terça-feira, 22 de maio de 2012

A Imprensa Jurássica

A Imprena Jurássica



Os jornais impressos diários, de amplo espectro, estão em extinção. Quando chegam as bancas, todo o conteúdo que apresentam já foi amplamente discutido e debatido, principalmente no domínio da internete. O que acontece agora, 12:08h de terça- feira, e se for notícia, amanhã , quando sair em um jornal é passado. Isso é fato. Os jornais impressos diários não devem desaparecer mas irão buscar a especialização de conteúdos. O jornalismo de tv, que prioriza as imagens como notícia, parou no tempo, parou no espaço e até mesmo no espaço-tempo. Com um formato de apresentação das notícias, que sempre inclui um casal de apresentadores simpáticos, que cuidadosamente trabalha o gestual dos apresentadores para evitar compreensões indesejadas pelos editores, ganhou um formato de vídeo clip. Não existe espaço para reflexão, tamanha é a velocidade com que são apresentadas as notícias. Os apresentadores produzem gestos compatíveis com o entendimento que a edição deseja. Gestos livres, com muito movimento do corpo, levam a inúmeras interpretações pelos telespectadores, desde que , o apresentador esteja falando a verdade. Como na grande imprensa, a verdade não existe, é obra de ficção, romantismo de saudosistas, tudo é devidamente preparado para colocar na cabeça das pessoas o que a empresa de tv deseja. Via de regra, o tronco do corpo dos apresentadores não produz movimentos. Apenas braços, mãos e expressões faciais são cuidadosamente usadas. Os movimentos do tronco, região pélvica, e pernas, dizem muito sobre o conteúdo da fala, sobre a sexualidade da pessoa e sua maturidade. Uma corridinha , um apressar de um passo, falam muito. Quando se é sincero e maduro, esses movimentos se transformam em pontos favoráveis para o orador, pois a assertividade se faz presente na apresentação. Grandes oradores sabem como falar e se movimentar bastante em público , e com isso obter excelentes resultados. Propositalmente nada disso acontece com telejornais, estejam os jornalistas de pé ou sentados escondidos pelas mesas. Esse formato se esgotou, tanto que em alguns países já se tenta apresentar os telejornais com o jornalistas de pé, o que não muda muita coisa , pois a manipulação da informação é o que comanda as edições. A tv , assim como os diários impressos, perde também para a internete, não apenas pela velocidade na rede, mas , e principalmente, pelas múltiplas abordagens da notícia e espaços para debates. E de fato é o que se observa. Os telejornais envelhecidos, como o jornal nacional da tv globo, vem perdendo audiência ao longo dos anos. A quantidade de versões , opiniões e abordagens de um acontecimento, assim como o tempo para digerir e voltar ao assunto fizeram da internete um amplo espaço para debates e, ao mesmo tempo, dos telejornais, um ridículo teatro da informação. Por último o rádio. Com a agilidade de se colocar no ar uma notícia, o velho rádio ainda ganha dos impressos e da tv, no tocante ao furo, aos debates e detalhamento do fato. Perde, claro, por usar somente o áudio. Na internete  áudio, video e texto se harmonizam, em múltlipas vozes, o que certamente faz da rede o campo mais avançado para a busca das informações, esclarecimentos, pesquisas, debates e entretenimento. Devido a esse momento, o desespero vem se manifestando nos veículos de nossa grande mídia, mundialmente conhecida como PIG. Desmascaradas em suas armações, orientação política, mentiras, crimes em quadrilha, elegeram os portais da internete e alguns blogues como seus inimigos, fato que revela a importância desses portais e blogues na apresentação de notícias, opiniões relevantes e espaços de debates. O PIG, atrasado, ultrapassado e tentanto se agarrar em uma hegemonia cada dia mais corroída, perdeu sua vez. A sociedade não pode mais conviver com montadores de factóides, cozinheiros de fatos, atores da notícia. O debate e criação de novas regras para os meios de comunicação não pode esperar. O abre alas da nova realidade das comunicações  não pediu passagem  e  desfila alegremente diante do desespero dos dinossauros midiáticos.



Nossa imprensa esportiva...

Estávamos no ano de 1993. A seleção brasileira, que na tv que detêm a exclusividade das transmissões é conhecida como Brasiiiiil entrava em mais uma eliminatória para a copa do mundo de futebol. Vinte e três anos do último título mundial de 1970, deixavam nossa alegre, empolgada e animada imprensa preocupada com tamanho jejum. O Brasiiiiil  caiu nas eliminatórias em um grupo com Uruguai, Bolívia , Equador e Venezuela com duas vagas para a copa. Barbada!, diziam nossos animados especialistas . No jogo contra a seleção do Equador, que até então nunca disputara uma copa, em Quito, nosso Brasiiiil, comandado por Carlos Alberto Parreira, adotou uma postura defensiva e de respeito ao adversário, esperando o momento para o bote. Na tv, o narrador da partida, com sua equipe de respeitados comentaristas, demonstrava profunda irritação pelo comportamento da equipe brasileira. Dizia ele:
- narrador: O Brasiiiiiil não pode jogar assim. Somos tricampeões do mundo. Temos que agredir o adversário. Aí, o Brasiiiiil está com medo. Esse time do Equador tirando onda com a gente. Esse jogadorzinho do Equador..... Bate nele.
- comentarista de arbitragem: ele está provocando nossos a atletas.
narrador: ele é folgado. issso é porque o time deles está empatando como o Brasiiiiiil . Se esse time do Brasiiiiiiil jogar asssim está arriscado de não se classificar para a copa do mundo e, caso classifique não vai ganhar nada.
A seleção brasileira de futebol, ao final das eliminatórias se classificou em primeiro lugar no seu grupo, tendo a seleção boliviana ficado com a segunda vaga. Na copa do mundo, em 1994, a seleção brasileira ganhou a competição sagrando-se tetra campeão mundial de futebol. Nosso narrador da tv com exclusividade nas transmissões de futebol, ficou empolgadísssimo com a conquista do Brasiiiiiil. Ao seu lado, na naração estava Pelé como comentarista. Ao se confirmar a dramática conquista do titulo, comemorada com um penalty que o  adversário bateu para fora, nosso narrador agarrou Pelé pelo pescoço, deu-lhe uma gravata, e com gritos intensos dizia;
- é tetra !!! é tetra "!!!! é téééééééétra! é tééééééééééééééétra!
 Uma imagem registrou a cena  e mostrou os demais profissionais de imprensa assustados com a comemoração de nossa alegre, empolgada e animada imprensa. O mesmo narrador que disse que o Brasiiiiiil não iria ganhar nada, naquele momento vibrava com a conquista. Conquista que certamente assegurou melhores índices de audiência na emissora que detêm a exclusividade das transmissões de futebol, melhores audiências de programas esportivos, maior interesse das pessoas por futebol, mais  jornais sendo vendidos, e consequentemente mais verbas de patrocínio para os jornais, tv e rádios. Verbas que também garantiram o emprego  de muitos   profisssionais de nossa animada, empolgada e alegre imprensa esportiva, para que eles pudessem seguir falando e escrevendo as asneiras de sempre.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Verdades e Passos

