terça-feira, 4 de setembro de 2012

A Crônica do Jornalismo Doido


A Crônica do Jornalismo Doido




A vaca é um animal herbívoro. Aliás, sempre foi. Recentemente com o objetivo de acelerar a engorda dos animais, para corte e venda, a vaca foi alimentada com ração animal. O resultado foi desastroso. A vaca apresentou sinais, inequívocos, de insanidade, comprometendo o corte e os lucros dos grandes fazendeiros. Aversão  amplamente divulgada na imprensa foi a de que se tratava, apenas, de uma doença da vaca, a doença da vaca louca.

O jornal o globo , de hoje, apresenta em primeira página uma chamada de matéria onde afirma, com respaldo da ciência,  que produtos orgânicos são nocivos a saúde humana. O globo nada fala sobre os produtos alimentícios, ou ditos alimentícios, cujos fabricantes financiam sua programação e são paupérrimos em nutrientes, sendo inclusive considerados como os vilões no crescimento da epidemia de obesidade no mundo. Já os saudáveis orgânicos....

A criação em grande escala de aves, em ambientes confinados, pouco ventilados e extramente insalubres, para as aves,  contribuiu para a disseminação de formas de virus, como o virus da gripe aviária que atingiu os humanos. A abordagem sobre o fato na grande imprensa referia-se a existência da gripe, com um noticiário carregado de pânico, onde a origem do problema, no caso o vírus, seria a criação de aves por pequenos agricultores que não teriam o cuidado necessário nos aspectos de higiene.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em uma tentativa de reverter o quadro de derrota que começa a ser pintado para seu partido nas eleições municipais de outubro, ou ainda motivado por fantasias intelectuais, ou ainda inconformado com os índices de aprovação estratosférica do também ex-presidente Lula, ou ainda sofrendo alucinações por conta de uma suposta degeneração neuronal produziu um texto, com ampla divulgação na grande imprensa, onde afirma que o legado de Lula teria sido desastroso, quando a realidade mostra o oposto. A grande imprensa não fez nenhuma análise crítica sobre o texto, reproduzindo-o como verdade incontestável.

Diariamente, ou ainda semanalmente, são apresentadas pesquisas sobre as intenções de votos  para a presidência da Venezuela. As diferentes pesquisas podem ser encontradas e analisadas em portais de notícia da internete. As pesquisas tem apontado uma vantagem de algo em torno de 20 pontos percentuais para o candidato , e atual presidente daquele país, Hugo Chavez. A grande imprensa ignora a existência das pesquisas e nada divulga. Porém, recentemente, surgiu uma pesquisa, não se sabe de onde, que apontava um empate técnico entre os dois candidatos e que foi amplamente divulgada pela grande imprensa, com espaço, inclusive, para análises políticas conduzidas pelos briosos e competentes especialistas no assunto.

Recentemente a região serrana do estado do Rio de janeiro sofreu uma tragédia de dimensões nunca registradas. As chuvas que caíram na região produziram algo em torno de 2000 mortos. A maioria das vítimas, como sempre ocorre em tragédias envolvendo deslizamentos de terra e inundações, foi de pessoas pobres.  A abordagem predominante na grande imprensa atribuiu,  sutilmente, a culpa das mortes às pessoas que "escolhem" locais perigosos e proibidos , para levantar suas casas.

A maioria das pessoas dos grandes centros urbanos que utilizam o transporte coletivo  como meio de transporte para o trabalho, perdem, ou passam, ou sofrem, em torno de quatro horas por dia em ônibus, trens e metrôs. Acrescente-se a aventura a lotação esgotada e o desconforto causado para a população. Como meio ecológico e prático, o uso de bicicletas vem ganhando mais e mais adeptos, mesmo sem faixas exclusivas para os ciclistas. Com isso aumenta o número de acidentes de trânsito com ciclistas, aumentando as estatísticas de vítimas fatais. Na grande imprensa a abordagem do assunto, por vezes passa por culpar o ciclista que se expõe a um trânsito violento. Ainda com respeito ao tempo perdido nos desconfortáveis transportes coletivos, a imprensa, quase sempre, apresenta como alternativa o uso do automóvel, para aqueles que podem, pois mesmo com o trânsito lento o carro proporciona algum conforto.

O consumo de refrigerantes, como é de conhecimento de todos, quando se transforma em prática diária, ou quase diária, tem um efeito devastador na saúde humana, principalmente para as crianças ainda em fase de formação.  Contribui para a incidência de cáries dentárias e obesidade além de serem pobres em nutrientes. Com o crescimento de uma abordagem positiva no tocante a saúde, principalmente no tocante a nutrição, cresce o número de pessoas que procuram produtos naturais e orgânicos. Assim, o consumo de frutas e polpas de frutas está em expansão. Um exemplo notável tem sido o consumo de açaí, fruta do norte do país riquíssima em nutrientes e extremamente saudável. Para minimizar o movimento, setores da indústria alimentícia plantaram na imprensa  a mentira que os produtos naturais e orgânicos, como o açaí,  não tem os devidos cuidados de manuseio e higiene o que poderia causar doenças fatais. A grande imprensa, como sempre, apenas reproduz sem nenhuma análise crítica ou o contraditório.

