segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Ódio de classe

É assim o ódio de classe da Globo

"O cinismo e o narcisismo tem se configurado em diversas coberturas, opiniões, comentários e tratamentos dos fatos"
publicado 08/02/2016
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O Conversa Afiada reproduz texto do professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Francisco José Castilhos Karam , publicado no Observatório de Imprensa:

O jornalismo cínico e o ponto de não-retorno

Publicado originalmente no site Objethos

Em 1988, o psicanalista Jurandir Freire Costa alertava que a sociedade brasileira poderia estar chegando a um perigoso ponto de não-retorno. Ela estaria incorporando quatro valores: cinismo, narcisismo, violência e delinquência. À época, seus estudos tinham como referência, entre outros, as ideias de Peter Sloterdijk. O filósofo alemão havia escrito, desde a década de 1970, artigos sobre o cinismo. Suas ideias culminariam no clássico livro “Crítica da razão cínica”, publicado na Alemanha no início dos anos 80, com grande repercussão naquele País e Europa em geral.

Mais tarde, além de outros idiomas, foi traduzido para o espanhol (1989) e para o português (2012). Nele, o autor aborda o crescimento do cinismo em escala institucional e pessoal na contemporaneidade. Para Sloterdijk, sob a capa das instituições e grupos, e em contrapartida com discursos de interesse público, crescem os componentes cínicos que se amparam em interesses privados.

Sloterdijk era cético com o destino das instituições. Em relação à mídia, considera viver num mundo aparentemente “superinformado” e, no entanto, de notícias “hipertrofiadas”. Estudioso do cinismo que se agigantava, o autor alemão era descrente em relação às potencialidades midiáticas tradicionais para a democracia. E, por extensão, do jornalismo com sua volumosa informação, que para ele era cada vez mais um espaço de mediação pública de interesses privados. E com a colaboração crescente de jornalistas que incorporam tal “valor”, de forma ingênua ou não, conscientemente ou não…

Já o ponto de não-retorno de Freire Costa atingiria diversas instituições e o comportamento individual. Segundo o psicanalista, a cultura do cinismo deriva da cultura narcísica e “se não há como recorrer a regras supra-individuais, historicamente estabelecidas pela negociação e pelo consenso, para dirimir direitos e deveres privados, tudo passa a ser uma questão de força, de deliberação ou de decisão, em função de interesses particulares. Donde o recurso sistemático à violência, à delinquência, à mentira, à escroqueria, ao banditismo ‘legalizado’ e à demissão de responsabilidade, que caracterizam a ‘cultura cínico-narcísica’ dos dias de hoje” (Costa: 1989, p. 30-31).

O que o Jornalismo tem a ver com isso?

O Jornalismo tentou se afirmar, nos últimos 300 anos, como espaço de informação, conhecimento e esclarecimento sociais, baseado na crença de que tem legitimidade social para isso e fundamentado na credibilidade das informações que por ele circulam.  Desde a década de 1970 passou a ser quase um subproduto dentro dos conglomerados midiáticos, em que cada vez mais sócios de empresas de fora da mídia atuam dentro dele, a ponto de não se saber quem investe em quem: se acionistas investem na produção informativa e interferem na adequação a seus interesses; se empresários da mídia e do jornalismo investem em empresas de fora da área para fortalecer interesses particulares que não estão mais no próprio modelo de negócios;  ou, afinal, se são um só faz muito tempo e hoje as coisas ficaram apenas mais claras, mais descaradas…

O que vem acontecendo, de forma reiterada, é de uma desfaçatez enorme diante da ideia de esclarecimento público e da defesa de que o jornalismo é o porta-voz da controvérsia e, portanto, a liberdade de expressão é sagrada, bandeira não só dos profissionais – a maioria honestos -, mas também de empresários – a maioria envolvida em sonegação de impostos, achaque dos cofres públicos e política de demissões e rotatividade sem qualquer piedade, embora sempre defendam o jornalismo, em quaisquer circunstâncias oficiais, como vinculado ao interesse público, à informação de qualidade, à fidelidade sobre a história do cotidiano.

Talvez por isso que Sloterdijk tenha escrito que “cinicamente dispostas estão estas épocas de gestos vazios e de fraseologia refinadamente tramada, em que sob cada palavra oficial se ocultam reservas privadas” (1989: v. II, p. 209);

O cinismo e o narcisismo tem se configurado em diversas coberturas, opiniões, comentários e tratamentos dos fatos, apesar de vários profissionais darem o melhor de si para a profissão e a sociedade em muitas matérias, em variadas notícias e reportagens. E sejam honestos em comentários. No entanto, isso parece ser cada vez mais exceção na grande empresa jornalística. O processo que engole e ameaça jornalistas é dilacerante para a profissão e presume que o jornalismo, para sobreviver com o melhor que conseguiu nos últimos séculos, estaria fora do modelo de negócios tradicional, este hoje e de forma inexorável muito mais pautado pelos critérios de audiência do que por relevância temática social. E acentua de forma descarada esta vertente a cada dia…

Rapidamente, três exemplos:

