os autores falam ou especulam nos comunicados à imprensa. Numa
entrevista ao portal da revista
Veja, Nicolelis disse: “A minha
ideia é colocar mais ratos, ou macacos, interagindo por meio dessa rede
que criamos. Se tivermos sucesso ao fazer isso, podemos criar um
sistema computacional com uma arquitetura orgânica, formado por
múltiplos cérebros – eu chamo essa ideia de
brainet.
Teoricamente, uma rede de cérebros seria capaz de realizar tarefas que
um computador normal não faria muito bem. Eu quero ver, por exemplo, se
um cérebro pode estocar informações de uma maneira distribuída de
maneira que um rato só não tenha toda a informação, mas a rede inteira
estoca a informação. Essa rede de cérebros seria capaz de realizar
computações sem depender de uma base pré-determinada de instruções – os
algoritmos”.
Por pouco ele não chegou à profecia da série Matrix.
Sistema cognitivo
Mas por conta própria, o
Correio Braziliense deu uma
extrapolada exorbitante: “A comunicação não depende mais de sons,
palavras, imagens ou gestos. É possível passar informações diretamente
de um cérebro para outro. Simples assim. Por mais fantástica que possa
parecer, essa forma de transmissão de dados foi alcançada pelo
brasileiro Miguel Nicolelis e sua equipe, que apresentaram ontem um
estudo no qual os sinais cerebrais de um rato foram transmitidos a
outro, permitindo que eles realizassem juntos algumas tarefas”.
Muita gente já profetizou o fim da imprensa argumentando a inutilidade do jornalista numa época de
tweets
e blogs. Decretar a obsolescência das comunicações por som, palavras,
gestos e imagens, realmente ganhou o troféu de deslumbramento ignorante.
A experiência original foi bastante simples, mas não deixa de ser
importante. Dois ratos com sensores elétricos implantados nas regiões
sensoriais e motoras foram conectados com a intermediação de
computadores. Esse aparelho lê as ondas elétricas disparadas pelos
neurônios dos sensores de tato nos bigodes do primeiro rato, as analisa e
faz um tipo de filtragem e transmite os impulsos para eletrodos
instalados nas mesmas regiões do cérebro do segundo rato.
Que eles estejam a milhares de quilômetros, com os sinais sendo
transmitidos pela internet, é apenas uma dramatização e marketing sem
valor científico. Os ratos assim conectados foram postos numa tarefa
comum, de pressionar alavancas para ganhar água. O que se constatou é
que as atividades elétricas do sistema sensorial e motor do primeiro
rato influenciaram o comportamento do rato remoto. Os resultados foram
aparentemente bons, mas não espetaculares. O índice de acerto nunca
chegou aos 100% (ficaram perto de 70%).
O próprio Nicolelis destaca que são trabalhos muito preliminares e muito distantes ainda do que ele chama de
brainet.
Mas o carnaval na imprensa com o feito não se justifica. Principalmente
porque o experimento envolveu apenas o compartilhamento de rudimentares
sinais sensoriais elétricos. Algo infinitamente mais simples do que o
mais triviais dos pensamentos ou delírios.
Não espere, portanto, tão cedo, uma revolução nas comunicações que
afetem a atual indústria da comunicação, partindo dos ratos do
pesquisador.
Nesse sentido, um dispositivo pronto para ser colocado nas prateleiras e
vitrines das lojas de eletrônicos vai ter um impacto imediato nas
comunicações. O Google Glass, ou óculos Google, sem a pretensão de
telepatia ou de fazer um viaduto entre cérebros dispensando os sentidos
sensoriais, já é uma realidade. Caminhando na rua, o cidadão vê
projetado nos óculos informações úteis sobre a vizinhança.