Verdades e Passos


O país assiste estarrecido a podridão que brota, diariamente, dos dados apresentados pela CPMI que investiga a atuação da quadrilha formada pelo crime organizado, políticos e a imprensa. Todos aqueles comprometidos com o avanço da democracia querem a verdade dos fatos, doa a quem doer. Verdade também é o nome da comissão que a presidenta Dilma instalou para apurar o que aconteceu no período da ditadura militar. A sincronicidade se faz presente. O tema, a verdade. Os abusos e crimes cometidos pela  quadrilha cachoeira não estão dissociados da verdade, que ainda não se fez presente, que a comissão irá apurar. Como afirmou em seu discurso na instalação da comissão, a democracia se constrói passo a passo, em uma longa caminhada, para que se conheçam os homens. " Para conhecer um homem é necessário calçar suas andálias usadas na caminhada " Um sábio provérbio dos índios xavantes da América do Norte. Mais um passo do grande passo que começou com a chegada de Lula a presidência em 2003. O governo Dilma, assim avança, como já o fez na questão dos juros bancários, em novas políticas para erradicar a pobreza, passo a passo, no caminho da verdadeira democracia. Um outro passo , sem o qual as liberdades democráticas não avançam , diz respeito a regulamentação dos meios de comunicação no país. Fica claro, para todos, que a imprensa é parte atuante nos crimes cometidos pela quadrilha cachoeira. O que se chama de fonte, cria armadilhas para incriminar adversários, com a participação  da imprensa. Se não bastasse o envolvimento da revista veja, todos os demais veículos da chamada grande imprensa, com raríssimas exceções , reproduziam as armações, sem nenhuma abordagem crítica. Com isso, diversos servidores públicos foram acusados de crimes, pelo bloco da imprensa,  sendo demitidos por conta da pressão exercida, sem que fossem apresentadas provas objetivas. Tudo isso vem a tona, no momento. Momento de verdades,  momento de passos, momento de consolidar a democracia. Assim sendo  o próximo passo é a regulamentação dos meios de comunicação, de maneira que as liberdades de expressão e opinião sejam restauradas, que os veículos de imprensa cumpram o papel que de fato, e de direito, lhes cabe na sociedade. O país não pode conviver com a brutal e criminosa concentração de poder dos meios de comunicação, que em duas décadas, em função daquela que seria a nova ordem mundial, assumiram o papel de defensores dos interesses dominantes, não dando margem ao contraditório, manipulando os fatos, distorcendo a realidade e, agora, diante das provas irrefutáveis, comprovam aquilo que corajosos meios de comunicação , principalmente na internete, vem afirmando há anos, ou seja, a imprensa mente. Se não bastassem as mentiras, estratégias foram utilizadaas para derrubar governos democraticamente eleitos, confundir e embaralahar as percepções das pessoas e ainda, consolidar a eleição de seus escolhidos. Verdades e passos. Calçar as sandálias dos caminhantes será um trabalho árduo para as comissões instaladas e outras que virão, porém esperamos, e também participaremos , para que a ordem seja reestabelecida e tais acontecimentos, sejam  plenamente conhecidos e varridos para sempre. E ainda, que os culpados sejam exemplarmente punidos.



Nossa imprensa esportiva....

Estávamos na metade da década de 1970. Um jogador do Flamengo, jovem,  com um futuro promissor, apontado como uma nova estrela do futebol , veio a falecer. Internado em uma clinica no bairro de ipanema, no Rio de Janeiro, para uma corriqueira cirurgia de extração de amígdalas, faleceu por conta de uma reação alérgica ao anestésico. A notícia correu rápido e a nossa imprensa, sempre pronta para trazer as informações precisas, dirigiu-se ao local. A rua Farme de Amoedo, local da clínica. ficou congestionada e logo o local foi interditado ao tráfego. Acostumados com o jargão médico no âmbito esportivo, nossa imprensa , sempre insinuante assim se manifestou em uma emissora de rádio carioca;
-âncora : o que você tem aí ?
-repórter: realmente um fato lamentável. O atleta faleceu  logo após receber o anestésico
-âncora : o que houve ?
-repórter: não se sabe ao certo. segundo a coletiva dos médicos, o atleta recebeu uma injeção com o anestésico e começou a se sentir mal. Entrou em coma e logo faleceu. Segundo os médicos pode ter sido por causa de contaminação do anestésico, ou do frasco que acondicona o medicamento ou até mesmo da seringa usada. Entretanto acreditam que foi uma reação alérgica , raro, porém possível.
-âncora: que coisa !! Teria sido algo como um choque alérgico, é isso ?
-repórter: exatamente. Um choque que no jargão médico é chamado de choque profilático. Uma fatalidade. Lamentável.
âncora: É verdade.

choque profilático ????

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Encontros Cariocas - 1 Insano Mundo Novo

