segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Mentiras, disfarces e um faz de conta sem fim


_____________________________________________________________________

Execuções na cidade de Deus no dia da consciência negra é roteiro mal escrito.
___________________________________________________________



Essa é a capa do tablóide Meia Hora, de hoje 21.11.16, um jornal popular aqui do Rio de Janeiro.

O Rio Chora, é a manchete do jornal em referência a queda de um helicóptero da Polícia Militar em que morreram quatro policiais. Também sobre os sete corpos de moradores que foram encontrados no dia seguinte a operação que teve a queda da aeronave.

Até o momento tudo leva a crer que o helicóptero caiu devido a alguma falha mecânica na aeronave, já que os corpos dos policiais mortos não foram encontradas marcas de tiro, o mesmo , até o momento das investigações, com a fuselagem do helicóptero.

Isso significa que a situação financeira caótica do Estado do Rio de Janeiro pode ter contribuído para uma suposta manutenção inadequada da aeronave. A esse respeito, o PAPIRO se manifestou
através do artigo Estado de Exceção e Barbárie em 04.11.16. Abaixo um excerto do referido artigo:


.. A título de exemplo, na cidade do Rio de Janeiro a Polícia Civil tem apenas três helicópteros para combate ao crime. No momento, e já há algum tempo, dois estão fora de operação e mesmo nas delegacias da cidade falta até mesmo papel para registrar ocorrências. A Polícia faz uma campanha para receber doações. Do outro lado, quem não é criminoso é perseguido, detido e morto, pelas forças de segurança que deveriam proporcionar segurança à população...


Na ocasião o PAPIRO chamava a atenção para a precariedade da Polícia Civil. No mesmo dia, o Comandante da Polícia Militar , em público, declarou que a crise do Estado não iria afetar os equipamentos da Corporação. Ao que parece, afetou.
No dia após a queda da aeronave em que os quatro militares morreram, surgem sete corpos, no mesmo local da operação do dia anterior, de supostos criminosos envolvidos com o tráfico de drogas. Leia um tweet postado em CARTA MAIOR:
Murilo Cleto
✔ @MuriloCleto


Um helicóptero da PM cai por falta de manutenção e o BOPE mata e desova 7 na Cidade de Deus achando que ele foi derrubado por traficantes



A notícia acima é do jornal ESTADO DE SP, de hoje, 21.11.16.

Que Polícia é essa, deve estar se perguntando o leitor.

Certamente, depois de se perguntar sobre a Polícia, o leitor deve estar se perguntando que mídia é essa, que ao colocar o foco na dor de mais uma tragédia, omite, manipula e disfarça a verdadeira realidade do combate as drogas na cidade.

Morreram policias e traficantes, em um passado, no ano passado, no mês passado, ontem, hoje, amanhã e no futuro.

No entanto o narcotráfico e o comércio das drogas continua, firme e forte, movimentando bilhões de reais para a alegria das instituições financeiras pelo mundo. Morreram traficantes e policiais, mas amanhã teremos, imediatamente, novos traficantes e novos policiais nos lugares daqueles que morreram, e que em breve também morrerão para dar lugar a novos...

Enquanto policiais, muitos dedicados e corretos, lutam em uma guerra que só termina quando eles, os policiais, morrem, a população exposta aos conflitos por décadas não se beneficia em nada com essa política de combate as drogas, e ainda chora a dor de pessoas , por vezes tratadas como bandidos, que são mortas em conflitos,ou acidentalmente por conta dos conflitos.

Nesse conflito de enxuga gelo, a velha mídia disfarça a realidade, na medida que reproduz, diariamente, as cenas dos conflitos como sendo algo normal, corriqueiro, do dia-a-dia, parte da vida do cidadão carioca. Não, isso não é parte da vida do cidadão, não é tela quente ou temperatura máxima. É uma política ineficaz de combate as drogas e ao crime, que apenas beneficia o narcotráfico e as instituições financeiras, com o agravante de ser apresentada, talvez propositalmente, de forma superficial pela velha mídia.

Some-se a tudo o que foi dito, o fato de o Estado não ter , ou dizer que não tem, recursos financeiros suficientes para o bom e correto funcionamento das instituições. Se a guerra já é inócua por décadas, com esse novo cenário de penúria do Estado o resultado é o caos e a barbárie.

Em meio a esse caos, a velha mídia que deveria esclarecer a população e mediar um debate equilibrado sobre a questão das drogas vive em um mundo de faz de conta, a ponto de ontem no programa de Regina Casé, Angélica, esposa de Luciano Huck, ao lado do mesmo no programa de Casé , afirmar que o marido peida muito.

De fato, o odor midiático está insuportável.

sábado, 19 de novembro de 2016

Planeta em perigo

Para Chomsky, republicanos são os mais perigosos da história dos EUA

O Partido Republicano se tornou a organização mais perigosa da história por sua negação da crise climática e por sua postura com relação às armas nucleares

Do diário La Jornada, do México

“O Partido Republicano se tornou a organização mais perigosa da história da humanidade, por sua negação da crise climática e por sua postura com relação às armas nucleares”. A afirmação é do filósofo e linguista estadunidense Noam Chomsky.

