sábado, 23 de janeiro de 2016

A Ascensão do Mediocre

Programas policialescos não podem ter carta branca para violar direitos


Charge: Junião
O Ministério Público Federal em São Paulo ajuizou ação civil pública contra a Record e a União em decorrência de violações de direitos no programa “Cidade Alerta”. Estudo aponta que programas policialescos violam cotidianamente 12 leis brasileiras e 7 tratados multilaterais.
22/01/2016 
Por Helena Martins (*), especial para a Ponte Jornalismo
 
“Atira, meu filho; é bandido”. Essa foi uma das frases proferidas por Marcelo Rezende, do programa Cidade Alerta, da Rede Record, ao transmitir, ao vivo, uma perseguição policial a dois homens que seriam suspeitos de roubo. A ação culminou com um tiro disparado à queima roupa pelo integrante da Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas (Rocam) da Polícia Militar de São Paulo contra aqueles que, repetidas vezes, foram chamados de “bandidos”, “marginais” e “criminosos” pelo apresentador.
 
 
 Charge: Junião
A cobertura, feita em junho do ano passado, foi objeto de representação elaborada pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação e pela ANDI – Comunicação e Direitos ao Ministério Público Federal em São Paulo. As organizações apontaram que houve desrespeito à presunção de inocência e incitação à desobediência às leis ou decisões judiciais. No texto, foram descritas as cenas e também as leis desrespeitadas pelo canal, em especial a Constituição Federal, que veda a veiculação de conteúdos que violem direitos humanos e façam apologia à violência, e o Código Brasileiro de Telecomunicações, que determina que “os serviços de informação, divertimento, propaganda e publicidade das empresas de radiodifusão estão subordinados às finalidades educativas e culturais inerentes à radiodifusão” (Art.38, d).
 
Agora, o Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública contra a Rede Record e a União. O órgão pede que a emissora transmita uma retratação, por dois dias úteis, mostrando não compactuar com o comportamento hostil e com a incitação à violência perpetrada por Marcelo Rezende. Em caso de descumprimento, o grupo deverá pagar multa de R$ 97 mil por dia. O MPF requer ainda que a União cumpra com o seu dever e fiscalize o programa.
 
As medidas são importantes para enfrentar a perversidade praticada todos os dias pelos chamados programas policialescos. Não é mais possível calar diante de conteúdos midiáticos que se valem de uma concessão pública para ir ao ar e, então, violar direitos de forma sistemática, como comprova pesquisa realizada pela ANDI em colaboração com o Intervozes, a Artigo 19 e o Ministério Público Federal. O estudo (**) aponta que pelo menos 12 leis brasileiras e 7 tratados multilaterais são desrespeitados cotidianamente por esses programas, entre eles a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
 
A análise de 28 programas veiculados por emissoras de rádio e televisão em dez estados diferentes, ao longo de 30 dias, constatou que 1.936 narrativas possuíam violações. Entre elas: 1.709 casos de exposição indevida de pessoa; 1.583 de desrespeito à presunção de inocência; 605 de violação do direito ao silêncio; 151 ocorrências de incitação à desobediência ou desrespeito às leis; 127 de incitação ao crime e à violência; 56 casos de identificação de adolescentes em conflito com a lei; 24 registros de discurso de ódio e preconceito; 18 ocorrências de tortura psicológica e degradante, entre outros crimes.
 
Os números servem para comprovar práticas que podem ser observadas praticamente sempre que ligamos o rádio e a TV, especialmente no período do almoço ou no turno da tarde, já que, por serem considerados jornalísticos, os tais policialescos não são submetidos à classificação indicativa – permanecendo, assim, facilmente acessíveis às crianças e aos adolescentes. Poucas são as emissoras que não aderiram à fórmula que combina exploração de sensações (a começar pela dor de quem passa por situações violentas), merchandising e populismo. A estética (e, portanto, a ética) deles penetra também os tradicionais programas jornalísticos, inclusive porque estes passaram, na última década, a buscar responder ao crescimento da audiência daqueles.
 
Como consequência, temos veículos que levam a praticamente todos os lares brasileiros discursos que criminalizam, sobretudo, setores cujos direitos são historicamente negados, como os jovens negros suspeitos de atos infracionais. Discursos que criam estereótipos sobre comunidades ou populações inteiras, que tratam a violência de forma superficial e que apresentam como resposta aos problemas a redução da idade penal e outras expressões do Estado penal.
 
Ao passo que este vem se tornando cada vez mais necessário para regular a vida em sociedade com base na força, na vigilância, na produção do medo e na exclusão, também cresce o papel dos meios de comunicação na produção do que Eugenio Raúl Zaffaroni chama de “criminologia midiática”. Esta constrói uma imagem do real na qual estão, em lados absolutamente opostos, as pessoas boas, vulneráveis, e a massa criminosa. Isso é feito, claro, por meio da fabricação do estereótipo do criminoso, de campanhas de ‘lei e ordem’, de ideias rígidas, como a suposta impunidade dos adolescentes que entram em conflito com a lei, entre outros artifícios.
 
A justificativa para a seletividade penal necessária à manutenção deste sistema excludente e opressor é, assim, construída e reforçada todos os dias. A retórica de que “bandido bom é bandido morto” é exemplo disso. Ademais, ao praticar populismo penal, apresentando, por exemplo, a privação de liberdade em um sistema penal falido como resposta à demanda de segurança, tais programas – e as emissoras responsáveis por eles – privam a sociedade de ter acesso a uma informação plural, contextualizada e completa. Ignoram, por exemplo, o fato de o Brasil ocupar hoje o patamar de terceiro País com a maior população carcerária – posição que galgou, sobretudo, nos últimos dez anos, quanto também vimos o crescimento da violência, o que deixa claro que a saída proposta é absolutamente equivocada.
 
A figura carismática, o tom apelativo, a apresentação de respostas fáceis e a tentativa de ocupar o papel do Estado como mediador de conflitos e detentor da possibilidade de aplicação do direito abrem caminhos para a eleição de parlamentares – e, em breve, possivelmente de mandatários de cargos no Executivo. Alçados à posição de representantes da sociedade, esses apresentadores muitas vezes passam a integrar a chamada “bancada da bala” e a adotar agendas conservadoras, em especial em relação à segurança pública e aos direitos humanos, contra os quais também rotineiramente são proferidos discursos inflamados no rádio e na TV.
 
Para enfrentar essa lógica, é necessária, de imediato, uma mudança de postura dos órgãos responsáveis pela fiscalização dos conteúdos veiculados pelas emissoras de rádio e televisão, em especial o Ministério das Comunicações (MiniCom). Hoje, o Ministério tem recuado de seu poder fiscalizador e sancionador. Além de não monitorar os programas, atua apenas diante de denúncias ou de casos com grande repercussão pública. Além disso, pesquisa mostra que, em diversos casos, houve omissão ou restrição da ação do órgão ao considerar apenas dois dispositivos legais do Código Brasileiro de Telecomunicações para analisar conteúdos, embora haja muitos outros relacionados à questão.
 
A postura omissa do MiniCom resulta em uma carta branca para práticas criminosas. Entre 2013 e 2014, apenas duas emissoras de TV foram multadas por violações cometidas por programas policialescos: a TV Band Bahia, multada em R$ 12.794,08, e a TV Cidade de Fortaleza, que pagou R$23.029,34. No primeiro caso, a apresentadora Mirella Cunha humilhou um suspeito negro por oito minutos. No segundo, dois programas da emissora veicularam o estupro de uma menina de nove anos de idade. Nas duas situações, a ação do Ministério ocorreu após denúncia e pressão por parte da sociedade civil.
 
No caso que envolve o apresentador Marcelo Rezende, essa permissividade mais uma vez ficou clara. Assim como o MPF, o MiniCom recebeu do Intervozes denúncia sobre a ocorrência de desrespeito à presunção de inocência e incitação à desobediência às leis ou decisões judiciais. Não obstante, em resposta encaminhada pelo Departamento de Acompanhamento e Avaliação de Serviços de Comunicação Eletrônica, o órgão disse que segue analisando denúncia, mas que o Poder Judiciário deveria ser procurado em busca de reparação. Segundo o comunicado, “só depois de ocorrer a condenação do culpado, é que o Ministério das Comunicações poderá, com a sentença condenatória transitada em julgado, instaurar processo administrativo contra a entidade detentora da outorga para executar o serviço de radiodifusão, ‘por abuso no exercício da liberdade de radiodifusão por ter sido este meio utilizado para prática de crime’.”.
 
Além do longo prazo para a sociedade ter retorno de algo que, pelas características da mensagem televisiva, tem forte impacto imediato, em geral as multas são irrisórias e não há uma campanha pública que mostre a ocorrência da sanção nem o problema cometido pela emissora. Assim, essas medidas acabam sendo insuficientes para desestimular práticas equivocadas. Essa situação torna ainda mais urgente a atuação crítica da sociedade e de órgãos com posicionamentos contundentes, como tem sido o Ministério Público Federal, em relação aos grupos midiáticos.
 