Utilizando tecnologias já dominadas, os óculos Google modestamente
apenas superpõe uma nova camada de hardware e software sobre o mais
eficiente e sofisticado sistema de comunicação já criado pela natureza: o
cérebro humano, forjado ao longo de milhões de anos de evolução, com
seus dispositivos (ou interfaces, para usar o termo da moda) de fala,
imagem, tato e olfato. Esse sistema cognitivo e de comunicação nos levou
da idade da pedra à Lua em poucos milhares de anos de aperfeiçoamento.
Está longe, muito longe, mas muito longe mesmo de poder ficar obsoleto
em comparação às conexões diretas por eletrodos.
Vingança requentada
Quando não tem algum escândalo para a capa, a grande imprensa vai
buscar nas suas gavetas alguma coisa para ser requentada e publicada
como novidade. Nesta semana
Veja deu uma surpreendente capa
sobre cérebro, anunciando que exibia “pela primeira vez” imagens do
órgão em ação. Surpreendente porque dois assuntos científicos da semana
envolviam o neurocientista Miguel Nicolelis. O primeira foi publicação
da pesquisa sobre o cérebro de roedores numa revista do grupo
Nature.
Não é todo dia que um brasileiro consegue publicar alguma coisa na
revista inglesa. O segundo foi a pendenga envolvendo Nicolelis e seus
ex-pesquisadores do laboratório de neurociências em Natal.
Vejasimplesmente ignorou o feito de Nicolelis. Ou melhor,
passou assobiando ao largo e publicou algo relacionado ao tema, como se
pretendesse dizer que o cientista brasileiro não fazia falta nem tinha
importância.
Porém as supostamente inéditas imagens, segundo
Veja, são de
antes de 2009, produzidas no BrainLab nos EUA. As verdadeiramente
primeiras imagens foram captadas do cérebro do veterano jornalista Emily
Singer, da revista
Technology Review, do MIT que, em vez de
buscar assuntos mofados nas gavetas foi ao BrainLab americano ver como
funcionava a nova tecnologia de diagnóstico de imagens do cérebro em
funcionamento. A reportagem e as imagens foram publicadas em agosto de
2009 na revista. Trata-se de tecnologia adaptada aos aparelhos de
ressonância magnética para captar a atividade das fibras brancas do
cérebro, em vez dos tradicionais registros elétricos do neurônios. A
tecnologia, chamada Imagem de Tensor de Difusão de Água, permite
acompanhar as conexões entre diferentes áreas do cérebro. O assunto foi
tratado neste
Observatório em janeiro de 2010 (ver “
Cérebro tem banda larga interna“).
Como Nicolelis é pública e notoriamente um petista roxo que não fala à
revista dos Civita, a hipótese de uma tentativa vingança contra ele
perpetrada pelo semanário é forte. Mas, como observou a jornalista Ruth
Bellinghini no Facebook, a vingança é um prato que come frio. Se
requentado, como fez
Veja, o prato pode ficar indigesto.
***
[Flávio de Carvalho Serpa é jornalista; trabalhou na
Veja até 1985, mas não teve nada a ver com o episódio da criação do “boimate” pela revista]
Comunicação
A revolução francesa não era algo imaginado, e aconteceu.
Foi assim porque a maioria das pessoas desejava, consciente ou inconscientemente.
Assim como o centésimo macaco, o centésimo francês criou a massa crítica para que a realidade se transformasse.
Cérebros humanos transmitindo informações, sem qualquer tipo de sinal, uns para os outros não é novidade.
A novidade é estabelecer as condiçoes ideiais em que os humanos devem se encontrar para realizar essa troca.
Assim como uma reação química que só ocorre em condições específicas.
Para mim, e outras pessoas de meu círculo de amizades, a comunicação através do pensamento sem nenhum tipo de sinal é algo corriqueiro e eficaz
.
Mais precisamente desde o ano de 1999 que desfruto dessa fantástica técnica.
Em outra postagem neste blogue, que é constantemente censurado pela tv globo, expliquei alguns tópicos de meus anos de pesquisa.