Na semana que passou a grande imprensa fez um enorme estardalhaço sobre o "fenômeno " da lua azul. Comentaristas abordaram o assunto, com direito a toda sorte de ilustrações gráficas e comentários científicos, alertando a população para o fato de que o "fenômeno "somente se repetiria em 2015. Vale ressaltar que a lua azul significa a  existência de duas luas cheias em um mesmo mês, sem que lua modifique sua cor ou coisa aparecida, O fato acontece porque os meses do calendário vigente tem trinta dias e, assim sendo, em alguns meses podem ocorrer duas luas cheias. Se o calendário fosse lunar, ou seja meses com vinte e oito dias, como o calendário dos Maias, jamais teriam duas luas cheias em um mesmo mês. Assim sendo a lua azul é algo, na prática, que acontece todos os meses quando a lua fica cheia, não necessitando correr para janela, como pediu a imprensa, para ver o "fenômeno" pois somente aconteceria novamente em 2015. A lua cheia pode , e deve, ser vista todos os meses.

O mundo está nas portas de um recessão econômica, por conta de um modelo, o neoliberalismo, que agoniza mas ao mesmo tempo leva a exclusão social e a destruição de sociedades e também do ambiente natural. Sequestrados por interesses que apenas privilegiam uma minoria endinheirada, a humanidade , como nos tempos da idade média,  é escravizada pelo poder dominante. Na grande imprensa nenhuma análise crítica sobre o assunto  que pudesse trazer a tona um debate sobre novas formas de produção , distribuição e consumo de bens, assim como alternativas locais e regionais tendo em vista as especificidades e potencialidades das regiões. A imprensa prefere repetir o discurso da minoria endinheirada.

Na cidade do Rio de Janeiro tampas de galerias subterrâneas de energia voam pelos ares com uma frequência assustadora. Pessoas já morreram e muitas outras ficaram gravemente feridas por conta dessa nova  e diabólica modalidade de terrorismo capitalista. As instalações  subterrâneas sofrem com a falta de manutenção adequada, que para as empresas capitalistas operadoras não é investimento mas custo desnecessário,  e com isso espalham o terror pelas principais ruas do centro e da zona sul da cidade, não significando que ruas das zonas norte e oeste estejam livres do terror.  A abordagem sobre o inusitado fenômeno artificial, pela grande imprensa, resume-se em apresentar imagens de ruas em chamas e reproduzir um comunicado burocrático e formal emitido pelas operadoras dos serviços de distribuição de energia elétrica. Contudo, a grande incidência de explosões levou a grande mídia a poupar os governos responsáveis ( não são do PT ) e as empresas operadoras introduzindo no noticiário um "alerta" para que a população prestasse mais atenção por onde anda e põe os pés, evitando pisar nas tampas do terror.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O Som das Tintas


O Som das Tintas




 Não dá para aguentar. Até na água o menino vai tropeçar. É muita confusão, sem direção, e contradição. Até parece novela de televisão. Vai escrever, tem gente que não vai ler, acha tolice, coisa de insano .Melhor é não criar confusão. Já estamos no final do ano e bom mesmo é assistir ao programa do luciano. Eita rima sem pé nem cabeça, não sei se pelo final do ano ou o insano  luciano. Diga  pro menino prá não escrever, podem não gostar, e com isso vão tentar execrar, pois a realidade que ele trata no que escreve toda a sociedade vai tocar. Bom é novela, de bons costumes, ético que há décadas já faz a televisão idiota do futuro. Profético. Palavrão e erotismo no texto nem pensar, é ciosa do diabo. Mulher nua na tv, aí sim, principalmente se estiver mostrando o rabo. Contradição, incongruência, confusão política, talvez seja coisa de herança, genética, cultural, financeira que acaba confundindo a cabeça das pessoas , na novela , que produz realidades concretas, novos filósofos, emergentes pensadores acéfalos prontos para construir falsos conceitos sobre conceitos verdadeiros. A realidade é um detalhe, assim com o gol , a ficção e a desconstrução devem trabalhar para confundir, idiotizar, alimentar a falsa ideia  de perda de uma hegemonia cultural  que, de fato explode nas periferias em crescimento da verdadeira cultura, específica, e por assim ser, universal. Já deu, ninguém aguenta mais. O personagem da ficção tenta se impor sobre a realidade. O clone Henry agoniza enquanto a realidade se impõe, sem tolices, sem falsos críticos, sem falsas análises, nas avenidas do Brasil verdadeiro, real, mestiço, rico. Cheia de charme nossa cultura, que não é pura, que mesmo com a colonização idiota infantil, resiste, permanece, cresce, dura. Diga pro menino prá ele parar de escrever, pois o pessoal da tv vai tudo ler e distorcer, e ainda dizer que ele nada sabe escrever, muito menos ler, pois literatura é prá letrado que sabe fazer, tem o que dizer e , com esse dom , propiciar transformações na sociedade que possam de fato florescer. Sem cultura , sem conhecimento ninguém escreve e ao tentar fazê-lo vai expor suas idéias, nas tintas corridas, nas sonoridades verbais, de forma consciente , talvez pelo inconsciente, para que conscientes distorções possam ser conduzidas por plantonistas escalados para tal, que por sua vez , conscientes daquilo que devem fazer, e limitados pelo espectro ideológico doutrinário, revelam o inconsciente de suas ações , posições, desejos e realidades.  Diga  pro menino parar de escrever. A realidade que ele desenha nos textos, com seus quadros escritos,  sua sonoridade esculpida,  suas formas cênicas, não corresponde ao realismo charmoso  do Brasil em passarela, que a tv apresenta diariamente, na tela, pelo entretenimento ou jornalismo, em uma permanente e edificada aquarela. Seus quadros, textos, esculturas, afrontam a realidade idealizada, desejável, madura   que em nenhum lugar , momento ou tempo se fez presente, real . Diga pro menino que  a vida não é fantasia, não é mandar beijinho para as câmeras de tv,  que o passado não volta, que o futuro ainda não chegou, que o melhor é o presente, aqui ,sempre, agora, como a última  letra Z da última palavra digitada. É bom prá ele, em uma avaliação sobre o que é bom ou não e que não é feita por ele, que ele pare de escrever sobre coisas reais vividas ou não por ele. A vida dos moços da tv, da cultura que o menino não conhece, não  comporta citações sobre a realidade. A realidade não é para ser debatida, pois fere os princípios básicos da sociedade do espetáculo, cheia de charme, glamourosa, brilhante, culta, madura  que diariamente pode ser vista nas passarelas do Brasil da tv, em cores vivas, em sonoridades densas, repleta de oportunidades para o povo  feliz.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Perfil Infantil