Em entrevista publicada esta semana pela revista digital TruthOut, Chomsky recordou que o leito do último 8 de novembro nos Estados Unidos não produziram somente um novo presidente eleito (Donald Trump) como também uma redefinição do Congresso e da Suprema Corte.

“O resultado entrega o controle total do governo, do Executivo, do Congresso e da Suprema Corte nas mãos do Partido Republicano, que é se tornou a organização mais perigosa da história da humanidade”, comentou o linguista e crítico social.

Chomsky precisou que esse partido está dedicado a “apressar o mais rapidamente possível a destruição da vida humana organizada. Não há precedente histórico para essa posição”.

O acadêmico recordou que Trump defende que o país aumente rapidamente seu consumo de combustíveis fósseis, incluindo o carvão, além de desmantelar as regulações ambientais e retirar a ajuda a países em desenvolvimento que trabalhem na criação de energia sustentável.

Como candidato, Trump expressou que a crise climática era “uma fraude” criado pela China, e prometeu, em diversos foros, reativar a indústria do carvão nos Estados Unidos.

Neste sentido, Chomsky assegurou que Trump já está tomando os passos necessários para acabar com a Agência de Proteção Ambiental (EPA), ao adiantar que seu diretor será Myron Ebell, um “notório e orgulhoso” negador das mudanças climáticas.

Em outro âmbito, o principal assessor de Trump para temas energéticos é o multimilionário Harold Hamm, que anunciou suas expectativas de que o novo governo elimine regulações e implemente cortes tributários para o setor energético, que reavivem a produção de hidrocarburetos.

Por isso, Chomsky lembrou que as ações das empresas do setor energético se recuperaram notavelmente seus valores de mercado desde a eleição de Trump, em especial aquelas vinculadas ao carvão.

“É difícil encontrar palavras para descrever o fato de que os humanos estão enfrentando a pergunta mais importante da sua história: se a vida humana organizada sobreviverá tal como a conhecemos, quando a resposta dada pelos que têm o poder é acelerar a corrida rumo ao desastre”, lamentou Chomsky.

O acadêmico sustentou “observações similares” podem ser feitas com respeito a outros dos grandes temas vinculados à sobrevivência humana, como a ameaça de aniquilação nuclear, que vem estando presente no debate mundial há pelo menos 70 anos.

“Não é menos difícil encontrar palavras para descrever o surpreendente fato de que, em meio a uma massiva e extravagante cobertura eleitoral, nenhum desses temas recebeu mais que algumas leves menções. Eu não consigo encontrar as palavras adequadas para isso”, insistiu Chomsky.

A ONU (Organização das Nações Unidas) expressou que a crise climática é provavelmente a maior ameaça que a humanidade enfrenta. Um informe da entidade publicado em outubro passado diz que nos últimos vinte anos cerca de 4,2 bilhões de pessoas foram afetadas por desastres relacionados ao clima no mundo.
 Tradução: Victor Farinelli
Fonte: CARTA MAIOR
_____________________________________________________________




Globo. Uma rede de mentiras

O poder da Globo – Realidade não é o que se vê, mas o que ela dita (ou edita)

19/11/2016 Bajonas Teixeira

Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho

Na foto, o ex-governador Sérgio Cabral, figura das mais sinistras da política brasileira, que, não é de hoje, vivia envolto em uma espessa nuvem de suspeitas e denúncias, aparece de frente e de perfil, vestindo o uniforme da prisão, uma reles e popular camiseta verde, sendo fotografado para o álbum de recordações da cadeia. Não é uma imagem que, pessoalmente, me desagrade. Ao contrário.

E mais, na atual situação de crise do Rio, é uma imagem capaz de levar um breve alento à milhões de revoltados, de humilhados e ofendidos, que sofrem diariamente com os efeitos da crise. Além disso, dá uma satisfação aos que estão lutando para reverter as políticas do atual governador Pezão, homem de Sérgio Cabral, em sua tentativa de descarregar sobre as costas as vítimas a responsabilidade por uma crise nascida da corrupção.

Calcula-se, por exemplo, em 140 bilhões o tamanho das isenções ofertadas graciosamente por Cabral às grandes empresas no estado. O impacto de medidas como essa para a crise do estado é por demais evidente. Na época em que os recursos entravam à rodo com os royalties do petróleo, o governador deve ter imaginado que tinha nas mãos uma galinha dos ovos de ouro: as isenções pesavam pouco no orçamento, e os agraciados devolveriam a gentileza nas medida de sua gratidão.

Cabral isentava as empresas, a esposa, a advogada Adriana Ancelmo, depois recebia polpudos honorários advocatícios trabalhando para essas mesmas empresas. Tudo legal, comprovado e seguro. No entanto, vistos agora com olhos menos parciais, as isenções se mostram excessivas e criminosas, os valores pagos por serviços de advocacia à esposa do denunciado, parecem incompatíveis com os serviços prestados, que até se suspeita se foram prestados mesmo.