Meu estudo partiu da tese que para que os humanos desfrutem de todo o seu potencial, conhecido e desconhecido, se faz necessário uma perfeita harmonização, ou uma perfeita ecologia humana, o que chamei 100% ecológico.
É sabido que o homem moderno vive totalmente distanciado da natureza e seus ciclos, assim como vive distanciado de si próprio.
Não vou entrar nas considerações que o levaram a esse estágio, como o ritmo de vida estressante, a constante ansiedade, os espaços desumanizados e agressivos a vida onde ele vive, seus hábitos alimentares, suas crenças limitantes oriundas de sua socialização judaico-cristã, seus valores imediatistas e de consumo, além de outros não menos menores ou importantes, contribuem para que o homem moderno seja uma máquina turbinada e idiota.
Isso não significa que deve retornar a idade da madeira ou da pedra , como alguns maniqueístas se apressariam em afirmar e, em fazendo, apenas corroboram com as limitações em que vivem.
É possível, mesmo vivendo em condições contrárias a harmonia da natureza, como nos grandes centros urbanos, por exemplo, vivenciar e praticar a comunicação sem sinal.
As condições principais para que isso ocorra são necessáriamente transformações internas, hábitos e práticas de vida saudáveis.
Isso não significa que seja fácil, pois determinadas transformações passam necesariamente por um profundo auto conhecimento, o que pode levar anos, até décadas para ser bem construído.
Infelizmente não pode ser comprado com cartão de crédito em um shopping center.
O caminho da transformação é pessoal, exige determinação e dedicação, e em muitas ocasiões as situações encontradas não são aquelas que desejamos.
Basicamente significa um quase que total rompimento com os valores, crenças, práticas e percepções que formam a cultura dominate.
É uma reprogramação total onde o que será criado não é apenas um brain net, mas um corpo mente integrado e atuante, comunicando-se em perfeita harmonia.
As couraças do caráter ( WiIlhein Reich) necessáriamente devem desaparecer para dar lugar a um ser integral, holístico
.
O caro e atento leitor já deve ter percebido que para o sistema dominante, o ser integral é uma grande ameaça, seja do ponto de vista político, econômico, cultural, doutrinário religioso, moral, e outros.
É uma avalanche de poder disponibilizado ao homem comum, o que certamente irá incomodar os "mediadores da informação", "os arautos do bem estar e da saúde", e "os atravessadores da fé ".
Para chegar ao estágio em que me encontro, não segui o método científico dominante e nem mesmo me preocupei em estabelecer modelos geométricos que pudessem comprovar os estudos.
Uma experiência que não se reproduz em 100% das vezes mas que se reproduz em 80, 90 % das ocasiões não é fruto do acaso, como também não pode ser desconsiderada por não se reproduzir em 100% dos experimentos.
O método científico rejeita os experimentos que não se reproduzem 100% das vezes em qualquer lugar que se realize a experiência
.
Só os ignorantes ou vendidos paras seguir algo tão ultrapassado e até mesmo irracional, produzindo um paradoxo a razão científica
.
O cientista brasileiro, citado no artigo acima extraído do site observatório da imprensa, através de seus estudos, acena com a possibilidade da comunicação a distância ainda com algum tipo de sinal, que , obviamente, pode conduzir a comprovações científicas, em um futuro bem próximo, de comunicação a distância sem nenhum sinal.
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O que para mim não é novidade, assim como um grande cérebro ou um grande computador orgânico, o que de fato já existe e pode ser acessado por algumas pessoas.
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Quanto ao comportamento da imprensa diante da fantástica descoberta de Nicolellis, o que vemos é o mesmo padrão da imprensa em rejeitar os grande cérebros do pais, procurando sempre minimizar seus feitos e até mesmo ignorá-los.
A imprensa brasileira ainda está no primeiro macaco e levará muitas décadas para evoluir
.
As transformações no setor das mídias deve passar necessariamente pela mobiliozação da sociedade em criar a massa crítica necessária para se estabelecer novas regras e conteúdos para os meios de comunicação.