Perfil Infantil




 Impressiona a quantidade de notícias diariamente veiculadas sobre violência contra crianças e adolescentes. Jornais impressos, emissoras de rádio e programas de tv abordam o tema diariamente, por alguns anos, e , ao que parece, o problema persiste e os crimes, que deveriam diminuir com as "denúncias" da grande mídia , vem aumentando.  O número de crianças desaparecidas vem crescendo, e a maioria jamais é encontrada. As motivações para o rapto de crianças não são discutidas na mídia, assim como a provável existência de quadrilhas que atuam no ramo, também são ignoradas pela imprensa. Raptadas para sofrerem violência sexual, para o trabalho escravo em locais distantes da cidade onde residem,  para a retirada de órgãos que irão salvar vidas de endinheirados, para o tráfico internacional de pessoas, para sacrifício em práticas de seitas religiosas e outros fins, as crianças são um alvo fácil para o crime organizado , para a propaganda midiática, para os conteúdos das emissoras de tv.
A grande mídia reproduz com sensacionalismo e superficialidade o desaparecimento de crianças, assim como também o faz sobre as práticas de pedofilia e abuso sexual que as crianças sofrem. A repetição , quase que diária do tema na mídia, sem que medidas para atacar o assunto sejam implementadas e apresentadas, acaba banalizando o assunto, que é grave, transformando-o em algo corriqueiro, inserido na violência social. Para o consumidor de informação fica a sensação que " é assim mesmo", " vida é assim mesmo", " a violência existe, fazer o quê ?, "o mundo é assim mesmo", tá tudo meio maluco", " é a falta de deus nas pessoas" e outras observações similares que atestam o fato como corriqueiro. A questão, porém, não se limita aos crimes e quadrilhas que atuam. Uma criança , ou adolescente, oriunda de uma família com recursos financeiros e que necessite passar por um transplante de um determinado órgão terá, que esperar na fila para um transplante, assim como uma criança de origem pobre. Aí entram as quadrilhas oferecendo órgãos para um transplante imediato, em clínicas médicas, com médicos prontos para o serviço. Tudo , claro, por um preço que as famílias endinheiradas podem pagar. Pouco, ou quase nada, se ouve ou lê de críticas a essas práticas, inclusive de Instituições religiosas, já sobre o aborto... O mesmo se aplica quando crianças e adolescentes são enviadas para trabalho forçado e escravo  em negócios agropecuários ou até mesmo em fábricas terceirizadas, em diferentes países,para produção de produtos de consumo de grande visibilidade. Esse assunto raramente, o trabalho escravo, é abordado na grande mídia com denúncias, investigações, cobranças e nomes de empresas de grande ou pequeno porte que se utilizam dessas práticas. Há , de forma clara e inequívoca, na grande mídia, principalmente nas grandes emissoras de tv, globo, band, rede tv, sbt, record, principalmente  mas não as únicas mídias, uma blindagem protetora para grandes empresas, para o grande capital, para o sistema financeiro, para os crimes da indústria médica e farmacêutica. O foco, nessas emissoras, de crimes recaí em pessoas pobres onde todo o rigor da lei deve ser aplicado. Assim sendo,  e assim se comporta a grande mídia, o público que se alimenta dessas mídias tem uma visão equivocada da realidade e, principalmente, um profundo sentimento de negação de seus iguais, pois os criminosos apresentados são pessoas idênticas a esse público, que ele, público, rejeita e se rejeita, desejando querer ser outra coisa que ele jamais será vivendo, dessa forma , em profundo desgaste com a própria estima. Uma matéria -prima perfeita para desvios de conduta futuros, para entrar no crime, para praticar atos de violência e selvageria. Um indicativo claro, e inequívoco, desse comportamento pode ser observado através das palavras que as pessoas deixam escapar, de forma verdadeira e sem manipulações, por vontade própria, reflexo de suas percepções, manifestações de seus sentimentos, opiniões assimiladas de um rebanho cognitivamente dilacerado: " esse país é assim mesmo", "aqui nada funciona", "nós somos tudo uma merda", " aqui ninguém faz nada certo", " bom é a europa e os eua", " aqui é tudo subdesenvolvido",  " povo atrasado",  " povinho que não é nada" e outros mais. Adicione-se a esse caldo outras matérias-primas oriundas da indústria do entretenimento é aí teremos a fórmula perfeita para criação de toda sorte de pessoas desajustadas e comprometidas com a barbárie, a crueldade,a violência, ou ainda como representou o personagem de Marlon Brando no filme Apocalipse Now, a expressão viva do horror. A estratégia não poderia ser mais diabólica. Acabar com os pobres, negros, índios, idosos, amputados, pessoas com necessidades especiais, loucos, opositores do sistema, e todos aqueles que não sejam ricos e enquadrados na lógica decadente mais ainda dominante no mundo. A criminalização e prisão , por qualquer delito, ou até mesmo por opinião contrária,  deve ser uma constante por parte dos órgãos governamentais.  Enquanto isso o mundo do entretenimento estimula nas pessoas , no público, os mesmos desejos que ele diariamente acusa como criminosos . Um exemplo que ilustra bem o tema é a tv globo, principal braço de desajuste, deseducação e desinformação  da sociedade brasileira. Alguns exemplos:
- durante décadas o principal programa voltado para crianças foi apresentado por apresentadora devidamente vestida, com pouca roupa, para estimular outros desejos, mesclando no inconsciente do público o universo infantil com a sexualidade;
- a novela voltada para adolescentes da emissora, usa e abusa de cenas picantes de relacionamento amoroso entre adolescentes, com os envolvidos , quase sempre com rosto de meninas em corpo de mulher;
- a vinheta que abre as transmissões do desfile das escolas de samba, apresenta uma mulher negra, com rosto de adolescente de 15 anos, totalmente nua,
- e ainda, para terminar mas sem esgotar os exemplos, a grande discussão por conta da escolha da personagem Gabriela, na novela da emissora. A atriz escolhida foi duramente criticada pelos executivos da emissora por não apresentar uma aparência de menina, que seria desejável para o papel, Segundo os executivos da emissora, a atriz escolhida tem aparência de mulher adulta, o que não é desejável para o publico.
Nas outras emissoras citadas, da mesma forma ou de outras formas  similares, a estratégia é sempre a mesma contribuindo para que o público adquira, incorpore, assimile e pratique perfis de crianças, que irão se manifestar em todas as dimensões da vida daquelas pessoas.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Rio Zona Norte - 5 O Sucesso de Maria das Graças