Nunca é demais lembrar que a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa devem conviver harmonicamente com os demais direitos e podem, inclusive, ser fundamentais para a promoção deles, caso sejam utilizadas com esse fim. Diante de tudo isso e tendo em vista a complexa conjuntura vivenciada no Brasil, sobretudo no campo dos direitos humanos, defendemos algo que pode ser feito desde já, como ocorre em democracias consolidadas ao redor do mundo: não aceitar violações. Se não enfrentarmos coletivamente essa agenda, estaremos fadados a viver em uma sociedade paralisada pelo medo e sujeita à reprodução de discursos que ampliam desigualdades sociais e legitimam a exclusão de grupos populacionais por meio da criminalização, do encarceramento ou do extermínio.
 
(*) Helena Martins é jornalista e representante do Intervozes no Conselho Nacional de Direitos Humanos.
 
(**) Ainda inédito, o estudo faz parte de um amplo programa de monitoramento de violações de direitos humanos em veículos de comunicação brasileiros. Como parte do projeto, já foram lançados dois guias que apresentam mais informações sobre os programas policialescos; conheça o volume 1 e o volume 2.

Fonte: BRASIL DE FATO
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Programas policialescos nas emissoras de TV aberta, e são muitos, estão seguindo a mesma estética das redes sociais.

Aliás, não apenas os programas policialescos, os conteúdos das TV's, principalmente as TV's abertas, estão se alinhando, de alguma forma, com a estética de linguagem e comentários das redes sociais na internete.

É uma estratégia, desesperada, de minimizar a queda nas audiências.

O mesmo acontecerá em breve com jornalões e revistas impressas, que atualmente em versão digital, permitem uma aproximação com os conteúdos das redes sociais.

Isso significa que com o surgimento da internete e das redes sociais, o jornalismo da velha e grande mídia se rebaixou aos padrões da rede, vulgarizou-se, fazendo da informação, seu principal e nobre produto, algo precário, rasteiro e, paradoxalmente, desprovido de informação.

A nova estética de comunicação e linguagem que emerge por conta desse alinhamento, alimenta e se alimenta da polarização na política, repercutindo nas redes sociais e na velha mídia uma disputa que se alastra por toda a sociedade.

Assim sendo, apresentadores de praticamente todos os telejornais, como Raquel Sheherazade do SBT, por exemplo, reproduzem o senso comum, rasteiro e desprovido de conteúdo, que no entanto acaba por ser , de alguma forma, bem recebido por parcela da população e de outras empresas de mídia.

Cresce o número de novos colunistas medíocres na velha mídia.

O mesmo se aplica aos programas policialescos, que em um passado próximo não tinham o discurso corrosivo e violento do presente mantendo até mesmo algum respeito com o telespectador.

Esse fenômeno, que classifico com A Ascensão do Medíocre, deve-se em grande parte seu crescimento a inoperância do Estado e de seus órgãos de fiscalização.

Ignorando a atuação histórica nefasta dos meios de comunicação da velha mídia e também a necessidade de novas regras para civilizar e domesticar o setor, os Governos do PT permitiram que - por desconhecimento, falta de foco, ou ambos - a situação chegasse ao estágio atual de barbárie, onde apresentadores de programas de TV incitam assassinatos ao vivo, para delírio e prazer da audiência, que de certa forma aprova os atos de violência.

Esse fenômeno também se desloca para o esporte, onde modalidades de lutas supostamente esportivas levam os telespectadores ao delírio com cenas de pessoas ensanguentadas, violência extrema nos golpes e até mesmo membros partidos, tudo isso com uma audiência considerável.

O mesmo se dá nas telenovelas, onde a violência, e a trapaça são enaltecidas e roubam a cena.

Os anseios, desejos e instintos mais primitivos das pessoas, que na internete puderam se manifestar devido ao anonimato propiciado pela rede mundial de computadores, ao que parece emergem de forma avassaladora no mundo real em uma regressão social que, por motivos políticos e ideológicos, tem sido amplamente apoiada e incentivada pela velha mídia, do Brasil e do mundo.

Os casos de estupro e de violência contra mulheres cresce em números assustadores.

O novo jornalismo e também o novo Judiciário estão perfeitamente alinhados com a nova realidade.

Esse retrato da sociedade atual não é apenas brasileiro, mas mundial, sendo que em cada país determinadas especificidades prevalecem sobre outras, mas que na totalidade refletem o estágio atual do capitalismo dominante, violento, selvagem, antidemocrático e com um viés de organização criminosa.

A situação no Brasil é preocupante e exige uma ação imediata do poder público, pois, caso contrário, as disputas passarão a acontecer nos espaços públicos, como alguns acontecimentos recentes já evidenciaram.

O sangue que escorre , hoje, é um produto altamente valorizado nos meios de comunicação e o novo protagonista emergente, o medíocre, se alinha perfeitamente com tais conteúdos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Imprensa aloprada

O papel da mídia na atual 'crise' brasileira

 A mídia se tornou um partido que passou a atuar no jogo político de maneira privilegiada, sem precisar de votos ou prestar contas aos seus eleitores.

Geniberto Paiva Campos



“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma” – Joseph Pulitzer


1. Parece haver um problema de matriz cultural interferindo no cotidiano da política brasileira.

Durante décadas fomos educados para respeitar o que se apresentava na forma impressa, assumindo como verdadeiras as suas notícias, informações e, eventualmente, suas (raras) opiniões. Jornais, revistas e outros tipos de publicação gozavam de um respeito reverencial, o qual era transferido aos jornalistas, editores, diagramadores e até linotipistas, todos profissionais envolvidos na nobre missão de (bem) informar.

Os jornalistas brasileiros eram profundamente respeitados e admirados pelos diversos segmentos populacionais que dependiam do acesso aos órgãos da imprensa para obter informações confiáveis. E que sabiam reconhecer a veracidade e o estilo da escrita destes profissionais.

Com o advento das mídias eletrônicas (rádio e televisão) a partir do século passado, esse sentimento de respeito e admiração transferiu-se para os profissionais dessas novas áreas.

Em reciprocidade, havia um profundo respeito desses profissionais para com os seus leitores, radiouvintes e telespectadores. Para com o seu público, enfim.

Esse acordo informal entre os jornalistas e o público consumidor de notícias, baseado na verdade e na decência, raramente era descumprido. Havia uma ética implícita nesse relacionamento.

Como esperado, muitos jornalistas que alcançavam notoriedade profissional enveredavam pela política. São vários os exemplos desse fato. Positivos e negativos. Esse entrelaçamento entre jornalismo e política não causou maiores prejuízos aos comunicadores, nem tampouco à política ou à gestão pública. E a comunicação social passou a ser exercida de maneira mais cuidadosa. E na medida que a Comunicação passou a ser algo mais complexo e ganhou as cátedras acadêmicas, os jornalistas assumiram maior importância no âmbito da sociedade.

O que viria a acarretar profundas mudanças nesse relacionamento respeitoso entre os órgãos de comunicação e os seus fiéis seguidores foi a percepção crescente da importância da Informação numa sociedade agora essencialmente urbana e industrializada, que ao adquirir novos hábitos culturais, tornou-se uma sociedade de consumo de massa.

A TV, o rádio, o jornal e as revistas assumiram gradativamente o papel de orientadores desse consumo. E perceberam que era facilmente alcançável orientar outras escolhas dessa sociedade “em trânsito”.

2. A criação dos grandes conglomerados midiáticos foi a evolução natural desse processo. O qual tornou-se irreversível pela força incontida da comunicação através do rádio, e principalmente da TV, nos hábitos de consumo e na formação da opinião (a temida “opinião pública”) da sociedade. Consequentemente, a mídia tornou-se orientadora não só dos hábitos de consumo como também das mais diversas escolhas dos cidadãos. Principalmente com o avanço do conceito de “propaganda”. Na prática, tudo poderia se transformar em “produto”. Objeto de desejo dos indivíduos (também chamados de “público alvo”), desde que bem manipulado pelas técnicas dessa nova arte. A partir desse ponto os acordos éticos, implícitos no relacionamento entre mídia e público foram “flexibilizados”. O sistema capitalista entendeu perfeitamente, e passou a usar, sem maiores escrúpulos, a força incontida da publicidade e da propaganda na formação de hábitos e comportamentos dessa nova sociedade, valendo, principalmente, para quem viesse a dispor do controle da mídia, impressa e eletrônica. (E o conceito de cidadania evaporou-se. Foi para o espaço… E o Jornalismo, enquanto missão social, e serviço público, foi extinto)

Em muitos países do chamado primeiro mundo as autoridades públicas, percebendo precocemente a imensa força política dos aglomerados midiáticos, estabeleceram regras e limites, através de legislação específica. Sendo os exemplos mais evidentes a Inglaterra e os Estados Unidos da América. O que não veio a ocorrer na América Latina e especificamente no Brasil. Abrindo uma imensa via para a atuação dos órgãos de comunicação, agindo sem qualquer controle legal. E a mídia, habilmente e absolutamente livre em suas manobras, espertamente passou a associar esse controle – essencialmente democrático – com a censura à liberdade de expressão. De modo que o Brasil entrou no século 21 permitindo a propriedade cruzada dos meios de comunicação. Embora a Constituição, promulgada em 1988, a proibisse expressamente. Mas este artigo dependia de uma regulamentação infra-constitucional, nunca posta em prática. Simplesmente porque isso não era do interesse de três ou quatro famílias proprietárias de conglomerados de rádios, TVs, revistas e jornais.