O curioso é que ao colocar a imagem de Sérgio Cabral sendo fotografado na cadeia, a Globo faz a seguinte chamada: Preso, Cabral usa uniforme e tem a cabeça raspada.



No entanto, a imagem não mostra o governador de cabeça raspada, mas apenas de cabelo curto. A Globo evidentemente quis criar sensação dando ao leitor a sentimento de vingança, ou seja, o velho pacote compensatório de fim de novela. E um público viciado, não deixará de ver o ex-governador de cabeça raspada, por mais que seu escalpo tenha sido mantido no lugar.

Esse poder da Globo, numa país em que os ricos e poderosos sempre ditaram o que é visível e o que é invisível, é uma das coisas sobre as quais se tornou urgente pensar. Mais ainda agora em que, desde o início da conspiração do golpe, as aparência são fabricadas diariamente.

Fonte: O CAFEZINHO
_________________________________________________________

Hipocrisia, teu nome é Globo

POR FERNANDO BRITO · 19/11/2016


Se você não sabe o que é hipocrisia, olhe as capas dos dois veículos impressos das Organizações Globo – O Globo e o Extra – e leia o minieditorial que o primeiro publica, que reproduzo ao centro, no destaque.

Diz que o “escracho a que (Cabral e Garotinho) foram submetidos na prisão e no hospital merece repulsa, compromete a seriedade do procedimento e evoca questões essenciais à vida democrática”.

É verdade, como é verdade que as Organizações Globo, quando lhes interessa promove estes escrachos.

Pode-se argumentar que, uma vez divulgadas a imagens é jornalístico publicá-las.

É, sim.

O problema é como se faz isso.

A Globonews, por exemplo, reprisava o vídeo de Garotinho, seguido de “caras e bocas” da apresentadora de plantão.

O Globo fala de um “inquérito” para “apurar tratamento privilegiado” ao ex-governador no Hospital Souza Aguiar, embora possa ser lido noExtra que, segundo o relato de uma funcionária ele “teria sido acomodado numa maca de necrotério. Garotinho teria enfrentado também a superlotação da sala vermelha da unidade “A Rosinha Garotinho tendo que fazer a ficha lá na frente, pegar fila. Entrou na sala vermelha de olhos fechados. A sala vermelha tem suporte para quatro doentes. Tinha oito. Não tinha maca.” cita o jornal.

É a hipocrisia de quem faz jornalismo “neutro” e aponta o dedo contra os que expõem claramente suas opiniões.

Aliás, em matéria de fazer mal ao Rio de Janeiro e a uma política civilizada, mais do que Cabral e Garotinho somados e elevados ao quadrado , faz a Globo, que se nutriu deste estado mas o despreza profundamente.

Fonte: TIJOLAÇO
____________________________________________________________

Socialismo ou barbárie

Socialismo ou barbárie


                                I

O padrão na história das ideias é localizar o Iluminismo no século XVIII, na esteira das grandes descobertas científicas anteriores – Copérnico, Galileu, Newton, etc. A razão mostrara então o funcionamento real da natureza, superando o obscurantismo, superstições e crenças religiosas arraigadas há séculos. Não haveria por que não esperar que a razão bem sucedida para desvendar as leis da natureza não operasse na experiência social e política.
Kant dizia que Rousseau era o Newton da moral e que nada lhe causava mais admiração do que “o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim”. Newton permitira ver as leis que determinavam o movimento harmonioso dos corpos celestes e Rousseau as leis morais que, não observadas mas residentes na razão, poderiam emancipar a humanidade e reproduzir nas sociedades a harmonia que se observava na natureza. Respondendo à pergunta “o que é o Iluminismo? ”, Kant dizia que era a libertação da menoridade a que o próprio homem se submetera. O homem seria livre quando submetido apenas à própria razão, escapando de qualquer tutela; razão implicava liberdade.
Não obstante uma vulgarizada interpretação de Kant o coloque como filósofo de um certo individualismo burguês, a moral kantiana significava um sujeito que devia construir juízos morais-racionais libertando-se da autoridade, da convencionalidade social, da religião. Um homem racional não mata porque isto é uma regra dos 10 mandamentos ou porque a lei impõe uma sanção. Ele não mata porque sua vontade livre não vê qualquer racionalidade em uma sociedade de assassinos e o leva a considerar a dignidade de cada ser humano.
O projeto iluminista, consistindo em emancipar a humanidade pela razão, é muito mais do que o movimento intelectual e filosófico localizado no século XVIII, de Voltaire, Rousseau, Diderot, Kant, Hume, etc. Ele avança para o século XIX com Hegel e depois com Marx. Se para Kant ou Rousseau a razão dispensava a História e era um processo estático do indivíduo atomizado, para Hegel aparecia em movimento, ao longo do processo histórico, inevitavelmente, regido pelas leis da dialética que desvendavam o movimento do ser na direção do Espírito Absoluto (a razão plena e final). A consciência humana superava contradições, teses e antíteses postas pela História   e a ideia a movia para forjar a matéria.
Marx é iluminista porque nele a razão igualmente emancipa a humanidade, mas invertendo Hegel. Não era a ideia que respondia pela matéria. Era a matéria que respondia pela ideia. A consciência estava determinada pela necessidade, pelas condições materias da existência, pelas forças produtivas, pelas relações entre produtor direto e proprietários. Em um ou outro caso sempre a razão que ao fim e ao cabo triunfa e instaura o reino da liberdade. Ao emancipar-se destruindo o capitalismo, pondo fim à opressão, à miséria e à exploração do homem pelo homem, o proletariado, como sujeito da História, emanciparia também toda a Humanidade.