  O Sucesso de Maria das Graças



Em mais um dia, como em todos os outros dias da semana, Maria das Graças , pontualmente às seis horas da manhã aguarda, de pé em uma fila, o coletivo que a levará para seu trabalho. Jovem, bonita, simples, de bom astral, paupérrima e vivendo na baixada fluminense, ficará por volta de uma hora no ônibus até chegar no seu local de trabalho, no bairro da Penha, zona norte da cidade do Rio de Janeiro.  Na plenitude de seus vinte anos de idade, a jovem  que deixou sua cidade natal e sua família no interior do estado de Tocantins ainda com dezessete anos fugindo da pobreza extrema para tentar a sorte na cidade maravilhosa, alimenta sonhos, planos e esperanças de uma vida melhor. Uma vida que ela vê, ouve , diariamente nas mídias, como sendo o ideal para qualquer pessoa que queira ser feliz e alcançar o sucesso. Vivendo em uma pequena casa de apenas um cômodo , em que paga aluguel  e sobrevive com o salário mínimo que recebe pelo trabalho de operária em uma fábrica de roupas esportivas, espera um dia ser uma vencedora, uma mulher chique, bem cuidada e se possível famosa como os exemplos de seus ídolos das novelas e programas de tv, que saíram de baixo, lutaram e alcançaram o sol. Nem sempre, mesmo chegando com antecedência na fila do ônibus, Maria das Graças consegue fazer a viagem sentada, confortável, ainda que os coletivos não tenham ar condicionado e o calor na região  costuma ser infernal mesmo nas primeiras horas do dia, o que , por vezes, faz com que chegue ao local de trabalho já cansada. Responsável e dedicada, nos dois anos em que trabalha na fábrica jamais chegou atrasada ou foi repreendida por mau comportamento ou qualquer infração no seu trabalho. Cumpre, diariamente, de segunda a sábado, uma jornada de doze horas de trabalho, das sete horas da manhã às sete da noite, tendo quinze minutos antes de iniciar o trabalho para um lanche, uma hora para o almoço, e mais quinze minutos na parte da tarde para outro lanche. A fábrica é terceirizada de uma gigante transnacional de material esportivo que tem alguns de seus ídolos como garotos propaganda de seus produtos. A maioria das operárias é de mulheres, jovens, com o mesmo perfil de Maria das Graças. O trabalho é extremamente cansativo, repetitivo e as condições do local são totalmente inadequadas, no tocante a temperatura ambiente, o calor é constante,  as instalações, as cores da edificação e equipamentos, excesso de ruído e condições mínimas de segurança. Os sanitários não tem uma higiene adequada e os aspectos ergonômicos para  execução do trabalho baseiam-se em improvisações. As equipes de operárias são divididas, no local de trabalho, em estações onde dez meninas realizam tarefas de corte e costura de tecidos. Para cada estação existe um supervisor que fiscaliza , em tempo integral, o trabalho e a produção das meninas, não permitindo qualquer tipo de conversa que possa levar a uma interrupção no ritmo de produção. Saídas para o banheiro são acompanhadas por uma supervisora , exclusiva para esse fim. As meninas só podem conversar um pouco, nos horários de lanche, e no tempo que sobra da hora de almoço, que aliás é oferecido no restaurante da empresa  e descontado no salário das operárias.  Muitas operárias preferem trazer o almoço de casa, não apenas para economizar o almoço da empresa, como também pela péssima qualidade das refeições oferecidas. A empresa , sequer disponibiliza um local para que as operárias possam aquecer suas marmitas. Maria das Graças tornou-se uma referência na sua estação,ou seja no seu grupo de dez operárias. Sempre feliz, esbanjando simpatia e acreditando na vida, sua presença quebra, pelo menos em parte, o clima de terror dentro daquela fábrica . Entoando canções, em voz bem baixa mas percebidas pelas outras nove enquanto realiza suas tarefas, cria uma atmosfera de paz e otimismo que ajuda a superar a dura realidade em que vivem.  Nos horários de  lanche e almoço, sempre pode ser vista como o centro das atenções para as nove da estação, que se encantam e adquirem forças com o alto astral de Maria das Graças. Na hora em que deixam a fábrica, já do lado de fora, conversam rapidamente antes que cada uma tome seu destino. Nesse momento, como de costume , Maria das Graças é vista , no centro da roda  e as demais sorrindo , felizes com suas histórias. Em um outro dia, o coletivo que conduzia a jovem para o trabalho quebrou durante o percurso, o que fez com que Maria das Graças tivesse que aguardar um outro coletivo e com isso chegasse atrasada, pela primeira vez em dois anos, no seu trabalho. Antes de assumir seu posto na estação, foi chamada pela gerência e advertida que caso o atraso se repetisse seria demitida por justa causa. Ainda foi informada que os setenta minutos de atraso daquele dia seriam descontados de seu salário. Não se abateu, assumiu seu posto e realizou suas tarefas com as competência e dedicação costumeiras. Conversou com as nove da estação, que ficaram revoltadas com o tratamento dado a menina, já que não tivera nenhuma culpa ou  responsabilidade pelo que tinha ocorrido. Maria das Graças não comprou a revolta, preferiu esquecer o assunto e conversar sobre a novela das nove que ela tanto adorava e não perdia um capítulo. Reunidas na porta da fábrica, já na saída para casa nem parecia que a jovem tinha sido advertida, ameaçada de perder o emprego e ter sua ficha manchada. No dia seguinte, pontualmente as seis horas da manhã, lá estava a jovem embarcando no coletivo que o levaria para seu trabalho. Não poderia