Qual um trem desgovernado, esses conglomerados foram gradativamente assumindo um papel cada vez mais relevante e decisivo no jogo político. E, rapidamente, os donos das organizações jornalísticas assumiram o papel de empresários. E que dispunham de um produto de alto valor para venda: a formação da opinião pública. Tornando-se bilionários. Criando cidadãos de segunda classe, despolitizados e absolutamente crentes (e militantes) daquilo que a mídia decidia divulgar como verdade. E, mais ainda, dispostos a ir às ruas e avenidas do país, propagando as palavras de ordem dos conglomerados midiáticos. Estes, meros porta-vozes do neoliberalismo.

Estava criado, portanto, um novo partido político. O qual passou a atuar no jogo político de maneira privilegiada. Por não precisar de votos. Ou de prestar contas aos seus eleitores ou à justiça eleitoral. Por prescindir de realizar convenções e debates para indicar seus candidatos e escolher seus projetos e propostas. Usando, ao extremo, o seu poder político, tornou-se o quarto poder (com tendência a assumir o primeiro lugar nessa hierarquia). Exercido no âmbito familiar e restrito aos proprietários das empresas jornalísticas, que se tornaram verdadeiras dinastias.

E os jornalistas? Estes, com raras e honrosas exceções, foram se transformando em meros serviçais dos seus patrões. Dispostos, para garantir os vínculos com suas empresas, a assimilar, acriticamente, as ideias e os projetos do interesse das suas organizações. Raramente coincidentes com os interesses nacionais.

(George Orwell ao publicar, em meados dos anos cinquenta, o seu profético livro “1984”, jamais poderia imaginar que a sua ficção política iria, tão rapidamente , assumir foro de realidade. O seu imaginário “Big Brother” e a Novilíngua tornaram-se verdades singelas, passando a conviver naturalmente com as sociedades mais vulneráveis e dóceis ao seu apelo).

3. Diziam os poetas e seresteiros, antenas da raça: “o tempo não para…” E não permite recuos e a volta ao passado, completam os descrentes e os cínicos. E, como falava um antigo compositor cearense: “ o passado é uma roupa que não se veste mais”.

Daí que o mundo mudou. Na Comunicação essas mudanças foram intensas. E introduziram novas e interativas formas de relacionamento nessa área. A síntese perfeita emissor (ativo) >>> receptor (passivo) foi superada por algo totalmente novo, muito sério, profundo e definitivo, denominado apropriadamente pelos teóricos de Revolução Digital. E nada será como antes, profetizaram, definitivos, os rapazes mineiros do “Clube da Esquina”.

O telefone celular, a internet, conectaram as pessoas com a facilidade permitida pelas novas e surpreendentes tecnologias de comunicação. E que não param de evoluir. E quem não evoluir, aderindo à nova onda, vai ficando para trás.

Em resumo, o receptor de notícias e informações deixou de ser a instância passiva dessas novas formas de conexão. A interatividade tornou-se um dos elementos irreversíveis da Comunicação. Como consequência, tornou-a mais democrática.

Essa revolução, como esperado, provocou um choque nos conceitos e nos fundamentos das empresas de comunicação que presumiam ter conseguido a forma perfeita – e definitiva – de controle da notícia, da arte de transformar opiniões em fatos, criar verdades. Enfim, de manipular o seu público de acordo com os seus interesses de lucro e acumulação.

Para onde caminha a humanidade nestes tempos novos e surpreendentes? Como será a comunicação dessa nova era?

São perguntas que estão sendo respondidas na vivência do dia-a-dia. Podemos ter, pelo menos, uma certeza, (ou, que seja, uma nobre e democrática aspiração): não voltaremos aos tempos obscuros do domínio incontrastável da mídia hegemônica.

Com a palavra os teóricos da Comunicação. Os para sempre conectados militantes das chamadas mídias sociais. E, claro, os estrategistas políticos. Essa luta apenas começa.


Fonte: CARTA MAIOR
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As espúrias relações entre a mídia e o Judiciário

         No Brasil a 'lógica da notícia' substituiu a 'lógica do direito: nós já sabemos todos os vereditos antes mesmo dos julgamentos.        


Tatiana Carlotti
reprodução
Com auditório lotado, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promoveu na noite desta quinta-feira (21.01) um debate entre o deputado Wadih Damous (PT-RJ), o jurista Pedro Estevam Serrano e o jornalista Paulo Moreira Leite. Na pauta: “a mídia e a judicialização da política”, com ênfase na politização e desmandos do Judiciário brasileiro e na ditadura da opinião pública, perpetrada pelo Partido da Imprensa Golpista (PIG) neste país.

Abrindo as discussões, Pedro Estevam Serrano explicou a corrupção sistêmica que existe hoje no país entre dois subsistemas sociais: o da comunicação, que define o que é notícia e o que não é; e o da Justiça, que determina o legal e o ilegal. Segundo o jurista, o problema é quando a “lógica própria do direito” é substituída pela “lógica da notícia”. “Nesses casos, a gente já sabe o resultado [do julgamento] antes dele ocorrer”.

Serrano sustenta que “a sociedade não é democrática quando isso ocorre”. “Processos judiciais que recebem atenção da mídia são exercidos de forma corrompida”. A defesa nesses casos não passa de “mera maquiagem”, “uma coisa é o que está no processo, outra é o que a mídia cria”, afirmou. O problema se agrava, apontou, quando a “corrupção sistêmica” passa a ser usada de forma refletida e racional. “Neste caso, a disfuncionalidade acaba servido para que o Judiciário, ao invés de agente de direito se torne um agente de exceção”.

Fraude é a nova forma de autoritarismo
Ao avaliar que as formas autoritárias não deixaram de existir na sociedade brasileira, ele apontou que agora elas precisam satisfazer as formas democráticas: “a conduta ilícita hoje é realizada com aparência de licitude. A fraude é a nova forma de autoritarismo, expressando medidas próprias de um estado de ditadura no interior da democracia”.

Para tal, um dos mecanismos é a eleição de um “inimigo” coletivo, que sob a alcunha de “terrorista” ou outro termo, passa a ser desprovido de sua condição humana, perdendo a “proteção jurídica e política que qualquer ser humano precisa”. Serrano citou como exemplo, a campanha midiática contra os réus do julgamento da AP 470, o chamado Mensalão. Ele também alertou o uso desse procedimento na Operação Lava Jato.

Chamando a atenção para “o processo de exceção na América Latina” que se dá em um contexto de fortalecimento da corrupção sistêmica entre mídia e jurisdição, ele ponderou que embora esse processo seja mais ameno no Brasil, do que foi em Honduras e no Paraguai, ocasionando na destituição de presidentes democraticamente eleitos, existe “uma potencialidade disso se tornar cada vez mais grave [aqui no Brasil] e se transformar num caso sistêmico”.

Serrano defendeu, ainda, a necessidade de um controle social sobre a magistratura e, principalmente, sobre a Polícia Federal. “A violência é institucionalizada. É preciso submeter a Polícia Federal ao controle da sociedade civil”. Ele também denunciou a promiscuidade no meio da jurisdição”, citando o caso dos vazamentos de informações pela polícia. “Se a informação é do interesse de todos, ela deve ser divulgada de forma oficial, por meio de assessoria de imprensa e para todos os órgãos de comunicação. Um agente policial, pessoa física, não pode ser a fonte da imprensa”.

Sob a premissa de que a “Jurisprudência não é uma ciência, como falam os positivistas, mas um campo de luta, onde há disputa de poder”, Serrano comentou a necessidade de valorização e fortalecimento dos juristas progressistas no país. “Não há uma faculdade de direito relevante neste país que não tenha quadros importantes no plano progressista. Nós não somos ouvidos”.

Desmandos da Lava-Jato
Em seguida, o jornalista Paulo Moreira Leite mencionou a tentativa de golpe que a direita vem promovendo no país. “A minha geração viveu a vitória da recuperação da democracia que culminou na Constituição. Não foi total, muita coisa ficou para ser regulamentada, mas nós não tínhamos a noção da importância dela na época. Nossos adversários querem se livrar da Constituição de todas as maneiras”.