Encontros Cariocas - 1     Insano Mundo Novo




Entrava em um restaurante, na Praça Mauá, no centro da cidade do Rio de Janeiro, quando sinto alguém segurando meu braço. Olhei rapidamente para a pessoa e vi um rosto familar. Fiquei parado tentando me lembrar e ele me perguntou:
- e aí, perdeu a memória ?
- Carninha !!, respondi com alegria.
Carninha é um grande amigo. Passamos bons momentos no ano de 1982  na Brizolândia. Eram reuniões e mais reuniões para debater o cenário político e criar agitações para colocar o Brizola no governo da estado. Sempre depois das reuniões tudo mundo ia para um bar. Carninha, alto e bem gordo, com quase 150 kg, era o primeiro a sugerir algo para comer. Sempre sugeria uma carninha, fazendo um gesto com as mãos que imitava uma faca tirando um filé de um suculento churrasco. O apelido pegou. Seu nome é Leôncio da Silva Albuquerque, mas todo mundo conhecia como Leo Carninha.
- não consegui reconhecê-lo de imediato. Você emagreceu bem. É outra pessoa.
- nada disso. continuo o mesmo , apenas eliminei depósitos de lipídeos. falou e deu uma gargalhada.
Carninha era uma pessoa bem humorada e extremamente culto . Era psiquiatra e psicanalista. Quando o conheci trabalhava em um hospital psiquiátrico.
- e o trabalho ?
- me aposentei pelo hospital e atualmente tenho apenas meu consultório. Trabalho só dois dias por semana.
- até o trabalho ficou mais leve, perguntei rindo.
- é verdade. lá era barra pesada, meu caro. Lembra do Teo ?
- aquele teu amigo , também psiquiatra.
- ele mesmo. o que houve com ele ?
- pois é, você falou em barra pesada e o Teo pirou. Já estava achando que ele andava meio estranho quando se converteu àquela religião. Não pela religião propriamente, mas o movimento dele em direção a religião já anunciava alguma coisa. Em uma certa ocasião lá no hospital, uma paciente adulto e inofensivo, resolveu fazer uma barquinho de papel e ficou brincando com o barco no pequeno lago  da entrada. Quando Teo se aproximou, o paciente falou que aquele era o titanic. Teo , para surpresa de algumas pessoas , disse para o paciente que aquilo não era o titanic, pois o titanic tinha chaminés. O paciente falou que era o titanic sim. Teo iniciou uma discussão dizendo que não pois insistia nas chaminés. De repente, Teo pegou o barquinho, rasgou, amassou e pisoteou o que sobrou do papel. O paciente entrou em crise nervosa e partiu prá cima do Teo. Os seguranças conseguiram agir e evitar uma briga. Depois dessa , Teo foi chamado pela direção e sugeriram que ele se aposentasse, pois já tinha tempo suficiente de serviço. E foi o que aconteceu. Mas não parou por aí. Depois de aposentado se tornou pastor na igreja dele. Em um dos cultos, em um procedimento de exorcismo para retirar um diabo de uma pessoa, ele agiu com violência e feriu feio a cabeça de uma mulher. Outra confusão. Os familiares da vítima , supostamente tomada pelo demônio, não gostaram do que viram e o caso acabou numa delegacia de polícia. O delegado, um sujeito experiente e vivido, pois por ali passam deliquentes, descompensados , psicopatas, se assustou com a versão contada pelo Teo. Teo disse que agiu com um pouco de força porque viu nos olhos da mulher a presença do diabo, inclusive com fumaça saindo dos ohos. O caso não deu em nada, mas o delegado ficou mais assustado quando soube que ele era psiquiatra.
- é, muito estranho. Que tal se sentásemos ali, vou comer algo, sugeri.
- vamos lá.
- tem algum problema se for ali perto da chaminé das carnes ?
- isso é com o Téo, falou rindo. E tem mais. Outro dia fui visitar os colegas lá no hospital  e eles me disseram que o problema do Teo é excesso de sana.
- como é que é ? Sana significa sanidade, saudável, saúde. Excesso ???
- foi uma brincadeira. Eles criaram uma doença pro Teo por conta das chaminés, fumaça e brinquedos. Sana, seriam as iniciais de síndrome da ausência natalina adquirida, algo como reflexo de um trauma de infância no período natalino.
- não teve papai noel com brinquedo descendo pela chaminé , perguntei
- é por aí. É meu caro, as pessoas tem uma idéia equivocada sobre os médicos. Isso que aconteceu com Teo é muito comum entre médicos. Tem hora que não seguram a barra. Quando alguém procura um médico , normalmente é por conta de alguma doença, e doença sempre fragiliza a pessoa. Diante do médico, o paciente frágil deposita suas esperanças. Para ele, aquela figura de branco tem o poder sobre a vida e a morte. Com isso confere ao médico uma aura de poder e força, mas na realidade não é bem assim. Nós também temos os mesmos problemas, mesmo treinados para entender as angústias do outro. Chega um dia que a barra pesa. Um amigo meu, que você não conhece, trabalhou trinta anos como médico legista no IML. Passou a vida serrando crânio, metendo concha dentro do corpo para retirar sangue, enfiando as mãos para retirar órgãos, analisando matéria sem vida. Encontrei com o filho dele e perguntei sobre o pai. O filho disse que o pai tinha se aposentado e vivia em uma casa de campo. Disse que o estava achando meio estranho, pois o pai passava a maior parte do dia plantando, cuidando  e conversando com flores.
- dá prá entender, comentei.
- pois é.mudou radicalmente quatro das cinco referências sensoriais. O que tocava, o que via, o que ouvia e o que cheirava.
- trocou a morte pela vida. Não tá nada doido, disse.
- será ??? O que ele acumulou durante os anos de trabalho ? Talvez esse novo comportamento possa ser passageiro, fruto de algo que ele não mais aguentava, sonhos, reações. De qualquer forma ele trocou o morto e o feio, pela vida e o belo.
- mas vamos mudar de assunto. me fala como você perdeu tanto peso ?
- pois é. Lembrei de você várias vezes nas reuniões na Brizolândia. Na época achava que você era um pouco radical com suas obsessões de nutrição e saúde, mesmo porque éramos bem jovens. Não entendia suas preocupações como equivocadas, apenas um tanto obsessivas. Então. Um dia , já estava com quase 170 Kg, respirando mal, sem agilidade resolvi mudar. Fiz uma cirirugia de redução de estômago, mudei radicalmente meu hábitos alimentares.
- mas não abandonou a carninha, não é ?
- claro que não. mas só como carne vermelha , no máximo uma vez por semana. e , também, fui reeducado para comer pouco e com qualidade. O resultado é esse. Perdi quase 80 kg, hoje tenho um  índice de massa corporal dentro dos limites saudáveis, e , melhor, tenho saúde, alegria. Aquele tempo, nunca mais. Era dificuldade para tudo, ônibus, avião, roletas. O mundo não é feito para gordos.
- mas o mundo incentiva e cria condições para que as pessoas fiquem gordas e obesas, não é ? Como é que fica ?
- você continua cortante como um bisturi, hein ?
- é verdade. Se você prestar atenção nos comerciais de alimentos e  bebidas que saturam as  telas de tv, verá que só se incentiva porcaria. Refrigerantes, biscoitos vagabundos, carnes gordurosas,  embutidos, doces, bebidas alcoólicas, fast food. São alimentos de baixo valor nutricional e altamente calóricos. E o que acontece ? Surgem, então, os programas de tv para educar as pessoas em hábitos saudáveis. É comum , nas manhãs, programas com médicos, e são muitos inclusive com desenvoltura de apresentadores de programas de auditório, ensinado como viver melhor. Quando chamam o intervalo comercial, a propaganda de alimentos sugere o oposto. O mesmo em novelas. Essa novela para adolescentes da tv globo, quando coloca cenas de alimentação , põe os jovens comendo sanduiches com refrigerantes em praças de alimentação de shoppings centers.
- essa novela é uma putaria e pegação entre crianças, comentei.
- também tem isso. Então. Aparece o médico e depois o monstro. Os médicos de tv, nesses programas  aproveitam para apresentar medicamentos que possam combater males da obesidade.
-- Hummmm. Propagandistas midiáticos. Nova modalidade de propagandistas de laboratórios farmacêuticos ?
- Isso aí. A força desses segmentos , alimentícios e bebidas, impõe as mídias os estilos de vida  desejados por eles e, esses estilos nada tem de saudáveis.
- os médicos do programa fazem um teatrinho de saúde, não é ?
- é isso aí. O lucro dessas empresas tem que crescer cada vez mais, é a lógica do modelo capitalista. Por outro lado, os lucros com a doença também tem que crescer cada vez mais. Se uma pessoa  é intoxicada pela ingestão de metais pesados, comum nos dias de hoje por conta de contaminação dos mananciais hídricos, todo o foco na mídia é para o tipo de tratamento médico a ser seguido. Pouco, muito pouco se fala sobre o que motiva a contaminação.
- o capitalismo e suas práticas não podem ser questionadas, comentei.
- exato. banaliza-se a poluição ambiental e a contaminação de solos e recursos hídricos. colocando o foco no tratamento. Nas propagadas de ofertas de supermercados, comuns nas tvś, raramente aparecem ofertas de frutas , legumes , verduras ou alimentos saudáveis.
- só produto industrializado, comentei.
- exato. A quem interessa esse estilo de vida ?
- a mim nunca interessou.
- mas a maioria das pessoas não percebe e acredita que isso é o certo, saudável, porque as mídas fazem parte do esquema do lucro e saturam todas as pessoas com suas falsas verdades.
- e se você questiona, é rotulado como maluco.
- é uma outra questão. Nada pode ser questionado. Com a ascenção e hegemonia do neoliberalismo, a partir da década de 1990, começou-se a criação de  padrões. Padrão de consumo, padrão na economia, padrão de entretenimento, padrão de comportamento, padrão de relações interpessoais. Qualquer idéia fora dos padrões deve ser combatida e eliminada, e a mídia está aí, também para fazer esse papel. Por que Cuba é perseguida? Por que é uma outra experiência, diferente dos padrões homogneizados,  não pode florescer, não pode ser um exemplo bem sucedido. Nada pode ser diferente do capitalismo neoliberal. Essa conversa de bolqueio por conta de violação de direitos humanos é balela. Os direitos humanos estão sendo corroídos, em larga escala no mundo capitalista e ninguém, no caso a grande imprensa e mídias, fala em defendê-los. A obesidade é uma grave epidemia mundial. Está associada aos valores do capitalismo, do sucesso pessoal ( se tenho dinheiro como sem parar o que quiser ) do hedonismo.
- a gula é um dos sete pecados capitais, comentei
- pois é. No tocante a esse pecado a Igreja faz vista grossa para não contrariar os lucros das empresas. Mas acusa de crime e pecado, políticas a favor do aborto.
- é a tal história de se ajustar aos padrões, comentei.
- é verdade. O neoliberalismo criou um estreitamento na produção intelectual, de idéias, no entretenimento, nas artes e óbvio na economia. Quando existiam os dois polos, capitalismo e socialismo, a amplitude era bem maior. Atualmente essa padronização, para blindar um modelo que já agoniza, tem criado sérios problemas nas relações interpessoais. O aumento da violência , da intolerância são decorrentes desse estreitamento produzido pela propaganda neoliberal. Nada pode ser diferente. Isso tem dsdobramentos nas religiões e no conflito religioso, pois todas, de alguma forma, também querem a hegemonia. Ontem, mesmo presenciei uma discussão, em um bar entre duas pessoas. Um deles dizia pro outro que era importante que ele aceitasse Jesus em sua vida. O outro dizia que nunca tinha duvidado de Jesus. O primeiro insistia que ele estava equivocado e que no momento do julgamento ele teria que aceitar e seria punido. Por pouco não saíram no tapa por causa de um provável verdicto oriundo de notáveis de um tribunal na esfera celeste, pós morte.
- iriam brigar por isso, comentei.
- quer expressão maior da irracionalidade que nos rodeia. As pessoas não são estúpidas ou burras . Eles estão dominadas e eclipsadas por um grande sistema, com o apoio das grandes mídas, que tem por objetivo ditar regras e padrões em prol dos interesses das grandes corporações. Assim a intolerância vai aumento, o mesmo com a violência nas relações  interpessoais, pois o espaço para opiniões e idèias é cada vez mais estreito. Minha esperança são as mídias sociais, que de alguma forma, conseguem quebrar essa barreira.
- nós conhecemos o enredo é já vimos esse filme antes. O estreitamento começa no campo das idéias, avança com xenofobia, depois com racismo, depois são os pobres, mais adiante os velhos e doentes, depois os negros, depois todos aqueles que não fazem parte da religião dominante, não é ?
- essa é exatamente a realidade que vivemos. Agora, você acredita que a maioria das pessoas percebe a realidade dessa maneira ? Estão sendo conduzidos. O entretenimento , o esporte são estratégias para condução, quando deveriam ser caminhos para cultura, conhecimento e formação de pessoas.
Nossa refeição acabara de chegar. Fizemos uma pausa para o almoço. Olhei , de relance pela janela do restaurante, e vi um transatlântico ancorado no pier da Praça Mauá. Ele tinha três chaminés.