imaginar o que aconteceria na viagem. Desta vez, sentada no banco ao lado da janela, sonhava e fazia planos caso ficasse rica. Tinha certeza que ficaria, era uma questão de tempo, pouco tempo. E foi em puco tempo que tudo mudou dentro coletivo. Dois homens armados anunciaram um assalto, isso em um ônibus cheio, porém não lotado, mas com pessoas de pé. A menina entrou em pânico e ficou paralisada, era a primeira vez que vivia a experiência, de que já tivera conhecimento pelos programas de tv que tanto adorava e  os tinha como referência. O passageiro ao seu lado, um senhor também ficou imóvel. De repente, um passageiro reagiu e sacou uma arma , dando início a um tiroteio dentro do coletivo. O passageiro ao lado da jovem tentou se proteger rapidamente, jogando a parte de cima de seu corpo, o tronco, quase que no colo de Maria das Graças. Terminado o tiroteio e  tendo os assaltantes sido imobilizados, o passageiro ao lado de Maria das Graças estava imóvel, já morto, com um tiro na cabeça que acabou servindo como um escudo para o peito da jovem, o  provável destino daquele projétil. A menina , com a roupa já suja de sangue do senhor morto, tentava sair do local, o que conseguiu com a ajuda de outro passageiro e  a ação de alguns policiais que passavam pelo local e prederam os assaltantes. Traumatizada, porém sem ferimentos, conseguiu sair do coletivo,e com as roupas sujas de sangue, foi para seu trabalho, desta vez chegando quase que na hora do almoço, por causa dos tramites legais que acompanham casos como este. As nove da estação ficaram chocadas com a história contada pela jovem e deram todo apoio , carinho a atenção na tentativa de amenizar o trauma da menina. Não faltaram abraços e beijos para acalmar a querida amiga. Entretanto, a gerência chamou Maria das Graças para se explicar do segundo atraso, agora de  quatro horas, em dois dias seguidos. A jovem, com as provas do terror em suas roupas, explicou todo o ocorrido e ainda indicou a delegacia onde se processou o registro de ocorrência com o seu nome. De nada adiantou. Maria das Graças foi demitida por justa causa, sem direito a nenhuma indenização. As nove da estação, quando souberam da demissão da amiga ficaram ainda mais revoltadas, mas nada puderam fazer a não ser chorar e consolar a jovem, que apesar de perder o emprego não demonstrava irritação, revolta ou tristeza. O pior ela já tinha passado, ou pensou que tinha sido o pior. A tristeza tomou conta das nove , não mais teriam a alegria de Maria das Graças, uma igual a elas, para amenizar o terror daquela fábrica. A jovem foi para casa, fora um dia estressante, deitou na cama e dormiu sem se preocupar com horário. Mesmo assim acordou cedo no dia e seguinte e começou a pensar em conseguir trabalho. Antes disso teve tempo para fazer o que não fazia nos dias de trabalho, foi a padaria, no mercado fazer umas comprinhas e ainda fez uma aposta em uma casa lotérica. Cantando , a jovem não perdeu tempo nem se lamentou. No dia seguinte, bem cedo, já estava em uma agência de empregos se candidatando a um novo emprego. Preencheu fichas, fez entrevistas e conseguiu um emprego de balconista em uma lanchonete  na Gávea, zona sul do Rio de janeiro. Deveria começar em três dias, porém a aposta de loteria que fizera no dia anterior mudou totalmente sua vida. Acertou as dezenas premiadas e ganhou uma quantia que lhe garantia a independência financeira. Maria das Graças explodiu em felicidade. Sorria, cantava, chorava sozinha em sua casa, mostrando toda sua beleza. Nada falou sobre o prêmio, nem para vizinhos ou com as nove, amigas da estação que não via desde o dia em que fora demitida. Com a quantia ganha a jovem, esperta e segura voltou para sua cidade natal , no interior do estado de Tocantins. Lá, com o auxílio da família, aplicou o dinheiro em imóveis, comprou uma casa nova para ela e os pais , e garantiu a independência financeira para a família. Tinha agora, como renda, de suas aplicações dez vezes o salário que recebia na fábrica. Era uma vida confortável para eles. Passaram seis meses de sua saída da fábrica e Maria das Graças tinha outra aparência. Usava roupas  idênticas aos personagens de suas novelas favoritas, comprova produtos de beleza e fazia os tratamentos de beleza sugeridos pelos comerciais de tv. Estava ainda mais bonita e radiante. Resolveu ir ao Rio de janeiro, para passeio, e aproveitou para visitar as nove da estação na fábrica do terror. Planejou chegar na fábrica no final do expediente pois poderia encontrá-las no lugar de sempre, ao lado , porém, não muito distante, do portão principal. E assim aconteceu. Avistando as nove da estação. acenou , esbanjando a mesma alegria , simpatia  e simplicidade de costume, que em nada mudaram com a mudança de sua condição financeira. As nove se aproximaram, não acreditando no que viam, e ficaram perplexas quando souberam de toda a história contada por Maria das Graças. Após ouvirem tudo foram se aproximando da jovem e inicialmente, sem nada combinar, começaram a rasgar sua roupa, agredí-la com socos e pontapés. A jovem , indefesa, estava quase desmaiando, semi nua, foi jogada ao chão, pisoteada e com uma pedra, uma das nove bateu em seu rosto até afundar a face e o crãnio, quase que esmagando. Outra, arrancou-lhe os olhos com as mãos enquanto as demais com pedaços  de pau tentavam furar seu corpo no abdômem.  Saciadas, as nove se retiraram, sem falar uma palavra uma com as outras e deixaram o corpo de Maria das Graças, mutilado, sem vida ao lado do portão principal da fábrica do terror.