Moreira Leite citou, como exemplo, as aspas de um livro, de um juiz brasileiro que, mencionando os direitos e garantias individuais, afirma que o indivíduo deve estar livre de coerção física e psicológica. “Esse juiz se chama Sérgio Moro. Ele sabe o que está acontecendo quando prende uma pessoa”, denunciou o jornalista, relatando a situação dos réus da Operação Lava Jato, “presos antes de serem julgados” e sob “coerção psicológica”. “As pessoas estão presas injustamente, não tiveram como se defender. ”

Paulo Moreira aproveitou para responder a todos os que apoiam a Operação Lava Jato, argumentando que “pelo menos pegaram os empreiteiros”, ou que não se trata de uma operação seletiva: “ou assumimos que o direto vale para todos, ou não vai dar certo. Pegaram [os empreiteiros] porque existe uma questão política. A justiça brasileira vem sendo um instrumento de restauração conservadora”.

Sobre a representação do PSDB para colocar o PT na ilegalidade, Moreira Leite foi categórico: “é o que fizeram com o Partido Comunista antes, utilizando-se de um pretexto no estatuto. A democracia está ameaçada nesse processo. Isso está acontecendo”. Segundo o jornalista os ataques da direita só poderão ser enfrentados se formos capazes de debater o valor da democracia e de questionar a absoluta falta de elementos concretos para o pedido do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Destacando o absurdo da tese das pedaladas fiscais, que motivaram o pedido do impeachment, ele destacou “vale tudo” e que “há pessoas dispostas a fazer esse tipo de serviço. É preciso ter estômago para fazer isso. Quem faz sabe que está fraudando, sabe que é mentira. E eles vão fazer”. Moreira Leite também comentou a necessidade de uma mudança na política econômica do governo, avaliando positivamente a decisão do Copom de não aumentar a taxa de juros Selic.

E passou o recado: “A capacidade de sacrifício [do povo] é grande, mas sem resposta acontece o que sempre acontece: as pessoas desanimam. O que está vindo [exigirá das pessoas] ter de sair de casa muitas vezes”.

Lava Jato está a serviço de um projeto político partidário
Concluindo os trabalhos, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) falou sobre a espetacularização da Justiça, destacando que a Constituição brasileira é uma das mais avançadas no mundo, “mas na ´vida real´ é que são elas”. Ele lembrou que a Carta Magna de 1988 deu condições ao Ministério Público Federal ser hoje o mais poderoso e arbitrário do mundo.

Em sua visão, o aspecto mais preocupante é a excessiva politização da Justiça brasileira: “e no mau sentido, a Justiça fazendo política. O que o juiz Sérgio Moro faz é política. Ele é um agente político e eu ousaria dizer partidário. A Lava Jato, com sua seletividade, está a serviço de um projeto político partidário”. Segundo Damous, todas as vezes que o Judiciário se curva para dar satisfação à opinião pública, ele atua autoritariamente porque “sai da dimensão da ordem que arbitra para ser um protagonista da política, fazendo coro com a chamada opinião pública”.

Lembrando que a opinião pública vem sendo a expressão do fascismo no país, Damous salientou que “o desprezo por direitos e garantias fundamentais gera uma preocupação, uma perplexidade e uma ameaça à democracia”. E questionou: “é aceitável que órgãos de imprensa façam campanhas por condenações judiciais, tomando partido e divulgando a sua versão da acusação, enquanto à defesa resta apenas a nota de rodapé?”

Citando uma charge de O Globo, publicada nesta quinta-feira (21.01), que transmite a ideia de que os advogados são piores do que os bandidos, Damous destacou que isso não é “mera piada de mau gosto”, mas reflexo de um discurso que mostra a “espúria ligação entre grandes setores da imprensa com setores do poder Judiciário brasileiro”. Em sua visão, Sérgio Moro é produto disso. “Ele fala o que o senso comum quer ouvir”, lamentou.

O deputado foi taxativo: “Essa história de prisão preventiva como regra para obter delação premiada é uma forma análoga à tortura, porque é coação”. Segundo Damous, as condenações vão acontecer, “isso já estava anunciado”. Ele também passou o recado: “Nós não podemos ter medo e, mais do que nunca, devemos defender a democracia e a Constituição que custou um preço caro para várias gerações de brasileiros”.

Por fim, questionado pela plateia sobre o absurdo pedido de extinção do PT pelo deputado Carlos Sampaio, vice-presidente jurídico do PSDB, Damous garantiu: “eu vou cuidar disso”.

No final do debate, houve o lançamento dos livros “A Outra História da Lava Jato, de Paulo Moreira Leite; e “A Justiça na Sociedade do Espetáculo”, de Pedro Serrano.  

Fonte: CARTA MAIOR
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O Brasil em ação: corro, opção, ou corrupção

A mídia golpista não nos deixa muita opção ao nos escancarar diariamente manchetes infames, inverídicas, desrespeitosas, virulentas.     


José Carlos Peliano*
reprodução
Explico melhor. Aproveitei o título porque me soou bem nos ouvidos. A brincadeira com palavras ainda é uma alternativa de aliviar o espírito num país que afunda em lama de um jeito ou de outro

Da chuva que resolveu descer de vez das nuvens desde fins de dezembro pela maior parte do país, dos extenuantes processos de corrupção, do afogamento do rio Doce pela negligência desumana da Samarco e pelo descaso inominável que alguns ditos brasileiros fazem país afora.

A opção de correr do título é a de sair atrás de lugar nenhum e procurar qualquer lugar do Brasil onde ainda se possa respirar melhor, andar descalço pelas ruas, sentar na frente de casa para conversar e saudar os passantes, e ver o sol se por para não ter de cantar a música Epitáfio dos Titãs.

A mídia golpista não nos deixa muita opção ao nos escancarar diariamente manchetes infames, inverídicas, desrespeitosas, virulentas. Sabem que mentem e atacam para jogar mais lama no ventilador, mas não se importam, querem isso mesmo.

Onde está a honestidade e o respeito público das concessões de rádios e TVs? A bendita imparcialidade noticiosa dos jornais e revistas? Querem derrubar o país simplesmente porque não querem mais o governo eleito democraticamente.

Mas não vamos mais perder tempo com esses pulhas. Vamos negá-los, não os assinando nem os lendo mais. Exemplo magnífico nos deu a professora Sylvia Moretzsohn, representante do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Rio, que cancelou esses dias sua assinatura de quase 30 anos da Folha de São Paulo

As razões alegadas foram postas numa carta endereçada ao jornal onde ela afirma categoricamente que tudo tem limite. Ela afirma não rejeitar opiniões de direita, ela defende a pluralidade. Mas a notícia tem de repassar a informação com substância e não ser simplesmente opinativa e ponto.

Acredito que a professora foi muito generosa e demorou a tomar a atitude pois o referido jornal assim como os demais da grande mídia golpista só informam o que querem e bem entendem. Serão certamente lembrados mais tarde como os que ajudaram nas tentativas de afundarem o Titanic do país.

Mas a lama está esparramada por todos os lados. O lamaçal escorre Brasil afora superando e destruindo os diques e barreiras antes reconhecidos pela maioria esmagadora dos brasileiros. Da dignidade, do respeito, da cidadania, da humanidade.

Hoje a lama permite tudo como fizeram, por exemplo, Wanderley Silva, ex-lutador de MMA, e João Pedrosa, jornalista. Ambos, como outros que jogam no mesmo time, disseminam ódio e calúnias na internet.

O primeiro culpou a presidenta pelo atraso de uma obra em Goiás e o segundo tem culpado o governo por qualquer coisa, além de ter atacado por impropérios de baixo nível a vida pessoal de Chico Buarque.

Tudo porque este, um dos maiores compositores do Brasil de todos os tempos, tem apoiado o governo atual e seu partido. O compositor decidiu entrar na Justiça contra este e outros caluniadores.

Isso beira o fim do mundo. Ninguém respeita mais ninguém, tudo é possível fazer inclusive falar mal abertamente, mesmo sem razão ou sem a menor evidência como prova, de qualquer um em qualquer lugar a qualquer hora.

A questão é mais ou menos essa: se as coisas já não estão boas do lado da economia, aqui e no mundo, se as perspectivas de melhora são turvas e pouco objetivas, e se a solução for atirar para qualquer lado a torto e a direito, o que vai sobrar e quem vai sobrar? E quem vai recolher os escombros?

O deputado Carlos Sampaio do PSDB/SP resolveu participar do tiroteio entrando com uma ação no STF pedindo extinção do PT. Alega usuais absurdos políticos, os quais são sempre acobertados legalmente pela imunidade parlamentar, ou seja, disse e escreveu o que quis e bem entendeu.

Só que o argumento maior é o dos casos citados e julgados de corrupção. Como se o seu partido não tivesse também participado da lama, até agora conhecida, com pelo menos cerca de US$ 300 milhões! Sendo o mesmo motivo, espera-se que ele peça também a extinção de seu partido.

Aqui uma digressão. Criticam quem defende o PT e o governo por atacar na mesma moeda a oposição. Jogar lama na lama. Se alguns membros do PT receberam propina, dizem, porque revidar com casos de propina da oposição?