Nossa imprensa esportiva...
Estávamos no ano de 1969 ( acho  ) O jogo, amistoso, acontecia entre a seleção Brasileira e seleção inglesa, atual campeã do mundo, em pleno maraca lotado. Na época , nossa alegre , animada   e sempre empolgada imprensa esportiva, discutia diariamente os rumos do futebol. Com a derrota do Brasil na copa do mundo de 1966, surgia a tese do futebol força, com velocidade, muitos músculos,  ou como dizia Nelson Rodrigues, o touro búlgaro, referindo-se ao futebol europeu da época. Muitos diziam que nosso estilo de jogar futebol estava ultrapassado e que deveríamos partir, também ,para a força. No jogo os ingleses fazem 1x0 , Nossa seleção empatou , virou e venceu por 2x1. Um dos gols brasileiros foi marcado pelo genial Tostão. E foi um gol atípco. O jogador estava caído, sentado, na área inglesa e mesmo assim girou as pernas para chutar e colocar a bola dentro das redes. Fez tudo isso sentado. Esse gol motivou um comentário, empolgado, sobre o nosso estilo dejogar, como sendo o mesmo o mais criativo. Vamos lá:
-comentarista : Sensacional ! Esse é o futebol brasileiro. Estamos todos, durante anos, discutindo os destinos de nosso esporte favorito. Alimentando ideais estranhos a nossa origem a nossa arte maior. Escuto, e não aguento mais ouvir, especialistas dizerem que temos que mudar. Mudar para o quê ? Para a burrice, para a força burra. Somos brasileiros, temos jogo de cintura, ginga, malandragem, jogo de corpo. Temos a arte do drible, da boa molecagem, da improvisação da flexibilidade , da volatilidade, da maleabildade. Eles que devem aprender conosco. Esse gol é a prova de nossso talento único.
narrador : Muito bem !!!!


volatilidade ?????

terça-feira, 8 de maio de 2012

Rio de Janeiro - 8 Terra Brasileira

Rio de Janeiro - 8      Terra Brasileira


  foi no Simpatia que eu te conheci
 e desde esse dia nunca tiva paz
 esperei um ano para ver meu país
 de amarelo e lilás
 quem dera fosse uma novela o ano que passou
 mas vai ser pior, vai ficar muito pior
 quem dera eu tivesse um avião particular
 para me refugiar em Seychelles ou em Maceió
  e de lá só voltar no carnaval,
  para desfilar no Simpatia é Quase Amor
 prá te amar e festejar e esquecer toda nossa dor.

 Os versos são parte da letra do samba de enredo de um dos mais  tradicionais blocos de carnaval do Rio de janeiro. O ano foi 1990. Golpeado pelos inúmeros acontecimentos da cena política, nacional e internacional, o Simpatia cantou sua dor. Reduto de uma  ilha intelectual de uma  Ipanema na época já conservadora, o samba falava da frustração pela derrota nas eleições presidenciais de 1989. Também, em 1989, em plena campanha eleitoral, assistimos a queda dos regimes socialistas. Sem medo de ser feliz se transformava em uma alegria dolorosa no desfile daquele ano. A manipulação escandalosa do último debate entre os candidatos a presidência, elaborada cuidadosamente pela tv globo para favorecer o candidato dos Marinhos, ainda era um assunto que reinava nas ruas , areias, baterias e botecos. Um misto de perplexidade e revolta tomava conta de todos, mas uma certeza de que o pior ainda estaria por vir, era algo assustador. E de fato o pior aconteceu. Como de costume, a sociedade sempre turvada pela discurso midiático, festejava o seu próprio fracasso, acreditando em dias fantásticos. Nós, naquele momento, éramos os dinossuros, a esquerda delirante, os pessimistas, os ultrapassados. Os anos de 1990 e 1991 foram de profundas costuras, ajustes, acúmulos de forças. Mas com o passar dos anos , mais uma vez não estávamos errados, ou melhor acertamos. A década de 1990, com todo o repertório do delírio neoliberal, esfacelou o estado brasileiro, reduziu as conquistas trabalhistas, nublou a esperança, trouxe o retrocesso. Não foi apenas o bloco de Ipanema que retratou pela arte o que acontecia. Nas telas de cinema, o longa, Terra Estrangeira, retratou o sofrimento de famílias com as políticas do início daquela década. Ainda nas telas, o curta, Átimo, também falava da esperança e tristeza daqueles anos. Vale ressaltar que a grande imprensa brasileira sempre esteve ao lado dos governantes com suas políticas nocivas ao povo. Ocultando, manipulando, mentindo, editando, e , pasmem, até pondo fim na História.  Vinte e dois anos daquele triste carnaval de 1990, ou 22 rosas depois , como citou um colunista de Carta Maior, o mundo vê uma realidade bem diferente. A derrota, nas urnas , do modelo econômico, na Europa, a realidade descolada da América Latina,  apontam outros caminhos. Enquanto isso, por aqui, a direita e a imprensa sofrem grandes derrotas, não apenas pelo sucesso dos governos de Lula e Dilma, mas por terem sido desmascaradas, em crimes de corrupção, formação de quadrilha, dentre outros, Ficou claro, até para os turvados, a necessidade de uma profunda reforma nas regras de comunicação do país de maneira que se possa ter uma imprensa confiável, plural , democrática e livre. Sim, as poucas famĺias que dominam os meios de comunicação do país, não querem a liberdade de vozes. Ainda temos denúncias bombásticas de crimes do período da ditadura militar, onde os personagens da imprensa também se fazem presentes como criminosos. A hora para passar a limpo e enterrar esse passado golpista e essa imprensa anacrônica é agora. Certamente, as vejas , folhas , globos e outras coisas nocivas a sociedade brasileira, no próximo ano, cantarão:
" quem dera fosse uma novela o ano que passou
  mas vai ser pior, vai ficar muito pior"