Na semana de 25 a 29 de janeiro, o Jornal Nacional exibiu série de reportagens sobre os problemas da saúde no Brasil, focando, claro, no setor público, tratando do SUS, dos hospitais públicos… O JN esmerou-se em retratar as mazelas pelas quais passa o povo brasileiro em atendimento médico e em tratamento de doenças como câncer e várias outras: filas, espera, mau atendimento, falta de estrutura e tantos outros problemas foram apontados. Isso para o tratamento público e gratuito. Situações reais. Mas durante muito tempo, e hoje, todo o jornalismo da Rede Globo, e especialmente o JN, fez campanha aberta pela redução dos gastos públicos, pelo enxugamento da máquina pública. Depois de intensa e sistemática campanha ao longo de anos, mobilizando a sociedade para cortes em todas as áreas do Estado, há um claro cinismo – e responsabilidade – quando falta dinheiro para qualquer área social, incluindo a saúde. Além disso, o JN esquece de dizer que uma parte da estrutura e do dinheiro que falta é responsabilidade da própria emissora e do grupo que representa, sonegador de impostos e com dívidas que ultrapassam a casa do bilhão de reais com a União. Se a dívida fosse paga, certamente seria de muita valia para o uso na área da saúde, como de resto tem sido o atendimento feito, se não perfeito, em geral bem razoável, por exemplo, pelos postos de saúde, hospitais públicos e o setor em geral e que tem logrado salvar muita gente. E ainda mais quando o próprio grupo do qual faz parte o JN esperneia quando o governo ameaça cortar gastos de publicidade, bilionário ao longo dos anos. É o cinismo que beira à delinquência jornalística, à escroqueria: o grupo Globo recebeu do Estado brasileiro – ou seja, “saiu do meu bolso, do seu bolso, da saúde” – mais de seis bilhões de reais nos últimos 12 anos;
Na edição de 30/01/2016, a Folha de S. Paulo traz matéria, quase humorística, assinada por Flávio Ferreira. Em editoria específica de “brasil em crise” (em minúsculo mesmo), o critério de noticiabilidade utilizado pela Folha colocou, no primeiro plano e em tom acusatório, a sensacional informação de que “Mulher de Lula adquiriu barco para sítio”. Um barco que não chega a cinco mil reais; uma propriedade que não se compara em valor às de Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso e a de tantos outros ex-presidentes, parlamentares, mulheres de parlamentares e de presidentes. E que jamais foi notícia. Trata-se de uma peça jornalística que beira à delinquência e ao cinismo, feita a mando talvez para tentar corrigir os continuados dados equivocados sobre o triplex de Lula, sobre os imóveis e negócios comprados sem prova alguma por filho de Lula (Havan, entre eles), pelos “ilícitos” nunca provados feitos pelo ex-presidente, que além de não serem ilegais, muitas vezes foram feitos à luz do dia e em função de parcerias de governo, seja com Estados Unidos ou Cuba, conforme deve ser em qualquer relação comercial entre dois países. Suspeitas, sempre suspeitas, e mais suspeitas… Se houvesse provas já haveria faz muito tempo. O mesmo ocorreu quando parte do jornalismo brasileiro insistia em atacar Leonel Brizola sem nunca provar nada;
É quase autoexplicativa a seleção feita pelo site/blog Mídia Independente Coletiva, feita a partir do site do G1 (Rede Globo) e como este trata determinados assuntos. É exemplar e pedagógica. O cinismo bate à porta e ocupa o posto do jornalismo:


O crescente número de agressões e processos contra profissionais e empresas está num quadro de perda de legitimidade e de credibilidade, valores que precisam ser arduamente recuperados. No entanto, na lógica empresarial em que se move o jornalismo tradicional, e na submissão de grande parte de seus profissionais em questões-chave de economia e de política, está cada vez mais distante o reconhecimento público à atividade e o respeito a uma profissão que lutou muito, por suas entidades, para adquirir um estatuto profissional específico e uma moral ancorada no interesse público, coisa que ainda as escolas estão a propor e a realizar. Mas que encontra cada vez mais espaço fora do jornalismo de referência histórica e encontra mais possibilidades dentro de modelos alternativos que surgem, dentro ou fora das redes sociais.

Parece ser um caminho para continuar chamando Jornalismo de Jornalismo, driblando os quatro vértices elencados por Freire Costa: cinismo, narcisismo, violência e delinquência. Quem sabe assim o jornalismo, sobretudo o tradicional, escape do que inevitavelmente tem sido a sua marca atual: o perigoso ponto de não-retorno. Ali onde o pêndulo da dialética que sempre marcou a sua história – entre o capital/interesse privado versus interesse público – tem pendido sempre para o lado do primeiro. Pelo menos corresponderia em parte ao que se propôs historicamente.

Referências

COSTA, Jurandir Freire. Psicanálise e Moral. São Paulo: Educ, 1989.

SLOTERDIJK, Peter. Crítica de la razón cínica. Madrid: Taurus, 1989, 2v.
Fonte: CONVERSA AFIADA

Escondeu ou interditou ?

O Nobel que a mídia grande escondeu

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Num país onde a ausência de um inédito Prêmio Nobel verde-amarelo alimenta a baixa estima nacional, a visita de dez dias do engenheiro indiano Kailash Satyarti, Prêmio Nobel da Paz de 2014, encerrada neste fim de semana, teve a utilidade de comprovar o mau momento vivido pelos grandes jornais e revistas do país.

Recebido por repórteres de veículos interessados numa pauta única - o impeachment de Dilma Rousseff -, Kailash teve poucas oportunidades de discutir o assunto em que é uma autoridade internacional - o combate ao trabalho infantil, causa que lhe deu o Nobel, há dois anos. Em vez disso, "em todas as minhas entrevistas, o impeachment sempre estava entre as primeiras perguntas. E eu não tinha muito o que dizer a respeito, até porque nem sou membro do Congresso e sequer sou cidadão brasileiro", disse ao 247, momentos antes de embarcar para Roma, onde tinha uma audiência marcada com o Papa Francisco.

Em entrevistas no Recife, São Paulo e Brasília, Kailash defrontou-se com jornalistas sem interesse real para tentar entender o que ele dizia e mais preocupados em transformar - de qualquer maneira - o Prêmio Nobel em instrumento de ataque ao governo. Num movimento selvagem para desconstruir as relações do governo Dilma como as parcelas mais pobres da sociedade, hoje seu maior trunfo de sobrevivência política, a mídia grande só ouviu o que queria ouvir. Mais tarde, ao perceber que o Nobel não iria entrar no jogo, perdeu interesse pela visita.

"Em São Paulo eu disse que a atuação do Brasil contra o trabalho infantil era um exemplo a ser seguido no mundo inteiro. Fiquei sabendo, no dia seguinte, que interpretaram a frase no sentido invertido, como se eu tivesse criticado o governo brasileiro e que não era um exemplo a ser seguido," conta o Nobel. "Claro que essa versão, errada, foi a que ficou circulando por vários dias," afirma uma autoridade que acompanhou a visita de perto.

Ativista contra o trabalho infantil num país onde a merenda escolar é uma novidade relativamente recente - no Brasil, foi estabelecida em lei há meio século e é assegurada pela Constituição de 1988 - Kailash começou a tomar contato com os programas sociais brasileiros antes de Lula chegar ao Planalto. Em sua primeira visita ao país, conheceu o Bolsa-Escola, lançado no Distrito Federal pelo então governador Cristovam Buarque, com quem também se encontrou durante a visita. Em 2016, na sexta viagem ao Brasil, teve uma audiência de mais de uma hora com Dilma Rousseff, a quem sugeriu que o Brasil liderasse uma conferência dos Brics - Brasil, Índia, China e África do Sul - contra o trabalho infantil.

