terça-feira, 20 de setembro de 2016

Peruca no momento do gol


EMOCIONADO, ALECSANDRO COMENTA FALSO DOPING: “MOMENTO MAIS DIFÍCIL DA CARREIRA”


Foto: Reprodução SporTV
por Ivens ZanettiPublicado às 07:40 de 20/09/16

Alecsandro deve voltar a defender a camisa do Palmeiras em breve, mas o atacante passou por um drama pessoal nos últimos três meses. Após ser flagrado no doping, o atleta ficou suspenso, não podendo nem sequer treinar com os seus colegas, mas na última semana conseguiu junto a Wada (agência mundial antidoping) comprovar a sua inocência e que não tinha ingerido nenhuma substância.

Nesta segunda-feira (19), durante o programa Bem, Amigos! da SporTV, Alecsandro contou como foi o período em que esteve afastado, chegando a afirmar que foi o “mais difícil de sua carreira”, destacando o suporte que teve da família.

“Fui no caminho do CT do Palmeiras até em casa, chorando muito, pensando no que eu falaria para o meu filho de 11 anos. Foi o momento mais difícil da minha carreira. Tive outros momentos difíceis, mas esse foi o mais difícil”, disse.

“Chegar em casa e falar para a minha esposa que eu fui pego no antidoping é inacreditável. Minha preocupação maior era como eu contaria para o meu filho. As redes sociais estão muito avançadas, um menino de 11 anos já mexe no celular melhor do que a gente. Me doeu muito. Eu lembro que o que eu pude dizer para ele é que o pai não tinha feito nada, que eu ia conseguir provar a inocência”, revelou.

Alecgol, como é conhecido pela torcida, disse que houve uma confusão em relação ao produto que ele usou para um tratamento capilar, resultando na punição de até quatro anos. De acordo com o palmeirense, a família também foi afetada pela situação.

“No meu julgamento, eu falei para o juiz: “Ficou lá. Alecsandro foi pego no doping no globo.com por 29 horas”. Minha esposa teve que evitar a academia. Meu filho ficou sem jogar bola, porque a babá viu os outros falarem: “Olha o dopadinho ali”. Isso sujou a minha imagem”, completou.

O atacante já confirmou sua presença no jogo deste meio de semana, diante do Botafogo-PB, no Almeidão, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

Fonte: IG
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Curiosamente o jogador quando marcava um gol ia ao encontro de uma câmara de TV no estádio e fazia um gesto simulando que era careta, não usava drogas.


Parece que o Sistema não gostou, já que o tráfico e o consumo de drogas representam um negócio que movimenta bilhões de dólares pelo mundo, dinheiro que depois é lavado em instituições financeiras, muitas das quais patrocinam eventos esportivos, como competições de futebol.

Sugiro que a partir de agora, já que o jogador comprovou sua inocência, comemore seus gols usando uma peruca, por exemplo.

O Sistema é violento e vingativo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Vanguarda e retrocesso

Recordar é viver: Em 2009, Lula propôs tornar corrupção crime hediondo, mas a Câmara não aceitou 
http://ln.is/limpinhoecheiroso.com/lJYcd … via @MiguelBBargas



Recordar é viver: Em 2009, Lula propôs tornar corrupção crime hediondo, mas a Câmara não aceitou

Via Estadão online em 9/12/2009: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou e envia hoje ao Congresso um projeto de lei que caracteriza como hediondos os crimes de corrupção passiva, corrupção ativa...


Fonte: aparecida cesario @soldaserra12
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250 mil vão às ruas da Alemanha contra os acordos de livre comércio nos quais o Serra quer engatar o Brasil

Super homens

Cientista: futuro da inteligência artificial é sua ligação aos nossos cérebros


Após a explosão do foguete da SpaceX no dia 1 de setembro, o fundador da empresa Elon Musk, ementrevista postada nesta semana, revela mais detalhes de sua visão sobre o futuro da inteligência artificial.

Falando com o presidente da empresa Y Combinator, Musk, que é também dono da fabricante Tesla, abordou uma série de questões sobre o tema. Eis o que ele disse:

"Acho que nós podemos convergir com a inteligência artificial via ligação de neurônios entre o nosso córtex cerebral e a extensão digital de nós mesmos… de fato você se torna um simbiota humano-artificial."

Segundo ele, "se essa prática se tornar popular, qualquer pessoa que deseje ter isso, poderá tê-lo".

"Não temos que nos preocupar com algum ditador horrível de inteligência artificial, porque nós somos a inteligência artificial coletiva. Esse é o melhor cenário que eu posso imaginar", sugere.

Questionado sobre qual área ele preferiria escolher se fosse um empresário de 22 anos, Musk menciona a inteligência artificial e a genética, mais especificamente – o conceito de conexão entre cérebro humano e computadores.

O cientista está pensando sobre a possibilidade de ter uma interface de alta faixa de frequências, pois no
momento os seres humanos estão limitados pela largura de banda. Embora ele afirme que nós somos "super-humanos", existem grandes limitações em termos de largura de banda de frequência, o que será importante resolver no futuro.

Musk não falou muita coisa sobre os riscos e perigos relacionados com a SpaceX, mas devido ao recente acidente ele tem "sérios receios" sobre como a empresa continuará alargando as fronteiras de viagens espaciais.