Caras de Pau

Caras de Pau




Tem início, na tv, a propaganda eleitoral. Pelo que se vê , logo no início,  vai ser grande o carnaval.
As emissoras de tv, sempre democráticas, disponibilizam tempos iguais para os candidatos. Respeitável público, abrem-se as cortinas para o primeiro ato. Na rede tv satisfaction, os tempos para entrevista e as perguntas foram as mesmas para todos os candidatos. Na globo old fashion os tempos foram os mesmos para todos, já as perguntas levaram em conta a orientação política da emissora. É o circo da democracia midiática, a liberdade total e equilibrada,  na produção de informações  relevantes para todas as caras. A ilha da credibilidade e da verdade continua cercada , por todos os lados, por falsas democracias, mentiras despudoradas e interesses empresariais. Inatingível para a maioria de caras mortais.  No circo das ilusões transgressoras, o trapézio é o destino para os que buscam a verdade.   Na avenida do Brasil democrático, distante, porém não diferente, da ilha da credibilidade, ficção e realidade fantasiosa forjam verdades absolutas, inequívocas, inquestionáveis. A mulher cospe fogo e o palhaço informa ao público a próxima atração. Na passarela dos delírios, onde a cultura popular explode por todos os poros, o palhaço simula um enredo. A fama da cultura transgressora, dá lugar, no picadeiro, para uma cultura de fama, fugaz, sem rosto e repleta de caras. As celebridades levam a lona ao êxtase, sem levar o êxtase fútil que proporcionam às lonas. O picadeiro se expande, e vai para as ruas, em um cortejo de democracia, cultura , transgressões e, principalmente, interesses comerciais controladores, manipuladores, verdadeiros. Arrancam-se as cortinas para o segundo ato. O circo é pequeno, não mais comporta  a força da cultura eletromagnética, desfila para o mundo revelando sua cultura, sua arte e , principalmente seu produto disponível para venda. Na antropofagia transgressora e cultural, artistas, oportunistas, mendigos , socialityes ,ladrões, jornalistas, caras, celebridades, cervejas, refrigerantes e emissoras de tv, se devoram na passarela do Brasil, onde nem sempre, ou quase sempre o que está escrito  vale, pois é astutamente manipulado, direcionado. Na ilusão do carnaval das verdades ocultas, o povo e a cultura são os que menos ganham, quando ganham algo. A propaganda eleitoral, seus candidatos, as emissoras de tv  proporcionam meios e discutem as prioridades para a vida de todas as caras da passarela Brasil. No decorrer do segundo ato, o delírio vai construindo , de forma sólida, uma cadeia produtiva , econômica e cultural  que alimenta bocas, de caras famintas por toda sorte de alimentos e moedas, gerando milhões e milhões de reais para a economia. A platéia se levanta, bate palmas e canta. As imagens do grande circo profano e místico correm por todas as latitudes e longitudes , revelando os diferentes temas, seus atos e principalmente seus produtos. O circo ganha dimensões gigantescas, não há mais lona para indicar seus limites, se reproduz por outras latitudes e faz crescer os olhos para aqueles que nada tem de saudáveis atitudes. O palhaço, de câmera em punho e microfone entre os dentes, lidera o espetáculo para que todas as caras possam ver e se ver no picadeiro da passarela Brasil. Chama o público, bate com as mãos, dança, vende cerveja, cobra ingresso , escolhe enredos, define  resultados e cria novas caras, que criarão outras caras que em breve não serão lembradas nem como caras. Do primeiro ato de limites, ao segundo de expansão, chega-se ao terceiro, de resultados. O picadeiro da passarela Brasil não mais cabe no próprio Brasil, uma boa palhaçada, ou boa propaganda, pode render muitos frutos, desde que os recursos para o gigantesco espetáculo, de fontes governamentais, , não sofram qualquer tipo de restrição garantindo, desta forma, um retorno fantástico para os donos ocultos do grande circo. Começou o terceiro ato. Candidatos a prefeito, emissora de tv, gente do carnaval, artistas, vagabundos , vagabundas, criminosos, moradores de rua, jornalistas, políticos, empresários, veados, putas, leprosos, lucianos hucks, e toda a fauna manifesta sua opinião. Deve a prefeitura financiar um enredo para a passarela dos delírios transgressores, ou seja dinheiro público, que visa fazer propaganda de um produto de um conglomerado de mídia ? E se esse produto for do conglomerado que detém a exclusividade dos direitos de transmissão do delírio circense ?  Em se tratando de uma manifestação cultural poderosa, com origem no povo, estaria o conglomerado midiático tentando minimizar a força dessa cultural, mercantilizando o delírio ?