Kailash manteve várias conversas com Tereza Campelo, titular do Ministério do Desenvolvimento Social. Saiu de uma audiência com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, convencido de que os programas de assentamento e apoio à agricultura familiar merece mais aplauso do que têm recebido até agora. Em São Paulo, Kailesh reuniu-se com empresários do grupo Ethos que têm uma atuação destacada na defesa dos direitos da criança, inclusive recusando-se a comprar produtos de empresas que empregam mão de obra infantil. Também teve uma conversa de uma hora com estudantes que participaram da ocupação de escolas da rede pública.

Eu gostaria de saber como o senhor interpreta os dados mais recentes sobre trabalho infantil, computados em 2014, que mostram um perfil diferente no Brasil. Hoje, 80% das crianças que trabalham têm 15 anos ou mais e 62% dos menores de 14 anos estão mobilizados na agricultura familiar. É uma situação muito diferente daquela que se via anos atrás.

Conheço esses números. Eles mostram uma mudança muito importante, num processo de longa duração e que sempre avançou na mesma direção. Vocês tiveram o Bolsa Escola do governador Cristovam, que ajudou a atrair a criança para escolas. Depois, o Bolsa Família do governo Lula, que representou um avanço importante. O governo Dilma ampliou o Bolsa Família, não só pela geografia, mas também em outros aspectos. Também precisamos lembrar que, comparando com outros países, o Brasil tem uma legislação que ajuda muito.

Por que?

O Brasil tem hoje a legislação mais progressista do mundo sobre trabalho infantil. Para começar, o trabalho só é autorizado depois dos 16 anos. Nos outros países, como a India, o limite é 14. A legislação brasileira protege a criança com exigências rigorosas, o que facilita a ação de quem está interessado em punir abusos. É uma diferença importante, pois outros países não tem nada parecido. Os Estados Unidos sequer assinaram a convenção contra o trabalho infantil da Organização Internacional do Trabalho, o que significa que ali as crianças tem pouca proteção legal.

Além do Brasil, outros países possuem programas de distribuição de renda que ajudaram a manter a criança na escola. Como eles são?

Na Índia, por exemplo, o programa Mahtma Ghandi de Garantia de Emprego Rural assegura às famílias das pequenas comunidades rurais pelo menos 120 dias de trabalho por ano. Se não há emprego, elas recebem o equivalente em salário. Outro programa assegura pelo menos uma refeição quente por dia a 130 milhões de crianças.

Em São Paulo, o senhor reuniu-se com estudantes que recentemente ocuparam escolas públicas para exigir melhoria na qualidade do ensino. Qual sua avaliação dessa mobilização da juventude?

É um fenômeno muito positivo, que reflete o progresso ocorrido nos últimos anos. Por causa do progresso social, os jovens passaram a comparecer a escola com mais frequência. Ao descobrir a importancia para a educação em suas vidas, passaram a se preocupar com a qualidade do ensino. Estão certos. A qualidade de ensino, no Brasil, é um desafio a ser enfrentado. Precisa melhorar. Não haverá progresso sustentável sem progresso na educação. Essa é a chave. É positivo, portanto, que os jovens se mobilizem para colocar novos direitos e reivindicações. Querem participar mais, interferir mais. Seu poder está emergindo. Eu acho muito bom.

Até hoje, os programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, têm adversários influentes nos meios de comunicação. É comum ouvir que esses programas estimulam a preguiça, acomodam as pessoas e no fim das contas acabam prejudicando o desenvolvimento do país.

É assim no mundo inteiro, inclusive na India. Essa crítica parte daquelas pessoas, que representam uma pequena parcela de cada sociedade, que tem dinheiro, acesso a educação, a Justiça. Elas imaginam que o progresso dos que nada têm, ou têm muito pouco, poderá prejudicar sua situação. Sentem-se ameaçadas. Não percebem que irá ocorrer justamente o contrário.

Como assim?

Estamos falando da emergência de sociedades mais homogêneas, onde não apenas 20%, mas 40%, 60% das pessoas conseguem ter boas escolas, um bom emprego, uma boa perspectiva. Essas sociedades têm menos tensões sociais, menos violência e, potencialmente, menos insegurança. Isso porque o progresso vai além da economia. Traz esperança a quem está por baixo e nunca pode pensar numa condição de vida melhor. Dá confiança. E essa confiança é essencial para que se possa mobilizar a sociedade civil em busca de melhorias. O apoio população só se obtém quando todos podem confiar no que está acontecendo.
Não é correto culpar o governo por tudo o que acontece. As leis ajudam, a ação do Estado é muito importante mas não resolve tudo. A sociedade também tem sua responsabilidade. Todo mundo sabe que os programas sociais, não apenas beneficiaram a juventude, que teve condição de ir a escola, mas também fortaleceram o papel da mulher na sociedade. Isso é muito positivo. E não apenas para as mulheres, claro.
Fonte: Blog do Miro

Os que brotam do impossível chão


Os que brotam do impossível chão, por Marceu Vieira

morroagudo
Um dos sinais de degradação de um organismo social é a perda dos seus cronistas.
Pois o cronista é pessoa de poucas certezas e  imensas dúvidas, que enxerga o grande pelo miúdo, adivinha o enredo pela cena, reconstrói na cabeça o que lhe entra pela visão ou pela memória – e sempre passando pelo coração – de um instante do presente ou do passado.
Não é um professor, embora nos ensine, muito menos um sociólogo, embora como poucos seja capaz de falar do agir e do sentir das pessoas no lugar social, emocional, físico onde estão e, sobretudo, onde se sentem estar.
O cronista não tem que ter final, feliz ou trágico, pois o cronista não conclui. Porque khrónos, o tempo, não começa nem termina, a não ser nos frios cadernos da ordem: o da escola, o do contador, o dos diários.
Mesmo quando se serve da memória, o cronista não retrata um tempo morto, mas o que vive e viverá.
É por isso que uma coletividade que perde a delicadeza perde seus cronistas.
Sempre os invejei e nunca me achei capaz de ser: a mania de meter-me  a entender de tudo – a meio metro de profundidade, que seja – sempre me tirou este magnífico dom da perplexidade, que é origem e produto do artista.
Mas só a metade dele, porque sobrou-me o prazer de vê-la ser sentida, tornada texto e presenteada a quem não se brutalizou.
Por isso, confessei outro dia aqui a minha admiração pelo amigo – mais de sentir do que de conviver – Marceu Vieira e recomendei o seu blog, recém inaugurado por teimosia de muitos amigos que lhe reclamavam tal prazer.
Para os que não viram, e para os que, como eu, acham que a vida é muito mais que fuçar sujeiras, à procura do que há de pior nos homens, reproduzo outro texto de Marceu, sobre sua terra interior, Morro Agudo, na Baixada Fluminense, um pouco mais longe do que o Realengo da minha infância, mas do qual estar longe  dói igual.