II

Em Hegel o triunfo final da razão era inevitável. Mas na inversão feita por Marx as coisas não correram assim. O proletariado foi derrotado em 1848 e a tentativa de “tomar o céu de assalto” (na expressão de Marx) feita pela Comuna de Paris, o primeiro governo proletário, durou pouco.
As grandes cisões doutrinárias do marxismo passaram por essa questão ou giraram em torno dela: a inevitabilidade ou por qual modo o proletariado se emanciparia, como se daria o advento do socialismo. Lênin formulou uma resposta, muito bem-sucedida no primeiro momento porque conduziu à tomada do poder pelos bolcheviques: espontaneamente o proletariado não conseguiria escapar do economicismo e das lutas localizadas e não daria o salto dialético da razão emancipadora, a revolução. Era preciso uma vanguarda, disciplinada e coesa, que o conduzisse e lhe desse direção política, filosófica e intelectual: o partido.
Em 1915 uma desolada e brilhante Rosa Luxemburgo escreveu na cadeia um pequeno texto que tornou célebre a disjuntiva “socialismo ou barbárie”. O sujeito dialético da História, o proletariado, que ao emancipar-se emanciparia a humanidade, aderira, em vez disso, ao nacionalismo burguês apoiando a mais insana das guerras e se trucidava reciprocamente no campo de batalha. O Partido Social-Democrata alemão, o maior partido marxista do mundo, liderança do movimento operário, votara no Parlamento a favor dos créditos de guerra. Menos de um depois de iniciada a I Guerra, o entusiasmo das massas já cedera diante da visão dantesca dos campos de batalha e dizia Rosa Luxemburgo no artigo:
“Pisada, desonrada, patinando no sangue, coberta de imundície: eis como se apresenta a sociedade burguesa, eis o que ela é. Não é quando alimentada e decente, ela se traveste de cultura e filosofia, de moral e ordem, de paz e de direito, mas quando ela se assemelha a uma besta selvagem, quando ela dança o sabá da anarquia, quando ela sopra a peste sobre a civilização e a humanidade que ela se mostra cruamente como é na realidade.
“E no âmago deste sabá de feiticeira produziu-se uma catástrofe de alcance mundial: a capitulação da social-democracia internacional. Seria para o proletariado o cúmulo da loucura alimentar ilusões quanto a isto ou encobrir esta catástrofe: é o pior que pode lhe acontecer.
“Na guerra mundial atual o proletariado caiu mais baixo que nunca. Isto é uma desgraça para toda a humanidade. Mas seria o fim do socialismo apenas se o proletariado internacional se recusasse a avaliar a profundidade de sua queda e a tirar os ensinamentos que ela traz”
O artigo, a rigor, alterna afirmações que ainda trazem o traço da vitória final e necessária do proletariado e de como alcançá-la, com outras que admitem que a barbárie é uma alternativa real ao socialismo. Com a expressão “socialismo ou barbárie” Rosa Luxemburgo remete o seu leitor a um texto de Engels, 40 anos antes, que afirmava que a sociedade burguesa se via diante do dilema do avanço para o socialismo ou “recaída na barbárie”. E pergunta ela: “mas o que significa recaída na barbárie no grau de civilização que conhecemos hoje na Europa? ”:
“Nós estamos colocados hoje diante desta escolha: ou bem o triunfo do imperialismo e a decadência de toda civilização tendo como consequências, como na Roma antiga, o despovoamento, a desolação, a degenerescência, um grande cemitério; ou bem vitória do socialismo, ou seja, da luta consciente do proletariado internacional contra o imperialismo e contra o seu método de ação: a guerra. Eis aí o dilema da história do mundo, sua alternativa de ferro, sua balança no ponto de equilíbrio esperando a decisão do proletariado consciente”.