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Um livro lançado no Brasil no final da década de 1980 apresentava alguns estudos acadêmicos sobre a interface homem - computador.
O livro intitulado ' O Livro de Pragmagica' ( uma mistura de pragmatismo e magia ) já deve estar fora de catálogo.
A autora, Marilyn Ferguson, é a mesma autora de ' A Conspiração Aquariana', um livro de grande sucesso na metade dos anos da década de 1980.


Rotulada pela industria cultural como trotskista e alternativa, seus livros não tinham grande divulgação na grande mídia, no entanto, os estudos sobre interface homem - máquina, ditos alternativos e sonhadores naqueles anos, hoje são uma realidade.

Assim como são realidade outros tantos papers apresentados no livro, já que o livro é uma coletânea de artigos e estudos acadêmicos de vanguarda na época em foi lançado.


O Sistema tem enorme dificuldade em assimilar o novo.

A autora faleceu em 2008.

Cabeças que pensam. Coincidência significativa ?

Janio de Freitas ensina noções básicas do Direito a Dallagnol: “A convicção é pessoal e subjetiva. A prova é objetiva”
18 de setembro de 2016 às 12h59


Veja, que plagiou a Newsweek, advoga o assassinato extrajudicial de Lula; Dallagnol quer extirpar o PT em nome de convicção religiosa?

Procuradores da Lava Jato querem igualar provas a convicção e ilação

18/09/2016 02h00

Janio de Freitas, na Folha

A exposição acusatória feita por procuradores da Lava Jato contra Lula foi um passo importante, como indicador do sentido que determinados objetivos e condutas estão injetando no regime de Constituição democrática.

O propósito da exposição foi convencer da igualdade de ilação, convicção e prova, para servir à denúncia judicial e à condenação pretendidas sem, no entanto, ter os necessários elementos comprobatórios.

Orientador do grupo de procuradores, Deltan Dallagnol expôs o argumento básico da imaginada igualdade: “Provas são pedaços da realidade que geram convicção sobre um quadro”.

O raciocínio falseia. Provas dispensam a convicção, a ela sobrepondo-se. Daí que o direito criminal atribua à prova o valor decisivo. A convicção é pessoal e subjetiva. A prova é objetiva. A convicção deixou no próprio Supremo Tribunal Federal uma evidência da sua natureza frágil e da relação precária que tem com a Justiça.

Recém-chegado ao Supremo, Luís Roberto Barroso encontrou ainda o julgamento do mensalão. Em uma de suas primeiras intervenções, acompanhou uma decisão já definida mas, disse, não se sentia à vontade para dar seu voto à outra: proposta pelo relator Joaquim Barbosa e já aprovada, era a condenação dos réus petistas e vários outros, além do mais, também por formação de quadrilha. Causou espanto. Dois ou três ministros teriam apoiado a condenação por impulso ideológico ou político. Os demais, considerado o seu hábito, votaram por convicção.

Barroso foi breve e simples na recusa de fundamento à condenação. O espanto passou a insegurança. Mas foi só alguém rever o voto que dias antes dera à condenação, logo seguiram-se os capazes de retirar da sentença final a formação de quadrilha. Da qual não havia prova e tinham sobrado convicções.

Em artigo na Folha (sexta, 16), Oscar Vilhena Vieira notou a perplexidade decorrente de que as “grandes adjetivações” aplicadas a Lula pelos procurados, “como ‘comandante máximo’ [da ‘organização criminosa’], não encontrem respaldo nas acusações formais presentes na denúncia”.

O mesmo se pode dizer de afirmações como esta, de Dallagnol, de que Lula “nomeou diretores PARA que arrecadassem propina” [maiúsculas minhas]. E muitas outras do mesmo gênero.

De todas os integrantes da Lava podem ter convicção: é assunto de cada um. Mas que de nenhuma apresentem prova, por limitada que seja, e ainda assim busquem apoio emocional para sua “denúncia” vazia, fica claro que trilham caminho à margem da Constituição. E não estão sozinhos, como demonstra a tolerância conivente com sua escalada de abusos de poder, sobre fundo político.

O século passado viu muitas vezes a que levam essas investidas. Não poucos países viveram situações que ainda os levam à pergunta angustiante: “como foi possível?”. Aqui mesmo temos essa experiência: como foi possível ao Brasil passar 21 anos sob ditadura militar? Em nenhum desses países houve causa única. Mas em todos uma das causas foi a mesma: os que deviam e podiam falar, enquanto era tempo, calaram-se por covardia ou conveniência, quando não aderiram à barbárie pelos dois motivos.

É de um ministro do próprio Supremo, Dias Toffoli, que vem rara advertência para “o risco de que o Judiciário cometa o erro dos militares em 64″, se “criminalizar a política e exagerar no ativismo judicial”. Dias Toffoli fala em “totalitarismo do Judiciário”.


Fonte: VIOMUNDO
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A denúncia “Leite Glória” da Força Tarefa desmancha-se nas suas contradições

POR FERNANDO BRITO · 19/09/2016


A Folha de S. Paulo chama a atenção, hoje, para uma contradição evidente na “denúncia power point” apresentada semana passada por Deltan Dallagnol e & Cia contra Lula.