Morro Agudo

Marceu Veira
De um ponto de vista puramente romântico, talvez eu tenha passado em Morro Agudo os dias mais felizes da minha vida. Puramente romântico porque, na verdade, eu não aconselharia nenhum garoto de playground do Leblon a trocar de infância comigo.
Sinto muita falta de Morro Agudo, de seus campos de pelada, de seus botequins com vitrola de ficha e suas ruas batidas de terra, onde ainda hoje parecem zanzar as resignações da minha infância simples, mas feliz.
De todos os lugares que conheci, Morro Agudo continua sendo o mais especial de todos. Menos pelo que apresenta de beleza, que é nada, e mais pela coleção de lembranças que me desperta. Lá, ainda vivem minha mãe, meus tios, meus primos e amigos que vou levar para a vida toda.
Criança, eu não sabia que gostava tanto daquele lugar. Com a inocência de quem via o mundo apenas pela televisão ou pelas fotografias coloridas das revistas, não suspeitava de que um dia fosse mudar de ideia e preferir Morro Agudo à Praça Mauá, por exemplo, para mim um símbolo de progresso e de urbanidade naquele tempo.
Morro Agudo não fica longe nem perto. Depende. Fica muito longe da Pedra da Gávea ou dos quintais floridos do Morumbi, mas está a um pulo da Favela da Rocinha ou das privações da Zona Leste paulistana.
Nunca um presidente da República pisou lá. Nem para pedir voto. Governador do estado só apareceu antes da eleição. E de todos os prefeitos que administraram Nova Iguaçu, sua cidade-mãe, apenas um era de Morro Agudo. Mas antes não fosse, tamanho o desastre que aprontou.
Morro Agudo fica na Baixada Fluminense, capital da indigência do Rio, a uns 60 quilômetros da Zona Sul carioca. É um lugar feio, onde faltam emprego e saneamento, escola e diversão, hospital e segurança.
Mas, apesar disso, foi capaz de dar ao mundo gente como Pedrinho, Totó, Cláudio, Miguel, Fernando, Tono e Tito. Ou ainda como os irmãos portuguesinhos David e Manoel, amigos de escola que me ajudaram a desfazer a impressão infantil de que português já nascia velho.
Pedrinho, meu primeiro amigo, é um talento desperdiçado. Seu humor fino deveria ser reverenciado na TV. Totó, poeta da geração desbunde, escreveu alguns dos poemas mais lindos que conheço. Um dia, adolescente, encheu-se de coragem e remeteu um apanhado deles ao seu maior ídolo, Carlos Drummond de Andrade. Logo depois, para a surpresa de nós todos, Totó seria recebido pelo próprio Drummond e passaria uma tarde recitando seus versos para o encantamento do ídolo.
Não há como duvidar do Totó. Há uma testemunha. Com ele, naquela visita, estava Cláudio, que ainda hoje confirma a história em nossos encontros cada vez mais raros.
Eu e meus amigos de Morro Agudo não nos vemos com tanta frequência, mas, volta e meia, matamos a saudade em rodas de música e cerveja, e, nas aflições, sempre nos procuramos. É no meio deles que eu me refugio se alguma coisa vai mal deste lado de cá do mundo. E, aí, não dá outra – a gente ri de se acabar das histórias que vivemos juntos. Elas são muitas.
Uma certa madrugada, ali pela primeira metade dos anos 1980, estávamos todos num botequim de Morro Agudo quando, às 2h, 2h30 da manhã, nossa conversa foi interrompida por um sujeito que se apresentava como mágico.
– Estão vendo esta moeda? – o tal mágico perguntou, olhando para a gente.
Nenhum de nós demonstrou muito interesse, mas o homenzinho foi em frente.
– Prestem atenção, porque ela vai sumir! Pronto, sumiu! Mas ela está aqui, ó! – disse, “retirando” a tal moeda da orelha do Totó.
O sujeito quis saber se tínhamos gostado do número, e respondemos que com moeda era fácil. “Moeda é pequena, dá para esconder na manga da camisa”, dissemos.
O homem já atraía a atenção do botequim inteiro. Desafiador, pediu um ovo ao comerciante atrás do balcão e repetiu o número.
– Bom, ovo é grande, não se esconde em qualquer lugar, certo? Vocês vão ver que não é truque, é mágica!
Repetiu, então, os trejeitos e as palavras incompreensíveis do truque, fez o ovo desaparecer e perguntou, pedante:
– Onde vocês querem que o ovo apareça?!
Pedrinho respondeu primeiro:
– Pode tirar da minha bunda, por favor.
O mágico riu da graça do meu amigo e pediu que ele se virasse. Pedrinho obedeceu, empinou a bunda e, quando o mágico já ia enfiando a mão dentro da calça dele, o meu amigo… “Bruuuuuuuuummmm!”, soltou um peido.
O mágico ficou tão passado que deixou o ovo escorregar pela manga da camisa e se espatifar no chão. E ainda teve de limpar a sujeira, porque o dono do botequim não gostou do número.
Do peido na mão do mágico para cá, cada um de nós inventou um futuro diferente. Todos conseguimos atravessar o funil que há entre Morro Agudo e o resto do mundo, mas a coincidência mais relevante entre nós é outra. Continua sendo a da amizade mesmo.
A maioria deles ainda foi mais esperta do que eu e não saiu de lá.  Alguns saem de manhã para trabalhar e voltam de noite. Pedrinho é advogado, Cláudio é médico anestesista, Fernando trabalha com um dos maiores neurocirurgiões do mundo, Miguel é professor de biologia, Tito e Manoel são engenheiros, Tono trabalha com políticos, David é comerciante e Totó, por ironia, comanda as atividades culturais de um Ciep local que leva o nome do ídolo, Carlos Drummond de Andrade.
Um dia eu volto também.