Nossa imprensa esportiva...

O fato aconteceu no final da década de 1960 ou início da década de 1970. Acredito que foi no final de 1960. Necessário confirmação.
O jogo era entre Bangu e vasco, mas também necessita confirmação.
O personagem o goleiro do Vasco, que também necessita confirmação. Acredito que seu nome era Valdir. Já os fatos são exatamente a realidade. O jogo corria morno e desinteressante  quando o goleiro do Vasco, resolveu repor uma bola em jogo.  Como de costume , os goleiros seguram a bola com uma das mãos e arremessam para um companheiro de equipe. Foi o que fez o goleiro Valdir. Acontece que quando ele já estava no procedimento de arremessar a bola , ele, Valdir, identifica um adversário próximo ao  atleta que receberia a bola. Valdir resolve abortar o arremesso. Entretantanto, como já estava adiantado, ele gira o braço , com a mão que segurava a bola, em direção ao seu próprio corpo fazendo com que a bola saia de sua mão e caia dentro de seu próprio gol. Uma tragédia. Uma cena patética. Nossa imprensa esportiva, de uma emissora de rádio, assim comentou:
narrador : O que é isso ? Ele jogou a bola prá dentro de seu próprio gol?
                   Eu, hein ! Tem coisa aí.
repórter  : Impressionante ! Nunca vi nada igual. Ele foi repor  a bola 
                em jogo, mas parece que não viu o adversário. Quando
                percebeu o adversário ele resolveu voltar. Se desequilibrou
                e acabou jogando a bola para trás, dentro de seu gol.
comentarista : Exatamente. Foi um desequilíbrio. Ele recebeu um 
                comando cerebral para executar uma tarefa . Organizou as
                ações e colocou em prática .Durante a execução das ações
                ele recebeu um outro comando cerebral para interromper ,
                   porém, como já estava adiantado no primeiro comando,                         se desequilibrou. Uma fatalidade.
narrador :Perfeito! Mas dava prá você fazer um resumo para os nossos
               ouvintes ?
comentarista : Imagina um carro. Você entra, liga a chave, dá a partida.
                Engata uma primeira e acelera com vontade. Aí você percebe
                que é obrigado a freiar. Mete o pé com força no freio. O carro
                derrapa para o lado. Foi o que aconteceu.
narrador : Agora sim ! Como o ouvinte entendeu, o goleiro do Vasco
                perdeu o freio.


entendeu ????   perdeu o freio ?????      

  
      

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Incinerados com Açúcar e sem Afeto

Incinerados com Açúcar e sem Afeto



Já se vão alguns anos do lançamento do filme , O Que É Isso Companheiro ?, baseado em romance de mesmo nome. O filme contou com diversos atores  que ficaram marcados por participações em programas humorísticos da tv globo. Esses atores, no filme em questão, representavam papéis de jovens militantes que lutavam contra a ditadura militar dos anos de 1960 e 1970. Assisti ao filme, no cine Leblon, no Rio de Janeiro, na companhia de duas amigas. Sala lotada e para minha surpresa, uma parcela da platéia dava gargalhadas, onde não conseguia encontrar qualquer graça. Por outro lado, uma mulher na poltrona atrás da minha, chorava copiosamente, chamando a atenção das pessoas próximas. Minhas amigas, uma séria e atenta, e a outra comendo pipoca, produzia risadas  ao ponto de levantar as pernas. Naquela confusão de percepções , emoções e sentimentos opostos, me concentrei no filme, pois já tinha lido o livro, e também nas reações do público. Ao término da sessão as expressões do público variavam da alegria, predominante entre os mais jovens, a tristeza profunda no caso entre os mais velhos. Guardei aquelas vivências. Dias depois, lendo os críticos de cinema e os iniciados na sétima arte em alguns jornais reuni alguns elementos para entender o comportamento da platéia. Diziam os críticos e iniciados: " a escolha, pela direção, de atores com perfil humorístico, representando os militantes da luta armada, foi interessantísssimo para o bom andamento da trama. Estiveram perfeitos em seus papéis e, certamente devido ao excelente laboratório que fizeram, representaram muito bem os militantes daqueles anos " Como não sou crítico de cinema e muito menos iniciado na sétima arte, vi exatamente o oposto. Os atores da tv globo, em nenhum momento retrataram o perfil de um militante. Seus personagens, carregados com a marca humorística de seus atores, foram totalmente indequados para os papéis, já que alguns são , ao mesmo tempo, eles mesmos e os personagens que representam. Inclusive, retrataram os militantes como ingênuos, como é possível observar em várias passagens, Uma passagem do filme retrata um agente da ditadura em crise existencial por estar envolvido em trabalho sujo, com crimes e assassinatos. O torturador e assassino, ganhava uma aura de humanidade na trama. Tudo isso percebido por diferentes gerações, alguns que viveram a história, outros que desejavam conhecê-la e outros tantos que vivem com pipocas na frente de uma aparelho de tv. Os mais jovens, já engajados em novas lutas , como a questão ambiental, queriam conhecer um passado ainda oculto. Os mais velhos na esperança de ver a história passada a limpo e, uma geração internediária, perdida, alienada, dominada pela cultura de massa. Entendi as risadas, o choro profundo e a curiosidade por conhecer nossa história. Certamente se os risonhos conhecessem o que realmente se passou naquele período não estariam a sorrir e, compreenderiam por que nosso aparato policial, até hoje, continua violento e praticanto torturas e atos de barbárie contra a população. Entenderiam, também, por que o estado brasileiro é palco de falcatruas constantes com o envolvimento da iniciativa privada no comando de setores  sensíveis ao desenvolvimento da nação. Entenderiam ,ainda, por que essa parcela bloqueia a transparência e a participação popular.  São heranças do período que não foram ainda passadas a limpo e que agora explodem com denúncias de torturas similares as barbaries dos campos de concentração nazista da segunda guerra mundial. E pensar que alguns jornais rotularam a ditadura brasileira de branda. O momento para a instalação da comissão da verdade é agora. Aos humoristas espera-se que saibam  fazer humor.