É que ela se apóia em uma única menção à suposta coordenação de Lula como “indicador de diretores” para facilitar o recebimento de propinas, numa delação que sequer foi judicialmente homologada.

O contrário do que dizem todos os outros delatores – entre eles, Paulo Roberto Costa – que negam qualquer tratativa com o ex-presidente sobre isso.

Mas será que Pedro Correia viu e ouviu isso?

Vejam o que ele disse, sob juramento, na CPI da Petrobras, em abril de 2015, onde eu grifo:

“O diretor de Abastecimento da Petrobrás, que se eu não me engano a memória era um tal de Manso, ele se atritou com a diretoria e o presidente Lula convidou o Paulo Roberto Costa para ser diretor de Abastecimento”, afirmou Corrêa, ao comentar a nomeação do delator ao cargo, em 2004. “Isso era a notícia que chegou para mim.”
“O presidente Lula, depois de achar que o Paulo (Roberto Costa) deveria ser diretor de Abastecimento, disse então que ele ficaria na cota de autoridades que poderiam ter a chancela do Partido Progressista”, disse Pedro Corrêa.
“Lula disse isso?”, questionou o deputado Onix Lorenzoni.
“Não disse isso a mim. Mas disse isso ao líder do partido, que era o sr Jose Janene”, respondeu o ex-deputado.


Quer dizer, os elementos de convicção de Dallagnoll vêm das declarações de um sujeito que “ouviu falar” que Lula teria combinado a indicação com fim escuso.

E ouviu falar de alguém que está (e já estava, na época da declaração) morto.

E o que tem isso a ver com o apartamento “do Lula” que não é do Lula e com a guarda de dez caixotes num depósito?

Simples, é que Dallagnol usa a “chefia” descrita por Correa para assegurar que Lula fazia parte de uma “caixinha” de onde teriam vindo os recursos para dar o imóvel que não foi dado e para pagar o armazém.

Sem a a delação (que não foi homologada e, portanto, é imprestável) toda a acusação desmorona.

Lembra-me de um carro, não me lembro se Dauphine ou Gordini, que, na minha infância era chamado de “Leite Glória”, por causa do slogan do recém lançado leite em pó “instantâneo”: “desmancha sem bater”.

Fonte: TIJOLAÇO
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A exposição dos procuradores da Lava jato é apenas uma parte de todo um processo que tem como alvo Lula, o PT e lideranças contrárias ao golpe.

Mesmo diante da escandalosa fragilidade da peça acusatória contra Lula, a grande imprensa repercutiu, acriticamente, a acusação.

Os jornais, revistas e telejornais disponibilizaram tempo e espaço para a acusação, sem que nenhum questionamento fosse apresentado.

Na revista Época, do grupo Globo, a acusação foi endossada em matéria de capa.

Em Veja, Lula , na capa, deve ter a cabeça cortada.

Na revista Isto É, a capa apresenta Fernando Henrique em uma foto que sugere um elegante estadista, e na matéria FHC orienta e define os rumos que o país deve seguir.

Deve-se considerar, ainda, que o fato, factóide, é apresentado 15 dias antes das eleições municipais de outubro. Um golpe a mais nos partidos e candidatos de esquerda que concorrem no pleito.

Segundo o artigo acima de VIOMUNDO, a convicção é subjetiva e a prova é objetiva.

A prova é a evidência, e evidências são objetivas, materiais.

No entanto, em tempos obscuros de golpe , a literatura jurídica permite evidências subjetivas, como, de certa forma, declarou uma ministra do STF em referência a sua opção de voto sobre uma determinada matéria.

A convicção que determina a certeza absoluta de uma tomada de decisão, independente de provas objetivas, se faz presente em todos os hóspedes forçados de sanatórios e casas de tratamento de doentes mentais.

Convictos e adoradores de uma literatura jurídica que tudo permite, por outro lado, ignoram as coincidências entre a exposição acusatória contra Lula, o comportamento da grande imprensa, e a proximidade das eleições.

Coincidências podem ou não ter um significado, no entanto, o histórico dos atores envolvidos, a forma e o mérito, são elementos bem mais robustos e claros indícios de provas de uma grande armação, do que as acusações apresentadas pelos procuradores contra Lula.

Existem cabeças que pensam e vida inteligente na blogosfera.

Velozes, reacionários e furiosos

Adversários que prometem voltar com a velocidade nas vias são irresponsáveis com a vida humana por causa de alguns votos



FonteFernando Haddad ✔ @Haddad_Fernando
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sábado, 17 de setembro de 2016

Glória aos Piratas

Pour la fondatrice du Parti pirate islandais, « il est toujours possible de hacker le système »
LE MONDE | 17.09.2016 à 19h30 • Mis à jour le 17.09.2016

Birgitta Jonsdottir dans les locaux du « Monde », le 17 septembre.

« J’adore les crises : c’est le seul moment où vous pouvez vraimentamorcer de grands changements. » Birgitta Jonsdottir, fondatrice du Parti pirate islandais, ne mâche pas ses mots. Invitée du « off » du Monde Festival, samedi 17 septembre, celle qui pourrait, à l’issue des législatives d’octobre, devenir première ministre islandaise, a détaillé sa vision dumonde, de la politique, et son ambition de changer l’un et l’autre.