III

O artigo de Rosa Luxemburgo completou 100 anos. Decorrido esse tempo, a questão sobre ser possível a barbárie, sobre ser possível a derrota do projeto iluminista da razão, sobre ser possível a derrocada do processo civilizatório conduzindo a um mundo semelhante ao que se seguiu à queda da Roma antiga, persiste. Então, uma ensandecida guerra entre bandos imperialistas. Hoje, a hegemonia de uma lumpemburguesia ensandecida, degenerada, selvagem.
Marx usou a expressão lúmpen (que significa mais ou menos “trapo desprezível” em alemão) para designar a categoria de desenraizados que foi a massa social de apoio de Luís Bonaparte (o sobrinho de Napoleão que fez a história se repetir como farsa): libertinos decadentes, filhos arruinados da burguesia, gatunos, trapaceiros, desqualificados, etc. Mas também utilizou a expressão posteriormente para designar a aristocracia financeira parasita. O lúmpen tanto podia ser burguês quanto a escória da parte inferior da pirâmide social.
O economista marxista argentino Jorge Bernstein identifica a classe dominante global hoje como lumpemburguesia porque se funda no parasitismo financista. A financeirização do capitalismo é a base da degeneração que vivemos e é uma ameaça de retrocesso civilizatório. Derivados financeiros representam cerca de 20 vezes o Produto Bruto Global. Isto é, prossegue, parte de um processo mais amplo de parasitismo do sistema capitalista mundial, que também inclui “a hipertrofia militar, a narco-economia, o consumo conspícuo das elites globais”.
Assim, conclui, o núcleo central dominante transformou-se em casta parasita e “nesse sentido é possível estabelecer paralelos com outros declínios civilizatórios, como por exemplo o do Império Romano, a fase superior e final da chamada civilização greco-romana”.[i]
Na Argentina a lumpemburguesia representada por Macri preda e destrói. Cada grupo dominante saqueia despreocupado com o futuro. No Brasil o lumpesinato burguês de Temer em poucos e ensandecidos meses forja uma brutal transferência de renda para o parasitismo financeiro, deslocando recursos que são essenciais para uma população em grande parte miserável, com precário acesso a bens sociais como saúde e educação.
Mas tal degeneração, local e global, não pode prescindir de uma base social construída a partir de uma tremenda ofensiva ideológica. Ela faz a consciência das massas olhar para o lado errado, tal qual um prestidigitador que opera o truque com uma mão induzindo a plateia a olhar para a outra mão.
O inimigo não é quem preda a riqueza mundial e causa a sua insegurança social e econômica, mas, no ressentimento explorado por essa ofensiva ideológica, o imigrante, o que está mais abaixo na escala social, os negros beneficiados por políticas afirmativas. Xenofobia, individualismo, racismo, crença irracional na meritocracia, ausência de qualquer traço de solidariedade social elegeram Trump. Parece uma piada pronta da história que Trump se pronuncie como tramp, vagabundo. A alternativa, Hillary Clinton, admitia em correspondências privadas não ter qualquer escrúpulo em cometer crimes contra a humanidade matando milhares de sírios ou palestinos
A encruzilhada de que falava Rosa Luxemburgo está, pois, ainda tragicamente posta. Ou bem mergulhamos na barbárie ou bem a luta social consegue resgatar o projeto iluminista que desde o século XVIII, passando por Marx, que viu no socialismo a razão emancipadora da humanidade, tem sido o motor da resistência à opressão, à miséria, à exploração do homem pelo homem, à concentração e acumulação de bens por 1% da população, largando à própria sorte 99%, grande parte mergulhada em indizível miséria e odiando-se entre si.
Há um enorme potencial de resistência e ela é como o caminho que, dizia o poeta, se faz ao caminhar. Mas a barbárie avança e ela tarda. Resistir em cada escola, em cada universidade, em cada fábrica, em cada bairro, construir laços de solidariedade social, resistir denunciando as farsas ideológicas que conduzem explorados a odiar explorados.
É resistência ou barbárie.
Márcio Sotelo Felippe é pós-graduado em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo. Procurador do Estado, exerceu o cargo de Procurador-Geral do Estado de 1995 a 2000. Membro da Comissão da Verdade da OAB Federal.
Fonte: Tweets CARTA MAIOR

A regressão da velha mídia


Fofocas, distração, mentiras...
Confira atos que podem prejudicar a vida profissional

Fonte: BOL
____________________________________________________________
'El País': Mentiras e redes sociais 


Plataformas tecnológicas devem zelar pela veracidade das notícias que hospedam

Matéria publicada nesta sexta-feira (18) pelo jornal espanhol El País analisa que a proliferação de notícias falsas na Internet durante a campanha eleitoral norte-americana colocou o foco na responsabilidade dos gigantes da rede.

A reportagem conta que em empresas como Facebook ou Google apareceram links para sites cheios de calúnias, rumores e mentiras. E pelas redes sociais circulou todo tipo de mentira — desde que o papa Francisco apoiava Trump até que os Clinton tinham comprado uma mansão 200 milhões nas ilhas Maldivas — que tiveram centenas de milhares de acessos.

O diário espanhol acrescenta que no mundo digital, os meios de comunicação tradicionais encontraram nas redes sociais um aliado indispensável

El País considera preocupante que, em um país como os Estados Unidos, onde quase metade da população usa o Facebook como principal fonte de informação, esse tipo de conteúdo tenha influenciado na vitória de Donald Trump.

Cientes do alcance da enxurrada de notícias falsas ou mal-intencionadas, Google e Facebook se comprometeram a cancelar as contas e bloquear o acesso publicitário aos sites com mentiras flagrantes, relata El País.

É enorme o desafio que enfrentam, diz o texto de El País. Aplicar controles para separar a verdade da mentira é uma tarefa complicada, mas inevitável. Se quiserem ser um instrumento de comunicação útil e manter a confiança dos usuários, não têm escolha senão tomar medidas para desativar todo tipo de campanhas enganosas, especialmente se estiverem relacionadas com os candidatos à presidência da primeira potência mundial.