Fonte: TIJOLAÇO
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Sonho Impossível
Chico Buarque



Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer
O inimigo invencível
Negar
Quando a regra é vender
Sofrer
A tortura implacável
Romper
A incabível prisão
Voar
Num limite improvável
Tocar
O inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Epidemia de anencefalia exprode no grupo grobo

Síndrome associada ao zika que provoca paralisia explode no Rio

Hospital em Niterói já atendeu 16 pacientes com Guillain-Barré só este ano


Fonte: O GLOBO
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Essa ai é a manchete, em letras gigantescas, de primeira página de hoje, sexta-feira 05.02.2016, do jornal O Globo.

Na véspera do carnaval, e um dia após surgir uma declaração de um médico estrangeiro de que o Brasil deveria cancelar a realização dos jogos Olímpicos.

Globo entra pra valer no início da campanha contra a realização dos jogos, o que se de fato acontecer, seria uma derrota para o governo Dilma.


Sem que a comunidade científica tenha conhecimento completo sobre o zika vírus, Globo aproveita a desinformação e ainda desinforma mais a população, lançando pânico sobre uma nova doença.

O foco de globo são as olimpíadas e o governo Dilma, daí citar a cidade do Rio de Janeiro como o epicentro de um explosão de uma doença associada ao vírus Zika.

Por outro lado, as informações em que globo se baseia são da cidade de Niterói.

A irresponsabilidade do jornalismo da velha mídia não tem limites.

O assunto sobre as doenças causadas pelo mosquito, requer cautela e investigação por parte da comunidade científica, e informações equilibradas por parte da da imprensa.

Como globo não encontrou casos de microcefalia supostamente associados ao mosquito no Rio de janeiro, já partiu para outra epidemia na cidade,
 citando dados pontuais.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Agromorte

Agronegócio: as corporações internacionais comandam

O agronegócio exporta a água, o suor e o sangue dos trabalhadores, envenena o meio ambiente e as populações, mas ainda posa de campeão do PIB.        


Najar Tubino
EBC
A produção internacional de commodities é um negócio internacional e financeiro, comandado por meia dúzia de empresas, as conhecidas no Brasil como ABCD – ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus -, além de novos atores como Noble Group, de Hong Kong, a Mitsui e a Mitsubishi – japonesas – e os fundos de todos os tipos, de capital inglês e dos Estados Unidos. No Brasil, o Mato Grosso representa a essência do agronegócio com mais de nove milhões de hectares ocupados pela soja, e as corporações dominam mais de 50% das exportações do estado – quase US$10 bilhões – e 90% do esmagamento da soja. Dentro desse seleto grupo está a Amaggi. A Bunge, maior valor em exportação, teve um lucro líquido no primeiro trimestre de 2015 de US$263 milhões. E a Cargill, no mesmo período lucrou US$425 milhões, com vendas de US$33,3 bilhões- números globais. No Brasil a Cargill comprou, processou e vendeu 21 milhões de toneladas no ano passado, sendo 78% para exportação.

O agronegócio, como diz o executivo da Agrifirma, empresa do Barão Jacob de Rothschild, Ian Watson exporta água para os chineses que tem escassez em seu território. A projeção para este ano é uma exportação de 57 milhões de toneladas de grãos de soja, a maioria comprada pela China. Na verdade o agronegócio exporta água, biodiversidade destruída, sangue e suor dos trabalhadores brasileiros, envenena o meio ambiente e as populações locais e ainda posa de campeão do PIB. Mas tem um fato que retrata ainda melhor esta situação. Trata-se da indústria canavieira ou sucroalcooleira, onde as corporações transnacionais já ocupam 33% do setor – há pouco mais de cinco anos era 12%.

Novo nirvana do mercado

Depois da crise de 2008, quando os usineiros familiares perderam US$4 bilhões em derivativos, os fundos de investimentos especulativos invadiram o Brasil e o Cone Sul em especial, para comprar terras e ativos, que envolvessem a produção de agrocombustíveis. Como o golpe da especulação imobiliária estourara eles viram na produção de commodities e de combustíveis vegetais o novo nirvana do mercado. Um verdadeiro paraíso: terra barata, água à vontade, grupos familiares loucos por capital e políticos ávidos por desenvolvimento. A cana-de-açúcar e o etanol assumem os ares da modernidade rural, com a benção do movimento ambientalista, porque polui menos do que os combustíveis fósseis. Um engodo de péssima calibragem.

Hoje, a cana cresceu de 5,6 milhões de hectares ocupados para 9,2 milhões em 2016. Os números variam muito, mas existem entre 420 e 450 usinas de açúcar e etanol – em 2016, a produção de álcool será de 58%. Desde 2008, 80 usinas fecharam as portas e em torno de 70 estão em recuperação judicial. As empresas de consultoria do setor canavieira, como a Agroconsult, calculam que a dívida do setor equivale ao valor de uma safra, ou seja, mais de R$80 bilhões. Sendo que desde 2003 até 2011, o BNDES emprestou aos usineiros e canavieiros, para se modernizarem, a cifra de R$28 bilhões, a juros de 6% ao ano. O Pró-álcool, programa lançado pelo general Ernesto Geisel na década de 1970 deixou em 1991 uma dívida de US$2 bilhões para os cofres do Tesouro Nacional, segundo informações do pesquisador da USP, Fábio Pitta.

Direcionamento do boi para o norte

Entretanto, o mais grave ainda quando o assunto é a expansão cana-de-açúcar está relacionado com o direcionamento da pecuária para o norte do país. A cana tomou conta de São Paulo, com mais de cinco milhões de hectares – 54% da produção nacional, que é de 590 milhões de toneladas. Mas em estados como Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul deu um salto enorme em poucos anos. Em Goiás passou de 180 mil há para 725 mil em 2013; Minas Gerais de 334 mil para 721 e Mato Grosso do Sul de 131 mil para 542, sendo parte da área onde os Guarani Kaiowás reivindicam as suas reservas. Outra característica desta que é uma indústria secularmente concentradora de terra, exploradora de mão de obra e totalmente autoritária.

No final da década de 1970 um boia fria cortava 3,77 toneladas por dia. Em 1985 a quantidade aumentou para cinco toneladas por dia. Em 2005, chegou a oito toneladas e agora varia entre 12 e 15 toneladas/dia – a mecanização diminuiu a mão de obra e agora eles selecionam por produtividade. Na verdade as usinas terceirizaram o trabalho que antigamente os gatos, recrutadores de mão de obra, faziam. Agora, na era do agribusiness as usinas contratam outras empresas que fazem o CCT – corte, carregamento e transporte.