Lire notre portrait : Birgitta Jonsdottir, de la poésie au Parti pirate islandais

« Les gens ne font plus confiance au système démocratique », regrette la femme politique de 49 ans, « Despersonnalités comme Donald Trump s’en nourrissent, de la peur et du sentiment des gens que le système ne marche pas pour eux. » Une solution : rendre le pouvoir aux citoyens, son crédo depuis ses premiers pas en politique. En commencant par leur prouver que le changement viendra d’eux :

« Les gens ont l’impression que le système est très compliqué et qu’ils ne peuvent rien y changer. Moi je pense qu’il est toujours possible de hacker le système. Personne ne s’attendait au Brexit, personne ne s’attendait à ce que Trump devienne un candidat crédible à la présidentielle américaine. Alors pourquoi pas des choses chouettes ? Mais si vous n’essayez pas de changer les choses, eh bien vous pouvez aussi bien rester chez vous à regarder la série “Mr Robot”. »

Engagée de longue date dans de multiples causes, Birgitta Jonsdottir a notamment été l’une des figures, après la crise financière qui a durement touché l’Islande en 2008, de la « révolution des casseroles », qui a abouti à la nouvelle Constitution. Même si, le reconnaît-elle, le projet « incroyable » de Constitution écrite par les citoyens « n’a pas changé fondamentalement les choses ». Mais, assure-t-elle, « nous avons semé des graines qui vont germer, et tous les gens qui y ont participé ont eu le sentiment de pouvoir agir. »
« J’ai toujours été un peu bizarre »

Birgitta Jonsdottir au « off » du Monde Festival, le 17 septembre, interviewée par le journaliste Martin Untersinger.

Huit ans après la crise, Birgitta Jonsdottir siège au parlement, mais le pays n’a pas pris un virage radicalement différent, et la vie politique islandaise encore moins. Celle qui est aussi poète, peintre et musicienne fustige la professionnalisation des hommes politiques. « Il faut de “vraies gens” dans la politique. Moi je suis madame tout le monde, même si j’ai toujours été un peu bizarre. Je ne suis pas supérieure ou inférieure à qui que ce soit. » Birgitta Jonsdottir dénonce « l’élite de l’élite » et les passe-droit dont celle-ci jouit selon elle. « Les lois ne s’appliquent pas à elle, et c’est mal ! Pourquoi les gens respecteraient-ils la loi si les politiques ne le font pas ? »

Il n’est donc pas étonnant qu’une des priorités de l’élue consiste à protéger les lanceurs d’alerte et « leurfaciliter la tâche pour qu’ils nous disent si quelque chose ne va pas dans notre système ». Non, elle veut pasoffrir l’asile à Edward Snowden. Mais la nationalité islandaise : « L ’asile, ce n’est pas assez sûr, il pourraitêtre extradé ». L’ancienne porte-parole de WikiLeaks a aussi lourdement insisté sur le cas de Chelsea Manning, ancienne militaire américaine emprisonnée pour avoir fourni des centaines de milliers de documents secrets de l’armée au site de Julian Assange.

« Il ne faut pas l’oublier. Elle a récemment essayé de se suicider. C’est elle qui a permis à WikiLeaks de décoller. Il n’y aurait pas eu de Snowden, de Panama Papers et autres sans Chelsea Manning. Si vous soutenez Snowden, à chaque fois que vous pensez à lui, pensez aussi à elle. »

Son combat politique, elle ne le mène pas qu’au nom de l’Islande. « Si nous réussissons à rendre, concrètement, la démocratie plus forte en Islande, alors nous pourrions mettre fin à la peur et à la défiance. Et cela pourrait en inspirer d’autres. »

Fonte: Le Monde 
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No texto acima, a fundadora do Partido Pirata Islandês faz críticas as elites, as elites das elites, aos privilégios dos endinheirados, aos políticos da política atual que nunca pagam por seus crimes.

Diz ainda que é possível hackear o mundo, mudar o mundo, e se você acha que não é possível fique em casa assistindo televisão, séries, novelas, etc...

Poeta, pintora e música, defende que o Poder deve ser dos cidadãos.

Diz , também, que as pessoas não mais confiam no sistema democrático atual, e que o Sistema usa o medo para conduzir as pessoas.

Até parece que suas palavras referem-se ao Brasil

Birgitta Jónsdórttir, tem possibilidades, reais , de vir a ser primeira-ministra da Islândia.

Ela ainda afirma que se sempre se achou bizarra, no que concordo, já que penso o mesmo em relação a mim e a todos que questionam e não concordam com o bizarro sistema mundial.

O Brasil precisa, urgente , de ideias e ventos piratas.

Abaixo, a tradução do google do artigo:

Para o fundador do Partido Pirata da Islândia, "ainda é possível invadir o sistema"

O MUNDO | 17.09.2016 às 19:30 • Atualizado 17.09.2016
Birgitta Jónsdóttir, nas instalações do "World" em 17 de setembro.

"Eu amo crises: é o único momento em que você pode realmentecomeçar a grandes mudanças. " Birgitta Jonsdottir, o fundador do Partido Pirata da Islândia, não mediu palavras. Convidado do" off "Festival Mundial , Sábado 17 de setembro, o que poderia, depois de outubro parlamentar, tornando-se o primeiro ministro islandês, detalhado sua visão do mundo , da política , e sua ambição de mudar um e outro.