Duas razões. A primeira, velha conhecida, é que a mídia golpista só dá manchetes do PT e do governo. Assim, o contraponto nas redes sociais é oportuno, urgente e necessário. A segunda, até há pouco sabida mas escondida oficialmente, é que o PSDB já era do time da corrupção há muito. Pelo menos desde 1999 ao contrário do que nos empurraram goela abaixo desde o mensalão.

O Juiz substituto da 3a Vara Federal do Rio de Janeiro aceitou denúncia do Ministério Público Federal sobre pagamento de propina da empresa holandesa SBM Offshore a técnicos da Petrobras de 1999 a 2012. Período do 2o governo de FHC. Finalmente, um magistrado resolve passar a oposição a limpo.

Uma curiosidade, o Juiz Vitor Barbosa Valpuesta, substitui o juiz antigo que andava passeando nos carros apreendidos de Eike Batista em processo judicial aberto no Rio de Janeiro.

Por ser um Magistrado novo, o Juiz deve ter aceitado a denúncia por estar fora da rede de influência de outros juízes conservadores em cujos gabinetes dormitam alguns processos de denúncia contra intermediários ou membros da oposição.

Por fim, mas não menos importante, exatamente para fechar com chave de ouro, veio hoje a público uma informação, já cochichada há tempos pelos corredores oficiais e não, mas ainda não testemunhada oficialmente por ninguém. Sobre FHC.

Luis Nassif comenta em seu blog que está finalizando a biografia de um interessante homem público brasileiro, o ex-ministro Antônio Dias Leite, oriundo da Cepal.

Em entrevista a Nassif em 2007 Dias Leite comenta da personalidade não muito confiável de FHC. Ressalta sua pouca disposição administrativa, a que chama de inação administrativa, a qual não tem paralelo no país.

E a inação se agravava por sua peculiar mania de afirmar não afirmando. Isto é, prometia na frente e não cumpria atrás, mesmo atuando na frente de um jeito positivo e operante, mas não na retaguarda.

Um ex-presidente que tem sua cara revelada, a qual já afirmou várias vezes críticas mordazes à presidenta e apoios ao seu processo de impedimentos, hoje à beira do ostracismo, é também colaborador do lamaçal em que se encontra o país.

Corro? Qual opção? Acho que correr sim mas igualmente respirar fundo e tirar da força da cidadania um voto de confiança nos demais que como eu querem um Brasil melhor. NÀO VOTO NULO, VOTO NU-LO-CAL CERTO: A URNA! Mas renovando, nada de dar salvo conduto para quem já sabemos que não valem a lama que fazem no Congresso Nacional!

Fonte: CARTA MAIOR
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O caso PF-Estadão: o retrato da formação de quadrilha entre polícia e mídia

estadopink
A manchete do Estadão de hoje, não foi desmentida apenas pela nota divulgada ontem à noite pelo Instituto Lula, que reproduzo ao final.
Foi desmentida pelo próprio documento que deu origem à sua publicação: as declarações de Lula ao delegado da Polícia Federal, cujas indagações a Lula nem precisariam ser feitas porque, sem qualquer elemento senão suposições, é impensável obter alguma informação neste tipo de depoimento.
A coisa chega ao absurdo – além dos citados pelo ex-presidente – de Lula ser indagado – vejam bem! – sobre um “documento” de um suposto lobista onde “há uma solicitação dos trabalhadores da indústria aeronáutica sueca para que o declarante (Lula) manifestasse seu apoio à contratação da SAAB (fabricante dos Gripen) junto à Presidenta Dilma Rousseff”.
Francamente, em que isso serve a uma investigação policial?
É tão “legítimo” imaginar – veja que maravilha, um delegado de polícia e uma redação de jornal que se contentam em imaginar – que a contratação do “filho do Lula” (porque é  só por isso que o negócio provoca interesse), dois anos depois, pela empresa deste fulano fosse o pagamento de propina- além do mais irrisória e desproporcional diante de um negócio de quase R$ 30 bilhões – fosse pagamento pelo “lobby” dos sindicatos suecos.
E tratar como “combinação” uma visita de um governador de Estado (Eduardo Campos) e do presidente de uma grande montadora (Clodomiro Belini, da Fiat) pedindo, que fosse, a prorrogação  de uma legislação (dos tempos de FHC, aliás) o que tem de ilegítimo.
Não tem, mas tem de ter.
A mente deformada da Polícia Federal e da mídia conservadora funciona assim: “já temos o criminoso, vamos encotrar o crime ou algo que possa se parecer com crime”.
É a lógica da ditadura, bem exposta pelo jurisconsulto Merval Pereira, ontem.
Que só não ofende aos fascistas e aos covardes, hoje sobrando neste país.
A nota do Instituto Lula:

Estadão distorce depoimento de Lula

Em sua desesperada campanha para envolver o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em atos ilícitos que jamais foram cometidos, O Estado de S.Paulo voltou hoje (22) a manipular informações sobre a edição de medidas provisórias dirigidas ao desenvolvimento regional.
Lula jamais admitiu que tenha havido “compra de MPs” em seu governo ou que tenha tratado com lobistas sobre sua edição. O que ele chamou de “coisa de bandido” foi uma suposição levantada pelo delegado, que pediu a Lula para formular juízo sobre uma palavra “no sentido pejorativo”.
Isso fica bem claro na leitura do depoimento prestado por Lula ao delegado Marlon Cajado na condição de informante (nem como testemunha, nem como investigado) em 6 de janeiro deste ano, páginas 5 e 6:
(…) apresentado ao Documento 04, o qual trata de trecho encontrado em material computacional do escritório da Marcondes e Mautoni, que trata da MP 512/2010, afirmando que, “a MP foi combinada entre o pessoal da Fiat, o presidente Lula e o governador Eduardo Campos, e perguntado se a informação procede, o declarante [Lula] diz que “combinação”, nesse sentido pejorativo, é “coisa de bandido” e que não ocorreu, esclarecendo que se reuniu algumas vezes com o então governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, o qual levou Beline [Cledorvino Belini, presidente da Fiat América Latina e presidenta da Anfavea de 20 10 a 2013], não se recordando se ele estava na condição de representante da Fiat e/ou de presidente da Anfavea, e que foram esclarecidos os benefícios da construção da fábrica da Fiat em Pernambuco (…)
No mesmo depoimento, Lula esclareceu que as MPs 471/2009 e 512/2010 foram debatidas com governadores, líderes políticos, sindicais e empresariais dos Estados do Nordeste, Norte e Centro-Oeste, para prorrogar e estender a novos projetos os incentivos fiscais estabelecidos desde 1997 e 1999 às indústrias automotivas e de autopeças nestas regiões.
Desde 1o. de outubro de 2015, O Estado de S. Paulo vem tecendo uma rede de desinformação sobre estas MPs, sonegando ou falseando dados sistematicamente, em prejuízo de Lula, de seus familiares e dos leitores. A obsessão do jornal é vincular a edição das MPs (ou qualquer ato do ex-presidente Lula) a um suposto favorecimento a empresas e escritórios de lobby e consultoria.
Mesmo tendo sido informada que a empresa LFT, de Luiz Cláudio Lula da Silva, só foi contratada para prestar serviços à Marcondes e Mautoni em 2014, a reportagem do Estado omitiu deliberadamente este fato e associou o contrato à MP editada em 2009, cinco anos antes.
Exposta publicamente esta incongruência, o jornal tentou vincular o contrato à compra dos caças suecos Grippen, decidida pelo governo brasileiro em dezembro de 2013, quando Lula não era mais presidente da República.
As duas hipóteses foram negadas por Lula, por serem absurdas, como se pode conferir na íntegra do termo de depoimento do ex-presidente à Polícia Federal, que está ao final desse texto.
As notícias manipuladas do Estadão levaram o jornal a acreditar em seus próprios delírios, a ponto de afirmar que “o esquema (de compra de medidas provisórias), que resultou na Operação Zelotes, foi revelado numa série de reportagens do Estado em outubro”.


Só Que Não
A Operação Zelotes foi deflagrada em março de 2015, a partir de investigações iniciadas em 2013, que apontaram o favorecimento de grandes empresas (inclusive do setor de comunicação) em decisões do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). Os desvios seriam da ordem de R$ 19 bilhões.
A partir da “série de reportagens” do Estadão, como num passe de mágica, a Operação Zelotes se transformou numa devassa em torno do contrato da LFT com a Marcondes e Mautoni, e o desvio de R$ 19 bilhões sumiu do noticiário. A manipulação de hoje no portal do Estadão é mais um nó nessa teia de intriga e desinformação.
Leia, abaixo, a íntegra do depoimento:

Fonte: TIJOLAÇO
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O perigo da parceria jurídico- midiática

A resposta à charge fascista do Globo



Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

A OAB divulgou charge resposta à charge puxa-saco de patrão e fascista de Chico Caruso, publicada no jornal O Globo.


A Globo, representante maior do golpismo no Brasil, lidera a campanha para criminalizar a política.