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Caminho é o Ecosocialismo

O Caminho é o Ecosocialismo





Com o capitalismo vivendo sua crise mais grave, a grande mídia procura reforçar suas teses de uma sociedade pragmática, sem ideologias, onde o sucesso individual deve ser  a única motivação de vida para as pessoas. Tem sido assim nos últimos quatro anos, desde  que a crise  surgiu, visivelmente, no ano de 2008. Para tanto essa mídia de propaganda procura ressaltar as desvantagens das ideologias, chamada por ela de sonhos,  sem mencionar ou aprofundar um debate sobre a barbárie que se instalou no mundo com a supremacia do capitalismo , principalmente a partir da década de 1990. A nova crise agrega novos elementos , como a  crise ambiental que acaba colocando em xeque  os meios de extração, produção, distribuição e consumo, em um sistema onde  prevalece uma economia virtual predatória  que em nada contribui para um equilíbrio e ainda agrava os problemas socioambientais. "Coincidentemente" esse discurso aparece no momento em que se inicia a propaganda eleitoral gratuita , no rádio e tv, por conta das eleições municipais de outubro, eleições essas que a grande mídia aposta metade do que sobrou de  suas fichas, a outra metade que sobrou foi para o chamado mensalão, na tentativa  de conseguir plantar a oposição em prefeituras chaves para o processo eleitoral de 2014.  São Paulo, assim sendo, se tornou o carro chefe, o último trem, o último centavo, os segundos de acréscimos de uma partida de futebol, o último mexilhão da porção à vinagrete em uma mesa de quatro pessoas, a última chance de estupro em reality show da globo, a luz amarela que aparece no sinal de trânsito, a visita da saúde para quem está no leito da morte , tudo para tentar manter um ideário que agoniza no mundo,  que tem sido ao longo de dez anos repaginado no Brasil e que em alguns países da América do Sul encontra-se em avançado processo de superação.  Com uma retórica colegial e infantilizante, essa mídia vai buscar nas transformações sociais dos anos da década de 1960, a matéria prima para sustentar suas frágeis teses. Isso me remete a um momento na França de Sarkosy, em um passado bem próximo logo após sua eleição, que ao debelar uma profunda crise nos arredores de Paris, afirmou que 1968 tinha se encerrado. Uma realidade poderosa assola a direita mundial. Por aqui não é diferente, a grande imprensa insiste em comparações infantis, de épocas diferentes, com novas ideologias. A artimanha visa despolitizar a política, tenta mostrar que o exercício da política deve privilegiar os técnicos, o administrador competente, que a política é um erro a ser superado e que ideologias são sonhos irreais. Nesse folhetim de segunda os alvos são os partidos de esquerda, principalmente o PT e o Lulupetismo, expressão que pode ser compreendida com a adequação feita pelo PT-governo no caminho de uma sociedade menos injusta, menos desequilibrada, menos idiota. Ao se apropriar do passado, a grande imprensa tenta reescrever a história, em contextos incompatíveis, ignorando as ameaças que pairam sobre o planeta. Foi nos anos da década de 1960 que surgiu o movimento ambientalista com todo o arcabouço de estudos  que apontavam para graves problemas que atualmente se manifestam com mais e mais intensidade.  Ancorado por uma nova visão da ciência que contempla a interdisciplinaridade  nas abordagens científicas,  o equilíbrio socioambiental somente será possível através da cooperação justa e mútua em concordância com preceitos científicos e a ascenção de um novo socialismo torna-se uma realidade, não apenas lastreado pelo conhecimento científico, mas como o caminho justo para a maior de todas as utopias, o equilíbrio. Interessante , que neste aspecto, a grande imprensa mundial e a direita ignoram o conhecimento científico e a técnica, fazendo uso desses apenas quando de seu interesse, como para demonizar a política e políticos. Mesclando rock 'roll, sexo e drogas, temas que a grande mídia alimenta na sociedade e também deles se alimenta, os artistas de rock são figurinhas carimbadas com presença na grande mídia, uma vez que já foram cooptados e são úteis para formar novas gerações de rebeldes enquadrados na lógica do pensamento consumista. O mesmo não acontece com com outras expressões genuínas de nossa cultura, como o samba , por exemplo, onde a maioria da mídia dominante ainda alimenta forte preconceito e rejeição, principalmente para os artistas que não se curvam ao figurino bovino dominante.  Assim sendo, teremos a campanha do candidato Serra ao melhor estilo Jimy Hendrix, fumando um baseado e fazendo o gesto paz e amor, sendo apoiado por outro não menos cooptado como o companheiro Gabeira, do verde neoliberal, com direito a passeata de artistas da tv globo gritando pela paz, tudo isso ao som de Rolling Stones e Titãs. Podes crer ! Do outro lado temos o candidato do PT a prefeitura de SP, um jovem, incentivador do multiculturalismo, defensor das liberdades de expressão e religiosa e comprometido com uma ideologia que tem sido bem sucedida no país, mesmo que repaginada. Esperamos que não só Hadad, mas todos os candidatos de partidos progressistas  tragam um debate com propostas sintonizadas com a ideologia de seus partidos, visando , com seus futuros governos, transformar a realidade de nossas cidades tendo em vista os grandes desafios e mudanças estruturais que se fazem presentes, apontando para a qualidade de vida, com profundas intervenções na mobilidade urbana, priorizando o saneamento, a educação e saúde pública de qualidade, construindo, dessa forma, no local onde de fato as pessoas vivem, o caminho sólido para o ecosocialismo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Mídia Brasileira e a Terra do Pateta