Leia nosso retrato: Birgitta Jonsdottir, o islandês Partido Pirata poesia

"As pessoas já não confiar no sistema democrático" , lamenta a mulher política de 49 anos, "Aspersonalidades como Donald Trump se alimentam de, medo e as pessoas sentem que o sistema não funciona para eles. " Uma solução: dar o poder aos cidadãos, o seu credo desde os seus primeiros passos na política. Começando com a sua prova de que a mudança virá deles:

"As pessoas têm a impressão de que o sistema é muito complicado e podem mudá-lo. Eu acho que ainda é possível invadir o sistema. Ninguém esperava que o Brexit, ninguém esperava que Trump se torna um candidato credível para a presidência dos Estados Unidos. Então por que não corujas coisas? Mas se você não tentar mudar as coisas, bem, você pode muito bem ficarem casa para assistir a série "Mr Robot". "

Desde há muito envolvida em várias causas, incluindo Birgitta Jónsdóttir tem sido uma das figuras, após acrise financeira que atingiu a ilha em 2008, o "panelas revolução" que resultou na nova Constituição. Embora reconheceu ele, o projeto "incrível" Constituição escrita pelo povo "não tem fundamentalmente as coisas mudaram" . Mas, diz ela, "nós plantamos sementes que germinam , e todas as pessoas que participaram tinha a sensação de poder ato . "
"Eu sempre fui um pouco estranho"
Birgitta Jónsdóttir o "off" Festival Mundial em 17 de setembro, entrevistado pelo jornalista Martin Untersinger.

Oito anos após a crise, Birgitta Jónsdóttir cadeira no parlamento, mas o país não tenha tomado um rumo completamente diferente, ea política islandesa ainda menos. Ela, que também é poeta, pintor e músico denuncia a profissionalização dos políticos. "Você tem que" pessoas reais "na política. Eu sou a Miss todo o mundo , embora eu sempre fui um pouco estranho. Eu não sou superior ou inferior a ninguém. " Birgitta Jonsdottir denunciou" a elite da elite "e os passes de direitos de que goza de acordo com ela. " As leis não se aplicam a ele, e é errado! Por que as pessoas respeitam a lei, se as políticas não? "

Portanto, não é surpreendente que as prioridades eleitas é proteger os delatores e sua " facilitar a tarefa para eles para nos dizer se algo está errado com o nosso sistema" . Não, ela não vai dar asilo a Edward Snowden.Mas a cidadania islandesa: "O asilo não é seguro o suficiente, ele poderia ser extraditado" . O ex-porta-voz doWikiLeaks também fortemente enfatizada no caso de Chelsea Manning, ex-militares norte-americanos presos por ter fornecido centenas de milhares de documentos secretos do exército para o site de Julian Assange.

"Ele não será esquecido. Ela recentemente tentou se suicidar . Foi ela quem ajudou WikiLeaksoff . Não teria havido Snowden, Panamá e outros papéis sem Chelsea Manning. Se você apoiar Snowden, sempre que você pensar sobre isso, pensar nisso. "

Sua luta política, que não leva ao nome Islândia. "Se nós podemos fazer isso, na prática, a democracia mais forte na Islândia, então poderíamos colocar um fim ao medo e desconfiança. E poderia inspirar outros. "

Conheço o meu lugar

O Belchior que a crítica vulgar não viu

POR

Belchior; Cantor
Canções do compositor cearense debateram, desde os anos 1970, aalienação, as relações mercantis e a própria indústria cultural. Mas alguns procuraram enquadrá-lo como apenas um rapaz romântico

Por Alberto Sartorelli


Que tal a civilização

Cristã e ocidental…

Deploro essa herança na língua

Que me deram eles, afinal.- BELCHIOR, “Quinhentos anos de quê?”

(Bahiuno, 1993)

A imagem de Belchior vendida pela indústria cultural é a do artista brega, de voz fanha e bigodão – uma figura! Poucos prestam atenção nas letras. A forma simples de suas canções possibilitou sua assimilação pela indústria fonográfica, que criou-lhe uma imagem caricata e reproduziu suas músicas em massa, entre shows, premiações e programas de auditório, fazendo tábula rasa de seu conteúdo crítico. Belchior foi reduzido a um mero cantor romântico.

Em estética, o artista engajado politicamente deve escolher entre dois caminhos: o da forma artística de difícil assimilação – e remuneração! – para o público e para a indústria cultural; ou o da forma mais simples, de fácil assimilação do público e do show business. Ambas as opções estão fadadas ao silêncio político: uma não apela, a outra tem seu apelo anulado pela caricaturização. No fim, a indústria cultural impede que qualquer artista seja levado muito a sério, por seu ostracismo ou por sua redução a uma imagem vendável.