O diário espanhol acrescenta que no mundo digital, os meios de comunicação tradicionais encontraram nas redes sociais um aliado indispensável. Como empresas envolvidas na distribuição global de informações, Google e Facebook têm novas obrigações. Já não são apenas meras plataformas tecnológicas.

Da mesma forma que vetam determinados conteúdos, sejam mensagens de ódio ou imagens de nudez, devem zelar para que as notícias que hospedam sejam verdadeiras. Estabelecer bloqueios a sites mentirosos não significa abrir a porta à censura, finaliza El País.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
____________________________________________________________


Nos últimos vinte anos, com o surgimento da internete e das redes sociais, houve uma mudança radical nas formas de produção e apresentação de conteúdos, informativos ou apenas opinativos.

O que antes era quase de exclusividade da imprensa - rádio, jornais e televisão - passou a ser de esfera de todo cidadão, na medida que a internete confere palanque e visibilidade à qualquer pessoa que queira se manifestar. Vinte anos atrás, sem a internete, somente pouquíssimas pessoas conseguiam visibilidade na produção de conteúdos através de mídias que não fossem as tradicionais. Cabe lembrar, que a praça pública sempre existiu, desde tempos imemoriais. O mesmo para circuitos alternativos de diferentes expressões artísticas. Conseguir visibilidade, público e mesmo sucesso, era tarefa para poucos. No entanto, de uma maneira geral, o conteúdo vitorioso se mantêm ao longo dos anos, conquista a perenidade graças a qualidade contida nas produções.

Nos dias atuais, a produção artística, devido a precariedade de conteúdos e também a quantidade de obras, é esquecida apenas em poucos meses após o surgimento.

Na era da economia do descarte, a arte também é descartável, o que é lamentável e deprimente.

Por outro lado, não são poucos os artistas que através da internet, com produções artesanais, se firmaram no cenário nacional e mesmo internacional. A internete assim permite, como permite de tudo.

No campo do jornalismo, a mudança tem sido dramática, quase que paradigmática.

Atualmente existe uma grande quantidade de sites e blogs produzindo conteúdos jornalísticos e também opinativos, naturalmente em todos os níveis de qualidade.

Com isso, os grandes jornais, generalistas, são coisa do passado. Na era da internete, ao adquirir um jornal impresso em um dia pela manhã, o leitor, certamente, estará lendo informações ultrapassadas.

Estranho, ainda atualmente, é ouvir em um programa de rádio de fim de tarde e início de noite, o radialista dizer que as informações que o ouvinte está recebendo naquele momento são privilegiadas e estarão no dia seguinte nos jornais impressos para o leitor se aprofundar.

Atualmente, a maior parte das informações apresentadas em emissoras de rádio e de televisão, tem origem em sites e blogues da internete.

O caso mais emblemático é do jornalismo esportivo. Vinte anos atrás, para que um repórter esportivo tivesse acesso ao conteúdo de uma súmula de uma partida de futebol, não era uma tarefa tão simples. Exigia deslocamentos e gastava-se muito sapato. Atualmente, nos programa esportivos, quando a "notícia ou informação" apresentada é sobre uma súmula de uma partida, o jornalista obtêm a informação diretamente no site da entidade a qual o jogo está relacionado. Isso qualquer criança hoje em dia faz.

O mesmo se aplica aos vídeos com gols e melhores momentos apresentados pelos programas esportivos de televisão. Quase todas as federações , confederações e entidades que organizam e realizam competições, tem geração própria de imagem de jogos. Assim sendo, muitos programas esportivos de televisão, obtêm as imagens dos jogos nos sites da internete. Isso qualquer criança hoje em dia faz. Diante dos fatos, naturalmente se pergunta onde está o jornalismo, já que os assuntos debatidos em tais programas em nada diferem das conversas etílicas de rodas de botequim. O jornalismo, pode-se afirmar sem medo de acertar, se diluiu na internete e nas redes sociais, foi para a segunda divisão, está por lá já por um bom tempo, e luta para subir para a primeira divisão.

Com o jornalismo de uma maneira geral, o fenômeno é o mesmo, ainda que grandes empresas de jornalismo pratiquem algum tipo de jornalismo de fato.

Com isso, novos atores entraram em cena tornando-se referência na produção jornalística ou mesmo através de opiniões sobre temas e assuntos de interesse do conjunto da sociedade. Muitos não tem formação jornalística, mas cumprem muito bem o papel, assim como o uber em relação ao velho táxi. Assim é o avanço da tecnologia com seus desdobramentos na sociedade, incomoda um lado e agrada o outro. Interessante que são recorrentes as críticas de empresas de mídia e de jornalismo quanto a atuação dos novos atores da comunicação, no entanto, a maioria dessas empresas aprova o uber.

O fato, ao que se revela diante das letras do teclado que aguardam ansiosamente o toque, é que o jornalismo precisa se reinventar, rejuvenescer, recomeçar. Hoje, o cidadão comum subiu um degrau na escada da produção de conteúdos informativos e opinativos, e , de uma maneira geral, ali, no novo patamar, ainda se encontram a maioria dos jornalistas.