Nessa campanha, tudo que se relaciona com a política é igualmente criminalizado: os empresários que tem negócios com governos, blogueiros, movimentos sociais, sindicatos, simples militantes, e até mesmo, cúmulo do banditismo midiático, os advogados que defendem os empresários.

Os advogados, neste momento, estão sendo um estorvo para a mídia, porque eles, armados com seus conhecimentos constitucionais, estão se interpondo no caminho do golpe.

Não foi à tôa que um maiores constrangimentos do golpismo nojento que vimos em 2015 foram manifestos de juristas contra uma tentativa de impeachment sem base legal.

O golpe, para ser consumado, precisa levar políticos e empresários à execração pública, destruir um monte de empresas para produzir crise e desemprego, manter réus presos por tempo indeterminado (até forçá-los a entrar no jogo sujo das delações combinadas), ignorar quaisquer vícios ou erros nos processos.

Os advogados já entenderam que se trata de um processo puramente político, uma nefanda conspiração judicial, cujos julgamentos são feitos antecipadamente na mídia.

Sergio Moro ignora solenemente, com chancela da mídia, qualquer mínima defesa por parte dos réus. Os tribunais superiores, por sua vez, acoelham-se dirante da virulência dos meios de comunicação, que não hesitam em apelar para todo o tipo de ameaça.

Com este entendimento, os advogados se viram forçados, pelas circunstâncias, a fazer a batalha da comunicação. É a única maneira de defenderam seus clientes, já que a justiça está submetida de maneira quase absoluta a uma lógica midiática, ao invés de submetida às leis.

Então a mídia passou a atacar também os advogados, com todas as suas armas: editoriais, charges, manipulação da informação.

A OAB - mais esperta que o governo, por exemplo, que nunca responde - entendeu que, se quiser defender os advogados, precisa responder com as mesmas armas da mídia.

A charge-resposta da OAB:


Ainda sobre este assunto, vale ler a manifestação de Wadih Damous à violência simbólica do Globo aos advogados.

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No Brasil 247.

DAMOUS: CHARGE DE CARUSO “AFRONTA E DESRESPEITA” ADVOGADOS

Deputado federal Wadih Damous, ex-presidente da OAB-RJ, cobrou o comando nacional da entidade a se manifestar contra a charge de Chico Caruso no Globo, para ele, "instrumento do puxa saquismo" do cartunista com os donos do jornal; charge traz o seguinte diálogo: "- E esse aí, é mocinho ou bandido? – Pior: é advogado!"

21 DE JANEIRO DE 2016 ÀS 17:08

247 – O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) criticou duramente em sua página no Facebook a charge assinada por Chico Caruso e publicada nesta quarta-feira pelo jornal O Globo. Para ele, que é advogado, a charge "afronta e desrespeita" a categoria e é ainda um "instrumento do puxa saquismo" do cartunista com os patrões.

A charge de Caruso traz o seguinte diálogo: "- E esse aí, é mocinho ou bandido? – Pior: é advogado!". Damous criticou: "ultrapassou a todos o limites do achincalhe". "A tal charge afronta e desrespeita uma categoria profissional que possui uma honrada folha de serviços prestados ao país", acrescentou.

O deputado cobra a OAB para se manifestar contra "na defesa da advocacia agredida". Leia abaixo a íntegra de seu texto:

O PUXA SACO E A ADVOCACIA

A charge assinada por Chico Caruso, no jornal O Globo, ultrapassou a todos o limites do achincalhe. A tal charge afronta e desrespeita uma categoria profissional que possui uma honrada folha de serviços prestados ao país. E não a tratemos como mera piada de mau gosto. Trata-se, na verdade, de um ataque ao Estado de Direito e aos princípios dele decorrentes, como o devido processo legal, a presunção de inocência e o direito à defesa. Já não basta a criminalização geral de tudo e de todos. Agora, tentam desqualificar até o advogado de defesa. A charge jornalística sempre foi um poderoso e democrático instrumento de crítica política. Com Chico Caruso, foi rebaixada a uma espécie de extensão da linha editorial do jornal. Ou seja, instrumento do puxa saquismo. Esses são os tempos bicudos em que vivemos, onde imperam a mediocridade e a selvageria do senso comum. Espero que a OAB, de imediato, se manifeste na defesa da advocacia agredida.



Fonte: Blog do Miro
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Brasil vive cerco impiedoso da mídia


Por Lúcia Rodrigues, na revista Caros Amigos:

O ex-ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula, Roberto Amaral, classificou como cerco impiedoso, o que os meios de comunicação impõem ao país. A afirmação foi feita no Fórum Social Temático, em Porto Alegre, durante a mesa de debates sobre Democracia e desenvolvimento em tempos de golpismo e crise.

Para ele, a democracia corre risco gravíssimo. “Eu vivi 64 e, hoje, os meios de comunicação comandam a política brasileira, os partidos de centro, de direita, as associações de classe. Querem destruir a atividade civil”.

Amaral frisa que por trás do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff há algo mais preocupante. “Alguns pensam que a ameaça é sobre o mandato da Dilma. Mas esse é o menor dos perigos. O que eles querem é destruir o PT, e depois destruir todos os partidos de esquerda e progressistas. Não vão se contentar com a destruição de Dilma, em seguida vão querer aniquilar o presidente Lula. Por que tanto ódio?", questiona.

Ele ressalta que não há motivos para esse tipo de reação. “Em nenhum momento (o governo) ameaçou o capitalismo e a hegemonia de poder. Não fizemos a reforma agrária, a reforma política, a reforma tributária, não peitamos os meios de comunicação.”

“A direita latino americana aceita quase tudo, menos a participação popular. Para eles, é imperdoável o aumento do salário mínimo. Isso uniu a direita contra nós. Por isso, é preciso esmagar o ovo da serpente fascista”, enfatiza o ex-ministro.

O Fórum Social Temático continua nesta quinta, 21, com várias mesas de debates. O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, é um dos debatedores ao lado do ex-governador de Porto Alegre, Olívio Dutra, na atividade que discute a resistência contra a ofensiva imperialista na América Latina. Em outra mesa também na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a filosofa Marilena Chauí e o ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, ao lado de outros convidados debatem a luta contra o monopólio da mídia.

O Fórum Social Temático termina neste sábado, 23, com a assembleia de movimetnos populares. Em agosto, em Montreal, no Canadá, será realizado o Fórum Social Mundial. Esta será a primeira vez que um encontro do Fórum ocorre em um país do primeiro mundo. A cidade foi indicada por ativistas canadenses na última edição do evento, que ocorreu no ano passado, na capital da Tunísia.

Fonte: Blog do Miro
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Lá pelo início da década de 1990 o maestro Tom Jobim, sim, o Tom, deu uma declaração ao Gordo quando entrevistado no programa de Jô Sores.

Tom afirmou que temia médicos , advogados e religiosos.

O primeiro por atuar em um campo onde a vida e a morte das pessoas passam pelas mãos desses profissionais.

Os advogados por "determinar" se as pessoas podem ou não viver em liberdade.

E, por fim, os religiosos que dizem ter ligação direta com Deus.

Passados alguns dias da entrevista e Tom foi interpelado pela OAB para prestar esclarecimentos sobre sua declaração, que , segundo a OAB, feria a categoria de advogados.

Tom se retratou.

Naqueles anos, que já começam a ficar distantes, já existia uma atuação política da velha mídia em favor de políticos e partidos do campo da direita, como no caso das eleições presidenciais de 1989 em que o grupo Globo promoveu a vergonhosa manipulação, em favor de Collor, do debate final entre os candidatos Collor e Lula.

No entanto a manipulação político- midiática daqueles anos pode ser comparada como um aperitivo de entrada, frente ao banquete farto com que a velha mídia se alimenta com o noticiário manipulado e enviesado dos dias atuais.

De forma realista, a declaração de Tom não foi tão absurda, já que uma parcela de médicos , advogados e religiosos, frente ao poder que exercem sobre seus clientes e seguidores em função dos assuntos envolvidos, por vezes se utilizam desse poder e da fragilidade natural dos clientes - fragilidade fruto do desconhecimento dos assuntos abordados e que definem aspectos como vida e morte, liberdade e cárcere e ainda um poder superior - para obter diferentes vantagens, sendo as vantagens financeiras as mais comuns.


Antenado com o comportamento nada ético de parcela desses profissionais, principalmente sobre  o poder que exerciam sobre as pessoas,  João Saldanha, lá pelos anos da década de 1980, assim se manifestou:

"no futuro, em lugar de botequins, as esquinas terão faculdades de Direito"

Em alguns acasos , como no caso de médicos, até mesmo casos de abusos sexual e estupro tem sido relatados por pacientes que foram vitimas da turma do jaleco branco.

Essa é a realidade, que quando expressa de forma generalizada, como na declaração de Tom, incomoda , e com razão, uma parcela de profissionais, no caso Advogados, que trabalham sem se deixar corromper e em defesa da justiça e dos direitos humanos.