A especificidade de Belchior é a sua consciência perante esse processo todo. “Aluguei minha canção / pra pagar meu aluguel / e uma dona que me disse / que o dinheiro é um deus cruel / […] hoje eu não toco por música / hoje eu toco por dinheiro / na emoção democrática / de quem canta no chuveiro / faço arte pela arte / sem cansar minha beleza / assim quando eu vejo porcos / lanço logo as minhas pérolas” (TOCANDO POR MÚSICA, Melodrama, 1987).
Belchior demonstra uma compreensão total do processo de nivelamento – por baixo – da cultura por parte da indústria cultural, dificultando demasiado a ocorrência de composições com alto grau de complexidade – os artistas que se propõem a tal correm sempre o risco da miséria material e do esquecimento. Os próprios arranjos dos discos de Belchior são bem simples, com o teclado tendendo ao “engraçado”. Não é da mesma maneira em relação às letras, sempre de uma profundidade abissal e crítica ácida.

Belchior, antes de músico no sentido geral, é um compositor de canções. Cada autor encontra uma forma para se expressar: o ensaio filosófico, a pintura não-figurativa, a ópera, a canção. A canção foi a forma adequada que Belchior encontrou para transpassar seus pensamentos. É preciso ter em mente, ao pensarmos a obra de Belchior, um autor de vasta erudição, de poesia refinadíssima, conhecedor das línguas latinas e da literatura clássica, e um artista engajado politicamente de maneira radicalíssima. A partir da forma canção, Belchior oferece uma visão do Brasil e do mundo que pouquíssimos filósofos nascidos em nossas terras puderam vislumbrar. Como diz Nietzsche, o homem verdadeiramente de seu tempo sempre está à frente de seu tempo. É o caso de Belchior.

Uma das críticas mais ferrenhas do cancionista sobralino é contra a arte alegre, moda da época nos anos 1960-70. O filósofo Theodor Adorno, em sua Teoria Estética (1969) diz que a arte se utiliza de elementos da vida enquanto seus materiais; se a vida social é cindida pela divisão do trabalho, que separa o homem de sua produção e da natureza, e impede a felicidade enquanto reconhecimento recíproco entre sujeito e objeto, a arte que imita essa vida deve ser triste, como a própria vida. A arte alegre seria, então, ideológica, uma falsa verdade. A Bahia alegríssima de Caetano Veloso dos anos 1970 (a triste é de Gregório de Matos) não passa de logro, ilusão. “Veloso / o sol não é tao brilhante pra que vem / do norte / e vai viver na rua” (FOTOGRAFIA 3X4, Alucinação, 1976). Surpreendente o jogo de ambiguidade: “veloso” pode ser tanto um adjetivo do Sol, velando pelo migrante e suas dificuldades na metrópole, ou assumir outro sentido completamente oposto, identificado com o próprio Caetano enquanto imperativo moral – “Veloso (Caetano), veja!, para quem sofre, o sol não é tão brilhante quanto dizes”. Ou então esta outra: “Mas trago de cabeça uma canção do rádio / em que um antigo compositor baiano me dizia / tudo é divino / tudo é maravilhoso / […] mas sei que nada é divino / nada, nada é maravilhoso / nada, nada é sagrado / nada, nada é misterioso, não” (APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO, Alucinação, 1976).

Chamado de “antigo”, pois já havia deixado de ser vanguarda e caído no pop, encontramos mais uma crítica a Caetano e sua composição “Divino Maravilhoso” (1968), em parceria com Gilberto Gil e que foi imortalizada na voz de Gal Costa. Vale notar, sem dúvida, que a crítica de Belchior a Caetano provém de alguma admiração: em entrevista aoPasquim em 1982, Belchior diz que Caetano Veloso é o melhor letrista da MPB, “o autor da modernidade musical no Brasil”. Todavia, é com enorme verve materialista que ele fortemente rebate a letra de Caetano – “nada é divino, maravilhoso, sagrado, misterioso!”

O materialismo é um dos fundamentos da música de Belchior. Seus grandes inimigos são os escapistas, os fugidios, aqueles que diante de crenças metafísicas falam de uma vida reconciliada, feliz. Musicalmente representada na Tropicália, essa ideia era disseminada pelos hippies, com a cabeça feita por alucinógenos e um mix de espiritualidade. A resposta do materialista é ácida [sic]. “Eu não estou interessado em nenhuma teoria / em nenhuma fantasia / nem no algo mais / nem em tinta pro meu rosto / oba oba, ou melodia / para acompanhar bocejos / sonhos matinais / eu não estou interessado em nenhuma teoria / nem nessas coisas do oriente / romances astrais / a minha alucinação é suportar o dia-a-dia / e meu delírio é a experiência / com coisas reais” (ALUCINAÇÃO, Alucinação, 1976). É como se Belchior dissesse que não é por estar num registro de experiência desconhecido que essa experiência é necessariamente divina; especular metafisicamente sobre isso não passa de teoria vazia. E que o importante não é o plano espiritual, mas este aqui, o da miséria e do sofrimento, a realidade empírica e social.

Aos 29 anos em 1976, quando do lançamento do álbum Alucinação, Belchior teve o tempo, a maturidade e o olhar aguçado para ver a dissolução do sonho pacifista de liberdade. Os libertários de outrora logo se tornaram os burgueses. “Já faz tempo / eu vi você na rua / cabelo ao vento / gente jovem reunida / na parede da memória / esta lembrança é o quadro que dói mais / minha dor é perceber / que apesar de termos feito / tudo, tudo o que fizemos / ainda somos os mesmos e vivemos / como os nossos pais / […] e hoje eu sei / que quem me deu a ideia / de uma nova consciência e juventude / está em casa guardado por Deus / contando seus metais” (COMO OS NOSSOS PAIS, Alucinação, 1976). É curioso notar que foi exatamente “Como os nossos pais”, na magnífica voz de Elis Regina, a canção que colocou Belchior de fato no mercado fonográfico.