Corrida induzida pelos Estados Unidos e União Europeia

A corrida pelos agrocombustíveis pelo mundo piorou a vida de muita gente no campo- tanto camponeses, como comunidades tradicionais, na América do Sul, como na África e na Ásia. Um movimento que foi induzido pelos Estados Unidos e a União Europeia sob o argumento que precisavam reduzir as emissões de gases estufa. Na verdade criaram novas oportunidades para o mercado gerar lucros com o capital especulativo que corre pelo globo. O Banco Mundial fez um estudo em 2011 sobre a compra de terras por grupos empresariais. Avaliaram 464 aquisições que envolviam mais de 200 milhões de hectares – em média as compras eram de 40 mil hectares. Porém em 203 desses negócios – envolviam 56 milhões de hectares – 21% a commodity relacionada era de bioenergéticos, outros 21% era madeira e borracha e 37% relacionados a produção de alimentos, que no conceito deles é soja e milho.

As informações estão detalhadas na tese do pesquisador Alberto Arruda Villela, da COPPE-UFRJ sobre a expansão da palma (dendê) na Amazônia Oriental. A palma é a soja da Ásia, embora a sua produção de óleo global supere a da soja – 58,4 milhões de toneladas. Os maiores produtores são Malásia e Indonésia, que em 20 anos destruíram 3,5 milhões de hectares de florestas para expansão da cultura – ocupa hoje 10 milhões de hectares, com um aumento de 474% na área plantada. O problema é ainda mais grave: 25% dessas terras eram turfeiras, considerados sumidouros de carbono orgânico e armazenam no sudeste asiático 68,5 bilhões de toneladas de carbono.

A insanidade de produzir agrocombustíveis

Para traçar outro parâmetro da insanidade de produzir combustíveis vegetais: 1/3 da produção de milho dos Estados Unidos é direcionado para o etanol, que corresponde a apenas 7% do consumo de gasolina. No mundo 13% da produção de óleos vegetais é transformada em agrocombustível. No Brasil, a soja abocanha dois milhões de toneladas de grãos. A ADM tem a maior fábrica de diesel vegetal em Rondonópolis com capacidade para produzir 486,7 milhões de litros.

Depois dos últimos relatórios do IPCC os europeus mudaram de ideia quanto ao uso de o setor plantam como a kolza. Depois compram os grãos de outros países. Daí surgiu o cálculo sobre as consequências indiretas que a produção de agrocombustíveis acarretam em áreas de florestas, ou ocupadas por pecuária, ou plantios de culturas para alimentação. Esta é a realidade do Brasil, com a expansão agrícola no Piauí, Bahia, Maranhão e Tocantins pelos grupos estrangeiros associados com famílias locais ou de sulistas, como ocorre no Mato Grosso.

O Grupo Bom Futuro, de Iraí Maggi, primo do senador Blairo Maggi, ocupa 260 mil hectares com commodities, o Grupo Itaquerê possui 107 mil hectares, o Grupo Pinesso com 117 mil hectares, ou o Grupo Insolo, no Maranhão com 80 mil hectares, da família de banqueiros Iochpe. No agronegócio está tudo dominado pelas corporações. A safra de soja 2015/16 no Mato Grosso tem um custo de produção acima de R$16 bilhões – 26% financiado pelos bancos privados e federais; 34% pelas tradings e revendas, ou seja pelas corporações internacionais e o restante 40% com o dinheiro antecipado dos produtores que no final de 2015 já tinham vendido quase 60% da safra. Na hora que houver uma quebra de safra significativa na soja o pânico tomará conta do noticiário da mídia esquizofrênica. Certamente convencerão os brasileiros a doar as suas esquálidas poupanças, para ajudar o setor mais moderno e querido do país.

Fonte: CARTA MAIOR

Velharia que não se toca

Boni ataca Sambódromo, Beija-Flor e o ‘É de casa’: ‘É muito ruim’

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, esteve ontem na FMODIA para dar uma entrevista ao programa “De Cara” e não poupou ninguém! Ele criticou o Sambódromo, a Beija-Flor e a TV Globo.
O ex homem forte da Globo contou que ofereceu a Anísio Abraão Davi que a Beija-Flor viesse este ano com um enredo em homenagem aos 400 anos da morte de dois grandes escritores, Miguel de Cervantes e William Shakespeare. “Eu queria colocar Don Quixote e Romeu e Julieta juntos! Don Quixote, aliás, salvaria Julieta da morte e no final do desfile faríamos um grande casamento coletivo da comunidade, vários Romeu e Julieta da vida real”, contou. A Mocidade falará sobre o aniversário da morte do autor de Don Quixote de La Mancha.
Boni contou ainda que, na década de 80, mandava o melhor maquiador da TV Globo para a casa de Castor de Andrade para fazer um disfarce nele. Na época, Castor estava preso em prisão domiciliar mas não aguentava e queria sair de casa… Pra finalizar ele reafirmou que o Sambodromo está ultrapassado, e que foi um erro fazer o enredo sobre a vida dele em uma escola como a Beija Flor: “A escola é muito rococó”, disse, mesmo sendo fiel torcedor da agremiação.
Boni criticou ainda o samba da Beija Flor deste ano: “É uma tristeza. Nasceu em Congonhas, Sabará! Quem se interessa por isso?” Tomara que Laíla não tenha ouvido o programa…
Óbvio, ele também falou de TV. Disse que gosta do “The Voice”, que os editores do Big Brother sofrem de “editite”, uma “síndrome” de editar tudo em rápidos cortes, num estilo vídeo clipe é que o “É de casa” é “muito ruim”. Todos os produtos citados são de seu filho, Boninho. Boni disse ainda, em tom de brincadeira, que a última novela boa da TV Globo foi “Roque Santeiro”. Veja a entrevista na íntegra abaixo:
Fonte: O DIA
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Em novo livro, Manuel Castells aborda o


poder da comunicação na era das redes


digitais

Autor da consagrada trilogia 'A era da informação: economia, sociedade e cultura', o sociólogo espanhol Manuel Castells lança agora no Brasil, pela editora Paz & Terra, a obra O poder da comunicação. Nela, ele apresenta uma análise minuciosa sobre as relações de poder no século 21, dentro do contexto do surgimento das redes digitais.