No entanto, toda charge política - e no caso a charge trata de política - como no caso da charge do jornal O Globo , deve ser compreendida no tempo e momento em que foi publicada.

E o momento atual é de um cerco jurídico - midiático contra os valores democráticos que visa destituir um governo legítimo e destruir um partido político de orientação popular e de esquerda.

Desta forma que a charge deve ser compreendida e, assim sendo, o grande perigo atualmente não são os advogados e sim uma parcela do Judiciário e de jornalistas, principalmente o jornalismo da velha mídia.

E por serem o perigo real que ameaça a democracia , um grupo de Advogados lançou, corretamente, um manifesto alertando a população contra a atuação de uma parcela do Judiciário - juízes e advogados - que em conluio com a velha mídia tentam desestabilizar o país e passar por cima de valores democráticos.

Certamente o manifesto desses Advogados foi recebido como um  empecilho, uma ameaça aos grupos que desejam atropelar a democracia, daí, a charge do Jornal O Globo.

Aliás, as charges de O Globo , como bem descrito no artigo acima, sempre se caracterizam como uma extensão do pensamento editorial do jornal e, para isso, Chico Caruso, o chargista , é apenas um capacho de seus patrões.

Analisando por esse ângulo, a charge de Chico Caruso no jornal O Globo não é tão absurda , já que a figura do advogado retratado no charge pode ser entendida como os magistrados e advogados que atualmente trabalham, com a velha mídia, para violar a democracia.

Esse cerco midiático deve ser combatido, e a declaração dos Advogados pode ser compreendida como a enzima que poderá catalisar a reação da sociedade civil contra a tentativa de golpe em curso.

Essa reação , que já existe em escala piloto em sites e blogues da internete, deve passar para a escala maior, de grande produção, até mesmo com ações responsáveis e objetivas de desobediência civil que atinjam , principalmente, as empresas da velha mídia.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O mesmo filme de terror nas Laranjeiras

20/01/2016 23:35:36

Wellington Nem fica bem próximo de retornar ao Fluminense

Negociação do Tricolor com o Shakhtar Donetsk mostrou evolução

O DIA
Rio - Após encerrar a participação na Florida Cup no confronto com o Internacional, o Fluminense embarca hoje para o Brasil com a sensação de dever cumprido na pré-temporada de duas semanas nos Estados Unidos. O saldo positivo do período de treinos longe de casa não diminuiu o ritmo nos bastidores para fechar o ciclo de reforços para o primeiro semestre. Em silêncio, a diretoria encaminha o acerto para repatriar Wellington Nem e Gerson.

Wellington Nem está mais próximo do acerto
Foto: Nelson Perez/ Fluminense F.C. / Divulgação

A investida conta com a aprovação do técnico Eduardo Baptista. Sonho antigo da cúpula tricolor, Nem admitiu o avanço na negociação com o Shakhtar Donetsk. O duelo entre as equipes serviu de avaliação para o técnico Mircea Lucescu avaliar os jogadores oferecidos pelo clube carioca. Danielzinho e Marcos Junior foram os que mais agradaram, mas apenas o apoiador, de 20 anos, deve ser envolvido na troca com o Shakhtar. O empréstimo seria de um ano.
“Estou muito contente com o esforço do Fluminense. Estou fazendo de tudo para voltar logo. Se fosse por mim, já estaria treinando. Acho que essa semana sai (o acerto com o Shakhtar). A coisa está caminhando bem. Faltam alguns detalhes entre as diretorias do Fluminense e do Shakhtar”, disse Wellington Nem, à ‘Rádio Tupi’.
Outra cria de Xerém pode voltar a ser atração nas Laranjeiras: Gerson. Vendido à Roma, o apoiador, de 18 anos, pode voltar por empréstimo até o meio da temporada. Com a cotaesgotada para jogadores extracomunitários no elenco, o clube italiano já cogita emprestá-lo para o Tricolor. O presidente Peter Siemsen está à frente da negociação. Apesar do interesse, o Frosinone, também da Itália, Gerson não será cedido para concorrente algum. A venda de Gerson foi a maior transação do futebol brasileiro nos últimos anos: R$ 60 milhões. Dono de 70% dos direitos, o Flu embolsou R$ 45 milhões.

Fonte: O DIA
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Eduardo Baptista destaca bom trabalho realizado na pré-temporada

A derrota sofrida diante do Internacional na noite desta quarta-feira, 21, não abalou o ânimo do técnico Eduardo Baptista, nem lhe tirou a convicção de que o trabalho de preparação para a temporada 2016 foi muito bem feito. O treinador chamou a atenção para o padrão de jogo apresentado pelo Tricolor, que apesar da dificuldade imposta pela forte marcação da equipe adversária, conseguiu tomar iniciativa e teve mais posse de bola.
- Foi um jogo pegado, principalmente no primeiro tempo, onde só sairia gol da maneira que foi, com uma falha nossa. No segundo tempo, jogamos futebol, fomos para cima. É o Fluminense que a gente quer. Mesmo com substituições, com Ronaldinho fora de ritmo, foi o Fluminense que a gente quer. Temos que ajustar, fazer a bola entrar. A gente sai daqui com um trabalho bem feito, físico, um time preparado para disputar títulos. A proposta foi essa, fazer um Fluminense que jogue futebol. A gente precisa trabalhar para fazer as oportunidades virarem gols – comentou Eduardo Baptista.

Eduardo está confiante no sucesso do time nesta temporada
A exemplo do que aconteceu na partida contra o Shakhtar Donetsk, Eduardo não pôde contar com a participação do atacante Fred, que mais uma vez precisou ser poupado. Apesar de reconhecer a importância do capitão tricolor, o treinador ressaltou que a sua ausência nos jogos da Florida Cup não atrapalhou a preparação da equipe.
- Não atrapalhou muito, não, a ausência dele. Eu usei a pré-temporada para observar, fazer experiência. Sabemos do potencial dele. Precisamos dele com a força máxima. Sabemos o que esperar do Fred. Tinha que observar os meninos que chegaram, os meninos da base. Queríamos o Fred jogando, mas conseguimos transformar isso em ponto positivo para a próxima temporada – destacou.
Após duas semanas de trabalho intenso na Flórida, a delegação tricolor embarca para o Rio de Janeiro na noite desta quinta-feira, 21.
Fonte: FLUMINENSE F.C.
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Começa mais uma temporada no futebol brasileiro e o Fluminense parece que vai continuar na mesma dos últimos três anos.
O retorno de Wellington Nem pode ser um bom negócio para o Tricolor, desde que o jogador Danielzinho não seja envolvido na negociação.

Daniel é uma das grandes promessas da base e joga em um espaço do campo onde o Fluminense necessita de um jogador com as suas qualidades.

Já o envolvimento de Marcos Jr. na negociação para a volta de Nem parece ser o mais vantajoso para o Tricolor, já que W. Nem e M.Jr. tem as mesmas características e, ambos poderiam se beneficiar com a mudança em seus novos clubes ganhando novas motivações.

Envolver Daniel na negociação seria um grande erro.

Quanto ao trabalho de temporada do Tricolor nos EUA ter sido avaliado como muito bom pelo treinador, isso não significa um bom ano.

Dizer que o importante foi o trabalho e não os resultados dos jogos, também foi dito no ano passado por outra comissão técnica.

Cabe lembrar que os outros times brasileiros que estiveram juntos com o Tricolor na Florida Cup, também estavam em início de preparação e nem por isso deixaram de ganhar jogos e até mesmo o título do torneio, como no caso do Atlético Mineiro.

Sai ano entra ano e nada muda no Fluminense, até nos jogadores que desfalcam o time por motivo de contusões.

O torcedor do Tricolor já viu esse filme e não gostou do que viu.





quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

E se Sanders vencer ?