Uma vez juntos, e ao mesmo tempo separados, não é de se estranhar que o jornalismo das grandes empresas de mídia reproduza conteúdos das redes sociais sem nenhum tipo de filtro ou de confirmação da veracidade das informações, fazendo do 'ouvi dizer' ou do " alguém me disse" , conteúdos informativos, que por sua vez, serão reproduzidos por outras empresas da velha mídia.

O resultado é o que se vê; a precarização do jornalismo da velha mídia e a ascensão de novos atores empenhados em produzir conteúdos fidedignos e de qualidade.

Outro aspecto da evolução tecnológica, no tocante as redes sociais, diz respeito as supostas e limitadas diferenciações entre o real e o virtual.

Com a internete, um novo campo de atuação passou a fazer parte da vida social e assim foi imediatamente rotulado de virtual.

Ocorre que o chamado virtual se faz presente em várias esferas da vida das pessoas, até mesmo em cirurgias médicas, fazendo do real e do virtual expressões idênticas

Se assim é de fato, outras atividades comuns no "real" ainda estão longe de se manifestar no "virtual". Um exemplo pode ser a atuação das polícias. Na vida "real", a vigilância policial, ainda que não a desejada pela população, se faz presente no dia-a a dia das cidades, agindo de forma preventiva e corretiva. Comum e corriqueiro a detenção de infratores que cometam delitos nas ruas das cidades.

No campo "virtual", apesar de existirem delegacias próprias para os crimes de internete, a ação preventiva da polícia, tal qual ocorre no "real ", ainda é insignificante, ou quase nula, o que favorece a ação livre de criminosos.

Esse descompasso entre o real e o virtual revela um grande atraso entre os administradores municipais, estaduais e federal. Atualmente, no Brasil, somente ações de inteligência contra atividades associadas as diferentes manifestações do crime organizado tem algum tipo de rastreamento no campo virtual, o que já é alguma coisa, mas bem pouco para o conjunto de práticas criminosas perpetradas nas redes sociais, práticas essas se manifestadas no campo real teriam uma ação imediata dos órgãos de segurança pública. Outro agravante para esses crimes, que muitos, inclusive, são praticados por empresas de mídia, jornalismo, e até mesmo por autoridades dos Poderes da república que deveriam estar empenhadas em coibí-los.

Em suma, a internete e as redes sociais permitiram que o cidadão, através de novas formas de expressão, ocupasse palanques e bancadas privilegiadas, e , ao mesmo tempo, as empresas de comunicação e jornalismo que sempre desfrutaram de tais palanques e bancadas não evoluíram, ao contrário, regrediram, se misturando ao senso comum e ainda incentivando práticas criminosas entre a população.

Este blogue, O PAPIRO, é um blogue opinativo no campo do ecossocialismo anárquico.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A guerra está apenas começando

É tão agressivo o que está sendo feito com Garotinho quanto o que se fez com Caco Barcellos. 
E nos dois casos o ponto de referência é a Globo.

Fonte: CARTA MAIOR
______________________________
Vamos virar o país do “escracho”? Ou já viramos?

POR FERNANDO BRITO · 18/11/2016


A Justiça brasileira está dando um tiro no pé e fazendo nosso país regredir em matéria de respeito às instituições, ao se comportar – e não importa se são alguns juízes, se o Judiciário não lhes põe freios – de maneira sensacionalista que está fazendo.

A esta altura, os observadores que acompanham a situação brasileira – e há muitos, até em razão da repercussão internacional da “temporada de caça” que aqui se abriu – devem estar horrorizados com o clima de linchamento que, pouco importa se voluntariamente ou não, está sendo criado em nosso país.

A exibição das cenas deploráveis da resistência de Anthony Garotinho em ser retirado de um hospital para um presídio e a divulgação das fotos de Sérgio Cabral tomadas para sua ficha de identificação prisional são algo que não se dá em qualquer país civilizado.

Seja qual for o julgamento pessoal que se tenha sobre eles, a lição do respeitadíssimo penalista pernambucano Aníbal Bruno, há 40 anos, segue atual:

Por mais baixo que tenha caído o indivíduo, haverá sempre, em algum recanto do seu mundo moral, um resto de dignidade […] que o Direito não deve deixar ao desamparo. Ninguém ficará ligado a uma espécie de pelourinho, onde seja exposto sem defesa ao vilipêndio de qualquer um.

Não é uma questão política, é judicial. Tanto que você não viu nada semelhante com pessoas notórias detidas em parte alguma do mundo, onde o Judiciário não se vê como promotor de espetáculos.

Aqui, a prisão preventiva virou “arroz de festa”: decreta-se com razão ou sem razões.

E o que não se vê acontecer no mundo dito civilizado, o dito mundo civilizado vê que acontece aqui.

Duvido que até gente tíbia, na alta cúpula do Judiciário, que deveria estar exercendo – e já deveria ter exercido, faz tempo – suas responsabilidades não esteja constrangida com o clima que se instalou e nos tornou o país do “escracho”.