Na base das ideias de Castells está a certeza de que as relações de poder que estruturam a cultura, a economia e especialmente a política são sustentadas por processos de comunicação. Esses processos moldam mentalidades de forma profunda e duradoura. “O reino da comunicação é a esfera social onde valores e interesses de atores conflitantes estão comprometidos em disputa e debate para reproduzir a ordem social, para subvertê-la, ou para acomodar novas formas resultantes de interação entre o velho e o novo, o passado de dominação cristalizado e o futuro de projetos alternativos para a existência humana promovidos por aqueles que aspiram a mudar o mundo”, diz o autor em um dos textos introdutórios da obra.


Castells inicia o livro mostrando como, nos últimos anos, a comunicação de massa cedeu espaço para as práticas da intercomunicação individual – que só se tornaram possíveis pelo aparecimento da internet e das redes móveis. A partir daí, se propõe a apontar as conexões entre a dinâmica estrutural da sociedade em rede, a transformação do sistema de comunicação, a interação entre emoção, cognição e comportamento político e o estudo da política e dos movimentos sociais em uma variedade de contextos.
Para sustentar as teorias expostas no livro, Castells recorre também a estudos de caso diversos. O autor apresenta, por exemplo, uma análise da desinformação do público norte-americano em relação à Guerra do Iraque durante o governo Bush. Fala também sobre a campanha presidencial de Obama em 2008, explicando como o uso hábil da internet foi decisivo para levar o político à vitória.


Sobre Castells
Manuel Castells nasceu em Hellín, Espanha, em 1942. É professor emérito na Califórnia University, em Berkeley, EUA, onde lecionou por 24 anos. Publicou mais de 20 livros. Atualmente é professor de Comunicação na University of Southern California, em Los Angeles.


Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Todo ano é a mesma coisa.

Com a proximidade do carnaval e o reality show da globo na tela, o ex- diretor vem a público para fazer algumas declarações.

Para um observador desatento, as declarações de Boni podem parecer críticas aos alvos citados.

No entanto, é justamente o oposto.

Ao criticar a passarela do samba Professor Darcy Ribeiro, o Sambódromo, Boni tenta tirar o foco da transmissão dos desfiles feita pela Globo, e que, certamente, teve a assinatura de Boni .

Assim se manifestando, Boni atribuiu ao Sambódromo a culpa pela queda de audiência da Globo nas transmissões dos desfiles das escolas de samba, deixando intocada e perfeita a transmissão da emissora.

Ou seja, se Boni reside em uma casa em uma região de muito movimento e de muito barulho, a culpa pelo barulho externo é da casa.

A transmissão dos desfiles das escolas de samba apresentado por Globo precisa ser repensado em todos os seus aspectos e conceitos, e não o Sambódromo.

Em seguida, dispara "críticas" à Beija -Flor e faz comentários a programas que Boninho, seu filho - filho de Boni e não seu, caro leitor - copiou e colou na globo, ao melhor estilo da contemporaneidade Ctrl C e Ctrl V.

Como sempre, nesta época do ano, faz comentários sobre a maior obra do filhinho, o Big Brother Brasil, como forma de defender e alavancar a audiência do "espetáculo", mesmo que , para disfarçar ,faça alguma crítica ao programa ou à outro programa da emissora.

Incapazes de compreender o conceito de auto crítica, e obviamente mais ainda a aplicação de tal conceito, Globo e seus pares destoam do tempo presente, e ainda ,não aceitam receber críticas.

Já deu, ninguém aguenta mais ouvir de novo um conceito ultrapassado que insiste em se manter em um lugar que não mais lhe pertence.



O tempo de Globo passou.





Midia esgoto

A ânsia de vômito causada pela mídia

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                              



"Sinto ódio. Ódio e nojo da ditadura." Com essa frase, o então chefe da oposição à ditadura, Ulisses Guimarães revolvia os sentimentos mais recônditos despertados por um regime que censurava, perseguia, cassava, bania, torturava, sequestrava e assassinava opositores do regime.

Mais de 40 anos depois, experimento repugnância semelhante diante do que se transformou a mídia monopolista brasileira. A caçada do cartel ao ex-presidente Lula supera em sordidez e canalhice até mesmo o cerco midiático que levou Vargas ao suicídio.

Os barões da mídia mandaram às favas quaisquer resquícios de pudor. Uma amiga jornalista diz sentir vergonha alheia da imprensa. Da minha parte, o caso é mais grave. É clínico.

Mesmo sem ler Folha, Veja, Globo e Estadão há tempos, para zelar pela minha saúde física e mental, e por uma questão de assepsia, acabo tomando conhecimento pelas redes sociais, e por blogs e sites alternativos, do que publicam.

Aí são inevitáveis os engulhos estomacais, a ânsia de vômito. Como evitar tamanho mal-estar diante do linchamento de um ex-presidente que ousou tirar 40 milhões de brasileiros da miséria e por isso é respeitado no mundo inteiro ?

Cega de ódio de classe, a mídia não hesita em enveredar pelo ridículo, pelo patético, pelo tragicômico. São estranhos triplex de 80 metros quadrados que Lula não comprou, mas poderia pagar com três palestras, barcos de lata de 4 mil reais e o "uso" de um sítio por Lula e sua família.

E não adianta a apresentação de documentos, como fez Lula, desmontando toda a farsa. O buraco é mais embaixo. Como diz o ex-governador Tarso Genro, os métodos utilizados são nazistas. E a mentira e a calúnia usadas a exaustão sempre estiveram no centro da tática hitlerista. Joseph Goebbels que o diga.

Está visceral e irremediavelmente apodrecida uma imprensa que despreza a apreensão de 400 quilos de cocaína num helicóptero de um aliado de Aécio, que passou batida pelo aeroporto construído pelo ex-governador de Minas em sua propriedade, que ignora as centenas de viagens particulares de Aécio em avões do governo mineiro, que esconde o apartamento de FHC em Paris, etc, para perseguir e caçar o mais popular presidente da história do país.