O radicalismo político de Belchior tem seu principal fundamento na crítica do dinheiro em si e do trabalho alienado, uma crítica mais profunda do que a mera crítica do capitalismo. O dinheiro é tratado enquanto fetiche e abstração, mas também enquanto necessidade material e fonte da corrupção moral. “Tudo poderia ter mudado, sim / pelo trabalho que fizemos – tu e eu / mas o dinheiro é cruel / e um vento forte levou os amigos / para longe das conversas / dos cafés e dos abrigos / e nossa esperança de jovens / não aconteceu” (NÃO LEVE FLORES, Alucinação, 1976). E é o trabalho aquilo separa o homem da natureza, exterior e interior, desumanizando-o. “E no escritório em que eu trabalho e fico rico / quanto mais eu multiplico / diminui o meu amor” (PARALELAS, Coração Selvagem, 1977). Por isso, o aspecto político da obra de Belchior ultrapassa a defesa do socialismo centralista ou qualquer outro sistema que envolva a burocracia. O problema é um problema fundamental, primeiro, filosófico: a civilização. “Aqui sem sonhos maus, não há anhanguá / nem cruz nem dor / e o índio ia indo, inocente e nu / sem rei, sem lei, sem mais, ao som do sol / e do uirapuru” (NUM PAÍS FELIZ, Bahiuno, 1993). Profundo como um antropólogo anarquista, um Pierre Clastres da canção, a crítica mira o fundamento da coisa: a racionalidade ordenadora, dominadora, instrumental, como fora notado por Adorno e Horkheimer na Dialética do Esclarecimento (1946).

Belchior faz as denúncias fundamentais; sua arte é hegemonicamente negativa. Todavia, há um resquício de esperança nessa visão do Apocalipse, mesmo que a esperança fale sobre o que não deve ser. Nada absurdo para o cancionista sobralino, pois para ele a sociedade é ruim por excesso, não por falta. “Não quero regra nem nada / tudo tá como o diabo gosta, tá / já tenho este peso / que me fere as costas / e não vou, eu mesmo / atar minha mão / o que transforma o velho no novo / bendito fruto do povo será / e a única forma que pode ser norma / é nenhuma regra ter / é nunca fazer / nada que o mestre mandar / sempre desobedecer / nunca reverenciar.” (COMO O DIABO GOSTA, Alucinação, 1976). “Como o diabo gosta” deveria ter sido um hino da liberdade; passou despercebida, sem ninguém contestar a “Pra não dizer que não falei das flores” (Geraldo Vandré, 1968) o posto de canção de protesto.

Para Belchior, as palavras são um instrumento de luta política, do despertar da consciência contra a opressão e seus mecanismos ideológicos. “Se você vier me perguntar por onde andei / no tempo em que você sonhava / de olhos abertos, lhe direi / amigo, eu me desesperava / […] e eu quero é que esse canto torto feito faca / corte a carne de vocês” (A PALO SECO, Alucinação, 1976). Para tal intento, sua canção deve ter um quê de dissonância para com o sistema estabelecido, e em vez de cantar as “grandezas do Brasil”, tem de denunciar os horrores de uma sociedade civil falida. “Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve / correta, branca, suave / muito limpa, muito leve / sons, palavras, são navalhas / e eu não posso cantar como convém / sem querer ferir ninguém / mas não se preocupe meu amigo / com os horrores que eu lhe digo / isso é somente uma canção / a vida realmente é diferente / quer dizer / a vida é muito pior” (APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO, Alucinação, 1976). Se a arte é a mímese da vida, toda arte, por mais verdadeira que seja enquanto parte, não dá conta do todo. A realidade é pior do que a tristeza que a arte transpassa, e pior do que o pesadelo em sonho. É essa realidade que importa mudar.

Um mecanismo utilizado nas letras e nas melodias de Belchior é o da aproximação perante o ouvinte. Cearense, migrante, que na cidade grande sofreu, tocou em puteiros, foi explorado para “fazer a vida”. “Pra quem não tem pra onde ir / a noite nunca tem fim / o meu canto tinha um dono e esse dono do meu canto / pra me explorar, me queria sempre bêbado de gim” (TER OU NÃO TER, Todos os sentidos, 1978). É assim, por meio de sua experiência de vida trash, que Belchior realiza o approche para com o ouvinte. Ritmo simples e letra aguda, essa foi a aposta do cancionista para a politização da massa. “A minha história é talvez / é talvez igual a tua / jovem que desceu do norte / que no sul viveu na rua / que ficou desnorteado / como é comum no seu tempo / que ficou desapontado / como é comum no seu tempo / que ficou apaixonado e violento como você / eu sou como você que me ouve agora” (FOTOGRAFIA 3X4, Alucinação, 1976). Ao dizer “eu sou como você”, Belchior almeja arrebatar o outro como identidade, e trazer à tona a revolta contra a opressão; seu público – alvo, escolhido a dedo, não é o intelectual burguês letrado, mas o pobre que vai ao boteco depois da jornada de trabalho; ele o reconhece como indivíduo ativo a ser despertado: o sujeito revolucionário. Mas é claro que a indústria cultural fez de tudo para anular esse conteúdo: em plena ditadura militar, transformaram Belchior numa personagem caricata, num astro romântico, o galã de “Todo sujo de batom” (Coração Selvagem, 1977).