Nossa imprensa esportiva...

Uma partida de futebol, sem muita importância, como é a maioria, rolava no maraca. Um Fluminense x Bangu de dar sono, a não ser pela participação do narrador e do comentarista da tv. O time do Fluminense estava em decadência e o Bangu, sequer estava em alguma coisa. Terminado o primeiro tempo e o placar apontava vitória de 2x0 para o tricolor. Poucos minutos antes do início do segundo tempo, um diálogo sério e compenetrado , sim o diálogo foi sério e compenetrado, entre o narrador e comentarista. Vamos lá:
narrador : E aí *****, como está o jogo?
comentarista: Tá uma moleza só, tá certo ? Alí no meio passa tudo, tá entendendo ? O meio do Fluminense tá metendo todas nas costas do Bangu. Só tem baranga naquela defesa, tá certo ? É só encostar, tranquilo, toca a bola, tá certo ?, que mete mais . Agora, tem que tocar. Tocando é mais fácil.
narrador: Quer dizer que tá de bom tamanho ou cabe mais ?
comentarista; Cabe, cabe. Cabe mais sim. Olha aqui, o que não pode é forçar. Tem que tocar, tá entendendo? Agora, por enquanto tá de bom tamanho, mas se se chegar junto, ali no meio, mete todas. Tem que trabalhar ali no meio e encostar, tá certo ?
narrador : Taí o que você queria. Bola rolando para o segundo tempo.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Rio Zona Norte - 3 O Maraca de Villa