A Mídia Brasileira e a Terra do Pateta





Na grande imprensa brasileira , e na mídia de uma maneira geral, é proibido falar mal dos EUA. Neste mês de agosto já foram três os casos de atiradores em cidades daquele país que causaram a morte de dezenas de pessoas.  Um tema repleto de ingredientes para análises que não aparece na mídia e, quando aparece,  tem sido tratado superficialmente, de forma simplória, com "especialistas" sem liberdade de opinião que sempre reduzem as barbáries a atos de pessoas desequilibradas. Estão em cena elementos como a facilidade que  qualquer cidadão tem para a adquirir uma arma de fogo, o constante incentivo a toda sorte de comportamento violento e agressivo produzido pela indústria cultural dentre outros fatores.  Outro assunto tabu na grande mídia brasileira diz respeito ao desenvolvimento de armamentos com alta tecnologia de robótica, que os EUA vem utilizando em uma crescente assustadora para matar pessoas inocentes, criminosos , suspeitos de terrorismo, ativistas de direitos humanos, ou mesmo pessoas que possam gerar uma  antipatia a primeira vista aos operadores de tais barbaridades tecnológicas. Para isso se utilizam da cyber espionagem, de aviões não tripulados com mísseis, nanorobôs de disseminação microorgânica, nano equipamentos de escuta e geração de imagens, micro fontes de radiação ionizante, dentre outras tecnologias. Um cardápio repleto de elementos para se entender a ofensiva imperialista, autoritária, sem precedentes nem nos delírios de Hittler, mas que na grande mídia brasileira, quanto tratado, aparece com tonalidade romântica/evolutiva/tecnologica, ao melhor enredo de guerras nas estrelas, por exemplo. Um outro assunto que  não pode ser abordado na mídia das seis famílias, diz respeito as epidemias do "admirável mundo  contemporâneo", como o sedentarismo, obesidade, estresse, desalinhamentos cognitvos, que no caso da terra do super-homem e  homem aranha vitimam a maioria da população daquele país, tendo como princípios organizadores os hábitos de vida, estilos de vida, fontes de informação diária, falta de contato com a realidade interna de cada um, alimentação industrializada pobre em nutrientes, cultura de massa infantilizante e idiotizante, sucesso enquanto acumulação máxima material, etc... Ainda, um outro assunto diz respeito a um dos principais pilares da propaganda capitalista do país livre, que é a própria democracia.  No país das liberdades plenas , só podem almejar a participação, com chances reais, em um processo eleitoral  os grandes endinheirados. Dois partidos, que mais se parecem como gêmeos siameses, trocam o poder para que os interesses das corporações que comandam o país, possam ser atendidos, em função do tempo de acumulação de riqueza disponibilizado para cada grupo. Ainda , no país livre, qualquer cidadão americano pode ser preso baseado apenas por suspeitas subjetivas sem qualquer acusação formal e sem direito a defesa. O pior , entretanto, para os cidadãos americanos ou de qualquer parte do planeta, é a autonomia do estado americano para decidir matar quem bem entender. Mais uma vez um cardápio repleto de ingredientes para análises sobre o ocaso da democracia na terra da estátua da  liberdade do sistema financeiro. Todos esses temas , e outros mais , são tratados de forma enviesada pela mídia brasileira das seis  famílias.  Essa mesma mídia, que defende a democracia e a liberdade de expressão, tem por princípio talhar as informações, retirando das mesmas não apenas rebarbas, mas conteúdos significativos e relevantes para a informação em um regime democrático. Essa mesma mídia das seis famílias  comporta-se como um polo de disseminação , divulgação e defesa  da cultura  do país da mulher maravilha, reproduzindo as mesmas opiniões da mídia dominante da terra do mickey mouse.  Se não bastasse , a mídia brasileira ainda incorpora, através de seus conteúdos, a estratégia do país das estagiárias no tocante as  sucessivas tentativas para impedir que o Brasil, e também todos os países emergentes, possam se desenvolver, em ciência, tecnologia, cultura, conhecimento, e com isso alcançar uma maior autonomia em todos os ramos do saber.  A firme crença americana de que o mundo não pode mais comportar novos países com o mesmo grau de desenvolvimento dos EUA em áreas sensíveis para uma soberania plena, também é incorporada e assimilada pela mídia das seis famílias brasileiras que não poupa  recursos e esforços para perseguir governos trabalhistas e progressistas, sendo que , se necessário for, organizar ações para derrubar tais governos, como ocorre no Brasil e em outros países da América  latina. Assim sendo, a informação por diferentes pontos de vista  fica profundamente comprometida, e , o povo brasileiro, ainda, é obrigado a engolir a s medíocridades midiáticas produzidas, ou melhor, reproduzidas pela mídia das seis famílias.