Belchior sabe, desde muito tempo, que “Eles venceram / e o sinal está fechado pra nós / que somos jovens” (COMO OS NOSSOS PAIS, Alucinação, 1976). Mesmo assim, não foi em vão seu esforço: além de todas as canções citadas até agora, ainda há muitas outras de conteúdo crítico ferrenho, como por exemplo “Pequeno perfil de um cidadão comum” (Era uma vez um homem e seu tempo, 1979), uma epopeia sem o elemento épico, que fala de como é vã a vida do sujeito raso, de gosto pouco refinado, cuja finalidade é voltada ao trabalho; “Arte Final” (Bahiuno, 1993), grande canção sobre tudo aquilo que deveria ter acontecido e não aconteceu; ou “Meu cordial brasileiro” (Bahiuno, 1993), que identifica a tese do “homem cordial” de Sérgio Buarque de Hollanda (Raízes do Brasil, 1936), o elemento diferenciador do brasileiro, com o aspecto consentido do nosso povo perante a política e o trabalho. Belchior teve sua poesia impregnada pela frustração de não ter podido colocar em prática o projeto por um mundo melhor, e sua música é mais verdadeira e mais revolucionária por isso: não promete a felicidade, mas escancara a impossibilidade dela no estado de coisas vigente.

No fim, em meio a essa cena sombria, nos tempos dele e no nosso tempo de agora, ainda há alguma esperança. Para Belchior, mais importante do que a filosofia ou a arte é a vida. “Primeiro o meu viver / segundo este vil cantar de amigo” (AMOR DE PERDIÇÃO, Elogio da Loucura, 1988). Sua filosofia é oposta à de Caetano: se para o compositor baiano, quem “mora na filosofia” está separado dos sentimentos humanos, a filosofia de Belchior provém da experiência; é pensamento vivo. “Deixando a profundidade de lado / eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia / fazendo tudo de novo / e dizendo sim à paixão / morando na filosofia” (DIVINA COMÉDIA HUMANA, Todos os sentidos, 1978).

Marcado no cancioneiro latino-americano como uma de suas grandes vozes, Belchior foi um mestre da poesia. Foi assimilado pela indústria cultural, de fato, como Mercedes Sosa ou Che Guevara. Ele se jogou na contradição da música popular, assim como qualquer um se joga nas contradições da lógica do trabalho. Assimilado, mas não rendido. “Marginal bem sucedido e amante da anarquia / eu não sou renegado sem causa” (LAMENTO DE UM MARGINAL BEM SUCEDIDO, Bahiuno, 1993). Não é por ter sido reproduzido e veiculado pela indústria cultural que Belchior perdeu totalmente a sua virulência: ela se mantém viva em ouvintes atentos que, como nós, encontram nele uma manifestação da consciência de seu tempo, e mais: a esperança de um mundo melhor, inteiramente outro. Por agora, o importante é viver. “Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa / e não deixei meu cigarro se apagar pela tristeza / sempre é dia de ironia no meu coração” (NÃO LEVE FLORES, Alucinação, 1976). Belchior, como Nietzsche, diz sim à vida, apesar de tudo, e talvez por isso tenha caído fora dessa loucura midiática que é a vida de um artista famoso sempre sob os holofotes.

Em relação às dúvidas acerca de seu paradeiro, que me perdoem os escandalizados, mas a letra já estava dada há muito tempo. “Saia do meu caminho / eu prefiro andar sozinho / deixem que eu decido a minha vida” (COMENTÁRIO A RESPEITO DE JOHN, Era uma vez um homem e seu tempo, 1979).

Fonte: OUTRAS PALAVRAS
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Conheço o Meu Lugar

Belchior
  

O que é que pode fazer o homem comum
Neste presente instante senão sangrar?
Tentar inaugurar
A vida comovida
Inteiramente livre e triunfante?

O que é que eu posso fazer
Com a minha juventude
Quando a máxima saúde hoje
É pretender usar a voz?

O que é que eu posso fazer
Um simples cantador das coisas do porão?
Deus fez os cães da rua pra morder vocês
Que sob a luz da lua
Os tratam como gente - é claro! - aos pontapés

Era uma vez um homem e o seu tempo
Botas de sangue nas roupas de lorca
Olho de frente a cara do presente e sei
Que vou ouvir a mesma história porca
Não há motivo para festa: Ora esta!
Eu não sei rir à toa!

Fique você com a mente positiva
Que eu quero é a voz ativa (ela é que é uma boa!)
Pois sou uma pessoa.
Esta é minha canoa: Eu nela embarco.
Eu sou pessoa!
A palavra "pessoa" hoje não soa bem
Pouco me importa!

Não! Você não me impediu de ser feliz!
Nunca jamais bateu a porta em meu nariz!
Ninguém é gente!
Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca houve!

Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem: Conheço o meu lugar!