O Maraca de Villa


Tudo estava dentro da ordem  quando , em um segundo, aparece uma confusão. Em uma rua, com apenas duas faixas de rodagem, um ônibus do transporte coletivo, repleto de passageiros, se movia lentamente causando um grande congestionamento com direito a buzinaço e irritação de todos os outros motoristas que não se conformavam com a lentidão. Quando me aproximo do coletivo entendo o motivo do tumulto. O motorista do ônibus, com o braço apoiado na janela e projetando o tronco para fora, exibia uma expressão de imensa felicidade. No passeio, uma mulher loira oxigenada e sarada, ao melhor estilo reality show, com um vestido curto e colado ao corpo, caminhava normalmente e, também, era o motivo das gracinhas que o motorista soltava prá ela.  Mais a frente , um guarda de trânsito, da Guarda Municipal, extremamente irritado com a lentidão do coletivo se aproximava do ônibus e reclamava, com gestos , do motorista pedindo para ele acelerasse. Ao se aproximar do ônibus e avistar a loira entendeu o motivo. Imediatamente sua atitude mudou. A irritação, a expressão furiosa se transformaram em um grande sorriso e , também em uma postura amigável. Entendendo que a causa do motorista era justa abriu os dois braços, inclinou a cabeça para o lado e, quase se desculpando, pediu para o motorista avançar. Em total cumplicidade masculina, os dois sorriram, trocaram acenos e o trânsito voltou a andar. Essa cena me trouxe a lembrança um amigo de outras épocas. Villa, cujo nome era Juan Yuapanqui Villanueva, um costariquenho que vivia aqui desde os 20 anos de idade. Villa dizia que viver no Rio de Janeiro é uma experiência fantástica, pois a cada dia algo novo acontece, de forma sempre surpreendente e inusitada. De fato. Villa , quando criança, sofreu experiências traumáticas em seu país. No vilarejo onde nasceu e cresceu, viu boa parte de sua família morrer, por conta de acidentes naturais. Com sete anos de idade , um vulcão próximo de sua cidade entrou em erupção e deixou ferimentos graves no menino, que conseguiu sobreviver. Com doze anos, outra erupção também levou enormes prejuízos,  Nesse tempo, terremotos , também sacudiram, marcando o menino. Com 18 anos uma grande erupção devastou a cidade, levando a morte de seus familiares. A partir dali resolveu sair do país para viver em algum lugar sem vulcões e terremotos. Desembarcou no Rio de janeiro. Conheci Villa no ano de 1972, quando ele tinha , na época, 55 anos. Estávamos no maraca em uma final da Taça Guanabara. Villa adorava futebol e se tornou torcedor do Fluminense pois gostou da combinação das cores  do clube e, principalmente, da camisa tricolor. Ia sempre ao maraca com seu rádio portátil. E nẫo era um rádio qualquer. Achava, inclusive, que por ser portátil era um equipamento muito grande e pesado. Para seu funcionamento eram necessárias doze pilhas. E das grandes. Villa sentava na arquibancada, na parte do anel onde ficava a torcida de seu time, mas sempre distante das torcidas organizadas, pois como ele dizia, não gostava dos fogos  que  as organizadas soltavam no estádio, o que era compreensível por conta de sua história de vida. Ligava seu rádio  e o som tinha grande alcance, cobrindo boa parte da arquibancada e também da geral. Durante o jogo, os comentários dos radialistas tinham sempre repercussão  pelo público ao alcance do rádio de Villa. Quando não aceitavam os comentários o público reagia vaiando, algumas vezes se levantando e apontando o dedo para o local de onde vinha o som. Até na geral, o público olhava para cima   xingava e fazia gestos obscenos em direção ao rádio. Em algumas ocasiões, alguns mais exaltados arremessavam copos de papel. Villa adorava aquilo tudo. Era um sujeito tranquilo, de estatura mediana, cabelos negros, forte  e de poucas palavaras. Casou-se com uma polonesa judia, que veio para o Barsil na época da segunda guerra mundial e tinham dois filhos. O iníco de Villa no Brasil foi difícil, mas conseguiu se firmar. Começou trabalhando como carvoeiro, em uma carvoaria em Santa Cruz , na zona oeste da cidade. Dez anos depois, com suas economias e também com as de Valeska, sua mulher, conseguiu comprar a pequena carvoaria e ser o dono do negócio. Apesar do tempo que vivia no Brasil falava uma mistura de português e espanhol, que em muitas ocasiões, utilizava palavras que não existiam em nenhum dos dois idiomas. Como disse o  ano era 1972 e o jogo uma final de Taça Guanabara entre Flamengo e Fluminense.  Final de jogo  e o placar exibia Flamengo 5 x 2 Fluminense. Uma tragédia para todos os tricolores. Durante o jogo, como de costume em estádios de futebol, trocamos algumas observações , pois estávamos sentados lado a lado. Ao final , obviamente sem disfarçar a tristeza  me despedi de Villa. Ele olhou prá mim e perguntou:
- como te chamas ?
- Ricardo
- Mira, Gicardo, disse ele. La intensidad de la tristeza que sientes ahora será la  misma intensidad de la alegria que sentirás quando ganarmos um campeonato.
Com um aperto de mão nos despedimos e marcamos encontro, no mesmo lugar da arquibancada para o próximo jogo. E assim aconteceu. Em todos os jogos seguintes estávamos sempre ali, conversando, rindo com o som do rádio e trocando idéias. Formou-se um grupo, com pessoas de diferentes idades. Até que no ano de 1973, em uma noite de quarta-feira, com frio e muita chuva, estavam, novamente, Fluminense e Flamengo decidindo um título, na ocasião de campeão carioca. E o resultado foi de 4 x 2 para o Fluminense, que sagrou-se campeão. Em meio a chuva e frio,ao final do jogo, na arquibancada, todos dançavam e cantavam, sem camisas, ao som de uma bateria, o samba do Salgueiro do ano de 1969.
- me gusta mucho este samba de Salguero, disse Villa
A essa altura, Villa, no meio da chuva, sempre segurando seu gigantesco rádio, na ocasião cuidadosamente protegido com um plástico por causa da chuva, dançava , cantava e brincava como um menino. Não era um extravasamento de alegria, porém algo brilhante, autêncio, próprio, verdadeiro. Aquilo ficou registrado em mim, e , também, em todos os demais frequentadores do pedaço. Ensopados pela chuva, repletos de alegria nos despedimos para o próximo encontro.  No domingo seguinte, como já tinha jogo, estávamos todos lá. Entre comentários sobre a o título, a festa, um dos participantes, que demonstrava em algumas ocasiões invejar  Villa fez o seguinte comentário:
- você parecia uma criança, um adolescente, um menino, na quarta-feira quando comemorava o título.
Villa, sempre muito esperto e antenado, sabia que alí tinha muito mais que um simples comentário, pois conhecia o outro com suas provocações. Pela primeira, desligou o rádio, olhou firme com seus olhos pretos como jaboticaba nos olhos do sujeito , e disse:
- cantar, bailar, brincar, sentir alegria ou tristeza no debe ser exclusividad de niños. Ni tambiem debe significarse imaturidade o cosa parecida. La maturidad no está em esconder ou sublimar las emociones o sentimientos. Ela consiste em connecer, perfectamente, toda  las emociones e todos los sentimentos que tenemos e, tambiem connecer quando estamos a externalos. Desta forma , la razion, o seja, la elaboracion de um pensamiento o una reflexion, gana mas consistência e perimte que nosotros conoocemos lo momento em que se puede constrúi-la. Esto significa que cada persona debe conecer o que siente e, em que condiciones puede o non , elaborar um pensamiento que acarrete uma accion. Debe saber que la razon se contamina com aquilo que sientes. Em la cultura ocidentale, los sentimientos e las emociones são tidos como cosas de mujeres, debendo los hombres sublimalos e escondelos. Esta es lo motivo de muchas doenças degenerativos , como lo cancer, por ejemplo e, tambiem de atitudes estapafúrdias, pois acreditam que se puede exercer la razion sem nenhuam forma de contaminacion sentimentale. En nuestra cultura, la cultura de nuestros ancestrales indigenas, los niños , desde mui pequenos, aprenden la importãncia de la vida e de la muerte. Connecem que la incertitumbre de la vida es la clave para se vivir bien. Para nosostros no hay la preparacion para la muerte, quando se tiene minha idad, como acontece en su cultura ocidentale. Desde pequenos aprendemos sobre la muerte e esto es la preparacion para la vida. Ningúm de los animales se prepara para la muerte. Los animales vivem su ciclo de vida e la muerte, acontece com un processo naturale de final desto ciclo, sem doenças, sem infecciones. Apenas um desligamiento,  un final de ciclo terreno. La cultura ocidentale, hegemônica, vê los otros povos, como los indigens e latinos,  como niños, imaturos. Los estadonidenses constumavam dicer que los italianos son como ninõs, acreditando de forma soberba e arrogante que sua cultura e comportamiento son las mas adequadas. Pura ilusion.  La cutura ocidentale acredita que sublimar ou esconder las emociones e sientimentos no le causa problemas. Na realdade já es un problema. O que se vé son personas que constroem aparências, códigos sociales , que de una hora para otra sacan una pistola dando tiros para todos os lados.Toda la cultura ocidentale guarda correlacion con la ordem espirituale católica, que incentiva, asi com los valores ocidentales, la idiotizacion de jueves, e la preparacion de los adultos para la muerte. Es una cultura fria, amorfa sem colores, baseada en una realidad muerta. Para nosotros la realidad es la naturaleza com toda  su fuerza, Una realidad caliente, acolhedora e , principalmente , com vida, Asi sendo, bailamos, cantamos, sentimos alegria, tristeza, por toda la vida, e non necessitamos representar personagens. Esto es , para nosotros la verdadera maturidad.
Villa ligou o seu rádio e um silêncio entre os presentes se fez presente.
Tudo isso explica porque me lembrei de Villa quando vi o motorista do ônibus e o guarda municipa agora pela manhã. Para Villa o Rio é uma surpresa diária, pela espontaneidade de seu povo e também pela mistura de raças e culturas. Ele também dizia que qualquer pessoa, de quaisquer  cultura, raça, religião, cor, encontra sempre alguma referência aqui no Rio de Janeiro. De fato. Isso me fez lembrar uma passagem que ocorreu na imprensa por ocasião do chamado mensalão. No auge das denúncias contra Lula ,em 2005, uma comentarista de política da rádio Band News FM, do grupo Bandeirantes dizia que Lula, que na ocasião fazia um comício público em uma cidade do interior do nordeste, deveria se preservar, pois ele ( Lula) estava demostrando muita raiva com o que acontecia, em referência a fala de Lula que, de fato, estava irritadíssimo. Dizia ainda a comentarista, que ele ( Lula ) estava fragilizado e que não era bom nem aceitável aquele comportamento, que, ainda segundo a comentarista, iria piorar ainda mais a situação de Lula. Lula, como sabemos, não dá ouvidos a imprensa. Seguiu largando raiva, justa a bem da verdade, pois foi vítima de uma grande armação com ajuda, inclusive, da imprensa, como aperece hoje nos noticiários sobre a cachoeira. Sua raiva em nada contribuiu para sua queda, tendo em vista que foi reeleito em 2006, fez um sucessor em 2010, e pesquisas atuais, indicam com amplo favoritismo para 2014. A imprensa segue a linha da cultura ocidental, a que Villa se referia, ignorando a realidade atual do Brasil e de alguns de seus políticos, principalmente Lula. Lula, assim com Cristina, Morales, Correa, Chaves, não vestem o figurino totalmente cínico e hipócrita, da cultura hegemônica. Valorizam suas ancestralidades, o que é percebido pelos povos de seus países,  e com isso deixam a grande imprensa ocidental falando , como sempre falaram , para muitas pessoas, porém com a novidade que somente pouquíssimas pessoas dão ouvidos , como pode ser compreendido por resultados de pesquisa de opinião. Essa tendência, que já não é mais uma tendência mas uma realidade, na América do Sul vem ganhando cada vez mais força. Alguns países já se tornaram estados plurinacionais, reconhecendo as diferentes culturas que felizmente, os colonizadores espanhóis não conseguiram exterminar. Tudo isso guarda uma correlação com o momento da globalização econômica que , felizmente, na América do Sul, valorizou as especificidades e não a homogeinização.  A globalização e as novas tecnologias  transformaram o mundo em um bairro, uma Madureira. Tudo ficou próximo, ao alcance. Madureira é o tamanho do planeta. Essa aproximação, por outro lado, também traz inúmeros problemas, pois através da cultura hegemônica tenta-se padronizar todas as manifestações. O resultado é o pior possível. A tentativa de homogeinização produz um efeito contrário, um mergulho nas raízes, que pode desembocar em xenofobia, fascismo, racismo e nacionalismos delirantres, como também pode reconhecer a existência da diversidade e promover formas de bem viver, como acontece na América do Sul. Na madureira global, o que as pessoas desejam não é  a homogeinização , mas sim o original, o específico de cada cultura. Aí reside um dos grandes conflitos contemporâneos, pois o poder hegemônico, apoiado por uma ordem religiosa em decadência,tentar impor a todos formas idiotizantes e infantis de valores e cultura. A sensação que tenho , é que o mundo está em surto, apoiado por uma ordem irracional repleta de certezas absolutas, em um momento em que a própria concepção científica da realidade sugere a incerteza como princípio.
Grande Villa . Já sabia de tudo isso em 1972. A última vez que vi Villa foi em 2002. Eu estava em um coletivo na Av. Brasil que na ocasião tinha um trânsito bem lento. Assim sendo pude avistar Villa caminhando pelo passeio, com 95 anos, ainda com o corpo ereto, forte e aparentando bem menos idade. Ele estava saindo de uma loja de materiais de prevenção e combate a incêndios.