A eleição mais influente do mundo começa em 3 semanas


As eleições para presidente dos Estados Unidos são as mais influentes do mundo, e se realizam em um sistema eleitoral virtualmente inexistente no resto do planeta, que consiste basicamente em um sistema de dois turnos em que o primeiro turno se realiza mais de 6 meses antes do segundo; Bernie Sanders tem chances reais, e sua eleição seria uma vitória extraordinária do progressismo mundial
Bernie Sanders: futuro presidente progressista dos EUA?
Bernie Sanders: futuro presidente progressista dos EUA?
As eleições nos países em que não moramos não são apenas fatos pitorescos que nos influenciam marginalmente. Elas são, em seu conjunto, provavelmente tão ou mais importantes que as eleições no próprio país em que moramos. E entre todas as eleições do mundo, a mais importante vai começar a ocorrer daqui a três semanas, no dia 1º de fevereiro de 2016. São as eleições presidenciais dos Estados Unidos, disputadas em um sistema eleitoral que na prática possui dois turnos. O primeiro turno, que são as prévias dos partidos Democrata e Republicano, ocorrerá aproximadamente de fevereiro a abril deste ano, e o segundo turno, em que disputam os vencedores das duas prévias, será em novembro também de 2016.
O sistema pode ser considerado de dois turnos por um conjunto de razões. Uma delas é que a disputa nas prévias dentro dos dois partidos ocorre entre projetos políticos bastante diferentes, a ponto de modificar intensamente o sentido do segundo turno, em novembro. Por exemplo, em 2008, as prévias no Partido Democrata, entre Hillary Clinton e Barack Obama, foram uma eleição em si, profundamente influente, como seria um primeiro turno. Neste ano de 2016, ocorrerá o mesmo, com a disputa entre Hillary e Bernie Sanders no Partido Democrata, sem contar que a disputa no Partido Republicano também é relativamente diversa, podendo vencer um candidato extremamente conservador, Donald Trump.
Outra razão pela qual as prévias de aproximadamente fevereiro a abril podem ser consideradas um primeiro turno é que em novembro, o sistema eleitoral praticamente força uma disputa entre apenas dois candidatos, através da conjugação entre a ausência de um turno posterior no qual disputem apenas os dois primeiros colocados e a existência do Colégio Eleitoral. Quantos à prévias aproximadamente de fevereiro a abril, o primeiro estado a realizá-las vai ser Iowa, no próximo dia 1º de fevereiro.
Assim, neste primeiro turno no Partido Democrata, temos uma disputa em muitos sentidos semelhante à de 2008 entre Hillary e Obama. Como em 2008, Hillary e seu campo tentam criar um clima de “já ganhou”, estratégia que dessa vez está muito prejudicada pela experiência de 2008, quando Obama acabou vencendo contra praticamente todos os prognósticos. Assim, agora em 2016, Bernie Sanders é o “Obama” da vez, subindo gradualmente nas pesquisas e se posicionando como o candidato do progressismo do Partido Democrata, enquanto Hillary representa o conservadorismo do Partido Democrata. Quem vencer vai representar o progressismo estadunidense no segundo turno em novembro, mesmo se for Hillary, pois no segundo turno há uma configuração nacional dos campos políticos na qual o progressismo se inclina muito mais para o Partido Democrata e o conservadorismo se inclina muito mais para o Partido Republicano.
E o que significaria uma vitória de Bernie Sanders para o mundo? Muita coisa. Os Estados Unidos têm uma imensa influência militar, financeira, política e cultural no mundo. Sanders se autodenomina “socialista democrático”. Claro que sua definição de socialismo é apenas uma entre muitas que existem, mas uma coisa ele deixa claro: o tempo em que vamos aceitar cabisbaixos que existam simultaneamente bilionários e milhões de pessoas miseráveis, seja nos Estados Unidos, seja no mundo, acabou. Vamos olhar para os Estados Unidos com esperança. Eles têm democracia sim, e lá, como em todos os países em que existe, ela é a luz que nos leva para o futuro.
Fonte: CULTURA POLÍTICA
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A mídia à beira de um ataque de nervos

Por Glenn Greenwald, no site Outras Palavras:

A elite política e a mídia britânica perderam pouco a pouco a cabeça, após a eleição de Jeremy Corbyn para a liderança do Partido Trabalhista – e ainda não parecem capazes de se recuperar. Nos Estados Unidos, Bernie Sanders é bem menos radical; os dois não estão sequer na mesma constelação política. Mas, especialmente em temas econômicos, Sanders é um crítico mais robusto e sistêmico do que os centros do poder oligárquico julgariam tolerável. Sua denúncia contra o controle da vida política pelas corporações é uma ameaça grave. Por isso, ele é visto como a versão norte-americana do extremismo de esquerda e uma ameaça ao poder do establishment.

Para quem já tinha observado os desdobramentos da reação britânica à vitória de Corbin, é fascinante constatar que as reações de Washington e da elite do Partido Democrata à emergência de Sanders replicam o caso inglês, seguindo idêntico script. Pessoalmente, creio que a escolha de Hillary é extremamente provável, mas as evidências de um movimento crescente em favor de Sanders são inquestionáveis. Trata-se de algo consistente, que está desconcertando os dirigentes do partido, como seria de esperar.

Uma pesquisa revelou, semana passada, que Sanders tem uma clara liderança entre os eleitores mais jovens inclusive as mulheres. Como a revista Rolling Stone notou, “as mulheres jovens apoiam Bernie Sanders por larga margem”. O New York Times admitiu que, em New Hamphire, Sanders “já abriu uma vantagem de 27 pontos”, o que é “espantoso para os padrões do Estado”. O Wall Street Journal reconheceu, em editorial, que “já não é impossível imaginar este socialista de 74 anos candidato pelo Partido Democrata”

Como no caso de Corbyn, há uma correlação direta entre a força de Sanders e a intensidade e amargura dos ataques baixos desencadeados contra ele por Washington, a estrutura partidária e a mídia. No Reino Unido, esta curiosa revolta elitista passou por sete fases; e nos EUA, a reação a Sanders segue a mesma trajetória. Ei-la:

Fase 1: Condescendência polida diante do que é percebido como algo inofensivo (achamos realmente ótimo que ele possa expressar seus pontos de vista).

Fase 2: Ironia leve e casual à medida em que cresce a confiança dos apoiadores do candidato (não, caros, um extremista de esquerda não vencerá, mas é muito bom ver vocês tão animados)

Fase 3: Auto-piedade e lições graves de etiqueta dirigidas aos apoiadores, após a constatação de não estão cumprindo seu dever de rendição MEEK, temperada com doses pesadas de (ninguém é tão rude com os jornalistas, ou os ataca tanto, nas redes sociais, como estes radicais, e isso, infelizmente, está enfraquecendo as causas de seu candidato)

Fase 4: Tentar colar, no candidato e em seus apoiadores, insinuações de sexismo e racismo, afirmando falsamente que apenas homens brancos os apoiam (você gosta deste candidato porque ele é branco e homem como vocênão devido a sua ideologia ou políticas, nem porsua oposição às políticas pró-guerra e pró-corporações da elite do partido).

Fase 5: Difusão escancarada de ataques de direita para demonizar e marginalizar o candidato, quando as pesquisas comprovarem que ele é uma ameaça real (ele é fraco contra o terrorismo, irá render-se ao ISIS, faz alianças bizarras e é um clone de Mao e Stalin).

Fase 6: Lançamento de alertas graves ou histéricos sobre o apocalipse à frente, em caso de derrota do candidato do establishment, quando a possibilidade de perder torna-se imenente (suas ideias irão sofrerderrotas por décadas, talvez por várias gerações, se você desobedecer nossas advertências sobre que candidato escolher).

Fase 7: Derretimento completo, pânico, reprovações, ameaças,recriminações, cotoveladas presunçosas, associação aberta com a direta, completa fúria (Eu não posso mais, em sã consciência, apoiar este partido de aloprados, adoradores de terroristas, comunistas e bárbaros).

O Reino Unido está bem na Fase 7, e talvez seja capaz de inventar em breve um novo estágio (militares britânicos anônimos ameaçaram promover um motim, caso Corbyn seja eleito democraticamente primeiro-ministro). Nos EUA o establishment político e a mídia pró-Partido Democrata estão na Fase 5 há semanas, e parecem prestes a entrar na Fase 6. A passagem à Fase 7 é certa, caso Sanders vença as primárias em Iowa.

É normal e legítimo, nas eleições, que as campanhas de cada candidato critiquem duramente os demais. Não há nenhum problema nisso: seria ótimo que os contrastes aparecessem claramente, e quase não surpreende que isso seja feito com agressividade e aspereza. As pessoas chegam a extremos, para obter poder. É da natureza humana.

Mas isso não impede as pessoas de pesar os ataques que fazem, nem significa que estes estejam imunes a críticas (a exploração grosseira e cínica dos temas de gênero pelos apoiadores de Hillary, para sugerir que o apoio a Sanders baseia-se em sexismo foi especialmente desonesta, quando se que os grupos de esquerda que hoje defendem o candidato tentaram, por meses, lançar a candidatura de Elisabeth Warren – para não dizer do vasto número de apoiadoras do senador).

Gente de todos os partidos, e em todo o espectro político, está enojada com as disputas em Washington. Não surpreende que um amplo número de adultos norte-americanos busquem uma alternativa a uma candidata como Hillary. Mergulhada no dinheiro de Wall Street (tanto política quanto pessoalmente), ela mostra-se incapaz de desaprovar uma única guerra, e sua única convicção parece ser a que qualquer coisa pode ser dita ou feita, para assegurar sua própria vitória.

A natureza dos establishments é baterem-se desesperadamente pelo poder, e atacar com fervor sem limites qualquer um que desafie ou ameace aquele poder. Foi o que ocorreu no Reino Unido com a emergência de Corbyn e o que se repete nos EUA com a ascensão de Sanders. Não surpreende que os ataques a ambos sejam tão parecidos – a dinâmica dos privilégios do establishment é a mesma – mas não deixa de ser chocante que os scripts sejam idênticos.

* Publicado originalmente no site The Intercept. Tradução de Antonio Martins.

Fonte: Blog do MIro