As razões que a animam são políticas, mas são também econômicas. Uma eventual vitória de Lula em 2018 jogaria por terra uma espécie de Proer específico para os grupos de mídia, visto por eles como uma saída para estancar a crise financeira que atravessam, produto de uma acentuada perda de credibilidade, que fez despencar a audiência e o número de leitores. E só uma restauração conservadora poderia salvá-los

Fonte: Blog do MIRO
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Ex-presidente da Associação de Delegados da PF diz que há “guerra ao PT”


colehoneto
“Eu não acho que exista um combate à corrupção, existe uma guerra declarada ao Partido dos Trabalhadores”.
Quem diz a frase,  dita com a ressalva de que “não sou PT”  e “não gosto de muita coisa no PT” é o delegado aposentado Armando Coelho Neto, ex-presidente da Associação de Delegados da Polícia Federal.
A entrevista, ao veterano colega Humberto Mesquita (ex-RealidadeTupi  e SBT), é impressionante, porque é dada por quem não apenas conhece a corporação como porque historia fatos. E que evita, por consciência do que deve ser o comportamento de uma autoridade policial, evita qualquer afirmação leviana contra qualquer pessoa.
Um deles é a descrição de como se tomou o depoimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: com absoluta discrição e sem qualquer tipo de constrangimento, como deve ser a colaboração com a apuração de crimes.
Outro, a denúncia sobre o desvirtuamento da Operação Zelotes, que apura sonegação – e, portanto, desvio  de dinheiro público – em volume maior do que a Lava Jato e foi transformada em “Operação Filho do Lula”, por uma suspeita que, além de frágil, é absolutamente lateral ao cerne do que se fez: formar-se um esquema de quadrilha dentro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
O delegado Armando já havia sido mencionado aqui, por conta de um dos ótimos posts de Marcelo Auler, reporter que conhece a área e que é testemunha do comportamento deste policial.
Que parece mesmo alguém mais preocupado em ser equilibrado do que um leviano e  exibido.
Fonte: TIJOLAÇO
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Quando o jornalismo seletivo se transforma em linchamento

publicado em 04 de fevereiro de 2016 às 13:22
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FHC e o filho Paulo Henrique: nenhum escândalo
Pau que bate em Luiz bate em Fernando?
04/02/2016 02h00
No apagar das luzes de seu mandato, o ex-presidente promoveu um jantar no Palácio do Planalto para a nata do PIB nacional – Odebrecht, Gerdau, Lázaro Brandão, entre outros — com direito a vinho francês e refinado menu. Mas o prato principal era obter dinheiro para o financiamento de seu instituto após sair da Presidência. Conseguiu naquela noite a bagatela de R$ 7 milhões.
O filho do ex-presidente teve as contas de um hotel de luxo em Ipanema, onde morou por certo período, pagas por um grupo empresarial do setor têxtil. Andava pra lá e pra cá de BMW e tinha um jatinho permanentemente à sua disposição. Isso tudo com o pai ainda na Presidência da República.
O ex-presidente e seu partido foram acusados por certo senhor, que foi seu Ministro de Estado e figura ativa na campanha eleitoral, de terem apropriado nada menos que R$ 130 milhões de sobras de campanha em sua primeira eleição, sendo R$ 100 milhões de caixa dois. Disse ainda que o recurso foi provavelmente enviado ao exterior.
O nome deste ex-presidente é Fernando Henrique Cardoso. O filho pródigo é Paulo Henrique Cardoso. E o acusador dos desvios na campanha de 1994 é José Eduardo de Andrade Vieira, banqueiro que foi ministro da Agricultura de FHC.
Nenhum desses fatos é novidade. Mas não renderam dez minutos no “Jornal Nacional” por dias a fio nem repetidas manchetes da Folha. Não fizeram também com que FHC e seu filho fossem intimados a depor pelo Ministério Público.
Se fosse o Lula…
Aliás, o mesmo Ministério Público de São Paulo que intimou Lula e sua esposa não denunciou nenhum agente político no escândalo do “trensalão” tucano e arquivou o caso das irregularidades no monotrilho, que apareciam numa planilha apreendida com Alberto Youssef.
Seguindo a toada, o Ministério Público de Minas Gerais também pediu o arquivamento do caso do aeroporto de Claudio. O então governador Aécio Neves (PSDB) desapropriou a fazenda de seu tio para construir um aeroporto, cuja chave (do aeroporto “público”) ficava em poder de sua família. O MP mineiro não viu motivo algum para intimar Aécio ou oferecer denúncia.
FHC é tratado pela mídia como grande estadista e nunca foi incomodado pelo MP ou pela Polícia Federal. Em seu governo, aliás, ambos eram controlados na rédea curta. Suas transações com o pecuarista e empresário Jovelino Mineiro, seja na controversa fazenda de Buritis (MG), seja na hospedagem frequente em apartamento na capital francesa, nunca geraram grande alarde. Atibaia desperta mais interesse que Paris.
Aécio, por seu lado, desfila em Brasília como defensor da moralidade. Tal como FHC é aplaudido em restaurantes e não tem porque se preocupar com investigações. Seu nome apareceu em mais de uma delação da Lava Jato, mas não cola.
Em relação a Lula, a disposição é outra. Uma canoa vira iate. E o depoimento de um zelador é tratado como condenação transitada em julgado.
É verdade que Lula e o PT pagam o preço de suas escolhas. Não enfrentaram em seu governo a estrutura arcaica do sistema político brasileiro, onde interesses públicos e privados sempre conviveram promiscuamente. Mantiveram intocado o monopólio midiático empresarial, que hoje os dilacera. E optaram por uma aliança com a elite econômica, pensando talvez que seriam tratados como os “de casa”. Chocaram o ovo da serpente.
Mas criticar suas escolhas estratégicas — como é o caso aqui — não significa legitimar um linchamento covarde e com indisfarçado interesse político. Se há acusações em relação a favorecimentos da OAS ou da Odebrecht, que Lula seja investigado. Como Fernando Henrique nunca foi e os grão-tucanos não costumam ser.
Contudo, investigação — e jornalismo investigativo — não podem carregar as marcas das cartas marcadas e da seletividade.
Definir que Lula é o alvo e, depois, fazer uma devassa pelo país em busca de um argumento factível é transformar investigação em achincalhamento e argumento em pretexto.
Como gosta de dizer um famoso morador de Higienópolis: “assim não pode, assim não dá”.
PS do Viomundo: Vivi isso dentro da Globo. Todos os recursos para investigar o PT. Mas, na hora de investigar o PSDB, não tinha dinheiro para ir a Piracicaba!
Fonte: VIOMUNDO
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