Nossa imprensa esportiva....

Estávamos no ano de 1969, mais precisamente no dia em que o sol entrava no signo de cancer, que tem como planeta regente a Lua. Por uma dessas coincidências, naquele dia o homem pisaria pela primeira vez em solo lunar. O assunto dominava todas as rodas, assim como a possibilidade de assistir pela TV, ao vivo, a epopéia espacial. Em se tratando de anos da década de 1960, aqueles acontecimentos fantásticos do dia , seriam apenas alguns mais da década. Como o assunto dominava, nossa alegre, empolgada e eclética imprensa esportiva não poderia ficar de fora e resolveu mandar seus pitacos. O diálogo , que reproduzo abaixo, aconteceu entre um narrador e um comentarista,ambos empolgados, antes do início de uma partida de futebol no maraca;
narrador -  prezados ouvintes. Hoje a humanidade viverá um momento histórico. Pela primeira vez o homem pisará o solo da lua. Vejo que nosso comentarista, que acaba de entrar aqui na nossa cabine de transmissão, traz um pequeno aparelho de tv .

comentarista - De fato. mesmo não podendo assistir em  minha residência, não irei perder esse momento histórico. Um momento que irá inaugurar uma nova fase de conquistas e que , no futuro, fará da lua um local para o homem construir cidades e bases para novas explorações espaciais.

narrador . Você não acha que a conquista da lua vai acabar com o romantismo que existe em torno do satélite ?

comentarista- Veja bem. O romantismo não acabará nunca ,mesmo com o homem conquistando a Lua. Ela  ( a Lua ) que inspira poetas, apaixonados, que dá luz aos nossos imensos campos desse Brasil grande, que encanta a todos com sua beleza, continuará a ser a fonte inspiradora para os namorados. O que seria dos namorados sem a lua ? O romantismo não acabará nunca.

narrador . Muito bem !!! Muito Bem !!! Depois dessas sábias palavras lunáticas , vamos as escalações das duas equipes .

Eiiiiiiiiita !!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Imprensa Ludista

A Imprensa Ludista


E continua o barulho na grande mídia repercutindo a reestatização da empresa argentina YPF. Como é prática nessa imprensa, cada vez mais distante da realidade, os analistas dos grandes veículos de mídia atuam em bloco. Bloco barulhento, sempre com análises que distorcem a realidade. Não se pode dizer que tais cronistas e analistas não sejam pessoas de inteligência acima da média, entretanto, é importante que se diga que a inteligência , em si, não é uma virtude. A virtude se caracteriza pela maneira como a inteligência é utilizada. Grandes criminosos, pertencentes ou não  a grandes organizações do crime, carregam QI's bem elevados. Esse grupo de veículos de mídia, trava , diariamente, uma batalha contra os fatos,  contra a realidade que se impõe diante de seus narizes ( e que narizes grandes ) e , principalmente, contra uma agenda vitoriosa nas urnas desde  2002 e de amplo apoio da maioria da população brasileira. Amarrados em dogmas corroídos pelo tempo, atropelados pela dinâmica de um outro modelo de crescimento e desenvolvimento, insistem em ignorar o fracasso de suas teses.  Assim como os ludistas do século 19, a chamada grande imprensa, grande pelo porte assim como os dinossauros, mas não pelo uso da inteligência, se transforma, perigosamente, em um fator de desestabilização da ordem institucional, como já vem sendo demonstrado pelo caminhar das investigações no caso Cachoeira. Ainda assim, mesmo como a sua credibilidade cada dia mais desmoralizada, deitam tintas e falações cada vez mais agressivas e descontroladas onde o uso constante de rótulos de cunhos fascista e racista , borra e engasga seus conteúdos, promovendo uma dissonância informativa. A decisão do governo argentino, que teve o apoio da maioria da população daquele  país, como afirmam pesquisas de opinião, coloca o estado e a política, no controle estratégico do destino do país. Os mercados, com seus tentálucos da iniciativa privada, até então em sua cruzada anarquica e suicida, tem apresentados inúmeros exemplos de sua incapacidade de atender demandas sociais. A decisão do governo argentino é exemplar e, esperamos que tenha um efeito multiplicador em outros países do continente. No momento em que o governo da Presidenta Dilma lança o PAC da mobilidade urbana uma reflexão sobre as privatizações da triste noite do perído FHC merece um destaque. O programa, para o qual serão investidos bilhões de reais, contempla a construção de novas vias para o transporte público. Está previsto a aquisição de algo em torno de mil vagões para transporte sobre trilhos, o que implica a construção de caminhos de ferro.  Enquanto isso , a Cia Vale do Rio Doce, assim como amiga Repsol na Argentina, vai distribuindo lucros, sem se comprometer com as necessidades do país. Certamente a China vai gostar muito de fabricar mil vagões para o Brasil, garantindo emprego de milhares de chineses. Por quê a Vale não investiu em uma fábrica de trilhos ? E a  fabricação de  vagões e locomotivas que não mais existe no país ? Tudo isso veio no bojo do delírio das privatizações, que na época ainda não existia, com existe nos dias atuais, o grande poder da internete. E é exatamente esse novo poder das mídias sociais que confirma não só a expressão ludista das grandes mídias, como também, e principalmente, vai modulando novas formas de produção de conteúdos infromativos, fazendo das mídias tradicionais um porto seguro anacrônico, onde o atraso, o retrocesso e o crime reinam, ainda, impunes.



Nossa Imprensa Esportiva...

Uma partida de futebol acontecia normalmente. Como de costume, nossa briosa e animada imprensa radiofônica, disponibiliza profissionais no campo de jogo para informações mais precisas  e repleta  dos mais variados detalhes. Um repórter, daqueles que fica posicionado atrás dos gols, foi chamado pelo narrador para detalhar um lance. Ele começou bem a narrativa, seguiu com elegância mas o final foi uma tragédia.  Tudo aconteceu quando um jogador de um dos times cobrou uma falta, bem perto da área do time adversário. O jogador que cobrou a falta tinha um chute violentíssimo que acabou acertando um jogador que estava na barreira· Aí vai o diálogo:
narrador -  E aí fulano, o que vocẽ viu ?
repórter  - Um falta cobrada com extrema violência atingiu as partes baixas de uma atleta que caiu , imediatamente, e grita de dores. Felizmente todo o departamento médico do clube já se posicionou para o atendimento ao atleta. Ao que parece ele sofreu falta de ar mas já se recupera lentamente. O serviço médico está aplicando um spray para amenizar a dor e flexionando as pernas do atleta. Esse é o único momento que quando um jogador sofre uma pancada não são permitidas massagens. Bola com bola não é mole não. Informou Capemisa, as pessoas seguras são mais felizes.