Mas não pode reagir mais, porque agora será linchada pela mídia também, se o fizer.

Ou alguém acha que o conceito absurdo de que o STF é “um puxadinho do PT” é só da horda que invadiu a Câmara, esta semana.

A imagem do Brasil ganhou mais um fator de erosão, já não bastassem a crise econômica e o processo que levou à ascensão de Michel Temer ao poder.

Será que alguém, em sã consciência, agora pode achar que foi um erro a queixa de Lula à ONU?

Escrevam o que digo. Haverá um movimento igual e contrário , um repuxo desta onda insana que se vive.

Quem (sobre)viver verá

Fonte: TIJOLAÇO
_________________________________________________________________

É a república midiática - judiciário - empresarial em ação.
A população já vem tomando consciência e resolveu agir.
Naturalmente, o povo ataca o alvo mais próximo, mais fácil, e esse alvo é a imprensa.
Infelizmente jornalistas sérios tem sido alvo, mas talvez seja esse o preço que a mídia, inicialmente, tenha a pagar.
Atacar o Judiciário é mais complexo e os empresários estão escondidos.
A imprensa está nas ruas e é alvo fácil.
A guerra está apenas começando.

O repuxo, ou refluxo, a que se refere Brito em seu artigo, já se faz notar.

Manipulação

Entendam como eles manipulam as delações premiadas, são desmascarados e obrigados a voltar atrás.

Andrade Gutierrez e e Temer 2
Fonte: CARTA MAIOR
________________________________________________________________
O ex-presidente da Andrade Gutierrez mostrou o quanto a Justiça pode ser ridicularizada.
Postado em 18 Nov 2016
por : Carlos Fernandes


O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo

E quando você imagina que não existe mais forma possível da justiça brasileira ser ridicularizada, eis que o ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, presta um segundo depoimento ao TSE para “esclarecer” a sua já desmentida delação.

Após ter sido miseravelmente desmascarado pela defesa da ex-presidenta Dilma quanto à sua afirmação de que teria pago R$ 1 milhão de propina em forma de doação ao diretório do PT, Azevedo agora muda completamente a sua versão.

Depois que a cópia do cheque nominal ao golpista Michel Temer circulou pelos quatro cantos do universo conhecido, subitamente, não mais do que subitamente, uma clarividência divina iluminou a memória do nosso querido corruptor ao encontro da “verdade”.

Sem qualquer constrangimento, o iluminado “retificou” as suas declarações e o que antes foi posto como fruto de propina paga “certamente” ao PT, como que num passe de mágica, fazia parte do “cofre em separado” em que as “doações lícitas” eram realizadas aos sempre honestos convivas do PMDB, PSDB, DEM e demais incólumes partidos políticos.

A mais nova – e cabível – versão dos fatos, surgiu nesta quinta (17) em novo depoimento tomado pelo ministro do TSE, Herman Benjamin. O magistrado ouviu do depoente que houve uma “confusão” de sua parte e que à luz dos acontecimentos, não houve nenhum valor de propina da Andrade Gutierrez paga à companha Dilma-Temer de 2014.

Fico aqui me perguntando: quantas “confusões” essa verdadeira procissão de delatores teria “cometido” à medida que os investigadores deixavam claro que a única razão de ser de tudo isso é incriminar o PT, a esquerda e todos os movimentos sociais e democráticos deste país?

Independente das conclusões que inevitavelmente podemos chegar, o caso é que temos aqui mais uma prova incontestável da parcialidade descarada com que a grande mídia, a Polícia Federal, promotores e juízes vem conduzindo os trabalhos de apuração dos indícios dos crimes investigados.

Outorgar qualquer benefício previsto na lei de delações para um sujeito que claramente obstruiu a justiça prestando falso testemunho no intuito evidente de prejudicar um dos acusados, não só é uma afronta à sociedade civil quanto um atentado ao ordenamento jurídico provocado pelos próprios membros do judiciário.

Isso, é claro, num país onde as instituições realmente funcionam e que goza de uma justiça verdadeira imparcial, o que, cristalino está, não é o caso do Brasil. Devemos lembrar que a favor das “confusões” de Azevedo, existe sempre o inestimável incentivo dado pelo juiz Sérgio Moro. Condenado a 122 anos de prisão, o seu velho conhecido do Banestado, Alberto Youssef, após inúmeras “confusões” e irrisórios 2 anos e oito meses de cadeia, poderá agora usufruir de uma bela vista na zona sul de São Paulo.

Assim funciona o sistema para aqueles que contribuem para os grandes interesses envolvidos. E, sabemos todos, não cabem em termos publicáveis.

Tudo exposto, no pastelão mexicano que se transformou todo o processo penal ligado à operação Lava Jato e à cassação da chapa Dilma-Temer, apenas duas certezas são admitidas: 1) a de que jamais criminosos se sentiram tão a vontade para mentirem e 2) a de que os juízes envolvidos nunca se sentiram tão lisonjeados por terem criminosos apoiando a sua forma de fazer política.


Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
______________________________________________________________